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O ESTADO DE COISAS INCONSTITUCIONAL: uma análise comparativa sob a ótica da omissão da Administração Pública no gerenciamento dos presídios na Colômbia e no Brasil | Anais do Congresso Acadêmico de Direito Constitucional - ISSN 2594-7710

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Anais do I Congresso Acadêmico de Direito Constitucional Porto Velho/RO 23 de junho de 2017 P. 502 a 525 Colômbia e no Brasil

Fernando Melo Valverde dos Santos1 João Dias de Sousa Neto2

RESUMO

O presente artigo visa realizar um estudo comparado entre as decisões da Corte Constitucional da Colômbia (CCC) e do Supremo Tribunal Federal (STF), que decretaram a caracterização do Estado de Coisas Inconstitucional nos presídios dos seus respectivos territórios. O artigo baseia-se em pesquisa doutrinária, buscando comparar decisões tomadas nos casos do Brasil e da Colômbia. Será analisado o que é o Estado de Coisas Inconstitucional (ECI), bem como os pressupostos para a sua aplicação. Primeiramente, será feito um breve relato histórico acerca da criação do ECI, para posteriormente conceitua-lo. Num outro momento, discorreremos sobre a omissão estatal como geradora de uma violação massiva de direitos fundamentais capaz de ensejar a decretação do ECI. Em seguida, será realizado um estudo sobre o Estado de Coisas Inconstitucional nos presídios colombianos. Também, noutro tópico, será analisada a decisão do STF acerca do ECI decretado na ADPF nº 347/DF, para enfim, realizar a comparação entre as decisões das duas cortes, mostrando pontos de conexão e divergência entre elas.

Palavras-chaves: Estado de Coisas Inconstitucional. Omissão Estatal. Análise Comparativa. Crise do Sistema Penitenciário.

ABSTRACT

The present article aims to conduct a comparative study between the decisions of the Constitutional Court of Colombia (CCC) and the Federal Supreme Court (STF), which decreed the characterization of the Thing’s Unconstitutional State in the prisons of their respective territories. The article is based on doctrinal research, seeking to compare decisions taken in the cases of Brazil and Colombia. It will be analyzed

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Acadêmico do curso de Direito da Faculdade Católica de Rondônia. E-mail: fernando.melovalverde@gmail.com

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Docente das disciplinas de Direito Administrativo e Direito Constitucional do Curso de Direito da Faculdade Católica de Rondônia. E-mail: jddsn30@gmail.com

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what is the Thing’s Unconstitutional State (ECI), as well as the assumptions for its application. First, a brief historical account of the creation of the ECI will be made and later conceptualized. In another moment, we will talk about the state omission as generating a massive violation of fundamental rights capable of prompting ECI's enactment. Then, a study will be carried out on the Thing’s Unconstitutional State in Colombian prisons. Also, in another topic, the STF decision on the ECI decreed in ADPF nº 347 / DF will be analyzed, finally, to make a comparison between the decisions of the two courts, showing points of connection and divergence between them.

Key-words: Thing’s Unconstitutional State. State’s omission. Comparative analysis. Penitentiar System’s Crisis.

INTRODUÇÃO

No ano de 1998, a Corte Constitucional da Colômbia se deparou com a crise do sistema carcerário daquele país. O quadro era de superlotação das celas, torturas sofridas pelos presos, mortes, rebeliões, condições insalubres dos presídios com esgotos a céu aberto, a água para consumo dos detentos era imprópria, proliferação de doenças infectocontagiosas e sexualmente transmissíveis, dentre outros quadros.

Diante de tal conjuntura, a Corte decretou o Estado de Coisas Inconstitucional, ante a massiva, contínua e sistemática violação de direitos fundamentais dos presos acarretada pela omissão do Estado em adotar políticas púbicas que visassem a solução do caso. Assim a Corte Suprema emanou ordens estruturantes a todos os órgãos estatais com a intenção de preservar os direitos humanos dos apenados. Entretanto, quase vinte anos após a decisão pioneira, a CCC, por duas vezes veio a declarar que o Estado de Coisas Inconstitucional nos Presídios da Colômbia persistia.

No Brasil, a situação dos presídios é igual as dos presídios colombianos àquela época, há uma violação massiva de direitos dos presos ocasionada pela omissão estatal. Inspirado pela experiência realizada na Colômbia, o Partido Socialismo e Liberdade – PSOL por meio da ADPF nº 347/DF, requereu reconhecimento do ECI nos cárceres brasileiros e a consequente determinação de ordens estruturantes atinentes à solução do problemático caso de abandono dos presídios nacionais.

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Assim, em setembro de 2015 o STF analisou os pedidos cautelares da ADPF 347/DF, declarou estar vigente um Estado de Coisas Inconstitucional no Sistema Prisional do Brasil e adotou poucas, mas importantes medidas estruturantes, para a solução do caso. Trata-se de um primeiro passo tomado em direção, ao que se espera, à novas condições estabelecidas nos Presídios brasileiros.

Assim, o presente trabalho pretende demonstrar uma análise comparativa das decisões tomadas pelas Supremas Cortes do Brasil e da Colômbia ao enfrentarem a questão da crise carcerária em seus territórios, face a uma total omissão estatal no gerenciamento dos presídios.

Para isso num primeiro momento faz-se uma introdução histórica, relatando a origem do Estado de Coisas Inconstitucional, criado pela Corte Constitucional da Colômbia e sua aplicação em diversos casos. Posteriormente, para uma melhor compreensão do instituto aqui analisado, passa-se a uma conceituação do mesmo como técnica de julgamento, pressupostos para sua aplicação e quais os efeitos de sua decretação.

Em seguida, faz-se um exame da omissão do Estado como fato gerador de falhas estruturais que geram a violação de muitos direitos fundamentais à uma quantidade indeterminada de sujeitos, dando assim, ensejo para a decretação do ECI pelo Poder Judiciário, como tentativa de solução do problema.

Noutro momento, estudamos o Estado de Coisas Inconstitucional decretado no Sistema Penitenciário da Colômbia, analisando a decisão tomada pela Corte Constitucional, seus efeitos e se houve a solução da adversidade, para, em seguida estudar a decisão tomada pelo STF na APDF nº 347/DF e quais as medidas adotadas na mesma.

Após, far-se-á um estudo comparado entre as decisões das duas cortes, quais os pontos de semelhança, profundidade das decisões tomadas e quais as divergências entres elas. Por fim, conclui-se que a postura adotada pelo STF é pequena, mas importante para a solução do litígio, fazendo com que, comece a se pavimentar o caminho de melhorias a serem realizadas nas instituições prisionais do Brasil, visando assegurar direitos fundamentais dos presos.

