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O potencial protetivo de famílias empobrecidas

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Academic year: 2021

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O potencial protetivo de famílias

empobrecidas

Resumo

Neste artigo, o enfoque ao apoio sociofamiliar de famílias empobrecidas é abordado em seu contexto histórico e a socioeducação é apresentada como possibilidade de aprimoramento técnico em programas de intervenção neste seguimento. Ao retomar o debate sobre o papel da família, constata-se que ela vem sendo solicitada a assumir cuidados de seus membros, dada a dificuldade do Estado em fazê-lo, são cuidados ligados à atenção de crianças e idosos, cuidados com saúde e educação, etc., que passam a ser pensados sob a ótica do envolvimento comunitário e familiar, mas no que se refere à situação de pobreza e à gestão de medidas protetivas aplicáveis a este universo, constata-se que as famílias precisam de apoio para superar a própria vulnerabilidade, tornando-se alvo de medidas protetivas específicas. Diante disto, evidencia-se a necessidade de promover, nos programas de ação voltados à família, mudanças na concepção de quem é o sujeito de atendimento, estabelecendo a emoção e a afetividade como potenciais determinantes para a emancipação das pessoas Palavras-chave:Famílias empobrecidas. Políticas públicas.

Abstract

In this article the focus on supporting fostering family is covered in its historical context, and the education is presented as a possibility of technical improvement in intervention programmes. By resuming the debate on the role of the family, it is established that this institution has been requested to take care of its members, given the difficulty of the Government of doing so. They are bound to care for children and the elderly, health care and education, etc., which started to be considered from the perspective of family and community involvement, but regards the situation of poverty and the protective measures management applicable to this universe, they need support to overcome their vulnerability, becoming the target of specific protective measures. This highlights the need to

Adalberto Botarelli

Doutor em Psicologia Social (PUC/SP) - Docente do Programa de Mestrado Profissional Adolescente em Conflito com a Lei (UNIBAN)

Autor para correspondência: Email: berto_botarelli@uol.com.br B o ta re lli

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promote action programmes geared to the family, changes in the conception of who is the subject of care, establishing the emotion and affection as critical to the empowerment of people.

Keywords: Impoverished families. Public polity.

Introdução

A partir dos anos oitenta do século XX, nos países em que o neoliberalismo é modelo hegemônico, a reforma do Estado, tido como ineficiente, improdutivo e com recursos escassos, ganha destaque na agenda de vários governos e se efetiva a ideia de que a própria sociedade, a família e a comunidade devem desenvolver suas potencialidades para suprir necessidades, contando para isso com o apoio de organizações não-governamentais ou do setor público (ROCHA, 2001).

O enfoque da abordagem que segue pretende aproximar-se de especificidades da família como instituição, suas potencialidades e protagonismo quanto aos aspectos apontados acima. Ao verificar-se a história dessa instituição e as transformações pelas quais passou,

percebe-se que, neste atual estágio, atingido a partir da modernidade1,

foi-lhe imposta a perda de algumas funções clássicas – atenção à saúde e à educação, entre outros – as quais foram, gradativamente, sendo exercidas por outras instituições. Entretanto, na década de 1990, as redes de solidariedade e sociabilidade que a família tem condições de promover ganham nova importância na política social (CARVALHO,1998) e nota-se a retomada desta instituição num cenário de partilha de responsabilidades formativas e protetivas.

Esta transformação é significativa, inclusive devido ao fato de o tema família também ter sido relegado a segundo plano na evolução das lutas sociais brasileiras. Segundo Costa (1994), as organizações familiares existentes no interior do movimento social brasileiro não têm tido uma protagonização política de maior envergadura.

Vale ressaltar que estas lutas foram significativas para emergir a ideia de cidadania com consciência de direitos, sendo que

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durante os anos setenta e oitenta do século vinte, os movimentos conseguiram impor a alguns segmentos do Estado, o diálogo e a legitimidade de suas reivindicações, tendo como característica a espontaneidade e a participação das bases populares. Estes novos sujeitos, munidos de capacidade de reação contra a repressão e o autoritarismo, procuraram organizar-se de forma setorial e localizada, com temas voltados para conquista de saneamento e melhorias como luz, creche, escola, posto de saúde ou moradia.

