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PROJEÇÃO POPULACIONAL PARA PEQUENAS ÁREAS: Uso combinado do método das componentes demográficas e de sistema dinâmico em Ecologia

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PROJEÇÃO POPULACIONAL PARA PEQUENAS ÁREAS:

Uso combinado do método das componentes demográficas e

de sistema dinâmico em Ecologia

*

Paulo de Martino Jannuzzi1

Nicoláo Jannuzzi2

1. Apresentação

O desenvolvimento de metodologias para elaboração de projeções populacionais em nível micro-espacializado – municípios e domínios sub-municipais- vêm merecendo atenção crescente por parte de pesquisadores em Demografia Aplicada, como o revelam o espaço dedicado a sessões nesta temática nos congressos científicos na área de População e a publicação de artigos sobre a questão em diversos períodicos internacionais desde meados da década passada e, sobretudo, nos últimos anos. De fato, na última Conferencia Mundial de População, na China, nos últimos congressos da Population Association of América e da Southern Demograhic Association nos EUA, nas publicações do Centro Latino-Americano de Demografia (CELADE), nos diferentes eventos promovidos pela Associação Brasileira de Estudos Populacionais nos últimos anos no Brasil têm se presenciado um número crescente de contribuições para o tema das projeções populacionais para pequenas áreas.

Esta oferta crescente de trabalhos na temática decorreria sobretudo, como observou Granados (1989) na apresentação da coletânea de textos de seminário especialmente organizado pelo CELADE para tratar das projeções demográficas em pequenas áreas no final da década passada, do surgimento de demandas específicas de governos subnacionais e agências governamentais preocupados na estimação mais precisa dos públicos-alvo futuros das diferentes políticas públicas, a fim de garantir uma melhor efetividade social dos recursos públicos disponíveis, cada vez mais escassos. A formação mais extensiva de técnicos com capacitação em Demografia, o avanço tecnológico e barateamento relativo do hardware e software, o surgimento de pacotes

*

Este texto foi elaborado a partir dos resultados do projeto de pesquisa “Projeções Populacionais para Campinas e Região”, financiado pela CEAP/PUC-Campinas entre 1996 e 1998.

1

Professor da Faculdade de Ciências Econômicas, Contábeis e Administrativas da PUC-Campinas, Analista de Projetos da F.SEADE, Mestre em Administração Pública na EAESP/FGV, Doutor em Demografia no IFCH/UNICAMP.

2

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com procedimentos para tratar dados e métodos demográficos em microcomputador também se constituiriam em fatores potencializadores para crescimento da demanda por projeções subnacionais nos países da região.

Mais especificamente no Brasil, a descentralização tributária em favor de estados e municípios, a transferência de parte das responsabilidades de políticas sociais para as prefeituras (em convênio ou não com outras instâncias de governo) e a previsão constitucional de instrumentos de gestão urbana para municípios com mais de 20 mil habitantes (Plano Diretor) têm certamente favorecido a estruturação de sistemas institucionalizados de planejamento municipal. Há um conjunto expressivo de municípios – de médio e grande portes- se utilizando de novas metodologias e tecnologias para acompanhamento da dinâmica e da gestão urbana, que têm manifestado interesse crescente por projeções populacionais mais específicas, seja em termos geográficos, seja em termos dos públicos-alvo futuros a estimar para os diversos setores da Política Social (Jannuzzi & Pasquali 1999). Enfim, a julgar pelo que colocam Valladares e Coelho ( 1996), a preocupação com melhor embasamento técnico nas atividades relacionadas ao Planejamento Urbano parece estar ganhando terreno no país, depois da desilusão com as distorções induzidas pelas prática de planejamento tecnocrático dos anos 70.

Em termos metodológicos, há um conjunto amplo de técnicas para projeções populacionais para pequenas áreas relacionadas na literatura, como aqueles resenhados por Granados (1989) e Santos (1989). Mas, ainda que haja amplo espaço para aplicação de métodos clássicos de projeção demográfica para pequenas áreas- como os baseados em funções matemáticas particulares, os métodos de repartição proporcional de totais ou taxas, aqueles baseados em variáveis sintomáticas (Jardim 1992)- a ampliação temática, detalhamento geográfico e melhoria da qualidade das informações estatísticas provenientes de Censos Demográficos e Registros Administrativos disponíveis no Brasil possibilitam a adaptação ou desenvolvimento de métodos de projeção mais sofisticados para pequenas áreas. De fato, as inovações metodológicas na área parecem se encaminhar neste sentido, como revelam, entre outros, os trabalhos de Ketkar (1990) – com emprego de modelos loglineares em dados censitários- e Bell et alli (1997) – com aplicação de Sistemas de Informação Geográfica e cadastro municipal de imóveis- Cunha e Torres (1994)- uso de fotografia aérea e pesquisa de campo- e Waldvogel (1998) – com o método dos parâmetros demográficos proporcionais

