• Nenhum resultado encontrado

Comportamento de industriários quanto à prevenção do câncer da próstata

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Comportamento de industriários quanto à prevenção do câncer da próstata"

Copied!
126
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

SAÚDE, AMBIENTE E TRABALHO

COMPORTAMENTO DE INDUSTRIÁRIOS QUANTO À

PREVENÇÃO DO CÂNCER DA PRÓSTATA

André Luis Santos Virgulino

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

(2)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

SAÚDE, AMBIENTE E TRABALHO

COMPORTAMENTO DE INDUSTRIÁRIOS QUANTO À

PREVENÇÃO DO CÂNCER DA PRÓSTATA

André Luis Santos Virgulino

Professor-orientador: Marco Antônio V. Rêgo Dissertação apresentada ao Colegiado do Curso de Pós-graduação em Saúde, Ambiente e Trabalho da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia, como pré-requisito obrigatório para a obtenção do grau de Mestre em Saúde, Ambiente e Trabalho.

(3)

V817c Virgulino, André Luís Santos.

Comportamento de industriários quanto à prevenção do câncer da próstata / André Luís Santos Virgulino. – Salvador, 2011.

Vii, 126f.: il.

Orientador: Marco Antônio Vasconcelos Rêgo.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Medicina da Bahia , 2011.

1. Neoplasias da próstata. 2. Comportamento. 3. Prevenção de doenças. 4. Modelos psicológicos. 5. Saúde do Trabalhador.

I. Universidade Federal da Bahia. II. Faculdade de Medicina da Bahia. III. Título.

(4)

COMISSÃO EXAMINADORA

Membros Titulares:

Lauro Antonio Porto, professor adjunto do Departamento de Medicina

Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia, doutor em Medicina e Saúde - Universidade Federal da Bahia.

Assinatura: _____________________________________

Modesto Antônio de Oliveira Jacobino, Urologista, professor associado do

Departamento de Cirurgia Experimental e Especialidades Cirúrgicas da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia, doutor em Urologia - Universidade Federal da Bahia.

Assinatura: _____________________________________

Marco Antônio Vasconcelos Rêgo (Professor–orientador), professor

associado do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia, doutor em Saúde Pública - Universidade Federal da Bahia.

(5)

PÁGINA DO FRONTISPÍCIO

“Mudar é dificil, mas é possivel”

(6)

DEDICATÓRIA

Aos meus pais por todo empenho dado para minha educação e ao meu companheiro por toda a paciência, compreensão e apoio nas horas mais complicadas e as celebrações nos momentos de vitória.

(7)

AGRADECIMENTOS

Primeiramente ao professor e orientador Marco Rêgo, por ter sido responsável pela dúvida que me motivou a fazer este trabalho, além da confiança, ensinamentos e toda a paciência oferecida nos meus momentos de aflição. À amiga, sempre presente, Paula Muniz, que sabiamente soube controlar os meus anseios, me orientar e me motivar nas horas mais difíceis.

À Dra. Danielle Nogueira, à Jonas Flores e ao Dr. Augusto de Túlio pela ajuda no acesso às empresas participantes deste projeto.

À Dra. Joana Matos, à Dra. Maria Rita Pinheiro e ao Dr. José Tolentino pela contribuição na coleta dos dados.

Às empresas que participaram deste trabalhando abrindo suas portas para o desenvolvimento da pesquisa.

A todos os participantes da pesquisa, pelo seu tempo devotado.

À professora Monica Angelim Lima, pelo apoio no que seria a parte qualitativa do trabalho que acabou por não acontecer.

A Solange pelo apoio, carinho, atenção e palavras de conforto. A todos os colegas pelo companheirismo durante todo o curso.

Aos meus pais, Norberto e Dalva, pelo apoio sempre oferecido e pela compreensão nas minhas faltas em suas vidas durante a execução deste projeto.

À Marcus Vinícius, pelo incentivo, companheirismo e principalmente paciência durante toda essa jornada.

Por fim, a todos que de uma forma ou de outra colaboraram para a construção e realização deste trabalho.

(8)

ÍNDICE

Lista de abreviaturas e siglas 9

I. Resumo 10

II. Objetivos 11

III. Introdução 12

IV. Artigo I – Tendência da mortalidade por câncer da próstata no estado da Bahia, de 1980 a 2007.

18

V. Artigo II – Barreiras e soluções para a prevenção do câncer da próstata – uma revisão.

38

VI. Artigo III - Comportamento de saúde de industriários quanto à prevenção do câncer da próstata

67

VII. Conclusão 106

VIII. Sumary 107

IX. Referências bibliográficas 108

(9)

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

COPEC – Complexo Petroquímico de Camaçari EDR – Exame Digital Retal ou Exame de Toque Retal ERSPC – European Randomized Study for Prostate Cancer HBM – Health Belief Model

INCA – Instituto Nacional de Câncer MCS – Modelo de Crenças em Saúde OMS – Organização Mundial da Saúde

PLCO – Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial PSA – Antígeno Prostático Específico

SBU – Sociedade Brasileira de Urologia

(10)

I. RESUMO

A atividade na indústria em geral requer um grande esforço físico e por essa razão, o número de homens supera o de mulheres. O comportamento machista parece ficar mais evidente, o que contribui também para a redução do cuidado com a saúde por parte destes trabalhadores. Problema de saúde pública mundial, com taxas crescentes de mortalidade na Bahia, o câncer da próstata é uma das doenças que acabam de entrar no rol das negligenciadas, principalmente pelo tabu associado ao exame digital retal (EDR) para detecção precoce da doença. Esta pesquisa teve por objetivo estudar o comportamento de industriários do Complexo Petroquímico de Camaçari, na Bahia, quanto à prevenção do câncer da próstata, através do Modelo de Crenças em Saúde. Os resultados demonstraram pouco cuidado com a prevenção do câncer, a partir da baixa frequência de realização do EDR e da dosagem do antígeno prostático específico. O comportamento machista, como esperado, atuou fortemente enquanto barreira para a prevenção. Uma forte evidência de necessidade de melhoria no conhecimento sobre esta doença também foi identificada, de modo a poder contribuir com a sua prevenção.

Palavras-chave: 1. Neoplasias da próstata. 2. Comportamento. 3. Prevenção de doenças. 4. Modelos psicológicos. 5. Saúde do Trabalhador.

(11)

II. OBJETIVOS

Principal

Identificar os fatores que motivam ou inibem os homens, trabalhadores da indústria, a se submeterem aos exames de diagnóstico para prevenção do câncer da próstata.

Secundários

1. Verificar as condutas de saúde do homem na prevenção do câncer da próstata;

2. Identificar o nível de conhecimento sobre o câncer da próstata e seu diagnóstico;

3. Identificar as barreiras e soluções que atuam sobre o comportamento de prevenção do câncer da próstata através dos exames de detecção precoce.

(12)

III. INTRODUÇÃO

As primeiras indústrias no mundo foram criadas no século XIX, com a Revolução Industrial na Inglaterra. Nesta época, coexistiam neste ambiente de trabalho mulheres, idosos e até mesmo crianças, além dos homens. No Brasil, a Revolução Industrial só ocorreu 100 anos depois, já no século XX, e ganhou força na década de 50 com a indústria automobilística (Almeida, 1972). Na Bahia, a industrialização foi impulsionada com a construção de dois pólos industriais. Dentre eles, o Complexo Petroquímico de Camaçari (COPEC), que fica a 50 quilômetros de Salvador, capital do Estado da Bahia, e iniciou suas operações em 1978, com a instalação de indústrias químicas e petroquímicas.

Por conta da grande necessidade de força de trabalho para execução da maior parte das atividades, o COPEC foi por muitos anos um ambiente de trabalho ocupado basicamente por homens. Apenas nos últimos anos, com a modernização das operações e pela luta por espaço no mercado de trabalho, houve uma inserção maior das mulheres, até mesmo em funções antes só realizadas por homens.

O ambiente de trabalho industrial, por conter normalmente um número maior de homens e atividades que requerem maior força física, salienta o comportamento machista que impera na sociedade. Este comportamento exacerbado acaba por interferir diretamente na atenção dada à própria saúde por esses homens. Dois estudos com foco no trabalho encontraram evidências do impacto deste comportamento no cuidado que os homens dedicam à sua saúde.

