UNIVERSIDADE DE ÉYORA
Escota
de Ciências Sociais
-
Departamento
de Gestão
Mestrado
em
Gestão
-
sector
Público
e Administrativo
o
REGIME GERAL DAS
T§(AS
DAS AUTARQUIAS LOCAIS:
ESTUDo CoIÂPARATIvO DA FUNDAMENTAçÃO
DAS TAXAS
-
O
MUNICIPIO
DE MÉRTOLA
--
Trabalho de
Projecto
-pg:
Joana do
Rosário
Oliveira
Orientação: Professora Dra.
liaria
do
Rosário
Carvalho
UE
r86
617
UNIVERSIDADE DE ÉYORA
Escota
de
ciências
Sociais
-
Departamento
de Gestão
lúestrado
em
Gestão
-
Sector
Público e
Administrativo
o
REGI^ E GERAL DAS
T§(AS
DAS
AUTARqUhS
LOCAIS:
ESTUDO
coMPARATIvo
DA FUNDA;^ENTAçÃO
DAS
T§11S
.
O
MUNICIPIO DE
MÉRTOLA.
i.t r r -,
-o,,,,{1i;*,j;*r,1--{ir';'tr:;
jÍ".,ü:I
,.'i;'
1. ,r**iii'$' -''J
-
Trabalho
de
Projecto
-pg:
Joana do
Rosário
Oliveira
Orientação: Professora Dra.
lÂaria
do
Rosário
Carvalho
{
xo
6
r7
RESUMO
A
aprovação do Regime Geral das Ta:ras das Autarquias Locais, nos moldes em que seapresenta, vemtÍazeÍ a lume a questão do direito de informação vinculado aos cidadãos
no
relacionamento
com
a
Administração.
De
facto,
enquantoparte
integrante
dasociedade, usufruímos
de
bçnse
serviços prestadospela
Administraçãopelo
que, astoras são a contrapaÍtida ao beneficio auferido.
Até
aqui, os Municípiosdetiúam
toda a liberdade para a fixação dos valores das toras relativas aos bense
serviços prestados.A
partir
deste momento,ú
são legais astilras
que
deteúam
como basea
realizaso
de
um
estudode
fundamentação económico-financeiro que legitime os valores a cobrar.Este ponto
maÍca
a
viragem
na
acção
da
Administração,
que se iniciou com
osMunicípios e
que se esperater
continuidadecom
os restantes organismosdo
Estado-Administração com competência regulamentar.Palavras-chave:
Município,
Regulamento,
Tarar
Fundamentação
Económico-Financeira, Custo.ABSTRACT
General Regime of
Locat
Authori§
Taxes: Taxes Basiscomparative study
-Municipality
ofMátola
The
ratification
of
the General Regimeof
Local
Authority
Taxesin
theform
in
which
they have been presented, has brought
to
light
the questionofthe
generalpublic's right
to
information andtheir
relationshipwith
Administration.In
fact,whilst
an integral partof
society, we benefitfrom
goods and services offered by theAdministration for which
to(es are the payment for the service obtained.
Hitherto,
theMunicipalities
retained complete freedomin
the
settingof
the
valuesof
ta:res relatingto
goods and services offered. From now onwards, the only tores that are legal are those based on a studywith
an economical-financial basis that legitimizes the payable values.This is
aturning
point in
the
actsof
Administration.
It
beganwith
úe
Municipalities
andit
is
hopedto
be continuedwith
the remaining State Administration organizationswith
a sphereof
influence concerning regulations.Key-words: Municipality, Rules and
Regulations, Ta;r, Economic-Financial
Basis, CostsAGRADECIMENTOS
Agradeço:
A
todos os que me acompaúaram neste percurso e que fazemparte dele.A
todos os que, diariamente, me ajudam a crescer.À
professora Dra. Maria doRoúrio
Carvalho, docente das disciplinas de Contabilidade das Organizaçóes semFins Lucrativos
e
de
Auditori4
leccionadasno
Mestrado em Gestão, Sector Público eAdministrativo
e orientadora deste Trabalho de Projecto, pelaatenção e
coúecimentos
concedidos.À
minha família e amigos pelas palawas e acções de apoio e de persistência. Aos colegas doMunicipio
de Mértola e do Mestrado pela ajuda recebida.O.
íNDICE GERAL
0.Índice Geral
0.1.Índice
deFiguras
0.2.Índice
deQuadros
---'---"-03.
Índice
de Anexos 6 7 9 1.Introdução
1.1. Apresentação doProjecto
---1.2.Motivações
eObjectivos
-'---"--t.3. Estrutura
doProjecto
2.Enquadramento
Tórico
2.1.
O
SectorPúblico
e asAutarquias
Locais
2.1.1.
A
Composição do SectorPúblico
2.1.2. As
Autarquias
Locai§
---"---2.1.2.1.A
DeÍinição
2.1.2.2. As Categorias
2.1.2.2.1. As Freguesias
2.1.2.2.2. Os
Municípios
2.1.2.3.
A Autonomia
dasAutarquias
Locais2.2.O
PoderRegulamentar
-'----2.2.1.
A
DeÍinição
2.2.2.
A
CompetênciaRegulamenter
2.2.3.
A
EÍicácia
23.
As CategoriesTributárirs:
oImposto,
a Texe e as I»emaisContribuições Financeiras
2.3.1. As Catcgorias
Tributárias
23.2.()
CÍitério
deBilateratidade
e osCritérios
com elerelacionedos
"'---'-'
2.3.3. As TrêsTipologias
de Taxast2
t4
l6
17t7
t9
t9
202l
23 26 30 30 33 353t
3t
40 432.4.1.Ra2ões
para
a suaAprovação
---"'
462.4.2.0
RegimeGeral
das Taxas dasAutarquias
Locais e aLei
das
47 Finanças Locais 3. Estudo
Empírico
3.1. O Estudo Realizado 3.1.1. Os PressuPostos 3.1.2, O Novo Regulamento"--'-'-3.1.2.1. Taxas
-
Capítulo
I
-
Ocupação doDomínio Publico
3.1.2.2. Taxas-
Capítulo
II-
Cemitério
"--"'
3.1.2.3. Taras
-
Capítulo
III-
Condução eTrânsito
de Veículos3.1.2.4. Taxas
-
Capítulo
IV
-
Publicidade
3.1.2.5. Taxas
-
Capítulo
V-
Mercados
e Feiras3.1.2.6. Taxas
-
Capítulo
VI
-
Ambiente
---3.1.2.7. Taxas
-
Capítuto
YII
-
Taxas Diversas3.1.2.8.Taxas_CapítulovItr_ScrviçodeEstrangeirose
Fronteiras
3.1.2.9. Taxas
-
Capítuto
Df
-
Higiene eSalubridade
3.1.2.10. Taxas
-
CapíÚuloX
-
Obras
3.1.2.11. Taxas
-
capítulo
XI
-
Selviçosl)ivenos
ecomuns
3.2. O
Estudo
Comparativo
---3.2.1. AsPrincipais
Conclusõe§ -'----4. ConsideraçõesFinais
53 53 78 80 85 E9 91 94 98 101 105 10610t
tt7
5.Bibliografia
5.1.BibliograÍia Juúdica
120tzt
131 136 139 140 142 5.2.BibliograÍia Literária
5.3.
