• Nenhum resultado encontrado

A Curva Ambiental de Kuznets para emissão de CO2 no Brasil : uma análise com cointegração em painel.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A Curva Ambiental de Kuznets para emissão de CO2 no Brasil : uma análise com cointegração em painel."

Copied!
134
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA APLICADA

ALEX EUGÊNIO ALTRÃO DE MORAIS

A Curva Ambiental de Kuznets para emissão de CO

2

no Brasil: uma análise

com cointegração em painel

Mariana - MG 2019

(2)

Alex Eugênio Altrão de Morais

A Curva Ambiental de Kuznets para emissão de CO

2

no Brasil: uma análise

com cointegração em painel

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Economia Aplicada da Universidade Federal de Ouro Preto como parte das exigências para obtenção do Título de Mestre em Economia Aplicada.

Orientador: Prof. Dr. Héder Carlos de Oliveira

Mariana - MG 2019

(3)

Catalogação na fonte elaborada pelo bibliotecário: Essevalter de Sousa - CRB6a. 1407 M827c Morais, Alex Eugênio Altrão de

A Curva Ambiental de Kuznets para emissão de CO2 no Brasil [recurso eletrônico] : uma análise com cointegração em painel Alex Eugênio Altrão de Morais.-Mariana,

MG, 2019.

134 f.: il., gráfs., tabs.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Instituto de Ciências Sociais Aplicadas. Departamento de Ciências Econômicas e Gerenciais. Programa de Pós-Graduação em Economia Aplicada

1. Crescimento econômico - Brasil - Teses. 2. MEM. 3. Efeito estufa (Atmosfera) - Brasil - Teses. 4. Dissertação. 5. Biodiversidade - Brasil - Teses. 6. Amostragem (Estatistica) - Teses. I.Oliveira, Héder Carlos de. II.Universidade Federal de Ouro Preto - Instituto de Ciências Sociais Aplicadas - Departamento de Ciências Econômicas e Gerenciais - Programa de Pós-Graduação em Economia Aplicada. III. Título.

CDU: Ed. 2007 -- 504 : (81) : 15 : 1422805

(4)
(5)

AGRADECIMENTOS

Em vários momentos pensei em não incluir essa parte a este trabalho, uma vez que no geral somente o próprio escritor faz uma pausa para fazer esta leitura. No entanto, desconsiderei este pensamento e venho aqui agradecer tudo e todos que foram peças fundamentais para a conclusão de mais essa etapa acadêmica em minha vida.

Em um primeiro momento agradeço a Deus, que foi capaz de planejar cuidadosamente todo o percurso acadêmico em minha vida, desde os ensinos fundamentais até o presente mestrado, me mostrando que o único caminho para a vitória é espinhoso, mas devemos ter fé e força da esperança, aguardando o momento certo chegar.

Aos meus familiares, principalmente meus pais e irmã, Aparecido, Elizabeth, e Angélica, que se mostraram muito orgulhos do integrante mais novo de toda a família em sua segunda geração. Ambos foram capazes de incentivar a busca por um aprendizado eficiente e não mediram esforços para me auxiliar nesta caminhada fora de casa.

Aos demais familiares, colocando destaque aos meus tios Itamar e Maria Aparecida e José Carlos e Cecília, que sempre torceram, apoiaram e pediram a Deus para que eu conquistasse mais esse passo em minha formação.

Ao meu orientador Professor Doutor Héder Carlos de Oliveira, que pode me auxiliar no desenvolvimento deste trabalho, capaz de me incentivar a uma busca tremenda de conhecimentos antes não promovidos. Proporcionando uma independência incondicional em formulações acadêmicas e atividades de docência.

A Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), juntamente como o Programa de Pós-Graduação em Economia Aplicada (PPEA), por proporcionar um ensino de qualidade nesta etapa acadêmica. Aos professores e técnicos do PPEA e do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA), em especial as professoras Mirian Martins Ribeiro e Rosângela Aparecida Soares Fernandes, que puderam em conjunto mostrar como é dolorosa a vida após a universidade, o desenvolvimento acadêmico e atividades de docência, assim como a promoção de projetos extensivos.

Meus melhores agradecimentos a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPP) da UFOP, pelo apoio financeiro, o que tornou viável a continuidade ao meu projeto de pesquisa.

(6)

Aos membros da banca de qualificação e defesa professores doutores Alberto de Freitas Castro Fonseca, Cristiane Márcia dos Santos e Ana Carolina da Cruz Lima, pelo tempo disponibilizado para avaliar e propor contribuições que puderam enriquecer este trabalho.

Ao companheiros de mestrado e turma do PPEA-2017, principalmente Matheus Souza, Stela Gomes, Suelen Costa e Tayanne Arcebispo, que tiveram um grande destaque neste processo, transformados naquele grande grupo de estudo até mesmo durante os finais de semana no ICSA, companhias de aniversários e cafés da tarde.

Aos amigos da graduação que a UFOP pode proporcionar, em especial Lucas Queiroz, Marco Antônio Teixeira e Mirelly Cavalheiro. As repúblicas Galinheiro e Rasga Saia pela amizade e momentos de descontração do mundo acadêmico nos velhos e bons rocks.

E por fim, mas não menos importantes, aos amigos paulistas e companheiros do ensino médio Barbara Roque, Lucas Vicentini, João Vitor, Bruno Fernandes e Vitor Malaguti, em que até a presente data estiveram comigo, apoiando e incentivando a conclusão desta nova etapa acadêmica.

(7)

“É impossível manter um crescimento econômico infinito em um planeta finito.”

(8)

RESUMO

Durante as últimas décadas as discussões sociais e econômicas incorporaram um significativo e singular destaque às questões ambientais. Esta preocupação intensificou o processo de repensar o conceito de crescimento econômico e seus impactos na biodiversidade. Acentuado, principalmente, após a primeira Comissão Internacional do Meio Ambiente em 1972, a atenção ambiental ganhou maior relevância nos anos subsequentes com os encontros do Rio de Janeiro em 1992 e 2012, bem como em Nova York no ano de 2015. Desde então, diversos pesquisadores e policimakers voltaram suas atenções para o crescimento econômico e as questões ambientais. Apesar de muitos cientistas alegarem a inexistência de uma relação favorável entre crescimento econômico e meio ambiente, alguns economistas discordam desse ponto de vista, sendo esses últimos pesquisadores pautados, a partir das evidências empíricas encontradas, inicialmente, por Grossman e Krueger (1991, 1995). Para esses autores, a relação entre o crescimento da economia e a emissão de poluentes é defininda na forma de um U-invertido, e argumentam que países ou regiões mais ricas têm a possibilidade de investir maiores esforços para conservar a biodiversidade ainda que estejam em constante processo de crescimento econômico (Mills e Waite, 2009). Nesse contexto, o objetivo desse trabalho é investigar a hipótese teórica da Curva Ambiental de Kuznets (CKA) para o Brasil. Para tanto, foi utilizado o modelo STIRPAT com Painel Cointegrado para os estados brasileiros e Distrito Federal durante o período de 1991 a 2016. Foi incorporado ao modelo controles provenientes da própria estrutura STIRPAT, sendo a parcela “population” mensurado pelo contingente de população total e urbana, e a parcela “technology” representada pelo valor adicionado bruto da transformação industrial, o comércio internacional e o consumo residencial energético e como proxy para “affluence” o PIB per capita. Os resultados encontrados não indicam a presença da CAK para a economia brasileira, sendo que o país encontra-se em uma fase monotonicamente crescente da curva. Portanto, não é possível determinar a existência de uma relação no formato de “U” invertido entre crescimento do PIB per capita brasileiro e a degradação ambiental brasileira, via emissão de CO2, isto é, a

economia brasileira está em uma fase em que, o crescimento econômico está condicionado à degradação do meio ambiente havendo, portanto, a necessidade de políticas ambientais que incentivem o crescimento econômico do país a partir da uma lógica ambiental mais sustentável.

Palavras-chave: Crescimento Econômico, Efeito Estufa (Atmosfera), Biodiversidade, Amostragem (Estatistica).