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505 1. BREVE HISTÓRICO

A origem do Estado de Coisas Inconstitucional (ECI) remonta à Corte Constitucional da Colômbia. A Suprema Corte colombiana, diante de um quadro de omissão generalizada, que violava de maneira massiva e contínua direitos fundamentais, para proteger tais direitos, encontrou como saída a decretação do Estado de Coisas Inconstitucional.

Trata-se de uma medida extrema, pois, ao reconhecer a existência do ECI, a Corte buscou conduzir o Estado a observar a dignidade da pessoa humana, bem como as garantias dos demais direitos fundamentais, tendo em vista que estavam em curso graves violações a esses direitos por meio de total omissão dos poderes estatais.

A primeira vez em que a Corte Constitucional Colombiana se viu diante de tal situação foi em 1997, vindo o Estado de Coisas Inconstitucional a ser declarado naquele mesmo ano através da Sentença de Unificação 559. No caso, cerca de 45 professores dos munícipios colombianos de María La Baja e Zambrano tiveram os direitos previdenciários suprimidos pelas autoridades locais.

Ao instaurar o procedimento, a Suprema Corte detectou que tal supressão de direitos previdenciários era generalizada, alcançando um número amplo e indeterminado de professores, fora os que constavam do processo. Assim, verificou-se que não era uma falha isolada, mas sim uma falha constante na estrutura da Administração Pública. Segundo os julgadores, o problema começava na distribuição desigual de verbas educacionais se ramificando nos demais ramos do aparelhamento estatal, o que acarretava violação aos direitos fundamentais dos professores.

Assim, a Corte Constitucional se viu obrigada de assegurar os direitos dos autores nos respectivos fundos previdenciários locais, mas também proteger os direitos fundamentais na sua dimensão objetiva, firmando um “dever de colaboração” com os demais poderes estatais. Ainda assim, determinou que os demais municípios colombianos que se encontrassem em situações assemelhadas com os da demanda, corrigissem aquela situação de inconstitucionalidade dentro de um prazo razoável e, por fim, enviou cópia de sua decisão para todos os governantes colombianos, desde o presidente a todos os prefeitos, bem como aos

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ministros do governo federal, determinando a realização de providências práticas e orçamentárias, afim de sanar danos causados aos direitos previdenciários.

Vejamos abaixo, trechos da decisão pioneira da Suprema Corte Colombiana (1997. Sentencia de Unificación 559):

Primero.- DECLARAR que el estado de cosas que originó las acciones de tutela materia de esta revisión no se aviene a la Constitución Política, por las razones expuestas en esta providencia. Como, al parecer, la situación descrita se presenta en muchos municipios, se advierte a las autoridades competentes que tal estado de cosasdeberá corregirse dentro del marco de las funciones que a ellas atribuye la ley, en un término que sea razonable.

Segundo.- ORDENAR que para los efectos del numeral primero se envíe copia de esta sentencia al Ministro de Educación, al Ministro de Hacienda y Crédito Público, al Director del Departamento Nacional de Planeación y a los demás miembros del CONPES Social; a los Gobernadores y las Asambleas Departamentales; y a los Alcaldes y los Concejos Municipales.

Tercero.- En consecuencia, REVOCAR los fallos proferidos por el Juzgado Segundo Penal del Circuito de Cartagena y por el Juzgado Civil del Circuito de Carmen de Bolívar, los días 28 y 30 de octubre de 1996, respectivamente. En su lugar, se CONCEDE a los demandantes la tutela de su derecho a la igualdad. En consecuencia, los municipios demandados deberán, dentro del año siguiente a partir del primero (1º) de enero de 1998, adelantar y culminar el trámite de afiliación de los actores al Fondo Nacional de Prestaciones Sociales del Magisterio.

Cuarto.- Para lo de su competencia, enviar copia de esta sentencia al Procurador General de la Nación, al Defensor del Pueblo y al Contralor General de la República.

Quinto.- Líbrense por Secretaría las comunicaciones a que se refiere el artículo 36 del Decreto 2591 de 1991, y todas las demás comunicaciones que sean necesarias para dar efectivo cumplimiento a este fallo.

Posteriormente, a Corte Constitucional Colombiana (CCC) se viu diante de outra violação generalizada e sistemática de direitos fundamentais. Dessa vez, o problema era para reduzir a mora na Caixa Nacional de Previdência em responder as petições de aposentados e pensionistas colombianos realizadas para obter recálculos e pagamentos de diferenças de verbas previdenciárias; compelir ao Estado a realização de concurso público para o cargo de notário, ante a total omissão da Administração Pública em realizar o certame; reparar o atraso do

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pagamento das aposentadorias; imputar a realização de políticas públicas para efetivar a proteção dos defensores de direitos humanos no país.

Por fim, um dos casos mais emblemáticos de aplicação do ECI pela Corte Colombiana é a decisão acerca dos presídios colombianos. No caso em comento, a CCC se deparou com a superlotação dos presídios da Colômbia, em que os presos viviam em condições precárias, com celas lotadas, sem condições mínimas de saúde e segurança.

Conforme veremos mais profundamente em capítulo próprio, a Suprema Corte Colombiana visualizou uma violação massiva e sistemática de direitos fundamentais dos detentos, sendo necessária decretação do Estado de Coisas Constitucional no Sistema Presidiário da Colômbia.

2. CONCEITUANDO O ESTADO DE COISAS INCONSTITUCIONAL

De acordo com Carlos Alexandre de Azevedo Campos (2016. p. 21) o Estado de Coisas Inconstitucional consiste em uma:

Técnica de decisão por meio da qual cortes e juízes constitucionais, quando rigorosamente identificam um quadro de violação massiva e sistemática de direitos fundamentais decorrente de falhas estruturais do Estado, declaram a absoluta contradição entre os comandos normativos constitucionais e a realidade social, e expedem ordens estruturais dirigidas a instar um amplo conjunto de órgãos e autoridades a formularem e implementarem políticas públicas voltadas à superação dessa realidade inconstitucional. Assim, o ECI revela-se como uma decisão manifestada pelo juízo constitucional que, diante de uma maciça e sistêmica violação de direitos fundamentais decorrente do engessamento do aparelho estatal em implantar mecanismos de efetivação de tais direitos, estabelece medidas estruturantes a serem adotadas por diversos organismos com o objetivo de sanar tais profanações à direitos essenciais.

Conforme explica Denarcy Sousa e Silva Junior (2017) “Percebe-se, que a declaração do estado de inconstitucionalidades pressupõe uma decisão dialógica e passível de ser cumprida, retirando a possibilidade de um agir isolado do Poder Judiciário”.