Outra Bibliografia
Consultada
""--'-5
O.í.
íNDICE DE FIGURAS
Figura
1-
Composição do SectorPúblico
Figura
2-
Ficha
de CusteioFigura
3-
Descrição do ServiçoFigura
4-
Tempos Dispendidos---'---t7
65 66 70o.z. íxolce
DE
QuADRos
Quadro
I
-Materiais
----'---Quadro
2-
Custo dosMateriais Administrativos
Quadro
3-
Mão-de-Obra
Quadro
4-
Máquina§
eYiaturas
Quadro
5-
Custo deAquisição
dasMáquinas
Administrativas
---Quadro
6-
Custo deAquisição
dasViaturas
Quadro
7-
Custo deAquisição
do SoftwareQuadro
8-
Amortizações
doImobilizado
-"---Quadro
9-
InvestimentosFuturos
Quadro
10-
EncargosFinanceiros'----"
Quadro 1l
-
CustosIncorpoúveis
e NãoIncorporáveis
Quadro
12-
CustosIndirectos
I'---"---Quadro
13-
CustosIndirectos
II
----'---Quadro
14-
Taxas-
capítulo I
-
ocupação
doDomínio Público
Quadro
15-
Taxas-
Capítulo
II
-
Cemitério
Quadro
16-
Taxas-
Capítulo
III -
Condução eTrânsito
de Veículo§--'----'
Quadro
17-
Ta'as
-
Capítulo
IV-
Publicidade
Quadro
lt
-
TaxasCapítulo Y
-
Mercados eFeiras
Quadro
19*
Taxas-
Capítulo
VI
-
Ambiente
---Quadro
29-
faras
-
Capítulo
YII
-
Taxas DiversasQuadro
2t
-
Tares-
capítulo
vItr
-
Tares
Seniço
deEstrangeirm
eFronteiras
Quedro
22-Taxas-
Cepítulo
D(
-
Higiene eSalubridede
Quadro
ZI
-
Taxas-
Capítulo
X
-
ObrasQuadro
24-Tarias-
Capítuto
XI
-
Sen'iços Diversos e Comun§----'---Qudro
25-
Cálculo drs Teres
-
CepÍtulo
I
-
Ocupeção doIlomínio
Príblico
Quadro
2ó-
Cálculo
dasTeres
-
Capítulo
II
-
Cemitério
Quedro
27-
Ctlctlo
desTerer
-
Cepítolo
III
-
Condução eTrânsito
deVeícul,os
Quadro
28-
Cálculo
dasTarns
-
Capítuto
IV
-
Publicidade
Quadro
29-
CríIculo dasTaras
-
Capítulo
V
-Mercados
e FeiresQuadro
30-
Cálculo
dasTaras
-
Capítulo
VI
-
Ambiente
-'----67 68 70
7t
7t
7t
7l
72 73 73 75 76 77 83t7
90 92 97 100 103 10610t
tt4
118 144 145 146 14614t
148 7Quadro
31-
Cálculo
das Taxas-
Capítulo
\III
-
Taxasl)iversas
Quadro
32-
Cálculo das Taxas-
Capítulo
VItr
-
Serviço deEstrangeiros
eFronteiras
Quadro
33-
Cálculo
das Taxas-
Capítulo D(
-
Higiene
eSalubridade
---Quadro
34-
Cálculo
das Taxas-
Capítulo
X
-
Obras
Quadro
35-
Cálculo
das Taxas-
Capítulo
XI-
Serviços Diversos eComuns
149 150
150
151
ABREVIATURAS
CPA
-
Código do Procedimento Administrativo. CRP-
Constituição daRepública Portuguesa.DL
-
Decreto-Lei.LFL
-
Lei
das Finanças Locais.pRCV
-
Projecto de
RegulamentoMunicipal
dasTaxas e
Preçosdo Município
de Castro Verde.PRMO
-
Projecto de Regulamento de Toras doMunicípio
da Moita.eTAC
-
euadro
de Transferência deAtribuições e
Competàrcias para as AutarquiasLocais.
RCFO
-
Regime das Competências e Funcionamento dos Órgãos dosMunicípios
e das Freguesias.RGTAL
-
Regime Jurídico das Ta:<as das Autarqüas Locais'RJUE
-
Regime Jurídico de Urbanização e Edificação'RL
-
RegulamentoMunicipal
de Taxas Relacionadascom
a Actividade Urbanística eOperações Conexas de Lisboa.
'T[o
contexto de uma sociedade em que nem todos pretendemdo
estado presta@es da mesma qualidade, astaxas
ganham progressivamenteterreno
no financiamento
do sectorpúblico,
dando corpo a um estadoainda prcstador
mas que presta aos cidadão coises cada vez maisdiferentes
-
e em nenhum sector é isto mais evidente do que no sector daadministraçio
local"
(VASQLIES, 2008,pp.la-15).
O Regime GeÍal das Taxas das Autaryúas Locais: Estudo Comparativo da Fundamentação das Tams
-
OMunicÍPio de Mértola
í.
INTROD
uçÃo
r.1.
APRESENTAÇÃO
DO
PROJECTO
Os
Municípios
portugueses, enquanto entidades públicas dotadas de direitos e deveres,têm sofrido
profundas
alteraçõese
variaçõesao nível
das
suas responsabilidades,competências, organização e funcionamento.
Hodierna, e aceitável dizer que os Municípios porhrgueses alcançaram uma participação
muito
aúiva
na sociedade, como resultadodo
alargamento das suas competências nasdiversas áreas de actuação da sociedade'
Estamos perante
o
princípio
da
administração descentralizadaou
descentralizaSo administrativa,definido
como
"a
existênciade
diversas entidadesna
AdministÍação Pública" para além do Estado-Administração, todas participando no exercício da função administrativa do Estado-Colectiüdade"(SOUSA'
1999,p.
139).Verifica-se
o
estreitar das relaçõesentre
os
órgãosda
Administração Pública
e
oscidadãos,
justificada pelo
pressuposto de que os que melhorcoúecem
a
situação realsão
os
que, consequentemente,melhor
habilitados estão parapÍover
à
resolução dos problemas actuais e futuros, especíÍicos de uma população ou parte dela.O
alargamento das competências dosMunicípios
subentende necessariamente, a maiorcobrança
de
receitas
para
a
prossecuçãode
um
número
crescentede
funções
eactMdades.
Em
termo
de receitas,o
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2007 conclui,do
estudo re,alizado, queo
Orçamento de Estado éa principal fonte
de financiamento dasAntarqüas, o
que repres€ntq eÍn tennosmediog
40,4ú/o do total. Conclui tambérUque
as
dotações orçamentais apÍesentam variações,de
acordo
com
a
dimensão doMunicípio
(Municípios de menor dimensão auferem mais receitas do Estado).Conclui finalmente que, em relação as taras e imposüos,
o
pesode*as
receitas é maiornos orçamentos dos Municípios de maior dimensão, do que nos restantes.