(13)

O primeiro foi realizado com trabalhadores do porto de Santos em São Paulo, para avaliar a relação do trinômio homem-trabalho-saúde, que reafirmou o modelo ocidental hegemônico de masculinidade, a partir da visão destes trabalhadores sobre o cuidado com a saúde. Para eles, homem é sinônimo de força, virilidade e invulnerabilidade. Nesse contexto, não se permitem estar doentes, e mais, admitem que o cuidado seja algo da natureza feminina. Em seus diálogos, expressam que a saúde é a própria condição de trabalho e a doença é o impedimento para este. A doença os colocaria em um lugar marginal, com risco de perda do trabalho e consequentemente da sua condição de provedor (Machin et al., 2009).

O segundo estudo, realizado na Finlândia, avaliou a relação homem, masculinidade e alimentação, comparando engenheiros e carpinteiros. Os resultados apontaram para um comportamento machista mais evidente entre os carpinteiros, justificado pela necessidade de vigor e boa condição física para a realização do seu trabalho, normalmente manual, e diferente do trabalho “leve” dos engenheiros. Os carpinteiros relacionaram o corpo a uma máquina e sua alimentação ao combustível necessário para esta máquina operar. Assim, informaram que enquanto homens necessitam de alimentação pesada, como carne bovina; afirmaram que conhecem os benefícios de uma alimentação mais saudável, rica em vegetais, mas que esta alimentação é coisa de mulher. Os engenheiros também expressaram o consumo de carne, citando o peixe e o frango como alternativas à carne bovina, além da inclusão de vegetais em suas dietas (Roos et al., 2001).

(14)

Em se tratando do tema saúde do homem, é importante lembrar-se do câncer da próstata, um problema de saúde pública de abrangência mundial, que em 2008, foi responsável pela morte de 258.381 homens em todo mundo (Globocan/IARC, 2010). No Brasil, em 2007, foi a segunda causa das mortes registradas em homens por neoplasias, com 11.478 óbitos, perdendo apenas para o câncer de pulmão (SIM/DATASUS).

Na Bahia, entre 1980 e 2007, o câncer da próstata foi responsável pela morte de 8.518 homens, com uma taxa de mortalidade padronizada variando de 3,53/100.000 a 12,58/100.000, e um aumento médio anual bruto de 5,51% e padronizado de 3,66%, acompanhando a tendência mundial. Em Salvador, no mesmo período, ocorreram 2.540 óbitos, com uma taxa de mortalidade padronizada variando de 9,12/100.000 a 14,88/100.000, e um aumento médio anual padronizado de 3,22% entre os anos de 1980 e 1995 e uma redução de 2,25% a partir de 1996, seguindo a tendência dos países desenvolvidos (Virgulino & Rêgo, 2011).

Esta neoplasia possui entre os seus fatores de risco a idade, o histórico familiar e a raça negra. Essa doença é rara antes dos 50 anos, e sua incidência aumenta com a idade (Lefort & Almeida, 2004). Quase 50% dos homens com 80 anos e, estimasse que, 100% dos que chegaram aos 100 anos têm câncer da próstata, porém, em um número elevado de indivíduos, a doença se apresenta sem sintomas importantes (Srougi, 1997).

A fase inicial do câncer da próstata é assintomática e já que a prevenção primária ainda não é possível, deve-se trabalhar na prevenção secundária, através da detecção precoce, por meio da realização do exame digital retal

(15)

(EDR) e pela dosagem do antígeno prostático específico (PSA). O PSA é uma proteína produzida exclusivamente pela próstata, que se eleva de maneira significativa nos casos de câncer. A sua dosagem vem sendo usada como um método de detecção precoce mais comum desde a década de 80, por não ser invasivo como é o EDR. Esse último exame, mais popularmente conhecido como toque retal, é realizado pela introdução do dedo indicador do médico, lubrificado e enluvado, no ânus do paciente.

Algumas controvérsias existem sobre a detecção precoce do câncer da próstata, pois ainda não existem evidências científicas de que essa detecção precoce reduz a mortalidade por esse câncer ou melhora a qualidade de vida dos pacientes. Dois estudos para avaliar este impacto vêm sendo realizados, o ERSPC (European Randomized Study for Prostate Cancer) e o PLCO (Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Screenning Trial), mas os resultados ainda não são significativos (Schröder et al., 2009). De qualquer forma, o diagnóstico precoce de uma doença sempre aumenta as chances de cura no tratamento. De 70% a 98% dos pacientes são curados quando a doença ainda está alojada dentro da glândula (Srougi, 1997).

Sob a óptica da eficácia, o EDR falha em 30% a 40% dos pacientes, e o PSA falha em 20%. O PSA feito em paralelo ao EDR falha em apenas 5% dos casos, o que justifica a necessidade de realização de ambos os testes (Srougi, 1997). Os protocolos internacionais são divergentes sobre os exames e suas combinações para a detecção precoce, porém a maioria inclui o EDR como um dos escolhidos e muitas vezes combinado com a dosagem do PSA.

(16)

No Brasil, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) recomenda a realização de exame médico anual, incluindo o EDR, a dosagem sérica do PSA e a dosagem sérica da fração prostática da fosfatase ácida para homens entre 45 e 70 anos de idade, ou a partir dos 40 anos com história familiar de câncer da próstata (SBU, 2010).

Não existem no Brasil estudos que façam uma relação entre realização e não-realização do EDR e do PSA como testes de detecção precoce desta neoplasia. Porém, 60% a 70% dos casos são diagnosticados quando a doença já está disseminada (Srougi, 1997) e o tratamento já não é muito eficaz. Um estudo canadense recente encontrou um menor percentual de homens com idade entre 40 e 60 anos (65%) quando comparado a mulheres na mesma faixa etária (79%) que tenham discutido ou experimentado o exame diagnóstico para câncer da próstata ou mamografia, respectivamente (McCreary et al., 2006).

Muitos são os fatores que poderiam estimular ou inibir um homem a fazer estes exames diagnósticos. Alguns estudos realizados no Brasil, Chile, Alemanha e Estados Unidos já identificaram algumas das barreiras: desconforto; embaraço; preocupação com o resultado anormal; e crença em algum tipo de distúrbio sexual (Myers et al., 1996; Kiss, 2001; Lucumí, 2003); falta de tempo; ausência de sintomas urológicos; e ausência de dor (Weirinch et al., 2003; Miranda et al., 2004); a falta de informação foi também avaliada em estudos de intervenção (Steele et al., 2000; Nijs et al., 2000; Addis, 2003; Volk et al., 2003); e a masculinidade, sob seus mais variados elementos (Nascimento, 2000; Keijzer, 2003), (Gomes, 2008). Como promotores, os já

(17)

estudados foram: benefício pessoal e presença de sintomas urológicos (Myers et al., 1996); educação e informação (Lefort & Almeida, 2004; Gomes et al., 2007); e ter histórico familiar (Taylor et al., 1999).

No Brasil, há escassez de estudos sobre essa temática e que pudessem contribuir para ações voltadas à redução do número de casos diagnosticados em estágios avançados e redução da letalidade. Este projeto de pesquisa está em consonância com um dos atuais objetos de atenção do Ministério da Saúde: a saúde do homem. Através da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, está alinhado a dois dos eixos do Plano de Ação Nacional – PAN (2009-2011): promoção da saúde e informação e comunicação em saúde (Brasil, 2009a; Brasil 2009b).

(18)

IV. ARTIGO I – Tendência da mortalidade por câncer de próstata no estado da Bahia, de 1980 a 2007.

(19)

TENDÊNCIA DA MORTALIDADE POR CÂNCER DE PRÓSTATA NO ESTADO DA BAHIA, DE 1980 A 2007

Mortality trends of prostate cancer in the State of Bahia, from 1980 to 2007

- André Luis Santos VIRGULINO

Acadêmico do Mestrado em Saúde, Ambiente e Trabalho da Faculdade de Medicina da Bahia / Universidade Federal da Bahia

Endereço para correspondência: Rua Professor Lourival Pimenta Bastos, 320, apto. 204, Costa Azul, CEP: 41.760-010, Salvador, Bahia, Brasil.

Endereço eletrônico: alsvirgulino@uol.com.br - Marco Antônio Vasconcelos RÊGO

Professor Associado do Departamento de Medicina Preventiva e Social / Faculdade de Medicina da Bahia / Universidade Federal da Bahia.

Endereço para correspondência: Departamento de Medicina Preventiva e Social / Pavilhão de Aulas da Faculdade de Medicina da Bahia. Av. Reitor Miguel Calmon, s/n, Vale do Canela, CEP: 40.110-100, Salvador, Bahia, Brasil. Endereço eletrônico: mrego@ufba.br

(20)

TENDÊNCIA DA MORTALIDADE POR CÂNCER DE PRÓSTATA NO ESTADO DA BAHIA, DE 1980 A 2007.