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Este trabalho procura oferecer, também, uma contribuição para a temática de projeções para municípios e pequenas áreas, ao apresentar uma metodologia integrada de projeções populacionais pelo método das componentes demográficas em nível regional e um sistema de equações diferenciais para desagregação municipal dos resultados, baseado em um modelo tradicional usado em dinâmica populacional de espécies competitivas em Ecologia. O trabalho está estruturado em duas seções. Na primeira, apresenta-se o modelo integrado de projeção por componentes demográficas e sistema dinâmico, para estimação dos quantitativos e da estrutura da população futura em pequenas áreas. Depois, mostra-se uma aplicação da metodologia para estimar as populações em 2000 e 2005 de alguns municípios de uma região de elevada adensamento populacional no Estado de São Paulo.

2. Integração do método das componentes com sistema dinâmico

Em geral, as várias propostas metodológicas de projeção populacional para pequenas áreas pressupõe que se tenha disponível a população da região em que elas estão situadas. No modelo integrado de projeção aqui apresentado, a projeção demográfica regional também é necessária e a fim de que os resultados finais sejam consistentes- sobretudo os relativos à estrutura etária – é importante que as projeções regionais tenham sido elaboradas através do métodos das componentes.

Tal método de projeção certamente dispensa maiores explicações, dada a sua extensa e antiga difusão na área. Ele consiste na aplicação da equação compensadora básica da dinâmica populacional para cada coorte qüinqüenal, combinando distintas hipóteses sobre a evolução do nível e estrutura da fecundidade, mortalidade e migração no horizonte de projeção (Pujol 1989). A factibilidade dos cenários projetados depende, ademais da qualidade dos dados sobre a estrutura demográfica no momento de referência inicial, da consistência das hipóteses firmadas quanto à trajetória futura dos componentes demográficos, no que é fundamental a disponibilidade de métodos e modelos que permitam especificá-los em termos de nível e estrutura adaptados à população e região de interesse. Neste sentido, têm se produzido e desenvolvido no Brasil um conjunto de métodos, modelos matemáticos e padrões empíricos de taxas para ajuste e modelagem de taxas de fecundidade (Frias & Oliveira 1991, Campanário & Godinho 1996), de mortalidade (Ferreira 1980, Frias & Rodrigues 1987, Paes 1995) e migração (Carvalho & Fernandes 1996, Jannuzzi 1998) que podem permitir a definição

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de nível e estrutura para as componentes demográficas mais próximas à realidade e experiência empírica brasileira que os modelos desenvolvidos para outros países e contextos históricos.

Diagrama 1: Método das componentes e sistema dinâmico para projeção

Depois de estimados os totais populacionais e a estrutura por idade e sexo da população regional em cada qüinqüênio pelo método das componentes demográficas, aplica-se o modelo de estimação da população para as sub-áreas de interesse na região em estudo ( Diagrama 1). Este modelo de estimação baseia-se em um sistema de equações diferenciais usado em Ecologia para representar a dinâmica populacional de espécies competitivas dentro de um habitat fechado, com capacidade de suporte limitada. Nele, o crescimento de cada espécie depende da sua taxa de crescimento vegetativo (nascimentos menos óbitos) e da forma de interação com as demais espécies existentes (competição, predação ou parasitismo), forma essa que pode potencializar o ritmo de crescimento ou mesmo extinção de uma dada espécie (Dajoz 1983).

