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Impacto Psicológico da Criminalidade na Adolescência e Jovens: Estabelecimento Penitenciário da Cidade da Beira e Cadeia de Savana

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Academic year: 2020

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Impacto Psicológico da Criminalidade na Adolescência

e Jovens: Estabelecimento Penitenciário da Cidade da

Beira e Cadeia de Savana

Msc. Patrícia Edgar Domingos Docente e Investigadora do ISCTAC Delegação da Beira

O presente artigo tem como objectivo central reflectir sobre o impacto Psicológico causado pela

criminali-dade na Adolescência e Jovens com o estudo realizado no estabelecimento penitenciário da cicriminali-dade da

bei-ra e cadeia de savana. O estudo nos revela o quão perigoso são os efeitos colatebei-rais de uma infância mau

acompanhada e frustrações mau resolvidas no desenvolvimento dos seres humano, onde muita das vezes

acabam sendo alvo de acusações desastrosas sem antes porem terem levantado a ficha psicológica do seu

desenvolvimento atendendo e considerando o meio onde ele se encontra inserido.

Introdução

A

psicologia criminal para Moçambique ainda é uma areia relativamente nova tanto o seu conhecimento como a sua aplicação. Não obstante faz se saber da necessidade de profissionais formados na areia para que possam aju-dar nos trabalhos jurídicos no âmbito de traçar o perfil criminal de um réu ao quanto da sua detenção para posterior-mente dar o devido encaminhamento usando dos meios técnicos profissionais e dos procedimentos psicológicos criminais quanto ao delito cometido.

Um dos grandes desafios da Psicolo-gia Criminal é traçar um perfil comporta-mental do indivíduo que comete crime, compreender como pensa, como age, quais são os seus valores, como se com-porta em sua vida particular e social, como vive, que perspectiva tem da vida, quais são os actores que contribuem para uma atitude criminosa, ou ainda

quais aspectos se destacam na constitui-ção do criminoso, se biológico, social ou psicológico. Tudo isso representa uma barreira que vem sendo quebrada por estudiosos e pesquisadores por meio de muitos estudos e pesquisas.

Cabe ressaltar que o que se sabe a respeito dos elementos que confluem para a formação de uma mente crimino-sa está publicado em manuais, livros e por meio do estudo da criminologia, da psicologia criminal, da psiquiatria, biolo-gia criminal e sociolobiolo-gia criminal. Todas essas ciências, cada uma em seu cam-po de estudo busca levantar aspectos que estão na génese do comportamen-to criminal. Sendo o crime classificado, segundo Gomes e Molina (2000), como um problema social e comunitário, o cri-minoso também pode ser classificado como produto e autor desse meio social.

A definição jurídico-legal do crime A tese da conformação do objecto da criminologia pela lei criminal positiva foi durante muito tempo e prevalecente ainda hoje conta com adeptos. Segundo ela, crime

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em sentido criminológico será todo compor-tamento mas só aquele que a lei criminal tipi-fica como tal. Na conhecida síntese de EXNER “a criminologia é a ciência do existen-te, cujo objecto é determinado por valora-ções jurídicas”.

O Conceito de Crime

O crime ou delito é o facto voluntário declarado punível pela lei penal, (Assembleia Da República, Comissão dos Assuntos Constitucionais, Direitos Humanos e de Legalidade). Segundo artigo 8º da CP, são puníveis, não só o crime consumado mas, também o frustrado e a tentativa. Sem-pre que a lei designar a pena aplicável a um crime sem declarar se se trata de crime con-sumado, de crime frustrado, ou de tentativa, entender-se-á que a impõe ao crime consu-mado. Artigo 10 do C.P.

Segundo o artigo 10 do C.P. o crime frus-trado é aquele que:

Há crime frustrado quando o agente pratica com intenção todos os actos de execução que deveriam produzir como resultado o cri-me consumado, e todavia não o produzem por circunstâncias independentes da sua von-tade; pune-se o crime frustrado quando, ao respectivo crime consumado, caiba pena de prisão maior; exclui-se do disposto no número anterior os casos em que, sendo aplicável pena correccional ao crime consumado, a lei expressamente declarar punível o crime frus-trado.

