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O Sistema Harmonizado de Codificação e Classificação de Mercadorias

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O SISTEMA HARMONIZADO DE DESIGNAÇÃO E CODIFICAÇÃO

DE MERCADORIAS

THE HARMONIZED COMMODITY DESCRIPTION AND CODING

SYSTEM

Mara C Sifuentes

Resumo:

O presente estudo pretende esclarecer o funcionamento do Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias. Para tanto foi utilizada a revisão bibliográfica como método de abrangência da discussão. O estudo parte de esclarecimentos iniciais sobre os sistemas de classificação em geral para depois adentrar no sistema de classificação de mercadorias. Para contextualizar é feita uma breve incursão pela história da classificação de mercadorias no mundo, ou seja, os principais acontecimentos que deram nascimento ao acordo internacional. A conclusão demonstra claramente quais as competências detidas pelos órgãos públicos que intervêm no âmbito da nomenclatura e classificação de mercadorias.

Palavras-Chave:

nomenclatura, classificação, mercadorias, sistema harmonizado.

Abstract:

This study aims to clarify the operation of the Harmonized Commodity Description and Coding System. For this literature review was used as method scope of the discussion. The study starts from the initial explanations about the classification systems in general and then enter in the system of classification of goods. To contextualize is done a brief excursion into the history of the classification of goods in the world, ie, the major events that gave birth to the international agreement. The conclusion which clearly demonstrates the skills held by public bodies involved in the naming and classification of goods.

Keywords:

naming, classification, goods, harmonized system.

(2)

46

1.

O SISTEMA HARMONIZADO DE DESIGNAÇÃO E CODIFICAÇÃO DE

MERCADORIAS

rofessor Luís A. S. Vasconcelos (Classificação e Nomenclatura dos Seres

Vivos, 2012, p. 23) nos esclarece que é inerente ao ser humano o impulso

da classificação, porque isso facilita a compreensão. E quando nos

deparamos com uma grande variedade de objetos ao nosso redor, temos a tendência

de reunir em grupos aqueles que consideramos semelhantes, classificando-os.

O Homem começou a classificar os seres vivos pela vontade e necessidade de

organizar, identificar e nomear o mundo que o rodeava. E segundo Luís A.S.

Vasconcelos é provável que o homem primitivo distribuísse os seres vivos em grupos:

os comestíveis e os não-comestíveis, perigosos e não-perigosos etc.., numa

classificação primordialmente prática, de utilidade para sua vida cotidiana.

Os sistemas de classificação evoluíram com o passar do tempo, utilizando mais

características dos objetos analisados. Hoje a classificação é utilizada em várias áreas

de nossa vida. E os diversos sistemas de classificação utilizam critérios específicos.

Podemos observar a classificação nas ciências biológicas, onde são mais conhecidas,

ou até mesmo em um supermercado, pela disposição dos produtos nas prateleiras.

Tudo obedece regras estabelecidas a priori.

O filósofo grego Aristóteles (384- 322 a.C.) criou, na sua obra História

Animalium, um sistema de classificação racional para os animais, segundo critérios

P

(3)

47 previamente definidos. É a primeira notícia que se tem sobre uma tentativa de

classificação.

Quando conhecemos algo, ordenamos as coisas em classes ou grupos distintos. Eu vejo um cavalo, depois vejo mais um cavalo - e em seguida mais um. Os cavalos não são totalmente idênticos, mas há algo que é comum a todos os cavalos e aquilo que é comum a todos os cavalos é a "forma" do cavalo. O que é diferente ou individual pertence à "matéria" do cavalo.

Desta forma, os homens ordenam as coisas e colocam-nas em locais distintos. Colocamos as vacas no curral, os cavalos na cavalariça, os porcos na pocilga e as galinhas no galinheiro. [...] Repara que fazemos o mesmo nas nossas cabeças: separamos coisas que são feitas de pedra, de lã e de borracha. Distinguimos as coisas animadas das inanimadas, e subdividimos ulteriormente estas coisas em "plantas", "animais" e "homens".

[...]

Aristóteles queria fazer uma arrumação profunda no quarto da natureza. Procurou provar que todas as coisas na natureza pertencem a diversos grupos e subgrupos. (Hermes é um ser vivo, mais exatamente, um animal, mais exatamente, um vertebrado, mais exatamente, um mamífero, mais exatamente, um cão, mais exatamente, um labrador, mais exatamente, um labrador macho). (GAARDER, 1995, p. 76-77)

Para tornar a comunicação mais fácil entre os cientistas utiliza-se um só

sistema de classificação. A existência de vários sistemas tornaria confuso o

entendimentos dos relatórios, das pesquisas e das descobertas nas ciências. A

(4)

48 também ela pode ser subjetiva ou objetiva. Até Auguste Comte as classificações eram

subjetivas, mas antes elas tinham um interesse puramente histórico, e nos mostravam

as relações que a filosofia tinha com as ciências. (António Quadros1 apud Castro,

2008).

No sistema de classificação das plantas a categoria fundamental da hierarquia

é a espécie. Uma espécie vegetal se define como um grande grupo de plantas com

numerosas características em comum, que podem entrecruzar-se e produzir

descendência fértil, e têm sua origem em um antepassado comum. As espécies se

agrupam em gêneros. Um gênero é um conjunto de espécies que têm um

antepassado comum, mas que não se entrecruzam, ou se o fazem produzem híbridos

estéreis. A cada nível da hierarquia se denomina táxon. O estudo da denominação dos

táxons se conhece como nomenclatura botânica, e as regras sobre ela se encontram

no Código Internacional de Nomenclatura Botânica (ICBN), que estabelece convenções

na formação e utilização dos nomes científicos. Assim se estabelece que os nomes

científicos sejam em latim2.

Com o aparecimento do comércio entre as nações surgiu a necessidade de se

estudar a produção das mercadorias, as formas de trocas existentes, o comércio, as

compras e vendas entre as nações, a evolução do comércio. Para facilitar este

trabalho e harmonizar o estudo e a compreensão por todos os envolvidos era preciso

classificar as mercadorias.

1 A Procura da Verdade Oculta - Textos filosóficos e esotéricos. Fernando Pessoa. (Prefácio, organização

(5)

49 Entretanto antes de classificar seria necessário um estudo que se propusesse a

conhecer as mercadorias e após fosse criada uma nomenclatura que pudesse ser

utilizada por todos.

Assim, em 1793, o economista Johann Beckmann, professor de Economia da

Universidade de Gotting, na Alemanha propôs a criação de uma nova modalidade de

estudo que abarcasse desde os insumos até a industrialização dos mesmos para a

obtenção de mercadorias, dando origem à Merceologia. (DALSTON, 2005, p. 50).

A merceologia é assim a compreensão integral do que é uma mercadoria, e

como a partir de seus insumos ela é produzida e utilizada. A merceologia faz uso das

ciências factuais para conhecer o objeto. Além do objeto merceológico há de se ter

em mente o método apropriado para sua investigação, de acordo com o autor Dalston

(2005, p. 52).

O citado autor esclarece em seu livro a diferença entre a merceologia e a

classificação de mercadorias. Para ele a merceologia cuida da compreensão científica

do que é e como se utiliza uma determinada mercadoria. Já a Classificação de

mercadorias preocupa-se em inserí-la, com o auxílio da metodologia científica e sob

auspícios de certos princípios, na nomenclatura.

De acordo com o Glossário da Divisão de Estatística das Nações Unidas3:

2

(PÉREZ e ALTELARREA, 2005, p. 10)

3 UN Glossary of Classification Terms. United Nations Statistics Division, 2012. Disponível em:

(6)

50

Nomenclature. Systematic naming of things or a system of names or terms for things. In classifications, nomenclature involves a systematic naming of categories or items. The terms "nomenclature" and "classification" are often used interchangeably, despite the definition of a "classification" being broader than that of a "nomenclature". A nomenclature is essentially a convention for describing observations, whereas a classification structures and codifies the observations as well.4

Como sabemos, cada área do conhecimento humano possui termos próprios

que facilitam a comunicação e o entendimento entre seus estudiosos, assim é na

ciências humanas, exatas, biológicas e outros tantos campos da ciência. Então a

nomenclatura de mercadorias busca uma harmonização de termos e expressões, a

partir de regras e critérios, com a finalidade de uniformizar e facilitar a comunicação.