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Ao proferir esta espécie de decisão, a Corte, ou juízo constitucional, interfere em políticas públicas, não apenas impondo obrigações ao Estado, haja vista que muitas vezes tais obrigações não são atribuídas ao Judiciário pela própria Constituição, mas no sentido de buscar sanar conjuntamente com os demais poderes estatais o quadro de inconstitucionalidade implantado pela omissão estatal. Neste sentido, Carlos Alexandre de Azevedo Campos (2016. p.182) assevera: “Interferir nas políticas públicas, cuidando da dimensão objetiva desses direitos, significa proferir decisões que, em vez de imporem obrigações ao Estado em favor de determinados indivíduos, buscam solucionar o estado de inconstitucionalidade em favor de todos, igualmente”.

É importante destacar que o ECI não se trata de uma ação, mas sim de uma técnica de decisão na qual as cortes declaram a existência de uma total incongruência entre o texto normativo constitucional e a realidade fática que lhes é apresentada. De acordo com Leonardo García Jaramillo (2015. p. 189) “ a Corte estruturou a doutrina para julgar não um ato do Estado ou de algum de seus órgãos, e sim uma realidade. A doutrina do ECI confronta uma realidade com um juízo normativo e conclui estar-se diante de situações que não são compatíveis com a Constituição”.

No ano de 2004, por meio a Sentencia T-125, a Corte Constitucional Colombiana (2004. Sentencia de Unificación T-125) definiu como pressupostos para a existência de um Estado de Coisas Inconstitucional como sendo:

(I) A violação massiva e generalizada de vários direitos constitucionais que afeta a um número significativo de pessoas; (II) a prolongada omissão das autoridades no cumprimento de suas obrigações para efetivar os direitos; (III) a adoção de práticas inconstitucionais, como a incorporação da ação de tutela como parte do procedimento para garantir o direito violado; (IV) a não expedição de medidas legislativas, administrativas ou orçamentárias necessárias para se evitar a violação de direitos. (V) A existência de um problema social cuja solução necessita da intervenção de várias entidades, requer a adoção de um conjunto completo e coordenado de ações e exige um nível de recursos que demanda um esforço orçamentário adicional importante. (VI) Se todas as pessoas afetadas pelo mesmo problema optarem por uma ação judicial para obter a proteção de seus direitos, se produzirá um maior congestionamento judicial.

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Ou seja, de acordo com a Corte Colombiana, para ser identificado o Estado de Coisas Inconstitucional, deve ser constatada, precipuamente, uma violação massiva e sistemática de direitos fundamentais, conjuntamente com uma prolongada omissão das autoridades estatais em cumprir as obrigações impostas pela Constituição, a inexistência de mecanismos legislativos, administrativos ou orçamentários capazes de sanar o cerceamento de tais direitos, como o problema social causado pela omissão constitucional requer a ação de várias entidades de maneira coordenada e dotações orçamentárias suficientes para aniquilar a violação e, por fim, a superlotação causada pela enxurrada de ações individuais que serão ajuizadas.

Diferentemente do que pensa a Corte Colombiana, Carlos Alexandre de Azevedo Campos (2016. p. 180) sintetiza os fundamentos para a configuração do ECI em quatro. O primeiro é a existência de um quadro de violação massiva e sistemática de direitos fundamentais que atinge um número indeterminado de indivíduos. O segundo é a omissão estatal. O terceiro a falha estrutural no mecanismo de efetivação de políticas públicas. E o quarto e o último pressuposto, segundo o autor, é, o elevado risco desse número indeterminado de indivíduos levar seus casos isoladamente a juízo, causando um congestionamento do judiciário.

Portanto, o Estado de Coisas Inconstitucional, é uma técnica de julgamento utilizada, quando presentes os pressupostos acima descritos, que tende a solucionar uma generalizada violação de direitos fundamentais ocasionada por uma desatenção estatal, através da adoção de medidas estruturantes voltados à formulação e execução de políticas públicas que não poderiam ser tomadas por meio de decisões judiciais comuns.

3. A OMISSÃO INCONSTITUCIONAL COMO UM ESTOPIM PARA A

VIOLAÇÃO MASSIVA E SISTEMÁTICA DE DIREITOS FUNDAMENTAIS

Tomando o Estado de Coisas Inconstitucional como uma modalidade de ativismo judicial, é preciso se atentar para o fato de que o julgador ou corte, ao adotar tal postura, se depara com uma situação de diferentes fatores políticos, sociais e jurídico-cultural, que influenciam e justificam o comportamento ativista-jurisdicional.

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De acordo com Carlos Alexandre de Azevedo Campos (2016. p. 16) “Propor a

aplicação do Estado de Coisas Inconstitucional como técnica de decisão voltada à tutela de direitos fundamentais, máxime os sociais, é defender a intervenção judicial no ciclo das políticas públicas”. Ou seja, ao declarar a vigência do ECI, o órgão julgador passa a interferir na esfera política, tomando para si tal responsabilidade, e realizando projetos de formulação, implementação e avaliação das políticas públicas. Tal posicionamento é adotado como última solução para a superação do quadro de violação massiva e sistemática de direitos fundamentais.

Contudo, para intervir desta maneira, a corte ou o juízo deve identificar que há, de maneira inequívoca e latente, uma sistêmica inércia estatal, havendo uma ligação entre a paralisia política e administrativa à realidade contrária aos comandos constitucionais sobre direitos fundamentais.

Tal omissão deve ser caracterizada pela falha sistêmica do aparelhamento estatal.

A omissão estatal passa a ser inconstitucional no momento em que, tais falhas se manifestam em falta ou insuficiência de mecanismos e políticas públicas voltadas a concretização de direitos fundamentais e sociais.

De outra maneira, vale salientar que a simples inércia estatal no tocante ao cumprimento de mandamentos constitucionais específicos não serve para caracterizar a omissão, mas deve constar também a falta de efetividade de direitos fundamentais e sociais. Como exemplo disso, temos a omissão exercida pelo Poder Executivo ao deixar de implantar medidas político-administrativas para dar eficácia a direitos fundamentais, como o direito fundamental à saúde. No mesmo parâmetro, conforme explica Luís Roberto Barroso (2012. p. 33):

Pode-se igualmente cogitar de omissão na entrega de prestação jurisdicional. Juridicamente, é certo, não é possível a denegação de justiça mesmo na eventualidade de inexistir lei específica sobre a matéria discutida81; mas, no mundo real, não é incomum a falta de acesso à justiça (e.g., por ausência ou deficiência nas condições de assistência judiciária) ou o excesso de demora que frustra na prática o direito das partes.

Portanto, tal atuação do poder judiciário, que age com ativismo ao detectar a existência de uma total omissão do aparelhamento da Administração Pública, se dá como uma maneira de tentar solucionar a inércia estatal, não mais se limitando a

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determinada espécie de preceito constitucional, tratando-se de uma ação que se justifica diante de um quadro real, atual e objetivo de tutela estatal deficiente de direitos fundamentais e sociais.