O Regime CÉral das Taxas das AuArquias Locais: Estrdo Corrparativo da Fundamen@fu das Taxas
-
OMumctPto de foieriola
Face aO exposto
é,
«Íe certaforma
compreensivel, mas não correCtoou
legal, que os IvÍuniCípios,iace
á
liberdade
regplamentarde
que
dispõenr,teúam
ampliado,
nos últimos anos, o número de taxas e a cobrança de outras receitas municipais, como fontede
financiamento
do
funcionamerúo
dos
serviços, realização
de
actividadese
de investimentos.É
neste sentido, que se lê naquele documento, que as Autarquias Locais dispõem de "alguma elasticidade de acção ao nível da fixação de taxas e licenças bemcomo da venda de bens e seruiços correntes-
(CARVALHO
et al,2OO7, p. 53).Suzana Tavares da
Silva
sublinha que"a
pressão económico-financeira que nos nossos dias recai sobre as entidades públicas, somada a um acréscimo de necessidades a que éindispenúvel
dar resposta, tem contribuído, em largamedid4
para uma "banalizaçáo"desta
figura tributária
(taxa) que assumeum
papel fundamentalno
financiamento dosmunicípios desde tempos quase imemoriais. Actualmente, a diminuição de receitas das autarquias locais, aliada
à
crescente necessidade dedar
satisfaçãoa
novas exigênciasambientais
e
urbanísticas,tem justificado
um
recurso
sistemático,e
nem
sempre adequado,à
criação de taxas,com
o
objectivo único de
arrecadar receitas"(SILVA
2008, pp. 8-9).Os Regulamentos Municipais que aprovam as
tâ€s
reflectem a confusão existente entreos vários tributos.
Da
análise aos regulamentos existentesna
esfera nacionalé
Íácil
encontrar
"tributos que
são
verdadeirase
proprias
ta>ras, merecedorasdo
nome
eenquadramento que
têrq
e outros tributos que constituem em vez disso contribuições ouimpostos,
e
que deveriam
por
isso
ser disciplinados
por
meio de
Lei
em vez
de regulamento municipal" (VASQUES, 2008, p. 43).Parufazsr
face à situação de inferioridade do Munícipe em relação à Administração, o legislador, apÍovou nofinal
de2ffi6,
o Regime Geral das Taxas das Autarquias Locais(RGTAL),
aprovada pelaki
t."
53-812006, de ?-8 de Dezembro e alterada pelaskis
n."
64-N2008, de 3I
de Dezembro e n.o Il7
D0Ú9, de 29 de Dezembro.o
Regime Geral das Taxas das Auhrquias Locais: Estrxlo comparativo"
t**"nffiffifffiffi;"fl
importante
alteração
legislativ4
em que
ao
poder
regulamentardas
entidades eorganismos se
junta o direito
de informação dos cidadãos em conhec,er os pres§upostosdo valor
a
pagaÍpela
disponibilização deum
bem, prestação deum
serviço ou
pelodesbloqueamento de
um impeditivo
legal e, consequentemente,do direito
de contestar,em momento oportuno, o valor fixado
datora.
1.2.
MOTTVAÇOES E OBJECTTVOS
Um
dos motivosprincipais
paÍa aescolha do tema em análise recai sobre a actualidadee
relevânciado
RGTAL
enquantofactor
determinante na relação entreos
sujeitos da relaçãojurídico-tributaria,
os Municípios
e
os
Munícipes
(quer
setrate
de
pessoas singulares ou colectivas).Actual porque o Regime
foi
aprovado através daLei n."
53-812006, de 29 de Dezembro, com a primeira alteraçãoa28
deDezembro de 2008 e a segunda alteração data de 29 deDezembro de2OO9, que
fixa o
dia 30 deAbril
de 2010, como olimite
paÍa a aprovação do regulamento das taxas dos municípios.Este diploma é parte integrante de um vasto leque de legisla@o referente às Autarquias
Locais
quetem
sido objecto de grande atenção,pelo
que as altera@es verificadas aonível
das
Finanças
(LFL,
Regimes
de
Saneamentoe
de Reequilíbrio
FinanceiroMunicipal,
Regime Jurídicodo
Sector EmpresarialLocal),
das Responsabilidades, dasCompetências, da Orgarttza{ao e do Funcionamento são amplas.
Sobre as
tilras
locais, aLFL
e oRGTAL
estabelecem a obediência pelos princípios dajusta
repartição dos
encargose
da
equivalênciajurídica,
devendo,por
isso
mesmo corresponder ao crrsto do serviço público local ou ao beneÍicio auferido pelo particular.Este assunto assume-se como relevante pols, em
última
análise, os efeitos práticos doRGTAL
para osMunicípios
porhrgueses concretizam-se, na elaboração deum
estudo económico-financeiro quejustifique
os
valores das taxasfixados.
Trata-se assinr, depassar
do
âmbito
zubjectivopaÍa
o
objectivo,
por
meio
deum
cálculo
devidamentefundamentado. O Munícipe encontra-se assim, ao mesmo nível do
Município,
pelo queo Regime G€ral das Taxas das Aurrqúas Locais: Esnülo c-omparativo da Fundamentação &s Taxas
-
o
MunicíPio de Mértola
lhe assiste o
direito
de anatisar, compreender e reclamar sobre o modo como sefixam
as tÍxas.o
legislador consegue através da aprovação deste regime, conferir uma maior exigência ao sujeito activo da relaçãojurídico-tributária,
em teÍInos de rigor e transparência e, por outro lado, consolidaÍ o direito à informação, protegendo o sujeito passivo da relação'Relevante também
para os Municípios,
visto
que
a
elaboraçãodos
regulamentos detn16s em conformidade com o
RGTAL
se apresenta como um grande desafio, ao níveldo tratamento dos custos da Administração'
o
presenteTrabalho de Projecto,
desenvolvidono
âmbito
do
Mestrado em
Gestão,Especialização
em
Sectorpúblico
e
Administrativo,
leccionado pela Universidade deÉvoratem
como foco principal, o estudo de fundamentação económico e financeiro.pretende apres€ntaÍ, de
um
modofácil
e concreto as alterações práticas decorrentes daaprova@o do
RGTAL
para os municípios portugueses, que resultam na elaboração doestudo de fundamentação económico-financeir4 tomando como referência o
Município
de Mértola, a par dos realizados em outros
Municípios
portugueses.O legislador dá liberdade aos
Municípios
no modo de desenvolver os seus estudos, isto poÍquea
l*i
apenas estabeleceos
requisitosà
legalidade dos regulamentos. Importaassinq
perceberde
que forma,
os
estudos desenvolvidosse
aproximam
ou,
pelo contrário, se distanciam uns dos outÍo§.Trda-se de analisar, detalhar e
concluir
sobre os principais factores presentes no estudode
fundamentação económico-financeirodas taxas
do Município de Mértola
e
dosestudos realizados nos
Municípios de
CastroVerdg Moita e
Lisboa.