Nomenclatura pode ser definida como o modo de nomear os grupos e as

normas que regulam a aplicação destes nomes. É uma parte do sistema de

classificação. O conjunto de um ou mais tipos de objetos, logicamente conectados,

criado e mantido por regras específicas, cujo intento é uniformizar e facilitar a

comunicação num dado campo de atividade ou de conhecimento.

A nomenclatura pode se referir tanto a informaçoes específicas de uma única

espécie de objeto quanto a gêneros e subgêneros de objetos.

4 Nomenclatura é a sistemática de nomear as coisas ou um sistema de nome e termos para as coisas. Em

Classificação, nomenclatura envolve uma sistemática de nomear categorias ou itens. Os termos nomenclatura e classificação são frequentemente usados com o mesmo significado, apesar da definição de classificação ser mais abrangente que a nomenclatura. Uma nomenclatura é essencialmente uma convenção para descrever valores observados, e a classificação estrutura e codifica estes valores observados. (tradução livre).

(7)

51 Nomenclatura também pode ser entendida como um elenco de nomes,

conjunto de termos peculiares a uma arte ou ciência, uma lista, uma relação ou um

catálogo.

Ou por fim, numa definição mais acurada, que engloba a nomenclatura de

mercadorias temos que “nomenclatura é o conjunto de um ou mais tipos de objetos,

logicamente conectados, criado e mantido por regras específicas, cujo objetivo é

uniformizar e facilitar a comunicação num dado campo de atividade ou de

conhecimento.” (DALSTON, 2005, p. 61).

Buscando o significado do termo classificação, no glossário de termos, citado

anteriormente, temos que:

Classification is a set of discrete, exhaustive and mutually exclusive observations which can be assigned to one or more variables to be measured in the collation and/or presentation of data. The terms 'classification' and 'nomenclature' are often used interchangeably, despite the definition of a 'nomenclature' being narrower than that of a 'classification'.The structure of a classification can be either hierarchical or flat. Hierarchical classifications range from the broadest level (e.g. division) to the detailed level (e.g. class). Flat classifications (e.g. sex classification) are not hierarchical. The characteristics of a good classification are as follows:

- the categories are exhaustive and mutually exclusive (i.e. each member of a population can only be allocated to one category without duplication or omission);

- the classification is comparable to other related (national or international) standard classifications.

(8)

52

- the categories are stable i.e. they are not changed too frequently, or without proper review, justification and documentation;

- the categories are well described with a title in a standard format and backed up by explanatory notes, coding indexes, coders and correspondence tables to related classifications (including earlier versions of the same classification);

- the categories are well balanced within the limits set by the principles for the classification (i.e. not too many or too few categories). This is usually established by applying significance criteria (e.g. size limits on variables such as employment, turnover, etc.)

- the categories reflect realities of the field (e.g. the society or economy) to which they relate (e.g. in an industry classification, the categories should reflect the total picture of industrial activities of the country); and

- the classification is backed up by availability of instructions, manuals, coding indexes, handbooks and training5.

5

Classificação é um conjunto de observações discretas, exaustivas e mutuamente exclusivas que podem ser atribuídas por uma ou mais variáveis a serem medidas no agrupamento ou apresentação de dados. Os termos classificação e nomenclatura são frequentemente utilizados indistintamente, apesar da definiçao de nomenclatura ser menos abrangente que a de classificação. A estrutura de uma calssificação pode ser hierarquica ou simples. Classificação hierarquica parte do nível mais geral (ex. divisão) para o mais detalhado (ex. classe). Classificação simples (ex. Classificação sexual) não são hierarquica. As características de uma boa classificação são as seguintes: (tradução livre)

- as categorias são exaustivas e mutuamente excludentes (i.e. cada membro da população pode ser somente alocado a uma categoria sem duplicação ou omissão);

- a classificação é comparável com outros padrões de classificação relacionados (nacional ou internacional);

- as categorias são estavéis, i.e. elas não são alteradas frequentemente, ou sem uma revisão apropriada, uma justificativa e uma documentação;

- As categorias são descritas com um título em um formato padrão e acompanhadas de notas explicativas, codificação indexada, códigos e tabelas correspondentes às classificações relacionadas (incluindo versões recentes da mesma classificação);

- As categorias são equilibradas dentro de um escopo de limites e principios de classificação (ex. nem tantas nem poucas categorias). Estas são usualmente estabelecidas pela aplicação de critérios significativos (ex. limites por tamanho em variáveis como emprego, saídas, etc.)

- As categorias refletem realidades do campo de trabalho (ex. A sociedade ou economia) para a qual esta relacionada (ex. Em uma classificação industrial, as categorias devem refletir um quadro total das atividades industriais do país); e

(9)

53 Logo, conforme consta do glossário de termos das Nações Unidas, classificação

é um conjunto de observações discretas, exaustivas e mutuamente exclusivas que

podem ser atribuídas por uma ou mais variáveis a serem medidas no agrupamento ou

apresentação de dados.

É comum no âmbito aduaneiro os termos classificação e nomenclatura serem

utilizados indistintamente e serem confundidos, como afirma o glossário, entretanto a

definição de nomenclatura é menos abrangente que a de classificação. Do ponto de

vista formal uma nomenclatura de mercadorias é uma lista ou uma relação. E do

ponto de vista funcional a nomenclatura de mercadorias serve para nomear e

classificar mercadorias conforme critérios relevantes no contexto do comércio

internacional.

A estrutura de uma classificação pode ser hierárquica ou simples. A

classificação hierárquica parte do nível mais geral para o mais detalhado. E a

classificação simples não possui hierarquia.

Os componentes fundamentais de um sistema de classificação são as classes e

grupos em que se organizam as coisas, e os princípios ou regras que fixam o

procedimento que deve seguir-se para nomear e classificá-las.

Os objetivos que almejam quaisquer sistemas de classificação são catalogar os

elementos próprios de uma disciplina e normatizar sua forma de designação.

- a classificação é acompanhada por instruções, manuais, indices de códigos, livros de textos e treinamento.

(10)

54 Os autores Pérez e Altelarrea apresentam as seguintes características de um

sistema de classificação (2005, p. 7):

Em função de como se selecionem os caracteres comuns temos: • Classificações artificiais ou a priori (seleção a priori das características).

• Classificações utilitárias.

• Classificações racionais ou lógicas (aristotélica - basicamente função e estrutura das partes).

• Sistemas naturais de classificação (seleção a posteriori das características).

Em função de como se organizam as classes temos:

1) Estruturada = se organiza em grupos que atendem ao princípio de parte ou divisão de um conceito ; e

2) Não estruturada = se organiza em grupos que atendem a uma chave ou um código sem valor significativo.

Exemplos de sistemas de classificação estruturado encontramos em todo o âmbito científico. As nomenclaturas botânica e química são amostras deste tipo de sistemas de classificação.

Um exemplo típico de sistema de classificação não estruturado constitui os sistemas de classificação baseados na ordem alfabética. A única relação que existe entre os distintos componentes de cada classe é começar seu nome por uma letra determinada. Outro exemplo de sistema não estruturado de classificação constitui o agrupamento por ordem cronológica.

A classificação de mercadorias além de obedecer aos ditames do método

científico, faz uso de técnicas apropriadas à inserção do objeto merceológico na

(11)

55 classificação de qualquer objeto e de normas impositivas sobre o procedimento a ser

seguido.