Ainda, não se deve tratar a omissão estatal apenas sob a ótica da ausência de iniciativa legislativa ou administrativa. Trata-se de omissão única tanto do Poder Legislativo quanto do Poder Executivo, de modo que acarrete em deficiências na produção e execução de políticas públicas. Ocorre que, muitas vezes há uma legislação garantindo a fruição de direitos fundamentais e também há o mecanismo administrativo necessário para implementa-los, todavia, o resultado não se mostra satisfatório, ressaltando a ineficiência na proteção estatal.

Neste sentido, assevera Carlos Alexandre de Azevedo Campos (2016. p. 20):

A omissão não seria tanto por conta de falta de lei, mas de ausência de estrutura apta a tornar realidade os comandos legais. A omissão, implicando proteção deficiente de direitos, caracteriza-se como um quadro permanente de falhas estruturais.

Em conformidade com este posicionamento, encontra-se a visão de Alexandre de Moraes (2012. p. 807), para quem na “conduta negativa consiste a

inconstitucionalidade”. Segundo o aludido autor, a Constituição Federal de 1988 em determinadas situações previu um dever de agir do Estado, no sentido de garantir a aplicabilidade e eficácia da norma constitucional. Ainda, afirma que a inconstitucionalidade por omissão decorre do choque entre um dever de agir imposto pela Carta Magna e a conduta negativa do Poder Público omisso.

De outro ponto de vista, Walber de Moura Agra (2012. p. 678) assevera que a “omissão não nasce da seara fática, mas em virtude de motivos normativos: o descumprimento de um preceito disposto pela norma constitucional”. Agra ainda vai mais além, ao afirmar que a inconstitucionalidade por omissão não se restringe somente a inexistência de produção legislativa, sendo que a regulamentação imperfeita que não atende às condições estabelecidas para garantir a eficácia normativa ao dispositivo constitucional, também enseja a inconstitucionalidade por omissão.

É importante ainda, salientar que a omissão pode ser total, quando não há qualquer lei regulamentando a norma constitucional, ou parcial, quando há lei regulamentadora, todavia, esta não produz os efeitos para os quais fora

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confeccionada. Gilmar Ferreira Mendes (2012. p. 289) leciona que “a omissão é total quando há ausência de normas, e parcial na hipótese de cumprimento imperfeito ou insatisfatório da obrigação constitucional de cumprir o comando normativo”.

Corroborando com tal posicionamento, Bernardo Gonçalves Fernandes (2015. p. 1.145) afirma que a omissão total “ocorre na hipótese de ausência de norma para viabilizar direitos previstos na Constituição, ou seja, nesse caso o legislador realmente não empreendeu a providência legislativa devida” enquanto que na omissão parcial “existe ato normativo, porém o mesmo é insatisfatório para a viabilização adequada de direitos previstos na Constituição”.

Visando suprir a supramencionada omissão inconstitucional e, também, cumprir de maneira efetiva os direitos fundamentais e sociais estampados na Constituição, a Corte Constitucional Colombiana criou e aplicou em diversos casos o Estado de Coisas Inconstitucional.

Revela-se então o ECI como o mecanismo para solucionar um quadro de violação massiva e sistemática de direitos fundamentais e sociais acarretados por uma omissão inconstitucional do aparelho estatal.

Assim, diante de uma visão em que a Constituição se encontra em uma posição de supremacia, ao omitir-se em disciplinar matéria constitucional, o legislador estará negando a supremacia constitucional. Conforme afirma Carlos Alexandre de Azevedo Campos (2016), o legislador ao adotar tal postura omissiva, reveste esta conduta de natureza inconstitucional.

De acordo com a lições de Luís Roberto Barroso (2012. p. 34):

A inconstitucionalidade por omissão, como um fenômeno novo, que tem desafiado a criatividade da doutrina, da jurisprudência e dos legisladores, é a que se refere à inércia na elaboração de atos normativos necessários à realização dos comandos constitucionais.

Assim, com o fim de suprir a omissão inconstitucional ocasionada pela inércia do Estado, seja em produzir mecanismos para efetivar direitos fundamentais, seja em mecanismos produzidos que não atingem seus efeitos práticos, surge o Estado de Coisas Inconstitucional.

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4. A CRISE CARCERÁRIA NA COLÔMBIA E A DECRETAÇÃO DO ESTADO DE COISAS INCONSTITUCIONAL

No ano de 1998 a Suprema Corte da Colômbia enfrentou questão referente à superlotação dos presídios e violação de direitos fundamentais dos encarcerados, nas Penitenciárias Nacionais de Bogotá e de Bellavista de Medelín.

A Corte, baseada em dados e estudos realizados nos cárceres colombianos, identificou uma massiva e sistemática violação de direitos fundamentais dos presos, tais como o direito a saúde, dignidade humana, proteção da integridade física, direito de família, presunção de inocência, dentre outros.

Assim, concluiu que no estado em que se encontravam as penitenciárias da Colômbia, estas serviam apenas como verdadeiras escolas do crime e como modo de segregação dos criminosos da vida em sociedade, fazendo com que assim não fosse atingido o objetivo precípuo das cadeias, que é o da ressocialização do apenado.

É neste sentido que se encontra a ementa do julgamento do caso T-153 (1998. Sentença T-153. Corte Constitucional Colombiana.):

Las cárceles colombianas se caracterizan por el hacinamiento, las graves deficiencias en materia de servicios públicos y asistenciales, el imperio de la violencia, la extorsión y la corrupción, y la carencia de oportunidades y medios para la resocialización de los reclusos. Esta situación se ajusta plenamente a la definición del estado de cosas inconstitucional. Y de allí se deduce una flagrante violación de un abanico de derechos fundamentales de los internos en los centros penitenciarios colombianos, tales como la dignidad, la vida e integridad personal, los derechos a la familia, a la salud, al trabajo y a la presunción de inocencia, etc. Durante muchos años, la sociedad y el Estado se han cruzado de brazos frente a esta situación, observando con indiferencia la tragedia diaria de las cárceles, a pesar de que ella representaba día a día la transgresión de la Constitución y de las leyes. Las circunstancias en las que transcurre la vida en las cárceles exigen una pronta solución. En realidad, el problema carcelario representa no sólo un delicado asunto de orden público, como se percibe actualmente, sino una situación de extrema gravedad social que no puede dejarse desatendida. Pero el remedio de los males que azotan al sistema penitenciario no está únicamente en las manos del INPEC o del Ministerio de Justicia. Por eso, la Corte tiene que pasar a requerir a distintas ramas y órganos del Poder Público para que tomen las medidas adecuadas en dirección a la solución de este problema.