(9)

ABSTRACT

Over the last decades, social and economic discussions have incorporated a significant and singular emphasis on environmental issues. This concern has intensified the process of rethinking the concept of economic growth and its impacts on biodiversity. With particular focus after the first International Commission on the Environment in 1972, environmental attention became more relevant in the years that followed the Rio de Janeiro city meetings in 1992 and 2012, as well as in New York city in the year 2015. Since then, several researchers and policimakers turned their attention to economic growth and environmental matters. Although many scientists claim that there is no favorable relationship between economic growth and the environment, some economists disagree with this interpretation, having behind their arguments, empirical evidences pioneered by Grossman and Krueger (1991, 1995). For these authors, the relationship between economic growth and emission of pollutants is defined as a curve in an inverted U format. They argue that wealthier countries or regions have the possibility of investing greater efforts to conserve biodiversity even though they are in constant process of economic growth (Mills and Waite, 2009). In this context, the aim of this study is to investigate the theoretical hypothesis of the Environmental Kuznets Curve (EKC) for Brazil. For this purpose, it was used the STIRPAT model with Cointegrated Panel Data for the Brazilian states and the Federal District during the period from 1991 to 2016. Based on the literature review, it was added control variables in the STIRPAT model structure for instance, the total population and urban population as proxy for “population”; gross added value of industrial transformation, international trade and residential consumption energy as proxy for “technology”, and GDP per capita was used to measure the “affluence”. The results do not provide evidences por the EKC theory for the Brazilian economy during 1991 to 2016, and the the relationship between economic growth and CO2 emission is

monotonically increasing. Therefore, it is not possible to determine the existence of an inverted U-shaped relationship between Brazilian GDP per capita growth and the environmental degradation. This implies that, the Brazilian economy is located in the Environmental Kuznets Curve where growth economic situation is conditioned by the degradation of the environment, so there is a need for environmental policies that encourage the economic growth of the country based on a more sustainable environmental way.

Keywords: Carbon Gases Emissions, Greenhouse Effect (Atmosphere) , Biodiversity, Sampling (Statistics).

(10)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Os três períodos da Relação entre o Homem e a Natureza ... 20

Figura 2 – Medidas do Relatório Brundtland ... 21

Figura 3 – Emissões de 𝐶𝑂2 pelos países da OCDE (Anexo I da CQNUMC) no Pré-Kyoto . 31 Figura 4 – Emissão de 𝐶𝑂2 pelos países da OCDE e os não integrantes no Pré-Kyoto ... 32

Figura 5 – Emissão de 𝐶𝑂2 pelos países do Não-Anexos da CQNUMC no Pré-Kyoto ... 33

Figura 6 – Emissão de 𝐶𝑂2 pelos países do Anexo I e Não-Anexo no Pré-Kyoto ... 34

Figura 7 – Emissão de 𝐶𝑂2 pelos países do Anexo I e Não-Anexo no Protocolo de Kyoto ... 35

Figura 8 – Emissão de 𝐶𝑂2 pelos países do Anexo I e Não-Anexo Pós-Kyoto e Pré-Paris ... 38

Figura 9 – Participação das emissão de 𝐶𝑂2 brasileiras no Mundo e na América Latina e Caribe ... 41

Figura 10 – Participação por setor das emissão de 𝐶𝑂2 brasileiras ... 42

Figura 11 – Participação da emissão de 𝐶𝑂2 por estados no Brasil ... 43

Figura 12 – Curva Ambiental de Kuznets ... 49

Figura 13 – Lista de Testes de Raiz Unitária para Painel ... 69

Figura 14 – Emissões de 𝐶𝑂2 por Grandes Regiões Brasileiras, 1991 a 2016. ... 85

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Aplicações empíricas da CAK utilizando Emissão de 𝑪𝑶𝟐 como proxy degradação ambienal ... 57

Quadro 2 – Características dos Testes de Cointegração para Painel ... 78

Quadro 3 – Descrição das variáveis (séries) e hipótese esperada para os sinais dos parâmetros ... 80

Quadro 4 – Estruturas das Curvas relacionados aos sinais das variáveis de afluência ... 83

Quadro A - Resumo das Conferências das Partes de 1995 a 2017 ... 130

Quadro B – Estatísticas do Teste Pedroni (1999, 2004) de Raiz Unitária ... 133

(11)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Valores efetivos das emissões totais de CO2 no período de 1990 a 2010 ... 37

Tabela 2 – Valores efetivos das emissões totais de 𝐶𝑂2 por ações. ... 40

Tabela 3 – Análise descritiva das séries ... 87

Tabela 4 – Testes de Raiz Unitárias comuns em painel para as séries em nível ... 89

Tabela 5 – Testes de Raiz Unitárias individuais para as séries em nível ... 90

Tabela 6 – Testes de Raiz Unitárias comuns para séries em primeira diferença ... 91

Tabela 7 – Testes de Raiz Unitárias individuais para séries em primeira diferença ... 92

Tabela 8 – Teste de Cointegração para a primeira diferença das variáveis ... 93

Tabela 9 – Teste de Cointegração para a primeira diferença das variáveis padrão da CAK ... 94

Tabela 10 – Teste CD para séries em nível e transformação Logarítmicas ... 96

Tabela 11 – Teste CD para as séries em Primeira Diferença ... 96

Tabela 12 – Teste CADF considerando dependência de Pedroni (2007) para séries em nível e primeira diferença ... 98

Tabela 13 – Resultados do Teste CIPS considerando dependência de Pedroni (2007) para séries em nível e primeira diferença ... 99

Tabela 14 – Teste de Cointegração de Westerlund das séries em primeira diferença ... 100

Tabela 15 – Teste de Cointegração de Westerlund das variáveis padrão do modelo CAK em primeira diferença ... 100

Tabela 16 – Estimação FMOLS para a CAK no Brasil ... 104

Tabela 17 – Estimação DOLS para a CAK no Brasil ... 104

(12)

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ADF – Augmented Dickey-Fuller AP – Acordo de Paris

CADF - Cross-sectionally Augmented Dickey-Fuller CAK - Curva Ambiental de Kuznets

CCEMG - Common Correlated Effects Mean Group CD – Cross-section Dependence

CIPS - Cross-sectional augmented IPS

CMDS - Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável

CNUMAD - Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento 𝐶𝑂2 - Dióxido de Carbono

COP – Conferências das Partes

CQNUMC - Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima DF - Dickey-Fuller

DOLS – Group-mean Dynamic Ordinary Least Squares (MQO) ECMG - Estatísticas de Cointegração das Médias do Grupo ECP – Estatísticas de Cointegração do Painel

EIM - Estratégia de Implementação de Maurícias EPE - Empresa de Pesquisa Energética

EUA – Estados Unidos da América

FAO - Food and Agriculture Organization of the United Nations Fisher-ADF – Teste Fisher, Augmented Dickey-Fuller

Fisher-PP – Teste Fisher, Phillips e Perron

FMOLS - Group-mean Fully Modified Ordinary Least Squares (MQO) IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IPAT – Impact, Population, Affluence and Technology

IPEADATA – Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IPS – Teste Im, Pesaran e Shin

LLC – Teste Levin-Lin-Chu LM – Multiplicador de Lagrange MQO - Mínimos Quadrados Ordinários

(13)

ONU – Organização das Nações Unidas PAB – Programa de Ação de Barbados

PEID - Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento PIB - Produto Interno Bruto

PISMC - Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

PNMC - Política Nacional de Mudanças Climáticas RB - Relatório Brundtland

SEEG - Sistema de Estimativa de Emissão de Gases do Efeito Estufa SGS/BACEN - Sistema Gerenciador de Séries Temporais do Banco Central

STIRPAT - Stochastic Impacts by Regression on Population, Affluence and Technology TRU – Teste de Raiz Unitária

UE - União Europeia

URSS - União das Repúblicas Socialistas Soviéticas VAB – Valor Adicionado Bruto

(14)

