• Nenhum resultado encontrado

Existem Diferenças nos Resultados da Angioplastia Directa no Sexo Feminino?

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Existem Diferenças nos Resultados da Angioplastia Directa no Sexo Feminino?"

Copied!
9
0
0

Texto

(1)

R E S U M O Introdução: Em doentes com enfarte agudo do

miocárdio (EAM), a angioplastia percutânea (ACTP) é de forma crescente aceite como a terapêutica de reperfusão mais eficaz. No sexo feminino estão descritos factores com implicação prognóstica na evolução do EAM. Existem diferenças detectáveis de morbilidade e mortalidade, após ACTP directa, no sexo feminino?

Objectivos: Avaliar o perfil clínico e os

resultados, em termos de morbilidade e mortalidade intrahospitalar, em mulheres submetidas a angioplastia directa por síndrome coronário agudo (SCA) com supradesnivelamento do segmento ST.

Metodologia: Análise retrospectiva de 245

doentes consecutivos, 72 dos quais do sexo feminino (29,4 %), admitidos entre Janeiro de 2000 a Dezembro de 2001 por SCA com supradesnivelamento do segmento ST e submetidos a ACTP directa. Avaliámos a prevalência dos vários factores de risco cardiovascular – hipertensão arterial (HTA), tabagismo, dislipidémia, diabetes mellitus, história familiar –; antecedentes pessoais de angina, EAM e angioplastia prévios; horas de evolução do enfarte; características angiográficas e evolução clínica.

Resultados: Do estudo descritivo dos dados,

verificou-se que os doentes do sexo feminino eram mais idosos (67,9 ± 11,6 vs 59,6 ± 13; p < 0,001), com maior prevalência de HTA (65,3 % vs 47,4 %; p < 0,05) e angina (29,0 %

vs 16,0 %; p < 0,05) e menor prevalência de

tabagismo (27,8 % vs 54,3 %; p < 0,001). A demora média (horas) entre o início da sintomatologia e a ACTP foi

Angioplastia Directa no Sexo Feminino?

[12]

JOANAFELICIANO,ANTÓNIOJOSÉFIARRESGA,ANATERESATIMÓTEO,NUNOPELICANO,DUARTECACELA, RUIFERREIRA,LURDESFERREIRA,JOSÉMARIAGONÇALVES,JORGEQUININHA

Serviço de Cardiologia, Hospital de Santa Marta, Lisboa, Portugal

193

A B S T R A C T

Differences in Outcome in Primary Angioplasty in Women

Background: In acute myocardial infarction

(AMI), primary percutaneous transluminal coronary angioplasty (PTCA) has proved to be the best therapeutic approach. Several factors have been associated with worse outcome in AMI in females. Are there differences in outcome in women undergoing PTCA for AMI?

Aim: To evaluate gender influence on clinical

outcome and in-hospital mortality in patients with AMI who undergo primary percutaneous interventions.

Methods: We studied 245 consecutive patients

(72 women, 29.4 %), who underwent primary PTCA between January 2000 and December 2001. The following parameters were analyzed: risk factors for coronary artery disease including hypertension, diabetes, smoking, hypercholesterolemia and family history, previous AMI, PTCA or angina, pain-to-balloon time, extent of coronary disease and outcome.

Results: Female patients were older

(67.9 ± 11.6 vs. 59.6 ± 13; p < 0.001) with a higher prevalence of hypertension (65.3 % vs. 47.4 %; p < 0.05) and angina (29.0 % vs. 16.0 %; p < 0.05) and lower prevalence of smoking (27.8 % vs. 54.3 %; p < 0.001). Pain-to-balloon time was longer in women

(6.8 ± 4.1 vs. 5.4 ± 3.7 hours; p < 0.05). Extent of coronary disease was similar in both groups. Glycoprotein IIb/IIIa inhibitors were used in 84.7 % of women and 90.8 % of men. The frequency of hemorrhagic complications (5.6 % vs. 5.2 %) and arrhythmias (15.3 % vs.

