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A PRODUÇÃO CIENTÍFICA BRASILEIRA EM ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: UMA ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA E DE REDES SOCIAIS

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ISSN 2179-5037

Revista UNIABEU Belford Roxo V.6 Número 12 janeiro- abril 2013

A PRODUÇÃO CIENTÍFICA BRASILEIRA EM ESTUDOS

ORGANIZACIONAIS: UMA ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA E DE REDES

SOCIAIS

Diego de Queiroz Machado1 Márcia de Freitas Duarte2 Fátima Regina Ney Matos3

RESUMO: Esta pesquisa se propõe a analisar e descrever a produção científica brasileira no campo dos Estudos Organizacionais, no que se referem aos autores, instituições de ensino superior, temas de pesquisa e metodologias. Para atingir tal objetivo, foi realizado um levantamento nos anais das seis edições anteriores do EnEO - Encontro de Estudos Organizacionais, entre 2000 e 2010. Para análise dos dados, além dos procedimentos comumente adotados em trabalhos bibliométricos, foi utilizada a metodologia de análise de redes sociais. Os resultados mostraram um crescimento constante de trabalhos a cada evento, a maioria classificada como ensaio teórico e estudo de caso, bem como um aumento no número de autores por artigo, com as instituições mais produtivas localizadas no eixo Sudeste/Sul. Ressalta-se, assim, a necessidade da realização de estudos futuros, sobretudo de natureza qualitativa, que possam indicar se essa produção científica proporcionada por essas cooperações e parcerias trouxe ganhos e contribuições teóricas e empíricas à área, contrastando assim, quantidade e qualidade na produção acadêmica em Estudos Organizacionais.

Palavras-chave: Estudos organizacionais; Bibliometria; Análise de redes sociais.

The Brazilian scientific production in organizational studies: a bibliometric and social network analysis

ABSTRACT: This research aims to analyze and describe the Brazilian scientific production in the field of Organizational Studies, in referring to authors, institutions of higher education, research topics and methodologies. To achieve this goal, a survey was conducted in the annals of the six previous editions of EnEO - Meeting Organizational Studies, between 2000 and 2010. For data analysis, in addition to procedures commonly adopted in bibliometric studies, it were used the methodology of social network analysis. The results showed a steady growth of jobs every event, most classified as theoretical essay and case study as well as an increase in the number of authors per article, with the most productive institutions

1

Doutorando em Administração de Empresas pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Mestre em Administração de Empresas pela Universidade Estadual do Ceará (UECE), especialista em Gestão de Pessoas pela Faculdade Estácio do Ceará (2010) e bacharel em Administração de Empresas pela

Universidade Federal do Ceará (2007). CE, Brasil. diegoqueirozm@yahoo.com.br

2

Doutoranda em Administração de Empresas pela EAESP-FGV. Mestre em Administração e

Controladoria pela Universidade Federal do Ceará PPAC/FEAAC/UFC. marciaduarte2@gmail.com

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Administração pela Universidade Federal de Pernambuco. Professora adjunta do Programa de Pós- Graduação em Administração da Universidade de Fortaleza. fneymatos@unifor.br

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located in the axis Southeast / South. It is emphasized, thus, the need for future studies, especially qualitative in nature, that could indicate whether this scientific output provided by these cooperations and partnerships brought gains and theoretical and empirical contributions to the area, thus contrasting, quantity and quality in academic production in Organizational Studies.

Keywords: Organizational studies; Bibliometrics; Social network analysis.

1 INTRODUÇÃO

A produção acadêmica na área de administração no Brasil vem sendo foco das mais variadas análises e balanços retrospectivos, realizados com objetivos diversos, desde a análise da recorrência de temas, referências mais utilizadas, passando pelas metodologias e paradigmas empregados e coautorias.

No campo dos estudos organizacionais, o trabalho de Machado-da-Silva, Cunha e Amboni (1990), permitiu constatar, por exemplo, a prevalência do enfoque prescritivo e, portanto, funcionalista em trabalhos da área publicados no período de 1985 a 1989. Já Bertero e Keinert (1994) voltaram-se para a análise de artigos publicados na RAE entre 1961 a 1993, cuja conclusão mostrou a associação desta produção aos modelos americanos. Vergara e Carvalho Jr. (1995) voltaram-se para a análise da nacionalidade das referências utilizadas nas pesquisas entre 1989 e 1998. Estudos como o realizado por Rodrigues e Carrieri (2000) voltam-se para os aspectos metodológicos, concluindo pela prevalência do método de estudo de caso. De forma semelhante, Vergara e Peci (2003) concluíram também que os métodos tradicionais de orientação positivista ainda prevalecem nos estudos organizacionais. Em outro exemplo, Mello, Crubelatte, Rossoni (2008) analisaram a rede de co-autorias formada por professores de programas brasileiros de pós-graduação (stricto

sensu), apontando um significativo crescimento no número de co-autorias de um

triênio para o outro, no período de 2001 a 2006.