1.1Nomenclatura e signos

Com o crescimento do comércio internacional os países começaram a sentir a

necessidade de uma identificação precisa das mercadorias para obter um controle

estatístico, de transportes, de seguros e de direitos de aduanas mais apurado. A

existência de um grande número de mercadorias obrigava-os a dispor de um esquema

que permitisse conhecê-las racional, hamônica e sistematicamente, relacionado-as em

grupos e subgrupos.

Se em um mesmo país podemos ter uma mercadoria sendo identificada por

vários nomes ou termos, pior ainda é o cenário internacional, em que a dificuldade de

se identificar uma mercadoria pelos participantes de uma transação comercial podem

ser vultosas. É preciso que nas transações comerciais fique claro o que está sendo

negociado, que não se está comprando mangas(de camisa) ao invés de mangas(fruta).

Segundo Dalston (DALSTON, 2005, p. 66) a Nomenclatura ao utilizar a doutrina

dos signos, ou seja a semiótica, vem dar a resposta aos problemas encontrados.

Para Saussure, conforme nos informa Umberto Eco(2002), no seu Tratado Geral de Semiótica, “a língua é um sistema de signos que exprimem ideias, e, por isso, é confrontável com a escrita, o alfabeto dos surdos-mudos, os ritos simbólicos, as fórmulas de cortesia, os sinais militares, etc., etc. Ela é, simplesmente, o mais importante de tais sistemas. Pode-se, assim, conceber uma ciencia que estuda a

(12)

56

vida dos singos no quadro da vida social; ela poderia fazer parte da psicologia social, e, em consequencia, da psicologia gral; chamá-la-emos semiologia, do grego “signo”. Ela poderia nos dizer em que consistem os signos, quais as leis que os regem. Por não existir ainda, não podemos dizer o que será; todavia, tem o direito de existir e seu posto está determinado de começo.” (Umberto Eco apud Cesar Dalston, 2005, p. 67)

Assim a Nomenclatura cria signos que possam ser entendidos por todos. E

segundo nos informa a doutrina dos signos, os signos devem possuir as seguintes

características:

a) um signo representa um objeto, algo para alguém;

b) cada signo conterá apenas um objeto;

c) o signo representa o objeto, mas não é o objeto.

Conclui Dalston (2005, p. 69) a questão das diversas denominações de uma

mesma mercadoria pode ser focada como:

a) as denominações de uma mercadoria são signos, do tipo símbolo, e a

mercadoria é o objeto dos mesmos;

b) as mercadorias podem ter símbolos diferentes conforme a comunidade a

que se refiram;

c) é possível contornar o problema da multiplicidade de símbolos que

representam uma mesma mercadoria, dependendo do país. O problema foi

resolvido com a atribuição de códigos numéricos, código comum a todos os

(13)

57 Como pode ser concluído a Nomenclatura veio a criar um novo signo que fosse

universal e que fosse único para todos os envolvidos no comércio internacional. Assim

a cada mercadoria é atribuído um único signo, independente do nome que ela recebe

em cada país.

No caso da nomenclatura de mercadorias este signo é um código numérico.

1.2 Nomenclatura de Mercadorias

As primeiras nomenclaturas de mercadorias que se tem notícia apareceram na

Roma antiga. E segundo Asakura (ASAKURA, 2003) o imperador Adriano permitiu que

a cidade de Palmira, no deserto da Síria, coletasse suas próprias taxas, ocasionando

assim o nascimento da primeira Tarifa Aduaneira, no ano 137 A.D.

Os países, pela sua necessidade de arrecadar tributos, já que a tarifa

aduaneira, durante muitos séculos, era a principal fonte de arrecadação, criaram listas

de mercadorias, e a estas listas vinculavam o valor a ser pago aos Estados.

A cobrança de direitos aduaneiros é a mais antiga forma de arrecadação de tributos. Os primeiros tributos aduaneiros foram taxas cobradas sobre os meios de transporte de mercadorias, pelo uso das estradas , por isso, as mais antigas aduanas encontravam-se em locais onde havia pontes ou portos. É na Índia, que surgem as primeiras evidências de que mercadorias pagavam tributos pela sua entrada ou saída de um determinado território.

Há notícias da existência de repartições aduaneiras em Atenas, por volta do ano 1.000 a.C., quando se cobrava o “telônio”, imposto

(14)

58

aduaneiro cujo nome foi estendido ao funcionário que o arrecadava. O evangelista São Mateus era telônio em Cafarnaum. (SIFUENTES, 2006)

Como cada país possuia sua lista, isto gerava dúvidas e incertezas nas

negociações internacionais. Os países começaram a se reunir para tentar criar uma

nomenclatura que fosse única e utilizada por todos. As nomenclaturas aduaneiras

apareceram inicialmente com o propósito de estabelecer uma nomenclatura

estatística internacional comum que permitisse comparar os dados de comércio

internacional entre os países. Posteriormente se buscou uma harmonização das tarifas

aduaneiras, com objetivo de simplificar as formalidades aduaneiras, facilitar a

negociação de tratados e acordos comerciais e permitir uma correta interpretação

desses tratados e acordos.

Entretanto, definir uma nomenclatura única mostrou ser um problema, devido

aos vários países envolvidos, vários idiomas, vários custumes. E a partir do século XIX

os países começaram a se reunir buscando estabelecer e harmonizar suas

nomenclaturas, e que resultasse na criação de uma nomenclatura mundial para

produtos.

Em 1831 A Bélgica criou uma nomenclatura de mercadorias, para fins

estatísticos, e em 1892 o império Austro-Húngaro introduziu uma nomenclatura de

mercadorias própria. Estas nomenclaturas resultaram de várias negociações

internacionais realizadas no período, buscando a criação de uma nomenclatura

(15)

59 Em 1913 é adotada pela primeira vez uma Nomenclatura Estatística

Internacional Uniforme, durante a 2ª. Conferência Internacional sobre Estatística

Comercial, em Bruxelas. Ela foi assinada por vinte e nove países e serviu de base á

primeira compilação de estatísticas comerciais no ano de 1922, efetuada pelo

escritório internacional de estatística comercial.

Logo após, em 1927 a Sociedade das Nações, durante a Conferência Econômica

Mundial, recomendou o estabelecimento de um marco comum às tarifas aduaneiras.

Um comitê de especialistas preparou então um projeto de nomenclatura que foi

aprovado em 1931. E em 1937 é aprovada a Nomenclatura de Genebra.

A partir de uma lista mínima de mercadorias, criada pela Sociedade das

Nações, que era uma condensação da Nomenclatura de Genebra, foi elaborada uma

nova nomenclatura pela Comissão de Estatística da Organização das Nações Unidas,

entre 1948 e 1950, passando a denominar-se “CUCI – Classificação Uniforme para o

Comércio Internacional”. Em 1950 o Conselho Econômico e Social das Nações Unidas

adotou oficialmente essa classificação com o objetivo de facilitar o estudo e a

elaboração de análises estatísticas dos fluxos do comércio internacional.

Em 15 de dezembro de 1950, após o final da 2ª Guerra Mundial, o Grupo de

Estudos para a União Aduaneira Europeia, criado em 1948, aprova a “Nomenclatura

para a Classificação das Mercadorias nas Tarifas Aduaneiras”, baseada na

Nomenclatura de Genebra, com o propósito de estabelecer uma nomenclatura

(16)

60 Também foram firmados pelos países europeus dois convênios, o de criação do

CCA – Conselho de Cooperação Aduaneira e o de Valoração Aduaneira de

Mercadorias.

A partir daí a Nomenclatura original sofre alterações passando a ser a NAB -

Nomenclatura Aduaneira de Bruxelas, e em 1974, NCCA – Nomenclatura do Conselho

de Cooperação Aduaneira.

Estas foram as principais nomenclatuas que apareceram à época, entretanto

outras iniciativas ocorreram, em muitos países, objetivando criar uma nomenclatura

de mercadorias. Na década de sessenta havia uma grande diversidade de sistemas de

designação e codificação de mercadorias. As codificações eram diferentes quanto a:

a) o grau de desenvolvimento;

b) estrutura;

c) terminologia;

d) codificação.