Resumo

As neoplasias são a terceira causa de morte no Brasil entre os homens. Em 2007 ocorreram 87.053 óbitos por câncer (14,5%) entre os 602.592 registrados. O câncer de próstata foi responsável por 11.478 mortes, sendo a segunda causa de óbito por neoplasia entre os homens. Observa-se uma ampla variação da incidência, segundo área geográfica, e um aumento da taxa de mortalidade no Brasil. Desde 2002 é a primeira causa de morte por câncer entre homens na Bahia. O objetivo desse estudo é descrever a tendência da mortalidade por câncer de próstata na Bahia e na cidade de Salvador de 1980 e 2007. Trata-se de um estudo de agregados cujos dados sobre os óbitos e população foram obtidos no SIM/DATASUS e no IBGE/DATASUS, respectivamente. Foram calculadas taxas padronizadas de mortalidade. A tendência das taxas de mortalidade no período de estudo foi analisada através de modelos de regressão de Poisson. Os resultados apontam para um padrão de elevação das taxas de mortalidade no Estado da Bahia e uma tendência de queda a partir de 1995 em Salvador. Conclui-se que o aumento verificado na Bahia pode ser decorrente de melhoria do diagnóstico, mas chama-se a atenção para a importância das ações de vigilância em saúde. A tendência observada em Salvador se assemelha à evidenciada em países desenvolvidos.

Palavras-chave: neoplasia da próstata; coeficiente de mortalidade; série

(21)

Mortality trends of prostate cancer in the State of Bahia, from 1980 to 2007.

Abstract

Neoplasms are the third leading cause of death among men in Brazil. In 2007 there were 87,053 cancer deaths (14.5%) among the 602,592 registered. Prostate cancer accounted for 11,478 deaths, and was the second cause of death from cancer among men. There is a wide variation in incidence according to geographical area, and an increased mortality rate in Brazil. Since 2002 is the leading cause of cancer death among men in Bahia. The aim of this study is to describe trends in mortality rates from prostate cancer in Bahia and in Salvador city, 1980 and 2007. This is an aggregate study with data on deaths and populations obtained from the SIM and the IBGE/DATASUS, respectively. We calculated standardized mortality rates. The trend of mortality rates during the study period was analyzed using Poisson regression models. The results indicate a pattern of elevated mortality rates in the state of Bahia and a downward trend since 1995 in Salvador. We conclude that the increase in Bahia may be due to improved diagnosis, but called attention to the importance of health surveillance. The trend in Salvador is similar to that evidenced in developed countries.

(22)

INTRODUÇÃO

O câncer de próstata é uma doença silenciosa, pois é inicialmente assintomática, o que torna mais difícil sua detecção precoce. Em fase mais avançada pode apresentar como sintomas: a dificuldade de urinar, jato urinário

fraco e o aumento do número de micções1.

Este câncer apresenta como principais fatores de risco: a idade; a raça negra e o histórico familiar. As neoplasias da próstata são identificadas, atualmente, em 4%, 7%, 12%, 23% e 41% dos homens com 40, 50, 60, 70 e 80

anos de idade, respectivamente2. Uma relação semelhante ocorre com a

questão da existência de história familiar em primeiro grau, pai ou irmão, com câncer de próstata antes dos 60 anos. No caso de um parente o risco de desenvolver a neoplasia aumenta em 2,2 vezes; de dois parentes em 4,9 vezes; e de três o risco salta para até 10,9 vezes, quando comparado à

população em geral3. Quanto à raça, estudos realizados nos Estados Unidos

demonstram uma incidência do câncer da próstata em afro-americanos maior

que a média da população em geral4.

O diagnóstico precoce do câncer da próstata pode ser feito através do Exame de Digital Retal (EDR) e das medidas do Antígeno Prostático Específico (PSA) e suas frações no sangue. Por falta de evidências claras, não existe um programa de rastreamento para o câncer da próstata, como ocorre com o câncer de mama. Porém, a Sociedade Brasileira de Urologia recomenda aos homens que, a partir dos 40 anos, para os que possuem histórico familiar deste câncer, e a partir dos 45 para os demais, façam o EDR e o PSA anualmente

(23)

como forma de identificação precoce, uma vez que, quando encontrada ainda

alojada na glândula, as chances de cura variam entre 70% e 98% dos casos3.

As taxas de incidência de câncer de próstata apresentam diferentes distribuições na população mundial. A incidência anual no mundo, padronizada por idade, é de 25,3 casos por 100.000 homens e no Brasil de 50,3, quase o

dobro da taxa média mundial5,6.

Segundo o relatório GLOBOCAN de 2008, IARC - International Agency for Research on Cancer, com 903.452 novos casos (28,1%), o câncer de próstata foi, em 2008, a segunda neoplasia de maior ocorrência entre os homens, no mundo, perdendo apenas para o câncer de pulmão, o que sugere um problema de saúde pública. Quando separadas por continentes, a sua incidência proporcional neste mesmo ano, em ordem decrescente de valor, é vista na seguinte sequência: Europa, com 375.122 casos (41,5%); América do Norte, com 213.705 casos (23,7%); Ásia, com 133.171 casos (14,7%); América Latina e Caribe, com 120.564 casos (13,3%); África, com 39.460 (4,4%); e Oceania, com 21.428 novos casos. A estimativa para o ano de 2010 no Brasil foi de 52.350 novos casos, o que representa um risco aproximado de 54 para

cada 100.000 homens7.

É interessante notar que muitos países de primeiro mundo estão no grupo dos que apresentam as maiores taxas de incidência (por 100.000 homens), tais como: Canadá (101,5); Estados Unidos (83,8), Austrália (105,0);

França (118,3); Alemanha (82,7); e Suécia (114,2)6. Uma possível explicação

(24)

gerando a realização dos exames de detecção precoce. Porém, normalmente, apresentam uma tendência de queda nas taxas de mortalidade.

Em 2008, foram registrados 258.381 óbitos por câncer de próstata no mundo, e com um total de 43.944 (17%), a América Latina e Caribe ocuparam a terceira posição entre os que mais contribuíram para este total de óbitos. Quando o desenvolvimento é levado em consideração, as regiões mais desenvolvidas assumem a liderança com 52,8% do total, contra os 47,2% das

regiões menos desenvolvidas6.

No ano de 2007, as neoplasias foram responsáveis pela morte de 87.053 (14,5%) dos 602.592 óbitos registrados entre homens no Brasil, sendo

a sua terceira maior causa de mortalidade8. Destas mortes registradas, o

câncer de próstata foi responsável por 11.478 eventos, sendo a segunda maior causa de óbitos por neoplasias entre os homens. Isto sugere que, aproximadamente, 31 homens morrem por dia no Brasil devido ao câncer de próstata.

Considerando-se o aumento da mortalidade por neoplasias malignas e as importantes variações regionais, além da escassez de estudos no estado da Bahia, o presente trabalho tem como objetivo descrever a tendência da mortalidade por câncer da próstata entre os anos de 1980 e 2007, na Bahia e na cidade de Salvador, capital do estado.

(25)

MÉTODOS

Foram coletadas as informações sobre os óbitos por neoplasia da próstata para os anos compreendidos entre 1980 e 2007, período em que estão disponíveis os dados de mortalidade do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), no DATASUS/Ministério da Saúde.

Utilizou-se a Classificação Internacional de Doenças - CID (9ª revisão) e a CID BR-9 de 1980 a 1995 e a CID-10 e a CID BR-10 de 1996 a 2007. Os dados sobre a população foram obtidos das estimativas do IBGE/DATASUS.

Foram selecionadas as variáveis relativas à causa básica de morte (neoplasia maligna da próstata, C61), faixa etária em anos (0 a 4, 5 a 9, 10 a 14, 15 a 19, 20 a 29, 30 a 39, 40 a 49, 50 a 59, 60 a 69, 70 a 79 e 80 e mais), local de residência (Município de Salvador e o Estado da Bahia) e população por faixa etária para cada ano e local.

Calcularam-se as taxas de mortalidade brutas e padronizadas por idade para o Município de Salvador e para o Estado da Bahia de 1980 a 2007. Utilizou-se a técnica de ajustamento direto, adotando-se a população mundial

padrão do ano de 19609. Para a análise de tendência temporal das taxas de

mortalidade geral e por faixa etária, utilizou-se a regressão de Poisson. Através do teste qui-quadrado foi verificada a super-dispersão para ajustamento; baixos valores deste teste, acompanhados de valores de p>0,05, indicavam a pertinência do uso da regressão de Poisson. Utilizou-se a regressão binomial negativa nos casos onde a super-dispersão foi identificada.