A realização de tais estudos, na forma de bibliometrias e meta-análises, mostra-se relevante por apresentar um panorama da determinação e visualização de indicadores das publicações científicas na área. No entanto, as análises na área de estudos organizacionais voltam-se para abordagens e aspectos específicos como as evidenciadas anteriormente.

O presente artigo insere-se no escopo dos trabalhos bibliométricos, os quais se definem pelo estudo dos aspectos quantitativos da produção, disseminação e uso da informação registrada, por meio do uso de ferramentas matemáticas e

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estatísticas pra investigar e quantificar os processos de comunicação escrita (PRITCHARD, 1969; ARAÚJO, 2002). Assim, a pesquisa se propõe a analisar e descrever a produção científica brasileira no campo dos Estudos Organizacionais, no que se referem aos autores, instituições de ensino superior, temas de pesquisa e metodologias. Para atingir tal objetivo, foi realizado um levantamento nos anais das seis edições anteriores do EnEO - Encontro de Estudos Organizacionais, realizados pela Divisão de Estudos Organizacionais da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Administração, entre 2000 e 2010.

Para análise dos dados, além dos procedimentos comumente adotados em trabalhos bibliométricos, foi utilizada a metodologia de análise de redes sociais, com o auxílio dos softwares Ucinet (versão 6.2) e NetDraw (versão 2.0), a fim de ser possível apreciação das redes de co-autoria e cooperação entre autores e instituições de ensino superior. Para apreciação das temáticas de pesquisa, contou-se com o auxílio do aplicativo Taxgeto, para contagem e organização das palavras ou expressões mais recorrentes.

O estudo permitirá, assim, identificar se e como os pesquisadores brasileiros vêem trabalhando conjuntamente na referida área e entre quais instituições isso ocorre, o que permitirá um olhar acerca do amadurecimento e consolidação da produção acadêmica na área.

2 ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: UM CAMPO EM CONSTRUÇÃO

É sempre muito difícil argumentar sobre estudo organizacionais, considerando que organizações são fenômenos tão antigos quanto a humanidade, embora o seu discurso como ciência seja recente, tendo completado o seu primeiro centenário se considerarmos como marco a publicação de Princípios de Administração Científica, de F. W. Taylor, em 1911. O campo disciplinar da administração é muito jovem, não possuindo um arcabouço teórico consistente e ainda muitas vezes dividido entre ciência e arte, teoria e prática.

Na topografia do discurso nos estudos organizacionais, o marco inicial é identificado a partir da divisão ocorrida após o domínio dos estudos weberianos. O campo começou a apresentar-se de maneira de maneira fragmentada e diversificada, tanto em termos teóricos quanto metodológicos. Analogias têm sido propostas por autores como Koontz (1980), que se referiu ao campo dos estudos organizacionais como “a selva da teoria administrativa” e como Pfeffer (1982), que

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propôs uma poda na erva daninha que invade o terreno. Pode-se observar a natureza interdisciplinar e a relativa imaturidade do campo, tendo em vista sua institucionalização tardia, a partir de 1956, com o primeiro journal dedicado ao tema. Para Burrell (1999), estudos organizacionais ainda são um terreno contestado. Os discursos variam de acordo com a percepção e os interesses dos autores, das políticas organizacionais, das relações de poder, das práticas de inclusão e exclusão. Por meio dos discursos são construídas e protegidas as fronteiras organizacionais e os campos. Neste campo disciplinar, foi a partir das leituras weberianas que Clegg e Westwood (2003) identificaram uma bifurcação acentuada entre o estrutural funcionalismo, enfatizando a abordagem positivista e as análises críticas, que consideram a racionalidade como desumanizadora e antidemocrática.

Donaldson (1999) considera que a abordagem estrutural funcionalista é dominante nos estudos organizacionais, que são enquadrados como ciência organizacional normal. Burrell (1999) contesta e aponta que nunca houve uma total concordância em relação ao predomínio do paradigma positivista. Vozes discordantes sempre existiram, seja com Weick (1973), Child (1972) e até mesmo com a contribuição dos economistas, como Polanyi (2000) e Granovetter (1992).