A adaptação desse modelo para representar a dinâmica populacional de pequenas áreas de uma região é intuitivamente simples, e foi implementado anteriormente por Szwarcwald & Castilho (1989) para estimações anuais de quantitativos populacionais para municípios fluminenses entre 1980 e 1990. Na adaptação do modelo para representar a dinâmica demográfica, as populações das pequenas áreas representam as “espécies”, e a região, o “habitat”, com seus recursos limitados de espaço físico, imóveis, vias públicas, empregos, etc. Assim, a taxa de crescimento populacional de cada área na região dependerá da sua respectiva taxa de crescimento vegetativo – e portanto, em última instância dos níveis prevalecentes da fecundidade e mortalidade em

Projeção Demográfica Regional pelo metodo das componentes Estim. passadas das taxas de natalidade, mortalidade e trocas migratórias p/ pequenas áreas População regional projetada p/ 5 a 5 anos Estim. futuras de parâmetros do sistema dinâmico População Peq. Área de 5 em 5 anos Integração numérica do do sistema de equações diferenciais Sistema Dinâmico Método das componentes

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cada área- e de seu grau de atratividade, em função das economias/deseconomias de aglomeração de cada área (nível de salários, oferta de empregos, custo dos terrenos e moradias, poluição, custos de transporte, etc).

Quadro 1:Sistema de equações diferenciais da dinâmica populacional intra-regional

dP 1 a1 P 1 (t) b 1 P 1 (t) T(t) --- = + dt dP 2 a2 P 2 (t) b 2 P 2 (t) T(t) --- = + dt ... dP n an P n (t) b n P n (t) T(t) --- = + dt

sujeito a condição de contorno ∑ P i (t) = T(t)

i=1..n

Onde T(t) : total populacional da região no ano t Pi (t) : população da área i no ano t

ai : taxa de crescimento vegetativo da população da área i

bi : fator relacionado à atratividade migratória da área i

Como representado no sistema de equações diferenciais do Quadro 1, os parâmetros ai dizem respeito à taxa de crescimento vegetativo específico de cada

pequena área, enquanto os parâmetros bi referem-se ao grau de atratividade de cada área

relativamente às demais (isto é, a competitividade migratória de cada área em relação à população da região). Trata-se, pois, de um modelo que discrimina, para cada área, a contribuição do crescimento vegetativo e do saldo migratório no crescimento populacional.

Como mostrado por Szwarcwald & Castilho (1989), é possível encontrar uma solução algébrica recursiva para este sistema de equações diferenciais, tomando-se como variável exógena a população regional – definida pela projeção por componentes- e supondo comportamentos específicos para as taxas de crescimento vegetativo e do grau de atratividade das áreas no horizonte de projeção. Com isso, obtêm-se as estimativas populacionais para cada área a cada final de qüinqüênio (Quadro 2).

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Se P i (t) é a população da área i no momento t, então:

P i (t) = P i (0) + ∆ P i

∆ P i = ∆ P F i (t) P i (0) / Σ F i (t) P i (0)

com F i (t) = exp ( ai + b i ( ln (T(t)/T(0) ) ( T(t) - T(0) ) ) - 1

onde T(t) : total populacional da região, projetado externamente por componentes ai : ln ( 1 + tx natalidade i - tx mortalidade i ) - taxas médias para o período

estimadas a partir da análise das estatísticas vitais recentes e perspectivas futuras

bi : grau de atratividade migratória média da área i , estimado a partir de

tendências passadas e perspectivas futuras. Para períodos anteriores este parâmetro pode ser estimado por

ai + ( ln (P i (t)/ P i (0 )) )

--- ( ln (T(t)/T(0)) ) ( T(t) - T(0) )

Depois de computar estas estimativas qüinqüenais de população para cada área, resta encontrar a estrutura demográfica por sexo e idade para cada um delas. Um dos métodos disponíveis é a técnica de ajuste iterativo proporcional de tabelas de contingência (Willekens 1982). Neste método, a estrutura etária da população de cada área no futuro é obtida mediante o ajuste iterativo de uma tabela de contingência (faixas etárias vs. área), tendo como solução inicial a estrutura demográfica obtida para cada área no momento anterior, e como marginais da tabela, os totais populacionais das áreas estimados pelo sistema dinâmico ( Pi – totais linha ) e a estrutura demográfica regional

definida pela projeção por componentes ( T0-4 , T5-9..- totais coluna), como ilustra o

Diagrama 2.

