A - r A
AS
CIENCLAS
NO
ENSINO
MEDIO
E
OS
PARAMETROS
CURRICULARES
NAcIoNA1sz
DA
PROPOSTAÀ
PRÁTICA
_ . |
FLORIANÓPOLIS
~AS
CIÊNCIAS
NO
ENSINO
MÉDIO
E
OS
PARÂMETROS
'CURRICULARES
NACIONAIS:
DA
PROPOSTA
À
PRÁTICA
Dissertação apresentada
como
exigência parcialpara a obtenção
do
títulode
Mestreem
Educação,linha de investigação
Educação
e Ciência,do
Programa
de Pós-Graduaçãoem
Educação da
Universidade Federal de Santa Catarina. Orientador: Prof. Dr.
Arden
ZylbersztajnFLORIANÓPQLIS
.UNIVERSIDADE
FEqERA_L
DE
sANTA CAÍARINA
cENTRo
oE,c1ENc1As
mt
EoucAçAo
_PROGRAMA
DE
Pos-.GRADuAçAo
EM EDucAçAo
"AS CIÊNCIAS
NO
ENSINO
`MÉDIO
E
OS
PARÂMETROS
CURRICULARES
NACIONAIS:
DA PROPOSTA A
PRATICA"
Dissertação
submetida ao
1Colegiado
do
Curso
de
Mestrado
em
Educação do
Centro
de
Ciênciasda Educação
em
cumprimento
parcial para a
obtenção
do
títulode Mestre
em
Educação.
›APROVADA
PELA
COMISSÃO
EXAMINADORA
EM
18/12//2001Dr.
Arden
Zylbersztajn
-
Orientador/UFSC
Áp/éí
Dr. Luís
Carlos
de
Menezes
-
Examinador/USP
'«'¿f'
¬
Dr.
José
de
Pinho Alves
Filho-
Examinador/UFS
Dr.José
André
Peres Angotti
-
Suplente/UFSC
Pro
. Dr. Lucxdio BlanchettxCoordenador
PPGE/CEDÍUFSC'
Elio Carlos
Ricardo
:
z
Ao
Prof. Dr.Arden
Zylbersztajn pela orientação e presença incondicionalno
decorrerde todo
o
mestrado. E, peloexemplo
de intelectual,em
cuja práticao
pensar e o sentir sãomediados
pelo compreender. AAo
Coordenador do
Programa
Prof. Dr. Lucídio Bianchetti e aos professores eprofessoras: Prof. Dr. Angotti, Prof. Dr. Peduzzi, Prof. Dr. Selvino, Prof”. D1”. Edel, Prof'. Dr”. Erika, Prof. Dr. Demétrio, Prof. Dr. Mauricio, Prof. Dr. Pinho, Prof. Dr. Cupani;
Aos
colegas
do Mestrado
edo
Doutorado, especialmente aturma
de 2000.p
Aos
técnicos administrativosda
Secretaria Estadual deEducação
e Desportodo
Estado de Santa Catarina, que contribuíramcom
a presente investigação, especialmenteo
Gerente de Planejamento Educacional e a Gerente deAções
Pedagógicas.À
direçãodo
Instituto Estadual de Educação, especialmente à Diretora de Ensino, à Supervisora de Integração Pedagógica e aos colegas professores, pela valiosa colaboração e participação na coletas de dados para a presente dissertação.Ao
Núcleo
Regionalde
Educação
-
Ponta Grossa/PR, à diretora, à supervisora e aoscolegas professores
do
Colégio EstadualRegente
Feijó-
Ponta Grossa/PR, pela importante colaboração e participaçãona
coleta de informações para o presente trabalho.` .