SUMÁRIO

Introdução ... 15

Capítulo 1. Um breve histórico da questão ambiental e dos Encontros Internacionais do Meio Ambiente ... 19

1.1 O debate ambiental: motivações, desafios e políticas ... 19

1.2 Os encontros focados nas questões climáticas ... 25

Capítulo 2. Emissão de CO2 e a degradação ambiental ... 30

2.1 Emissões de dióxido de gás carbônico no mundo ... 30

2.2 Emissões de gás carbono no brasil: características históricas e regionais ... 39

Capítulo 3. A Curva Ambiental de Kuznets: origens e críticas... 46

3.1 Contextualização da Curva de Kuznets ... 46

3.2 A Curva Ambiental de Kuznets: concepção teórica, críticas e desdobramentos empíricos48 3.3 Aplicação empírica da CAK para emissão de dióxido de carbono ... 54

Capítulo 4. Metodologia Econométrica e Base de Dados ... 64

4.1 Do modelo IPAT para o STIRPAT ... 64

4.2 Estrutura Econométrica ... 67

4.3 Base de Dados ... 79

Capítulo 5. Resultados e Discussões ... 84

5.1 Análise Descritiva dos Dados ... 84

5.2 Testes de Raiz Unitária e Cointegração para Painel ... 88

5.3 Estimação de Longo Prazo e Discussão dos Resultados ... 101

Considerações Finais ... 109

Referências ... 113

ANEXO A – Conferências das Partes ... 130

ANEXO B – Estatísticas Teste Pedroni (1999,2004) ... 133

(15)

Introdução

Ao longo dos anos, a relação entre a degradação da biodiversidade e crescimento econômico ganhou cada vez mais espaço entre cientistas e policymakers, e intensificou as discussões internacionais sobre o crescimento econômico e suas consequências para o meio ambiente, nos âmbitos científico, econômico e social. Esse debate tornou-se mais evidente após a publicação do relatório Limites do Crescimento (1972), elaborado após o encontro do Clube de Roma, em 1968.

Essencialmente, segundo Meadows et al. (1972), o documento ocasionou a promoção do interesse frente ao meio ambiente, diagnosticando que a expansão econômica de forma contínua estava fadada à incompatibilidade com as condições de sustentabilidade da diversidade ecológica. Essas afirmações levavam em questão o modelo econômico de produção construído até a época, consistindo na interligação da degradação ambiental com aceleração da industrialização, o rápido crescimento populacional, a desnutrição generalizada e a deterioração dos recursos renováveis.

A argumentação anterior à questão apresentada no relatório Limites do Crescimento, pautava-se no esgotamento de recursos naturais e a contaminação ambiental advindas das ações humanas, na qual, a sobrevivência da humanidade estava na determinação consistente de um equilíbrio entre os dois fatores, economia e meio ambiente (LE PRESTRE, 2000).

Por outro lado, ainda de acordo com Le Prestre (2000), foi somente após os anos oitenta que surgiu no mundo, uma agenda de preservação do ecossistema contra os problemas globais de mudanças climáticas e degradação do habitat, baseado quase que exclusivamente na elevação da temperatura do planeta e desenvolvimento sustentável, tornando-se discutível não mais as limitações do crescimento, mas sim fazendo-o com vistas ao longo do tempo.

Foi baseada nestas premissas que a Organização das Nações Unidas (ONU) avançou na temática, propondo a partir da década de 1970, encontros e reuniões internacionais tendo o meio ambiente e as mudanças climáticas como sinalizadores da preservação da biodiversidade voltadas a mudanças climáticas (LAMB, 1995; LE PRESTRE, 2000).

Durante esses encontros e reuniões, diversos documentos foram acordados pelos representantes presentes, em que suas formulações significava a elaboração de normas, regras, princípios e até mesmo procedimentos que conduziam a tomada de decisão em torno das

(16)

expectativas internacionais quanto à preservação, articulando desta maneira, uma possível relação conflituosa de interesses econômicos e sociais, gerando um debate incontestável para economia como um todo, mas, sobretudo para a economia política nacional e internacional (SOUZA e CORAZZA, 2017).

No entorno deste debate, alguns pesquisadores, mais conservadores, argumentam que existe uma incompatibilidade entre a conservação do meio ambiente e crescimento econômico [Myers e Lanting (1999); Chambers et al. (2000), Czech (2003), Trauger et al. (2003), Wackernagel et al. (2002) e Adams et al. (2004)]. Por outro lado, outros autores [Grossman e Krueger (1991, 1995), Beckerman (1992), Shafik (1994) e Hollander (2003)] buscaram estabelecer uma compatibilização do crescimento econômico relacionado com os aspectos estritamente ambientais, mediante políticas econômicas e ambientais pertinentes e necessárias para que a relação pudesse ser estabilizada. A mais famosa hipótese utilizada por esses últimos pesquisadores, foi desenvolvida inicialmente por Grossman e Krueger (1991), conhecida como Curva Ambiental de Kuznets (CAK).

O argumento teórico da CAK parte da existência de uma relação entre os métodos de mensuração de degradação ambiental e o crescimento e desenvolvimento econômico, a ponto de se comportar como uma curva de U invertido ao longo da elevação da renda de um um país ou região (PANAYOTOU, 1993). O comportamento, portanto, da investigação assemelha-se ao teorizado por Kuznets (1955), quando compara a elevação do Produto Interno e a distribuição de renda nos Estados Unidos.

Segundo Brock e Taylor (2004) e Zambrano-Monserrate et al. (2016), o progresso econômico de uma região passa por dois estágios significativos relacionados ao meio ambiente. Inicialmente uma economia apresenta base econômica agrícola, a qual, caminha para a instalação industrial com elevada geração de resíduos, aumentando sem controle a degradação ambiental. Posteriormente, em uma segunda etapa, a indústria passa por uma mudança estrutural tecnológica e produtiva, aplicando métodos de produção sustentáveis abrindo assim, um fluxo de encadeamento para serviços intensivos em informação e tecnologia.

De acordo com Munasinghe (1999), esta trajetória de desenvolvimento, se apresenta predominantemente para todos os países em estágios iniciais de crescimento, o que pode criar uma vantagem significativa a metodologia da CAK, a qual possibilita a comparação entre os caminhos evolutivos dos países em desenvolvimento, promovendo uma aprimoração no

(17)

progresso de tal modo a evitarem os mesmos níveis degradativos explorados pelos países já desenvolvidos.

Vários indicadores de degradação ambiental foram utilizados para a estimação da CAK, tais como, poluidores do ar, água, solo e até mesmo o desmatamento de florestas. No entanto, como salienta Roberts e Grimes (1997), a problemática teórica envolvendo os marcadores de poluição da atmosfera pelos gases causadores do efeito estufa se tornar o foco principal de pesquisas empíricas nos últimos anos, principalmente os estudos que levam em consideração o dióxido de carbono (𝐶𝑂2).

Para esses autores, os trabalhos empíricos para o (𝐶𝑂2) tendem a permanecer em pauta devido ao longo período em que esse poluidor permaneceu como inofensivo aos seres humanos, por falta de uma determinação consistente do nível apropriado para a emissão, e principalmente, pela sua grande participação no aumento da temperatura do planeta, indicação destacada na Conferência de Mudanças Climáticas em 1979.

Neste contexto, o objetivo principal deste trabalho é investigar a relação entre o crescimento econômico e as emissões de dióxido de carbono para os estados brasileiros, tendo como premissa básica a possível indicação de políticas que possam conciliar um equilíbrio local para a continuidade do desenvolvimento sustentável. Da mesma forma que, Pao e Tsia (2011a), Zambrano-Monserrate et al. (2016) e Alam et al. (2016), esse trabalho procura averiguar a existência da hipótese da curva em formato de U invertido para o Brasil no período de 1991 a 2016.

Em tais circunstâncias, uma análise brasileira, se justifica pela escassez empírica de comprovação da hipótese da CAK no país principalmente considerando uma desagregação estadual. Sendo assim, de modo geral, a utilização de informações regiões são capazes de captar as relações heterogêneas locais, tanto de determinantes econômicos, sociais e culturais, quanto do próprio meio ambiente.

