• Nenhum resultado encontrado

Epilepsia e suas Implicações no Processo de Aprendizagem: Contribuições na Área de Psicopedagogia

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Epilepsia e suas Implicações no Processo de Aprendizagem: Contribuições na Área de Psicopedagogia"

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

Manuela de Oliveira Cordeiroa*

Resumo

A epilepsia é uma doença neurológica, com alteração temporária e reversível do funcionamento cerebral envolvendo parte ou os dois hemisférios cerebrais. A descarga eletrofisiológica pode estender à tonacidade corporal, desvio dos olhos, perda da consciência e até a eliminação de esfíncteres. Além destas características, a epilepsia pode causar problemas no desenvolvimento cognitivo, revelando, assim, problemas de comportamento e aprendizagem, além das dificuldades psicossociais associadas ao estigma afetando o seu desenvolvimento como um todo e a qualidade de vida social e familiar. O psicopedagogo tem como objetivo auxiliar a criança que apresenta esta dificuldade de aprendizagem, decorrente da doença e do estigma, reconduzindo-a ao prazer das novas aprendizagens e possibilidades.

Palavras-chave: Epilepsia. Cognição. Problemas de Aprendizagem.

Abstract

The epilepsy is a neurological illness, with temporary and reversible alteration of the cerebral functioning involving part or the two cerebral hemispheres. The electro-physiological discharge can extend to the corporal tonacidade, shunting line of the eyes, loss of the conscience and until the elimination of sphincters. Beyond these characteristics, the epilepsy can cause problems in the cognitive development, disclosing, thus, problems of behavior and learning, beyond the psychosocial difficulties associates to the stigma affecting its development as a whole and quality of social and familiar life. Psychopedagogists has as objective assistant the child who presents this difficulty of learning, decurrent of the illness and the stigma, leading back it the pleasure of the new learnings and possibilit.

Keywords: Epilepsy. Cognition. Problems of Learning.

Epilepsia e suas Implicações no Processo de Aprendizagem: Contribuições na Área de

Psicopedagogia

Epilepsy and its Implications in Learning Process: Contributions in Psychology Area

aFaculdade Anhanguera de Campinas, SP, Brasil *E-mail: paulocesaremanuela@ig.com.br

1 Introdução

De modo geral, a epilepsia sempre esteve associada às questões espirituais sendo que para determinada cultura, a mesma era vista como algo divino – estar próximo de um deus e para outras culturas às possessões demoníacas. Isso demonstra que a falta de informação e, muitas vezes associados, a uma religião com ponto de vista mais tradicionalista, a busca para a cura da epilepsia foi-se e em algumas culturas ainda é sobre um ponto de vista não científica, isto é, o meio de explicar e tratar este assunto seria através de valores e concepções populares e culturais.

Amiralian (1986), afirma que na Idade Média foi período considerado a “idade das trevas” para as ciências, onde a crença para o sobrenatural foi intensificado, onde a prática com a magia e relações com o demônios eram aceitas, ao ponto de subjugar os psicóticos e epiléticos considerando-os como pessoas pconsiderando-ossuídas pelconsiderando-os demôniconsiderando-os. Estas pessoas eram segregadas da Igreja sendo impedidas de participar da eucaristia sob alegação de contaminarem ou profanarem o copo e o prato da comunhão.

Já na época do Renascimento, o homem voltou-se para os estudos científicos, com isso surge à necessidade de buscar soluções científicas para os problemas. Então, a partir

deste período, os epiléticos deixaram de ser possuidores de demônios e passaram a ser caracterizados como doentes.

Mas foi no final do século XVIII, com Pinel, que a estrutura dos hospitais psiquiátricos modificou-se, dando uma forma mais humanitária para os doentes mentais (muitos epiléticos eram considerados com tal condição), buscando explicações e pesquisas no intuito de estudá-los, afirma Amiralian (1986).

Nesta época também iniciou a separação entre a psiquiatria da neurologia, efetivando-se já no século XIX, onde a epilepsia foi tida como um distúrbio cerebral. Neste período, Samuel-Auguste Tissot (1728-1797) descreve, em o Tratado da Epilepsia, vários tipos de crises e síndromes, acrescenta Mady (2009):

É um distúrbio estrutural (estrutura anatômica) e não uma patologia,que se cura com remédios,exemplo: Ingere-se um remédio e a bactéria ou vírus,’morre’...

A Epilepsia é uma lesão causada por um fator externo, tais como traumas; falta de oxigênio no cérebro ao nascer, entre vários outros agentes externos.

Mas a resistência em se informar sobre o distúrbio, tanto por parte da sociedade, quanto por muitas pessoas com Epilepsia, vem de séculos atrás, perdurando, até nos dias contemporâneos. Por ser uma condição neurológica, a epilepsia foi classificada, segundo a Liga Internacional Contra a Epilepsia ILAE em idiopáticas, sintomáticas e criptogênicas, sendo

(2)

as idiopáticas a mais comum no mundo, cerca de 50% da epilepsia humana e esta apresenta do um modo mais acentuado a predisposição genética, mas que as epilepsias parciais eram decorrentes de fatores ambientais. Com isso, fez com que estudiosos aprimorassem seus conhecimentos e utilizando processos recentes de mapeamento e identificação de genes, a genética molecular avança na busca da compreensão do aparecimento da epilepsia:

Com o uso combinado das duas estratégias para a localização de genes implicados em doenças humanas ( Estudo de genes candidatos e clonagem posicional) vários loci para diferentes formas de epilepsia humana já foram localizados e alguns genes identificados. Como esperado, a maior parte das eplepsias mapeadas até o momento mostra uma herança genética Mendeliana clássica (autossômica dominante ou recessiva) ou são doenças degenerativas com alteração bioquímicas conhecidas cujos genes já haviam sido previamente identificados. As formas de epilepsia mais comum e que apresentam herança genética complexa vão requerer estudos mais amplos em um grande número de indivíduos afetados e com a utilização de métodos não paramétricos de análise de ligação (LOPES-CENDES, 2002, p.2).