Esta diversidade de codificações trazia muitos inconvenientes no comércio

internacional, já que:

a) perturbava consideravelmente as formalidades relativas ao transporte e

aos intercâmbios de mercadorias de um país a outro;

b) dificultava a simplificação destas formalidades;

c) colocava obstáculos à utilização racional de computadores para o

(17)

61 d) elevava de maneira muito evidente o preço dos serviços derivados das

operações de comércio internacional.

As Nomenclaturas NCCA e CUCI, poderiam ser a solução para a criação de uma

nomenclatura comum já que tinham uma grande difusão internacional, mas estavam

concebidas para fins fiscais e estatísticos. No caso da NCCA as suas 1097 posições não

eram suficientes para responder às necessidades de comércio existentes.

O problema foi discutido nas sessões nºs 35 e 36 do Conselho de Cooperação

Aduaneira (CCA), e foi concluído que para simplificar os procedimentos do comércio

internacional era preciso:

a) evitar a proliferação de classificações e de códigos sem relação entre eles;

b) obter um sistema de classificação de mercadorias que servisse de base para

as distintas nomenclaturas que se utilizavam no comércio internacional;

c) basear-se em um sistema de classificação com uma ampla experiência no

plano internacional, como era a Nomenclatura de Bruxelas (NCCA) e a CUCI das

Nações Unidas, com a qual existia correlação.

No começo de 1970, um grupo de expertos formado por representantes das

Nações Unidas, da Organização Mundial de Aduanas6 (OMA), do Conselho de

Cooperação Aduaneira e outras entidades internacionais decidiram elaborar um

estudo para a criação de uma nova nomenclatura comum de mercadorias que

pudesse atender os interesses aduaneiros, estatísticos dos países, e que permitisse

(18)

62 aos países controlarem o movimento de mercadorias ao longo de suas fronteiras. Para

isso criaram um Comitê, que passou a denominar-se Comitê do Sistema Harmonizado,

com os seguintes encargos:

a) elaborar um instrumento único de identificação de mercadorias, com base

nas nomenclaturas NCCA e CUCI, considerando também outras nomenclaturas e

sistemas7, não somente aduaneiras, mas também estatísticas e de transporte; e

b) preparar um instrumento que assegurasse sua aplicação.

Este Comitê foi composto por oito países (Austrália, Canadá, Estados Unidos,

França, Índia, Japão, Reino Unido e Tchecoslováquia) e doze organizações

internacionais (CCA, GATT, Oficina Estatística das Nações Unidas, CEE, OTAN, IATA,

Câmara Internacional da Marinha Mercante, ISO, União Internacional de Estradas de

ferro, etc.)8.

A elaboração do projeto demorou dez anos e foi aprovado pelo CCA, órgão da

Organização Mundial de Aduanas (OMA), em 14 de junho de 1983, substituindo a

Convenção de Bruxelas de 1950. Havia uma recomendação expressa para que a nova

nomenclatura não fosse utilizada antes de 1º de janeiro de 1987, para que os países

tivessem tempo suficiente para promover as adaptações de ordem técnica e

7 Segundo Dalston (2005, p. 179) pode-se citar a Tarifa Aduaneira do Japão, NABALALC,

Nomenclatura de mercadorias para as estatísticas do comércio exterior da comunidade europeia e do comércio entre seus Estados-membros (Nimexe), Tarifa Aduaneira do Canadá, Tarifa Aduaneira dos Estados Unidos, Nomenclatura Uniforme de Mercadorias (NUM) da União Internacional de Ferrovias, Worldwide air cargo commodity classification (WACC) da União Internacional de Transportes Aéreos (IATA), Tarifa de Fretes da Associação de Linhas de Navegação Transatlântica das Índias Ocidentais (WIFT) e o Standard Transportation Commodity Code (STCC).

8 CCA – Conselho de Cooperação Aduaneira, GATT – Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e

(19)

63 administrativa, e as negociações necessárias no âmbito do GATT, conforme constava

no Artigo XXVIII.

Somente no final de setembro de 1987 foi efetuada a ratificação por dezessete

países, condição necessária para a entrada em vigor, que foi efetiva em 1º de janeiro

de 1988.

Hoje a Nomenclatura do Sistema Harmonizado (SH), como é mais conhecida, é

usada por duzentos e sete países9. E 98% (noventa e oito por cento) das mercadorias

comercializadas no mundo são classificadas nos termos do SH.

O Brasil aderiu a convenção do Sistema Harmonizado (SH) de Designção e de

Codificação de Mercadorias, em 31 de outubro de 1986 e a partir de 1988 as

Resoluções do comitê Brasileiro de Nomenclatura nº 75, de 22 de abril de 1988, e 76

de 31 de agosto de 1988, determinavam a adoção da nomenclatura baseada no SH.

O Decreto Legislativo nº 71, de 11 de outubro de 1988, aprovou o texto da

Convenção Internacional sobre o Sistema harmonizado de Designação e de

Codificação de Mercadorias. A Convenção possui um preâmbulo e vinte artigos, com

um anexo, que constitui a própria nomenclatura. Sua finalidade é dar cobertura legal a

uma nomenclatura de mercadorias que seja a base das Tarifas Aduaneiras e das

Estatísticas de comércio internacional.

É um instrumento de caráter governamental, o qual não é obstáculo para que a

nomenclatura que ampara possa ser utilizada por todos que intervêm no comércio

Transport Association , ISO - International Organization for Standardization

(20)

64 internacional. O objetivo desta nomenclatura é muito mais amplo que o previsto pela

Convenção, que só alcança os dados que devem figurar na documentação aduaneira

utilizada no comércio exterior.

1.3 O Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias

O SH compreende aproximadamente 5.000 (cinco mil) grupos de mercadorias,

arranjados em uma estrutura legal e lógica, e suportado por regras bem definidas que

garantem uma classificação uniforme. Este sistema é a base para os tributos

aduaneiros e para a coleta de estatísticas internacionais sobre o comércio

internacional.

A convenção do SH estipulou o uso de um código de seis dígitos, deixando a

critério das partes contratantes os desdobramentos que cada qual entendesse

necessário para refletir suas características econômicas. Assim o Brasil desdobrou o

código original de seis dígitos em mais dois dígitos (item e subitem), adotando um

código de oito dígitos, que foi adotado pelo Mercosul. Os Estados Unidos, por

exemplo, utilizam um código de dez dígitos.

Os objetivos do SH, conforme consta no preâmbulo da Convenção, são facilitar

e promover o desenvolvimento do comércio internacional, facilitar e aprimorar a

coleta, a comparação e a análise das estatísticas de comércio exterior, reduzir os

encargos resultantes da necessidade de atribuir às mercadorias uma nova designação,

uma nova classificação e um novo código por motivo de sistemas de classificação

(21)

65 O SH facilita as negociações comerciais internacionais, a elaboração das tarifas

de fretes e das estatísticas relativas aos diferentes meios de transporte de

mercadorias e de outras informações utilizadas pelos diversos intervenientes no

comércio internacional.

O SH é usado por governos, organizações internacionais e setor privado para

muitos propósitos, como tarifas internas, políticas comerciais, controle de entrada e

saída de mercadorias nos países, regras de origem, cálculo de frete, estatísticas de

transporte, monitoramenteo de preços, controle de cotas, compilação das contas

nacionais e pesquisas e análises econômicas.

A Nomenclatura do SH compreende posições e subposições. Existem também

as notas de seção, de capítulo e de subposição, bem como regras gerais de

interpretação. É uma linguagem universal, já que utiliza códigos numéricos.

O SH é baseado em uma hierarquia de seções, capítulos e notas. Isto permite a

OMA ter um quadro comparativo que possa responder as preocupações de muitos

governos e organizações internacionais que desejam acompanhar os problemas

emergentes.