Segundo Li et al. (2015), diferentes metodologias de estimação têm sido desenvolvidas e utilizadas para examinar a influência dos fatores antropogênicos na concepção da degradação ambiental. Dentre esses modelos, está o STIRPAT “Stochastic Impacts by Regression on Population, Affluence and Technology”, desenvolvido por Dietz e Rosa (1994, 1997). O STIRPAT parte de uma reformulação sistemática, promovida a partir da estrutura IPAT proposta por Ehrlich e Holdren (1971), dado limitações estruturais do último modelo, devido à desconsideração proporcional das variações nos fatores de afluência,

(18)

população e tecnologia. Nesse sentido, com o objetivo de eliminar os limites empíricos existentes ao modelo original, Dietz e Rosa (1994, 1997) propõem uma alteração dos impactos do IPAT impactos fixos para efeitos estocásticos por meio de regressão na população, afluência e tecnologia.

De acordo com Li et al. (2015), o STIRPAT não apenas preservou as múltiplas relações entre os diferentes fatores determinantes propostos na década de 1970, mas também permitiu a inclusão de impactos não proporcionais das variáveis sobre a pressão ambiental, bem como, outros fatores sociológicos que poderiam ser testados empiricamente, se baseado em diferentes realidades e propósitos de pesquisa.

Em conformidade à estrutura STIRPAT, uma análise de raiz unitária e cointegração de painel serão empregadas na pretensão de estimar a relação envolvendo a CAK para a economia brasileira no longo prazo. A metodologia de aplicação empírica, respalda-se nas determinações de Song et al. (2008) e Jardón et al. (2017) que apontam questionamentos aos trabalhos seminais de estimação simples do painel desconsiderando as modificações em longo período de tempo.

O ponto inicial para a discussão baseia-se nas limitações da estimação de dados em painel considerando efeitos fixos e variáveis, a partir de séries temporais mais longas, devido à falta de diagnósticos das propriedades estacionárias das variáveis ao longo do tempo, à restrição ao pressuposto de independência entre as unidades observacionais e à possível ruptura estrutural econômica implícita na própria formulação da curva em U invertido.

Além dessa introdução, esse trabalho é dividido em cinco capítulos. O primeiro, retrata um breve histórico dos encontros internacionais do meio ambiente promovidos pela ONU. O segundo, realiza-se uma análise descritiva da emissão de 𝐶𝑂2 no mundo e no Brasil, focando nos anos de 1990 a 2014, períodos antecessores dos acordos internacionais e o Protocolo de Kyoto. O terceiro, teoriza a hipótese da CAK, suas limitações e os principais trabalhos empíricos considerando o dióxido de carbono. O quarto, objetiva-se apresentar o modelo STIRPAT, suas características, origem e funcionalidades, além disso, retrata a análise de Testes de Raiz Unitária (TRU), cointegração e estimação de longo prazo para dados em painel. Por fim, ocorre uma exploração dos resultados e proposições de possíveis políticas para garantir o desenvolvimento econômico sustentável no Brasil.

(19)

Capítulo 1. Um breve histórico da questão ambiental e dos Encontros

Internacionais do Meio Ambiente

1.1 O debate ambiental: motivações, desafios e políticas

No atual cenário mundial da constante necessidade de preservação e monitoramento do meio ambiente, os países em geral passaram a definir políticas visando o controle da degradação do habitat natural de sobrevivência dos seres vivos no planeta. Esta questão passou a fazer parte da agenda internacional, principalmente após as conferências realizadas pela Organização das Nações Unidas (ONU) (MOURA FILHO e MICHELS, 2013).

Para Le Prestre (2000), a recente relação entre o homem e a natureza é constituída por três fases distintas, identificadas na Figura 1. A primeira, teria início ao fim do século XIX até 1968, baseando-se na preocupação ecológica totalmente submetida ao pensamento econômico, em que o meio ambiente era visto como uma simples fonte de recursos para a elaboração de bens e serviços. Esse período foi marcado pela consideração da preocupação fundamental com o meio ambiente, conduzida desde a década de 1950, principalmente, pelos testes nucleares.

Dado este contexto, ocorreu a elaboração do relatório do Clube de Roma, o qual tinha por objetivo determinar uma limitação do crescimento mundial assegurado principalmente pela insustentabilidade do planeta caso o crescimento mantivesse sua tendência por mais cem anos (MEADOWS et al., 1972; BARBIERI, 2009)

A segunda fase, por sua vez, teve início em 1968 e durou até 1986. Conforme Le Prestre (2000), as relações com a meio ambiente partiam para uma alavancagem de primeiro plano internacional, tanto nos países em desenvolvimento quanto nas nações desenvolvidas. A questão não era mais tratada isoladamente para cada espécie de fauna ou flora, mas analisava-se o impacto da atividade humana como um todo.

Durante o período, foi realizada a primeira conferência internacional do meio ambiente, a Conferência das Nações Unidas sobre o Homem e o Meio Ambiente em Estocolmo, em 1972. O principal objetivo dessa Conferência foi definir meios práticos para encorajar e fornecer diretrizes visando proteger e melhorar o ambiente humano, bem como remediar e prevenir sua deficiência (HANDL, 2012).

(20)

De acordo com Monteiro (2012), a ideia central da Conferência das Nações Unidas foi propor um limite ao crescimento econômico, sob uma ótica de preservação futura dos recursos ambientais. Este cenário partia principalmente do anseio de convergência dos países em desenvolvimento em relação aos desenvolvidos, nos quais o consumo dos produtos naturais poderia ultrapassar os limites de preservação ambiental.

Figura 1 – Os três períodos da Relação entre o Homem e a Natureza

Fonte: Elaboração própria, adaptado de Le Prestre (2000).

Em 1987, ocorre o início da terceira fase das relações entre o homem e a natureza. Ainda segundo Le Prestre (2000), nessa terceira etapa a degradação do meio ambiente é tida como um problema global atingindo todos os indivíduos e nações, decorrente principalmente pelo tipo de desenvolvimento praticado pelos países.

Segundo Gibbs (2000), o ponto central deste último período parte da publicação do Relatório Brundtland (RB), ou o Nosso Futuro Comum, que inova na conciliação entre o meio ambiente e o desenvolvimento econômico em uma gestão política duradoura, caracterizando o “desenvolvimento sustentável”.

Ainda de acordo com Gibbs (2000), a definição de desenvolvimento sustentável utilizada pelo RB em 1987 enfatiza o principal fator que busca suprir as necessidades dos indivíduos no presente sem comprometer as habilidades das gerações futuras de sanarem suas condições de sobrevivência. Ainda que a definição de desenvolvimento sustentável conceda um grande número de definições na literatura, Gibbs (2000) aponta que, no geral, todas seguem os seguintes princípios fundamentais: qualidade de vida (incluindo e unindo aspectos sociais, econômicos e ambientais); cuidados com o meio ambiente; preocupações com o futuro e princípios de precaução; noções de justiça e equidade; e, relações participativas e promotoras de parcerias sociais.

O RB surgiu na pretensão de dirigir recomendações padrões (Figura 2) para todas as nações participantes do Primeiro Encontro Internacional do Meio Ambiente em Estocolmo.

P rim eira F a se

Período: século XIX até 1968.

Recursos ambientais vistos como fatores de

produção. Seg un da F a se Período: 1968 até 1986. Os impactos da atividade humana no meio ambiente analisados como um todo.

T

erceira Fa

se

Período: 1987 até atualidade

Preocupação global com o meio ambiente e a relação com questões sociais, políticas e culturais.

(21)

Para Le Prestre (2000), esse encontro não satisfez as expectativas quanto às determinações comuns de limitações dos poluidores, tanto da água, quanto do ar e do solo. Como consequência, formou-se a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, comandada pela ex-primeira-ministra norueguesa Gro Harlen Brundtland, cuja missão fundamental era explorar uma agenda coletiva e global para mudança das ações humanas frente ao meio ambiente (NASCIMENTO, 2012).