Sem que o cotidiano familiar e seus desafios se transformem em alvo direto das mobilizações e, conforme argumenta Costa (1994), quanto ao perfil geral, essas organizações de luta, no que se refere a familiares, podem ser divididas em quatro grupos básicos: 1 - Organizações religiosas, como as Pastorais de Família e os Grupos de Casais; 2 – Organizações profissionais de apoio, como o Centro Brasileiro de Estudo da Família; 3 – Agrupamentos de pais em favor da educação, como as APM´s e os Clubes de Mães; 4 – Organizações de natureza produtiva, como os Centros de Apoio a Pequenos Empreendimentos Familiares.

Atualmente, ao se retomarem estes debates sobre o papel da família, nota-se que seu potencial organizativo tem assumido uma nova forma de protagonizar aspectos políticos, já que ela está sendo solicitada a assumir novamente alguns cuidados de seus membros, dada a dificuldade do Estado em assumi-los. Trata-se de cuidados como atenção às crianças e ao idoso, cuidados com saúde e educação etc. que novamente passam a ser pensados sob a ótica do envolvimento comunitário e familiar, como o caso do Sistema Único de Assistência Social em que o eixo estruturante é a territorialidade e a rede de sociabilidade ligada à família e à comunidade.

Além disso, existe o agravante de as mulheres atualmente possuírem outro tipo de envolvimento familiar, pois a maioria delas também trabalha para garantir o sustento do lar e, desta forma, mesmo o protagonismo já insipiente do perfil apontado por Costa (1994) em relação aos movimentos sociais, tem ficado em segundo plano.

Com estas questões, é oportuno voltar-se para uma qualificação do debate sobre as políticas públicas inclusivas que tratam das famílias e também a forma de inseri-lo no panorama atual das políticas de redução das desigualdades sociais e da pobreza

Essa instituição – a família - tem sido solicitada a assumir certo número de encargos e serviços que deveriam ter cobertura de políticas públicas, no que pode ser verificado em normativas como o Estatuto do Idoso ou a Política Nacional da Assistência Social, e ainda de forma mais enfática no caso do Plano Nacional de

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Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária, aprovado pelo Conselho Nacional de Saúde - CNS e Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente - CONANDA em 2006, cujo grande mérito foi ampliar o conceitode família e reconhecer os vínculos para além da consanguinidade (VALENTE,2008), além de chamar a atenção para que, uma vez utilizado qualquer desses recursos como possibilidade, torna-se necessária a sua regulamentação legal.

Quanto a estes aspectos, é necessário que se chame a atenção sobre a análise crítica do alcance que estas normatizações demandam, sobretudo com famílias empobrecidas, e a gestão de medidas protetivas aplicáveis a este universo, ou seja: para que possam cuidar, estas famílias precisam superar sua própria vulnerabilidade e precisam de medidas protetivas específicas.

Porém, não estamos preocupados apenas com o ponto de vista social, é preciso conhecer o plano afetivo destas responsabilizações e os desafios cotidianos vividos pelos familiares envolvidos nessas políticas; sobretudo, que se aprofunde o entendimento dos aspectos intersubjetivos envolvidos.

Do ponto de vista normativo, no que se refere ao Brasil, a consolidação legal dos direitos fundamentais foi conquistada justamente neste mesmo período de retomada do papel da família. Analisando a Constituição Brasileira de 1988, verifica-se que ela incorpora direitos sociais e, no que tange às implicações com o segmento da infância e da adolescência, por exemplo, se impõem mudanças na forma de atenção: o marco legal propõe novo ordenamento em atribuições e competências, tanto do Estado e da sociedade civil como da família.

Sobre este ordenamento, vale comentar que implicou novas formulações para as políticas públicas e, com isso, também surgiram implicações para a família, que deixa de ser eixo das políticas como sujeito de direito e passa cada vez mais a ser convocada como parceira de medidas socioeducativas nas políticas sociais (CARVALHO,1998).

Essas implicações com tendência à parceria são marcantes nas propostas de intervenção que se formalizaram em texto legais, ao tomarmos como exemplo o Estatuto da Criança e do Adolescente e a Lei Orgânica de Assistência Social, os quais são marcos da proteção social a famílias empobrecidas.

Verifica-se, nessas leis, uma série de medidas que implicam a instituição familiar na proteção integral das crianças e adolescentes

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e, ao qualificar a família como um sujeito de direitos e determinante na proteção e atenção, reforçam-se seus vínculos como fundamentais para o desenvolvimento.