Há tentativa, artigo 11 do C.P., quan-do se verificam cumulativamente os seguintes requisitos:

Intenção do agente; execução começada e incompleta dos actos que deviam produ-zir o crime consumado; ter sido suspensa a execução por circunstâncias independen-tes da vontade do agente, excepto nos casos previstos no artigo 13; ser punido o crime consumado com pena maior, salvo os casos especiais em que, sendo aplicável pena correccional ao crime consumado, a lei expressamente declarar punível a tenta-tiva desse crime.

Não são susceptíveis de imputação,

segundo a legislação moçambicana, artigo 42º do C.P os menores de dez anos; e os que sofrem de anomalia psí-quica sem intervalos lúcidos.

Por seu turno, são inimputáveis:

O menor que, tendo mais de dez anos e menos de catorze tiver procedido sem dis-cernimento; os que sofrem de anomalia psíquica que, embora tenham intervalos lúcidos, praticarem o facto nesse estado; os que, por qualquer outro motivo indepen-dentemente da sua vontade, estiverem acidentalmente privados do exercício das suas faculdades intelectuais no momento de cometerem o facto punível. A negligên-cia ou culpa consideram-se sempre como acto ou omissão dependente da vontade.

As causas de exclusão da ilicitude e da culpa, segundo o Código Penal, Arti-go 44º, justificam o facto:

Os que praticam o facto violentados por qual-quer força estranha, física e irresistível; os que praticam o facto dominados por medo insu-perável de um mal igual ou maior, iminente ou em começo de execução; os inferiores, que praticam o facto em virtude de obediên-cia legalmente devida a seus superiores legíti-mos, salvo se houver excesso nos actos ou na forma de execução; os que praticam o facto em virtude de autorização legal no exercício de um direito ou no cumprimento de uma obrigação, se tiverem procedido com a dili-gência devida, ou o facto for um resultado meramente casual; os que praticam o facto em legítima defesa própria ou alheia; os que praticam um facto cuja criminalidade provém somente das circunstâncias especiais, que concorrem no ofendido ou no acto, se ignora-rem e não tiveignora-rem obrigação de saber a exis-tência dessas circunstâncias especiais; em geral, os que tiverem procedido sem intenção criminosa e sem culpa.

Emergência do conceito de adolescência

e Juventude

Conceito de Jovem

O conceito Jovem está interligado aos contextos histórico, sócio-político e económico do país. A passagem da

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infância para a vida adulta nem sempre é suave. É um período em que cada indi-víduo passa por mudanças físicas, psico-lógicas e sociais, onde ocorrem também mudanças nos sentimentos e atitudes em relação a outras pessoas em geral.

É neste período de crescimento onde se forma a identidade pessoal, onde o jovem precisa de fazer ajusta-mentos para vir a assumir, posteriormen-te, as responsabilidades que a socieda-de lhe exigirá. A Política da Juventusocieda-de Moçambicana, tem em conta as contri-buições recolhidas em vários fóruns juve-nis e outros segmentos da sociedade, bem como as experiências de outros paí-ses, na República de Moçambique, defi-ne-se Jovem como todo o indivíduo moçambicano do grupo etário dos 15 aos 35 anos.

Um facto constante no mundo todo é que os protagonistas da violência e da criminalidade, tanto os autores quanto às vítimas, são jovens e adolescentes do sexo masculino. A proporção para as mulheres é bastante reduzida. Sendo que a preponderância dos jovens entre os criminosos pode ser explicada desde as abordagens hormonais até as sociais e psicológicas. A juventude é a fase da vida adulta em que o desejo de consu-mo é maior e a renda, menor. Do ponto de vista psicológico, os jovens são as pessoas que assumem maiores riscos no seu comportamento.

Outros estudos falam da necessida-de do jovem necessida-de emoções intensas, que podem ser obtidas em atitudes lícitas ou ilícitas. A altíssima mortalidade de jovens encontrados em algumas modalidades do crime e a maior chance de serem capturados e condenados a uma pena prolongada, à medida que continuam a carreira criminosa, contribuem para que não seja muito comum encontrar crimi-nosos de idade avançada.

Conceito de Adolescência

Como o de infância, definido por Philippe Ariès, o conceito de adolescên-cia pode ser datado historicamente: podemos dizer que tendo nascido com a revolução ele emerge no século XIX (o termo adolescência perde a sua conota-ção trocista nos dicionários em 1850). Só no século XX adquire os seus fundamen-tos médicos a palavra hormona é criada em 1905 por Starling e psicológicos os

Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualida-de Sexualida-de Sigmund Freud data Sexualida-de 1905.

Adolescência é o período de

transi-ção entre a infância e a vida adulta, caracterizado pelos impulsos do desen-volvimento físico, mental, emocional, sexual e social e pelos esforços do indiví-duo em alcançar os objectivos relacio-nados às expectativas culturais da socie-dade em que vive. A adolescência se inicia com as mudanças corporais da puberdade e termina quando o indiví-duo consolida seu crescimento e sua personalidade, obtendo progressivamen-te sua independência econômica, além da integração em seu grupo social.

Os limites cronológicos da adoles-cência são definidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) entre 10 e 19 anos (adolescents) e pela Organização das Nações Unidas (ONU) entre 15 e 24 anos (youth), critério este usado princi-palmente para fins estatísticos e políticos.

A associação entre adolescência e criminalidade não é inquietação exclusi-vamente própria de sociedades com acentuadas desigualdades sociais e em que as políticas sociais governamentais, ainda que se esforcem por minimizá-las, não logram assegurar direitos sociais fun-damentais para grandes parcelas da população urbana ou rural, cujo ónus recai preferencialmente sobre crianças e adolescentes, como sugerem vários estu-dos (Araújo, 1996; Faria, 1992; Hoffman,

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1992; Singer, 1996).

Mesmo em sociedades caracteriza-das por elevados indicadores de desen-volvimento humano, condições e quali-dade de vida, a preocupação com o envolvimento de crianças e adolescen-tes com o mundo do crime não é recen-te e revela, não raro, traços não muito distantes do modo como o problema é percebido e enfocado na sociedade contemporânea. Tanto nos Estados Uni-dos e Canadá quanto em vários países europeus especialmente, Inglaterra, França, Alemanha e Itália, essas inquie-tações sociais têm sido constantes desde a segunda metade do século XIX, embo-ra adquiembo-ram colorido mais dembo-ramático em determinadas conjunturas histórico-sociais.

Falar sobre adolescentes e violência é o de abordar suas causas. Esse é segu-ramente um dos terrenos mais movedi-ços e sujeito a debates não raro influen-ciados por acirrado clima político-ideológico. Muitos estudos vêm se apri-morando nessa direcção, buscando iso-lar uma ou mais variáveis que, associa-das entre si, responderiam por fortes estí-mulos à delinquência juvenil. Feito isto cabe identificar cinco conjuntos de cau-sas:

Influências individuais relacionadas à biografia pessoal, à inserção em grupos, ao desempe-nho de lideranças, ao emprego do tempo livre e à saúde mental; Influências familiares associadas, entre outros aspectos, aos confli-tos entre pais e entre pais e filhos, ao suporte financeiro e à educação proporcionados por pais e parentes, à iniciação sexual e à gravi-dez precoces; Influências escolares que incluem não apenas inserção e participação regularem nas actividades, como também em programas especiais, tais como os de pre-venção ao consumo de drogas e álcool; Influências dos grupos de pares, menor partici-pação em actividades desportivas, menor dedicação a trabalho voluntário, menor fre-quência a programas de mediação e resolu-ção de conflitos; Influências da vida comuni-tária, inclusive presença em áreas "isentas de aplicação sistemática de leis" como sejam

zonas que sediam o tráfico de drogas, o comércio de produtos roubados, a explora-ção da prostituiexplora-ção (Donziger, 1996; CSPV, 1994).

Nesse elenco de causas, não se poderia ignorar o argumento defendido por demógrafos que sustêm a influência da youth wave ("onda jovem"), detecta-da ao longo desta décadetecta-da, que aconte-ce “quando, como resultado de uma dinâmica demográfica prévia, os grupos etários entre 15 e 24 anos experimentam

um crescimento

excepcio-nal” (Dellasoppa, Bercovich e Arriaga, 1999:170). Esse argumento sugere que, em virtude da onda jovem, esse grupo etário não apenas estará à frente de uma série de fenómenos novos escolari-zação precoce, inserção precoce no mercado de trabalho, uniões conjugais e constituição precoces de famílias, formu-lando portanto novos desafios para as políticas sociais, como também prova-velmente estará na dianteira de tantos outros problemas, como delinquência, consumo de drogas, desobediência civil.

Definições e Terminologias

de profiling

O processo de inferência das carac-terísticas de indivíduos responsáveis por actos criminais diz respeito à noção de

profiling, que é uma das subcategorias

das técnicas de investigação criminal e que faz a correspondência entre a per-sonalidade e o comportamento criminal. Embora se trate de um modelo de predi-ção recente e em desenvolvimento, o objecto e a função desta técnica supõe a compreensão do criminoso e do crime. O profiling consiste num processo de análise criminal que associa as compe-tências do investigador criminal e do especialista em comportamento huma-no. Trata-se de uma perícia pluridiscipli-nar, logo, dificilmente um só indivíduo

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pode pretender reunir tais características (Agrapart-Delmas, 2001).

Na perspectiva de Toutin (2002), fala-se em profiling, enquanto dimensão psicológi-ca, psiquiátrica e psicanalítica do crime, e fala-se de análise criminal, no que res-peita às sugestões e conselhos de investi-gação.

Para Montet (2002), o profiling é uma das componentes da análise criminal, mas também funciona como seu prolon-gamento. Enquanto componente é, mui-tas vezes, conceptualizada pelo termo

Criminal Investigative Analysis (CIA) e

definida como a tentativa para estabe-lecer hipóteses acerca de um criminoso, com base na análise da cena do crime, da vitimologia e do estado actual dos conhecimentos sobre os agressores (Knight, Warren, Reboussin & Soley, 1998). Enquanto prolongamento da análise minal, o profiling visa elaborar o perfil cri-minal pelo que recorre a análises mais específicas, tais como: criminal profiling,

offender profiling, psychological profiling, investigative profiling, crime scene profi-ling, criminal behavior profiling.

Numa tentativa de definição, mais lata, o profiling consiste em deduzir e/ou induzir a imagem psicossocial, o mais rigorosa possível, de um indivíduo, a par-tir da análise de um conjunto de informa-ções relativas às circunstâncias criminais verificadas na cena de crime e reunidas em dossier de instrução (Montet, 2002). A recolha e a inferência de dados preten-dem fornecer informação específica sobre potenciais criminosos (Wrightsman, 2001).

McCrary (2001:245-246) reforça a ideia de que profiling é a descrição de traços e características de um agressor desconhecido, já que se considera que qualquer comportamento reflecte a per-sonalidade de um indivíduo. Faz questão de salientar, ainda, que as característi-cas do criminoso devem ser

considera-das factores de predição, meramente indicativos, na tentativa de identificar o agressor: “Nos découvertes ne sont que

descriptives. Elles ne peuvent être géné-ralisées à d’autres tueurs en série. Les caractéristiques de l’agresseur (…) ne pourraient pas être utilisées comme fac-teurs prédictifs dans d’autres meurtres en série (…)”.

Ainsworth (2001) acrescenta que o

profiling é uma técnica que visa

estrutu-rar a análise do criminoso, a fim de res-ponder a três questões principais: o que se passou na cena do crime? Por que razão estes acontecimentos tiveram lugar? Que tipo de indivíduo pode estar implicado?

De um modo geral e de acordo com Agrapart-Delmas (2001), o profiling é a construção virtual de um perfil psicológi-co, tipológipsicológi-co, social e físico de um indiví-duo, não identificado, passível de ter cometido um crime, isto é, susceptível de passar ao acto.

Em síntese, constata-se que os princi-pais objectivos do profiling são orientar as investigações, com o auxílio das ciên-cias humanas e das ciênciên-cias criminais, ligar os casos, identificar crimes com as mesmas características, ajustar as estra-tégias ao perfil do criminoso e emitir recomendações em vários domínios da criminologia (Toutin, 2002).

Domínios de Aplicação

O profiling aplica-se a toda e qual-quer situação em que um sujeito comete uma infracção. Logo, torna-se redutor pensar que o campo de competência e actuação do profiler se limite aos casos de crimes extremos – serial killers (Montet, 2002).

O profiling é, principalmente, utiliza-do em casos de crimes violentos, múlti-plos ou únicos, sem mobiles aparentes ou evidentes e não elucidados (Toutin,

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2002). Regra geral, o profiling aplica-se nos casos seguintes:

Homicídios, em série ou não; violações, em série ou não; incêndios5 e explosões, em série ou não; violências voluntárias graves e tentati-vas de homicídio; actos sádicos, cruéis, ou perversos, até à tortura; crimes rituais; assaltos, em série ou não; reféns; gestão da crise nos estabelecimentos prisionais; alcoólicos arma-dos, dementes em crise, os suicidas altruístas; agressões e desaparecimento de crianças; assédio sexual; reivindicações, denúncias e ameaças; raptos; mortes equívocas e auto-eróticas; terrorismo; ameaças integristas, extremistas ou políticas; corrupção pública; criminalidade informática; análise da grafia; localização do agressor.

Neste contexto, sublinhe-se a ideia de Homant e Kennedy (1997)12: o

profi-ling é um instrumento viável e fascinante

que pode ser utilizado dentro de limites (...) mas deve ser feito um esforço, no sentido de o aperfeiçoar em casos de violação e de homicídio em série, para que, posteriormente, possa ser utilizado noutras categorias de crime.

Não se nega a razão deste pensar, visto que o profiling é divulgado numa versão “americanizada”. No entanto, é necessário ter em conta a realidade social onde é desenvolvido, pelo que, antes de expandir a técnica inerente a este processo, deve ser ajustada à reali-dade social, adaptando-se às catego-rias de crime que aí se verificam.

Para Canter (2001, pp. 213-230), qualquer investigação compreende três fases que podem ser optimizadas por uma contribuição psicológica: 1.ª Fase – Recolha e análise das informações. 2.ª Fase – Tomada de decisão e acções que dão lugar à detenção e à condenação do criminoso. 3.ª Fase – Desenvolvimento de sistemas organizando as inferências, ligadas à interpretação do comporta-mento criminal.

A psicologia de investigação, para além das experiências pessoais, tem por objectivo apreender o profiling de

maneira sistemática e científica, para ajudar os serviços de polícia a relacionar diferentes cenas de crime com determi-nados tipos de autores. O que possibilita desmistificar o profiling, definindo- o como um método que permite limitar a lista de sujeitos numa investigação da Polícia e deduzir certos elementos do retrato psicossocial do criminoso. Portan-to, o procedimento funda-se na com-preensão dos modelos comportamentais do criminoso no local do crime, e o modo como esses modelos correspon-dem ao tipo de agressor em questão (Salfati, 2001, pp. 231-232).

A Criminalidade em Moçambique

No passado os crimes mais regulares neste pais eram os de furto de pequena escala cometidos sob regras geral no período de noite (roubo de galinhas, brincos, celulares, assaltos a casas, etc.), mas em lugar desses factos, sentimos nos últimos tempos uma evolução na tipifica-ção do crime para executipifica-ção de pes-soas, violações de menores, tráficos de pessoas, vendas de órgãos, assaltos a mão armada de viaturas, residências, bancos, instituições públicas e privadas, etc., chegando os meliantes a matar para lograr os seus intentos, sendo mais triste ainda neste episodio, é o facto dos criminosos as executam em plano luz do dia.

O crime em Moçambique é larga-mente cometido por adolescentes e jovens, o que é geralmente comum em muitas sociedades, na medida em que nestas faixas etárias a ambição é desme-dida e para tal os esforços para alimen-tar as suas vontades mostrar-se insuficien-tes sendo que dai recorrerem com gran-de frequência as actividagran-des gran-de lucro fácil. Num estado com um elevado índi-ce de pobreza absoluta como o nosso, este cenário explica cada vez melhor a

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situação de crime, uma vez que os jovens encontram-se maioritariamente no desemprego, sem meios e recursos para ter acesso as mínimas necessidades básicas dai seguirem a via do crime.

A sociedade não repudiar o crime, não denunciar os criminosos, não mostrar que a riqueza que provem da falcatrua, do roubo, não é duradouro e deve ser combatida, se o Estado não se esforçar em proporcionar emprego para os jovens, se as agências de crédito não abrirem as portas para dar crédito aos empreendimentos juvenis, a situação do crime vai crescer cada vez mais.

De acordo com os dados estatísticos do IPAJ, que é um instituto de patrocínio e assistência jurídica, nos anos de 2010 à 2012 realçam aquilo que foi o índice cri-minal a nível da cidade da Beira, nota-se a maior prevalência criminal nos crimes particulares que são entre elas: amea-ças, burla, contravenção, danos, difa-mação, furtos, injuria, roubo, ofensas cor-porais, entre outros;

Falando concretamente dos crimes tidos como públicos no ano de 2010, registou-se um número elevado de homi-cídios o qual corresponde a 16% somen-te no primeiro semestre do ano e somen-tendo como os casos de falsificação e viola-ção e por último lugar com uma percen-tagem de 2% para a falsificação e -2% para violação. E já no segundo semestre apresenta-se uma elevação considerá-vel no início do mês de Julho para os cri-mes de homicídios que por sua vez veio a decrescer no mês de Agosto.

E para crimes de raptos apresenta-se um declínio nos meados do segundo semestre e para os finais do ano houve um aumento pouco relevante. Para os crimes particulares apresenta-se um acréscimo de crimes de furto no início do segundo semestre para os meados do semestre tendo sido possível denotar um declínio relativamente ao mesmo crime.

E para os crimes como burla, ameaças, roubo, difamação, injurias, danos, con-travenção e ofensas corporais não hou-ve uma alteração relevante dos mes-mos.

Para o ano de 2011 os crimes parti-culares apresentaram um índice elevado para os crimes de furto e roubo no início do primeiro semestre, sendo apresenta-do um declínio nos meaapresenta-dos apresenta-do segunapresenta-do semestre. Para o ano de 2011 em termos de crimes públicos, apresenta-se um índi-ce relativamente elevado dos crimes de falsificação nos finais do primeiro semes-tre e para o início do segundo semessemes-tre não tendo apresentado nenhuma altera-ção ate ao final do semestre. E já para os crimes de homicídios, posse e estupro, assaltos a mão armada e violação não houve nenhuma apresentação relevante e para os crimes de branqueamento de capital, raptos e sequestros não houve nenhuma apresentação.

Principais Sugestões de Actuação

Em jeito de sugestão cabe ressaltar que o assunto relacionado a criminalida-de é bastante controversa acarretando assim mais atenção da parte da socie-dade civil tanto como dos políticos. Sen-do assim a que ter em conta alguns aspectos de extrema importância a saber: criar, colocar em prática e moni-torar planos nacionais de prevenção da criminalidade; aumentar a capacidade de colecta de dados sobre a criminali-dade; definir a prioridade e apoiar as pesquisas sobre as causas, consequên-cias, custos e actividade de prevenção; integrar a prevenção da violência e da criminalidade, de políticas sociais, de educação e de género; incrementar a colaboração e intercâmbio de informa-ção em preveninforma-ção da violência; e pro-mover e monitorar a adesão e campa-nhas de sensibilização as vítimas de

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ma/qualquer violência.

Conclusão

Há grande influência dos meios de comunicação na criminalidade. À medi-da que a imprensa exibe imagens e notí-cias violentas, induzem muitas pessoas a desvios de conduta que podem chegar a práticas delituosas, isto para satisfação imediata de seus instintos ou mesmo por simples anseio imitativo. Na verdade, a notícia sensacionalista de um crime inspi-ra o cometimento de delitos da mesma natureza.

O alcoolismo também apresenta reflexos criminógeno. O álcool actua no indivíduo como elemento encorajador para a prática de um crime. O agente se alcooliza com o fim preconcebido de praticar um determinado delito e não o faria se não fosse sob a influência da substância alcoólica. O uso de drogas constitui um factor para a criminalidade. No desejo invencível de consumir a dro-ga, grande parte dos viciados se vê na necessidade de traficar ou praticar outros crimes contra o património, devi-do às dificuldades financeiras.

A criminalidade, para o indivíduo que faz parte de determinada subcultu-ra, pode tornar-se parte do estilo de vida do indivíduo, o seu modo prevalente de resolver problemas difíceis ou situações problemáticas. Portanto, um indivíduo que aceita o delito e o põe em prática, não experimenta o senso de culpa já que a sua conduta não ataca as normas da subcultura em que vive. Até os sujei-tos não criminosos, que vivem em região onde predomina a subcultura da violên-cia, podem não considerar os crimes como forma ilícita de comportamento. È assim que agem os integrantes de fac-ções criminosas.

Portanto, o aumento da criminalida-de se dá em razão criminalida-de factores diversos,

que vão desde características internas da personalidade do indivíduo até facto-res externos, como o alcoolismo, o con-sumo de drogas, a ideologia criminal, e outros. Todavia, o principal factor de aumento da criminalidade é a urbaniza-ção desordenada, que é a origem da maioria das causas que contribuem para o aumento da criminalidade.

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