(26)

Nesse processo de modelagem, o número de óbitos por câncer de próstata foi considerado como variável dependente e os anos calendário do estudo, como variável independente principal. Calcularam-se as razões de densidade de incidência (RDI) brutas e padronizadas no modelo, a partir dos óbitos observados e esperados, respectivamente. A RDI expressa a tendência de aumento (valores >1) ou de diminuição (valores <1) percentual anual das taxas durante o período estudado. Utilizou-se o teste da razão de verossimilhança para verificar diferenças das estimativas entre os modelos com e sem a variável “número de óbitos mal definidos”.

Os dados foram organizados em planilhas do software Excel e analisados no software STATA, versão 10. Como não houve procedimento amostral, os resultados não foram expressos em termos de significância estatística.

(27)

RESULTADOS

Entre os anos de 1980 e 2007 foram registrados 57.671 óbitos por câncer entre homens, no Estado da Bahia. Destes, 8.518 (14,77%) corresponderam aos óbitos por câncer da próstata. As taxas brutas de mortalidade variaram de 2,47/100.00 em 1980 para 9,15/100.000 em 2007. As taxas padronizadas por idade variaram de 3,53/100.000 para 12,58/100.000, nos mesmos anos, com um ponto máximo de 14,05/100.000 no ano de 2006. Observaram-se variações irregulares das taxas de mortalidade ajustadas por idade ao longo da série, mas de maneira geral representaram um aumento médio anual bruto de 5,51% e padronizado de 3,66%, para o período estudado (Tabela 1). Essa tendência geral crescente se deu em todas as faixas etárias estudadas, sendo mais acentuada na faixa dos maiores de 70 anos (5,69%), e mais sutil na faixa de menores de 50 anos (1,97%) (Tabela 2).

No mesmo período, foram registrados 20.134 óbitos por neoplasia em homens no Município de Salvador, dos quais 2.540 (12,62%) foram por neoplasia da próstata. Esta proporção variou de 6,5%, em 1980 para 13,8% em 2007. As taxas brutas de mortalidade variaram de 6,19/100.00 em 1980 para 11,02/100.000 em 2007. As taxas de mortalidade padronizadas variaram de 9,12/100.000 em 1980 a 14,88/100.000 em 2007, correspondendo a uma tendência de aumento médio anual bruto de 2,82% e de 1,20% padronizado (Figura 1), com um ponto máximo de 22,81/100.000 no ano de 1995.

(28)

A análise da curva referente às taxas padronizadas para Salvador sugere a existência de duas tendências. A primeira que se inicia no ano de 1980 a vai até 1995, onde se observou um incremento de 3,22% ao ano e a segunda, a partir de 1996, onde nota-se, uma redução de 2,25% ao ano.

As tendências de aumento e redução das taxas de mortalidade, no Município de Salvador, nos períodos mencionados, foram encontradas em todas as faixas etárias estudas. Durante o período de declínio, a maior redução ocorreu na faixa de menores de 50 anos (14,37%), seguida da faixa entre 60 e 69 anos (6,34%) ao ano. No geral, tanto no estado quanto na capital, observaram-se taxas de mortalidade crescentes à medida do aumento da faixa etária (Tabela 3).

(29)

DISCUSSÃO

Os resultados desse estudo revelam uma tendência de aumento da taxa de mortalidade por câncer de próstata para o Estado da Bahia e, após algumas oscilações, uma redução desta taxa para o Município de Salvador, a partir de 1996. O crescimento da taxa de mortalidade encontrado para o Estado da Bahia acompanha a tendência de aumento do Brasil. Segundo o INCA (2010), a taxa de mortalidade padronizada em 1980 era de 7,45/100.000 passando a

13,34/100.000 homens em 2007, um aumento de 79,1% nestes 27 anos9.

Este crescimento também foi observado em outros países, tais como: Bélgica, Dinamarca, Grécia, Bulgária, República Tcheca, Ucrânia, Rússia, Irlanda, Romênia, Argentina, Chile, Cuba, México e Japão, entre outros, os

quais ainda não mostraram tendência de reduzir a inclinação da curva11,12.

Este aumento pode estar relacionado à tendência de envelhecimento da população. No Brasil, entre os anos de 1980 e 2005, a expectativa de vida para os homens cresceu de 59,7 para 68,2 anos, ou seja, quase nove anos de

aumento decorridos apenas 25 anos13. Este padrão pode estar precedendo

uma futura redução, como visto em outras partes do mundo, que experimentaram um período de crescimento e hoje estão em declínio.

As oscilações encontradas para o Município de Salvador, com tendência final de queda, se assemelham à da Espanha, que entre os anos de 1975 e 1998, apresentou um aumento anual de mortalidade por câncer de próstata de 0,89% e entre os anos de 1998 e 2005 uma redução de 3,45% ao ano, porém quando avaliado todo o período (1975-2005) observou-se um crescimento

(30)

Esta tendência de redução também é observada em muitos países desenvolvidos. Apesar de ainda disporem de altas taxas de mortalidade, quando comparadas aos países em desenvolvimento, lugares como Estados Unidos, França, Inglaterra, e Itália, apresentam uma tendência de queda nestas

taxas desde a década de 9011,16,17,18.

O Canadá, entre os anos de 1977 e 1993, computou um incremento anual da mortalidade por câncer da próstata de 3,0%, enquanto que entre os

anos de 1993 e 1999 uma redução anual de 2,7%19. Vale ressaltar que neste

período passou-se a realizar a avaliação do PSA associada ao exame digital retal, como recurso complementar na detecção precoce desta neoplasia.

Apesar da queda das taxas de mortalidade encontradas para o Município de Salvador, estas ainda são maiores que as do Brasil, no mesmo período. Isto se deve provavelmente aos diferentes níveis de acesso ao serviço de saúde, à qualidade da assistência médica prestada, à capacidade

diagnóstica e a qualidade das informações fornecidas20.

Uma última observação deve ser feita quanto aos dados de óbito publicados pelo SIM, que ainda apresentam problemas de qualidade e cobertura. É esperado que a qualidade da informação contida neste sistema

varie de região para região, sendo mais fidedigna no Sul e no Sudeste21. Desta

forma, é possível que na Bahia haja um sub-registro do câncer de próstata como causa do óbito, porém, observa-se uma tendência crescente na mortalidade. É possível que progressivamente esteja havendo um maior acesso aos serviços de saúde e melhoria no diagnóstico.

(31)

CONCLUSÃO

A Bahia vem experimentando a mesma tendência do Brasil e do mundo quanto ao aumento da taxa de mortalidade por câncer da próstata. Ao contrário, a cidade de Salvador, como na maioria dos países desenvolvidos, apesar de seguir este aumento na década de 80, a partir de 1996 segue com suas taxas de mortalidade com tendência decrescente. Este período de queda ainda é muito pequeno para se ter uma avaliação mais definitiva, até mesmo para se compreender o que vem sendo feito de diferente nas demais regiões do estado da Bahia para que exista este comportamento positivo divergente.

Vale ressaltar que a prevenção primária do câncer da próstata ainda é pouco conhecida e não existe um protocolo de rastreamento muito claro, apesar dos estudos que vêm sendo realizados (ERSPC – European

Randomized Study for Prostate Cancer – e o PLCO – Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Screenning Trial). Pelo que representa em termos de

saúde pública, é muito importante que se incrementem as ações de vigilância da saúde, especialmente voltadas para a saúde do homem, com incentivo ao auto-cuidado e à adoção de atitudes voltadas para a prevenção de doenças crônicas não-transmissíveis.

(32)

REFERÊNCIAS

1. Sociedade Brasileira de Urologia. Manual de boas práticas urológicas. [acessado em 26/10/2009], 24p. Disponível em http://www.sbu.org.br. 2. Lefort A, Almeida JC. Câncer de próstata: a importância das campanhas de

prevenção. CIAPE. Belo Horizonte, 2004.

3. Srougi M. Câncer de próstata: uma opinião médica. Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) [texto na Internet], 1997. [acessado em 15/04/2008].

Disponível em http://www.sbu.org.br.

4. Mordukhovich I, Reiter PL, Backes DM, Family L, McCullough LE, O'Brien KM, et al. A review of African American-white differences in risk factors for cancer: prostate cancer. Cancer Causes Control. 2010 Dec 24.

5. Cramer SD. Prostate cancer – deadly diseases and epidemics. Chealsea House, 112p, 2007.

6. GLOBOCAN 2008 (IARC), Section of Cancer Information. [acessado em 27/04/2010]. Disponível em http://globocan.iarc.fr/.