Nessas formas jurídicas, objetivando fazer do grupo familiar um lugar natural de proteção e inclusão, encontram-se elementos mais diretamente vinculados à proteção de cidadãos expostos e em fragilidade, sem meios de articularem-se e fazer frente às contradições advindas de situações ameaçadoras à subsistência.

No entanto, todo esse avanço no campo jurídico não se efetivou, já que a gestão de políticas públicas não atingiu o ordenamento institucional necessário à efetivação desse marco legal. O aumento da demanda por serviços públicos não foi também acompanhado por aumento de verbas, havendo uma precarização dos serviços. Surge a concepção de concentrar os recursos disponíveis nos setores mais carentes e o alvo das políticas do Estado – tais como infância e adolescência, juventude, mulher, idosos e índios – passa a ser dividido em subgrupos de vulnerabilidade, como crianças maltratadas, jovens desempregados, idosos pobres (ROCHA,2001), ou seja, acentua-se a desigualdade e passa-se a privilegiar a situação de risco.

Como exemplo, pode-se citar a questão da infância. Decorridos mais de vinte anos de promulgação da lei que regulamenta

seus dispositivos de proteção social  o Estatuto da Criança e do

Adolescente (ECA)  até mesmo a partilha das responsabilidades

formativas na proteção social ainda permanece um tema de difícil operacionalização.

Os problemas sociais ligados ao campo da infância persistem e, durante a primeira década do século, recrudescem e assumem

outras matizes: pobreza persistente, exacerbamento do

individualismo, crianças em situação de rua, violência urbana, vínculo com o tráfico de drogas, prostituição infantil e da adolescência, etc.

No caso dos adolescentes em conflito com a lei, seus familiares são deixados à própria sorte e, além do esforço para sobreviver, precisam administrar diversos embates que interferem diretamente na dinâmica familiar e acentuam os conflitos e dificuldades de convivência; dentre eles destaca-se o tráfico e a violência, resultando em acentuados sintomas de autodestruição, condutas impulsivas, violência doméstica, alcoolismo, drogadição.

Ao considerarmos a atenção socioeducativa e seus aspectos

psicossociais, o panorama brasileiro conta com pouco

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pobreza e suas responsabilizações. O que prevalece são soluções que não se articulam adequadamente com as potencialidades de proteção que a família teria condições de partilhar entre seus integrantes e a comunidade.

De um modo geral, as políticas públicas voltadas à família são enfoques emergenciais e focalizados em questões fragmentadas, mesmo que se considerem programas inovadores como o Bolsa Família, o qual visa a garantia de mínimos direitos sociais a famílias em situação de risco.

Um dos riscos que se corre é de responsabilizar juridicamente os familiares para com o desenvolvimento de crianças e adolescentes, sendo que nem sempre estes pais ou responsáveis encontram-se em condições materiais e psicológicas adequadas às atribuições que são impostas a eles. Por conseguinte, as dificuldades peculiares aos conflitos próprios das famílias são maximizadas pela falta de uma estrutura social adequada como: habitação precária, salário incompatível, dificuldade de acesso aos estudos, entre outros.

Em pesquisas que realizamos (BOTARELLI, 2002) com o objetivo de conjeturar sobre esta dimensão psicossocial do processo inclusivo em famílias atendidas pelo Conselho Tutelar na Cidade de São Bernardo do Campo-SP, já havíamos notado que a condição social é fator de sofrimento, uma dor emocional inevitável, isto porque ela se impõe de forma injusta a alguns sujeitos pelas leis racionais da sociedade, sendo motivo de preconceito e falta de dignidade.

Quanto ao sofrimento que se revelou junto aos sujeitos desta pesquisa, podemos salientar o sentimento de incapacidade de uma mãe para proteger seus filhos, que a leva a trancafiá-los, e um pai que sofre por não conseguir prover financeiramente seu lar, sendo levado ao abuso de bebidas alcoólicas. Nota-se também um medo em relação ao destino de envolvimento na criminalidade, de virem a receber notícias da morte de um dos filhos. Todos estes sentimentos ligados à relação familiar estão envoltos na vergonha destes pais por não conseguirem evitar as humilhações sociais que os filhos sofrem.

Embora haja sentimentos de mágoa e ressentimento pelo abandono e rejeição, a família ainda é valorizada e desejada, sendo a mãe o maior alvo de gratidão e compaixão.