É dificil imaginar o efeito que um pequeno código de seis dígitos pode ter nos

esforços internacionais para reduzir o aquecimento global, ou na supressão das

atividades do sindicato do crime, envolvento a fabricação de drogas sintéticas, ou na

capacidade dos países desenvolvidos em proverem saúde básica para sua população.

A criação de notas para substâncias que causam danos a camada de ozônio,

(22)

66 químicas, resíduos perigosos, espécies ameacadas, substâncias narcóticas e

psicotrópicas são exemplos da sua resposta às preocupações internacionais.

A Convenção sobre o SH apresenta as seguintes definições:

a) nomenclatura pautal é a nomenclatura estabelecida de acordo com a

legislação da parte contratante para a cobrança dos direitos aduaneiros na

importação;

b) nomenclatura estatística é a nomenclatura elaborada pela parte

contratante para coleta dos dados destinados á elaboração das estatísticas

do comércio de importação e exportação;

c) nomenclatura pautal e estatística combinada é a combinação das duas

nomenclaturas anteriores prescrita pela parte contratante para efeitos de

declaração de mercadorias na importação.

Para ser parte contratante da Convenção do Sistema Harmonizado(SH) é

necessário:

a) ser membro do CCA ou ter sido convidado. E as uniões aduaneiras ou

econômicas que tenham transferido a competência para concluir tratados

nesta matéria; e

b) assinar sem reserva de ratificação, ou depositar o instrumento de

ratificação depois de ter assinado com esta reserva, ou aderir depois que a

Convenção deixou de estar aberta para assinatura.

(23)

67 A Convenção tem prevista uma duração ilimitada. Qualquer parte contratante

poderá denunciá-la, surtindo efeitos um ano depois de que se receba a denúncia pelo

Secretário Geral do CCA ou se fixe no instrumento de denúncia uma data posterior.

Na Convenção existe a obrigação da parte contratante de manter a mesma

sem nenhuma alteração. E ela não impõe compromisso em matéria de direitos

aduaneiros. Existe um Comitê Técnico (Comitê do SH) que é quem realiza a

interpretação e adaptação.

A Convenção confere ao Conselho de Cooperação Aduaneira faculdades com

respeito à gestão do Sistema Harmonizado:

a) realizar a interpretação oficial para efeitos de sua aplicação;

b) mantê-la em dia, propondo emendas ao texto de acordo com as

necessidades da técnica ou se existirem erros.

A OMA publicou uma nova versão do Sistema Harmonizado, que entrou em

vigor no Brasil em 1 de Janeiro de 2012, após um ciclo de revisão de cinco anos. Este

novo instrumento permite que todas as administrações aduaneiras possam monitorar

e controlar o comércio de bens, especialmente aqueles que têm um impacto social e

ambiental. A natureza desta revisão também permite a OMA estabelecer novas

parcerias com organizações internacionais, como a Organização para a Alimentação e

Agricultura das Nações Unidas.

As grandes economias do planeta utilizam esta nomenclatura que serve para o

(24)

68 financeiros e seguros. Ela é fundamental para obter estatísticas confiáveis de comércio

exterior e determinar os fluxos comerciais em nível nacional, comunitário ou mundial.

1.4 Tarifa Aduaneira

Uma Tarifa Aduaneira é uma relação sistematizada das mercadorias ou

nomenclatura, e das alíquotas aplicadas à importação ou exportação.

Então podemos ver a diferença existente entre nomenclatura aduaneira e

tarifa aduaneira. A nomenclatura pode-se dizer é a lista de mercadorias, cada uma

identificada por um signo, no caso do SH, um código numérico. A tarifa aduaneira

parte da nomenclatura e atribui uma alíquota a cada mercadoria identificada na

nomenclatura.

Podemos fazer uma rápida passagem pelo histórico das tarifas no Brasil para

mostrar que elas nasceram, independentes de uma nomenclatura de mercadorias

existentes. Uma primeira tentativa de se criar uma nomenclatura de mercadorias

apareceu muitos anos após o descobrimento do Brasil. Logo após o descobrimento do

Brasil tinhamos uma situação onde aplicava-se a mesma tarifa para todas as

mercadorias, o que foi evoluindo, aparecendo as primeiras tarifas diferenciadas por

mercadoria. Com o passar do tempo apareceram as primeiras tarifas como listas

simples com poucas mercadorias.

Diferentemente do sistema tributário atual, fundamentado na concepção da

arrecadação para manutenção dos serviços públicos e na função extrafiscal de

(25)

69 eram outras. A existência dos impostos justificava-se pela tradição e também como

principal renda da coroa portuguesa. (SIFUENTES, 2006)

Ao implantar no Brasil o sistema de Capitanias, Portugal estipula que os

donatários deveriam pagar à coroa portuguesa o direito de alfândegas reais (10%), o

quinto dos metais e a dízima do pescado e das colheitas. Não havia uma distinção por

mercadorias.

Mas tarde, Portugal estabelece o pagamento do dízimo, com caráter de direito

aduaneiro, tributando na mesma proporção mercadorias importadas e exportadas. Foi

um dos primeiros impostos do Brasil ao lado do quinto do ouro em beneficio da coroa.

Durante muito tempo os estrangeiros que se estabeleciam no Brasil tinham

que pagar impostos aduaneiros proibitivos. A exportação somente era permitida para

as terras de Portugal, mediante o pagamento da sisa ordinária sobre a venda dos

produtos. Liberou-se o imposto de importação sobre tudo que viesse de Portugal,

exceto por navios estrangeiros, caso em que seria devido o dízimo da entrada.

Durante este período aparecem as primeiras isenções para produtos

específicos como o sal e as saboarias. Mas surgem impostos sobre outros produtos,

como o tabaco.

A reorganização tributária em Portugal ocorreu em 1761. Marquês de Pombal

centralizou as arrecadações, suprimiu tributos, concedeu benefícios fiscais para

favorecer a atividade mercantil. Ele usou o imposto de maneira mais moderna,

associado a uma política econômica, projeto de modernização e prosperidade do

(26)

70 Em 1808, com a vinda da Família Real para o Brasil D. João VI, sob a influência

de seu conselheiro João da Silva Lisboa, discípulo de Adam Smith, tomou a primeira

medida econômica e política para o Brasil, a abertura dos portos ao comércio

internacional. Em seguida estipulou o primeiro imposto para o Brasil, o imposto de

importação com alíquota 24% (vinte e quatro por cento) ad valorem.

Em 1844, o Ministro da Fazenda, Manuel Alves Branco, estabeleceu uma Tarifa

Aduaneira aplicada aos produtos importados. Ela pode ser considerada a primeira

Tarifa Aduaneira do Brasil. A Tarifa Alves Branco era uma lista de mercadorias com

direitos variáveis entre 2% (dois) e 60%(sessenta). (SILVA, 2008).

A partir da Tarifa Alves Branco outras tarifas foram implementadas durante a

Monarquia. Em 1891 é promulgada a primeira Constituição do Brasil. São criados

impostos para os Estados de maneira a garantir a subsistência e preservar a

autonomia dos mesmos.

Com a República, novas tarifas são criadas, sendo sempre listas númericas

sequenciais, com aplicação de alíquotas ad valorem e específicas. Em 1957 a Lei nº

3.244, de 1957, apresenta uma tarifa aduaneira com base científica, criada a partir da

Nomenclatura de Bruxelas de 1950 e adaptada para as características do Brasil.

(DALSTON, 2005, p. 187).

O Decreto-Lei nº 37, de 1966, base da legislação aduaneira, em vigor nos dias

atuais, determina a conversão da Nomenclatura da Tarifa Aduaneira à Nomenclatura

Aduaneira de Bruxelas, introduzindo as notas interpretativas e regras gerais

(27)

71 desdobramento das posições, com a finalidade de melhor atender aos objetivos fiscais

e estatísticos da nomenclatura.