Recebido para publicação: Junho de 2004 • Aceite para publicação: Novembro de 2004 Received for publication: June 2004 • Accepted for publication: November 2004

(2)

INTRODUÇÃO

E

m estudos recentes, a angioplastia primária tem demonstrado ser uma terapêutica de re-perfusão eficaz no contexto de enfarte agudo do miocárdio (EAM)(1). Nos doentes submetidos a esta terapêutica, têm sido descritas diferenças entre os sexos, nomeadamente no perfil clínico e no prognóstico a curto e longo prazo. As mu-lheres são mais idosas, com maior número de comorbilidades, apresentam com maior fre-quência hipertensão arterial (HTA), diabetes

mellitus (DM), hipercolesterolémia e história de

angina(2-7). Apresentam também, com maior fre-quência, insuficiência cardiaca congestiva (ICC), apesar da melhor função ventricular(2). Após estudos demonstrarem que o benefício de uma estratégia invasiva precoce se estende igualmente ao sexo masculino e feminino(6, 7), na prática ainda existe alguma discrepância na abordagem dos doentes, quer no timing, quer na agressividade terapêutica(9). Contudo, com-194

INTRODUCTION

I

n recent studies, primary angioplasty has pro-ved to be the best therapeutic approach in acute myocardial infarction (AMI)(1). Differen-ces between the sexes have been reported in patients undergoing this therapy, particularly in terms of clinical profile and short- and long-term prognosis. Women patients tend to be old-er and to have greatold-er comorbidity, and more frequently have hypertension (HT), diabetes, hypercholesterolemia and a history of angina(2-7). Heart failure is also more common among wo-men, despite their better ventricular function(2). Even after studies demonstrating that the benefits of an early invasive strategy are seen equally in both sexes(6, 7), in practice there are still differences in the approach adopted, in both timing and therapeutic aggressiveness(9). However, comparison of the situation some years ago with the present day shows there is increasing clinical and angiographic success in

Palavras-Chave

Cardiologia de intervenção; Angioplastia primária; Mulheres

Key words

Coronary revascularization; Primary angioplasty; Women

significativamente maior nas mulheres (6,8 ± 4,1 vs 5,4 ± 3,7; p < 0,05). Angiograficamente, o número de lesões existentes e abordadas foi semelhante nos dois grupos. Utilizaram-se inibidores da glicoproteína IIb/IIIa em 84,7 % das mulheres e 90,8 % dos homens. Dos eventos considerados, verificou-se maior ocorrência de complicações hemorrágicas minor (5,6 %

vs 5,2 %), arritmias (15,3 % vs 10,4 %) e

mortalidade intrahospitalar (9,7 % vs 6,4 %) no sexo feminino, sem no entanto apresentar significado estatístico. A demora média intra--hospitalar foi semelhante nos dois grupos.

Conclusão: Apesar da crescente preocupação

com a homogeneidade de abordagens diagnósticas e terapêuticas nos dois sexos, particularmente no acesso a terapêutica de reperfusão, a morbilidade e mortalidade são tendencialmente superiores na nossa população, sem contudo atingir significado estatístico. A idade mais avançada e a maior demora até à realização da angioplastia, podem explicar esta discrepância.

10.4 %) and in-hospital mortality (9.7 % vs. 6.4 %) were higher in females, although without statistical significance (p = NS). Hospitalization time was similar in both groups.

Conclusions: Despite the growing awareness

of a gender bias in therapeutic approaches to AMI, there are still some differences in outcome, with a trend towards higher mortality rates in women. Older age and longer pain-to-balloon time could account for this.

(3)

parando a realidade de há alguns anos com a actual, verifica-se um crescente sucesso clínico e angiográfico nas mulheres, mantendo as mes-mas características basais de maior comorbili-dade(10).

Estudos recentes apontam para prognósticos semelhantes entre os sexos após angioplastia primária por EAM(6, 7, 11, 12), após ajustados para

os diferentes perfis clínicos, sendo até o sexo feminino factor predizente de menor mortali-dade ao 1 ano(11) e aos 5 anos(2). A discussão,

contudo, permanece, em termos de uma maior mortalidade intrahospitalar nas mulheres(3, 13).

Transpondo esta questão para a nossa clí-nica e realidade actuais, existirão ainda dife-renças detectáveis de morbilidade e mortali-dade no sexo feminino após angioplastia primária?

A tentativa de melhor entender as diferen-ças entre os sexos na apresentação, patofisiolo-gia e evolução da doença coronária torna-se im-portante para melhor tratar esta população(15).

Avaliámos assim o perfil clínico e os resultados em termos de morbilidade e mortalidade intra-hospitalar, em mulheres submetidas a angio-plastia directa no contexto de síndrome coroná-rio agudo (SCA) com supradesnivelamento do segmento ST.

METODOLOGIA

Foram analisados rectrospectivamente 245 doentes consecutivos admitidos na Unidade de Cuidados Intensivos entre Janeiro de 2000 e Dezembro de 2001 por SCA com supradesnive-lamento do segmento ST e submetidos a angio-plastia primária, considerada como intervenção coronária realizada na altura de apresentação do SCA e como modo inicial de terapêutica. Os dados foram recolhidos através da consulta dos processos clínicos e dos relatórios dos cateteris-mos diagnósticos e de intervenção.