Da
obsenvaçãorealizad+
é
objectivo aferir
sobrea
harmonizaçáados
estrrdos desenvolvidos, para assim concluir sobre o igual entendimento daLei
no momento da orecução doRGTAL.
O Regime Creral das Taxas das Autarquias Locais: Estrdo Comparativo da Fundamentação das Taxas
-
O Município de Mértola1.3.
ESTRUTT]RA DO PROJECTO
Este trabalho
é
fortemente expositivo
e
analítico,
por
isso mesmo,
a
metodologia utilizada pÍrraa
sua elaboração consiste, numprimeiro
momento, na apresentação dosassuntos
de índole
generalista relacionadoscom
a
temitic,aem
análise,
conformeexposto no Enquadramento
Tórico,
seguidas das temáticas mais concretas apresentadasno Estudo Empírico.
É
neste
sentido que as
duas partes
principais
deste
trúalho
de projeao
são
oEnquadramento
Tórico
e
o
Estudo Empírico, paÍa além
da
Introdução,
dasConsiderações Finais e da
Bibliografra.
O ponto
I
-
Introdução,
inclui
a Apresentação do Projecto, as Motivações e Objectivose a presente Estrutura do Projecto.
No
ponto
2
-
Enquadramento Teórico
são
apresentadosquatro
grandes temas: o SeçtorPúblico
eAdministrativo, o
Poder RegulamentaÍ, as três Categorias Tributárias:o
Imposto, aTara
e
as Demais Contribuições Financeiras, epor
fim,
o
Regime Geraldas Taxas das Autarquias Locais.
No
ponto
3
-
Estudo
Empírico
e
analisadoo
Estudo Realizadono Município
deMértola
e o Estudo Comparativo trazendo àluz
as principais conclusões dos estudos defundamentação economico-financeiros dos
Municípios
de Castro Verde, daMoita
e deLisboa.
O ponto 4 respeita às Considereções
Finais
e aqui são apresentadas as deficiências em contraposiçãocom as
vantagensdo
estudo
rearliz.adoem Mértola
e
as
sugestões conducentesà
melhoria
do
estrdo.
De
facto,
as
três
primeiras fases
apresentadas correspondemao
percurso necessárioque
vai
ao
encontrodo objectivo
final
deste Trabalho de Projecto: compreend€,r os pontos fracos e fortes da metodologia adoptadano estudo de fundamentação económico-financeiro de
Mertol4
comparativamente como
realizado
em
outros Municípios, paÍa
daí
retirar
contributos
e
sugestões para promover a zua melhoria.O Regime Geral das Taxas das Autaryuias Locais: Estudo Comparaüvo da Fundamentação das Ta:ras
-
OMunicípio deMértola
2.
ENQUADRAI,TENTO
TEÓilCO
2.1.o
SECTOR
rÚnr,rco
EAs
aurARQrrIAS
LOCAIS
2.1.1.
A
Composição do SectorPúblico
Sousa Franco
define
SectorPúblico como
o
"conjunto de
actividades económicas dequalquer
nat.)Íeza exercidas
pelas
entidades
públicas,
quer
assentes
narepresentatividade e na
descentrúiza$o
democrática, quer resultantes da funcionalidadetecnocrata e da desconcentração por eficiência"
(ALMEIDA'
2005, p-3l).
Figura
I -
Composição do Sector PúblicoO
Sector Público
português
divide-se,
no
primeiro
nivel,
em
Sector Público
eAdministrativo
e em Sector Empresarialdo
Estado.Por
seuturno,
o
SectorPúblico
eAdministrativo é
constituído pela Administração Central do Estado, pela
Segurança Social, pela Administração Regional e pela Administração Local.O
sector Administração Central
do
Estado, tambémcoúecido
como
administração directa do Estado, engloba o Estado e o Governo.IVÍarcello Caetano apresenta
o
Estado segundo duas perspectivas-
a
lata e a
restrita.primeirq "o
em determinadotenitório
Administração Directa:
- Estâdo - Governo
- Segurança Social Sector Público Administrativo
Sector
Público
Sector Empresarial do Estado
Administração Indirecta:
- Adm. Regional
O Regime Geral das Taxas das Autarquias Locais: Estrdo Comparmivo da Fundamentação das Taxas
-
OMunicípio de Mértola realizaç51o de ideais e interesses próprios; na segunda perspectivq
o
Estado é apenas apessoa colectiva de
direito
público que noseio
da comunidade(...)
tem o Governo por órgão"(CAETAI{O,
1990,p.
128).Bilhim
enumera as principais características do Estado:i)
é uno;ii)
é originario;iii)
detém nafi)Í ezaterritorial;
iv)
detém diversidade de atribuições;v)
detém um conjunto diversificado de órgãos e serviços;vi)
organiza-se sob a forma de Ministérios;vii)
detém "personalidade jurídica una"@ILHIM,
2000, pp.92-93);viii)
desempenha as suas atribui@es através da Administração Pública;ix)
detém uma estrutura hierárquica que vincula direitos e deveres;x)
é supremo.O
art.o 110da CRP identifica
os
órgãosdo
Estado-
o
Presidenteda
República, aAssembleia da República, o Governo e os Tribunais.
O
Governo"é o
órgãode
conduçãoda política
geraldo
paíse
o
orgão
superior da administração pública" (CRP,art."
182). É, por conseguinte, oprincipal
órgão dirigente da acção do Estado.Marcello
Caetano acrescenta ainda queo
Governo"é o
órgão supremo das hierarquias da administração do Estado e, exercendo poderes tutelares sobre as autarquias locais einstitucionaiü
pode dizer-se que rege toda aüda
administraüva do país"(CAETANO,
1990,
p.357).
O
art.o 183
da
CRP refere que
o
Governo
é
constituído
pelo Primeiro-Mnistrq
Ministros,
SecretáÍios e Subsecretários do Estado.A
Segurança Social,poÍ
seuturnq
"é um
zubsector em que as entidades integrantesdispõem de regime
próprio e
diferenciado, integrando aLei
do
Orçamento de Estado,mas de modo diferenciado"
(ALMEID
l\
2005,p.32).
O Regime Creral das Taxas das Autrquias Locais: Eshdo Comparativo da Fundamentação das Ta:ras
-
OMunicípio de Mértola
Face
ao
exposto,importa
agoÍa caÍaúeÍtzüra
AdministÍaçdo Indirectado
Estado, na qual seinclui
a Administração Regional e a Administração Local e "que, embora esteja ligada à administração central, náo fazparte do Estado"(Btr,IfnlI,
2000,p.94)-A
Administração
Pública "será
estruturadade modo
a
evitar
a
burocratizafio,
aaproximar os serviços das populações e a assegurar
a
partícipação dos interessados na sua gestão efectiva"(CRP,
aÍt. 267.",n.ol).