7. INCA, Estimativa 2010 – Incidência de câncer no Brasil. [acessado em 27/04/2010]. Disponível em http://www.inca.gov.br/estimativa/2010/

8. Ministério da Saúde. Sistema de Informação sobre Mortalidade / DATASUS, 2010. [acessado em 26/08/2010]. Disponível em http://www.datasus.gov.br. 9. Segi M. Cancer mortality for selected sites in 24 countries (1950-57).

Department of Public Health, Tohoku University of Medicine, Sendai, Japan. 1960.

10. INCA. Taxas de mortalidade [acessado em 28/06/2010]. Disponível em http://mortalidade.inca.gov.br/

11. Bouchardy C, Fioretta G, Rapiti E, Verkooijen HM, Rapin CH, Schmidlin F, et al. Recent trends in prostate cancer mortality show a continuous decrease in several countries. Int. J. Cancer: 123, 421–429, 2008.

(33)

12. Vives VA, Valdivia CG, Marchall RG. Cambios recientes en la mortalidad por cáncer de próstata en Chile: estudio de tendencias en el período 1955-2001. Rev. méd. Chile [online], vol.132, 2004.

13. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Tábuas de vidas. [texto na Internet] [acessado em 26/10/2009]. Disponível em

www.ibge.gov.br.

14. Bernal M, Gómez FJ, Gómez G. Trends in cancer mortality in Spain: 1975-2004. Revista Tumori, 95: 669-674, 2009.

15. Cayuela A, Rodríguez-Domínguez S Vigil ME, Barrero CR. Cambios recientes en la mortalidad por cáncer de próstata en España: estudio de tendencias en el período 1991-2005. Actas Urol Esp [online], vol.32, 2008. 16. Maragume T, Mizuno S. Comparison of prostate cancer mortality in five

countries: France, Italy, Japan, UK and USA from the WHO mortality database (1960–2000). Japanese Journal of Clinical Oncology 35(11): 690-691, 2005.

17. Weir HK, Thun MJ, Hankey BF, Ries LAG, Howe HL, Wingo PA, et al. Annual Report to the Nation on the Status of Cancer, 1975–2000, Featuring the Uses of Surveillance Data for Cancer Prevention and Control. Journal of the National Cancer Institute, Vol. 95, No. 17, 2003.

18. ACS – American Cancer Society. Cancer Facts & Figures 2009.

19. McDavid K, Lee J, Fulton JP, Tonita J, Thompson TD. Prostate cancer incidence and mortality rates and trends in the United States and Canada. Public Health Rep. 119, 174–186, 2004.

20. Kligerman J. Estimativas sobre a incidência e mortalidade por câncer no Brasil - 2000. Revista Brasileira de Cancerologia [periódico on line], 46(2); 2000. Disponível em URL: http://www.inca.gov.br/rbc [acessado em

02/09/2010]

21. Hallal ALC, Gotlieb SLD, Latorre MRDO. Evolução da mortalidade por neoplasias malignas no Rio Grande do Sul, 1979-1995. Revista Brasileira de Epidemiologia, São Paulo, v. 4, n. 3, Nov. 2001.

(34)

Tabela 1 – Distribuição do número de óbitos e taxas de mortalidade bruta e padronizada*/100.000 homens, por câncer de próstata em Salvador e na Bahia de 1980 a 2007.

Ano Número Salvador Bahia

absoluto bruta Taxa padronizadaTaxa absolutoNúmero bruta Taxa padronizadaTaxa

1980 29 6,19 9,12 89 2,47 3,53 1981 35 7,85 10,92 114 3,04 4,27 1982 46 10,41 14,34 131 3,41 4,76 1983 47 9,91 13,44 133 3,25 4,56 1984 54 10,26 14,57 128 2,98 4,19 1985 46 8,14 11,63 129 2,87 4,10 1986 46 7,64 10,93 123 2,69 3,80 1987 71 11,81 16,85 165 3,41 4,94 1988 56 9,04 12,62 170 3,46 4,83 1989 81 12,68 17,84 167 3,29 4,66 1990 67 10,03 14,01 197 3,70 5,34 1991 79 11,06 16,15 205 3,80 5,28 1992 74 10,00 14,27 205 3,64 5,14 1993 77 11,27 14,89 207 3,74 5,09 1994 77 10,40 14,63 252 4,47 6,27 1995 120 16,26 22,81 307 5,33 7,52 1996 111 13,08 18,03 292 4,52 6,44 1997 115 13,13 18,31 355 5,44 7,68 1998 121 13,62 19,03 366 5,57 7,90 1999 127 14,43 19,78 366 5,51 7,82 2000 128 12,49 16,96 405 5,49 7,72 2001 105 9,35 13,01 374 5,02 7,03 2002 137 12,29 16,39 479 6,38 8,83 2003 128 11,33 15,09 473 6,30 8,76 2004 120 10,15 13,89 508 6,68 9,24 2005 145 12,03 16,57 529 6,87 9,61 2006 142 11,65 15,63 819 10,41 14,05 2007 156 11,02 14,88 830 9,15 12,58 Total 2540 - - 8518 -

(35)

Tabela 2 – Tendência das taxas de mortalidade por câncer de próstata (100.000), segundo faixas etárias e taxas de mortalidade padronizadas** por idade em Salvador (SSA) e no Estado da Bahia, de 1980 a 2007.

Faixa etária Tendência

geral SSA (% médio anual) Tendência 1980 a 1995 SSA (% médio anual) Tendência 1996 a 2007 SSA (% médio anual) Tendência geral Bahia (% médio anual) < 50 - 5,93* + 8,26 - 14,37* + 1,97 ≥ 50 + 1,46 + 5,30* - 2,05* + 5,40* 50-59 - 1,16 + 0,69 - 1,65* + 3,50 60-69 - 0,47 + 6,86* - 6,34* + 3,67* ≥70 + 1,88 + 4,26* - 1,26* + 5,69* Total + 1,20 + 3,22 - 2,25 + 3,67*

* Ajustada pelo número de óbitos por causa mal definida.

(36)

Tabela 3 – Distribuição das taxas de mortalidade por câncer de próstata (100.000 homens) em Salvador e no Estado da Bahia, segundo a faixa etária, em 2007.

Faixa etária Salvador Estado da Bahia

< 40 0,0 0,0 40-49 0,48 1,07 50-59 8,36 7,92 60-69 40,16 41,45 70-79 206,03 162,15 ≥80 507,83 396,95

(37)

Figura 1 - Taxa de mortalidade* por câncer de próstata no Estado da Bahia e na Cidade de Salvador, de 1980 a 2007.

Gráfico 1. Taxa de mortalidade por câncer de próstata no

Estado da Bahia e na Cidade de Saúde de Salvador, de 1980 a 2007, padronizada pela população mundial de 1960.

0 5 10 15 20 25 30 19 80 19 81 19 82 19 83 19 84 19 85 19 86 19 87 19 88 19 89 19 90 19 91 19 92 19 93 19 94 19 95 19 96 19 97 19 98 19 99 20 00 20 01 20 02 20 03 20 04 20 05 20 06 20 07 Ano T ax a d e m o rt al id ad e p o r 10 0. 00 0 Salvador Bahia

(38)

V. ARTIGO II – Barreiras e soluções para a prevenção do câncer da próstata – uma revisão.

(39)

BARREIRAS E SOLUÇÕES PARA A PREVENÇÃO DO CÂNCER DA PRÓSTATA – UMA REVISÃO

Barriers and solutions for the prostate cancer prevention – a review

- André Luis Santos VIRGULINO

Acadêmico do Mestrado em Saúde, Ambiente e Trabalho da Faculdade de Medicina da Bahia / Universidade Federal da Bahia

Endereço para correspondência: Rua Professor Lourival Pimenta Bastos, 320, apto. 204, Costa Azul, CEP: 41.760-010, Salvador, Bahia, Brasil.

Endereço eletrônico: alsvirgulino@uol.com.br - Marco Antônio Vasconcelos RÊGO

Professor Associado do Departamento de Medicina Preventiva e Social / Faculdade de Medicina da Bahia / Universidade Federal da Bahia.