Avaliaram-se os seguintes factores de risco cardiovascular: hipertensão arterial (HTA), dia-betes mellitus (DM) tipo 1 e 2, dislipidémia, tabagismo, história familiar de doença cardio-vascular e antecedentes pessoais de doença coronária. Foram ainda avaliados: a demora média entre o início da sintomatologia e a ACTP; a extensão da doença coronária; resulta-dos angiográficos da angioplastia; frequência de utilização de inibidores das glicoproteínas IIb/IIIa (abciximab); evolução em classe clínica de Killip; complicações hemorrágicas e

arrítmi-cas e mortalidade intrahospitalar. 195

women, notwithstanding the same baseline cha-racteristics of greater comorbidity(10).

Recent studies indicate similar prognosis for both sexes following primary angioplasty for AMI(6, 7, 11, 12)after adjustment for different

clini-cal profiles, with female gender even being a predictor of lower mortality at one year(11) and

five years(2). The debate nevertheless continues

in the light of greater in-hospital mortality among women(3, 13).

Examining this question in the context of the current situation in clinical practice, would there still be detectable differences in outcome in women undergoing primary angioplasty?

A better understanding of the differences between the sexes in terms of the presentation, pathophysiology and evolution of coronary disease is important in order to better treat this population(15). We therefore evaluated the

clini-cal profile and outcome in terms of in-hospital morbidity and mortality in women undergoing primary angioplasty for ST-segment elevation acute coronary syndrome (ACS).

METHODS

We retrospectively studied 245 consecutive patients admitted to the Intensive Care Unit be-tween January 2000 and December 2001 for ST-segment elevation ACS who underwent pri-mary angioplasty, defined as a percutaneous co-ronary intervention as the first-line therapy at the time of ACS presentation. The data were collected through consultation of clinical re-cords and results of diagnostic and interventio-nal catheterizations.

The following cardiovascular risk factors were assessed: hypertension, type 1 and 2 dia-betes, dyslipidemia, smoking, family history of cardiovascular disease and personal history of coronary artery disease, as well as pain-to-bal-loon time, extent of coronary disease, angiogra-phic results of angioplasty, use of glycoprotein IIb/IIIa inhibitors (abciximab), clinical evolu-tion of Killip class, hemorrhagic and arrhythmic complications and in-hospital mortality.

Hypertension was defined as systolic blood pressure of over 140 mmHg or diastolic blood pressure of over 90 mmHg in at least three measurements or regular antihypertensive medica-tion at the time of admission. Diabetes was defi-ned as previous treatment with oral antidiabe-tics or insulin and dyslipidemia as total choles-terol of over 200 mg/dl. Family history of

(4)

A HTA foi definida pela determinação da pressão arterial sistólica superior a 140 mmHg ou diastólica superior a 90 mmHg em pelo me-nos três determinações, ou por medicação anti-hipertensiva regular à data de admissão; DM foi definida em termos de tratamento prévio com antidiabéticos orais ou insulina; dislipidemia foi considerada em doentes com valor de coles-terol total superior a 200 mg/dl; história fami-liar para doença cardiovascular como a ocor-rência de angor pectoris, EAM ou morte súbita antes dos 55 anos de idade em familiar de pri-meiro grau; antecedentes pessoais de doença coronária como EAM prévio ou angioplastia percutânea ou cirurgia de revascularização mio-cárdica prévias ou angor pectoris crónico está-vel. Foram ainda considerados como comorbili-dades importantes a existência de doença cerebrovascular (DCV) e de doença vascular periférica (DVP). A revascularização foi consi-derada completa quando todas as lesões diag-nosticadas com significado angiográfico foram abordadas no mesmo procedimento; o sucesso da intervenção coronária foi definido como a re-dução da lesão em pelo menos 20 % com a este-nose residual inferior a 50 %, e na presença de fluxo TIMI(3). Complicações hemorrágicas foram

definidas de acordo com a classificação TIMI: Mínima como sinal clínico de hemorragia asso-ciada a diminuição da Hemoglobina (Hgb) < 3 g/dl ou Hematócrito (Htc) < 9%, Minor quando a queda de Hgb se situa entre 3 e 5 g/dl ou Htc entre 9 e 15 % e Major se a diminuição da Hgb for superior a 5 g/dl ou Htc superior a 15 % ou hemorragia intracraneana. Mortalidade intra-hospitalar considerada a que ocorreu durante ou após o procedimento, e antes da alta hospi-talar.

A análise estatística foi efectuada através do programa SPSS 10.0, recorrendo ao teste do qui-quadrado (χ2) e Teste exacto de Fisher para

as variáveis qualitativas, e ao Teste t Student para variáveis contínuas.