Assim, os órgãos da administração regionale
local
prosseguem atribuiçõesdo
Estado,
mas actuamnum
território
diferente
do Estado no sentido da promoção dos interesses próprios das suas populações.Está zubjacente o princípio da coordenação entre as actividades da Administração
Local
e da
AdministraçãoRegional com
asactiüdades
do
Estado.O
fim
último
das suasacções é o mesmo, o interesse público dos particulares. Mais acrescenta o n.o 3 do art.o 2
da
l*i
n."
159199,de
14
de
Setembro,coúecida por
Quadrode
Transferência de Atribuições e Competências para as Autarquias Locais(QTAC),
quando estipula que"a
administração central
e
a
administraçãolocal
devem coordenara
sua intervenção, no exercício de competências próprias,(...)
de modo a assegurar a unidade na prossecução de políticas e evitar a sobreposição de actua@es".2.1.2. As
Autarquias
Locais2.1.2.1.
A
Definição
As
Autarquias
Locais
são
"pessoas
colectivas territoriais dotadas
de
órgãos representativosque visam
a
prossecuçãode
interessespróprios das
populações respectivas" (CRP, aÍt.o 235,n.?.
A
administração local autrirquica abrange, para alémdas Autarquias Locais em sentido estrito, toda a actividade por elas desenvolvida.
Marcello
Caetanodefine
autarquialocal
comoa
"pessoacolectiva
dedireito
público constituídapelo
agregadode
cidadãos residentesem
certa circunscriçãodo
tenitório
nacional cujos
interessescomuns
são prosseguidospor
orgãosproprios
dotados deO Regime Geral das Taxas das Autarçias Locais: Estrdo Comparativo da Fundamenlação das Taxas
-
OMunicípio deMéÍola
Freitas
do
Amaral,
por
seuturno, define as
autaÍqúas locais
enquanto "entidadesindependentes
e
completamentedistintas
do
Estado
-
embora possampor
ele
serfiscalizadas, controladas
e
subsidiadas.(
.)
As
autarquiaslocais
desenvolvem uma actividade administrativa própria,e
não uma actividade estadual, ainda que indirecta"(AMARAL,
1989,p.415).
Pelas definições
acima
apresentadasé
possível identificar
os
principais
factorescu
aúeizadores das autarquias locais:i)
São pessoas colectivas públicas,recoúecidas
pela CRP;ii)
São pessoas colectivas públicas associativas, pela partilha de interesses próprios aoseu agregado populacional;
iii)
São pessoas colectivas de baseterritorial,
visto
queo
território é
o
elemento queidentifica
a autarquia, que define a populaçãolocal
e que"delimita
as atribuições e ascompetências da autarquia e dos seus órgãos em razão do
lugar"
(AMARAL,
1989, p.atfi;
iv)
São
pessoascolectivas
eleitas,
e
por
isso
dotadas
de
representatividade ou electividade,visto
serem constituídaspor um
orgão deliberativo eum
orgão executivo, eleitospor
sufrágiouniversal, directo
e
secreto, segundoo
sistemade
representação proporcional;v)
Foram criadas pzra prosseguirem interesses próprios.No
entanto, importa ressalvar que podem ser objecto de transferênciapor
parte do Estado e, por isso mesmo, "podem prosseguir interesses não próprios da sua comunidade"(SOUSA'
1999, p. 327).Face
à
caÍaúeÍização
realizada,importa identificar as
categoriase
os
órgãos
dasAutarquias Locais e quais os aszuntos púbticos sob zua responsabilidade,
ou
seja" quaisas suas atribuições.
2.1.2.2.4s Categorias
O
art.o 236
da CRP
refere
que
as
categoriasdas
AutarquiasLocais, em
Portugalcontinental
"são as
Freguesias,os Municípios
e
as
RegiõesAdministrativas";
nos Açores e na Madeira são as "Freguesias eMunicípios".
O Regirne Creral das Taxas das Autarqúas Locais: Estulo C-ompardivo da Fundamentação das Taxas
-
OMunicípio de Mertola
2.1.2.2.1. As Freguesias
O
art.o
14
do
QTAC estúelece
as
atribuições
das
freguesias,as
quais,
abaixotranscrevo:
i)
Equipamento Íural e urbano;ii)
Abastecimento público;iii)
Educação;iv)
Cultura, temposliwes
e desporto;v)
Cuidados primários de saúde;vi)
Acção social;vii)
Protecção social;viii)
Ambiente e salubridade;ix)
Desenvolvimento;x)
Ordenamento urbano e rural;xi)
Protecção da comunidade.Em suma, é possível sintetizar o
rol
supra apresentado em três níveis de atribuições:i)
Ao
Nível
Político, as
freguesias desempenhamum
papel
preponderantepara
o desenrolar do processo eleitoral-
elas são responsáveis pelo recenseamento eleitoral;ii)
Ao
Nível
Económico, as
freguesias são detentorasde património
próprio
e
sãoresponsáveis pela sua gestão.
É
da sua responsabilidade tambénU a manutenção de benssujeitos
à
sra
jurisdição,
tais
como,
aguaspúblicas,
cemiterios, promoçãode
obras públicas, entre outros;iii)
Ao
Nível Cularal
eSocial,
e no decorrer da zua actuação, as freguesias promovem arealizaçáo de wentos culturais, bem como, a prestação de assistência social.Note-se
aindaque
as CâmarasMunicipais
podem delegar determinadas funções nasO Regime Creral das Taxas das Autarqúas Locais: Eshdo Comparativo da Frmdamerüação das Taxas
-
OMunicípio de Mértola
O art.o 244 daCRP apresenta a Assembleia de Freguesia e a Junta de Freguesia como os órgiios representativos da freguesia.
Ao
nível
das competências das Freguesias, atento àLei
n.o 169199, de 18 de Setembro que dispõe sobre as Competências e Funcionamento, dos Órgãos dosMunicípios
e das Freguesias."A
Assembleia de Freguesia éo
orgão deliberativo da Freguesia.É
eleitapor
sufrágio universal, directo e secreto dos cidadãos recenseados na ârea da Freguesi4 segundo o sistema de representação proporcional" (RCFO,art.'3)'
Da
leitura
e
análisedo
art.o17 da
mesmal-ei é
possível apresentâr astrês
funções principais da Assembleia de Freguesia:i)
Função eleitoral: a Assembleia de Freguesia elege a Junta de Freguesia;ii)
Função de fiscalização: a Assembleia de Freguesia acompanha a actividade da Juntade Freguesia, controlando e superintendendo o seu funcionamento;
iii)
Função decisória: aLei
permite que a Assembleia de Freguesia decida sobre casos concretos e mais importantes, quanto à sua relevância.A
funta
de Freguesia"é o
órgão
executivoe colegial de
freguesia"(RCFO,
aÍt.o23,
n."l)
e
pode ser definida
como
o
seucorpo
administratito.
É
constituídapor
um Presidente-
a
pessoaque
estáno topo
da
lista
mais
votadapara
a
Assembleia deFregrresia, e
por um
determinado número de vogais variável em função do número deeleitores recenseados nessa Freguesia.