Portanto, com essas técnicas os pesquisadores visam buscar um entendimento melhor dos mecanismos básicos responsável pela epileptogênese, que possibilitará um tratamento mais específico e eficaz.

Como a epilepsia é um tipo de disfunção cerebral e por se tratar de um distúrbio da atividade elétrica cerebral, pode-se esperar que ocorra alguma dificuldade relacionada à cognição, pois esta patologia atua no processo cerebral, localizada à área específica, explicando, assim, algumas dificuldades com atividade cognitiva.

Quando se fala em cognição, imagina-se logo em obter conhecimento, mas antes disso, pode-se dizer que é através da estrutura cognitiva que o indivíduo consegue interagir com o mundo, utilizando-se dos sentidos para formar seu conhecimento, pensamento, conceito.

Para Piaget (1991) o desenvolvimento psíquico começa quando se nasce e termina na fase adulta como o crescimento do ser humano:

O desenvolvimento psíquico, que começa quando nascemos e termina na idade adulta, é comparável ao crescimento orgânico: como este, orienta-se, essencialmente, para o equilíbrio. Assim do ponto de vista da inteligência, é fácil se opor a instabilidade e incoerência relativas das idéias infantis à sistematização de raciocínio do adulto. [...].

A ação humana consiste neste movimento contínuo e perpétuo de reajustamento ou de equilibração. É por isto que, nas faces de construção inicial, se pode considerar as estruturas mentais sucessivas que produzem o desenvolvimento como formas de equilíbrio, onde cada uma constitui um progresso sobras as precedentes. Mas é preciso compreender que este mecanismo funcional, por mais geral que seja, não explica o conteúdo ou a estrutura das diferentes necessidades, pois cada uma dela é relativa à organização do nível considerado (PIAGET, 1991, p.11-15).

Já Moreira e Masini (1982) relatam que a cognição é um processo cujo qual o ser humano origina o seu mundo de significados. O significado é um processo “fenomenológico”

do processo da aprendizagem. Os aurtores complementam que A aprendizagem significativa processa-se quando o material novo, idéias e informações que apresentam uma estrutura lógica, interage com conceitos relevantes e inclusivos, claros e disponíveis na estrutura cognitiva, sendo assimilados, contribuindo para a sua diferenciação, elaboração e estabilidade (MOREIRA; MASINI, 1982, p.4).

As teorias, de modo geral, são moldadas em pessoas consideradas “normais”, isto é, que não apresentam algum problema ou dificuldade de aprendizagem, para poder parametrizar o “esperado” para aquela faixa etária, gênero, localidade e assim por diante. Então, no caso estudado, de criança e jovem que têm alguma atividade cerebral em ritmo acelerado (epilepsia) pode apresentar alguma dificuldade na aprendizagem?

Além do estigma da própria doença que os epiléticos já “carregam”, será que se agravaria se os mesmos apresentassem dificuldade na escrita, leitura, na matemática ou na educação física (motora)?

Por isso a psicopedagogia poderia contribuir para “minimizar” os problemas de aprendizagem encaminhados para clínicas e instituições, através que relatos familiares, teste de conhecimento e cognição (no Brasil, têm testes específicos da área de psicologia, cujo este profissional é que pode aplicá-lo, exemplos: WISC, BENDER e outros), os exames efetuados pelos neurologistas e assim por diante, para levantar um diagnóstico preciso e um tratamento específico para aquela criança ou adolescente. Faz-se necessário levar em consideração o que é esperado, tanto pelos pais, escola e até mesmo pelo cliente, pois isso é que vai nortear o sucesso do tratamento.

Para elucidar melhor, faz-se necessário, também recordar a própria evolução da psicopedagogia e de sua importância no processo de aprendizagem.

De acordo com Bossa (2000), a psicopedagogia (sem utilizarem esta nomenclatura) teve seu início na Europa, no século XIX, onde os médicos preocupavam-se em identificar o que não era normal, isto é, a criança que apresentava algum tipo de “anormalidade”, pois a criança que não aprendia era considerada como anormal e muitas vezes excluindo do convívio social. Essa visão médica/ pedagógica tinha um sentido curativo, visando um tratamento dos problemas de aprendizagem, já que a maior preocupação era com as deficiências sensoriais e com a debilidade mental, do que com a desadaptação infantil. Tanto é que em 1898 houve a primeira tentativa de reeducação dessas crianças, criando as salas especiais que se tornaram verdadeiros depósitos, pois todas as crianças com algum tipo de problema ficavam estigmatizadas com o rótulo dessas salas.

Na década de 70, lançou a ideia que quem apresentava tais problemas de aprendizagem era porque tinha uma disfunção neurológica não detectável em exame clínico, chamada de disfunção cerebral mínima - DCM, camuflando, assim, um problema sócio – pedagógico e o problema de aprendizagem

(3)

permanece somente na criança.