RESULTADOS

As características basais da população estu-dada estão apresentadas no Quadro I. Dos 245 doentes admitidos, 72 (29,4 %) eram mulheres. Da análise descritiva dos dados, verificou-se que os doentes do sexo feminino eram significa-tivamente mais idosos, com a média de idades nas mulheres a situar-se nos 67,9 ± 11,6 anos e no sexo masculino 59,6 ± 13 anos (p < 0,001)

196

cardiovascular disease was defined as angina, AMI or sudden death before age 55 in a first-degree relative, and personal history of coro-nary artery disease as previous AMI, percuta-neous angioplasty or surgical myocardial revascularization, or chronic stable angina. Ce-rebrovascular disease (CVD) or peripheral vas-cular disease (PVD) were also considered signi-ficant comorbidity. Revascularization was considered complete when all the lesions diag-nosed as angiographically significant were treated during the same procedure; successful coronary intervention was defined as at least 20 % reduction in the lesion with residual ste-nosis of less than 50 %, plus TIMI flow 3. Hemorrhagic complications were defined accor-ding to the TIMI classification: minimal with clinical evidence of hemorrhage associated with a fall in hemoglobin (Hb) of < 3 g/dl or hemato-crit (Hct) of < 9 %, minor with a fall in Hb be-tween 3 and 5 g/dl or Hct bebe-tween 9 and 15 %, and major with a fall in Hb over 5 g/dl or Hct above 15 % or intracranial hemorrhage. In-hospital mortality was defined as death during or following the procedure and before hospital discharge.

The statistical analysis was performed using SPSS for Windows version 10.0, using the chi-square test and Fisher’s exact test for the quali-tative variables and the Student’s t test for the continuous variables.

RESULTS

The baseline characteristics of the study po-pulation are given in Table I. Of the 245 pa-tients admitted, 72 (29.4 %) were women. Anal-ysis of the data showed that female patients were significantly older, with a mean age of 67.9 ± 11.6 years versus 59.6 ± 13 years in men (p < 0.001) (Fig. 1). There was a higher preva-lence of HT (65 % versus 47 %, p < 0.05) and history of angina (29 % versus 16 %, p < 0.05) in women. Smoking was more prevalent in men (54 % versus 28 %, p < 0.0001).

Pain-to-balloon time was significantly longer in women, with a mean of 6.8 hours versus 5.4 hours in men (p < 0.05) (Fig. 2).

The extent of coronary disease was similar for both sexes (Fig. 3). Revascularization was considered incomplete in 50 % of women and 38.9% of men and complete in 44.4 % of wo-men versus 58.7 % of wo-men (Fig. 4), with a higher overall primary success rate in men

(5)

(Fig. 1). Houve maior prevalência no sexo femi-nino de HTA (65 % versus 47 %, p < 0,05) e his-tória prévia de angina (29 % versus 16 %, p < 0,05). O tabagismo foi mais prevalente no sexo masculino (54 % versus 28 %, p < 0,0001). A demora média entre o início da sintoma-tologia e a angioplastia foi significativamen-te maior nas mulheres, com média de 6,8 ho-ras versus 5,4 hoho-ras nos homens (p < 0,05) (Fig. 2).

A extensão da doença coronária foi seme-lhante entre os sexos (Fig. 3). A revasculariza-ção foi considerada incompleta em 50 % das mulheres e em 38,9 % dos homens, completa em 44,4 % das mulheres versus 58,7 % dos ho-mens (Fig. 4), sendo que a taxa de sucesso pri-mário global foi superior no sexo masculino (97,6 % versus 94,4 %; pNS). A angioplastia não foi possivel efectuar em quatro doentes do sexo feminino (5,6 %) e em quatro doentes do sexo masculino (2,4 %), por dificuldade técnica de passagem do fio guia através da lesão.

Não houve, nesta população, necessidade de cirurgia de revascularização urgente por insu-cesso da angioplastia.

A utilização de inibidores das glicoproteínas IIb/IIIa (abciximab) como terapêutica adjuvante durante o procedimento foi menor nas mulheres (84,7 % versus 90,8 %), embora sem significado estatístico.

Dos parâmetros avaliados, as complicações hemorrágicas mínimas e minor foram mais fre-quentes no sexo feminino (5,6 % versus 5,2 %), sem atingir significado estatístico (Fig. 5).

Ape-nas 2 doentes (0,8 %) tiveram hemorragia con- 197

(97.6 % versus 94.4 %; p = NS). Angioplasty could not be performed in four women (5.6 %) and four men (2.4 %), due to technical difficul-ties in passing the guide wire through the le-sion.

There was no need for urgent revasculariza-tion surgery due to unsuccessful angioplasty in this population.