O art." 34
do RCFO
enuncia as funçõesprincipais
da Juntade Freguesiq
as quais, podem ser agrupadas em três blocos:i)
Função executiva:a
Juntade
Freguesia asseguraa
execução das deliberações da Assembleia de Freguesi4 bem como, a execuçlio das leis, dos regulamentos, do planode actividades e de
oútos
planos aplici,íveis.O Regime C.rcral das Taxas das Autarquias Locais: Esndo Compardivo da Fundamentação das Taxas
-
OMunicípio de Mértola
ii)
Função
de
estudo
e
proposta:
é
da
responsabilidadeda
Junta
de Freguesi4
arealizaç/ro
do
estudo
dos
problemas
que
afectam
a
Freguesia
e
o
respectivosolucionamento. Compete-lhe
aindq
a
administração
dos
serviços
da
Freguesia"estudando e analisando as suas irregularidades.
iii)
Função de gestão: é da competência da Junta de Freguesiagerir
os bens, serviços, recursos humanos, finanças e obras da sua responsabilidade.2.1.2.2.2. Os
MunicíPios
O
Município é
a
mais importante de todas as
especiesde Autarquias
Locais e
tal
importância manifesta-se ao nível :
i)
Internacional: oMunicípio
é o únicotipo
de autarquia que tem existência universal;ii)
Historico:
o
Município,
enquanto autarquialocal,
existia
antesda
fundação de Portugal e mantém-se até à actualidade;iii)
Político: noMunicípio
pratica-se a democracia local;iv)
Económico:
o Município é
responsávelpela
prestaçãode
serviçosà
comunidadeatravés de investimento público, nomeadamente, ao nível dos equipamentos colectivos;
v)
Administrativo:
paÍL
L
realização
das
suas funções,
o
Município
necessita de contratar um grande número de funcioná'rios;vi)
Financeiro:o Município
é
responsávelpelo
movimento de uma grande parte dasfinanças públicas;
vii)
Jurídico:
inicialmentg o Direito
Administrativo
Português eraDireito
Municipal.Todos os
ódigos
da administração portuguesa começaÍam por ser leis da administraçãoO Regime CÉÍal das Taxas das AuEqúas Locais: Estrdo Comparativo da Fundamentação das Taxas
-
OMunicípio de Mértola
viii)
Doutrinário:
as
concepçõesdo
Estado,
do
Poder
e
da
Democraciapodem
ser testadas ao nível municiPal.No
art.o 13 doQTAC
conhecem-se as atribuições do Município. Visam, essencialmente, a prossecução dos interesses públicos da população que se insere noterritório.
Algumasdas atribuições do
Município
são idênticas às da Freguesia, como se pode verificar:i)
Equipamento rural e urbano;ii)
Energia;iii)
Transportes e comunicagões;iv)
Educação;v)
Patrimonio, cultura e ciência;vi)
Tempos livres e desPorto;vii)
Saúde;viii)
Acção social;ix)
Habitação; x) Protecçãocivil;
xi)
Ambiente e saneamento básico;xii)
Defesa do consumidor;xiii)
Promoção do desenvolvimento;xiv)
Ordenamento dotenitorio
e urbanismo; xv) Policia municipal;xvi)
Cooper açáo oft erna.O
art.o 250 da CRP refere quais os órgãos do município-
a AssembleiaMunicipal
e aCàmuaMunicipal.
De acordo com
o
art.o4l
do RCFO,"a
assembleia municipal eo
órgão deliberativo domunicípio", pelo
que se afasta das funções executivase
das de gestão.'É
constituídapor
membros eleitos directamenteem
número zuperior ao dos presidentes dejunta
dafreguesia, que a integram" (RCFO, ar1-.o
42,n."1).
Em suma, as suas principais funções são:
O Regirc Creral das Taxas das Autrqúas Locais: Estrdo Compardivo da Fundamentação das Taxas
-
OMunicípio de Mértola
i)
Função de orientação do município, em que se destaca "aprovaÍ as opções do plano ea
propostade
orçamento,bem como
as respectivas revisões"(RCFO, aÍt'"
53,
n'"2, alínea b));ii)
Função
de
fiscalização
da
actividade
da
Câmara
Municipal
e
dos
serviços municipalizados;iii)
Função de regulamentação;iv)
Função tributária;v)
Função de decisão superior: a AssembleiaMunicipal
delibera sobre as matérias mais importantes da vida do agregado populacional.O
art.o 56 do RCFO definea
CâmaraMunicipal
como"o
órgão executivocolegial
doMunicípio,
eleito
pelos cidadãos eleitores recenseadosna
sua área".O
mesmo artigoapresenta a
composiçío daCàmanMunicipal
-
presidente e vereadores.É
da
competência
da
Câmara
Municipal
a
fixação
do
número
de
vereadores permanentes paÍa oMunicípio,
sendo indispensável o respeito pelolimite
legal imposto pelo art.o 58 daLei
supracitada.As
funções da CâmaraMunicipal
são enumeradasno
aÍt." 64 da mesmaLei
e podem ser agrupadas em três grandes áreas:i)
Funçãoprepardoria
e
ex@utiva:
a
CâmaraMunicipal
prepaÍaas
deliberações daAssembleia
Municipal
e, após a sua aprovação, executa-as;ii)
Função de gestão:aCàmaraMunicipal
administra os r@ursos humanos, as finançase o patÍimónio municipal;
O Regime G€Íal das Taxas das AuEquias
Itrais:
Estrdo Comparativo da Fundamentação das Taxas-
OMunicíPio deMértola
2.1.2.3.4
Autonomia
dasAutarquias
LocaisIntrinsecamente relacionada com "as atribuições das autarquias locais encontra-se a sua
capacidade
jurídica,
englobando designadamente,o
poder regulamentar,o
estatuto dopessoal, o património e as finanças próprias"
(SOUSÀ
1999,p'
327)'Mais
acrescenta aCartaEuropeia de AutonomiaLocall,
quando define, no seu art.o 3, o conceito de autonomia local enquanto"o
direito e a capacidade efectiva de as autarquiaslocais
regulamentareme
gerirem,
nos termosda
lei,
sob
sua responsabilidadee
no interesse das respectivas populações, uma parte importante dos assuntos públicos".De
notar
qug
mediante delegaçãode
competências,as
freguesiaspodem
"reá,liz-arinvestimentos ou gerir equipamentos
ou
serviços" do domínio dosMunicípios (QTAC,
art."
l5).
"Os
órglios administrativos
normalmente competentespara decidir
em
determinada matériapodenr, sempre que paÍatal
estejam habilitados por lei,permitir,
através deum
acto de delegação de podereq que outro órgão ou agente pratique actos administrativos sobre a mesma matéria''
(CPÀ
art.o35,
n."l).
Freitasdo
Amaral diz-nos que estamos peranteuma
transferênciatemporária
de
poderesdo
órgiüc competentepara
outra entidade (orgão ou agente), para que esta "pratique actos administrativos sobre a mesma matéria''(BILHIM,2000,
P. 98).Ao
falar em
delegaçãode
competênciasimporta
frisar
que
setrata de
uma figura
jurídica
distinta da desconcentração e desce,lrtraliz.acflo de poderes.A
agtonomiadas
autarquiaslocais rezulta
da
descentralizaçãoadministrativa.