Endereço para correspondência: Departamento de Medicina Preventiva e Social / Pavilhão de Aulas da Faculdade de Medicina da Bahia. Av. Reitor Miguel Calmon, s/n, Vale do Canela, CEP: 40.110-100, Salvador, Bahia, Brasil. Endereço eletrônico: mrego@ufba.br

(40)

BARREIRAS E SOLUÇÕES PARA A PREVENÇÃO DO CÂNCER DA PRÓSTATA – UMA REVISÃO

Resumo

O câncer da próstata foi a segunda causa de morte por câncer no Brasil entre os homens, com um total de 11.478 óbitos em 2007. Em 2008, a sua incidência no Brasil foi de 50,3/100.000 homens. A estimativa para o ano de 2010, feita pelo Instituto Nacional de Câncer, foi de 52.350 novos casos diagnosticados. O presente artigo busca, através de uma revisão de literatura, identificar os fatores que inibem ou promovem o comportamento de prevenção do câncer da próstata através do exame digital retal e do antígeno prostático específico. As bases de dados utilizadas para a pesquisa foram a MEDLINE e a LILACS. Foram levantados 33 artigos e neles identificadas 28 barreiras, que foram agrupadas em quatro categorias, e 17 fatores motivadores. O comportamento machista surgiu como uma das maiores barreiras para a prevenção, junto com a falta de informação sobre a doença. A informação, quando obtida, passa a ser o fator promotor mais referido.

(41)

Barriers and solutions for prostate cancer prevention – a review

Abstract

Prostate cancer was the second leading cause of cancer death among men in Brazil, with a total of 11,478 deaths in 2007. In 2008, incidence rate in Brazil was 50.3 per 100,000 men. The National Cancer Institute estimated the occurrence of 52,350 new cases in 2010. This article aims, through a literature review, to identify factors that inhibit or promote preventive behavior of prostate cancer by digital rectal examination and prostate-specific antigen exam. The databases used to search were the MEDLINE and LILACS. There were found 33 articles and they identified 28 barriers, which were grouped into four categories, and 17 motivators. The manhood emerged as one of the biggest barriers to prevention, along with the lack of information about the disease. The information, if obtained, becomes the most frequently mentioned promoting factor.

(42)

INTRODUÇÃO

O câncer da próstata foi a segunda causa de morte por câncer no Brasil

entre os homens, com um total de 11.478 óbitos em 20071. Em 2008, a sua

incidência no Brasil foi de 50,3/100.000 homens2 e a estimativa para o ano de

2010, feita pelo Instituto Nacional do Câncer, foi de 52.350 novos casos

diagnosticados3.

O câncer da próstata ainda não possui seus agentes causadores claramente definidos, porém, se diagnosticado e tratado antecipadamente pode-se oferecer uma sobrevida maior, e uma qualidade de vida melhor ao paciente. Se diagnosticada ainda na glândula, as chances de cura após o

tratamento variam entre 70% e 98%4.

Contudo, o constrangimento de realizar o teste, o medo de descobrir a doença ou das conseqüências secundárias na fase de tratamento, como as disfunções sexuais, são alguns dos aspectos, que podem estar contribuindo para uma redução no diagnóstico e no tratamento precoce desta neoplasia. Da mesma forma, uma maior exposição às informações sobre a saúde da próstata pode atuar como motivador de sua prevenção.

A partir desta perspectiva, pretende-se identificar os fatores que atuam diretamente no comportamento de prevenção do câncer da próstata; seja inibindo ou promovendo a realização dos exames de diagnóstico precoce; através de uma revisão sistemática de literatura.

(43)

MÉTODOS

Estratégia de Pesquisa

A busca dos artigos foi feita nas bases MEDLINE – Medical Literature Analysis and Retrieval System on Line – e LILACS – Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde. Utilizaram-se os descritores: “câncer de próstata”; “neoplasia da próstata”; “prevenção”; “comportamento”; “barreiras” e “motivação”, em inglês e português, com busca em todos os campos, nas duas bases.

Seleção dos Estudos Elegíveis

A seleção dos artigos seguiu alguns critérios. Primeiro foi feita uma avaliação do título de cada artigo para verificar se o mesmo tratava do assunto em questão. Nesta fase foram selecionados 115 artigos entre os 4.882 levantados. O segundo critério foi o idioma do artigo. Só foram selecionados artigos escritos em português, inglês ou espanhol. O ano de publicação do artigo e o local não foram usados como critérios de seleção.

No terceiro momento foi feita uma avaliação dos resumos destes estudos para certificação de que os mesmos apresentavam informações sobre os fatores que inibem ou motivam os homens a realizarem a dosagem do antígeno prostático específico (PSA) ou o exame digital retal (EDR), como procedimentos para o diagnóstico precoce do câncer da próstata.

(44)

O próximo passo foi comparar os estudos já selecionados para verificar duplicidade e, só então, foi feita uma leitura minuciosa de cada artigo para destacar os itens de interesse. Todas as etapas foram feitas por uma única pessoa.

Análise dos artigos

Para a análise dos artigos foi elaborada uma tabela contendo os dados gerais (autor, ano, local, idioma, delineamento do estudo e população estudada) e específicos de cada artigo (barreiras e soluções encontradas).

Análise dos dados

A análise dos dados foi feita inicialmente pelo agrupamento dos fatores promotores e inibidores identificados, criando-se assim dois grandes grupos. Depois, exclusivamente para as barreiras, foi feito outro agrupamento por quatro categorias identificadas pelos pesquisadores: masculinidade; falta de informação; falta de recurso e suporte social; e barreiras médicas. Após estas classificações foram calculadas as frequências de ocorrência dos fatores em cada estudo selecionado.

(45)

RESULTADOS

Características dos Estudos

Após a aplicação de todos os filtros foram selecionados 33 estudos (Quadro 1). Em relação ao idioma, 87,9% (29) eram em Inglês e 12,1% (04) em português ou espanhol. Quanto ao tipo de delineamento do estudo, 87,9% (29) foram de corte transversal e 12,1% (04) de coorte ou caso-controle, sendo que alguns deles seguiram a linha qualitativa com uso de entrevistas individuais e grupos focais. Houve uma predominância de artigos publicados nos Estados Unidos, 75,8% (25). Os demais, 24,2% (08), foram publicados na Austrália, Colômbia, Reino Unido, Suécia, Turquia, e dois deles (6,1%) publicados no Brasil. A grande maioria dos homens estudados era afro-americanos, com idade maior ou igual a 40 anos.

Barreiras para a Prevenção

Descreveram-se 28 fatores que inibem a realização dos exames de PSA e EDR para o diagnóstico precoce do câncer da próstata. Estes variaram desde a falta de acesso à assistência médica até a falta de conhecimento sobre esses exames (Tabela 1).

A categoria “masculinidade” reuniu 15 das barreiras identificadas. Foram elas: “afronta à masculinidade” (12,1%); “associação ao sexo gay” (3,0%); “constrangimento” (18,2%); “medo da violação anal” (12,1%); “medo de descobrir a doença” (15,2%); “medo de fazer o EDR” (12,1%); “medo de perder a ereção” (12,1%); “medo de mudar a orientação sexual” (3,0%); “medo de ter ereção durante o exame” (3,0%); “medo do tratamento e seus efeitos” (6,1%);

(46)

“negação de auto-risco (6,1%); “priorização da família” (6,1%); “recusa a fazer” (6,1%); “se sentir saudável ou invulnerável (6,1%); e ”ser descuidado com a saúde” (15,2%).

A categoria “falta de informação” foi composta pelos fatores: “ausência de sintomas (3,0%); “desconforto ou dor no exame” (18,2%); “desconhecimento dos exames” (9,1%); “falta de informação médica ou geral” (21,2%); e “perspectiva fatalista (6,1%).

Para a categoria “falta de recurso e suporte social” foram reunidos os fatores: “dificuldade de acesso aos exames” (21,2%); “falta de assistência médica” (21,2%); “falta de companhia ou suporte social” (3,0%); e “falta de tempo” (18,2%).

Por fim, os fatores “experiência anterior negativa” (3,0%); “falta de solicitação médica” (9,1%); “não confiar ou não gostar de ir ao médico” (3,0%); e “pouca interação médico-paciente” (12,1%); formaram a categoria “barreiras médicas”.

Das quatro categorias estabelecidas, “masculinidade” foi a que apresentou o maior número de fatores e “falta de informação” e “falta de recurso e suporte social” foram as que apresentaram maior frequência de ocorrência entre os estudos selecionados.

Soluções para a Prevenção

Dezenove estudos apresentaram alguma solução para a promoção da realização dos exames da próstata. Neles um total de 17 fatores foi identificado (Tabela 2). Em ordem decrescente de ocorrência, citam-se: “maior nível

(47)

educacional” (18,2%); “maior informação” (15,2%); “elevada percepção de benefícios”, “idade avançada”, “preocupação com a doença” e “maior renda/classe social” (12,1%); “ter histórico familiar”, “recomendação médica” e “suporte social da esposa” (9,1%); “acesso aos serviços de saúde”, “disponibilidade de tempo” e “suporte social da igreja” (6,1%); seguidos por “elevada percepção de risco”, “elevada percepção de severidade”, “elevada percepção de susceptibilidade”, “estado civil – ser casado” e “exame gratuito” (3,0%).