Glycoprotein IIb/IIIa inhibitors (abciximab) were used as adjuvant therapy during the pro-cedure less in women (84.7 % versus 90.8 %), although without statistical significance.

Of the parameters assessed, minimal and minor hemorrhagic complications were more common in women (5.6 % versus 5.2 %), but without reaching statistical significance (Fig. 5). Only two patients (0.8 %), both male, had major hemorrhages. Evolution of Killip class was less favorable in women (class II in 13.4 % of wo-men versus 7.9 % of wo-men, p = NS). In-hospital mortality was 6.4 % in men (11 patients) and 9.7 % in women (7 patients), without statistical significance, the causes of death being: respira-tory infection requiring mechanical ventilation, sepsis, ischemic stroke (one patient), pericar-dial effusion following free-wall rupture (one patient), and ventricular arrhythmias refractory to therapy followed by ventricular failure. DISCUSSION

Following various studies indicating that wo-men with ACS were less often referred and were treated more conservatively, it has become im-portant to find out whether in the current state Quadro I

Variáveis demográficas e características da população

Sexo masculino Sexo feminino p TOTAL 173 (70,6%) 72 (29,4%) Média de idades 59,6±13 67,9±11,6 p<0,001 HTA 82 (47,4%) 47 (65,3%) p<0,05 Dislipidémia 76 (43,9%) 31 (43,1%) NS DM tipo 2 25 (14,5%) 13 (18,1%) NS DM tipo 1 4 (2,3%) 2 (2,8%) NS Tabagismo 94 (54,3%) 20 (27,8%) p<0,0001 História Familiar 28 (16,2%) 11 (15,3%) NS DCV 11 (6,4%) 3 (4,3%) NS DVP 10 (5,8%) 1 (1,4%) NS Angina prévia 27 (16,0%) 20 (29,0%) p<0,05 EAM prévio 15 (8,8%) 4 (5,7%) NS PTCA prévia 10 (5,9%) 2 (2,9%) NS

HTA:Hipertensão arterial; DM: Diabetes Mellitus; DCV: Doença Cerebro-vascular; DVP: Doença Vascular Periférica; EAM: Enfarte Agudo Miocár-dio; PTCA: angioplastia coronária percutânea. NS: Não Significativo.

Table I

Demographic variables and characteristics of the population Male Female p TOTAL 173 (70.6%) 72 (29.4%) Mean age 59.6±13 67.9±11.6 p<0.001 HT 82 (47.4%) 47 (65.3%) p<0.05 Dyslipidemia 76 (43.9%) 31 (43.1%) NS Type 2 diabetes 25 (14.5%) 13 (18.1%) NS Type 2 diabetes 4 (2.3%) 2 (2.8%) NS Smoking 94 (54.3%) 20 (27.8%) p<0.0001 Family history 28 (16.2%) 11 (15.3%) NS CVD 11 (6.4%) 3 (4.3%) NS PVD 10 (5.8%) 1 (1.4%) NS Previous angina 27 (16.0%) 20 (29.0%) p<0.05 Previous AMI 15 (8.8%) 4 (5.7%) NS Previous PTCA 10 (5.9%) 2 (2.9%) NS

HT: Hypertension; CVD: Cerebrovascular disease; PVD: Peripheral vascu-lar disease; AMI: Acute myocardial infarction; PTCA: Percutaneous trans-luminal coronary angioplasty; NS: Non-significant.

(6)

siderada major, ambos do sexo masculino. A evolução clínica em classe de Killip (KK) foi menos favorável nas mulheres (KK = II em 13,4 % das mulheres versus 7,9 % dos homens, com p = NS). A mortalidade intra-hospitalar foi de 6,4 % no grupo masculino (11 doentes) e de 9,7 % no grupo feminino (7 doentes), sem signi-ficado estatístico, sendo as causas de morte as seguintes: infecção respiratória com necessi-dade de ventilação mecânica, sepsis, acidente vascular cerebral isquémico (um doente), der-rame pericárdico após ruptura em parede livre (um doente), e disrritmias ventriculares refrac-tárias à terapêutica com falência ventricular.

198

of development, in the era of stenting, this less invasive approach is being maintained.

In this series of patients admitted for ST-segment elevation ACS who underwent primary angioplasty, women had similar baseline charac-teristics to those reported in previous works (2-5, 7):

they were older and thus presented a higher prevalence of other age-associated pathologies, i.e. HT, diabetes and angina. Clinical manifes-tation of coronary artery disease occurs later in women(2), which was also the case in our results.

Smoking and previous AMI and angioplasty were more common in men, which is also com-parable to observations described in the litera-ture. In our population, dyslipidemia, CVD and PVD were also more prevalent in men, although without statistical significance.