Já na década de 80 a teoria sobre o fracasso escolar recai sobre os professores, passando a ser visto como “problema de ensinagem”. Mas sobre o fracasso escolar é interessante ressaltar que se trata, também, de uma questão sócio-política, relacionadas ás más condições de via e subsistência da população escolar (BOSSA, 2000).

Atualmente, segundo Rotta, Ohlweiler e Riesco (2006) a avaliação psicopedagógica propõe a verificação da compatibilidade entre o desempenho da criança na escola com a sua faixa etária, principalmente na área da leitura, escrita, matemática e outras habilidades, como também analisar as atitudes da criança em relação à escola e a aprendizagem e seus fatores etiológicos que interferem ou facilitam o processo de aprendizagem, sendo esta moldada, principalmente nas teorias cognitivas.

2 Desenvolvimento

A epilepsia é uma situação muito comum em clínicas neurológicas, sendo acometida, a primeira crise convulsiva, em 4% da população infantil até aos 15 anos, demonstrando, assim uma precocidade no desenvolvimento desta doença. E ela tem como característica duas ou mais crises convulsivas espontâneas, isto é, sem que a convulsão seja uma conseqüência de febre ou algum distúrbio (desidratação grave, hipoglicemia, hipoxemia perinatal, meningite, intoxicação ou reação medicamentosa), além das alterações eletroencefalográficas que são pertinentes.

Então pode-se afirmar que todas as pessoas que têm ou tiveram crises convulsivas são epiléticas? Claro que não, por isso, faz-se necessário esclarecer, primeiramente o que é uma crise de convulsão.

A crise convulsiva é uma descarga eletro-fisiológica anormal que ocorre no cérebro, podendo estender à tonacidade corporal (movimento involuntário do corpo, sendo os mesmos desordenados) sendo estas consideradas generalizadas, ou outros sintomas, tais como: confusão mental (a pessoa pode perder a consciência), desvio dos olhos e até liberação dos esfíncteres associadas à perda da consciência ou sintomas psíquicos. Também pode ser considerada como focal simples, quando apenas há contração muscular em um dos membros, mas que não haja perda da consciência. Se houver é considerada complexa. Também se pode apresentar sob a forma de uma “moleza”, considerada como crise atônica, ou ainda, pode ser caracterizada pela perda da consciência, mas sem atividade motora, como se fosse apenas um “olhar perdido”, neste caso as crises são denominadas como crise de ausência.

Segundo Schain (1978) define-se por convulsões a descarga neuronal paroxísticas, onde se resulta em distúrbios transitórios da função cerebral. O autor ainda ressalta se as convulsões forem recorrentes, a pessoa “compadece” da epilepsia e complementa que as crianças que apresentam este distúrbio apresentam problemas de aprendizagem decorrentes

de crises freqüentes, interferindo no processo mental, comportamento hipercinético, podendo levar a falta de atenção e até distúrbio de conduta e a hiperatividade, a própria droga administrada, deprimindo algumas funções mentais e problemas psicológicos, desenvolvendo uma ansiedade acentuada, por causa do problema ou até mesmo por super proteção dos pais:

Médicos familiarizados com crianças com distúrbios epiléticos logo aprendem que muitas delas são propensas a problemas comportamentais e dificuldades de aprendizagem. Assim como no caso das síndromes de paralisia cerebral, vários fatores contribuem para os problemas de aprendizagem escolar (SCHAIN, 1978, p.104).

A palavra epilepsia vem do grego e significa crise ou ter uma crise, sendo esta uma doença neurológica tratada como tal, isto é, com intervenção médica, visando tratamento medicamentoso com uma ou mais droga ou até mesmo com intervenção cirúrgica. Por isso pode- se dizer que:

A epilepsia é uma doença neurologia crônica muito comum que acomete principalmente as crianças, revelando dificuldades psicossociais que estão associadas ao estigma e que influenciam o ajustamento social e a qualidade de vida da criança e sua família (SOUZA et al., 2002, p.2).

Para a Liga Brasileira de Epilepsia - LBE a epilepsia trata-se de uma alteração rápida e com reversão da atividade cerebral, não sendo esta causada por fatores acima já mencionados:

É uma alteração temporária e reversível do funcionamento do cérebro, que não tenha sido causada por febre, drogas ou distúrbios metabólicos. Durante alguns segundos ou minutos, uma parte do cérebro emite sinais incorretos, que podem ficar restritos a esse local ou espalhar-se. Se ficarem restritos, a crise será chamada parcial; se envolverem os dois hemisférios cerebrais, generalizada. Por isso, algumas pessoas podem ter sintomas mais ou menos evidentes de epilepsia, não significando que o problema tenha menos importância se a crise for menos aparente (LBE, 2010).

A Assistência à Saúde dos Pacientes com Epilepsia - ASPE, situada em Campinas- SP, avalia que a epilepsia é uma condição neurológica que afeta toda classe social do mundo (sem restrição), coagindo, assim, não só na dificuldade que o indivíduo tem de se tratar, mas também de modo geral atingindo áreas psicológica, física, social e até econômica (mercado de trabalho restrito para as pessoas portadoras desta doença) e seus familiares por falta de conhecimento, crenças e estigma.