Figura 2 – Medidas do Relatório Brundtland

Fonte: Elaboração própria a partir do RB (UN, 1987).

Segundo Keeble (1988) e Oliveira (2012), o relatório ajustou uma combinação entre os processos econômicos e a ecologia, através da junção das ideias do desenvolvimento sustentável e o neoliberalismo econômico. Sendo assim, o crescimento econômico seria possível, desde que todos os países seguissem algumas normas, inclusive os subdesenvolvidos. Esta visão resultaria em um sistema de igualdade e hegemonia internacional, dando possibilidades de crescimento para ambos os mundos (desenvolvido e em desenvolvimento), distinguindo das ideias de interesses nórdicos em 1972.

Medidas para os Países

•Limitação do crescimento populacional;

•garantia de recursos básicos (água, alimentos, energia) a longo prazo; •preservação da biodiversidade e dos ecossistemas;

•diminuição do consumo de energia e desenvolvimento de tecnologias com uso de fontes energéticas renováveis;

•aumento da produção indústrial nos países não-indústrializados com base em tecnologias ecologicamente adaptadas;

•controle da urbanização desordenada e integração entre campo e cidades menores; •atendimento das necessidades básicas (saúde, escola, moradia).

Medidas Internacionais

•adoção da estratégia de desenvolvimento sustentável pelas organizações de desenvolvimento (órgãos e instituições internacionais de financiamento);

•proteção dos ecossistemas supra-nacionais como a Antártica, oceanos, etc, pela comunidade internacional;

•banimento das guerras;

•implantação de um programa de desenvolvimento sustentável pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Outras Medidas

•uso de novos materiais na construção;

•reestruturação da distribuição de zonas residenciais e indústriais;

•aproveitamento e consumo de fontes alternativas de energia, como a solar, a eólica e a geotérmica; •reciclagem de materiais reaproveitáveis;

•consumo racional de água e de alimentos;

(22)

Em 1989, a Assembléia das Nações Unidas convocou mais um encontro internacional do meio ambiente, que foi realizado em 1992 na cidade do Rio de Janeiro, Brasil. Essa Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), ficou conhecida como Rio-92.

A CNUMAD obteve como resultado a aprovação de vários documentos, entre eles, a “Declaração do Rio de Janeiro sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, a Convenção sobre Mudanças Climáticas, a Declaração de Princípios sobre Florestas, a Convenção de Biodiversidade e a Agenda 21” (BARBIERI, 2009, p. 47-48). No contexto da Rio-92, a Agenda 211 foi considerada o documento mais importante para a conferência. Segundo Le Prestre (2000), apelidada de “coração da CNUMAD”, o documento teve como objetivo a definição de parcerias mundiais dos atores empenhados na luta pelo desenvolvimento sustentável, sobretudo para os países pobres e ricos, dando-lhes metas e ações a serem cumpridas ao longo dos anos. Nesse sentido,

A Agenda 21 afirma as prioridades políticas dos Estados, fornece uma base para as ações das ONGs e distribui a autoridade sobre estas questões no interior do sistema das Nações Unidas. Este ponto está longe de ser negligenciável, mas é geralmente ignorado. A Agenda 21 não é um instrumento juridicamente impositivo, mas a identificação das questões que requerem atenção política, e a formulação de um plano de ação detalhado das políticas a serem empreendidas (LE PRESTRE, 2000, p. 221).

Em 1994, ocorreu em Barbados a Conferência Global sobre o Desenvolvimento Sustentável dos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento, a qual caracterizou-se como a primeira oportunidade de implementação da Agenda 21 e os outros documentos desenvolvidos na conferência Rio-92 (CARVALHO, 2013).

Ghina (2003) e Carvalho (2013) afirmam que o evento contou com a implementação de declarações e principalmente do Programa de Ação de Barbados (PAB)2. Os acordos firmados pelos representantes que compareceram ao encontro tiveram como referência as

1 A Agenda 21 é um plano abrangente de ação a ser adotado global, nacionalmente e localmente por organizações do Sistema das Nações Unidas, Governos e Grandes Grupos em todas as áreas de impactos humanos sobre o meio ambiente (LE PRESTRE, 2000).

2 Programa de Ação de Barbados pode ser caracterizado como um programa de 14 pontos que identifica áreas prioritárias e ações específicas necessárias para abordar os desafios especiais enfrentados pelos PEID. As áreas prioritárias são: mudança climática e aumento do nível do mar; desastres naturais e ambientais; gestão de resíduos; recursos costeiros e marinhos; recursos de água doce; recursos; recursos energéticos; recursos turísticos; recursos de biodiversidade; instituições e capacidade administrativa; instituições regionais e cooperação técnica; transporte e comunicação; ciência e tecnologia; desenvolvimento de recursos humanos (GHINA, 2003; CARVALHO, 2013).

(23)

consequências das ações humanas frente ao meio ambiente e foram focados nos problemas enfrentados pelas ilhas e arquipélagos destruídos e propriamente considerados inabitáveis (CARVALHO, 2013).

Embora os Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (PEID) buscassem o desenvolvimento sustentável, era necessário a assistência e cooperação dos países desenvolvidos em termos de recursos financeiros e técnicos adicionais para promoverem o desenvolvimento (GHINA, 2003).

Com uma expressão internacional um tanto questionável, ocorreu em 1997 em Nova York, a Assembleia Geral de Seção Especial para Acompanhamento da Implementação da Agenda 21. Segundo a UN (1997), o foco desse encontro internacional foi acelerar a instalação da Agenda 21 de maneira abrangente, sem renegociar suas disposições ou selecionar as nações para a participação. Além disso, a cooperação internacional, garantida pela Agenda 21, foi apontada como requisito para estabelecer o desenvolvimento sustentável.

A etapa seguinte da ONU frente ao meio ambiente ficou conhecida como a Terceira Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (CMDS). Sequinel (2002) destaca que:

A Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável - Rio+10, que aconteceu [...] em Johannesburgo, na África do Sul, é uma tentativa da ONU de reavaliar e implementar as conclusões e diretrizes obtidas na Rio92, em especial de avançar nas discussões e obter metas mais ambiciosas, específicas e bem definidas para alguns dos principais problemas ambientais de ordem global, entre os quais os relacionados às mudanças climáticas [...] (PEREIRA JR., 2002, p. 4).

Na visão de Wapner (2003) e Carr e Norman (2008), a CMDS produziu dois grandes documentos, a Declaração de Joanesburgo sobre o Desenvolvimento Sustentável e o Plano de Implementação. O primeiro estabeleceu um diagnóstico da relação entre o processo de desenvolvimento sustentável e as políticas sociais, ambientais e econômicas. E o segundo destacou possíveis instruções para garantir a proteção de recursos naturais do planeta durante as evoluções econômicas.

A quarta conferência mundial sobre o meio ambiente, ocorrida no Rio de Janeiro, em 2012, denominada Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável - RIO+20, teve o objetivo da renovação do compromisso político internacional com o desenvolvimento sustentável, por meio da avaliação das ações implementadas desde

(24)

Estocolmo, promovendo uma discussão de desafios novos e emergentes (GUIMARÃES e FONTOURA, 2012; UNCSD, 2012).

Ainda segundo Guimarães e Fontoura (2012), o cenário da conferência distanciava-se daqueles ocorridos anteriormente, uma vez que lidava apenas com uma averiguação das metas já estabelecidas. No entanto, dois temas importantes foram tratados durante o encontro: a economia verde e a estrutura institucional do desenvolvimento sustentável, que foram incluídos no principal documento elaborado no encontro, o Futuro que Queremos.

O primeiro elemento se propunha a estruturar ações para garantir um modelo de desenvolvimento ambientalmente responsável, socialmente justo e economicamente viável. O segundo, por sua vez, enquadrou-se na discussão sobre a necessidade do fortalecimento e da coerência nas atuações das instituições internacionais relacionadas ás principais questões do desenvolvimento sustentável, as parcelas social, ambiental e econômica (UNCSD, 2012).