As famílias em situação de risco continuam humanas e com necessidades e carecimentos humanos, sendo que um de seus carecimentos mais importantes é a proteção de seus membros. Essa concepção rebate noções de que as famílias em situação de pobreza e

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exclusão não têm potencial protetivo e relacional. Nossa ideia é corroborada pelos estudos de Carvalho (1999, P.98) que afirma “(...) é possível apenas afirmar que a família porta potencialidades protetivas. Estas se desenvolvem ou não, dependendo de vários fatores, incluindo-se aí os sociais, econômicos, culturais e psicológicos.”

As condições materiais dificultam suas possibilidades de defesa contra situações adversas e, ao tentarem se defender, lançam mão de recursos que, além de drásticos e repressivos, são pouco efetivos, tais como os procedimentos de trancafiar os filhos, violência e castigo físico, controle das relações sociais, envio para casa de parentes, entre outros.

Com este enfoque pretendemos reforçar a concepção de que a ação das políticas públicas deve ser sempre multidisciplinar e multidimensional, para oferecer possibilidades de enfrentamento dos impasses nas relações cotidianas, nos planos intersubjetivos e sociais, e pela ação tanto na cognição e reflexão como no afeto e nas condições materiais.

Neste sentido, um serviço de atenção psicossocial e socioeducativo precisa superar a preocupação normativa e voltar-se para questões teóricas e metodológicas, pois tem importante papel a realizar, já que a apreensão de aspectos afetivos por meio de sentidos individuais é necessária não só para a ação no plano da intimidade e da subjetividade, mas para orientar uma ação multiprofissional e promover articulação setorizada, pois a qualidade dessas intervenções depende de ações trans-setoriais, bem como de uma rede de apoio em que este tipo de serviço protetivo precisa estar inserido, o que implica na qualidade de serviços complementares, pois essas famílias estão pressionadas tanto pelos valores culturais construídos nas relações intersubjetivas como pelas condições sócio-históricas que interferem no cotidiano de suas relações.

Há necessidade de promover um aprimoramento técnico nos programas de intervenção, visando abordagens socioeducativas contextualizadas, imediatas e de longo prazo. As intervenções imediatas servem para minimizar o sofrimento, e as de longo prazo para evitar o isolamento e promover instâncias de articulação entre as instituições e entre os demais programas de atendimento (pouco importa se públicos ou privados), a fim de contemplar a solidariedade e a capacidade de reflexão.

Dito isto, é possível perceber que se faz urgente a implantação de projetos voltados para a socioeducação de todos os membros da família, os quais possam viabilizar a existência de programas de atenção psicossocial, sendo estes orientados pelo

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pressuposto de que a emoção e a afetividade são determinantes para trabalharmos com a emancipação das pessoas, desde que procurem entender a realidade concreta das potencialidades de cada família, sobretudo a situação vulnerável a que estão submetidas.

Somente desta maneira a socioeducação terá condições de promover intervenções que favoreçam uma potência de ação no plano cotidiano, visando à ação política pública como possibilidade de superação dos modelos que concentram-se mais na técnica do que no humano, por meio destas experiências abriremos espaço para um caminho humanizador, desenvolvido por e para as pessoas.

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Referências Bibliográficas

BOTARELLI, A. Exclusão e sofrimento: o lugar da afetividade em programas de atendimento às famílias pobres. São Paulo, (Dissertação de Mestrado) Programa de Psicologia Social da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2002.

CANEVACCI, M. Dialética da Família. São Paulo: Brasiliense, 1987.

CARVALHO, M. C. B. O lugar da família na política social. In

Famílias: Aspectos conceituais e questões metodológicas em

projetos. Ministério da Previdência e Assistência Social: Fundap, 1998.

COSTA, A. C. G. A família como questão social no Brasil. In KALOUSTIAN, S. M. (Org.) Família brasileira: a base de tudo. São Paulo: Cortez, 1994.

ROCHA, C. V. Idéias dispersas sobre o significado de políticas sociais. In Políticas públicas de apoio sociofamiliar. Belo Horizonte: PUC-Minas, 2001.

VALENTE J. A. G. O Acolhimento Familiar como Garantia do

Direito à Convivência Familiar e Comunitária São Paulo

(Dissertação de Mestrado) Programa de Pós-graduação em Serviço Social da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2008

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