Com isso, conclui-se que as crises epilépticas são eventos clínicos refletindo em determinada área do cérebro ou área extensa, podendo comprometer os dois hemisférios cerebrais ou não. Portanto, ressalta-se a importância de diagnosticar o foco das crises epilépticas para buscar a classificação correta da crise. A ILAE desenvolveu uma classificação das epilepsias e das síndromes, com base o padrão fisiológico das descargas epilépticas (generalizada, parcial, focal ou localizada) e observações clínica da crise, como também, no histórico familiar. Segue abaixo, extraído do Livro

(4)

Transtorno de Aprendizagem – Abordagem Neurobiológica e Multidisciplinar, a classificação dos tipos de epilepsias e síndromes epiléticas (ROTTA; OHLWEILER; RIESCO, 2006, p.398):

1. Localizadas (focal ou parcial) 1.1. Idiopáticas

1.1.1. epilepsia benigna da infância com pontas centrotemporais; 1.1.2. epilepsia da infãncia com paraxismos occipitais; 1.1.3. epilepsia primária da leitura.

1.2. Sintomáticas (secundárias) 1.2.1. Epilepsia do lobo temporal; 1.2.2. Epilepsia do lobo frontal; 1.2.3. Epilepsia do lobo pariental; 1.2.4. Epilepsia do lobo occipital;

1.2.5. Epilepsia crônica progressiva parcial contínua da infância. 2. Generalizadas

2.1. Idiopáticas

2.1.1. Convulsões neonatais benignas familiares; 2.1.2. Convulsões neonatais benignas;

2.1.3. Epilepsia mioclônica benigna da infância; 2.1.4. Epilepsia ausência infantil;

2.1.5. Epilepsia ausência juvenil; 2.1.6. Epilepsia mioclônica juvenil;

2.1.7. Epilepsia com crises tônico-clônicas ao despertar. 2.2. Criptogênicas ou sintomáticas

2.2.1. Síndrome de West;

2.2.2. Síndrome de Lennox-Gastaut;

2.2.3. Epilepsias com crises mioclônico-astáticas; 2.2.4. Epilepsia com ausência mioclônicas. 2.3. Sintomáticas

2.3.1. Sem etiologia específica – encefalopatia mioclônica precoce; 2.3.2. Síndromes específicas.

3. Indeterminadas

3.1. Com crises parciais e generalizadas 3.1.1. Epilepsias neonatais;

3.1.2. Epilepsia mioclônica grave infantil;

3.1.3. Epilepsia com ponta-onda contínua durante o sono; 3.1.4. Afasia epiléptica adquirida

3.2. Sem achados localizatórios ou generalizados 4. Síndromes especiais

4.1. Crises situacionais 4.1.1. Crises febris;

4.1.2. Crise ou estado epiléptico isolado;

4.1.3. Crise precipitada por álcool, drogas, hiperglicemia. Percebe-se que a epilepsia pode atuar em qualquer parte do cérebro, com isso, a criança ou jovem pode apresentar tipos específicos de problemas de aprendizagem visto a área afetada. Deste modo, é importante o diagnóstico preciso da área atingida para a eficácia do tratamento.

Para entender melhor qual a área (linguagem, escrita, motora, matemática) pode ser afetada, seria interessante falar um pouco das funções cerebrais. O cérebro é dividido em duas partes: direito e esquerdo, existindo a dominância de um dos lados. Por exemplo, os destros têm o lado esquerdo do cérebro como dominante e embora pareçam estar separados, ambos os hemisférios estão unidos por estruturas de conexão, sendo o mais importante o corpo caloso (ROTTA; OHLWEILER; RIESCO, 2006).

Também descritos acima, os tipos de epilepsia em lobos, embora arbitrários, mas a divisão do cérebro em lobo ajuda a entender melhor as funções primordiais de cada um. De modo rápido e pontuando as principais funções: o lobo occipital está

relacionado à visão, sendo este sensitivo e toda aprendizagem visual passa por este lobo. Já no lobo temporal, que também é sensitivo, possui várias funções sendo, sendo no ponto de vista filo e ontogenético a relação com olfato (no hipocampo), emoções, comportamentos e parte da memória. (ROTTA; OHLWEILER; RIESCO, 2006). Portanto, os aprendizados envolvendo a audição, memória, olfato, linguagem compreensiva, emoções e comportamento são da região do lobo temporal.

Já no lobo frontal (sendo um dos últimos a completar a maturação, por volta dos 5 a 7 anos) as funções de planejamento da fala e motora, controle de humor, dos impulsos e o gerencimento que envolva a relação homem/ meio), por isso a aprendizagem voltada para as funções acima relacionadas podem ficar compromentidas quando a epilepsia é nesta região. O lobo pariental, sensitivo, que também atua na função motora e próximo ao lobo temporal também tem a área associada a audição e próximo a área occipital tem a associação visual. As gnosias (funções corticais ligadas ao conhecimento) dependem deste lobo e de todas as suas concexões para se desenvolverem. Se fosse possível detectar um local específico para a inteligência, seria o lobo pariental ou talvez no relação entre os lobos parientais, temporais e occipitais (ROTTA; OHLWEILER; RIESCO, 2006).