Diagrama 2: Estimação da estrutura por idade e sexo das pequenas áreas

3. Aplicação: projeções populacionais para municípios na Região de Campinas Embora seja aplicável a situações mais gerais de projeção demográfica, esta

Projeção Demográfica Regional pelo método das componentes Estimação dos Totais população das áreas através do sistema dinâmico Estrutura idade/sexo pop.regional T0-4 , T5-9 …. População das áreas P1,P2 .... Pi População das áreas por idade/sexo Áreas 0-4 5-9 ... Tot 1 ... P1 2 ... P2 .... ... Pi Tot T0-4 ….. T

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metodologia parece ser particularmente útil quando se pretende obter estimativas populacionais futuras de áreas contíguas, de elevada densidade populacional. Nesta situação se enquadram projeções demográficas de distritos ou bairros dentro de um município e projeções de população de municípios em regiões metropolitanas ou em aglomerações urbanas conurbadas. É neste último tipo de caso que se enquadra a aplicação aqui apresentada do modelo integrado de projeção.

Mapa 1: Região Administrativa de Campinas no território paulista

Estado de São Paulo

Região Administrativa de Campinas

Assim, com base nas projeções demográficas elaboradas anteriormente pelo método das componentes para Região Administrativa de Campinas (Jannuzzi 1997), aplicou-se o sistema dinâmico para estimar as populações- e a estruturas etárias associadas- em 2000 e 2005 de alguns dos principais municípios da região - Americana, Bragança, Campinas, Jundiaí, Limeira, Piracicaba- além daquela correspondente a da Região de Governo de Campinas (sub-região de elevada densidade populacional em torno do município de Campinas).

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Dentre os diversos cenários demográficos projetados pelo método das componentes para a Região Administrativa de Campinas (RA Campinas) no período de 1990 a 2025- elaborados com base em distintas hipóteses de comportamento futuro da fecundidade, mortalidade e migração – selecionou-se aquele que, à luz das informações então disponíveis, pareciam mais factíveis de ocorrência no horizonte de curto e médio prazo de projeção, fazendo-se, posteriormente, algumas modificações nas hipóteses sobre migração regional, em função da publicação dos resultados do Censo Populacional de 1996.

Tabela 1 : Projeções demográficas pelo método das componentes RA Campinas 1980 a 2005 (em mil pessoas)

Grupos etários 1980 1990 1995 2000 2005 0-4 anos 381 417 389 435 454 5-14 anos 677 889 925 879 899 15-19 anos 347 394 471 509 473 20-44 anos 1.203 1.716 1.963 2.152 2.390 45-59 anos 370 497 608 746 950 60 + anos 220 345 417 563 568 Total 3.197 4.258 4.774 5.285 5.733 Hipótese implícitas Tx natalidade (p/mil) 23,3 19,5 17,9 16,8 - Tx mortalidade(p/mil) 6,3 5,9 5,9 6,0 - Tx migratória(p/mil) 11,0 9,2 8,3 7,5 -

Fonte: Jannuzzi (1997), projeções revisadas

Sob as hipóteses assumidas no cenário demográfico aqui adotado a RA Campinas estaria crescendo a taxas de 2,2 % ao ano nos anos 90, contra 2,9 % na década anterior. No primeiro quinquênio do próximo século a população da RA estaria aumentando a taxas médias de 1,6 % ao ano. Na virada do milênio a RA estaria reunindo 5,3 milhões de pessoas e, em 2005, pouco mais de 5,7 milhões pessoas. Em termos da estrutura etária, a população da RA passaria a envelhecer mais rapidamente que em outras décadas. Para a RA, no período de 1990 a 2005, a subpopulação de idosos teria sua parcela aumentada de 5% para quase 7% da população total. Crianças e adolescentes, em contrapartida, passariam de 31 % para 24 % do total da RA no período.

A aplicação do sistema dinâmico para obtenção das estimativas populacionais para os municípios selecionados foi antecedida por uma análise das taxas de natalidade, mortalidade e do grau de atratividade migratória qüinqüenal de cada um deles no período de 1980 a 1996. A partir da extrapolação das tendências passadas estabeleceu-se os valores médios das taxas de crescimento vegetativo e grau de atratividade

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migratória para os qüinqüênios de 1995-2000 e 2000-2005. Como se pode verificar na Tabela 2, Os parâmetros ai. – associados à taxa de crescimento vegetativo- são

decrescentes para todos os municípios, convergindo para valores próximos nos próximos anos (com exceção de Bragança). Com relação aos parâmetros bi – grau de

atratividade migratória- os comportamentos são mais variados, contrapondo tendências de crescente repulsão – Jundiaí, sobretudo- de atração – Periferia de Campinas- e de relativa estabilidade.