Mean pain-to-balloon time is typically lon-ger in women(16, 5), which was also found in our

population. The diversity of clinical presenta-tions and consequent difficulties in recognizing and evaluating symptoms, together with the ten-dency for women to delay seeking medical at-tention, may account for this difference.

The extent of coronary disease was similar for both groups, which is in agreement with some other studies(2), although the incidence of

incomplete or unsuccessful revascularization was higher in the female patients. Bearing in mind that the anatomical and structural charac-teristics of the vessels and lesions are conside-red crucial factors for success in angioplasty(14),

the smaller diameter of coronary arteries in wo-men(20), related to their smaller body area, has

been implicated in the higher mortality

obser-Fig. 1 Distribuição por idades. Fig. 1 Distribution by age.

Fig. 2 Demora média «dor-angioplastia». Fig. 2 Mean pain-to-balloon time.

(7)

DISCUSSÃO

Depois de vários trabalhos terem apontado para uma menor referenciação e tratamento mais conservador no sexo feminino no contexto de SCA, torna-se importante perceber se no estado actual de desenvolvimento e na era dos stents, esta abordagem menos invasiva se mantém.

Nesta série de doentes admitidos por SCA com supradesnivelamento de ST e submetidos a angioplastia primária, as mulheres mantêm as características basais descritas em trabalhos anteriores(2-5, 7): são mais idosas, apresentando

portanto maior prevalência de outras patologias relacionadas com a idade: HTA, DM e angina. A apresentação clínica de doença coronária na mulher é mais tardia(2), patente também nestes

resultados. O tabagismo, a história prévia de EAM e angioplastia foram mais frequentes no sexo masculino, também sobreponível a obser-vações anteriores descritas na literatura. Con-tudo, na nossa população, a dislipidémia, DCV e DVP foram mais prevalentes nos homens, em-bora sem significado estatístico.

A demora média entre o início da sintomato-logia e a angioplastia é tipicamente maior nas

mulheres(16, 5), o que se verificou também na

nossa população. A diversidade de apresenta-ções clínicas, com dificuldade no reconheci-mento e valorização das queixas e a procura mais tardia de cuidados de saúde, podem expli-car esta desigualdade.

A extensão da doença coronária foi seme-lhante entre os dois grupos, coincidente com al-guns estudos(2), embora a incidência de

revascu-larização incompleta e de revascurevascu-larização não conseguida tenha sido maior no sexo feminino. Atendendo a que as características anatómicas e estruturais dos vasos e das lesões são considera-das importantes no êxito da angioplastia(14), o

menor calibre das coronárias no sexo femini-no(20), relacionado com uma menor área corporal,

têm sido implicados na maior mortalidade ob-servada nas mulheres(12), factor passível de

con-dicionar uma abordagem menos agressiva e um menor sucesso primário da angioplastia.

Nas mulheres, continuam a ser utilizados com menor frequência os inibidores das glico-proteínas IIb/IIIa, apesar de estudos terem de-monstrado a sua igual eficácia entre os sexos(8).

Se por um lado este grupo, com uma maior carga de factores de risco, teria um maior bene-fício potencial no uso desta terapêutica(6), por

outro, o seu perfil de alto risco, traduz-se num

uso mais cauteloso e conservador dos inibidores 199

ved in women(12), and is a factor that might

in-fluence the adoption of a less aggressive ap-proach and their lower primary success rate of angioplasty.

Glycoprotein IIb/IIIa inhibitors continue to be used less frequently in women, despite the fact that studies have proved that they are equally effective in both sexes(8). While on the

one hand, women, with their greater risk factor load, would potentially derive greater benefit from the use of these drugs(6), on the other, their

high-risk profile would indicate a more cautious and conservative use of glycoprotein IIb/IIIa inhibitors. This is supported by studies showing an increased incidence of hemorrhage in

wo-0 5 10 15 20 25 30 35 40 36.1 36.7 36.1 33.7 27.8 29.6 Doença 1 vaso 1-vessel disease Doença 2 vasos 2-vessel disease Doença 3 vasos 3-vessel disease % doentes % patients

Sexo feminino / Female Sexo masculino / Male

Fig. 3 Extensão da doença coronária. Fig. 3 Extent of coronary disease.

0 10 20 30 40 50 60 70 44.4 % doentes % patients 58.7 50.0 38.9 5.6 2.4 Revascularização completa Complete revascularization

Sexo feminino / Female Sexo masculino / Male Revascularização incompleta Incomplete revascularization Não conseguida Nor deformed

Fig. 4 Sucesso da angioplastia. Fig. 4 Success rates of angioplasty.