I
A
sociedade brasileira pelo apoio financeiro oferecido por intermédioda
CAPES
e àFundação
CESGRANRIO,
pela Bolsa de Estudosdo
Programa
deApoio
a Teses efamília,
mesmo
em
desvantagem
e apesar dasdificuldades
em
muitas caminhadas, a construçãode
O
presente trabalho consisteem
um
estudo de caso realizadono
Instituto Estadualde
Educação
ena
Secretaria Estadual deEducação
e Desporto,na
cidade de Florianópolis-
Santa Catarina,
com
um
grupo de professores da área das Ciências da Natureza,Matemática
e suas Tecnologiasdo
EnsinoMédio,
sobo
enfoque deuma
avaliação iluminativa.O
objetivo principal foi identificar a percepçãoque
esse grupo de professores e técnicosda
áreapedagógica
têm da
reforma de ensino proposta pelos Parâmetros Curriculares Nacionais e quaismudanças foram ou
estão sendo implementadasna
sala de aula.Os
instrumentos utilizadosforam
a análise documental e a entrevista 'semi-estruturada.Os
documentos
analisadosforam
anova
LDB,
asDCNEM,
osPCNs,
a Proposta Curricularde
Santa Catarina, o
Programa
deExpansão
e Melhoriado
EnsinoMédio
da
Secretaria Estadual de Educação, as Grades Curriculares e oRegimento Intemo da
escola.Além
dos professores, a supervisora de integração pedagógica e a diretora de ensinodo
Instituto Estadualde
Educação,
bem como
os gerentes de planejamento educacional e de ações pedagógicasda
Diretoria de Ensino
Médio
da Secretaria,também
foram
entrevistados.A
principal conclusãoda
pesquisa foique
poucas ações ocorreram para a implantaçãodos
PCNs
nas escolas eque não foram
dadas oportunidades paraque
os professores tivessemuma
compreensão
da proposta de reformaem
seu todo.Algumas
das dificuldades apontadaspelos docentes são apresentadas e discutidas, assim
como
o
contextoda
reforma pretendida.São
sugeridos algunscaminhos que
podem
contribuir para a implementação dosPCNS
de
This research consists
on
a case study, using a illuminative evaluation approach,performed in a state school and in the educational authority, in the city
of
Florianópolis, SantaCatarina, Brazil, with a group of teachers of Natural Sciences,
Mathematics
and 'theirTechnologies.
The
main
objectivewas
to identify the perceptions of teachers andsome
staffmembers
from
the State Educational Authority relative to the educational reform proposedby
the National Curricular Parameters (PCNs), and
what
changeshave
been or are beingimplemented
in classrooms.The
instruments usedwere
documental analysis and semi-structured interviews.The
documents
analisedwere
materials producedby
the Brazilian Ministry of Education,by
theState Educational Authority, and
by
the school. Besides the teachers, the supervisor for pedagogical integration and the teaching directorof
the schoolwere
interviewed, as well asthe
managers
for planning and for pedagogical actions in theHigh
School Directorateof
theeducational authority. _ .
The
main
result of the investigation is thatfew
actions took place for theimplementation
of
thePCNs
at the school level and that oportunitieswere
not offered for the teachers to acquire a comprehensionof
the reform proposed as a whole.Some
hindrancesapointed
by
them, and also the context of the intended refonn are presented and discussed.Ways
thatmay
contribute for the implementationof
the'PCNs
articulated with pre and iné1.
INTRODUÇÃO
... ... ... ... ... ... ..011.1.
OBJETIVOS
... ..O31.2.
JUSTIFICATIVA
... . .O42.
ASPECTOS
METODOLÓGICOS
... ... ..083.
INSTRUMENTOS
OFICIAIS -
A
LDB,
AS
DCNEM
E
OS
PCNS
... ..18_ 3.1.
A
LEI
DE
DIRETRIZES
E
BASES E
A
REFORMA
DO
ENSINO
MÉDIO
... ..1s3.2.
As DIRETRIZES
CURRICULARES NACIONAIS
PARA
O
ENSINO
MEDIO
... ... ..213.3
PARÂMETROS
CURRICULARES NACIONAIS
PARA O
ENSINO
MEDIO
-
CIÊNCIAS
DA
NATUREZA,
MATEMÁTICA
E
SUAS
TECNOLOGIAS
... ..2õ3.3.1. Biologia ... ..28
3.3.2. Física ... ..30
3.3.3.
Química
... ..33 3.3.4.Matemática
... ..353.3.5.
Rumos
eDesafios
Propostos ... ..373.4.
AS
DCNEM,
OS PCNS
E AS
MATRIZES CURRICULARES
-
UMA
ANÁLISE
INICIAL
... ... ..3s3.5.
RESGATE
DE PRODUÇÕES
TEÓRICAS
SOBRE
Os
DOCUMENTOS
DOCUMENTOS DA
SECRETARIA
... ..494.1.
A
PROPOSTA CURRICULAR
DE
SANTA CATARINA
PARA
O
ENSINO
MÉDIO
....49
4.1.1.
Matemática
... ..514.1.2. Ciência e Tecnologia
no
EnsinoMédio
... ..534.1.3. Física... ... ..53
4.1.4. Biologia ... ..55
4.1.5.