Tabela 2 : Parâmetros ai e bi estimados e projetados sistema dinâmico

Municípios da RA Campinas 1980 a 2005

Municípios 1983 1987 1993 1997 2003

ai(relacionado à Taxa Crescimento vegetativo)

Americana 0,115 0,092 0,073 0,055 0,035 Campinas 0,108 0,082 0,061 0,041 0,018 Bragança 0,094 0,074 0,068 0,056 0,047 Jundiaí 0,107 0,081 0,060 0,040 0,017 Limeira 0,104 0,089 0,071 0,057 0,038 Piracicaba 0,103 0,077 0,060 0,041 0,021 Perif RG Campinas 0,093 0,081 0,073 0,063 0,050

Anel ext RA Campinas 0,096 0,080 0,066 0,055 0,039

bi (grau de atratividade migratória)

Americana -9,44E-08 1,35E-07 3,51E-07 6,03E-07 9,70E-07

Campinas 7,19E-08 3,23E-07 3,33E-07 5,78E-07 8,73E-07

Bragança 7,20E-07 6,15E-07 4,66E-07 1,58E-07 -4,43E-07

Jundiaí -7,58E-07 -4,12E-07 -6,19E-07 -5,24E-07 -7,73E-07

Limeira 6,40E-07 6,74E-07 7,78E-07 7,40E-07 8,95E-07

Piracicaba 3,95E-07 5,92E-07 2,70E-07 3,31E-07 2,28E-07

Perif RG Campinas 1,92E-06 1,85E-06 1,79E-06 1,83E-06 2,26E-06

Anel ext RA Campinas 5,75E-07 6,84E-07 8,42E-07 9,72E-07 1,31E-06

Gráfico 1 : Parâmetros ai e bi estimados e projetados do sistema dinâmico

Municípios da RA Campinas 1980 a 2005 Parâmetro ai Parâmetro bi Legenda americ ana c ampinas braganç a jundiai limeira pirac ic aba perif -c amp res to ra 0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 1980 1985 1990 1995 2000 2005 - 1,50E- 06 - 1,00E- 06 - 5,00E- 07 0,00E+00 5,00E- 07 1,00E- 06 1,50E- 06 2,00E- 06 2,50E- 06 3,00E- 06 1980 1985 1990 1995 2000 2005

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Aplicando-se a solução recursiva apresentada no Quadro 2, chegou-se aos totais populacionais para as áreas selecionadas (Tabela 3). Como se pode verificar no Gráfico 2, as taxas de crescimento demográfico são decrescentes para todos os municípios da região, chegando a ser negativas a partir de 2003 para Jundiaí. A área periférica de Campinas estará crescendo a taxas mais elevadas que todas as áreas aqui analisadas (acima de 2% ao ano). Em 2005, Campinas chegaria a 1.010 mil pessoas, e seu entorno próximo, 1.750 mil pessoas.

Tabela 3 : População e taxas de crescimento estimadas e projetadas Municípios da RA Campinas 1980 a 2005

Pessoas (em mil) Taxas anuais (%)

Municipios 1980 1985 1990 1995 2000 2005 80/85 85/90 90/95 95/2000 00/05 Americana 122 136 150 165 180 193 2,2 2,1 1,9 1,8 1,4 Campinas 662 742 826 896 961 1.010 2,3 2,2 1,6 1,4 1,0 Bragança 75 86 98 108 115 119 2,4 2,3 1,9 1,3 0,6 Jundiaí 258 272 286 293 296 293 1,1 1,0 0,5 0,3 -0,2 Limeira 150 174 201 226 248 266 3,0 2,9 2,4 1,9 1,4 Piracicaba 213 243 276 297 315 325 2,7 2,5 1,5 1,2 0,6 RG Campinas 1.400 1.652 1.952 2.227 2.507 2.762 3,1 2,8 2,3 2,4 2,0 RA Campinas 3.197 3.689 4.258 4.774 5.285 5.733 2,9 2,9 2,3 2,1 1,6

Gráfico 2 : Taxas de crescimento demográfico anual por qüinqüênios Municípios da RA Campinas 1980 a 2005

Calculados os totais populacionais dos municípios, computou-se as respectivas estruturas etárias através do método de ajuste iterativo proporcional, cujos resultados são apresentados na tabelas 4. Em todos os municípios, como era de se esperar, observa-se o envelhecimento populacional, aumento da taxa de dependência e diminuição da pressão demográfica de jovens no mercado de trabalho (razão entre o total de pessoas 15-19 anos pelo de 20-24 anos), mas as tendências parecem mais adiantadas em alguns municípios, como em Jundiaí.