O Decreto-Lei nº 37/1966 também determinava que a Nomenclatura Brasileira

de Mercadoria seria utilizada nas operações de importação e exportação, no comércio

de cabotagem interno, na cobrança dos impostos de importação, exportação e sobre

produtos industrializados.

Logo após com a edição do Decreto-Lei nº 1.154, de 1º de março de 1971, foi

estabelecida a Nomenclatura Brasileira de Mercadorias (NBM). E o citado Decreto-Lei

determinava que a NBM com as alíquotas atuais passava a constituir a Tarifa

Aduaneira do Brasil (TAB).

Art 1º É estabelecida a Nomenclatura Brasileira de Mercadorias (NBM), de acôrdo com o disposto no artigo 155 do Decreto-lei nº 37, de 18 de novembro de 1966.

Art 2º A Nomenclatura Brasileira de Mercadorias (NBM) a que se refere o artigo anterior será adotada:

I - Nas operações de exportação e importação; Il - No comércio de cabotagem e por vias internas;

III - Na cobrança dos impostos de exportação, importação e sôbre produtos industrializados;

IV - Nos demais casos previstos em legislação específica.

Art 3º A interpretação do conteúdo das posições e desdobramentos da Nomenclatura Brasileira de Mercadorias (NBM) far-se-á pelas suas Regras Gerais e Regras Gerais Complementares e, subsidiàriamente, pelas Notas Explicativas da Nomenclatura Aduaneira de Bruxelas (NENAB).

(28)

72

Parágrafo único. As alterações das Notas Explicativas da Nomenclatura Aduaneira de Bruxelas (NENAB) que impliquem em modificações na Nomenclatura Brasileira de Mercadorias (NBM), somente serão válidas após aprovação pelo Comitê Brasileiro de Nomenclatura segundo critérios e normas que serão estabelecidas, na forma de suas atribuições.

Art 4º A Nomenclatura Brasileira de Mercadorias (NBM) com as alíquotas da atual Tarifa das Alfândegas, passa a constituir a Tarifa Aduaneira do Brasil (TAB), que acompanha êste Decreto-lei.

Parágrafo único. A Tarifa Aduaneira do Brasil (TAB) entrará em vigor a 30 de abril de 1971.

Art 5º Todos os atos decorrentes da utilização da antiga Nomenclatura Brasileira de Mercadorias, aprovada pela Resolução 517, de 17 de julho de 1952 do extinto Conselho Nacional de Estatística, ou da atual Nomenclatura da Tarifa das Alfândegas deverão adaptar-se a partir de 30 de abril de 1971, à nova Nomenclatura Brasileira de Mercadorias (NBM).

Parágrafo único. Até a data prevista neste artigo, poderá ser indicada nos documentos de importação ou exportação, além das codificações das Nomenclaturas em vigor, a codificação correspondente à nova Nomenclatura Brasileira de Mercadorias (NBM).

Art 6º A Tabela anexa ao Regulamento do Impôsto sôbre Produtos Industrializado, aprovado pelo Decreto nº 61.514, de 12 de outubro de 1967, e alterações posteriores, será adaptada à Nomenclatura Brasileira de Mercadorias (NBM), de forma a entrar em vigor a 30 de abril de 1971. (Decreto-Lei n. 1.154, de 1 mar. 1971)

(29)

73 Em 1988 o Brasil adota a Nomenclatura baseada no Sistema Harmonizado. E

em 1994, após a criação do Mercosul10, a Nomenclatura Brasileira de Mercadorias,

baseada no Sistema Harmonizado, passa a ser designada por Nomenclatura Comum

do Mercosul – NCM. E a Tarifa Aduaneira do Brasil – TAB passa a ser designada por

Tarifa Externa Comum – TEC. Esta Nomenclatura passa a ser adotadas pelos países

signatários do Mercosul (Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai) nas suas operações de

comércio exterior.

Em 2012 foi publicada uma nova versão da NCM, incorporando as últimas

alterações no Sistema Harmonizado.

1.5 Competência para classificar mercadorias

Para manter a Nomenclatura Brasileira de Mercadorias (NBM) o Decreto-Lei nº

3711, de 18 de novembro de 1966, criou o Comitê Brasileiro de Nomenclatura (CBN) e

o Fundo de Administração da Nomenclatura Brasileira de Mercadorias:

Art.156 - É criado o Comitê Brasileiro de Nomenclatura, com as seguintes atribuições:

[...]

Art. 157. O Comitê Brasileiro de Nomenclatura funcionará sob a presidência do Presidente do Conselho de Política Aduaneira e será integrado por 6 (seis) membros, especializados em nomenclatura, designados pelo Ministro da Fazenda, quatro dos quais dentre funcionários dos órgãos do Ministério da Fazenda diretamente

10 MERCOSUL – Mercado Comum do Sul

(30)

74

interessados na aplicação da Nomenclatura Brasileira de Mercadorias.

§ 1º - O Comitê disporá de uma Secretaria dirigida por um Secretário-Executivo e integrada por funcionários do Ministério da Fazenda, postos à sua disposição por solicitação do respectivo Presidente.

§ 2º - O Comitê poderá dispor de um Corpo Consultivo constituído de técnicos indicados pelo Plenário e credenciado pelo Presidente, com a finalidade de prestar assistência especializada nos diferentes setores da nomenclatura.

Art.158 - O Fundo de Administração da Nomenclatura Brasileira de Mercadorias destina-se ao custeio dos trabalhos de documentação, divulgação, análises e pesquisas necessárias ao cumprimento das atribuições do Comitê Brasileiro de Nomenclatura e será constituído:

[...]

Art.159 - A organização e o funcionamento do Comitê serão estabelecidos em regimento a ser expedido pelo Poder Executivo. (Decreto-Lei n.37, de 18 nov. 1966)

O Comitê Brasileiro de Nomenclatura (CBN) existe ainda atualmente, conforme

pode ser verificado no Decreto n. 7.48212, de 16 de maio de 2011, que aprova a atual

estrutura regimental e o quadro demonstrativo dos cargos em comissão e das funções

gratificadas do Ministério da Fazenda. O CBN é um órgão colegiado da estrutura do

Ministério da Fazenda:

(31)

75

Art. 2o O Ministério da Fazenda tem a seguinte estrutura organizacional:

[...]

h) Comitê Brasileiro de Nomenclatura;

E ao CBN compete atualizar a Nomenclatura Brasileira de Mercadorias

permanentemente, conforme já citado e também por disposição do art. 39 do Decreto

n. 7.482/2011 que manteve as competências originais designadas pelo Decreto-Lei n.

37/1966:

Art. 39. Ao Comitê Brasileiro de Nomenclatura cabe exercer as competências estabelecidas no art. 156 do Decreto-Lei no 37, de 18 de novembro de 1966, que cria o referido Comitê.

[...]

Art.156 - É criado o Comitê Brasileiro de Nomenclatura, com as seguintes atribuições:

I - manter a Nomenclatura Brasileira de Mercadorias permanentemente atualizada;

II - propor aos órgãos interessados na aplicação da Nomenclatura Brasileira de Mercadorias medidas relacionadas com a atualização, aperfeiçoamento e harmonização dos desdobramentos de suas posições, de modo a melhor ajustá-los às suas finalidades estatísticas ou de controle fiscal;

III - difundir o conhecimento da Nomenclatura Brasileira de Mercadorias, inclusive mediante a publicação de seu índice, e propor as medidas necessárias à sua aplicação uniforme;

IV - promover a divulgação das Notas Explicativas da Nomenclatura Aduaneira de Bruxelas e recomendar normas, critérios ou notas complementares de interpretação;

(32)

76

V - prestar assistência técnica aos órgãos diretamente interessados na aplicação da Nomenclatura Brasileira de Mercadorias;

VI - administrar o Fundo de Administração da Nomenclatura Brasileira de Mercadorias;

É competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) , conforme art. 15

do Decreto n. 7.482/2011, as atividades relacionadas com a nomenclatura,

classificação fiscal e econômica de mercadorias:

Art. 15. À Secretaria da Receita Federal do Brasil compete: [...]