Química
... ... ..564.1.6.
Educação
e Tecnologia ... ..574.2.
ASDIRETRIZES
CURRICULARES NACIONAIS
PARA
O
ENSINO
MÉDIO
E
A
PROPOSTA CURRICULAR DE SANTA CATARINA
-
UMA
ANÁLISE
COMPARATIVA
... .._ ... ..584.3.
os
PARÂMETROS
CURRICULARES NACIONAIS
PARA
O
ENSINO
MEDIO
E
A
PROPOSTA CURRICULAR
DE
SANTA CATARINA
_
UMA
ANÁLISE
COMPARATIVA
... ..ó9 ~ 4.3.1.Biologia ... ..74 4.3.2. Fisica ... ..76 4.3.3.Química
... ..80 4.3.4.Matemática
... . . 834.3.5.
Uma
AnáliseComplementar
... ;> ... ..854.4.
A
VISÃO
DA
SECRETARIA
ESTADUAL DE
EDUCAÇÃO
... . .só 4.4.1. Análisedo
PROMED/SC
....Só
4.4.2. Análise das Entrevistas ... ..93Curricular
do
Estado ... ..944.4.2.2. Orientações
que
a Secretaria passa para o sistema de ensinoe subsídios pedagógicos utilizados ... ..97
4.4.2.3.
Ações
eacompanhamento
da
Secretaria quanto àimplementação
dosPCNs
... ..994.4.2.4.
Ações
futurasda
Secretaria visando àimplementação
dosPCNs
... ..101s.
O
CENÁRIO
5.1.
DIREÇÃO
DE
ENSINO
E EQUIPE
DE
INTEGRAÇÃO PEDAGÓGICA
... ..1 12
5.1.1. Opinião sobre as
mudanças
apresentadas pelosPCNs
e pela Proposta Curriculardo
Estado ... ..1125.1.2.
A
co-existência dos dois documentos,PCNs
e Proposta Curricular, e as orientações passadas aos professores ... ..1145.1.3.
A
forma
com
que
a escola trabalha,acompanha
e orienta os professores para aimplementação
dosPCNs
... ..1165.1.4. Dificuldades para a
implementação
dosPCNs
e ações daSecretaria
de
Educação
... .. 1 185.2.
OS PROFESSORES
..... 122
5.2.1.
O
contatocom
osPCNs
ecom
a Proposta Curriculardo
Estado ... ..1225.2.2. Opinião sobre os
PCNs
e sobre a Propostado
Estado ... .. 1245.2.3.
Aproximação
entre a práticada
sala de aula e as orientações contidas nosPCNs
... .. 1305.2.4. Dificuldades para a
implementação
dosPCNs
...futuras ... .. 138
5.3.
OS
PCNs
E OS
LIVROS DIDÁTICOS
NA
ESCOLA
..... 140
6.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
E
QUESTIONAMENTOS
.....149
6.1.
E>a>os1ÇÃo~Do
cENÁR1o
... ..1so ó.2.APONTANDO
CAMINI-los
..... 155
6.3.
A
PROPOSTA DE
UM
DESAFIO
... .. 163INTRODUÇÃO
O
sistema de- ensino brasileiro está passando porum
processo de reorientação a partirda
nova
Leide
Diretrizes e Bases daEducação
Nacional-
Lei n° 9.394, de 20 dedezembro
de1996
(LDB),
dos Parâmetros Curriculares Nacionais(PCNs)
e das Diretrizes CurricularesNacionais
-
EnsinoMédio
(DCNEM).
Tal reorientação reforça a idéia da escola trabalharcom
valores e atitudes visando à aprendizagem de habilidades voltadas para competências,tais
como:
domínioda
linguagem,compreensão
de fenômenos, formulação e solução deproblemas, construção de argumentações e outras.