(48)

DISCUSSÃO

Com base no número de fatores associados à masculinidade, percebe-se a força que esta categoria tem em atuar como barreira para a prevenção do câncer da próstata. O achado sobre o comportamento machista dos homens e

a falta de atenção com a própria saúde já foi descrito anteriormente38,39. As

barreiras para esta detecção precoce, associadas ao comportamento machista,

chegam a ser apontadas por mais de 70% dos homens pesquisados8,15.

O homem foi moldado durante séculos, pelos diversos momentos históricos, para ser valente, forte, resistente, viril, provedor, enfim, um ser

invulnerável40. Porém, o corpo nem sempre atende ao que se espera de toda

essa massificação psicológica. No caso em questão, o medo de descobrir que está doente, a submissão ainda explicitada e não compreendida do exame de toque retal, o medo de ficar impotente, dentre outros fatores identificados e associados a este comportamento machista, ainda colocam o homem em uma condição de fragilidade frente ao câncer da próstata.

O comportamento machista foi só uma das categorias de impacto atuando enquanto barreira. A falta de informação surge claramente como outro fator que precisa de atenção. O desconhecimento sobre os sintomas, sobre os exames e sua frequência de realização, assim como a perspectiva fatalista da doença ou dos problemas secundários advindos do seu tratamento, faz com que menos homens realizem os exames da próstata. A dor ou desconforto no exame foi o segundo fator mais evidente nesta categoria. Vale ressaltar que o exame é indolor quando realizado por um profissional treinado e experiente. Ou seja, a falta de informação sobre o exame promove o aparecimento de mais

(49)

esta barreira. Em um estudo realizado no Tenesee, nos Estados Unidos com

293 homens, 44% disseram não saber onde fazer os exames da próstata35.

A falta de recursos, seja ela por dificuldade de acesso aos exames, devido ao seu alto custo, pela falta de assistência médica ou por falta de tempo, também surge em grande frequência nos estudos, na verdade as maiores encontradas. Muitos homens reportaram que não conseguem tempo livre para ir ao médico, por conta do horário de trabalho. Outros disseram que o custo é alto ou ainda que a burocracia seja tão grande que acabam por desistir27,35.

A pouca interação médico-paciente surgiu na categoria barreira médica como a mais evidente, seguida da falta de solicitação médica e de não confiar ou gostar de ir ao médico. Na verdade, esta relação precisa ser mais humanizada. Justamente por se tratar de um grupo mais específico e que já demonstra uma aversão ao cuidado; as inter-relações entre estes atores sociais devem primar por um compromisso à saúde. Alguns entrevistados relataram que o tempo da consulta é tão curto que o médico não teve oportunidade de explicar o motivo e a necessidade de fazer os exames da próstata, e por isso acabaram por não se comprometer em fazê-lo.

Em um estudo realizado com médicos nos Estados Unidos, foi identificado que em apenas 16 consultas (36%), entre 44 acompanhadas, houve alguma discussão sobre o câncer da próstata. Os médicos alegaram como justificativa para esta falta: o esquecimento; a presença de comorbidades; o nível educacional reduzido dos pacientes; a falta de tempo na

(50)

Alguns dos fatores promotores surgiram em antagonismo a algumas barreias, por exemplo: informação; solicitação médica; suporte social; e tempo. Assim, quando houve falta, o fator atuou como barreira e quando disponível como solução na prevenção. As soluções identificadas não foram muitas quando comparadas ao número de barreiras. Dentre elas três se destacaram: maior informação; percepção de benefícios e os aspectos sócio-econômicos.

Os resultados mostraram que quando o homem dispõe do conhecimento sobre o câncer da próstata, seus sintomas e prevenção, ele percebe a necessidade e realizar os exames de diagnóstico precoce. Em uma destas pesquisas a prevalência de realização dos exames foi de 7,6 entre os homens que apresentaram conhecimento adequado sobre esta doença quando

comparado aos que demonstraram conhecimento inadequado25. Este fator

acaba por se confundir com a percepção de benefícios, que é fundada num conhecimento pregresso capaz de promover uma ação, neste caso a prevenção. Na verdade é ele um fator modificador, segundo o Modelo de Crenças em Saúde (MCS), que atua diretamente na percepção desses benefícios e este, em seguida na ação.

Se agrupados, os fatores: acesso aos serviços de saúde; disponibilidade de tempo; maior nível educacional; e maior renda/classe social, compõe o “nível sócio-econômico”. Este seria responsável pela maior contribuição na prevenção. E, de fato, os acessos permitidos pela situação sócio-econômica de um indivíduo influem diretamente no seu nível de conhecimento e no seu comportamento de saúde.

(51)

A presença do suporte social foi importante como um fator promotor. Neste caso a orientação dada pela igreja, sob a representação do pastor, fomentou uma maior realização dos exames, assim como o papel da esposa em direcionar sua família, incluindo seu companheiro, nas questões de saúde.

Por fim, a participação mais que determinante dos médicos na solicitação dos exames para indivíduos que apresentam alguma sintomatologia e a existência de histórico familiar de câncer de próstata, entre pais e irmãos, repercutiram positivamente no comportamento de prevenção.

(52)

CONCLUSÃO

Foram encontrados poucos estudos que tratam dos fatores promotores e impeditivos para o comportamento de prevenção do câncer da próstata, o que implica em uma maior necessidade de investigação. Estes novos estudos devem focar não só na descrição dos fatores impeditivos, mas também como estes surgem e como podem ser administrados

Uma negociação entre a masculinidade e o cuidado com a sua saúde deverá ser feita pelos homens de modo a contornar esta barreira para lhes proporcionar uma melhor gestão de sua saúde. Da mesma forma, um envolvimento mais próximo entre médicos e pacientes, e uma ampla promoção da educação e comunicação em saúde da próstata deverão ser motivadas e desenvolvidas de modo a assegurar uma maior proteção à saúde e a prevenção do câncer de próstata.

A Sociedade Brasileira de Urologia (2006) divulgou que um novo caso de câncer da próstata é registrado a cada três minutos e um óbito a cada 24

minutos no Brasil42. As campanhas nacionais veiculadas em jornais, revistas e,

principalmente, na televisão buscam desmistificar a apreensão masculina quanto à realização dos exames da próstata, porém o êxito só ocorrerá se as reais barreiras forem identificadas, compreendidas e contornadas.

(53)

REFERÊNCIAS

1. Ministério da Saúde. Sistema de Informação sobre Mortalidade / DATASUS, 2010. [acessado em 26/08/2010]. Disponível em http://www.datasus.gov.br. 2. GLOBOCAN 2008 (IARC), Section of Cancer Information. [acessado em

27/04/2010]. Disponível em http://globocan.iarc.fr/.

3. INCA, Estimativa 2010 – Incidência de câncer no Brasil. [acessado em 27/04/2010]. Disponível em http://www.inca.gov.br/estimativa/2010/

4. Srougi M. Câncer de próstata: uma opinião médica. Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) [texto na Internet], 1997. [acessado em 15/04/2010].

Disponível em http://www.sbu.org.br.

5. Winterich JA, Quandt SA, Grzywacz JG, Clark PE, Miller DP, Acuña J, Arcury TA. Masculinity and the Body: How African-American and White Men Experience Cancer Screening Exams Involving the Rectum. Am J Mens Health. 3(4): 300–309, December, 2009.

6. Consedine NS, Adjei BA, Ramirez PM, McKiernan JM. An object lesson: source determines the relations that trait anxiety, prostate cancer worry, and screening fear hold with prostate screening frequency. Cancer Epidemiol. Biomarkers Prev. 17(7):1631-9. July, 2008

7. Blocker DE, Romocki LS, Thomas KB, Jones BL, Jackson EJ, Reid L, Campbell MK. Knowledge, beliefs and barriers associated with prostate cancer prevention and screening behaviors among African-American men. Journal of the National Medical Association. 98(8):1286–95, 2006. 8. Woods VD, Montgomery SB, Herring RP, Gardner RW, and Stokols D.

Social ecological predictors of prostate-specific antigen blood test and digital rectal examination in black American men. J. Natl. Med. Assoc. 98(4): 492– 504, April, 2006.

9. Sweetman J, Watson M, Norman A, Bunstead Z, Hopwood MJ, Moss, S, et al. Feasibility of familial PSA screening: psychosocial issues and screening adherence. Br J Cancer. 27; 94(4): 507–512. February, 2006.