(8)

das glicoproteínas IIb/IIIa, consubstanciado por estudos que mostram ainda uma incidência au-mentada de hemorragias nas mulheres após esta terapêutica(19).

Na nossa população, a morbilidade e morta-lidade intra-hospitalar são superiores no sexo feminino, resultados coincidentes com alguns

trabalhos(5). A idade mais avançada e a maior

demora até à realização da angioplastia podem justificar esta discrepância. O ajuste para a idade, factores de risco e comorbilidades reve-lou, em estudos mais recentes, um prognóstico semelhante entre os sexos(6, 7, 11, 12), e até com

be-nefício para o sexo feminino(2, 11). A melhoria

tecnológica, a diversidade actual de stents, a utilização de terapêuticas coadjuvantes, tem vindo a melhorar progressivamente o prognós-tico das mulheres quando submetidas a angio-plastia primária(4, 10).

Como limitação importante deste estudo, o facto de não ter sido incluído a importância do tratamento médico adjuvante com fármacos que comprovadamente diminuem a mortalidade no contexto de EAM. O facto das mulheres pode-rem receber este tipo de terapêutica em menor quantidade, pode influenciar negativamente o prognóstico.

No presente trabalho, retrospectivo e descri-tivo, com doentes consecutivos e não seleccio-nados, nomeadamente os de alto risco e de idade avançada, as diferenças entre os sexos re-lativamente a abordagens terapêuticas e resul-tados após angioplastia primária, ainda se man-tém, com uma morbilidade e mortalidade tendencialmente superior no sexo feminino.

200

men following treatment(19).

In our population, in-hospital morbidity and mortality were higher in women, which is in agreement with other studies(5). Older age and a

longer pain-to-balloon time could account for this. More recent studies have shown that, after adjustment for age, risk factors and comorbidity, the prognosis for both sexes is similar(6, 7, 11, 12) or

even better in women(2, 11). Technical advances,

the wide range of stents currently available and the use of coadjuvant therapies have progressi-vely improved prognosis in women undergoing primary angioplasty(4, 10).

An important limitation of this study is the fact that no account was taken of the influence of adjuvant treatment with drugs with proven ability to reduce mortality in AMI. The fact that women may receive this type of therapy less frequently may adversely effect prognosis.

In this retrospective and descriptive study of consecutive non-selected patients, particularly older, high-risk individuals, there are still diffe-rences between the sexes in terms of therapeu-tic approach and outcome following primary an-gioplasty, with morbidity and mortality tending to be higher in women. 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 5.6 % doentes % patients 5.2 15.3 10.4 13.4 7.9 9.7 6.4 Hemorragia Minor/Mínima Minimal/minor hemorrhage

Sexo feminino / Female Sexo masculino / Male Arritmias Arrhythmia KK>II Killip>II Mortalidade Mortality

Fig. 5 Complicações intrahospitalares. Fig. 5 In-hospital complications.

Pedidos de separatas para: Address for reprints: JOANA GOMES FELICIANO Serviço de Cardiologia Hospital de Santa Marta Rua de Santa Marta

1169-024 LISBOA, PORTUGAL e-mail: joanafeliciano@netcabo.pt

(9)

201

BIBLIOGRAFIA / REFERENCES 1. GUSTO IIb Investigators. A Clinical Trial Comparing

Pri-mary Coronary Angioplasty with Tissue Plasminogen Activa-tor for Acute Myocardial Infarction. N Engl J Med 1997; 336:1621-8.

2. Jacobs AK, Kelsey SF, Brooks MM, et al. Better outcome for women compared with men undergoing coronary revascu-larization: a report from the bypass angioplasty revasculariza-tion investigarevasculariza-tion (BARI). Circularevasculariza-tion 1998;98(13):1279-85. 3. ACC/AHA Guidelines for Percutaneous Coronary Interven-tion (Revision of the 1993 PTCA Guidelines) - Executive Summary. A report of the American College of Cardiology/ American Heart Association Task Force on Practice Guideli-nes (Committee to Revise the 1993 GuideliGuideli-nes for Percuta-neous Transluminal Coronary Angioplasty). Circulation 2001;103:3019-41.

4. Jacobs AK. Coronary Revascularization in Women in 2003: sex revisited. Circulation 2003;107:375-7.

5. Vakili BA, Kaplan RC, Brown DL. Sex-Based Differences in Early Mortality of Patients Undergoing Primary Angio-plasty for First Acute Myocardial Infarction. Circulation 2001;104:3034-8.

6. Glaser R, Herrmann HC, Murphy SA, Demopoulos LA, Di-Battiste PM, Cannon CP, Braunwald E. Benefit of an early in-vasive management strategy in women with acute coronary syndromes. JAMA 2002;288(24):3124-9.