_
As
competências e habilidades aserem
trabalhadas estão articuladas nas categorias derepresentação e comunicação; investigação e compreensão; contextualização sócio-cultural e histórica
(BRASIL,
1999a).Conforme
osPCNs,
tais categorias estão relacionadas respectivamente às áreas de saberes, que são: Linguagens,Códigos
e suas Tecnologias;Ciências
da
Natureza,Matemática
e suas Tecnologias; CiênciasHumanas
e suasTecnologias. Isso pressupõe buscar
uma
visão de inter-relação dos conceitos e conhecimentosem
detrimentoda
idéia de fragmentação, linearização e simplesmemorização
dos conteúdostrabalhados. A
A
propostada
divisão por áreas de 'saberes procura agrupar objetos de ensino que sãocomuns, facilitando a busca de
uma
prática interdisciplinar.De
acordocom
anova
LDB
e osPCNs,
o
ensino e aprendizagem deverão seguir dois eixos norteadores: a interdisciplinaridade ea
contextualização.A
contextualização deve serum
instrumento para tomar o aluno ativo e participativo dentro da sua realidade social.Na
idéia de interdisciplinaridade está presente a necessidadedo
diálogo pennanente entre as várias áreasdo
conhecimento e não a simples justaposição de disciplinas diluídasem
generalidades.Todas
essasmudanças
implicamuma
maior flexibilização dos conteúdos previstospara cada série e a possibilidade de ofertar novas disciplinas na
chamada
parte diversificada,que
corresponde a, até,25%
da grade curricular. Tal flexibilidade permite,em
primeiro lugar,uma
melhor
adequaçãodo
conteúdo previsto às necessidades detempo
disponível e interessesdos envolvidos
no
processo e,em
segundo lugar, planejar e ofertar disciplinas que sirvam decomplemento
aos assuntosda
base nacionalcomum
e àformação
geraldo
educando.Além
disso, a sociedade atual requeruma
escola quefonne
um
cidadão capaz de atuarde maneira participativa
no meio
ao qual pertence, enão
serum
simples espectador dos acontecimentos sócio-político-econômicos,com
condições de buscarmelhor
qualificação pessoal e profissional.O
EnsinoMédio, além da
reorientaçãodada
à educaçãocomo
um
todopela
LDB
ePCNs,
passa a tero
caráter de educação básica,que ganha
conteúdo, finalidades e diretrizes para sua organização curricular,definindo o
alunoque
se quer formar.A
nova
identidadedada
ao EnsinoMédio
objetiva acabarcom
a dualidade presentenesse nível de ensino: preparação para
o
vestibular eformação
técnico-profissional.Em
vezdisso, a
LDB
destacaque o
EnsinoMédio
terá a finalidade de consolidar e aperfeiçoar os conhecimentos adquiridos visando à preparação básica parao
trabalho e a cidadaniado
educando, possibilitando seu aprimoramento
como
pessoahumana,
com
autonomia intelectuale
pensamento
crítico.A
idéia é proporcionaruma
formação
geral sólida e significativa aoaluno. '
Portanto, pode-se observar que a
LDB
e osPCNs
se apresentam nãocomo
simplesredefinição de conteúdos,
mas
como
uma
nova
concepção parao
ensino.O
que
ensinar parapromover
as competências e habilidades propostas? Quais atitudes e valoresdevem
sertrabalhados
de
modo
a possibilitar a independência de ação e aprendizagem futura ao aluno?A
proposta demudança
apresentada nosimpõe
tais questionamentos.Em
minha
prática docente,com
as disciplinas de Física eQuímica no
EnsinoMédio,
na
rede pública dos Estadosdo
Paraná e Santa Catarina,sempre houve
a preocupaçãoem
aplicar a
nova
proposta de reorientação dos conteúdos curriculares presentes naLDB
e nosPCNs.
O
principal objetivo é oferecerum
ensino de Ciênciasda
Natureza, Matemática e suasTecnologias
que
contribua para a formaçãodo
aluno, habilitando-o a saber obter, sintetizare trabalharcom
as informações,tomando-o
um
sujeito critico, atento e participativo aos fatoscientíficos.
As
propostas representamum
avançoem
relaçãoao
ensino atual, entretanto,alguns pontos precisam ser analisados e discutidos para
que
taismudanças
efetivamenteocorram
na sala de aula.É
fiindamental cultivarno
aluno as competências necessárias para a formação deopiniões e emissão de juízo de valores
em
relação a acontecimentos sociaisque envolvam
aspectos científicos e tecnológicos relevantes, taiscomo:
impactos ambientais, uso detecnologias,
o
corpohumano
e a saúde, obtenção econsumo
de energia, produção econservação de alimentos e outros.