Por isso, muitas crianças com epilepsia sofrem de disfução cognitiva, sendo esta pode ter como origem vários fatores tais como: idade de início da crise (quanto mais precoce, maior o impacto na cognição por conta da inibição na atividade miótica, afetando a mielinização dos neurônios), (ROTTA; OHLWEILER; RIESCO, 2006), local atingido (tipos de crises - classificação acima mencionada), etiologia, fatores hereditários, a administração das drogas anti epilépticas (DAE) e fatores psicossociais (estigma). Pode-se dizer que as disfunções mais comuns são: problemas relacionados à linguagem, transtornos específicos e retardo mental.

Como fora mencionado a função cognitiva tem a capacidade de processar as informações vinda do meio e processá-las no cérebro, causando, assim , uma transformação, envolvendo as atividades de manter contato com o ambiente externo, de selecionar e focar informações e de menorizar os dados obtidos, dando ao indivíduo a oportunidade de solucionar problemas dando-lhe autonomia de seu, pensamentos e ações:

Aprendizagem é um processo de aquisição que implica na modificação so SNC, e se produz por ação de um estímulo extrínseco (experiência, treinamento), embora possa ser intríseco. È também um processo adaptativo. A memória é essencial em todos os processos de aprendizagem e de adaptação (ROTTA; OHLWEILER; RIESCO, 2006, p.400).

Hoje, o termo aprendizagem, embora conhecido por todos e utilizado de maneira casual, mas seu conceito ainda é complexo pois para o censo comum, a palavra está vinculada à educação. Todavia, aprendizagem não envolve só a educação, mas essa está ligada à processos internos bioquímicos envolvendo as funções cerebrais. Também está

(5)

ligada ao comportamento, por isso que muitos estudiosos na área de psicologia e até mesmo na educação tentam explicar o processo de aprendizagem.

Estudos recentes em neurociência interessados nesta área de aprendizagem já tentam explicar como funciona este processo da função cerebral em relação ao processo de relacionamento humano, através das teorias já desenvolvidas, principalmente às teorias cognitivas e associadas com as técnicas de neuroimagem para elucidar as alterações da função cerebral tais como a memória, atenção, emoção, linguagem, consciência e outros.

A neurociência cognitiva tem como objetivo a relação entre o período do desenvolvimento cognitovo com a maturação neural, elucidando, assim, a neurobiologia da cognição.

Um dos grandes contribuidores foi Jean Piaget, que através da sua teoria do pensamento, o mesmo se constroi através de estágio visando o próprio desenvolvimento humano. No seu Livro Seis Estudos de Psicologia, o mesmo elucida como se dá o desenvolvimento mental da criança, primeiramente de uma maneira mais rústica e simples e conforme a própria maturação cerebral, o desenvolvimento do pensamento também ganha complexidade na aquisição do conhecimento. Para Piaget, a inteligência (pensamento) se dá como forma de equilibrio daquilo que extraiu do meio com a interação das estruturas internas, através da assimilação e acomodação:

A teoria do desenvolvimento, infelizmente, é bem menos elaborada que a da aprendizagem, porque ela enfrentou a dificuldade fundamental de dissociar os fatores internos (maturação) dos fatores externos (ações do meio). Mas esta mesma dificuldade é útil para nós, como verenos. Os três fatores clássicos do desenvolvimento são a hereditariedade, o meio físico e o meio social. Mas nunca se observou uma conduta devida à maturação pura, sem elementos de exercício, nem uma ação do meio que não se vá inserir nas estruturas internas. [...] Levando-se em conta, então, esta interação fundamental entre fatores internos e extrenos, toda conduta é uma assimilação do dado a esquemas anteriores (assimilações a esquemas hereditários em graus diversos de profundidade) e toda conduta, é ao mesmo tempo, acomodação destes esquemas à situação atual. Daí resulta que a teoria do desenvolvimento apela, necessariamente, para a noção de equilíbrio, pois toda conduta tende a assegurar equilíbrio entre os fatores internos e externos [...] (PIAGET, 1991, p.95-96). Piaget (1991) considera que conforme a criança cresce, a mesma deixa de ver o mundo centralizado nele (no sentido de referência, para a relação com o mesmo e passar a raciocinar somente sobre o que o meio pode mudar, podendo, assim, classificar, ordenar e seriar. Pain (1992) acrescenta que na teoria de Piaget há três tipos de conhecimento: os da formas hereditárias, os da forma lógico-matemático, construindo o conhecimento progressivamente e os da formas adquiridas em função da experiênciua da informação do indivíduo sobre o objeto externo:

Desde o ponto de vista biológico, e dentro do marco da epistemologia genética, haveria uma aprendizagem em sentido amplo, a qual consistiria no desdobramento funcional de uma atividade estruturante, que resultaria na construção definitiva das estruturas operatórias esboçadas em tal atividade. Por outro lado, haveria uma aprendizagem em sentido mais estrito que permite o

conhecimento das propriedades e das leis dos objetos particulares, sempre por assimilação a essas estruturas que permitem uma organização intelegível do real (PAIN, 1992, p.16).

Ciasca (2004) relata que o processo do aprender possui algumas integridades básicas que são caracterizadas por três níveis: função psicodinâmica (internalização do observado ou experimentado pelo processo psíquico); função do Sistema Nervoso Periférico (através dos receptores sensoriais que canalizam a aprendizagem simbólica) e o Sistema Nervoso Central (onde localiza o armazenamento, elaboração e processamento das informações).

Poppovic, 1968 (apud CIASCA, 2004) define a aprendizagem como um processo evolutivo e contínuo, resultando em sequência de modificações no comportamento humano, de forma global (biológico e físico) e do meio em que vive (atuante e atuado).