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Assim, a CCC evidenciou e decretou a existência de um ECI nas prisões colombianos, conforme podemos ver no trecho abaixo (1998. Sentença T-153. Corte Constitucional Colombiana):

Con todo, las prescripciones de los Códigos Penal, de Procedimiento Penal y Penitenciario y Carcelario, de los tratados y acuerdos internacionales citados y la misma jurisprudencia de la Corte acerca de los derechos de los reclusos constituyen letra muerta. Las condiciones de vida en los penales colombianos vulneran evidentemente la dignidad de los penados y amenazan otros de sus derechos, tales como la vida y la integridad personal, su derecho a la familia, etc. Nadie se atrevería a decir que los establecimientos de reclusión cumplen con la labor de resocialización que se les ha encomendado. Por lo contrario, la situación descrita anteriormente tiende más bien a confirmar el lugar común acerca de que las cárceles son escuelas del crimen, generadoras de ocio, violencia y corrupción.

En este proceso se ha hecho hincapié en el asunto del hacinamiento carcelario, el objeto de las tutelas incoadas. Y, obviamente, la sobrepoblación en los centros de reclusión del país constituye una vulneración grave de la obligación del Estado de brindar condiciones dignas de vida a los internos. Sobre este punto no puede haber gran discusión cuando se constata que los presos duermen sobre el mismo suelo, que los lugares destinados a actividades comunes y los propios baños se convierten en dormitorios, etc. Además, es claro que el hacinamiento genera corrupción, extorsión y violencia, con lo cual se comprometen también los derechos a la vida e integridad personal de los internos. En un lugar donde la demanda por una habitación es mucho más alta que la oferta y donde la guardia no está en capacidad de imponer el respeto a las normas establecidas, sólo cabe esperar que se imponga la ley del más fuerte, con todas sus consecuencias.

Para todos es conocido que la vulneración de los derechos de los reclusos va más allá del hacinamiento y se extiende a distintas áreas - en buena parte debido también a las condiciones de sobrepoblación -, tales como el trabajo, la educación, la alimentación, la salud, la familia, la recreación, etc. En efecto, los puestos de trabajo y de educación son escasos en relación con la demanda sobre ellos, lo cual significa, nuevamente, que en estas áreas se impone la ley del más fuerte y campea la corrupción y la extorsión. Igualmente, es evidente para todos que los procedimientos para las visitas - con las esperas interminables, la falta de espacio para las visitas conyugales y familiares, etc. - no facilitan la unidad e integración familiar. Asimismo, se conoce de muchos casos de personas enfermas que requieren tratamiento hospitalario, pero no pueden ser trasladados a los centros médicos por carencia de personal de guardia. Hechos similares ocurren con las diligencias judiciales, etc.

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Los reclusos deben ser alojados en condiciones dignas. Como se sabe, la capacidad actual de los centros carcelarios no lo permite. Por lo tanto, es imperiosa la construcción de nuevos establecimientos. Al mismo tiempo, los penales existentes deben ser refaccionados, para que puedan cumplir con los requisitos mínimos para ofrecer una vida digna a los reclusos.

En este sentido, se ordenará que, en un término de tres meses, se elabore un plan de construcciones y refacciones, con el cual se pueda hacer frente a la situación de hacinamiento y se adecúen los penales actuales a los requerimientos mínimos para el alojamiento de los internos. El plan deberá ser elaborado por el INPEC, el Ministerio de Justicia y el Departamento Nacional de Planeación. La Defensoría del Pueblo y la Procuraduría General de Nación supervigilarán que los proyectos para las nuevas construcciones y para las adecuaciones de las ya existentes se ajusten a los parámetros mínimos para la edificación de penales. El plan deberá ejecutarse en un término máximo de 4 años a partir de la notificación de esta sentencia.

En armonía con lo anterior, y teniendo en cuenta que la remodelación que se adelanta en las celdas de la Cárcel Distrital Modelo de Bogotá no contribuye a ofrecerle a los reclusos condiciones de alojamiento dignas - pues, como lo reconoce el mismo INPEC, en ellas los internos no dispondrán del espacio mínimo necesario - se dispondrá la suspensión inmediata de la remodelación de las celdas de la cárcel.

Nas sábias palavras de Carlos Alexandre Azevedo Campos (2016. p. 131) “o notório ECI tinha na inexistência de políticas públicas motivos de existência e de agravamento”. Ou seja, a ausência de políticas públicas voltadas a solucionar, ou no mínimo diminuir as condições inumanas dos presídios colombianos, dava ensejo ao Estado de Coisas Inconstitucional.

O autor vai mais além, afirmando que a Corte:

Tendo identificado as origens das falhas estruturais que conduziram à violação massiva dos direitos fundamentais, expediu diversas ordens dirigidas não apenas a uma, e sim diversas autoridades públicas, começando por determinar a formulação de políticas públicas, começando por determinar a formulação de políticas públicas e dotações orçamentárias para reduzir a crise jurídica, social e moral do sistema carcerário colombiano.

Diante da conjuntura em que se encontravam os cárceres da Colômbia, a Suprema Corte determinou as seguintes medidas: a) ordenou a notificação dos Presidentes da República, do Senado, da Câmara, da Turma de Direito Penal da

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Corte Suprema de Justiça, das Turmas Administrativas e Jurisdicional Disciplinar do Conselho Superior da Judicatura, o Fiscal Geral da Nação, os Governadores e Prefeitos, os Presidentes das Assembleias e Departamentos e dos Conselhos Municipais, acerca do Estado de Coisas Inconstitucional; b) incumbiu ao Instituto Nacional Penitenciário e Carcerário – INPEC, ao Ministério da Justiça e do Direito e ao Departamento Nacional de Planejamento a criação, dentro do prazo de três meses, de um plano de construção e reforma das unidades prisionais colombianas, de modo a garantir condições minimamente dignas aos presos; c) ordenou que o Governo Nacional tomasse as medidas orçamentárias necessárias para a execução do plano; d) incumbiu a Defensoria do Povo e a Procuradoria Geral da Nação de supervisionarem a execução do plano; e) determinou que o INPEC promovesse, dentro do prazo máximo de 4 anos, uma triagem e separação dos presos provisórios daqueles já condenados; f) ordenou que o Instituto Nacional Penitenciário e Carcerário – INPEC e aos Ministérios da Justiça e do Direito e da Fazenda a tomada de providências necessárias para solucionar a carência de pessoal capacitado nas prisões; g) ordenou aos líderes do executivo, em todas as esferas, Presidentes das Assembleias dos Departamentos e Conselhos Municipais que criassem e mantivessem presídios próprios; h) notificou o Presidente da República e o Ministro da Justiça e direito para que, enquanto estivessem sendo executadas tais medidas estruturantes, fossem tomadas as medidas necessárias para assegurar a ordem pública e o respeito dos direitos fundamentais dos detentos nos cárceres colombianos.