Dessa
forma, pode-se possibilitar aoeducando
sentir-seEssa preocupação
levou-me
à elaboraçãodo
presente trabalho,que
partiudo
seguinteproblema: quais condições estão sendo dadas aos professores das Ciências
do
EnsinoMédio
para a apropriação dosPCNs,
da
área de Ciênciasda
Natureza,Matemática
e suasTecnologias e, a partir disso, quais
mudanças
estão sendo implementadas nesse nível de ensino? _Embora
a questãoacima
tenhaum
caráter amplo, optou-se por aprofundarum
estudo de casono
Instituto Estadual de Educação,em
Florianópolis, por serum
estabelecimento deensino
que
é referênciano
Estadode
Santa Catarina,como
será tratado mais adiante.Apesar
de apresentar
um
enfoque local, muitas das informações aqui levantadas e discutidaspodem
apontar parauma
perspectiva'mais
geral,com
vistas a buscar respostas aoproblema
posto.A
partir desse questionamento, pode-se identificar a seguir quaisforam
os objetivosda
investigação.
1.1.
OBJETIVOS
O
objetivo geral foi: analisar qual a percepçãoque
os professores das Ciênciasno
Ensino
Médio têm
sobre os Parâmetros Curriculares Nacionais e se a apropriaçãode
taispropostas está levando à implementação de efetivas
mudanças
em
suas práticas docentes,buscando contribuir' para
uma
reorientação nessa área de ensino.Em
decorrênciado problema
edo
objetivo geral expostos acima, identificam-secomo
objetivos específicos
o
seguinte:- Analisar criticamente as propostas apresentadas pelos
PCNs
para o EnsinoMédio
"
na
áreade
Ciênciasda
Natureza,Matemática
e suas Tecnologias e Verificar as 'produções teóricas críticas aosPCNs;
- Analisar a Proposta
do
Estadode
SantaCatarina para o Ensino
Médio
na
área deCiências
da
Natureza,Matemática
e suas Tecnologias e a proposta curriculardo
Instituto Estadual de Educação;
- Verificar as condições oferecidas pela
Secretaria Estadual de
Educação
e Desportode
Santa Catarina e organização escolar aos professores para se apropriarem das propostas e quais as iniciativas de implementaçãoque
vêm
ocorrendo;- Identificar a percepção de
um
grupo deprofessores, direção e técnicos
da
áreapedagógica
que atuam no
EnsinoMédio
em
Florianópolis quanto àdimensão
daspropostas apresentadas, pela esfera federal e estadual, e apontar direções para
1 .2.
JU STIFICATIVA
Os
responsáveis pelasDCNEM
ePCNs
chamam
a atenção para o fatode
que suaimplementação
consisteem
romper
com
concepções, valores e práticasdo
ensino atual.Contudo, destacam
que
talmudança
não emerge da
simples negação de experiênciasacumuladas,
mas
possuiuma
dinâmica de transição a partir de erros e acertos construídos e da busca deuma
altemativa maisadequada
ànova
demanda
social.O
processo envolve etapas deajustes e acomodações, cujo resultado final
não pode
ser previsto dianteda
amplitudedo que
se pretende.
Conforme
enfatizam:f
Por mais que as burocracias e os meios de comunicação esperem a tradução destas Diretrizes
Curriculares
com
lógica e racionalidade caxtesianas - de preferência por meio deuma
tabela dedupla entrada que diga exatamente
“como
está” e“como
fica” o EnsinoMédio
brasileiro -,nem mesmo com
a ajuda deum
martelo a realidade do futuro próximo caberianum
modelodesse tipo.
O
resultado deuma
reforma educacional tem componentes imprevisíveis, que nãopermitem dizer
com
exatidãocomo
vai ficar o EnsinoMédio
nomomento
em
que estas diretrizes estiverem implementadas. (BRASIL, l999a, p.l 10)Assim
sendo, há necessidade de constante avaliação eacompanhamento
de todoo
processo de implementação
da
proposta, para possíveis correçõesno
rumo
tomado ou
continuidade
do que
está se mostrando de acordocom
o
que se espera.Diante disso, pode-se observar
que
a proposta apresentadanão
seresume
em
simples alteração dos conteúdos a ensinar.A
interdisciplinaridade e a contextualização, assimcomo
ascompetências e habilidades e
o
trabalhocom
valores e atitudes só terão significado se a prática educacional permitir rever-se, na pessoa de seus protagonistas, não pelo simplesconhecimento desses conceitos,
mas
pelaformação
inicial e contínua.” Tal esforço será mais eficaz quanto mais possibilitar reflexões, análises, avaliações e revisões das práticas e açõeseducativas,
no
sentido de apontar para a consolidaçãoda nova dimensão que
está sendo proposta ao Ensino Médio.A
minha
percepção éde
que o processonão
ocorre dessa forma, pois durante aimplantação e chegada dos
PCNs
nas escolas, participei de todas as reuniões promovidas pela Secretaria Estadual deEducação do
Estadodo
Paraná, atravésdo Núcleo
Regional de Educação, e senti dificuldadesem
obter osdocumentos
integrais para leitura eaprofundamento. Foi possível observar
também
uma
grande resistência por parte «dos professoresem
relação às propostas apresentadas pelaLDB
ePCNs.