EstacaÍaÉaeÍiza-se
por
dar origem a
um
conjunto
de novas pessoas colectivasde
direito
público, criadas por
Lei,
com o objectivo de realizarem fun@es anteriormente exercidaspelo
Estado. São tuteladas administrativae
Íinanceiramentepelo
Estado, mas, apesar disso, são dotadas de autonomia.'
Ratificada pela Resolução da Assembleia da Reprúlica n.o 2ElN, de 23 de Outubro.O Regfune GeÍal das Taxas das Autmqúas Locais: Estrdo Comparaivo da Fundanrentação das Taxas
-
OMunicípio de Mértola
A
descentralizaiao administrativa divide-se em:i)
Descentralizaçáoinstitucional:
neste caso, procede-se a uma transferência horizontal de poderes, do Estado para outras entidades de base não territorial.ii)
Descentralizaçíoterritorial:
estetipo
de descentralizaÇao ocolre em função do espaço geográfico.A
Lei
estabelece assim, a criação de pessoas colectivas detipo
associativo ede
baseterritorial, como
é
o
caso das Autarquias
Locais,
CâmarasMunicipais
eFreguesias.
Importa ainda
referir
que,
de
acordo
com
o
132,
do
aÍt.o
2,
do
QTAC
"a
descentrali
zaçdo
administrativa assegura
a
concretizaçáo
do
princípio
dasubsidiariedade
devendo as
atribuiçõese
competênciasser
exercidaspelo
nível
daadministração
melhor
colocada
para
as
prosseguir
com
racionalidade, efrcâcia
eproximidade aos cidadãos".
A
Carta Europeia
da
Autonomia
Local
é um
importante
instrumentojuridico
na definição e transposição do conceito de autonomia local para aÍi autarquias,parl
a esfera real.O
conteúdo da Cartavigora
em detrimento de tegislação ordinária,no
que respeita à"autonomia
local,
à protecção dos seus limitesterritoriais,
à adequação das estruturas emeios, as
funções autárquicas,ao
estatutodos
autarcas locais,ao
regime
da
tutelaadministrativa"
ao
direito de
associaçãoe à
protecção
legal da
autonomia local"
(SOUSÀ
t»e,p.329).
A
agtonomiafinanceira
consistena atribuição
legal
de
poderesfinanceiros às
mais diversas entidades constituintes do Sector Público Administrativo.A
autonomia financeira das Autarquias Locais está consagrada nos artigos237 e238
daO Regime Creral das Taxas das Autarquias Locais: Eshdo Compardivo da Fundamentação das Taxas
-
OMunicípio de Mértola
A
LFL fixa,
para alemdo
regime financeiro dosMunicípios
e das Freguesias, os seusprincípios orientadores. Neste sentido, as finanças locais estão vinculadas ao respeito do
princípio
da
coerência
(art."
2),
da
autonomia
financeira dos Municípios
e
das Freguesias(art." 3),
orçamentais (art.o4),
da coordenação das finanças locaiscom
asfinanças
estaduais(art.o
5),
da
promoção
da
sustentabilidadelocal (art."
6),
da participação das autarquiasnos
recursospúblicos
(aÍt."
7), da
cooperação técrtrca efinanceira
(art.'
8) e porfim,
da tutela inspectiva(art.'
9).Existem quatro
modalidadesde
autonomia financeira:
a
autonomia
patrimonial,
aautonomia orçamental,
a
autonomia de tesouraria ea
autonomia creditícia.As
quatro modalidades, apesar de exi stirem separadamente, estão inter-relacionadas.i)
A
Autonomia Patrimonial caraúet'ua-se pela.a)
Detenção de património próprio e poder de decisão sobre ele;b)
Detençãode
capacidadede gozo do
patrimonioou
de exercício.No
primeiro caso, a entidade, para além de sertitular
desse património, dispõe de órgãos com poder parao
administrar.No
segundo caso,a
entidade dispõe dedireitos
que possibilitam a administração dos bens queg
na titularidade, alheia.ii) A
Autonomia Orçamental çaraúeiza-se pela:a)
Capacidade deter
orçaÍnentopróprio
e, consequentemente, liberdade na gestãodas receitas e das despesas;
b)
Capacidade de aprovação do orçamento pela própria entidade.iii)
A
Autonomia deTesourariacanúeitza-se
pela:a) Pertença e gestão independente dos recursos monetários pela entidade autónoma.
O Regime Creral das Taxas das Auurquias Locais: Eshxlo Comparativo da Fundamentação das Taxas
-
OMunicípio de Mértola
iv)
A Autonomia
Crediticia çaÍaçteÍtzÃ-§e pelo:a) poder
decontrair
dívidas, assumindo as responsabilidades daí resultantes. Esta autonomiaimplica
a detenção de património independente'A
par da autonomia das Autarquias Locais, existe a tutela administrativa e financeira do Estado, quese
materializaem "tutela da
legalidade, não podendopor
conseguinte, aadministração estadual apreciar
o
mérito, isto
é, a oportunidadee a
conveniência dos actos dos órgãos autárquicos" (NABAIS ,200'1, p. 72)'Neste sentido, a
Lei
n.o 27196, deI
de Agosto, que regula a TutelaAdministrativa
dasAutarquias Locais e Entidades Equiparadas expõe que a
"tutela
administrativa consiste na verificação do cumprimento das leis e dos regulamentos por paÍte dos orgãos e dosserviços das autarquias locais"
(arr.'2).
A tutela administrativa está fortemente relacionada com a tutela inspectiv4 uma vez que pressupõe
"a
realização de inspecções, inquéritos e sindicâncias" (art-" 3,n"l)'
Importante tambem
o
aÍt.o9
daLFL
segundoo
qual, a tutela inspectiva recai sobre agestão
patrimonial
e
financeira das AutarquiasLocais
e
abrangea
sua administração directa e indirecta e as entidades do sector empresarial local.O Regime GêÍat das Taxas das Aumqüas Locais: Estrdo C.omparmivo da Fudarnentação das Taxas
-
OMunicíPio de Mértola
2.2. O
PODER
REGIILAMENTAR
2.2.1.
A
Definição
Tratando-se
de uma
materia importante
do Direito
Administrativo,
o
RegulamentoAdministrativo
assumeum
lugar de
destaqueno
exercício
do
poder
por parte
da Administração Pública no geral e, em particular por parte dos Municípios'Existe, na doutrina,
um
conjunto variado de definições de RegulamentoAdministrativo
que, apesar das diferenças que apresentam entre si, todas elas detém as características principais de generalidade e abstracção, resultando num conjunto elaborado de noÍrnas jurídicas.Freitas do Amaral define os Regulamentos Administrativos enquanto "normas jurídicas
emanadas
por
uma autoridade administrativano desempeúo
do poder administrativo"(AMARAL,
1989, P.l3).