Entretanto, a aplicação do Estado de Coisas Inconstitucional no presente caso não se mostrou útil, pois, muito embora a CCC tenha expedido várias ordens à diversos organismos estatais, visando sanar a ruptura de direitos fundamentais que ocorria dentro dos presídios colombianos, a Corte não cumpriu o seu dever de vigilância acerca do cumprimento das ordens emanadas. Ou seja, suas ordens estruturantes eram vazias de poder coercitivo, ante a ausência de fiscalização da implementação e execução de tais medidas.

Em consonância com o posicionamento acima exposto, a própria Corte Constitucional em duas recentes decisões constatou que o Estado de Coisas Inconstitucional no Sistema Carcerário colombiano ainda persistia. Num primeiro momento, na Sentença T – 388, de 28 de junho de 2013, a Suprema Corte se

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posicionou afirmando que a situação que ensejou a decisão de 1998 estava superada, entretanto, os julgadores encontraram a vigência de um novo ECI, marcado pela superpopulação penitenciária.

Já num segundo momento, mais recente, na sentença T – 762, de 16 de dezembro de 2015, a CCC apontou que as violações massivas de direitos fundamentais existentes nos cárceres colombianos persistiam, sendo necessárias novas políticas públicas que fossem mais voltadas à tutela desses direitos.

Assim, nestes dois últimos pronunciamentos judiciais, a CCC, determinou expressamente que a Defensoria Pública da Colômbia (Defensoría del Pueblo) organizasse um grupo de fiscalização do cumprimento das ordens estruturantes emanadas, devendo informar a cada seis meses a situação em que se encontrava a execução das medidas atinentes ao enfrentamento do ECI.

5. O ESTADO DE COISAS INCONSTITUCIONAL NO SISTEMA CARCERÁRIO BRASILEIRO E A DECISÃO DO STF NA ADPF 347/DF

É sabido que a situação dos presídios brasileiros é de total precariedade, com condições insalubres, com esgoto a céu aberto, grande proliferação de doenças infectocontagiosas, não há espaços hábeis à capacitação profissional dos detentos, e principalmente a superlotação dos presídios.

Segundo levantamentos datados de 2017 (2017. p. 5), realizados pelo CNJ após as grandes rebeliões que ocorreram em Manaus-AM e em Natal-RN no começo do ano, a população carcerária brasileira atualmente é de 654.372, sendo 433.318 condenados e 221.054 presos provisórios, quando há somente 357.219 vagas no somatório de todas as cadeias no Brasil.

Trata-se de um verdadeiro caos instalado nos cárceres do Brasil e, diante de tal situação, conjugada com a total inércia do Estado em tomar medidas para reverte esses números, o Partido Socialismo e Liberdade ingressou com a ADPF nº 347/DF junto ao STF em junho de 2015, requerendo o reconhecimento do Estado de Coisas Inconstitucional no sistema prisional brasileiro, fazendo com que assim fossem adotadas medidas estruturais para sanar as lesões a direitos fundamentais dos presos. De acordo com Caio César Bueno Schinemann (2016. p. 13):

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Estas providências, em síntese, buscam sanar as gravíssimas lesões a preceitos fundamentais da Constituição, diante de condutas comissivas e omissivas do Poder Público, pela determinação ao Governo Federal da elaboração de um plano nacional que vise à superação deste Estado de Coisas em um prazo de três anos, bem como a apresentação de planos próprios elaborados por cada entidade federativa, em harmonia com o instituído pelo Governo Federal.

No mesmo posicionamento, Carlos Alexandre de Azevedo Campos (2016. p. 285) assevera:

O PSOL argumentou que, com a declaração do ECI, o STF poderia impor aos Poderes Públicos a tomada de medidas urgentes e necessárias à superação de violações massivas de direitos fundamentais, assim como supervisionar a efetiva implementação de dessas medidas.

Na Petição Inicial o PSOL argumentou estarem preenchidos os requisitos caracterizadores para a decretação do ECI com a instauração de um quadro de ruptura massiva e sistematizada de vários direitos fundamentais dos presos; este quadro ser resultado de atos comissivos e omissivos da Administração Pública; e, por fim, a utilização, pelos três poderes do Estado em todos os graus, de medidas que visam aprimorar as instituições prisionais no Brasil para vencer o Estado de Coisas Inconstitucional.

Além disso, apontou também para um contingenciamento pela União no monte de R$ 2,2 bilhões do Fundo Penitenciário Nacional – FUNPEN, bem como a utilização, no ano de 2013, de menos de 20% dos recursos contidos no referido fundo.

Assim, na ADPF 347/DF (2015. p. 69), o PSOL, de maneira cautelar pleiteou as seguintes medidas:

a) Determine a todos os juízes e tribunais que, em cada caso de decretação ou manutenção de prisão provisória, motivem expressamente as razões que impossibilitam a aplicação das medidas cautelares alternativas à privação de liberdade, previstas no art. 319 do Código de Processo Penal.

b) Reconheça a aplicabilidade imediata dos arts. 9.3 do Pacto dos Direitos Civis e Políticos e 7.5 da Convenção Interamericana de Direitos Humanos, determinando a todos os juízes e tribunais que passem a realizar audiências de custódia, no prazo máximo de 90 dias, de modo a viabilizar o comparecimento do preso perante a autoridade judiciária em até 24 horas contadas do momento da prisão.

c) Determine aos juízes e tribunais brasileiros que passem a considerar fundamentadamente o dramático quadro fático do sistema

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penitenciário brasileiro no momento de concessão de cautelares penais, na aplicação da pena e durante o processo de execução penal.

d) Reconheça que como a pena é sistematicamente cumprida em condições muito mais severas do que as admitidas pela ordem jurídica, a preservação, na medida do possível, da proporcionalidade e humanidade da sanção impõe que os juízes brasileiros apliquem, sempre que for viável, penas alternativas à prisão.

e) Afirme que o juízo da execução penal tem o poder-dever de abrandar os requisitos temporais para a fruição de benefícios e direitos do preso, como a progressão de regime, o livramento condicional e a suspensão condicional da pena, quando se evidenciar que as condições de efetivo cumprimento da pena são significativamente mais severas do que as 70 previstas na ordem jurídica e impostas pela sentença condenatória, visando assim a preservar, na medida do possível, a proporcionalidade e humanidade da sanção.

f) Reconheça que o juízo da execução penal tem o poder-dever de abater tempo de prisão da pena a ser cumprida, quando se evidenciar que as condições de efetivo cumprimento da pena foram significativamente mais severas do que as previstas na ordem jurídica e impostas pela sentença condenatória, de forma a preservar, na medida do possível, a proporcionalidade e humanidade da sanção.

g) Determine ao Conselho Nacional de Justiça que coordene um ou mais mutirões carcerários, de modo a viabilizar a pronta revisão de todos os processos de execução penal em curso no país que envolvam a aplicação de pena privativa de liberdade, visando a adequá-los às medidas “e” e “f” acima.

h) Imponha o imediato descontingenciamento das verbas existentes no Fundo Penitenciário Nacional – FUNPEN, e vede à União Federal a realização de novos contingenciamentos, até que se reconheça a superação do estado de coisas inconstitucional do sistema prisional brasileiro.