Dado os princípios desenvolvidos para os PEID ao longo dos anos, a ONU passou a revisá-los periodicamente, o que aconteceu em 1999, 2005, 2010 e 2014. No ano de 1999, foi o momento de revisão do PAB, ou PAB+5. De acordo com Carvalho (2013), a assembleia destacou a necessidade de concentrar esforços nos meios de implementação das diretrizes por meio de estratégias de desenvolvimento sustentável, capacitação, mobilização de recursos e finanças, globalização e liberalização do comércio, transferência de tecnologia ambientalmente saudável e cooperação ou parceria internacional.

Em 2005, outra Assembléia Geral ocorreu em Port Louis (Maurícias) e teve como foco o PAB+10, ou seja, a revisão dos dez anos do PAB, denominado como Estratégia de Implementação de Maurícias (EIM). Em 2010, ocorreu a primeira revisão da EIM que buscou elaborar uma avaliação dos progressos realizados desde 2005, diante das vulnerabilidades ambientais das regiões insulares, assim como as lições e restrições do plano estratégico.

Em 2014, em Ápia ocorre a Terceira Conferência Internacional dos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento. O encontro tem por objetivo reafirmar os pressupostos estipulados no PAB, PAB+5, assim como no EIM/PAB+10 e EIM+5, incentivando a participação e auxílio dos grandes nações, apoiando principalmente sob formas de investimento financeiros.

(25)

Por fim, em 2015 ocorreu o encontro conhecido como Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável 2015. O documento acordado nesta reunião passou a ser conhecido como Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Segundo Alves (2015), a agenda internacional aprovou um conjunto de 17 objetivos e 169 metas a serem seguidas pelos países participantes, sendo nomeado de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

Diferentemente dos acordos anteriores, a Agenda de 2030 necessitava de uma diferenciação quanto ao monitoramento. Dessa maneira, os objetivos e metas foram acompanhados e avaliados utilizando um conjunto de indicadores globais. Destaca-se ainda que esses indicadores foram conjuntamente correlacionados com outros indicadores de complementos regionais e nacionais desenvolvidos pelos membros presentes no acordo da agenda (UN, 2015).

Para Alves (2015), a Agenda 2030 é universal, transformadora e baseada no respeito aos direitos humanos. Sendo assim, de uma maneira geral, os seus objetivos determinam a importância crucial para a preservação do meio ambiente e desenvolvimento sustentável, enfatizando as responsabilidades de todos, em conformidade com a Carta das Nações Unidas, de respeitar, proteger e promover os direitos e deveres humanos e ambientais.

Além disso, o documento propunha a implementação das metas e objetivos, voltados para uma cooperação internacional das nações quanto à pretensão do desenvolvimento sustentável, capazes de incorporar as determinações mesmo com cada particularidade e restrições financeiras e tecnológicas.

1.2 Os encontros focados nas questões climáticas

Apesar das discussões realizadas no encontros internacionais referentes ao meio ambiente, pouco se focou exclusivamente nas questões climáticas. O debate no entorno da mudança climática teve início após a publicação de Carson (1994), apontando os impactos das ações humanas no meio ambiente e também as razões de mudanças na temperatura global.

Lamb (1995) destaca que a primeira Conferência Mundial de Mudanças Climáticas ocorreu em Genebra no ano de 1979. O encontro concentrou-se principalmente nas mudanças climáticas e suas consequências para os seres humanos. Durante essa conferência, os participantes desenvolveram a Declaração da Conferência Mundial do Clima. Pela primeira

(26)

vez, esse esboço histórico identificou o dióxido de carbono como uma das causas do aquecimento global, o qual tem sido gerado principalmente pela combustão de combustíveis fósseis desde o início da industrialização mundial (WMO, 1979).

Como enfatiza Jäger e Ferguson (1991), em 1988, a mudança climática global tornou-se uma grande questão pública e política. Sendo assim, a ONU criou o órgão responsável para avaliação de pesquisas científicas, o chamado Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas – PISMC3. Segundo Agrawala (1998), embora criado principalmente com propósito político interno Americano e da ONU, o PISMC tornou-se o ponto central para estabelecimento de metas e consensos internacionais com as mudanças climáticas diagnosticadas até aquele momento, dado a realização dos encontros internacionais do meio ambiente de Estocolmo e o RB.

No ano de 1990, acontece a segunda Conferência Mundial do Clima4, a qual passa a avaliar os pressupostos e avanços dos países após 1979. Além disso, o encontro formulou propósitos para a continuação do Programa Mundial do Clima, levando em conta principalmente o relatório do PISMC.

Em 1992, na CNUMAD, foi abordada a concentração de emissão dos gases causadores do efeito estufa, apontando a prevalência na discussão referente ao dióxido de carbono (𝐶𝑂2). Durante o encontro, foi realizada a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (CQNUMC)5, tendo como “ objetivo básico [...] controlar e reduzir a emissão desses gases, principalmente o dióxido de carbono” (BARBIERI, 2009, p. 54).

Além disso, a Convenção-Quadro das Nações Unidas destacou as principais recomendações para o equilíbrio das emissões de 𝐶𝑂2, tais como, a redução das emissões para níveis de 1990 até o fim do século, formulação de programas nacionais e regionais para controle, mitigação dos efeitos sobre as mudanças climáticas, administração sustentavelmente dos recursos naturais que removem ou fixam a emissão desses gases, promoção de pesquisas

3 “Intergovernmental Panel on Climate Change” – IPCC

4 O objetivo do encontro era de garantir que informações científicas e empíricas fossem continuamente obtidas e fornecidas aos governos para avaliar os impactos climáticos, desenvolver políticas internacionais adicionais, abordar as questões da mudança climática global, ambientalmente saudável e desenvolvimento sustentável, a sobrevivência das espécies e a qualidade da vida humana, por meio da cooperação internacional considerando as necesidades intrínsecas de cada país (JÄGER e FERGUSON, 1991).

(27)

científicas e tecnológicas, fomentar a educação e conscientização de prevenção ambiental e estimular a participação populacional para as questões ambientais (SCHIPPER, 2006).

Para Moreira e Giometti (2008), dentre as principais determinações da CQNUMC, enquadra-se a proposta de realização frequente de conferências para monitoramento dos progressos internacionais com relação a proteção climática, bem como revisão das medidas tomadas no intuito de reduzir as emissões globais de gases causadores do efeito estufa. A implementação dos regulamentos da CQNUMC, ocorreu em 1994, com a participação de países desenvolvidos e em desenvolvimento que adotaram as propostas identificadas na CNUMAD (BARBIERI, 2009).

Diante dessas discussões, a primeira Conferência das Partes (COP 1) ocorreu em 1995, na cidade de Berlim (Alemanha), tendo como objetivo principal tratar de questões relacionadas ao aquecimento global, devido à identificação de algumas incertezas sobre o cenário do efeito estufa e quais medidas corretivas deveriam ser tomadas na época. Desta maneira, estipularam o prazo de dois anos para resolução do problema, gerando a mais conhecida conferência, denominada como Protocolo de Kyoto (MOURA FILHO e MICHELS, 2013).

Um ano depois, foi realizada a COP 2, em Genebra (Suíça), que estabelecia a cada país membro da CQNUMC a necessidade de procurar soluções para redução de emissão dos gases do efeito estufa, de acordo com suas característica econômicas, ambientais e sociais. Além disso, foram contextualizadas metas de curto prazo para minimizar as emissões ao longo dos anos, introduzindo as chamadas cotas comercializáveis de emissão de carbono (MOREIRA e GIOMETTI, 2008; MOURA FILHO e MICHELS, 2013).

A mais significante das conferências, conforme Moreira e Giometti (2008), a COP 3, ocorreu em 1997 na cidade de Kyoto (Japão). No encontro, havia a presença de mais de 160 países que ratificaram o Protocolo de Kyoto, documento que incluía prazos e metas para a redução e limites das emissões dos gases do efeito estufa ao longo dos anos. Como salienta Oberthür e Ott (1999), o protocolo inclui vários mecanismos para reduzir o custo do cumprimento das metas de emissão, e, portanto, aumentar as chances de que seja ratificado, bem como, que os objetivos sejam atingidos.