(54)

10. Lucumí D, Cabrera G. Beliefs of men from Cali, Colombia, about digital rectal examination: findings of an exploratory study. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 21, n. 5, October, 2005.

11. Mcdougall Jr, Graham J, Adams ML, Voelmeck WF. Barriers to planning and conducting a screening: Prostate cancer. Geriatric Nursing, Volume 25, Issue 6, Pages 336-340, November-December, 2004.

12. Cormier L, Reid K, Kwan L, Litwin MS. Screening behavior in brothers and sons of men with prostate cancer. J Urol. 169(5):1715-9, May, 2003.

13. Talavera GA, Ramirez AG, Suarez L, Villarreal R, Marti J, Trapido E, Pérez-Stable EJ. Predictors of digital rectal examination in U.S. Latinos. Am J Prev Med. 22(1):36-41. January, 2002.

14. Shelton P, Weinrich S, Reynolds WA. Barriers to prostate cancer screening in African American men. J. Natl. Black Nurses Assoc. 10(2):14-28, 1999. 15. Demark-Wahnefried W, Strigo T, Catoe K, Conaway M, Brunetti M, Rimer

BK, Robertson CN. Knowledge, beliefs, and prior screening behavior among blacks and whites reporting for prostate cancer screening. Urology.

46(3):346-51, September, 1995.

16. Price JH, Colvin TL, Smith D. Prostate cancer: perceptions of African-American males. J. Natl. Med. Assoc. 85(12):941-7, December, 1993. 17. Carter VL, Tippett F, Anderson DL, Tameru B. Increasing prostate cancer

screening among african american men. J Health Care Poor Underserved. 21(3 Suppl):91-106, August, 2010.

18. Gonzalez JR, Consedine NS, McKiernan JM, Spencer BA. Barriers to the initiation and maintenance of prostate specific antigen screening in black American and Afro-caribbean men. The Journal of Urology, vol. 180, 2403-2408, December, 2008.

(55)

19. Talcott JA, Spain P, Clark JA, Carpenter WR, Do YK, Hamilton RJ, et al. Hidden barriers between knowledge and behavior - The North Carolina Prostate Cancer Screening and Treatment Experience. Cancer.

109(8):1599-606, April, 2007.

20. Spencer BA, Babey SH, Etzioni DA, Ponce NA, Brown ER, Yu H, et al. A population-based survey of prostate-specific antigen testing among

California men at higher risk for prostate carcinoma. Cancer. 106(4):765-74, February, 2006.

21. Forrester-Anderson IT. Prostate cancer screening perceptions, knowledge, and behaviors among African American men: focus group findings. Journal of Health Care for the Poor and Underserved, Volume16, Number 4

Supplement A, pp. 22-30, November, 2005.

22. Woods VD, Montgomery SB, Belliard JC, Ramirez-Johnson J, Wilson CM. Culture, black men, and prostate cancer: what is reality? Cancer Control; 11(6):388-96, Nov-Dec, 2004.

23. Robinson S B, Ashley M, Haynes MA. Attitudes of African Americans

regarding screening for prostate cancer. J Natl Med Assoc. 88(4): 241–246, April, 1996.

24. Lucumí D, Cabrera G. Creencias sobre examen digital rectal como tamiz para cáncer en la próstata: hallazgos cualitativos de un estudio en Cali. Colomb Med, 34:112-9, 2003.

25. Paiva EP, Motta MCS, Griep RH. Conhecimentos, atitudes e práticas acerca da detecção do câncer de próstata. Acta Paul Enferm, 23(1):88-93, 2010. 26. Gomes R, Nascimento EF; Rebello LEFS; Araújo FC. As Arranhaduras da

masculinidade: uma discussão do toque retal como medida de prevenção do câncer prostático. Ciênc. saúde coletiva vol.13 no.6 Rio de Janeiro Nov-Dec, 2008.

27. Bloom JR, Stewart SL, Oakley-Girvans I, Banks PJ, Chang S. Family history, perceived risk, and prostate cancer screening among African American men. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev, 15:2167-2173, 2006.

(56)

28. Parker PA, Cohen L, Bhadkamkar VA, Babaian RJ, Smith MA, Gritz ER, et al. Demographic and past screening behaviors of men attending a free community screening program for prostate cancer. Health Promotion Practice, Vol. 7, No. 2, 213-220, April, 2006.

29. Consedine NS, Morgenstern AH, Kudadjie-Gyamfi E, Magai C, Neugut AI. Prostate cancer screening behavior in men from seven ethnic groups: the fear factor. Cancer Epidemiol. Biomarkers Prev, 15(2). February, 2006. 30. Malmi H, Ruutu M, Määttänen L, Stenman UH, Juusela H, Tammela TLJ,

Auvinen A. Why do men opt out of prostate-cancer screening? Attitudes and perception among participants and non-participants of a screening trial. BJU Int, 106(4):472-7. August, 2010.

31. Shavers VL, Underwood III W, Moser RP. Race/ethnicity, risk perception, and receipt of prostate-specific antigen testing. Journal of the National Medical Association, vol101, nº. 7, July, 2009.

32. Çeber E, Cakir D, Ogce F, Simsir A, Cal C, Ozentürk G. Why do men refuse prostate cancer screening? Demographic analysis in Turkey. Asian Pacific Journal of Cancer Prevention, Vol 9, 387-390, 2008.

33. Madjar I, Denham J, Rashid P. Do women have a role in early detection of prostate cancer? Lessons from a qualitative study. Australian Family Physician Vol. 36, No. 5, May, 2007.

34. McFall SL, Hamm RM, Volk RJ. Exploring beliefs about prostate cancer and early detection in men and women of three ethnic groups. Patient Education and Counseling 61, 109–116, 2006.

35. Patel K, Kenerson D, Wang H, Brown B, Pinkerton H, Burress M, et al. Factors influencing prostate cancer screening in low-income african americans in Tennessee. Journal of Health Care for the Poor and

Underserved, Volume 21, Number 1, Supplement, pp. 114-126. February, 2010.

(57)

36. Stimpson JP, Wilson FA, Reyes-Ortiz CA. Influence of number of children on cancer screening among adults in the United States. J. Med. Screen;

16:170-173, 2009.

37. Nivens AS, Herman J, Pweinrich S, Weinrich MC. Cues to participation in prostate cancer screening: a theory for practice. Oncol Nurs Forum. 28(9):1449-56, October, 2001.

38. Gomes R, Nascimento EF, Araújo, FC. Por que os homens buscam menos os serviços de saúde do que as mulheres? As explicações de homens com baixa escolaridade e homens com ensino superior. Cadernos de Saúde Pública (FIOCRUZ), v. 23, p. 565-574, 2007.

39. Gomes R. Sexualidade masculina, gênero e saúde. 1. ed. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2008.

40. Oliveira PP. A construção social da masculinidade. Editora: UFMG; Rio de Janeiro: IUPERJ, 347p. 2004.

41. Guerra CE, Jacobs SE, Holmes JH, Shea JA. Are physicians discussing prostate cancer screening with their patients and why or why not? A pilot study. J Gen Intern Med. 22(7):901-7. July, 2007.

42. Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) [texto na Internet], 2010. [acessado em 15/09/2010]. Disponível em http://www.sbu.org.br.

Referências

Documentos relacionados

Para Januzzi (2009, p.15), “um indicador social é uma medida em geral quantitativa dotada de significado social substantivo, usado para substituir, qualificar ou

a) Vistos Os médicos participantes dos Projetos de Cooperação Médica recebem vistos específicos, determinados pela Divisão de Imigração do Ministério das

Este trabalho tem como objetivo contribuir para o estudo de espécies de Myrtaceae, com dados de anatomia e desenvolvimento floral, para fins taxonômicos, filogenéticos e

ajuizou AÇÃO CAUTELAR contra GLACIR GOMES, também qualificado nos autos, relatando que realizou reunião na sede da Secretaria de Saúde em 30 janeiro de 2014, tendo convidado

A partir da década de 1970, ocorreram algumas mudanças na condução da política de proteção social, desde a incorporação de outros grupos populacionais, como os trabalhadores

Crisóstomo (2001) apresenta elementos que devem ser considerados em relação a esta decisão. Ao adquirir soluções externas, usualmente, a equipe da empresa ainda tem um árduo

Ainda nos Estados Unidos, Robinson e colaboradores (2012) reportaram melhoras nas habilidades de locomoção e controle de objeto após um programa de intervenção baseado no clima de

Pós-Graduação em Saúde, Ambiente e Trabalho Departamento de Medicina Preventiva, Universidade Federal da Bahia, 1982. Geographic information systems and the enviromental risk