Então, uma criança com crises convulsivas constantes comprometeria este processo de aprendizagem? Como um psicopedagogo poderia elaborar um tratamento para ajudar esta criança a atenuar as dificuldades por ela encontrada?

Pain (1992) afirma que para trabalhar com técnicas de psicopedagogia tem-se que primeiro diferenciar os problemas de aprendizagem tanto em nível escolar, quanto funcional. A autora considera

pertubações na aprendizagem aquelas que atentam contra a normalidade deste processo, qualquer que seja o nível cognitivo do sujeito. Desta forma, embora seja frequente uma criança de baixo nível intelectual apresentar dificuldades para aprender, apenas consideraremos problemas de aprendizagem aqueles que não dependam daquele déficit. Isto quer dizer que os problemas de aprendizagem são aqueles que se superpõem ao baixo nível intelectual, não permitindo ao sujeito aproveitar as suas possibilidades (PAIN, 1992, p.13).

Outro ponto relativamente importante seria a diferenciação entre dificuldade de aprendizagem, distúrbios de aprendizagem e transtorno de aprendizagem. Embora termos semelhantes suas definições são diferentes, pois atuam em áreas diferentes, onde cada uma abrange um aspecto no processo da aquisição de aprendizagem.

No caso de crianças epiléticas, é comum encontrá-las abaixo do desenvolvimento com sua idade cronológica e quanto mais crises convulsivas as mesmas apresentam, maior a chance de apresentar uma dificuldade de aprendizagem mais acentuada.

Quando se fala em conceito, de modo geral, a dificuldade de aprendizagem é quando a criança não consegue adquirir o conhecimento normalmente, decorrente de um problema de origem orgânica (não relacionado a ordem patológica, mas sim fisiológica, por exemplo fome, sonolência e outros), fatores específicos (sendo estas consideradas como uma desordem com uma inderteminação na lateralidade do indivíduo), psicógenos (este mais complexo de se explicar, pode estar relacionado ao medo de aprender, ou a morte de um parente e no caso da própria epilepsia tem o estigma que a criança, jovem e adulto carregam consigo da doença) ou do

(6)

meio em que está inserido (neste sentido tem haver com o que o meio oferece de estímulo para causar a parendizagem e não a condição social do mesmo). Ao detectar o problema, cessa esta dificuldade:

Podemos considerar o problema de aprendizagem como um sintoma, no sentido de que o não-aprender não configura um quadro permanente, mas ingressa numa constelação peculiar de comportamentos, nos quais se destaca como sinal de desconpensação (PAIN, 1992, p.28).

No caso estudado as dificuldades de aprendizagem ocorrem durante o período da epilepsia, sendo que quanto mais cedo, o diagnóstico, menos comprometimento terá. No caso da epilepsia ela se divide em duas categorias: potencialmente tratáveis e reversível e as permanentes. A própria droga administrada pode fazer com que a criança apresente uma dificuldade de aprendizagem por interferir na atenção, concentração, memória e até em comporrtamento (ROTTA; OHLWEILER; RIESCO, 2006).

Já para o distúrbio de aprendizagem está relacionado a um grupo heterogeneo de transtorno, onde a criança não consegue apreender o conhecimento em comparação a outra da mesma faixa etária, onde se manifesta por apresentar dificuldade na aquisição da escrita, fala, matemática, leitura e raciocínio.

No caso da epilepsia a gravidade do comprometimento está relacionado ao controle das crises, o inicio prococe e à disfunsão global do cognitivo (ROTTA; OHLWEILER; RIESCO, 2006).

A definição de transtorno de aprendizagem vem sendo bastante revista, e segundo o DSM-IV (CIASCA, 2004), é quando a criança apresenta um resultado significamente baixo ao se comparado de outra criança da mesma faixa etária, através de testes padronizados.

Mas, embora seja comum o déficit cognitivo no epilético sendo os motivos os mais variados, desde o estigma social e educacional até possível dano cerebral de base, o maior problema está na falta de elaboração de testes específicos, sensíveis para a avaliação do compromentimento cognitivo dos epiléticos. Os mais utilizados são WISC, BENDER e o P300 (embora este não esteja padronizado para a população brasileira) (ROTTA; OHLWEILER; RIESCO, 2006).

O fracasso escolar não pode ser atribuído somente à carência de algum aspecto cognitivo na criança epiléptica, mas também à experiência negativa derivada do ambiente (família, sociedade). Em particular, a atitude familiar inadequada é que limita a autonomia do filho, suas experiências lúdicas e expansão social. Essa atitude interfere na motivação e induz na criança baixa auto-estima, afetando sua maturação afetiva (ROTTA; OHLWEILER; RIESCO, 2006, p.407).

Neste sentido, o profissional em psicopedagogia tem que se atentar a todos os detalhes, pois não é uma tarefa fácil e para não se torna um causador de rótulos quando a criança não aprende. Para isso o psicopedagogo pode se utilizar de algumas técnicas e atentar-se a algumas situações que envolvem o trabalho, como por exemplo:

O Motivo da Consulta: porque e por quem a criança foi

encaminhada, o significado do sintoma para a família e para a escola e o que ambas esperam do resultado (levantar as expectativas da cura no caso o problema de aprendizagem decorrente da epilepsia). Observando, assim a modalidades de comportamento expressadas pelos pais, pela escola em relação ao indivíduo. a) Histórico Vital: numa outra etapa deve ser feita uma entrevista com os pais buscando informações sobre a vida pregressa da criança.

Neste momento, é interessante rever alguns aspectos tais como os antecedentes natais. Neste caso, sugere de como foi a gestação se teve algum episódio, doença, assiduidade e alimentação que não descompensasse o bom desenvolvimento fetal. Como foi o parto de faltou oxigenação, se teve incompatibilidade no fator RH (grupo sanguíneo), se foi normal, cesárea ou fórceps, e após o parto (neonatais), como foi as exigências da criança sobre sua sobrevida após o parto, qual foi a nota do apgar. Pois todos esses fatos podem interferir no processo de aprendizagem da criança, pois assim já auxiliaria para saber a classificação da epilepsia.

No caso sobre doenças: se a criança teve alguma doença ou traumatismo, principalmente que afetasse o sistema nervoso central ou que provocasse tal sinaspes. É importante estabelecer em que momento e as condições que a criança desencadeou esses sintomas e para terminar a disponibilidade física da criança e se ainda há muita crise epilética que pode agravar o próprio SNC.

Também, se faz necessário avaliar o desenvolvimento: neste aspecto pode-se ressaltar o desenvolvimento motor (quando começou a engatinhar, a andar a pular andar de bicicleta e jogar bola e outros movimentos); o desenvolvimento da linguagem (quando começou a balbuciar, a dizer as primeiras palavras a formar frases, a contar estórias) e o desenvolvimento de hábitos (quando a criança solicita para ir ao banheiro sozinha – evacuar e urinar, sua independência de comer sozinha, de ir dormir, de falar o que quer). Desta forma dá para avaliar a extensão das áreas afetadas (focal ou generalizada) e a superproteção dos pais frente à epilepsia.

Já na hora de jogo: na atividade com a criança, segundo a psicopedagogia, poderá avaliar o grau de atenção, interesse, de iniciativa, limites e através da linguagem como a criança está expressando o seu pensamento. Nesta idade a criança ainda utiliza na linguagem a forma de expressão, principalmente os anos iniciais do ensino fundamental.

Nas provas psicométricas, onde se avalia algum aspecto intelectual do comportamento, deverá solicitar à um psicólogo, pois no Brasil este tipo de teste destina-se à uso exclusivo dos mesmos. Esses testes servem para mediar quantitativamente, em percentual, a média de rendimento da criança em relação a outras crianças da mesma idade. Como citado anteriormente o WISC. Também não se pode esquecer, da avaliação cognitiva (a mais comum são as provas piagetianas, de conservação, seriação e inclusão de classe), neste caso o próprio psicopedagogo poderá aplicar a prova.

(7)

procurar avaliar o ambiente escolar e de sua residência e o quanto, um acaba sendo a extensão do outro. Por exemplo, a condição em que a criança vive, sua assiduidade – limpeza, se tem televisão, livros, rádios, revistas. Como é o relacionamento com a criança no sentindo culturalmente falando, se participa de clubes, comunidades, igrejas. Para ter um parâmetro de como é a inserção na comunidade ou se tem certa “carência” cultural. O epilético, de modo geral, apresenta um forte estigma da condição, normalmente por falta de conhecimento da sociedade e dos pais. Em relação aos pais a situação piora, pois os mesmos podem superproteger os filhos, causando, assim uma falta de experiência.

Outro ponto de muita relevância no caso da epilepsia e se deve-se ser elimidado é do estigma da doença que compromete a aquisição de aprendizagem, como também todos os outros fatores relacionados à sua vida: família, a vida social e a própria criança.

Min et al. (2008) relata que o estigma está relacionado a uma imagem negativa ou de rejeição, de degradação, marginalizando, assim não só a pessoa, mas toda a família que tenha um epiléptico em casa. Tal conceito é originado da falta de conhecimento sobre o assunto, de falsas crenças associadas a não compreenção sobre a questão. No caso da epilepsia, a própria evolução dos séculos mencionadas na introdução deste arquivo mostra de como as pessoas eram tratadas, promovendo rótulo e exclusão do convívio social.

Min et al. (2008) acrescenta que por meio de estudos foi-se criado um modelo próprio para o estigma na epilepsia, o qual se inicia com uma característiva visível ou invisível, dependendo do histórico familiar e o meio em que a pessoa se encontra (isto é, se as pessoas já assistiram uma crise se torna visível, se não, neste caso específico da epilepsia, se há omissão do assunto para a sociedade, visando a marginalização, a mesma continua invisível).

De modo geral o problema de aprendizagem no epiléptico, pela sua importância nos dias de hoje, faz-se necessária a interação de diversos profissionais em prol do diagnóstico e tratamento correto, viabilizando esclarecimentos voltados à doença, desta forma, proporcionando ao epiléptico mais segurança de si e sem margens do estigma arraigado por anos desta condição. Por isso o trabalho do psicopedagogo se insere nesta perspectiva, ou seja, procurar reconduzir os que têm dificuldades escolares ao mundo da cultura, devolvendo-lhes o prazer das novas aprendizagens (ROTTA; OHLWEILER; RIESCO, 2006).

3 Conclusão

Os assuntos abordados neste artigo proporcionam uma visão geral de como a epilepsia influencia o processo de aprendizagem. Percebe-se que não é apenas a própria condição da doença que agrava dificuldade de aprendizagem, mas também como o sujeito concebe a sua condição, de como a família interage e como é a relação do mesmo com o meio social.

É fato que as condições neurológicas irregulares e crônicas podem afetar a cognição, dependendo da área e da quantidade de crises convulsivas, inibindo, assim, a memória, atenção, linguagem, dificultando a aquisição de novas informações. Mas, ficou claro que o estigma, arrastado por muitos séculos, também influencia a condição de aprendizagem, causando descompensação no indivíduo e por consequência, além da dificuldade apresentada, baixa auto-estima, isolamento e até transtornos psíquicos (por exemplo a depressão e ansiedade), comprometendo, assim, a sua qualidade de vida.

Por isso, o psicopedagogo tem um trabalho longo e complexo, pois além de trabalhar com uma questão técnica (qual área afetada obstruindo a aprendizagem: escrita, leitura, matemática e outras), existe a falta de informação sobre esta doença que afeta, muitas vezes o próprio contexto familiar e escolar.

Para muitas crianças, a escola é o primeiro convívio com a sociedade e mesmo esta, atualmente, sendo a percussora de “inclusão social”, nem sempre isso é promovido, pois além de frenquentar salas “normais” de aula, algumas crianças também frequentam as salas “especiais”. Por isso que muitas crianças com epilepsia sofrem na instituição educacional, ora por questões sociais, ora seja por questão cognitiva, ou ainda, seja por preconceito frente à doença, como também pela falta de preparo dos profissionais envolvidos.

Outro ponto que contribui para a dificuldade de aprendizagem é a superproteção, permissividade e dependência dos pais, que por abster-se de informação, se fecham e isolam a criança como se fossem delicados. Outra falha comum dos pais é a omissão da doença para a escola ou sociedade temendo uma “retalhação” e afastamento do convívio social. Além disso, alguns pais temem que a própria escola não esteja preparada para atender as necessidades de seu filho, podendo ocasionar uma evasão da criança no ensino regular.

Com as informações, o psicopedagogo pode trabalhar atendendo às necessidades cognitivas da criança, propocionando a qualidade do seu aprendizado, melhorando a auto-estima e sua relação no contexto escolar, social e emocional.

Referências

AMIRALIAN, M.L.T.M. Psicologia do excepcional. Temas

básicos de psicologia. São Paulo: E.P.U., 1986.

BOSSA, N. A psicopedagogia no Brasil. Contribuições a partir

da prática. Porto Alegre: Artmed, 2000.

CABRAL, Á.; NICK, E. Dicionário técnico de psicologia. São Paulo: Cultrix, 1996/1997.

CIASCA, S.M. Distúrbios de aprendizagem: proposta de avaliação interdisciplinar. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004. LOPES-CENDES, I. Genética das epilepsias. Neurociências, 2002. Disponível em: http://www.comciencia.br/reportagens/ epilepsia/ep22.htm.

MADY, L.C. Sentimentos e reações frente a epilepsia. Corpo

e Mente, 2009. Disponível em: http://www.webartigos.com/

articles/26967/1/-Epilepsia-e-suas-reacoes-frente-a-patologia/ pagina1.html.

(8)

MIN, L.L. et al. NeuroCiências e epilepsia. São Paulo: Plêiade, 2008.

MOREIRA, M.A.; MASINI, E.F.S. Aprendizagem significativa: a teoria de David Ausubel. São Paulo: Moraes, 1982.

PAIM, S. Diagnóstico e tratamento dos problemas de

aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 1992.

PIAGET, J. Seis estudos de psicologia. São Paulo: Forense Universitária, 1991.

ROTTA, N.T.; OHLWEILER L.; RIESCO, R.S. Transtornos

da aprendizagem: abordagem neurobiológica e multidisciplinar.

Porto Alegre: Artmed, 2006.

SCHIAN, R.J. Distúrbios de aprendizagem na criança. São Paulo: Manole, 1978.

SOUZA, E. et al. Mecanismos psicológicos e o estigma na epilepsia. Neurociências, 2002. Disponivel em: http://www. comciencia.br/reportagens/epilepsia/ep18.htm.

Referências

Documentos relacionados

O objetivo do curso foi oportunizar aos participantes, um contato direto com as plantas nativas do Cerrado para identificação de espécies com potencial

Neste tipo de situações, os valores da propriedade cuisine da classe Restaurant deixam de ser apenas “valores” sem semântica a apresentar (possivelmente) numa caixa

10b estão as variações dos mesmos parâmetros para um refletor primário com ângulo de abertura de 75°.O efeito da diminuição do fator de interceptação para o coletor ideal é

Com relação à germinação das sementes armazenadas em câmara fria, aos três meses de armazenamento (Tabela 10), observou-se em sementes tratadas ou não com fungicidas e

Não existe, por sua vez, relatos na literatura sobre os produtos de degradação do DEC, ivermectina e albendazol, sendo estes medicamentos utilizados em larga escala pela

Deste modo, este trabalho teve por objetivo investigar princípios de design de uma Sequência Didática (SD) sobre mitose e câncer, inspirada na história de

O entendimento da metáfora dentro-fora traz uma demarcação do que estaria dentro e fora do corpo por meio de sua superfície, a pele. Sendo esta, muitas vezes considerada como

Figura 1 - Protocolo alerta triangular das ocorrências traumáticas de Urgências ou Emergências...5 Figura 2 - Fluxograma das solicitações telefônicas de urgência