Por
seufurno, Marcello
Caetano define regulamento administrativo enquanto "normajurídica
de
carâúer
geral
e
execução
permanentedimanada
de
uma
autoridade administrativa sobre matéria própria da sua competência"(CAETAIIO,
1990, p. 95)'Face ao exposto, importa assim pormenorizar os conceitos presentes nas duas definições acima apresentadas:
i)
O
regplamentotem
naturezanormativ4 visto
ser constituídopor um
conjunto
deregras de
condut4
dotado das caract€rísticas de generalidade e de abstracção.Tratando-se de
noÍrna
jurídica,
o
incumprimento
do
regulamento prevê
a
possibilidade
de coacção;ii)
O regulamento eÍnana de um órgão da Administração Pública, dotado desse podeÍ.iii)
O
regulamentoé
geral,
ou
sejq
aplica-seao
universo populacional
e
niio,
aoindivíduo
em concreto.Ou
seja, "quando a regulamentação material instituída não sedestina a
disciplinar um
so casoou
trm conjuntodelimitado
de situa@es concretas dao
Regime Geral das Taxas das Autarqúas Locais: Estrdo c-omparativo da Fundamentação das Taxas- o
MunicíPio de Mértola
vid4
mas
uma
pluralidade
de
hipótesesque
veúam
a
verificar-se
no
período
de vigência e que se po§sam inscrever no campo da sua aplic'açáo''(QtlERÓ
etal''
1996'p.
1e5);iv)
O regulamento éústracto,
pois aplica-se sempre que se verifiquem as condições aí previstas."Aplicar-se,á
sempreque
se verificarem as
situa@estípicas que nele
seenc,ontram previstas"
(AMARAL,
1989,p.
l4)'
Após
a
apresentaçãodo
conceito
de
Regulamento
Administrativo, importa
agora estabelecer a sua relação com aLei
De forma
simplista, e possívelaÍirmar
que ambos são equiparados, na medida em quesão
normasjurídicas
de
aplicação
geral,
abstraçtae
objectiva.
Contudo,
importa ressalvar que esta equiparação se desvanece quando se conclui que:i)
A
Lei
cabe
a
regulaçãodos princípios,
ao
RegulamentoAdministrativo
cabe aregulação dos pormenores;
ii) A
Lei
emana
de
um
órgão
hierarquicamente
superior
e
o
RegulamentoAdministrativo
deum
órgão hierarquicamenteinferior
e, consequentemente, a primeira exeroemaior poder do
queo
segundo.De
facto,
"a lei
éum
acto
correspondente aoexercício da função legislativa, enquanto o regulamento traduz ern
princípio o
exercícioda função administrativa''
(AMARAL,
1989, p. 31);iii)
A
Lei
incorpora
novidadee
o
RegulamentoAdministrativo não. Esta
distinção,defendida por
Marcello
Caetano,atribui
ao regulamentoo
cuâúer
de complemento daLei.
De acordo com Freitas do Amaral, os três critérios apresentam limita@es, pelo
qug
nasua opinião a distinção deverá incorporar três níveis: o nível orgânico, o nível formal e o nível material. Assim:
O Regime GeÍal das Taxas das Autrqúas Locais: Estrdo Comparuivo da Fundamentação das Taxas
-
OMunicíPio de Mértola
ii)
A Lei
está no topo da hierarquia das normas;iii)
A
Lei
associa-seà
função legislativa
e
o
RegulamentoAdministrativo
à
função administrativa.Em termos práticos é possível concluir que
i)
A
materia legaldo
regulamento é aquela que aLei
estipula.Ou
seja,o
regulamento deve obedecer aoslimites
impostos pelaLei;
deveauxiliat
na execução daLei;
deve regulamentar sobre matérias não tratadas pelaLei-ii)
A
criação
deuma
Lei
"que
estatua contrariamente às disposições" (CAETANIO, 1990, p. 96) de um regulamento leva à revogação deste.iii)
Sempre queo
regulamento contrarieaLei,
aquele não tem validade'De
facto,"um
regulamento contrário a uÍnalei
éilegal"
(AMARAL,
1989, p' 35)'De
notar que a importância da distinção e sobretudo ao nível prático, ou seja, ao nível da execução.A luz
doscritérios
apresentados, conclui-se que, apesar de ambos seremnorÍnas
jurídicas,
o
RegulamentoAdministrativo
e a
Lei
se afastampor um
variadonúmero de factores.
Paralelamente à distinção do Regulamento
Administrativo
e daLei,
acresce tambérn, adistinção entre aquele e o
Acto
Administrativo.Assim
sendo, entende-sepor
Acto
Administrativo
o
"actojurídico
unilateral praticadopor um
órgão
da
Administração
no
exercíciodo
poder administrativo
e
que
visa
aprodução
de
e,feitosjurídicos
sobre
uma
situação
individual num
ca§o
concreto"(AIVIARAL,
1989, p. 66).Tendo presentes as defini@es de Regulamento
e de
Acto
Administrativo,
constaüa-se que noprimeiro
caso estamos peÍanteum conjunto
de normasjurídicas
e,no
segundo caso, peraÍteum
actojurídico.
Por
conseguitttg"o
regulamentg como noÍrnajurídica
o
Regime creÍal das Taxas das Aurarqúaslocais: Estrdo c-omparaivo da Fundamentaçâo das Taxas- o
MunicíPio de Mértola
que é, é
uma
Íegra
geÍale
abstracta,ao
passo queo
actoadministrativo'
como actojurídico
que é, é uma decisãoindividual
e concreta''(AI\{ARAL,
1989,p'
66)'Passamos
do
nível geral
e
abstracto
(RegulamentoAdministrativo) para
o
nívelindividual
e concreto(Acto
Administrativo).Transpondo para a realidade, as diferenças existentes são
i)
..As técnicas, os métodos e as regras em matéria e apreensão do sentido e integração das lacunas" (QUEIRO eta|.,1996,
p'
195);ii)
euanto
ao incumprimento do dever estipulado. As consequências do desrespeito pelo RegulamentoAdministrativo
e
pelo Acto Administrativo
são distintas
(AMARAL,
1989, p. 39);
iii)
Ao
nível dos "padrões de validade do regulamento e do asto"(QtlER.Ó
etal-,1996,
p. le5);
iv)
Ao
nível
da "cessação dosefeitos" (QUEIRO et
al.,
1996,p-
195)-
revogação ecaducidade, consoante um ou outro
instrumento-2.2.2.
A
CompetênciaRegulamentar
Face à exposição dos conceitos acima,
importa
agoÍatratw
o
assunto da competênciaregulamentar.
Neste
sentido, determina
o
Direito
Pornrguêsque
o
Governo
da República, o Governo da Repúblic,ae
aAssembleia Regional dos Açores e da Madeira"os
órgãos das AutarquiasLocais, os
governadorescivis
e os
órgãosdos institutos
eassociações públicas,
t&n
compet&rcia regulameÍtar.Ouanto à competência regulamentar do Governo da República: