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Os impactos e as perceções da presença da música no contexto pré-escolar: um estudo pré-escolar

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Academic year: 2021

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Por Ana Rita Ramos Gondar

Sob Orientação de Irene Zuzarte Cortesão Maio da Costa

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Resumo

O presente relatório consiste na apresentação de uma investigação com a duração de 18 meses realizada no contexto da Educação Pré-Escolar.

Na parte teórica desta investigação são discutidos temas considerados fundamentais para a mesma, como a música na Educação Pré-Escolar e a formação do profissional docente. Pretendeu-se investigar os impactos e as perceções dos profissionais de educação de infância sobre a presença de um profissional de música no Jardim de Infância. Realizou-se um estudo de caso em que os intervenientes desta investigação foram os grupos de crianças da instituição, as suas respetivas educadoras e a professora especializada em música (que lecionava as aulas de expressão musical aos grupos em questão). Através de um processo de observação participante e não participante observou-se o quotidiano de uma instituição assim como foram realizadas entrevistas às educadoras e à professora de música.

Palavras-Chave: Educação Pré-Escolar, Música, Educação, Educador de

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Abstract

This report presents an investigation with the duration of 18 – months duration held in the context of the preschool education.

In the theoretical framework of this research fundamental themes such as music preschool education and professional teacher training, are discussed.

It was intended to investigate the impacts and perceptions of childhood education professionals about the presence of a music professional in kindergarten. A case study was carried out in which the research participants were the groups of children of the institution, their educators and the music teacher (which taught the classes of musical expression to the groups in question). Through a participant and non-participant observation process, we observed the daily life of an institution, as well as interviews with the educators and the music teacher.

Observational tables were used as observational instruments of the music lessons and interviews were conducted with the educators and the music teacher.

Keywords: Preschool education, Music, Education, Preschool educator, Music teacher.

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À minha avó, O meu Anjo da Guarda

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Agradecimentos

Chega ao fim mais uma etapa de minha vida em que me deparei com muitos obstáculos, mas também muitas vitórias. Chegou a altura de agradecer a todos os que me acompanharam nesta caminhada em que cresci muito.

Primeiramente, aos meus pais e ao meu irmão, que me acompanharam ao longo destes 6 maravilhosos anos. Ajudaram-me nas fases mais difíceis onde nunca me deixaram cair e estiveram comigo a festejar todas as minhas vitórias. Este fechar de ciclo devo-o aos meus pais sem eles nada disto seria possível e por esse motivo esta investigação será dedicada a eles.

Ao meu irmão que no jeito dele sempre acreditou em mim e me ajudou em tudo, com coisas que sabe que não estou muito à vontade, conseguiu ter paciência comigo e ajudar-me.

Á equipa que em acompanhou sempre no estágio, de uma forma exigente, mas próxima que tornaram todo este trabalho possível, a eles um muito obrigada que mesmo numa fase mais sensível e difícil na minha vida me apoiaram e me ajudaram a ultrapassar mesmo sem saberem. Aos grupos de crianças, às educadoras e à professora de música, que sem a participação deles este trabalho não seria possível.

A minha madrinha, que faz tudo por mim, que é uma segunda mãe para mim por ser uma pessoa tão única e especial na minha vida, que me fez manter sempre os pés na terra, um obrigada muito especial para ela.

Ao Mário, que na fase mais difícil da minha vida a nível pessoal não me deixou desistir e deu me força para continuar e chegar ao fim. Obrigada por todas as conversas, todas as ajudas ao longo deste trabalho, mas principalmente por me aturares mesmo quando não estava nos melhores dias por causa do stress e nervosismo que tanto me atacaram.

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Aos meus dois melhores amigos que não me ajudando diretamente neste trabalho, conseguiram me distrair do stress e do nervosismo mesmo que embora não tenham muita noção disso ajudaram-me muito.

A minha amiga do coração que sei que é para vida que acompanhou todo o percurso de perto e me deu confiança e segurança para chegar ao fim, à minha Silvinha agradeço-lhe por me ter acompanhado e ajudado em tudo, por me fazer acreditar que ia conseguir chegar ao fim, com a sensação de dever comprido, obrigada pela amizade e pela tua dedicação ao meu trabalho.

As minhas companheiras nesta caminhada, à Francisca e à Márcia por me proporcionarem um trabalho de equipa fantástico e por me fazerem sentir apoiada, muito obrigadas meninas.

À minha Orientadora, à professora Irene, que tornou este trabalho possível em todos os aspetos, que sempre valorizou o meu trabalho e o meu esforço. Foi o meu porto seguro em todas as etapas do meu trabalho. Um muito obrigada por ter tornado este trabalho possível de uma forma tão próxima e pessoal e ao mesmo tempo de uma forma profissional.

A todos, de coração, muito obrigada Um obrigada muito especial aos meus pais, devo-lhes tudo

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Índice

Resumo ... 1 Abstract ... 2 Agradecimentos ... 4 Lista de Abreviaturas ... 9

Justificação da Escolha do Tema ...10

Parte I- Enquadramento Teórico ...11

Capítulo I- Educação Pré-Escolar: História, Objetivos, Características ...11

Capítulo II- Formação do Educador de infância/ Professor de música...14

1. Formação do Profissional Docente ...14

2. Formação do Educador de Infância ...15

2.1. Formação do Educador de Infância e as experiências artísticas ...18

3. Formação do Professor de Música ...19

Capítulo III- A música e a Educação ...23

1. O Papel da Música na Educação Pré-Escolar ...23

2. Desenvolvimento Socio Emocional através da Música ...24

3. A Música como meio facilitador da Aprendizagem na Infância ...25

Parte II- Metodologia ...29

1. Descrição e análise de dados ...32

1.1. Dados recolhidos através das entrevistas à professora de música e às educadoras ...32

Quadro 1 - Planificação de acordo com os interesses do grupo ...32

Quadro 2 - Evoluções nas Aprendizagens das Crianças ...33

Quadro 3 - Importância da Formação em música para trabalhar a Área Artística da música...34

Quadro 4 - Importância da música para as crianças...35

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7 Quadro 6 - Competências ao Nível Musical/ Desenvolvimento Integral da Criança

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1.2. Dados recolhidos através das entrevistas às educadoras ...40

Quadro 7 - Reação do Grupo Perante a Música ...40

Considerações Finais ...41

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Índice dos anexos

Anexo 1 –Caracterização da instituição

Anexo 2 – Grelhas de observação das aulas de música Anexo 3 – Descrições das aulas de música

Anexo 4 – Guião das entrevistas às educadoras de infância

Anexo 5 – Análise das entrevistas às educadoras de infância e à professora de música (quadro de análise)

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Lista de Abreviaturas

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Justificação da Escolha do Tema

Após a leitura de inúmeros artigos sobre a importância da música no desenvolvimento integral da criança, percebeu-se que seria interessante abordar este tema no Relatório de Estágio uma vez que se acredita que a música poderá ter inúmeros benefícios no desenvolvimento das crianças e por estar sempre presente no contexto de trabalho desenvolvido na valência de Pré-Escolar.

A necessidade de perceber a importância da música ainda ficou mais vincada quando se começou a refletir sobre o contexto de estágio. No contexto onde este se realizou, há um professor de música que vem dar as aulas de expressão musical. Esta faz parte do Projeto Educativo da instituição, isto é, não é considerado uma atividade extracurricular. Posto isto, percebeu-se que, se a instituição tem esta preocupação é porque, não só demonstra crer que a música tem um papel importante nas aprendizagens, como considera fundamental ter um professor de música a direcionar estas aulas.

Sendo assim, considerou-se relevante começar a investigação através da análise do perfil do educador e do professor de expressão musical, percebendo quais as características de ambos currículos e que implicações poderá ter a formação destes profissionais no desenvolvimento integral da criança. Seria igualmente importante perceber quais as perceções acerca do tema por parte das educadoras e da professora de expressão musical. Neste contexto a questão de partida tornou-se clara, “Quais os impactos e as perceções da presença de um professor de música no desenvolvimento da criança, no contexto da educação de infância? “

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Parte I- Enquadramento Teórico

Capítulo I- Educação Pré-Escolar: História,

Objetivos, Características

A Educação Pré-escolar tem sido cada vez mais valorizada na medida em que cada vez mais se tem vindo a comprovar a importância dos primeiros anos de vida da criança para o seu desenvolvimento a nível social, cognitivo e afetivo. “Assim, a Educação Pré-escolar tem vindo a ser considerada a primeira etapa da Educação Básica, na medida em que se articula cada vez mais com o sistema nacional de educação, nomeadamente com o Ensino Básico.” (Formosinho, Formosinho & Lino, 2013, p.10)

Neste sentido tem sido preocupação dos governos criar documentos legais que orientem, não só as instituições da Educação Pré-escolar, mas também os próprios educadores. De entre esses documentos surge a Lei nº5/97 de 20 de fevereiro, Lei Quadro da Educação Pré-Escolar, que define Educação Pré-escolar, como:

a primeira etapa da educação básica no processo de educação ao longo da vida, sendo complementar da acção educativa da família, com a qual deve estabelecer estreita cooperação, favorecendo a formação e o desenvolvimento equilibrado da criança, tendo em vista a sua plena inserção na sociedade como ser autónomo, livre e solidário. (Decreto-lei nº5/97).

A importância da Educação Pré-escolar para o desenvolvimento integral da criança também é valorizada por Oliveira Formosinho, quando este refere que:

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(…) se é considerado importante que as crianças de cinco, quatro e três anos frequentem a pré-escola é porque, nela e através dela, se desenvolvem competências e destrezas, se aprendem normas e valores, se promovem atitudes úteis para o seu sucesso na escola e para a sua cidadania presente e futura (Formosinho, 2013, p.10). Segundo a Lei Quadro da Educação Pré-Escolar, esta destina-se “às crianças com idades compreendidas entre os 3 anos e a idade de ingresso no ensino básico e é ministrada em estabelecimentos de educação pré-escolar” (Decreto-lei nº5/97). Para guiar e auxiliar estes estabelecimentos de Educação Pré-escolar, surgiram os objetivos presentes no artigo 10º da Lei nº5/97 que definem o que se pretende nesta valência tendo sempre presente a dinâmica de proporcionar à criança uma base de experiências de vida democrática numa perspetiva de educação para a cidadania. De entre os objetivos presentes neste artigo surgem linhas de integração da criança na sociedade em grupos sociais diversos tendo sempre em conta a pluralidade cultural com a finalidade de a criança progressivamente ter consciência de que é membro de uma sociedade com valores e culturas diversificadas.

Relativamente ao desenvolvimento integral da criança, os objetivos da Educação Pré-escolar são muito claros quando afirmam que é importante estimular o desenvolvimento global de cada criança, respeitando as suas características individuais, incutindo comportamentos que favoreçam aprendizagens significativas e diversificadas. O desenvolvimento da expressão e da comunicação também estão presentes nos objetivos da Educação Pré-Escolar, por se considerar crucial para comunicar com o mundo que a rodeia e poder expressar as suas ideias, estando presente a importância de despertar na criança o espírito crítico. Proporcionar a cada criança condições de bem-estar e segurança no que concerne à saúde individual e coletiva também é uma preocupação da Educação Pré-escolar.

A Educação Pré-escolar e a família, são dois contextos sociais que contribuem para a educação da criança e por isso é importante incentivar a

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participação das famílias no processo educativo e estabelecer relações de efetiva colaboração com a comunidade.

Sendo a Educação Pré-escolar a base da Educação Básica, em que a criança tem oportunidade de se desenvolver como um ser integral e inserido num meio social diversificado, é igualmente importante o papel dos profissionais, temática que será abordada nos próximos capítulos.

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Capítulo II- Formação do Educador de infância/

Professor de música

1. Formação do Profissional Docente

A forma como o profissional docente é olhado é uma questão que deve ser abordada pois esta tomou diferentes rumos e teve níveis de importância diferentes ao longo dos tempos. No entanto tal como revela Maria do Céu

Almeida “o caracterizador distintivo do docente, relativamente permanente ao

longo do tempo, embora contextualizado de diferentes formas, é a ação de ensinar” (citado por Roldão, 2007, p.94), conceito que se considera pertinente clarificar. Sendo assim, ensinar, na sociedade atual, já não se caracteriza por apenas e só o ato de transmitir conhecimento, revelando-se muito mais amplo, que Maria do Céu Almeida caracteriza, por ser uma “especialidade de fazer aprender alguma coisa (a que chamamos currículo), a alguém” (citado por Roldão, 2007, p.95).

A formação do profissional requer sempre uma teoria e uma prática, que relativamente à função do docente se revelam, ao longo dos tempos, difíceis de definir na medida em que existem dificuldades ao nível da clarificação do conhecimento profissional do docente. Um dos motivos desta dificuldade recai sobre o facto de já se ensinar antes de haver uma profissionalização/ formação para isso “que a não ser questionada/ teorizada, jamais se transformaria a atividade, em ação profissional” (Roldão, 2007, p.97). Sendo assim, Montero (2005, p.218), sistematizou da seguinte forma o conceito profissional do docente: O conjunto de informações, aptidões e valores que os professores possuem, em consequência da sua participação em processos de formação (inicial e em exercício) e da análise da sua experiência prática, uma e outras manifestadas no seu confronto com as exigências da complexidade, incerteza, singularidade

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e conflito de valores próprios da sua atividade profissional; situações que representam por sua vez, oportunidades de novos conhecimentos e de crescimento profissional.

2. Formação do Educador de Infância

A formação e evolução do conceito de educador de infância, como profissão, também teve uma evolução semelhante tal como já foi referido em relação ao docente.

O aparecimento das educadoras de infância e consequentemente do Jardim de Infância, estão intimamente ligadas ao novo papel da mulher na sociedade, à diferente organização das famílias na sociedade atual. Tal como afirma Maria João Cardona “ao contrário da escola, as instituições para as crianças mais pequenas foram criadas para dar resposta a necessidades de origem social e só muitos anos mais tarde se começou a valorizar a sua função educativa” (Cardona, 2011, p.141). O sistema de ensino na Educação Pré-Escolar é muito diferente do ensino obrigatório e por isso este apresenta características muito próprias, Cardona vai de encontro a esta constatação quando afirma que as instituições do Pré-Escolar

constituem-se como espaços em que o papel pedagógico é profundamente diferenciado do modelo escolar tradicional passando da ação direta sobre as crianças à ação indireta que se exerce pela mediação das coisas e dos objetos propostos à atividade da criança e do quadro geral constituído para que ela aí leve a cabo livremente a sua aprendizagem. (Cardona, 2011, p.144).

Sendo assim, será fundamental reforçar a ideia de que esta faixa etária apresenta características muito próprias e por isso “a educação de infância,

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contrariamente ao que muitas vezes acontece na educação escolar, deve articular de forma harmoniosa a função de educar com a função de cuidar das crianças” (Cardona, 2011, p.144). Considera-se assim que, em idades precoces, é crucial o papel do educador e é muito importante que este consiga articular o educar com o cuidar na medida em que, só num espaço em que as crianças se sintam bem acolhidas e seguras conseguem gerar aprendizagens.

Ao longo do tempo, a profissão do educador foi sendo cada vez mais valorizada e com isso houve a necessidade que criar um currículo comum de formação para os educadores. Nesta linha de pensamento será importante primeiro definir o que é um currículo. Para Spodeck e Brown (1996, p.15) este pode definir-se como “uma representação ideal de premissas teóricas, políticas e administrativas e componentes pedagógicas de um programa destinado a obter um determinado resultado educativo”, sendo que estas práticas devem ter sempre presente a realidade social e o contexto educativo em que o educador se insere.

No que concerne aos documentos legais que guiam a atividade dos educadores de infância, onde se apontam práticas de educação adequadas, o que mais se destaca são as Orientações Curriculares para a Educação Pré-escolar (OCEPE), estas

baseiam-se nos objetivos legais pedagógicos definidos pela Lei-Quadro (Lei n. º5/97, de 10 de fevereiro) e destinam-se a apoiar a construção e gestão do currículo no jardim de infância, da responsabilidade do educador/a, em colaboração com a equipa educativa do estabelecimento / agrupamento de escolas. (ME, OCEPE, 2016 p.5). Tal como é contemplado nas OCEPE, a intencionalidade do processo educativo tem como base observar, planear, agir, avaliar, comunicar e articular. É importante que o educador planifique de acordo com o que sabe sobre o seu grupo e sobre cada criança. O educador, ao planear deve partir dos interesses do grupo envolvendo a criança no planeamento. No que concerne à avaliação

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esta revela-se importante na medida em que auxilia na perceção relativamente às aprendizagens do grupo e de cada criança e ao mesmo tempo ajuda nas futuras planificações do educador.

No que diz respeito às competências de observação, avaliação e planificação, estas estão definidas no Perfil Específico de Desempenho do Educador de Infância (Decreto Lei nº241/2001, de 30 de agosto) onde vem salientar o que é referido nas OCEPE, reforçando a importância de o educador conceber e desenvolver o respetivo currículo através da planificação, organização e avaliação do ambiente educativo, bem como das atividades e projetos curriculares, com vista à construção de aprendizagens integradas.

A Gestão do Currículo para a Educação Pré-Escolar aponta ainda a importância de avaliar, numa perspetiva formativa, a sua intervenção, o ambiente e os processos educativos adotados, bem como no desenvolvimento e aprendizagens de cada criança.

Em suma, todos os documentos legais que surgiram e surgem no sentido de guiar de uma melhor forma a prática educativa na Educação Pré-escolar só são eficazes quando o educador é capaz de responder adequadamente à diversidade das experiências de infância, presentes nos diferentes contextos educativos. Segundo Gabriela Portugal isto só é possível quando o educador

assumir as práticas educativas numa dimensão ecológica (que no seu nível mais abrangente engloba dimensões como a cultura ou subcultura de uma comunidade ou família), o que traduz atenção, respeito e aceitação da diversidade de circunstâncias da vida, personalização do currículo, aceitação de outros pontos de referência. (Portugal, 2009 p.11). O trabalho do educador é bem mais abrangente do que o que está presente nos documentos legais, este precisa de saber como lidar e criar laços no dia a dia com as crianças. Gabriela Portugal vai de encontro a esta ideia quando afirma que o educador tem que ser capaz de “tomar decisões, inovar,

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criar algo, ser eficaz, mas uma intervenção educativa verdadeira e qualitativamente superior pressupõe a capacidade de considerar a perspetiva dos outros, assumir que a dificuldade de alguém é o meu desafio, colocar-se na perspetiva da criança. “(Portugal, 2009 p.12). Para além do educador se colocar no lugar da criança, é necessário que seja capaz de estabelecer contacto com a criança para que esta ganhe confiança, onde consiga exprimir os seus sentimentos, emoções, experiências e também opiniões.

2.1. Formação do Educador de Infância e as

experiências artísticas

Será importante voltar a referir as OCEPE, no sentido de que estas estão organizadas por Áreas de Conteúdo, que, remetendo para os fundamentos e princípios de toda a Educação de Infância, se explicitam as implicações para uma abordagem integrada e globalizante das diferentes áreas de conteúdo. No que diz respeito à expressão musical, que é o enfoque da presente investigação, esta está integrada na Área da Expressão e Comunicação no Domínio da Educação Artística.

Partindo da análise das OCEPE, no domínio da Educação Artística, será importante referir que as diferentes áreas artísticas, são meios de enriquecer as possibilidades de expressão e comunicação das crianças. Neste domínio é crucial a intencionalidade do educador para o desenvolvimento da criatividade das crianças, alargando e enriquecendo a sua representação simbólica bem como o seu sentido estético, através do contacto com diversas manifestações artísticas, nomeadamente a música, de modo a incentivar o espirito crítico da criança.

No que diz respeito ao subdomínio da música é importante esta estar presente no dia a dia da sala do Jardim de Infância, onde podem explorar as caraterísticas dos sons, ouvir música de géneros musicais diferentes e utilizar diversos tipos de instrumentos. Trabalhar a música deve estar em articulação com as outras áreas de conteúdo para que seja possível, por parte da criança,

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uma aprendizagem integrada e global. Sendo assim, nas OCEPE, estão presentes alguns objetivos, que devem ser trabalhados pelo educador na sua sala com o seu grupo:

 Identificar e descrever sons que ouve (fenómenos sonoros/ música) quanto às suas características rítmicas, melódicas, dinâmicas, tímbricas e formais;

 Interpretar com intencionalidade expressiva-musical: cantos rítmicos (com ou sem palavras), jogos prosódicos (trava-línguas, provérbios, lengalengas, adivinhas, etc.,) e canções (de diferentes tonalidades, modos, métricas, formas, géneros e estilos);

 Elaborar improvisações musicais tendo em conta diferentes estímulos e intenções utilizando diversos recursos sonoros (voz, timbres corporais, instrumentos convencionais e não-convencionais);

 Valorizar a música como fator de identidade social e cultural. Como é possível verificar, embora a música seja bastante valorizada no contexto dos documentos orientadores da Educação de Infância, cada vez mais, a música é lecionada no Jardim de Infância por professores especialistas, em paralelo com a educadora. Neste sentido parece importante refletir um pouco mais sobre as características e o processo da formação do professor de música.

3. Formação do Professor de Música

No contexto do estágio profissional em que foi desenvolvida esta investigação, como já foi referido, existe um professor de música para lecionar aulas de expressão musical integradas no currículo de todas as salas do Pré-Escolar. Por este motivo tornou-se importante pesquisar mais sobre a formação do professor de música no sentido de perceber as diferenças que existem na formação do educador e na formação do professor de música.

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Antes de mais, parece ser importante definir o conceito de Educação Musical. Rudolf-Dieter Kraemer, define-a como:

A pedagogia da música (ou a educação musical) ocupa-se com as relações entre as pessoas e a música sob os aspetos de apropriação e de transmissão. Ao seu campo de trabalho pertence toda a prática musico-educacional que é realizada em aulas escolares e não escolares, assim como toda a cultura musical em processo de formação (Kraemer, 2000, p.51)

Segundo Penna, um profissional da educação musical deve ter uma licenciatura, formando um profissional capaz de assumir um

compromisso social, humano, cultural de atuar em diferentes contextos educativos; compromisso de constantemente buscar compreender as necessidades e potencialidades de cada aluno; compromisso de acolher diferentes músicas, distintas culturas e as múltiplas funções que a música pode ter na vida social;(Penna, 2007 P.53).

Neste sentido, reforça-se a ideia de que para se ser um professor de música é preciso saber e ser muito mais do que tocar um instrumento, acredita-se ser importante ter “um reportório de conhecimentos profissionais necessários à docência da música: música, educação, formação cultural (“saber ser” e “saber tornar-se)” (Ben, 2003, p.30), Maura Penna também vai de encontro a este aspeto, quando afirma que

a formação do professor de música não se esgota no domínio da linguagem musical, sendo indispensável uma perspetiva pedagógica que o prepare para perceber cada contexto educativo e lhe dê recursos

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para a sua atuação como docente e para a construção de alternativas metodológicas (Penna, 2007, p.53). Parece então ser uma posição defendida por vários autores afirmar que um professor de música tem que ter conhecimento e formação quer em música quer na área da pedagogia e na arte de ensinar, pois, como afirma Penna “para ensinar música não é suficiente somente saber música ou somente saber ensinar. Conhecimentos pedagógicos e musicológicos são igualmente necessários, não sendo possível priorizar um em detrimento do outro” (Penna, 2007, p.53). Cristina Mie Ito Cereser também tem a mesma opinião, afirmando que “na prática, que apenas saber música não é suficiente para atuar em contextos pedagógico-musicais, está além dos conteúdos musicais, havendo a necessidade de um suporte teórico-pedagógico específico” (Cereser,2004, p.27).

O papel do professor de música é muito importante para as aprendizagens das crianças e para isso este deve ter “flexibilidade, ser reflexivo, possuir um conhecimento pedagógico-musical fundamentado na literatura e experienciando na prática, além de ter competência de perceber e agir em realidades distintas” (Cereser, 2004, p.29). Tal como é referido na citação a prática é muito importante na formação de um professor de música na medida em que “uma parte da aprendizagem da profissão do docente só ocorre e só se inicia em exercício. O exercício da profissão é condição para consolidar o processo de tornar-se professor “(Penna, 2007, p. 53).

Como já foi referido anteriormente, a formação do professor de música é muito mais do que saber música uma vez que se reconhece como necessário

haver “uma articulação entre conteúdos musicais e pedagógicos implica o

diálogo entre a nossa área de educação musical e outros campos do saber” (Penna,2007, p. 54). Por outros campos de saber entende-se a interdisciplinaridade com outras áreas de saber como a educação e o saber educar, a psicologia e pedagogia.

Para concluir este capítulo, considera-se fulcral referir que uma das particularidades do professor de música, é a multiplicidade de espaços em que

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leciona as suas aulas. “são vários os espaços de ensino e aprendizagem de música. Múltiplos saberes, multidimensionalidade, conjunto de saberes: esses parecem ser os pilares fundamentais a sustentarem nossas conceções acerca da formação inicial dos professores de música. “(Benn, 2003, p.32). A repercussão que estes múltiplos espaços acarretam na formação do professor de música é que este deve ser preparado e exercitar na prática em diferentes contextos, com diferentes públicos e com diferentes expectativas e objetivos para ficar melhor preparado para o seu futuro profissional.

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Capítulo III- A música e a Educação

1. O Papel da Música na Educação Pré-Escolar

A música faz parte da natureza humana, trata-se de uma forma de expressão artística, que está presente na humanidade desde sempre, “Segundo Bréscia (2003), a música é uma linguagem universal, tendo participado da história da humanidade desde as primeiras civilizações” (Chiarelli, L. K. M., & Barreto, S. D. ,2005, p.2). A forma como vemos a música varia de cultura para cultura e de época para época, mas parece poder afirmar-se que sempre existiu nas mais variadas culturas e prolongou-se até aos dias de hoje.

A música está presente na vida do ser humano desde antes do seu nascimento. Além de transmitir ideias e sentimentos, a música também pode ser considerada uma forma de linguagem que causa sensações e pode levar a desenvolver capacidades que serão de suma importância durante o crescimento e desenvolvimento de uma criança.” (Reis, Rezende & Ribeiro, 2012, p.2).

Assim a criança está, mesmo que por vezes de forma inconsciente, em contato com a música antes de entrar no Jardim de Infância. As crianças ouvem as músicas que os pais ouvem, as que tocam no rádio ou até mesmo quando utilizam alguma música para as fazer adormecer, tal como afirma Helena Rodrigues “não há dúvida que o comportamento musical se manifesta muito precocemente e que muito cedo as crianças mostram aprender elementos de código musical que as envolve” (Rodrigues, 2005, p.62). Brito vai de encontro ao mesmo ponto de vista quando afirma que “Os bebés e as crianças interagem permanentemente com o ambiente sonoro que as envolve e – logo- com a música, já que ouvir, cantar e dançar são atividades presentes na vida de quase todos os seres humanos (…)” (Brito, 2003, p.35) .Reforçando essa mesma ideia Brito afirma que “podemos dizer que o processo de musicalização dos bebés e crianças começa espontaneamente, de forma intuitiva, por meio de contacto com

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toda a variedade de sons do cotidiano, incluindo aí a presença da música” (Brito, 2013,p.35).

Quando as crianças entram para o Jardim de Infância, o contato com a música fica mais próximo, dado que esta faz parte do dia a dia do Jardim de

Infância onde se canta, se experimenta sons e materiais, se escutam músicas, se dança, contribuindo para tornar o ambiente mais alegre e mesmo mais favorável à aprendizagem. Isto porque estas músicas, muito vezes, revelam-se veículos de aprendizagens. Estas experiências musicais, para além de levarem as crianças a gostar cada vez mais de música e a definir o seu gosto musical, podem de facto contribuir para o desenvolvimento integral das crianças revelando-se também como um instrumento facilitador no processo de aprendizagem.

Pela importância que se reconhece, este tema será desenvolvido num próximo subcapítulo.

2. Desenvolvimento Socio Emocional através da

Música

É importante afirmar que a atividade musical tem importantes consequências para o desenvolvimento emocional e cognitivo da criança, no que diz respeito ao controlo e expressão das emoções e na capacidade de autorregulação da criança, mas também na capacidade de socializar entre pares. Desde de sempre a música teve um cariz social bastante vincado na sociedade. Afonso Galvão vai de encontro a esta perspetiva, quando afirma que a experiência musical se traduz “como uma experiência emocional socialmente compartilhada em festas, funerais, salas de concerto, cinemas, carros e em muitos momentos vastos da vida cotidiana. “(Galvão, 2006, p.169).

Sendo assim, revela-se importante perceber os benefícios que a música poderá ter no desenvolvimento da parte emocional da criança. No que diz respeito ao desenvolvimento psicomotor, a música tem um efeito muito positivo na parte emocional da criança, pois “o ritmo tem um papel muito importante na

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formação e equilíbrio do sistema nervoso. Isto porque toda a expressão musical ativa age sob a mente, favorecendo a descarga emocional e aliviando tensões” (Chiarelli & Barreto, 2005) No que diz respeito ao desenvolvimento socio afetivo, os mesmos autores, afirmam que a criança “ao se expressar musicalmente em atividades que lhe deêm prazer, ela demonstra os seus sentimentos, libera emoções, desenvolvendo um sentimento de segurança e auto-realização” (Chiarelli & Barreto, 2005). Ao expressar-se musicalmente a criança sente-se bem, mais capaz aprendendo a lidar com as emoções mais facilmente. Campbell e Dickinson (2000, p.157), vão de encontro a esta perspetiva, quando afirmam que “a música é criativa e auto expressiva, permitindo a expressão de nossos pensamentos e sentimentos mais nobres. (Chiarelli & Barreto, 2005)

Sendo assim, é possível depreender que “As atividades musicais nas escolas não visam a formação de músicos, e sim, através da vivência e compreensão da linguagem musical, apropriar a abertura de canais sensoriais, facilitando a expressão das emoções” (Chiarelli & Barreto, 2005)

Sendo à música um potencial motor de aprendizagens na infância, no próximo capitulo, será dada maior importância a música como meio facilitador da aprendizagem.

3. A Música como meio facilitador da Aprendizagem

na Infância

Como se afirmou anteriormente (capítulo III, ponto 1), a música está presente desde de sempre no dia a dia da criança e esse facto, acredita-se poder trazer muitos benefícios para as aprendizagens das crianças, desde que seja aplicada a intencionalidade necessária por parte dos educadores. Sob este prisma, a música na Educação Pré-Escolar, é um poderoso instrumento de desenvolvimento, como já foi referido anteriormente, em que desenvolve para além da sensibilidade estética, fatores como a concentração, memória, coordenação motora e socialização. Neste sentido, Chiarelli e Barreto (2005)

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26 explicam como a musicalização pode contribuir para a aprendizagem, favorecendo o desenvolvimento cognitivo, motor e socio afetivo da criança.

favorece a sensibilidade, a criatividade e o sentido rítmico. Silva (2006) cita alguns estudos que apontam que as crianças que aprendem música desenvolvem e podem ter mais facilidade de aprender uma língua estrangeira do que as crianças com a mesma idade que não têm oportunidade de vivenciar a musicalização “(citado por Reis, Rezende & Ribeiro, 2012, p.4).

Por outro lado, a música também se revela crucial no desenvolvimento das habilidades cognitivas, Denise Álvares Campos (2007) vai de encontro a esta perspetiva, quando desenvolve uma pesquisa que aborda as conexões entre a música e o desenvolvimento cognitivo. Esta conexão permite uma dupla abordagem: a utilização dos estudos sobre a cognição como suporte para um processo de educação musical bem fundamentado e orientado e a utilização da música para a promoção de habilidades cognitivas.

Chiarelli e Barreto (2005) contextualizam a música na infância:

As atividades de musicalização permitem que a criança conheça melhor a si mesma, desenvolvendo a sua noção de esquema corporal, e também permitem a comunicação com o outro. Weigel (1998) e Barreto (2000) afirmam que atividades podem contribuir de maneira indelével como reforço no desenvolvimento cognitivo/ linguístico, psico-motor e sócio-afetivo, da criança (Chiarelli e Barreto, 2005) Para além do papel da música no desenvolvimento da parte cognitiva, esta também interfere com o estado de ânimo da criança. Levi Silva reforça esta perspetiva quando afirma que as crianças que estão habituadas a ouvir música, principalmente clássica, tem um aumento nas atividades neuronais e a

(28)

27

concentração para a aprendizagem aumenta. (Reis, Rezende & Ribeiro,2012, p.4)

A coordenação motora também pode ser desenvolvida através da música pois “as danças e os gestos que a música pode despertar na criança também trabalham a coordenação motora e, de alguma maneira, fazem com que ela descubra capacidades, levando-a a estabelecer relação com o meio em que vive” (Reis, Rezende & Ribeiro, 2012, p.5). O ritmo auxilia o sistema nervoso da criança, aprimorando habilidades motoras. As crianças aprendem a controlar com mais facilidade os seus músculos.

O desenvolvimento afetivo, tal como já foi referido num subcapítulo anterior (Capítulo II, 2), também é desenvolvido através da música com as suas letras, que abordam o amor, a tristeza, as disputas, trabalhando não só o campo afetivo da criança como a prepara para a vida adulta.

Posto isto, defende-se que a música pode ser de facto considerada como um motor de desenvolvimento da criança nos mais variados campos. Sendo assim será importante refletir e perceber qual é o papel do educador perante as crianças em relação à música.

O educador deverá ter sempre presente o facto de que o seu papel na vida do grupo é fundamental para potenciar um conjunto de competências, por isso é importante saber como trabalhar a música no sentido de aplicar intencionalidade na sua prática tendo sempre em vista o desenvolvimento integral da criança.

Vásquez e Nino ( 200: 38-39) descrevem objetivos no sentido de auxiliar a educadora relacionados com a expressão musical: potenciar a discriminação auditiva, estimular e potenciar as habilidades motoras básicas como caminhar, correr e saltar; favorecer o trabalho corporal no espaço e no tempo; potenciar a voz, favorecendo a expressão falada e cantada como meio de expressão o canto; aumentar

(29)

28

a capacidade de comunicação musical; afirmar a personalidade; estimular os processos criativos; fomentar o sentido de colaboração e respeito por si e pelos seus pares; fomentar o gosto pela música e por fim, potenciar as habilidades de motricidade básicas como a utilização de instrumentos naturais e de percussão. (citado por Amaral, p.7)

São igualmente objetivos que devem ser ter tidos em conta pelo educador quando está a trabalhar com o seu grupo de crianças: ampliar o vocabulário das crianças através de canções, rimas e lengalengas, participar numa dinâmica que propicie a livre expressão de afetos através do som e do movimento, promover exercícios de estruturação relativos ao espaço e ao tempo bem como promover momentos de afetividade entre pares.

Com base no que até aqui foi apresentado e defendido, no que diz respeito ao papel da música e o espaço que esta pode ter no Jardim de Infância, parece ser possível afirmar que:

a) o educador de infância deve ter uma formação consistente em música porque mesmo que as crianças tenham oportunidade de ter expressão musical com o profissional especializado, o educador de infância é o quem está toda a semana e todas as horas do dia com o grupo. Sendo a música uma área que potencia o desenvolvimento de saberes em todas as áreas, reforça-se a importância de uma sólida formação artística musical na formação do educador de infância.

b) O professor de música, que trabalha no contexto de educação de infância, deve ser um profissional que valorize a criança como um ser integral que precisa da música em todas as áreas de conhecimento. c) No que diz respeito ao espaço que a música deve ocupar na Educação

Pré-Escolar, considera-se que esta deve estar presente no Jardim de Infância como uma área transversal de saberes que tanto contribui para as aprendizagens.

(30)

29

Parte II- Metodologia

Antes de explicar que metodologia se utilizou nesta investigação, considera-se importante referir o contexto da mesma. Esta foi realizada na instituição em que se realizou a prática de ensino supervisionada em Educação de Infância. Esta instituição tem uma matriz religiosa e por isso incute na sua comunidade educativa os valores que dela provém como escutar o outro, respeitar e construir a sua identidade como ser humano que está inserido na sociedade atual, escutando sempre o seu coração. (Regulamento Interno, p.2)

Relativamente à ação educativa da instituição, esta visa a formação integral e a construção progressiva da pessoa, como ser original, livre e responsável, capaz de tomar decisões pessoais, estabelecendo a interação entre valores, saberes e competências.

A instituição coloca a criança no centro das aprendizagens e por esse motivo, dá especial importância ao desenvolvimento integral da criança nas diferentes dimensões: social, cognitiva, moral e lúdica e por esse mesmo motivo tem professores específicos para a expressão motora e a expressão musical. (Caracterização da Instituição- Anexo 1)

Foram participantes desta investigação as crianças que frequentavam o Jardim de Infância e os seus educadores, assim como a professora de música, que lecionava as aulas a todas as salas do Jardim de Infância, no ano letivo 2017/2018.

Desenvolveu-se um Estudo de Caso que se define por “um plano de investigação que envolve um estudo intensivo e detalhado de uma entidade bem definida: o “caso” (Coutinho Pereira, C., & Chaves, J. H., 2002, p. 223), realizado na instituição. Através das leituras efetuadas, foi possível perceber que, nesta abordagem metodológica “O investigador recorre a fontes múltiplas de dados e a métodos de recolha muito diversificados: observações directas e indirectas, entrevistas, questionários, narrativas, registos áudio e vídeo, diários, cartas, documentos, etc.” (Coutinho Pereira, C., & Chaves, J. H.,2002, p.224), que foram

(31)

30

utlizadas no processo de recolha de dados neste relatório de investigação. Neste sentido, foi realizada uma observação (participante e não participante), bem como realizadas entrevistas à professora de música e à educadora do grupo em questão e ás outras educadoras da instituição.

Para Yin (1994) o estudo de caso pode ser conduzido por um dos três propósitos básicos: explorar, descrever ou ainda explicar” (Coutinho Pereira, C., & Chaves, J. H.,2002, p.225), que foram utilizados ao longo da observação.

Sendo assim, pretendeu-se perceber os impactos e perceções acerca da música na Educação Pré-escolar e da presença de uma professora especialista na área da música, recorrendo a um estudo de caso, em que foram utlizados para o efeito, diferentes métodos de recolha de dados em relação aos diferentes intervenientes no estudo.

Em relação às crianças, estas foram observadas nas aulas de expressão musical, mas também no dia a dia da sala, através da observação participante enquanto estagiária no contexto. Relativamente às observações de aula de expressão musical, estas foram observações diretas que “constituem os únicos métodos de investigação social que captam os comportamentos do momento em que eles produzem em sim mesmos, sem mediação de um documento ou de um testemunho” (Campenhoudt & Quivy, 1998, p.196). O motivo desta escolha tem que ver com as vantagens que se acredita trazer para a investigação este tipo de observação,

a apreensão dos comportamentos e dos acontecimentos no próprio momento em que se produzem; a recolha do material de análise não suscitado pelo investigador e, portanto, relativamente espontâneo; a autenticidade relativa dos acontecimentos em comparação com as palavras e com os escritos. É mais fácil mentir com a boca do que com o corpo;(Campenhoudt & Quivy, 1998, p.199).

(32)

31

Esta observação foi realizada com todos os grupos do Pré-Escolar recorrendo-se a duas grelhas de obrecorrendo-servação. A primeira grelha de avaliação dizia respeito à observação da criança e a segunda à observação do professor de música. (Observação das Aulas- Anexo 2)

Os indicadores que serviram de base à construção destas grelhas emergiram da análise de conteúdo de registos e observação e das planificações e avaliação realizados durante a prática de ensino supervisionada em Educação de Infância. Desta observação foi possível perceber que era fundamental conseguir recolher mais dados, no que diz respeito à atuação da docente de música, sobre questões como, a importância dada à interdisciplinaridade, à postura específica do professor, se era dada importância à diferenciação pedagógica e se as atividades planificadas tinham em conta os interesses das crianças. Relativamente à grelha de observação das crianças, percebeu-se que seria importante perceber mais sobre a postura da criança, se estava motivada e feliz, se se mantinha concentrada e se gostava das aulas de música. (Descrições das Aulas- Anexo 3).

A partir das observações realizadas, percebeu-se quais os aspetos que seriam fundamentais incluir nos guiões das entrevistas que se realizaram posteriormente. Sendo assim, relativamente ao guião da entrevista à educadora da sala onde se estava a realizar o estágio, concluiu-se que era pertinente questionar a mesma acerca da sua perspetiva sobre a importância da música no Pré-Escolar e se considerava haver mais valias em ter um profissional em música a lecionar aulas de expressão musical. (Guião da Entrevista à Educadora- Anexo 4)

No que concerne ao guião da entrevista da professora de expressão musical, considerou-se importante incluir questões que permitissem perceber a sua perspetiva sobre a planificação e organização das aulas de música e quais as vantagens que considerava que as crianças tinham ao ter aulas de expressão musical, lecionadas por um profissional em música.

No que diz respeito às entrevistas realizadas às restantes educadoras dos outros grupos observados, considerou-se fundamental incluir questões que

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32

permitissem perceber qual seria a opinião das mesmas em relação à importância da música na Educação Pré-Escolar, bem como a presença de uma profissional no dia a dia da instituição, assim como os benefícios que consideravam que isso trazia para os seus grupos, utilizando-se o mesmo guião da entrevista à educadora da sala. (Guião da Entrevista às Educadoras -Anexo 4)

Depois de todos os dados serem recolhidos, foi necessário analisar os mesmos para refletir sobre as questões levantadas nesta investigação. Sendo assim, esta análise está plasmada no capítulo seguinte.

1. Descrição e análise de dados

Os dados que a seguir são apresentados e analisados foram recolhidos através da observação das aulas de expressão musical de todos os grupos da educação pré-escolar. Foram também recolhidos através das entrevistas realizadas às educadoras e à professora de música que lecionava as aulas aos grupos observados. Sendo assim serão agora apresentados os dados recolhidos nas mesmas e a sua posterior análise (Quadro de Análise das entrevistas- Anexo 5)

1.1. Dados recolhidos através das entrevistas à

professora de música e às educadoras

Quadro 1 - Planificação de acordo com os interesses do grupo

Planificação de acordo com os interesses do

grupo Número de Registos

Sim 1

Não 0

Não se prenunciaram 4

O quadro 1 é relativo à pergunta número 9 “Como planifica as aulas de música?”

(34)

33 Análise

No que diz respeito à planificação de acordo com os interesses do grupo, a professora de música afirmou que se preocupava com este aspeto. Esta afirma que “Planificar as atividades das aulas de música não é tarefa fácil, dada a diversidade dos métodos, estratégias de ensino e abordagens de conteúdos existentes atualmente. (…). Ao planear coloco no centro da aprendizagem a própria criança. (…) É muito importante e necessário conhecer as crianças e levar em conta as suas idades, interesses e necessidades para poder planificar de acordo com os interesses, aprendizagens e necessidades das crianças que vou dar aula” (Quadro de Análise das Entrevistas- Anexo 5)

Relativamente às educadoras, estas não se pronunciaram sobre a planificação no que diz respeito à música uma vez que esta é trabalhada por uma professora externa, ainda que trabalhem a música na sua sala.

Isto é, o que os dados parecem indicar, é que do ponto de vista de todos

os docentes envolvidos, a planificação das aulas de música parece ser vista

como algo da completa responsabilidade da professora de música que, por seu lado sente que deve articular esta planificação com o que o grupo está a trabalhar ou sobre as questões em que as crianças demonstram interesse nas suas salas.

Quadro 2 - Evoluções nas Aprendizagens das Crianças

O quadro 2 foi elaborado tendo por base a resposta à pergunta número 7 “Ao longo do ano letivo são evidentes as evoluções nas aprendizagens das crianças? Se sim, quais? “

Evidencias nas evoluções nas

aprendizagens das crianças Número de Registos

Sim 1

Não 0

(35)

34 Análise

As evidências nas evoluções das aprendizagens das crianças foi uma constatação por parte da professora de música que afirma que ao longo

do ano percebeu evoluções das crianças não só no que diz respeito à formação

de música, mas também ao nível do desenvolvimento transversal das

crianças. Esta afirmação é possível constatar na sua entrevista onde afirma: “Claro que sim, quando se acompanha um grupo durante os três anos no Pré-Escolar percebe-se bem a evolução nas aprendizagens. Consigo ver na linguagem, na expressão corporal, na atenção, no desenvolvimento da apreciação musical, na identificação e produção dos diversos aspetos que caracterizam os sons e no desenvolvimento de habilidades cognitivas essenciais para o futuro” (Quadro de Análise das Entrevistas- Anexo 5). Na sua entrevista não só afirma que é possível ver a evolução das crianças, apontando competências concretas em que consegue perceber a evolução, como reforça a ideia da importância de desenvolvimento para a criança.

As educadoras não se pronunciaram sobre este aspeto e isso poderá ser explicado pelo facto no seu dia a dia em sala não planificarem unicamente para música uma vez que tem um professor de música que dá aula semanal do qual faz parte do currículo da instituição. Estes dados parecem assim apontar para

a ideia de que a presença de um professor especialista na instituição coloca a área da música como algo exterior ao trabalho que é realizado em sala.

Quadro 3 - Importância da Formação em música para trabalhar a

Área Artística da música

(36)

35

O quadro 3 foi construído através da análise da seguinte pergunta: “Na sua formação teve formação específica na área da música? Considera importante a existência dessa área? Porquê?”

Análise

Relativamente à importância da formação em música para trabalhar a área artística, quer as educadoras quer a professora de música afirmaram

ser importante. No que concerne às educadoras é importante referir o facto de

que todas elas referirem nas entrevistas, que tiveram formação no curso na

área da música, mas que não consideram ser suficiente, pois tiveram que

estudar a nível pessoal para poder trabalhar com o grupo de uma melhor forma. Uma das educadoras afirma que “Tive expressão musical, foi uma mais valia. No entanto, tive de pesquisar e dedicar-me a esta área, para ficar mais apta a trabalhar com o grupo nesta área” (Quadro de Análise das Entrevistas- Anexo 5)

Quadro 4 - Importância da música para as crianças

O quadro 4 foi construído a partir dos dados recolhidos nas entrevistas quer das educadoras quer da professora de expressão musical nas seguintes perguntas: “Na sua opinião qual a importância da música para as crianças no pré-escolar? “; “Que importância acha que a música tem no dia-a-dia das crianças?”

Importância da formação em música para trabalhar a área artística em

música

Número de Registos

Sim 5

Não 0

Importância da música no dia a dia

das crianças Número de Registos

É Importante 5

Não é importante 0

(37)

36 Análise

Apesar do que foi indicado pelos dados antes analisados, todos os

profissionais que estão em contacto com a criança no seu dia a dia na

instituição, quer educadoras quer a professora de expressão musical, concordam que a música é importante para o dia a dia das crianças. Uma das educadoras afirma mesmo que “A música na educação assume um papel de grande importância na construção de um futuro sustentável, ao promover a criatividade, inovação e pensamento crítico, capacidades estas fundamentais para uma cultura emancipadora, e igualdade e responsabilidade social. A música permite a libertação de uma energia que pode ser canalizada para uma experiencia criativa e produtiva” (Quadro de Análise das Entrevistas- Anexo 5)

Quadro 5 - Importância da presença de um profissional em música

O quadro 5 foi construído a partir dos dados recolhidos nas entrevistas quer das educadoras, quer da professora de expressão musical, mais precisamente na pergunta número 7, realizado às educadoras, “Tendo em conta que a instituição disponibiliza no seu currículo a música com um professor da área, considera isso uma mais valia para as crianças?

Análise

A partir da análise do quadro acima evidenciado, é possível constatar, que

todas as profissionais envolvidas nesta investigação, consideram ser uma mais valia ter um profissional especializado na área da música. Uma

educadora, neste sentido afirma: “Considero uma mais valia para as crianças, pois sendo um profissional da área, as atividades são adequadas à faixa etária de forma mais ajustada. Por outro lado, tem disponível um leque de recursos, que permite diversificar as aulas, apresentando estratégias distintas. Permite

Importância da presença de um

profissional Número de Registos

É Importante 5

Não é importante 0

(38)

37

ainda, que o educador, contacte com novas formas de expressão e comunicação na área da música, existindo um crescimento pessoal e profissional. “(Quadro de Análise das Entrevistas - Anexo 5). Esta educadora, não só afirma ser uma mais valia para as crianças, como para o educador, no sentido de que traz novos

recursos e estratégias.

Quadro 6 - Competências ao Nível Musical/ Desenvolvimento

Integral da Criança

O quadro número 6 foi construído a partir dos dados recolhidos nas entrevistas quer das educadoras quer da professora de expressão musical. Este quadro não foi elaborado a partir de uma pergunta específica, mas de todas as respostas, uma vez que em todas as perguntas evidenciaram competências adquiridas através da música.

Análise

Através do quadro supracitado é possível perceber que quer as

educadoras quer a professora de música consideram a música como parte muito importante do currículo. Uma educadora afirma que “As expressões

são uma forma de comunicação e expressão. Através da música, as crianças partem de uma experiência interna e movem-na para uma experiência criativa externa. As crianças têm prazer, são felizes e aprendem sobre si mesmas e sobre os outros ao tocarem música juntas e ouvindo-se uns aos outros” (Quadro das Entrevistas- Anexo 5) Através da análise do quadro acima é possível perceber que o que parece ser reconhecido por estas profissionais como tendo

maior impacto no que diz respeito à música nas crianças é ao nível do

Número de Registos

Importância da música no currículo 5 Necessidade de adequar o currículo às

crianças 1

Competências trabalhas através da

(39)

38 desenvolvimento das suas competências transversais, apresentando um

número de registos mais elevado.

Sendo assim, foi necessário analisar de uma forma mais profunda as competências. Dessa análise surgiu os quadros a seguir evidenciados.

Competências ao nível de formação

musical Número de Registos

Perceção auditiva 2

Perceção sonora 1

Apropriação da linguagem elementar da

música 1

Competências ao nível do

desenvolvimento integral da criança Número de Registos

Atenção 2 Desenvolvimento da linguagem 2 Desenvolvimento global 2 Autoconhecimento 2 Desenvolvimento da expressão 2 Memorização 1 Organização sequencial 1 Interdisciplinaridade 1 Felicidade 1 Conhecimento do outro 1 Desenvolvimento intelectual 1 Desenvolvimento auditivo 1 Desenvolvimento sensorial 1 Desenvolvimento motor 1 Desenvolvimento da comunicação 1 Habilidades sociais 1 Desenvolvimento da criatividade 1 Desenvolvimento do equilíbrio 1 Desenvolvimento da autoestima 1

(40)

39 Análise

Através da observação dos quadros a cima é possível constatar uma

grande variedade de competências, que na opinião destas profissionais, são trabalhadas nas crianças através da música. Como é possível perceber,

através da visualização destes quadros, estes estão divididos em competências globais das crianças e competências relacionadas com a formação musical. As que tiveram maior número de registos foram as competências globais das crianças trabalhadas através da música, o que leva a querer que nestas faixas

etárias, a música é trabalhada essencialmente para o desenvolvimento integral da criança.

É possível perceber que, através das entrevistas realizadas às intervenientes desta investigação, que as aulas de expressão musical não são planificadas de forma articulada com o trabalho realizado em sala pela educadora. Relativamente ao trabalho realizado na sala, as educadoras não planificam para a área de expressão musical, pelo facto de entenderem que esta já é abordada por um profissional especialista.

Relativamente as competências trabalhadas através da música, todas as profissionais envolvidas, focam estas competências o que leva a que querer que consideram importante trabalhar a música na Educação Pré-Escolar. As que tiveram maior número de registos foram: as competências globais da criança, das quais a atenção, o desenvolvimento da linguagem e global da criança, o autoconhecimento e o desenvolvimento da expressão.

(41)

40

1.2. Dados recolhidos através das entrevistas às

educadoras

Quadro 7 - Reação do Grupo Perante a Música

O quadro 7 foi construído a partir dos dados recolhidos nas entrevistas dadas às educadoras, mais especificamente, nas respostas à pergunta número 4: “Qual é a reação que o grupo tem perante a música?”

Análise

Relativamente à receção do grupo perante a música as educadoras a apontaram que as crianças são recetivas, interessadas e motivadas perante

atividades de música quer nas aulas de música quer no dia a dia da sala em

que a música também está presente. Uma educadora, afirma que mesmo que “As crianças reagem com interesse, e motivação nas diferentes atividades; são entusiastas e recetivos” (Quadro de Análise das Entrevistas- Anexo 5)

Reação do grupo perante a música Número de Registos

Recetivo 4

Interessados 4

(42)

41

Considerações Finais

No presente trabalho de investigação procurou-se perceber quais os impactos da presença de um professor de música no desenvolvimento da criança, num contexto de Jardim de Infância. No sentido de recolher dados que permitissem responder a esta questão, realizou-se um estudo de caso na própria instituição onde se realizou a prática supervisionada.

Neste trabalho foi utilizada a observação direta dos grupos de crianças de 3, 4 e 5 anos e da professora de música, que lecionava as aulas. Para complementar e consolidar a observação realizada pela estagiária, foram realizadas entrevistas às educadoras responsáveis pelos grupos observados e à professora de música, que lecionava as aulas aos grupos.

A música é indiscutivelmente importante para o desenvolvimento integral da criança. Essa importância é valorizada uma vez que nas OCEPE contemplam as áreas artísticas, onde está inserida a expressão musical, tal como é evidenciado no capítulo 2.1 no presente relatório, em que se descrevem os objetivos definidos para a expressão musical.

Embora a música seja, como está plasmado ao longo desse mesmo capítulo, valorizada nos documentos orientadores da Educação de Infância, a música, no contexto onde foi realizada a presente investigação, é lecionada por um professor especialista na área de expressão musical. Este facto foi a questão impulsionadora desta investigação que teve como objetivos perceber não só os benefícios da presença deste profissional para as crianças, mas também que competências, segundo as educadoras e a professora de música, eram desenvolvidas/ trabalhadas através da música neste contexto.

Sendo assim, revelou-se importante perceber o que os autores, que se debruçavam sobre esta temática, diziam nomeadamente no que diz respeito aos benefícios da música na Educação Pré-escolar. Esta dimensão da música foi abordada no capítulo 3, em que no término desse capítulo, é possível enumerar evidências no que diz respeito ao papel da música no Jardim de Infância:

(43)

42

a) o educador de infância deveria ter uma formação consolidada em música, porque mesmo que as crianças tenham oportunidade de ter expressão musical com o profissional especializado, o educador de infância é quem está toda a semana e todas as horas do dia com o grupo. Sendo a música uma área que potencia o desenvolvimento de saberes em todas as áreas, reforça-se a importância de uma sólida formação artística musical na formação do educador de infância.

b) O professor de música, que trabalha no contexto de educação de infância, deve ser um profissional que valorize a criança como um ser integral em que precisa da música para todas as áreas de conhecimento.

c) No que diz respeito ao espaço que a música deve ocupar no Pré-Escolar, considera-se que esta deve estar presente no Jardim de Infância como uma área transversal de saberes que tanto contribui para as aprendizagens.

A análise de dados recolhidos através das entrevistas realizadas às educadoras e à professora de música, permitiu perceber que todas estão de acordo com a afirmação evidenciada na primeira alínea. Mais precisamente consideram ser uma mais valia ter um professor especializado a lecionar as aulas de expressão musical. Exemplo disso é a educadora que afirma “Sim, claro, a música não deixa de ser trabalhada/ vivida na sala apesar do profissional especializado, possuir um vasto leque de conhecimentos e estratégias diversas e enriquecedoras para o grupo” (Quadro de Análise das Entrevistas- Anexo 5).

No que diz respeito à formação do educador, vários autores estão de acordo no sentido de que o educador deveria ter mais formação na área da expressão musical, nomeadamente nas OCEPE, onde é valorizada a música “Por meio de enriquecer as possibilidades de expressão e comunicação das crianças. Neste domínio é crucial a intencionalidade do educador “(capítulo II-2.1). Neste aspeto as educadoras entrevistadas são unânimes concordando com o que é defendido nesse mesmo capítulo, uma das educadoras, na entrevista afirma que “Tive expressão musical na minha formação base, foi uma mais valia.

(44)

43

No entanto, tive de pesquisar e dedicar-me a esta área para ficar mais apta a trabalhar com o grupo nesta área” (Quadro de Análise- Anexo 5).

No que diz respeito às duas últimas alíneas, após a observação direta do contexto e a posterior análise dos dados obtidos, é possível afirmar que todas as profissionais envolvidas nesta investigação, têm plena noção da importância da música no dia-a-dia do Jardim de Infância e no que esta pode contribuir para o desenvolvimento integral da criança, nas mais variadas áreas. Estas estão presentes no quadro número 6, que se intitula “Competências ao nível musical/ desenvolvimento integral da criança” que foi construído na base da análise das entrevistas às educadoras e à professora de música. As que mais se destacam, foram as competências ao nível do desenvolvimento da criança como ser integral, no que diz respeito ao desenvolvimento da linguagem, da atenção, do autoconhecimento, do conhecimento do outro e no desenvolvimento da expressão. Outras competências também foram mencionadas, como se pode constatar através da visualização do quadro, mas como muito menos número de registos como a memorização, o desenvolvimento intelectual e auditivo, felicidade e desenvolvimento da comunicação.

Em suma, de acordo com os dados recolhidos, é possível afirmar, que a música é valorizada pelos profissionais envolvidos nesta investigação, que têm perfeita consciência das competências que devem ser trabalhadas através da música e que isso deve ser cada vez mais valorizada na profissão pelo importante papel que tem no desenvolvimento da criança. Esta dimensão de valorização da expressão musical na Infância, está presente no capítulo III- 3, por Vásquez e Nino que descrevem os objetivos da expressão musical com vista ao desenvolvimento integral da criança:

potenciar a discriminação auditiva, estimular e potenciar as habilidades motoras básicas como caminhar, correr e saltar; favorecer o trabalho corporal no espaço e no tempo; potenciar a voz, favorecendo a expressão falada e cantada como meio de expressão o canto; aumentar a capacidade de

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