De acordo com Oberthür e Ott (1999), as nações ao assinarem o acordo comprometem-se em conjunto reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa em média de 5%, comparados com níveis de 1990. Entretanto, este patamar encontrava-se

(28)

diferenciado entre os principais emissores, Japão e União Européia, os quais perfazem uma média redutora de 7% e 8% respectivamente.

Durante o processo de confecção do acordo, os países membros da conferência criaram determinações para facilitar o cumprimento das metas estabelecidas. Dentre elas enquadram-se: reformulações dos setores energético e de transportes, uso de fontes energéticas renováveis, combate ao desmatamento, proteção às áreas florestais, estabelecimento de mecanismos sustentáveis na agricultura e cooperação internacional de informações e tecnologias mais limpas (MOREIRA e GIOMETTI, 2008).

Além disso, ainda segundo Moreira e Giometti (2008), o protocolo criou instrumentos transigentes que passaram a incluir alternativas para garantir que o grupo de ratificação conseguisse atingir a meta pré-estabelecida. Sendo assim, incluíram como opções os projetos de atuação conjunta, a negociação de emissões e o mecanismos de desenvolvimento limpo conhecido como mercado de crédito de carbono, que resumidamente consistem na flexibilização de métodos para atingir os objetivos propostos.

Portanto, as empresas de uma nação que desenvolvessem projetos resultando na redução de emissões de carbono receberam o chamado crédito de carbono, uma espécie de certificado ou reconhecimento pela ação redutora. Esse documento de acordo com Gupta (2011) pode ser considerado como uma commodities e negociado com empresas dos países desenvolvidos e industrializados ou no próprio país, contribuindo no processo de alcance das metas.

Seguindo as determinações da CQNUMC referentes à realização de encontros periódicos, até o ano de 2018, foram realizadas 24 COP’s (Anexo A). Dentre elas, destacam-se a COP 11, realizada em 2005 no Canadá, que marcou a vigência do Protocolo de Kyoto, dado a necessidade de ratificação dos países que juntos representavam cerca de 55% das emissões totais (OBERTHÜR e OTT, 1999), seguida pela COP 18, em 2012, determinando o fim do período das metas estabelecidas.

Os princípios e normas climáticas internacionais caracterizam-se em um regime duplo: aquele que foi estabelecido no período de 1990 a 2009, definido como Regime do Protocolo de Kyoto; e um outro partir de 2009, conhecido como Regime pós-Kyoto, e que resultou no Acordo de Paris (RUBIAL, 2016). O autor ainda comenta que assim, como o Protocolo de Kyoto, o Acordo de Paris (AP) em 2015, na COP 21, teve um grande destaque nas discussões

(29)

ambientais, dado que tornou-se o segundo acordo global de redução na emissão de gases responsáveis pelo efeito estufa

Segundo Demitrov (2016), o AP tornou-se abrangente no âmbito temático e contém disposições sobre política de mitigação, financiamento climático, transparência, relatórios e revisão, mecanismos de cooperação internacional, bem como seções sobre adaptação, capacitação, transferência de tecnologia e política florestal.

Os principais pontos do acordo incluem a permanência do objetivo global de manter o aumento da temperatura abaixo de 2ºC, mas especificamente limitando em 1,5ºC. Além disso, todos os países que vierem a realizar a ratificação aceitaram manter um pico de emissões definidos no acordo individual, estimular esforços pertinentes a determinação de sucessos nas metas pré-estabelecidas, sendo de função primordial comunicar os resultados internacionalmente. Diferente de Kyoto, o AP estipulou uma revisão de números em no máximo cinco anos após a inclusão nos grupos de trabalho (DEMITROV, 2016; SCHLEUSSNER et al., 2016; ROGELJ et al., 2016).

Nesse sentido, Rogelj et al. (2016) afirmam que o AP procurou implicitamente delimitar uma formulação consistente de recursos “desprezados” anteriormente, capazes de não determinar um fracasso, tal como Korhola (2014) aponta sobre o Protocolo de Kyoto. Por outro lado, Schleussner et al. (2016) ressaltam, a necessidade de um incentivo interno dos países industrializados e sua cooperação na transferência internacional de métodos e tecnologias para que as metas ambiciosas do AP sejam cumpridas o mais rápido possível.

Sendo assim, de uma forma geral, os encontros internacionais sobre as mudanças climáticas tiveram focados exclusivamente na determinação de metas e ações a serem seguidas pelos países. É clara a persistência na diminuição dos gases causadores do aumento da temperatura do planeta, em que a determinação do Protocolo de Kyoto pode intensificar os meios pelos quais os objetivos seriam atingidos. Embora considerado ineficiente quanto a redução bruta de emissões, o acordo inicial promoveu uma série de aperfeiçoamentos no Acordo de Paris, tanto nos métodos de avaliação de resultados, quando na condução do mercado de carbono e cooperação internacional.

(30)

Capítulo 2. Emissão de CO

2

e a degradação ambiental

2.1 Emissões de dióxido de gás carbônico no mundo

Fundamentado nas estatísticas históricas, a produção de gases causadores do efeito estufa passou a fazer parte das discussões envolvendo a poluição do meio ambiente, na qual a emissão do dióxido de carbono era um dos principais contribuidores. Embora não citado nas primeiras reuniões de mudança climática, o 𝐶𝑂2 foi identificado como um responsável ostensivo da poluição atmosférica, essencialmente, após a Conferência Internacional do Meio Ambiente em 1992 e a COP 3, realizada em Kyoto em 1997.

A partir de evidências empíricas, Souza e Corazza (2017) argumentam que, na configuração inicial, o Protocolo de Kyoto baseou-se em definir metas e objetivos para os países responsáveis pelo maior montante de emissões dos gases do efeito estufa, basicamente o gás carbônico. Por outro lado, o acordo efetivamente não buscou por completo estimular as nações às políticas que buscasse uma redução imediata da emissão de 𝐶𝑂2, mas sim incentivá-las a ratificarem suas posições de modo a concretizar as metas estabelecidas, dado sua posição como emissor6 baseado nos critérios da CQNUMC.

Ainda, esses autores afirmam que, na década de 1990, os países industrializados (pertencentes ao Anexo I) foram intensos na queima de combustíveis fósseis, bem como eram responsáveis por cerca de 83% dos fluxos mundiais de riqueza, expresso pelo Produto Interno Bruto (PIB). A contribuição deste grupo de países nas emissões de 𝐶𝑂2 no período de 1950 a 1990 chegava a cerca de 81%, enquanto o resto do mundo era responsável pela emissão de 19% do total. No entanto, a parcela da população mundial que beneficiava dessa riqueza econômica somava-se apenas 21,93%, enquanto o resto do mundo, cerca de 78%, eram detentoras de apenas 17% das riquezas.

6 Os países foram classificados em três grupos de emissores de gases mundiais, denominados de Anexo I (34 países), Anexo II (24 países) e Não-Anexo (países em desenvolvimento). Para UN (1992), os países do Anexo I incluem os países industrializados que eram membros da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) em 1992, além da Federação Russa, os Estados Bálticos e vários países da região Central e Oriental da Europa. O Anexo II, por sua vez, apenas membros da OCDE que são obrigados a fornecer recursos financeiros para permitir que os países em desenvolvimento reduzam as emissões, além de adaptar-se como cooperadores e promover a transferência de tecnologias com este propósito. Por fim, o Não-Anexo, do qual participam principalmente países em desenvolvimento, que podem decidir participar dos países do Anexo I futuramente, mas que também receberam os benefícios impostos sobre os países do Anexo II.

(31)

No período pré-Kyoto, o crescimento econômico provinha principalmente da queima de combustíveis fósseis, o principal contribuinte das elevações das emissões dos gases do efeito estufa na atmosfera, segundo Hamilton e Turton (2002). De acordo com dados obtidos na Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO)7, nesse período, os países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), considerados industrializados, representavam cerca de 40% da emissão total de dióxido de gás carbônico no mundo.