XVIII - dirigir, supervisionar, orientar, coordenar e executar o controle do valor aduaneiro e de preços de transferência de mercadorias importadas ou exportadas, ressalvadas as competências do Comitê Brasileiro de Nomenclatura;

XIX - dirigir, supervisionar, orientar, coordenar e executar as atividades relacionadas com nomenclatura, classificação fiscal e econômica e origem de mercadorias, inclusive representando o País em reuniões internacionais sobre a matéria;

Logo, à RFB cabem as competências que não sejam específicas do CBN. Apesar

de alguns entenderem que a RFB detem as competências do CBN, não é este o

entendmimento que deve prevalecer. Não se pode entender que a RFB exerce o papel

do CBN, tanto é assim que no inciso XVIII do art. 15 do Decreto n. 7.482/2011 existe

uma ressalva às competências do CBN.

Em que pese o fato de no art. 159 do Decreto-Lei n. 37/1966 estar disposto que o

poder executivo expedirá o regimento sobre a organização e o funcionamento do

(33)

77 Com a criação do Mercosul13 em 1991 foi colocado como um dos seus objetivos o

estabelecimento de uma Tarifa Externa Comum (TEC). E o Decreto n. 1.34314, de 23 de

dezembro de 1994, dispôs que a partir de sua vigência, a Tarifa Aduaneira do Brasil

(TAB) passava a ser designada por Tarifa Externa Comum (TEC)15:

Art 1º Ficam alteradas a patir de 1º de janeiro de 1995 as alíquotas do Imposto de Importação, bem assim a nomenclatura da Tarifa Aduaneira do Brasil (TAB) /Sistema Harmonizado, a qual passará a ser designada Tarefa Externa Comum (TEC), respectiva Lista de Exceção, conforme os anexos a este decreto. (grifo nosso)

Art. 2º As preferências tarifárias, em vigor outorgadas pelo Brasil, permanecerão válidas, nos termos da legislação pertinente, até 30 de junho de 1995, quando nos termos Tratado de Assunção serão revistas em conjunto.

Art 3º As listas do Regime de Adequação serão apresentadas à Associação Latino-Americana de Integração (Aladi), no decorrer do ano de 1995, aos termos da legislação pertinente.

[...] (Decreto n. 1.343, de 23 dez. 1994)

O Decreto n. 1.767, de 28 de dezembro de 1995, que revogou o Decreto n.

1.343/1994. criou a Nomenclatura Comum do Mercosul, em seu anexo, sem

entretanto revogar a Nomenclatura Brasileira de Mercadorias (NBM)16:

13 (Decreto n. 350, de 21 nov. 1991) 14 (Decreto n. 1.343, de 23 dez. 1994)

15 O Decreto n. 1.343/1994 foi revogado pelo Decreto n. 1.767, de 28 de dezembro de 1995, que corrigiu

o equívoco de alterar a “Nomenclatura da Tarifa Aduaneira do Brasil” para “Tarifa Externa Comum”, quando deveria ter alterado a “Tarifa Aduaneira do Brasil” e não a nomenclatura. O Decreto n. 1.767/1995 foi revogado pelo Decreto n. 2.376, de 12 de novembro de 1997.

(34)

78

Art. 1º A Nomenclatura Comum do MERCOSUL - NCM e as alíquotas do imposto de importação, que compõem a Tarifa Externa Comum - TEC, passam a vigorar na forma do Anexo I a este Decreto. (grifo nosso)

Art. 2º A Lista de Exceção à TEC e respectivas alíquotas do imposto de importação, passa a vigorar com os códigos, mercadorias e cronograma de convergência do Anexo II ao presente Decreto. Art. 3º As exceções à TEC, de que trata o artigo 2º do Decreto nº 1.471, de 28 de abril de 1995, passam a vigorar conforme Anexos III-A e III-B deste Decreto.

§ 1º Após 28 de abril de 1996, os produtos relacionados nos anexos III-A e III-B ficarão sujeitos às alíquotas constantes da TEC, indicadas no Anexo I, ou da respectiva Lista de Exceção, se nela estiverem incluídos, de que trata o Anexo II, deste Decreto.

§ 2º O Ministro de Estado da Fazenda poderá substituir os produtos e alterar as respectivas alíquotas do imposto de importação constantes do Anexo III-A, bem como alterar as alíquotas do imposto de importação dos produtos constantes do Anexo III-B.

Art. 4º O Regime de Adequação Final à União Aduaneira do MERCOSUL e respectivo cronograma de desgravação tarifária para as mercadorias procedentes e originárias da Argentina, do Paraguai e do Uruguai, observado o disposto no Decreto nº 1.568, de 21 de julho de 1995, passa a vigorar de acordo com o Anexo IV a este Decreto.

Parágrafo único. Para as mercadorias incluídas neste Regime, ficam mantidas as eventuais preferências outorgadas pelo Brasil no Acordo de Alcance Parcial de Complementação Econômica nº 2, entre o Brasil e Uruguai, no Acordo de Alcance Parcial de Complementação nº 14, entre o Brasil e a Argentina, e no Acordo Regional de Abertura de Mercados em favor do Paraguai (Acordo nº 3), de acordo com o disposto no Decreto nº 1.186, de 13 de julho de 1994, Decreto nº

(35)

79

1.393, de 10 de fevereiro de 1995, e Decreto nº 99.787, de 10 de dezembro de 1990, respectivamente.

Art. 5º A Nomenclatura Comum do MERCOSUL - NCM será adotada como nomenclatura única nas operações de comércio exterior. Art. 6º As preferências e consolidações tarifárias objeto de compromissos assumidos pelo Brasil no âmbito de negociações tarifárias internacionais continuam em vigor nos termos do que neles se estipulou, observada a legislação pertinente.

[...] (Decreto n. 1.767, de 28 dez. 1995)

A Tarifa Aduaneira do Brasil (TAB) que passou a ser chamada Tarifa Externa Comum

(TEC) era a antiga Tarifa das Alfândegas17, conforme consta o art. 4º do Decreto-Lei n.

1.154, de 1º de março de 1971. Sendo que a última TAB foi publicada em 1987, por

meio da Resolução n. 00-1172, de 19 de fevereiro de 1987, da Comissão de Política

Aduaneira18 (CPA) e englobava unicamente as alíquotas do Imposto de Importação.

A partir de 2001 a competência para definir, no âmbito das atividades de

importação e exportação, diretrizes e orientação sobre normas e procedimentos sobre

nomenclatura de mercadorias passa a ser da Câmara de Comércio Exterior (Camex)19,

17 Para mais detalhes sobre o histórico das tarifas brasileiras consultar (DALSTON, 2005, p. 181-213). 18

O CPA foi criado pela Lei n. 3.244, de 14 de agosto de 1957, no âmbito do Ministério da Fazenda, para assessorá-lo com criação e/ou alteração das alíquotas do Imposto de Importação e atualizar a Nomenclatura da Tarifa Aduaneira. Com a reforma ministerial implementada pelo presidente Fernando Collor de Mello, as competências do antigo CPA foram absorvidas pelo Departamento de Comércio Exterior, da Secretaria Nacional de Economia, órgão do Ministério da Fazenda, Planejamento e Indústria e Comércio (Decreto n. 80, de 5 de abril de 1991). Sendo que atualmente as competências estão distribuídas entre o Ministério da Fazenda e a Secretaria da Receita Federal; e o Ministério da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior e a Secretária de Comércio Exterior.