-1,00 0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 americana campinas bragança jundiai limeira piracicaba perif R G camp anel exter R A

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Tabela 4: População estimada por grupos etários pelo método iterativo proporcional Municípios da RA Campinas 2000 e 2005 (em mil pessoas)

Municípios 0-4 anos 5-14 anos 15-19 anos 20-44 anos 45-59 anos 60 + anos Total

População ajustada p/ 2000 a partir da estrutura da RA Campinas em 1996

Americana 14 28 16 76 27 19 180 Campinas 73 151 90 409 139 98 961 Bragança 9 19 11 45 16 14 115 Jundiaí 22 46 27 121 46 34 296 Limeira 21 42 24 103 34 24 248 Piracicaba 25 53 30 128 45 34 315 RG Campinas 165 339 199 882 307 246 2.507 RA Campinas 435 879 509 2.152 746 563 5.285

População ajustada p/ 2005 a partir da estrutura da RA Campinas em 2000

Americana 14 28 15 83 34 19 193 Campinas 74 149 81 439 172 97 1.010 Bragança 9 19 10 47 20 13 119 Jundiaí 21 43 23 122 53 32 293 Limeira 22 42 22 113 42 24 266 Piracicaba 25 51 26 134 54 33 325 RG Campinas 164 332 177 940 375 252 2.762 RA Campinas 454 899 473 2.390 950 568 5.733 4.Considerações finais

A metodologia aqui apresentada para projeção populacional de pequenas áreas tem uma natureza eminentemente demográfica. Baseia-se em resultados de projeções populacionais em âmbito regional elaboradas pelo método das componentes e em um sistema de equações diferenciais que discrimina, para cada pequena área, a contribuição do crescimento vegetativo e do saldo migratório no crescimento populacional.

Embora possa ser aplicado – em tese- em qualquer situação em que se queira estimar a população de áreas compreendidas em uma região, o uso do método parece se justificar em situações de projeção demográfica - com horizonte de planejamento de 5 a 10 anos à frente - para pequenas áreas situadas contiguamente- como distritos de um mesmo município, municípios em aglomerações urbanas conurbadas ou regiões metropolitanas- cujos recursos ambientais, de infra-estrutura e econômicos (água, transporte, imóveis, empregos etc) mostram-se cada vez mais escassos e disputados pelas populações residentes nas áreas e nas localidades vizinhas. Também parece ser útil em situações em que a dinâmica demográfica recente das pequenas áreas desaconselhe a mera extrapolação matemática das tendências passadas.

Naturalmente, o sucesso na utilização do modelo integrado depende da factibilidade das hipóteses implícitas na projeção por componentes para a região e na especificação dos valores futuros dos parâmetros ai (crescimento vegetativo) e bi

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(atratividade migratória) do sistema dinâmico para as pequenas áreas. Quando se dispõe de estatísticas vitais de boa qualidade e as pequenas áreas em questão correspondem a municípios, a análise das séries históricas das taxa de natalidade, mortalidade e dos saldos migratórios podem sugerir tendências prospectivas futuras para os parâmetros do modelo. Não se pode esquecer, contudo, que a especificação do grau de atratividade migratória das pequenas áreas deve-se se respaldar em alguma análise prospectiva acerca das tendências futuras de fatores de natureza macro-regional- como o nível de oferta de empregos, nível salarial, perfil ocupacional- e outros de natureza micro-espacial- como os determinantes urbanísticos, lei de uso do solo, preços do aluguel, valor dos terrenos e os impactos decorrentes das intervenções públicas. Tais fatores têm importância tanto maior quanto menor a dimensão espacial da área objeto da projeção.

Por fim, como tantos outros trabalhos na área, este estudo aplicado têm o propósito de oferecer uma contribuição para os Métodos de Gestão Urbana no país, no sentido preconizado por Valladares e Coelho (1996), de disponibilizar instrumentos para reflexão prospectiva para a ação pública. Qualquer que seja a modalidade empregada de Planejamento Urbano– Planejamento Participativo (Maricato 1997) ou Planejamento Estratégico Territorial (Borja & Castells 1997)- a sua legitimidade e seu sucesso dependem, ademais da prevalência do interesse público no embate entre os agentes da Política Urbana, de uma boa base técnica para diagnóstico, monitoramento e prospecção do crescimento urbano. A metodologia aqui exposta pode ser de alguma utilidade neste sentido.

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Referências

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