Para McKelvey (2003), os estudos organizacionais procuram legitimar-se nas formas do pós-positivismo, que é classificado em dois tipos: contra-ciência e filosofia da ciência pós kuhniana. O autor entende que os estudos organizacionais constituem um campo que ainda deve avançar para alcançar a posição de ciência. McKelvey (2003) identifica três tipos de relativismo — ontológico, epistemológico e semântico —, sendo o ontológico um tipo de relativismo forte, enquanto os outros tipos podem ser considerados fracos.

O debate atual no campo dos estudos organizacionais caracteriza-se como do tipo epistemológico, ou seja, inclui-se no tipo de relativismo fraco. Um grupo de pesquisadores acredita que é desejável e possível ter um corpo de regras – uma epistemologia – que guie os pesquisadores em direção a uma situação mais ou menos verdadeira sobre o fenômeno do mundo real – são os chamados filósofos da ciência normal. Outro grupo de pesquisadores é formado pelos chamados relativistas históricos, pós-estruturalistas, desconstrucionistas/pós-modernistas, cuja visão da verdade sobre os vários fenômenos é sempre permeada pela subjetividade.

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Para McKelvey (2003) esta dicotomia nos estudos organizacionais vem ocorrendo porque os pesquisadores na área estão totalmente mal orientados em relação à antiga e à atual epistemologia, ou seja, o corpo da pesquisa sobre organizações é multiparadigmático e, de acordo com a classificação de Kuhn (2005), pode ser considerado pré-científico. Gioia e Pitre (1989) discutem a viabilidade teórica da pesquisa multiparadigmática. Para os autores, um paradigma para ganhar credibilidade e alcançar uma posição dominante precisa questionar um paradigma existente em suas próprias suposições e procedimentos, falando em termos que possam ser entendidos, devendo haver uma grau de comensurabilidade que possibilite a avaliação da nova teoria.

Kelemen e Hassard (2003) consideram que o uso de um simples paradigma produz um estreitamento na natureza multifacetada da realidade organizacional. A utilização de paradigmas múltiplos promove uma melhor compreensão do complexo fenômeno organizacional, aumenta a consciência de estilos e alternativas de pesquisas e agendas e promove inovação e criatividade. A pluralidade possibilita um espaço para opiniões divergentes e permite aos autores questionar sobre a ausência de algumas posições e opiniões na construção das teorias organizacionais. A ausência de alguns pontos e contrapontos mostra que a neutralidade nas ciências sociais é um mito, mas que deve ser buscada para que estas opiniões divergentes tenham lugar na agenda dos estudos organizacionais.

3 METODOLOGIA

A presente pesquisa é do tipo descritiva, exploratória e de cunho quantitativo. No que diz respeito ao método de pesquisa empregado, este estudo se caracteriza como uma pesquisa bibliográfica, como apresentado por Godoy (1995), que se difere da pesquisa documental apenas pelo que Gil (2010, p. 30) chama de “natureza das fontes”. Neste caso, as fontes utilizadas foram os artigos publicados nas seis últimas edições do Encontro de Estudos Organizacionais (EnEO), realizadas entre os anos de 2000 e 2010.

Inicialmente foi realizada a marcação dos textos de todos os artigos no que se refere aos seguintes elementos: título; autores; metodologia. Após a identificação dos autores, foi possível rastrear as respectivas instituições de ensino aos quais os mesmo estavam vinculados na época da publicação dos artigos através das informações contidas nos currículos disponíveis na plataforma Lattes. Dessa forma

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os artigos puderam ser classificados pelo ano, número de autores e a IES dos autores, assim como a localização geográfica da IES. Após esta marcação inicial, os elementos foram agrupados, ordenados e organizados em tabelas para posterior análise bibliométrica.

Em seguida, matrizes referentes às interações ou relacionamentos entre instituições de ensino, unidade federativas e entre os autores foram construídas e analisadas mediante ferramentas de análise de redes sociais. Para esta fase da análise, foram seguidas as etapas de análise de redes sociais sugeridas por Alcará

et al. (2006), sendo elas:

• identificação da população, que se deu com a escolha do acervo de publicações do EnEO como fonte de dados;

• coleta das informações (título, autores, metodologias) dos artigos publicados nas seis edições do referido evento (2000 a 2010);

• configuração da rede, realizada através da classificação das informações coletadas e construção das matrizes de relacionamentos que representam as redes de cooperação entre as IES e entre os autores;

• análise da rede, cujo foco se concentrou nas propriedades da rede e representações gráficas da mesma, ambos os processos realizados com o auxílio de softwares de análise de redes sociais (Ucinet 6.2 e NetDraw 2.0). Por último, a fim de identificar as principais temáticas trabalhadas no campo dos estudos organizacionais brasileiro, analisou-se os títulos dos artigos com o auxílio do aplicativo Taxgeto, que fez a contagem e organização das palavras ou expressões mais recorrentes.

4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

O acervo total de artigos agrupados para esta análise contou com 719 trabalhos, produzidos por 1042 autores, distribuídos em 135 instituições de ensino superior (IES). Na TAB. 1, a seguir, são apresentados o número de artigos por edição do EnEO, assim como a quantidade de autores.

Tabela 1

Artigos publicados no Encontro de Estudos Organizacionais.

2000 2002 2004 2006 2008 2010 Total

Artigos 53 72 146 116 161 171 719

Autores* 77 137 304 236 378 416 1548** Média de autores por artigo 1,45 1,90 2,08 2,03 2,35 2,43 2,15

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Notas. *Refere-se ao número de autores que publicaram artigos na respectiva edição do encontro, ressaltando que mesmo autores que publicaram mais de um trabalho no mesmo ano foram contados apenas uma vez.

**Refere-se à soma do número de autores de cada ano, ressaltado que houve a repetição de autores que publicaram em mais de uma edição do encontro.

Com exceção da edição de 2006, percebe-se o crescimento constante do número de trabalhos a cada novo encontro realizado. Consequentemente, também o número de autores têm aumentado, só que em grau maior do que o número de artigos, o que representa um crescimento da quantidade de autores por artigo de uma média de 1,45 autores por artigo em 2000 para 2,43 autores por artigo em 2010. De fato, apenas na primeira edição do evento, no ano 2000, a quantidade de artigos de autoria única superou a de artigos com dois ou mais autores (62% e 38%, respectivamente). A partir de então, esta relação tem se invertido, sendo mais acentuada sua diferença em 2008, com 17% dos artigos de autoria única e 83% dos artigos em cooperação, sendo que 2010 esta distância se alterou minimamente para 18% e 82%, respectivamente. Na FIG. 1, a seguir, estes padrões de cooperação são expostos, com a discriminação da quantidade de autores nos artigos feitos em cooperação. 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 2000 2002 2004 2006 2008 2010 Nº de artigos 1 autor 2 autores 3 autores 4 autores 5 autores 6 autores

Figura 1. Evolução dos padrões de cooperação entre autores. Fonte: Dados da pesquisa.

A partir dos dados apresentados na TAB. 2, percebe-se que, a partir de 2002, há uma preferência por artigos com apenas uma co-autoria, sendo o padrão de cooperação mais recorrente quanto ao número de trabalhos (326 artigos que correspondem a 45% do total). Trabalhos com apenas um autor aparecem em segundo lugar (186 artigos ou 26% do total), contudo há uma tendência crescente de artigos com duas co-autorias, cujas quantidades nas edições de 2008 e 2010

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superaram as dos artigos de autoria única. Por fim, observa-se que os trabalhos com mais de três autores permanecem preteridos, somando apenas 8% do total de artigos publicados no encontro. Estes padrões de cooperação podem ainda ser analisados a partir das redes de co-autoria entre os autores, apresentadas na FIG. 2, que segue.

Figura 2. Redes de cooperação entre autores. Fonte: Dados da pesquisa.

Com o aumento da publicação de artigos com mais de um autor no encontro, é de se esperar que grupos de pesquisa estejam se fortalecendo na área a partir do nascimento de parcerias. Assim, percebe-se o crescimento no número de relacionamentos entre os autores, assim como os indivíduos com produção

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individual, agrupados no canto esquerdo superior de cada gráfico, cujo número não varia demasiadamente. Outro nível de análise das redes de cooperação foi feito a considerando as IES dos autores. Na FIG. 3, a seguir, estas relações estão representadas, destacando as instituições com maior número de relacionamentos a partir do tamanho dos nós, sendo as principais: EAESP/FGV, UFMG, UFPR, FEA/USP e UFRGS.

Figura 3. Rede de cooperação entre instituições de ensino superior. Fonte: Dados da pesquisa.

Além destas instituições expostas acima, outras 21 também foram identificadas dentre os artigos publicados nas seis edições do EnEO, contudo, como essas últimas não apresentaram parcerias com outras, não foram citadas na FIG. 3. Em contrapartida, as IES ressaltadas na FIG. 3 devido ao elevado número de publicações em parceria, estão todas presentes entre as IES que mais publicaram artigos no encontro, como mostra a TAB. 2, que segue.

Tabela 2

Número de artigos publicados por instituição de ensino superior. IES Artigos % % Acum.

Total* 799 100,0% - UFMG 73 9,1% 9,1% UFRGS 69 8,6% 17,8% EAESP/FGV 62 7,8% 25,5% UFPR 53 6,6% 32,2% AFESBJ BENNETT CESUMAR CHRISTUS EAESP/FGV EBAPE/FGV ESPM FA7 FACCAMP FACEAR FACENIP FACINOR Faculdade Pitágoras FAE FAVIP FBMG FBV FCAL FCHPL FDC FEA/USP FEAD FECAP FEI FESV FIA FJP FNH FPJ FPL FUCAPE FUMEC FURB FVC HEC MONTREAL IBMEC IESP/PB IMES MACKENZIE MOURA LACERDA POLI/USP PUC-GO PUC-MG PUC-RIO PUC-RS PUC-SP TELUQ/UQAM TREVISAN UAveiro UBI UCS UDESC UECE UEFS UEL UEM UEMS UERJ UFAL UFAM UFBA UFC UFERSA UFES UFF UFJF UFLA UFMG UFMT UFOP UFPB UFPE UFPR UFRGS UFRJ UFRN UFRPE UFRRJ UFS UFSC UFSCAR UFU UFV ULA UMA UMIST UNB UNIANDRADE UNICA UNICAMP UNICENTRO UNIFACS UNIFAE UNIFIL UNIFOR UNIGRANRIO UNIJUI UNIMARCO UNIME UNIMEP UNINOVE UNIP UNISC UNISINOS UNISUL UNITAU UNIVALI UNIVERSO UNOPAR UNP UP UPF USC USJT

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UFPE 40 5,0% 37,2% UFBA 36 4,5% 41,7% UFSC 33 4,1% 45,8% EBAPE/FGV 33 4,1% 49,9% UFLA 32 4,0% 53,9% MACKENZIE 21 2,6% 56,6% UNIVALI 20 2,5% 59,1% UFES 20 2,5% 61,6% FEA/USP 20 2,5% 64,1% UNB 17 2,1% 66,2% PUC-RIO 16 2,0% 68,2% UP 16 2,0% 70,2% PUC-MG 15 1,9% 72,1% UFU 13 1,6% 73,7% UECE 12 1,5% 75,2% UNIFOR 11 1,4% 76,6% Outras** 187 23,4% 100,0%

Fonte: Dados da pesquisa.

Notas. * Refere-se a soma de publicações das IES, ressaltando que nessa tabela houve repetição de contagem quando os autores eram de IES diferentes.

** Refere-se a 115 IES com até dez publicações cada uma.

O relacionamento entre as IES também foi apreciado neste nível macro de análise, considerando as suas unidades federativas. Assim, das vinte unidades federativas onde se distribuíam as IES apontadas nos dados, apenas duas (Roraima e Rondônia) não apresentaram relação com as demais, constituindo-se como nós isolados. As sete unidades federativas que não tiveram nenhum trabalho apresentado no encontro ao longo das últimas seis edições foram: Acre, Amapá, Maranhão, Pará, Piauí, Sergipe e Tocantins. Na FIG. 3, a seguir, é possível visualizar tais interações, assim como as unidades isoladas e sem publicações.

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Figura 3. Rede de cooperação entre unidades federativas. Fonte: Dados da pesquisa.

Com relação às principais metodologias adotadas pelos autores na produção dos trabalhos, observou-se a predominância de ensaios teóricos e estudos de caso único. Como apresentado na FIG. 4, que segue, ensaios teóricos e estudos de caso único estão presentes em mais da metade dos trabalhos publicados (55%). Outras metodologias como estudos multicaso, survey e pesquisa bibliográfica também foram utilizados, mas em razão muito inferior às duas principais.