Percebe-se que os pedidos cautelares foram mais restritos, visando uma agilidade decisória. Diferentemente, os pedidos de mérito (2015. p. 70) foram mais amplos, conforme se pode observar a seguir:

a) Declarar o estado de coisas inconstitucional do sistema penitenciário brasileiro.

b) Confirmar as medidas cautelares aludidas acima.

c) Determinar ao Governo Federal que elabore e encaminhe ao STF, no prazo máximo de 3 meses, um plano nacional (“Plano Nacional”) visando à superação do estado de coisas inconstitucional do sistema penitenciário brasileiro, dentro de um prazo de 3 anos. O Plano Nacional deverá conter propostas e metas específicas para a superação das graves violações aos direitos fundamentais dos presos em todo o país, especialmente no que toca à (i) redução da superlotação dos presídios; (ii) contenção e reversão do processo de hiperencarceramento existente no país; (ii) diminuição do número de presos provisórios; (iii) adequação das instalações e alojamentos dos estabelecimentos prisionais aos parâmetros normativos vigentes, no que tange a aspectos como espaço mínimo, lotação máxima, salubridade e condições de higiene, conforto e segurança; (iv) efetiva separação dos detentos de acordo com critérios como sexo, idade, situação processual e natureza do delito; (v) garantia de assistência material, de segurança, de alimentação adequada, de acesso à justiça, à educação, à assistência médica integral e ao trabalho digno e remunerado para os presos; (vi) contratação e capacitação de pessoal para as

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instituições prisionais; (vii) eliminação de tortura, de maus tratos e de aplicação de penalidades sem o devido processo legal nos estabelecimentos prisionais; (viii) adoção de medidas visando a propiciar o tratamento adequado para grupos vulneráveis nas prisões, como mulheres e população LGBT. O Plano Nacional deve conter, também, a previsão dos recursos necessários para a implementação das suas propostas, bem como a definição de um cronograma para a efetivação das medidas de incumbência da União Federal e de suas entidades.

d) Submeter o Plano Nacional à análise do Conselho Nacional de Justiça, da Procuradoria Geral da República, da Defensoria Geral da União, do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, do Conselho Nacional do Ministério Público, e de outros órgãos e instituições que queiram se manifestar sobre o mesmo, além de ouvir a sociedade civil, por meio da realização de uma ou mais audiências públicas.

e) Deliberar sobre o Plano Nacional, para homologá-lo ou impor medidas alternativas ou complementares, que o STF reputar necessárias para a superação do estado de coisas inconstitucional. Nesta tarefa, a Corte pode se valer do auxílio do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas do Conselho Nacional de Justiça.

f) Após a deliberação sobre o Plano Nacional, determinar ao governo de cada Estado e do Distrito Federal que formule e apresente ao STF, no prazo de 3 meses, um plano estadual ou distrital, que se harmonize com o Plano Nacional homologado, e que contenha metas e propostas específicas para a superação do estado de coisas inconstitucional na respectiva unidade federativa, no prazo máximo de 2 anos. Cada plano estadual ou distrital deve tratar, no mínimo, de todos os aspectos referidos no item “c” supra, e conter previsão dos recursos necessários para a implementação das suas propostas, bem como a definição de um cronograma para a efetivação das mesmas.

g) Submeter os planos estaduais e distrital à análise do Conselho Nacional de Justiça, da Procuradoria Geral da República, do Ministério Público da respectiva unidade federativa, da Defensoria Geral da União, da Defensoria Pública do ente federativo em questão, do Conselho Seccional da OAB da unidade federativa, e de outros órgãos e instituições que queiram se manifestar. Submetê-los, ainda, à sociedade civil local, em audiências públicas a serem realizadas nas capitais dos respectivos entes federativos, podendo a Corte, para tanto, delegar a realização das diligências a juízes auxiliares, ou mesmo a magistrados da localidade, nos termos do art. 22, II, do Regimento Interno do STF.

h) Deliberar sobre cada plano estadual e distrital, para homologá-los ou impor outras medidas alternativas ou complementares que o STF reputar necessárias para a superação do estado de coisas inconstitucional na unidade federativa em questão. Nessa tarefa, mais uma vez, a Corte Suprema pode se valer do auxílio do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas do Conselho Nacional de Justiça.

i) Monitorar a implementação do Plano Nacional e dos planos estaduais e distrital, com o auxílio do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas do Conselho Nacional de Justiça, em processo público e transparente, aberto à participação colaborativa da sociedade civil, até que se considere sanado o estado de coisas inconstitucional do sistema prisional brasileiro. 73

j) Nos termos do art. 6º e §§ da Lei 9.882, o Arguente requer, ainda, a produção de toda prova eventualmente necessária ao deslinde desta Arguição, tais como a requisição de informações adicionais e designação de perito ou comissão de peritos.

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Assim, em setembro de 2015 o Supremo Tribunal Federal, sob a relatoria do Ministro Marco Aurélio, apreciou os pedidos cautelares formulados na ADPF 347/DF, tendo acolhido somente três destes pedidos. Primeiramente, foi provido o pedido para determinar aos juízes e tribunais que, dentro do prazo de 90 (noventa) dias, começassem a realizar audiências de custódia, sendo observados os dispostos nos artigos 9.3 do Pacto de Direitos Civis e Políticos e 7.5 da Convenção Interamericana de Direitos Humanos. Ainda, Caracterizou o Sistema Penitenciário Nacional como Estado de Coisas Inconstitucional. E, por fim, determinou à União que libere o saldo presente no Fundo Penitenciário Nacional – FUNPEN.

É o que se extrai da ementa do acórdão do julgamento (2015. p. 3), vejamos:

SISTEMA PENITENCIÁRIO NACIONAL – SUPERLOTAÇÃO CARCERÁRIA – CONDIÇÕES DESUMANAS DE CUSTÓDIA – VIOLAÇÃO MASSIVA DE DIREITOS FUNDAMENTAIS – FALHAS ESTRUTURAIS – ESTADO DE COISAS INCONSTITUCIONAL – CONFIGURAÇÃO. Presente quadro de violação massiva e persistente de direitos fundamentais, decorrente de falhas estruturais e falência de políticas públicas e cuja modificação depende de medidas abrangentes de natureza normativa, administrativa e orçamentária, deve o sistema penitenciário nacional ser caracterizado como estado de coisas inconstitucional.

FUNDO PENITENCIÁRIO NACIONAL – VERBAS – CONTINGENCIAMENTO. Ante a situação precária das penitenciárias, o interesse público direciona à liberação das verbas do Fundo Penitenciário Nacional.

AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA – OBSERVAÇÃO OBRIGATÓRIA. Estão obrigados juízes e tribunais, observados os artigos 9.3 do Pacto de Direitos Civis e Políticos e 7.5 da Convenção Interamericana de Direitos Humanos, a realizarem, em até noventa dias, audiências de custódia, viabilizando o comparecimento do preso perante a autoridade judiciária no prazo máximo de 24 horas, contado do momento da prisão.

Durante o julgamento a maioria dos ministros entendeu estar presente um Estado de Coisas Inconstitucional no Sistema Penitenciário Brasileiro. Segundo o relator, estava ocorrendo uma violação sistemática de muitos direitos fundamentais dos apenados resultante de um horizonte de falhas estruturais e de ineficiência de políticas públicas, devendo o Supremo intervir, de maneira a emanar medidas estruturais, caracterizando o ECI.

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6. ANÁLISE COMPARATIVA DO ESTADO DE COISAS INCONSTITUCIONAL

NO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO E COLOMBIANO

Embora tenham ocorrido em países diferentes, os casos do Estado de Coisas Inconstitucional ocorridos no Brasil e na Colômbia guardam grandes similitudes. Primeiramente, há a superlotação dos cárceres em ambos os países, gerando uma grande violação de maneira sistemática de direitos fundamentais.

De um outro ângulo, cabe às Cortes Constitucionais dos dois países analisarem os casos. Isto porque além do mecanismo utilizado para se levar o assunto a estas cortes, tratam-se de violações de direitos fundamentais previstos constitucionalmente. Ora, sendo assim, compete aos Juízos Constitucionais julgarem casos de violações de direitos fundamentais constitucionais.

Observando diante do prisma jurídico, as decisões proferidas guardam um único ponto de similitude, qual seja, a determinação de dotação orçamentária. Entretanto, no mais as decisões são completamente distintas.

Inicialmente, analisando o ponto de convergência das decisões, o STF determinou a liberação do dinheiro constante no FUNPEN que estava sendo contingenciado pela União. Tal liberação se deu para que essa verba fosse aplicada aos fins para os quais foi destinada desde o princípio, isto é, para a reforma presídios, construção de novas casas prisionais e como consequência de tal ato, teríamos o aumento do número de vagas disponíveis nos presídios nacionais. Assim, a Suprema Corte brasileira cumpriu com um dos requisitos para a decretação do Estado de Coisas Inconstitucional que é ordem para que a Administração Pública realize uma dotação orçamentária para a superação da violação massiva e sistemática de direitos fundamentais. Já a decisão da Corte Constitucional Colombiana determinou ao Estado que fosse realizada dotação orçamentária capaz de melhorar a situação dos presídios da Colômbia, visando suprimir o desrespeito a direitos fundamentais dos presos.

No tocante às diferenças, o Supremo determinou que fosse cumprida a previsão de realização de audiências de custódia previstas no Pacto de Direitos Civis e Políticos e na Convenção Interamericana de Direitos Humanos, pois o Brasil é signatário de tais tratados internacionais e, até então, vinha descumprindo-os. E, ainda, manifestou pela configuração, e não pela decretação, do Estado de Coisas

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Inconstitucional nos presídios do Brasil. De acordo com o que se extrai da ementa da própria decisão da Corte “deve o sistema penitenciário nacional ser caracterizado como Estado de Coisas Inconstitucional”. Enquanto que na decisão da Suprema Corte Colombiana, muito mais do que caracterizar o ECI, foi decretada a vigência desta mácula, sendo tomadas medidas mais abrangentes para a sua solução.

De uma maneira geral, pode-se dizer que a decisão colombiana foi mais estruturada frente à brasileira, contendo mais ordens estruturantes visando a solução do problema. Contudo, é importante destacar que enquanto a decisão colombiana analisou o mérito da questão, a decisão do STF se ateve somente aos pedidos cautelares, estando pendentes de apreciação e julgamento pelo tribunal.

Ademais, vale destacar também que, conforme delineado em tópico anterior, a decisão da Corte Colombiana surtiu pouco, ou nenhum efeito, tanto que o ECI quanto ao sistema penitenciário colombiano veio a ser decretado novamente em duas decisões mais recentes, sendo necessária a expedição de novas ordens estruturantes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho demonstra que diante de um quadro de total omissão estatal com relação ao colapso dos presídios, o Poder Judiciário, através de uma postura ativista, serve como protetor de direitos fundamentais dos presos. É uma atitude drástica, contudo, necessária. Assim, ao adotar tal postura ativista, o Judiciário supre a omissão do Estado, emanando diversas ordens estruturantes, aos mais variados órgãos estatais, com o intuito de preservar os direitos fundamentais de apenados.

Ainda, por meio do estudo comparado, pode-se perceber que os problemas com as estruturas prisionais e a superlotação dos presídios não é uma exclusividade do Brasil, sendo que a Colômbia, conforme analisado, também sofre dos mesmos males, sendo necessária, mesmo sendo pioneira no ato, a intervenção do Poder Judiciário daquele país por meio da decretação do Estado de Coisas Inconstitucional nos Sistema Penitenciário Colombiano.

No Brasil, o tema do Estado de Coisas Inconstitucional chegou ao STF através da ADPF 347/DF, no qual se requer a decretação do ECI, nas prisões

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brasileiras, tendo sido julgados os pedidos cautelares em setembro de 2015, estando pendente a análise dos pedidos de mérito.

Analisando as decisões proferidas pelas mais altas Cortes dos dois países, vislumbramos pontos de convergência e pontos de divergência. Primeiramente, as decisões reconhecem um ECI nos sistemas prisionais, ordenam a adoção de medidas orçamentárias para a reforma de presídios antigos e construção de novas prisões. Ainda, no Brasil foi determinada a realização de audiências de custódia, fundamentada em Tratados Internacionais aos quais o país é signatário. Quanto às diferenças das decisões, se aponta que a decisão proferida pelo STF, como dito acima, é apenas uma apreciação de pedidos cautelares, sendo muito restritos, restando para serem julgados os pedidos de mérito que são muito mais abrangentes, com ordens estruturantes dirigidas à várias entidades. Já a decisão colombiana é muito mais abrangente à primeira vista, onde foram emanadas ordens direcionas e estruturantes.

Entretanto, percebeu-se que o STF tomou para si uma postura ativista, em virtude da proteção de direitos fundamentais, mesmo que tenha sido um pronunciamento cautelar. Ao adotar uma tese criada pela Corte Constitucional da Colômbia, o Supremo abre as portas para uma interação constitucional latino-americana.

É apenas o primeiro, mas significante, passo que se dá para tentar alcançar uma solução para a Crise do Sistema Penitenciário do Brasil, não restando somente ao Supremo ordenar tais medidas, mas também fiscalizar a sua implantação e efetivação.

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