Dentre os países do Anexo I, os Estados Unidos da América (EUA) representou cerca de 44% das emissões em 1990, seguido pelo Japão, Alemanha, Reino Unido e Canadá, com participação das emissões de aproximadamente 10%, 9%, 5% e 5%, respectivamente. Por sua vez em 1996, a emissão dos EUA, foi equivalente a 43,93% acompanhados dos mesmos países enumerados em 1990, conforme observa-se na Figura 3.

Figura 3 – Emissões de 𝐶𝑂2 pelos países da OCDE8 (Anexo I da CQNUMC) no Pré-Kyoto

Obs.: Os dados são mensurados pela razão entre o valor e o total de emissões da OCDE. Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da FAO, 20169.

A Figura 3 evidencia os EUA, Japão e Alemanha como grandes poluidores da atmosfera no grupo da OCDE a partir da emissão de 𝐶𝑂2, assim como apontado no estudo analítico de Hamilton e Turton (2002). Para os autores, o processo de estruturação e

7 A base de dados da FAO para a emissão de 𝐶𝑂

2 está composta por 223 países, sendo que algumas nações deixaram de existir e outras foram fundadas, dadas suas políticas econômicas e sociais. No entanto, não cabe neste trabalho citar o processo de união ou segregação de nações, utilizando como base todas as informações, de cada ano.

8 Os cinco países utilizados para o gráfico representam os principais emissões de 𝐶𝑂

2 de um grupo de 27 de países da OCDE, no período de 1990 a 1996.

9 FAOSTAT Agri-Environmental Indicators, Emissions by Sector (2016). Disponível em: <http://www.fao.org/faostat/en/#data/EM>. 44% 10% 9% 5% 5% 27% 1990 Estados Unidos Japão Alemanha Reino Unido Canadá Outros 22 Países 44% 10% 7% 5% 5% 29% 1996 Estados Unidos Japão Alemanha Reino Unido Canadá Outros 22 Países

(32)

crescimento econômico dessas nações foram predominante baseados na utilização de energias provenientes de combustíveis fósseis (petróleo e gás natural), o que certamente impactou na condução evolutiva das emissões do poluente.

Nota-se por outro lado, que a OCDE como um todo, foi responsável por cerca de 42% das emissões totais de 𝐶𝑂2 em 1990 e 43% do total em 1996 (Figura 4). Estes resultados impulsionados pelos principais emissores, seguem a tendência de crescimento econômico das nações e o processo de elevação do contingente populacional necessitado de consumo energético, o qual segundo Hamilton e Turton (2002), era suprido primordialmente pela geração baseada na queima de combustíveis fósseis, dado dois principais motivos: o primeiro, refere-se a dificuldade de obtenção de fontes renováveis em algumas regiões, e o segundo, pela própria estrutura de produção energética nuclear, derivada do petróleo e gás natural instalada nos países.

Figura 4 – Emissão de 𝐶𝑂2 pelos países da OCDE e os não integrantes no Pré-Kyoto

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da FAO, 2016.

Os demais países que não faziam parte da OCDE (Não-Anexos) contribuíram com aproximadamente 60% das emissões totais de dióxido de carbono no período analisado. Esse percentual foi impulsionado pelos países do BRICS (Brasil, Rússia10, Índia, China11 e África do Sul). Sendo assim, os principais precursores da emissão de 𝐶𝑂2 são listados pela China,

Brasil, Indonésia, Índia, África do Sul, URSS (1990 a 1991) e Federação Rússia (1992 a 1996) como é possível verificar na Figura 5.

10 A Rússia permaneceu anexa à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) nos anos de 1990 e 1991, sendo considerados os dados da República independente a partir de 1992.

11 Para a China, foram considerados os dados totais das seguintes divisões: China Continental, as Regiões Administrativas de Hong Kong e Macau e a Província de Taiwan.

58% 42% 1990 Restante do Mundo Paises da OCDE 57% 43% 1996 Restante do Mundo Paises da OCDE

(33)

Figura 5 – Emissão de 𝐶𝑂2 pelos países do Não-Anexos da CQNUMC no Pré-Kyoto

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da FAO, 2016.

Referente ao ano de 1990, a URSS obteve a maior participação na emissão de 𝐶𝑂2 do grupo, representando 28% do total emitido na atmosfera, enquanto que a China era responsável por 16%, o Brasil, 7%, a Indonésia 7%, a Índia, 4%, a África do Sul, 2% e os outros 188 países somavam cerca de 36%. Em 1992 com a independência da Federação Rússia, o país passa a ocupar o segundo lugar de emissões, ficando atrás da China (17,87%) e a frente dos demais países. O mesmo ocorreu no ano de 1996, em que a China passa a representar 23% de emissões deste grupo de países.

Segundo Pao e Tsai (2010), no BRICS, a Rússia detém os maiores níveis de emissões de 𝐶𝑂2 per capita e uso de energias provenientes de combustíveis fósseis. Por outro lado, os menores indicadores são demonstrados pela Índia, tendo a China e o Brasil uma colocação central em termos per capitas. Ainda de acordo com os autores, o Brasil ao longo dos anos atingiu a estabilidade de maior produtor mundial e também consumidor de etanol, adicionado à gasolina desde a década de 1970, diminuindo assim, suas emissões per capitas de todos os gases causadores do efeito estufa relacionados ao setor de transporte. Enquanto que a China,

16% 7% 7% 4% 2% 28% 36% 1990 China Brasil Indionésia Índia África do Sul URSS Outros 188 países 18% 7% 7% 5% 2% 16% 45% 1992 China Brasil Indionésia Índia África do Sul Rússia Outros 188 países 23% 8% 7% 5% 2% 13% 42% 1996 China Brasil Indionésia Índia África do Sul Rússia Outros 188 países

(34)

embora apresentasse tendências crescentes nos indicadores, seu contingente populacional proporcionou a baixa participação quanto a mensuração per capita.

Tais evidências demonstraram a aglomeração de alguns países com maior perfil poluidor, tanto no grupo do Anexo I, bem como dos Não-Anexos. Além disso, é importante notar que o crescimento médio de 8% ao ano da economia Chinesa, nos últimos 30 anos, foi acompanhado do aumento da sua participação nas emissões brutas mundiais de 𝐶𝑂2.

Na análise conjunta dos países, OCDE e não OCDE, a URSS, em 1990, aproximou-se do EUA sendo responsável pela emissão de 16% do total de 𝐶𝑂2 mundial, enquanto a China contribuiu com 9%. Em 1992, a China assume o lugar da URSS sendo a segunda nação com maiores níveis de emissões, com participação de 10%, enquanto os EUA 19%. Ao fim do período pré-Kyoto, ambas as nações mantiveram um aumento nas emissões, de forma que, em 1996, quase um terço das liberações totais de 𝐶𝑂2 eram de responsabilidade dos EUA e China, 19% e 13%, respectivamente.

Nos dados disponibilizados pela FAO, no ano de 1990, os países do Anexo I, eram responsáveis por cerca de 41% do total de emissões mundiais (Figura 6), impulsionados novamente pelos EUA e Japão. Enquanto que os países do Não-Anexo, eram comandados pelas emissões de China e Brasil. Em 1996, com o avanço das economias em desenvolvimento e principalmente pela abertura comercial de ambos os governos chinês e brasileiro, a emissão dos Não-Anexos reduziu 7% na emissões totais de 𝐶𝑂2.

Figura 6 – Emissão de 𝐶𝑂2 pelos países do Anexo I e Não-Anexo no Pré-Kyoto

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da FAO, 2016.

Em 1997, durante a COP-3, os países discutiram a internacionalização de metas e objetivos para redução da emissão de todos os gases causadores do efeito estufa, responsáveis

41% 59% 1990 ANEXO I NÃO-ANEXO 48% 52% 1996 ANEXO I NÃO-ANEXO

Referências

Documentos relacionados