7. Mehilli J, Kastrati A, Dirschinger J, Bollwein H, Neumann FJ, Schomig A. Differences in prognostic factors and out-comes between women and men undergoing coronary artery stenting. JAMA 2000;284(14):1799-805.

8. Cho L, Topol EJ, Baloy C et al. Clinical benefit of glycopro-tein IIb/IIIa blockade with abciximab is independent of gen-der: pooled analysis from EPIC, EPILOG and EPISTENT trials. J Am Coll Cardiol 2000;36:381-6.

9. Gan SC, Beaver SK, Houk PM, MacLehose RF, Lawson HW, Chan L. Treatment of acute myocardial infarction and 30-day mortality among women and men. N Eng J Med 2000;343:8-15.

10. Jacobs AK, Kelsey SF, Yeh W, et al. Documentation of decline in morbidity in women undergoing coronary angio-plasty (a report from the 1993-94 NHLBI percutaneous

trans-luminal coronary angioplasty registry). Am J Cardiol 1997; 80:979-84.

11. Mehilli J, Kastrati A, Dirschinger J, et al. Sex-Based Analysis of Outcome in Patients With Acute Myocardial In-farction Treated Predominantly With Percutaneous Coronary Intervention. JAMA 2002;287:210-5.

12. Peterson ED, Lansky AJ, Kramer J, Anstrom K, Lanzilotta MJ. Effect of gender on the outcomes of contemporary percu-taneous coronary interventions. Am J Cardiol 2001;88(4): 359-64.

13. Bell MR, Grill DE, Garratt KN, Berger PB, Gersh BJ, Holmes DR. Long-term Outcome of Women Compared With Men after Successful Coronary Angioplasty. Circulation 1995; 91:2876-81.

14. Schunkert H, Harrel L, Palacios IF. Implications of small reference vessel diameter in patients undergoing percuta-neous coronary revascularization. J Am Coll Cardiol 1999;34:0-48.

15. Wexler LF. Studies of Acute Coronary Syndromes in Wo-men – Lessons for Everyone. N Eng J Med 1999;341:275-6. 16. Vaccarino V, Parsons L, Every NR, Barron HV, Krum-holtz HM. Sex-based differences in early mortality after myo-cardial infarction. N Eng J Med 1999;341:217-25.

17. Boden WE, McKay RG. Optimal treatment of acute coro-nary syndromes – an evolving strategy. N Engl J Med 2001; 344:1939-42.

18. Canto JG, Allison JJ, Kiefe CI, Fincher C, Farmer R, Se-kar P Person S, Weissman NW. Relation of Race and Sex to the Use of Reperfusion Therapy in Medicare Beneficiaries with Acute Myocardial Infarction. N Eng J Med 2000 3421094-100.

19. Jacobs AK, Johnson JM, Haviland A, et al. Improved out-comes of women undergoing contemporary percutaneous coro-nary intervention: a report from the National Heart, Lung and Blood Institute Dynamic Registry. J Am Coll Cardiol 2002;39:1606-14.

20. Sheifer SE, Canos MR, Weinfurt KP, Arora UK, Mendel-sohn FO, Gersh BJ, Weissman NJ. Sex differences in coro-nary artery size assessed by intravascular ultrasound. Am

Imagem

Fig. 1 Distribution by age.
Fig. 3 Extent of coronary disease.
Fig. 5 Complicações intrahospitalares.

Referências

Documentos relacionados

As zonas mais procuradas são, 1º Vera-Cruz (Agras do Norte) Glória (Alboi, Bairro do Liceu), 2º Esgueira, 3º S. Bernardo, estas são as zonas mais procuradas.. bairros como Santiago,

This mathematical expression allows the sustainability quantification of an energy process conversion, in this case, the electricity production through photovoltaic cells.. This

Com o objetivo de favorecer o desenvolvimento dos participantes para agir profissional e academicamente, ao mesmo tempo que pudessem ampliar o conhecimento de si, na

Association of Monocyte Count on Admission with the Angiographic Thrombus Burden in Patients with ST‑Segment Elevation Myocardial Infarction Undergoing Primary Percutaneous

Within the manufacturing sector, the most frequent economic activities in the cases of potential synergy involve chemical, iron and steel, pulp and paper, construction materials,

Comparison of coronary stenting versus conventional balloon angioplasty on five-year mortality in patients with acute myocardial infarction undergoing primary percutaneous

Early vs late administration of glycoprotein IIb/IIIa inhibitors in primary percutaneous coronary intervention of acute ST-segment elevation myocardial infarction: a

Como mencionei na introdução, o último ano profissionalizante, cumpre os seus principais objetivos quanto mais perto estiver de assegurar com responsabilidade