29% 26% 9% 8% 6% 4% 3%3% 3% 2% 2% 5% Ensaio teórico Estudo de caso Estudo multicaso Survey

Pesquisa bibliográf ica Pesquisa documental Pesquisa bibliométrica Análise de discurso Análise de conteúdo História oral

Figura 4. Principais metodologias de pesquisa em Estudos Organizacionais. Fonte: Dados da pesquisa.

Por fim, no que diz respeito aos principais temas de pesquisa abordados pelos trabalhos publicados nos EnEOs, a FIG. 5, expõe as palavras mais citadas nos títulos dos referidos artigos. Expressões utilizadas exaustivamente por autores

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brasileiros na área de Administração, como organizações, gestão, empresas e trabalho são destaque. Contudo, outros termos como poder, subjetividade, institucionalização, empreendedorismo, conhecimento, conflitos, etc., podem dar indícios das temáticas que incorrem com mais frequência nestes estudos.

Figura 5. Nuvem das palavras mais citadas nos títulos dos artigos. Fonte: Dados da pesquisa.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo propôs-se a analisar e descrever a produção científica brasileira no campo dos Estudos Organizacionais, no que se referem aos autores, instituições de ensino superior, temas de pesquisa e metodologias. Para atingir tal objetivo, foi realizado um levantamento nos anais das seis edições anteriores do EnEO - Encontro de Estudos Organizacionais, realizados pela Divisão de Estudos Organizacionais da Associação Nacional da Pós-graduação em pesquisa e Administração, entre 2000 e 2010.

Com o aumento da publicação de artigos com mais de um autor no encontro, é de se esperar que grupos de pesquisa estejam se fortalecendo na área a partir do nascimento de parcerias e cooperação, fato que pode ser evidenciado a partir da análise das redes de co-autoria. Adicionalmente, esta análise também permitiu observar as instituições de ensino superior como maior número de parcerias e/ou cooperação entre autores, bem como a região geográfica na qual estas se localizam. A partir dessa macro análise, pôde-se identificar que instituições e regiões consolidam-se no país como responsáveis pela produção de artigos na área de

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estudos organizacionais, orientando, dessa forma, decisões de alunos e professores em potencial a procurarem, nessas instituições, possíveis parcerias ou locais de referência na atuação como docente ou discente. Por outro lado, expõe também o potencial ainda inexplorado de desenvolvimento da área em outras instituições, o que também pode motivar professores e alunos a desenvolverem pesquisas, principalmente focadas nas realidades e contextos locais.

Quanto aos aspectos metodológicos utilizados nesta produção de dez anos, destacam-se os ensaios teóricos e estudos de caso único, presentes em mais da metade dos trabalhos publicados. Sugere-se assim, que ainda há um potencial inexplorado quanto a outras metodologias que favoreceriam a compreensão e a análise de fenômenos organizacionais, tais como histórias de vida, etnografias e outras.

Por fim, em relação aos principais temas explorados, algumas expressões se destacaram, tornando possível identificar as principais temáticas abordadas nos trabalhos publicados. Esta análise pode indicar saturação em determinados temas, bem como lacunas em outras temáticas, atuando assim como um direcionador para a realização de futuras pesquisas no campo.

De forma geral, espera-se que o estudo tenha contribuído na compreensão da maneira como produção acadêmica no campo dos estudos organizacionais tem sido desenvolvida nos últimos dez nos, evidenciando, principalmente, o aumento desta produção, a elevação de parcerias e cooperação entre pesquisadores e em que instituições esses relacionamentos mais se evidenciam. Torna-se possível também fazer algumas inferências acerca dos motivos que levaram a esse aumento da produção e da cooperação entre os autores. Este fato pode ser explicado tanto pelo aumento constante da pressão por publicações, como pela formação de núcleos ou grupos de pesquisa com interesses em comum, contribuindo, assim, para a elevação da produção brasileira na área.

Pontua-se, assim, a necessidade da realização de estudos futuros, sobretudo de natureza qualitativa, que possam indicar se essa produção científica proporcionada por essas cooperações e parcerias de fato, trouxe ganhos e contribuições teóricas e empíricas à área, contrastando assim, quantidade e qualidade na produção acadêmica em Estudos Organizacionais.

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Recebido em 16 de janeiro de 2013.

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Figura 1. Evolução dos padrões de cooperação entre autores.
Figura 2. Redes de cooperação entre autores.
Figura 3. Rede de cooperação entre instituições de ensino superior.
Figura 4. Principais metodologias de pesquisa em Estudos Organizacionais.
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Referências

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