19 A Câmara de Comércio Exterior - CAMEX, órgão integrante do Conselho de Governo, tem por

objetivo a formulação, adoção, implementação e a coordenação de políticas e atividades relativas ao comércio exterior de bens e serviços, incluindo o turismo. A Camex tem, como órgão de deliberação superior e final, um Conselho de Ministros composto pelos Ministros de Estado do Desenvolvimento, indústria e Comércio Exterior, que o preside; Chefe da Casa Civil da Presidência da República; das Relações Exteriores; da Fazenda; da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; do Planejamento, Orçamento

(36)

80 conforme Decreto n. 3.981, de 24 de outubro de 2001. E também alterar, na forma

estabelecida nos atos decisórios do MERCOSUL, a Nomenclatura Comum do

MERCOSUL de que trata o Decreto n. 2.376, de 12 de novembro de 1997, e alterações

posteriores.

Podemos concluir que hoje temos a seguinte situação:

a) existe a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), adotada no âmbito do

Mercosul, nas operações de importação e exportação de mercadorias;

b) existe a Tarifa Externa Comum (TEC), a partir da NCM e das alíquotas

vigentes para o imposto de importação;

c) a NCM é baseada no Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de

Mercadorias (SH), acrescentando mais dois dígitos (item e subitem) à

estrutura de seis dígitos do SH;

d) compete a Camex definir, no âmbito da importação e exportação de

mercadorias, diretrizes e orientações quanto a nomeclatura de mercadorias

(NCM);

e) compete a Camex a alteração das alíquotas do imposto de importação e

exportação.

As competências dos órgãos de governo estão assim distribuídas atualmente:

a) Secretaria da Receita Federal do Brasil, órgão do Ministério da Fazenda:

(37)

81

Art. 1º A Secretaria da Receita Federal do Brasil - RFB, órgão específico singular, diretamente subordinado ao Ministro da Fazenda, tem por finalidade:

[...]

XVIII - dirigir, supervisionar, orientar, coordenar e executar o controle do valor aduaneiro e de preços de transferência de mercadorias importadas ou exportadas, ressalvadas as competências do Comitê Brasileiro de Nomenclatura;

XIX - dirigir, supervisionar, orientar, coordenar e executar as atividades relacionadas com nomenclatura, classificação fiscal e econômica e origem de mercadorias, inclusive representando o País em reuniões internacionais sobre a matéria; (Portaria MF nº 203, de 14 de maio de 2012).

b) Secretaria do Comércio Exterior, órgão do Ministério da Indústria,

Desenvolvimento e Comércio Exterior:

Art.19. Ao Departamento de Negociações Internacionais compete: [...]

VIII – coordenar, internamente, os Comitês Técnicos n. 01, de Tarifas, Nomenclatura e Classificação de Mercadorias, e n. 03, de Normas e Disciplinas Comerciais, da Comissão de Comércio do Mercosul – CCM;

IX – estudar e propor alterações na Tarifa Externa Comum - TEC e na Nomenclatura Comum do Mercosul – NCM; (Portaria MIDC N.6 de 11 de janeiro de 2008)

(38)

82

III - definir, no âmbito das atividades de exportação e importação, diretrizes e orientações sobre normas e procedimentos, para os seguintes temas, observada a reserva legal:

[...]

c) nomenclatura de mercadoria; [...]

e) classificação e padronização de produtos; f) marcação e rotulagem de mercadorias; e

g) regras de origem e procedência de mercadorias; [...]

VI - formular diretrizes básicas da política tarifária na importação e exportação;

[...]

XIII - fixar as alíquotas do imposto de exportação, respeitadas as condições estabelecidas no Decreto-Lei no 1.578, de 11 de outubro de 1977;

XIV - fixar as alíquotas do imposto de importação, atendidas as condições e os limites estabelecidos na Lei no 3.244, de 14 de agosto de 1957, no Decreto-Lei no 63, de 21 de novembro de 1966, e no Decreto-Lei no 2.162, de 19 de setembro de 1984;

XV - fixar direitos antidumping e compensatórios, provisórios ou definitivos, e salvaguardas;

XVI - decidir sobre a suspensão da exigibilidade dos direitos provisórios;

[...]

XIX - alterar, na forma estabelecida nos atos decisórios do Mercado Comum do Sul - MERCOSUL, a Nomenclatura Comum do MERCOSUL de que trata o Decreto no 2.376, de 12 de novembro de 1997. (Decreto n. 4.732, de 10 de junho de 2003). (grifo nosso)

(39)

83 Podemos resumir afirmando que à RFB cabe se posicionar sobre a Classificação de

Mercadorias dentro na NCM, emitindo pareceres sobre Classificação de Mercadorias.

Cabe a Secex definir a política de comércio exterior, definindo as regras e sendo

representante do Brasil no Mercosul no Comitê Técnico n. 1, de Tarifas, Nomenclatura

e Classificação de Mercadorias, inclusive propondo alterações na TEC. E por fim cabe a

Camex definir as diretrizes sobre a NCM, alterar a NCM e fixar as alíquotas do imposto

de importação e imposto de exportação.

O Decreto-Lei n. 1.154, de 1971, também promoveu a adaptação da Tabela do

Imposto sobre Produtos Industrializados à NBM. E o Decreto n. 2.092, de 10 de

dezembro de 1996, determinou que a TIPI tenha como base a NCM.

Art. 1º É aprovada a anexa Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (TIPI).

Parágrafo único. A TIPI de que trata este artigo tem por base a Nomenclatura Comum do MERCOSUL (NCM), constante do Anexo I do Decreto nº 1.767, de 28 de dezembro de 1995. (Decreto n. 2.092, de 10 dez. 1996).

Art. 2º A NCM passa a constituir a nova Nomenclatura Brasileira de Mercadorias baseada no Sistema Harmonizado (NBM/SH), para todos os efeitos previstos no art. 2º do Decreto-lei nº 1.154, de 1º de março de 1971.

2.

Conclusão

O objetivo deste artigo foi mostrar como funciona a classificação de mercadorias e

a diferença entre alguns termos que são sempre confundidos pelos intervenientes no

(40)

84 Como pudemos ver nos estudos efetuados a nomenclatura é um signo, e quando se

classifica a mercadoria esta-se classificando dentro do signo. A mercadoria não deixa

de ser o que ela é pelo fato de ter sido classificada. A maça continua sendo maça,

apesar de agora ser definida por um signo pré-determinado.

A classificação nada mais que é a atividade de se enquadrar uma mercadoria dentre

de uma nomeclatura, a partir de regras pré-determinadas. Assim a nomeclatura de

mercadorias usadas pela maioria dos países do mundo utiliza o Sistema Harmonizado

de Designação e Codificação de Mercadorias e para a classificação das mercadorias no

SH utiliza-se as regras gerais de classificação determinadas pelo próprio SH.

As regras de classificação de mercadorias utilizadas no Brasil são quatro regras

gerais do SH e duas regras específicas para uso na Nomenclatura do Mercado Comum.

A Tarifa Aduaneira de Mercadorias é a junção da Nomenclatura mais a alíquota

aplicada a cada código. Por isso a Tarifa engloba a Nomenclatura. Então podemos

verificar que a mercadoria é classificada dentro da nomenclatura e pela utilização da

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REFERÊNCIAS

ASAKURA, H. World History of the customs and tariffs. Bruxelas: WCO, 2003.

BRASIL. Decreto n. 1.767, de 28 dez. 1995, Altera a NCM e as alíquotas do imposto de

importação. Disponivel em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1995/D1767.htm>. Acesso em: 20 set.

2012.

BRASIL. Decreto n. 1.343, de 23 dez. 1994, Altera a TAB, para o fim da aplicação da

TEC, aprovada no âmbito do CMC do Mercosul. Disponivel em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D1343.htm>. Acesso em:

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Ministério da Fazenda. Disponivel em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Decreto/D7482.htm#art7>. Acesso em: 20 set. 2012.

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sobre Produtos Industrializados. Disponivel em:

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em: 20 set. 2012.

BRASIL. Decreto-Lei n.37, de 18 nov. 1966, Dispõe sobre o imposto de importação,

Referências

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