As
reuniõeseram
feitasfragmentado
da
proposta eda
legislação.Além
disso, a participação dos professores era reduzida. `.
Os
conteúdos trabalhados sofreram redução tendoem
vista a inclusão de outras disciplinas e conseqüente diminuiçãoda
carga horária. Todavia, o que pareceestar
acontecendo é
uma
adequação dos conteúdos antigosao número
de aulas das disciplinas.Poderia estar ocorrendo
uma
maquiagem
dos procedimentos anteriores voltados para osmesmos
objetivos gerais e específicosem
detrimento das competências e habilidades propostas.Com
a oferta de novas disciplinas,também
pode
ocorreruma
maior disciplinarização e fragmentaçãoem
nome
de
uma
interdisciplinaridade quenão
acontece defato, fortalecendo,
mesmo
indiretamente, ocaminho
inverso.Nesse
contexto, foi possível identificar três níveisde
transição dosPCNs
até suachegada
na
escola.Num
primeiro nível, osPCNs
foram
discutidos na esfera federal, através das Secretariasdo
Ministérioda
Educação, das Coordenadorias e Conselhos, queesperam
alcançar determinados objetivos
com
a implantação dessas propostas.Um
segundo nível está nas SecretariasiEstaduais deEducação que
estão encarregadas de esclarecer os envolvidosno
processo e
promover
as mudanças.Nesse
nível toma-se interessante analisaro que
as Secretariasfizeram
para dar esclarecimentos, preparar e discutircom
os professores, técnicos e a sociedade eo que
supõem
estar sendocumprido
da proposta.O
que
as Secretariasesperam
das escolas
em
relação àsmudanças
propostas?Os
autores dasDCNEM
e dosPCNs
afirmam
que
taisdocumentos
devem
ser vistoscomo
propostas, por mais que contradiga onome
“diretriz” e “parâmetro”, poisentendem que
a autonomia dos sistemas de ensino possibilita adequar suas ações de acordo
com
suas regionalidades e realidades. Entretanto, a propostatambém
aponta paraum
certo grau deprecisão
quando
estabelece a base nacionalcomum. Assim
sendo, esclarecemque
asDCNEM
e os
PCNs
têm
uma
perspectiva de currículo proposto,que
se transformaem
currículoem
ação no
âmbitoda
proposta pedagógica da escola. Finalmente,_ ressaltam0
currículoensinado,
ou
seja, aqueleque
será a conseqüênciada
percepçãoque o
professor tiver sobre as propostas. . -O
currículo ensinado será o traballio do professorem
sala de aula. Para que ele estejaem
sintoniacom
os demais níveis-
o da proposição e o da ação-
é indispensável que os professores se apropriem não sódos princípios legais, políticos, filosóficos e pedagógicos quefimdamentam
o clnrículo proposto, de âmbito nacional,mas
da própria proposta pedagógicada escola. (...) não há lei ou
norma
que possa transformar o currículo propostoem
currículoem
ação, não há controle formalnem
proposta pedagógica que tenha impacto sobre o ensinoem
sala de aula, se o professor não se apropriar dessa propostacomo
seu protagonista maisimportante. (BRASIL, 1999a, p.l04)
O
documento
identifica os sistemas estaduais de ensinocomo
instâncias executivas etambém
normativas “legítimasformuladoras
e implementadorasdas
políticas educacionaisem
seus respectivosâmbitos”
(BRASIL,
1999a, p.51) e acrescentaque
a construção doEnsino
Médio
se daráem
diferentes níveis de prioridades, recursos e consensos.Os
responsáveisentendem que
os Estadostêm
papel decisivo na implementação das propostas apresentadas echamam
a atenção para a flexibilidadedada
pelaLDB,
no
sentido de descentralizar e colaborar na definição das propostas pedagógicasda
escola.Consideram
importante
também
a necessidade de avaliação eacompanhamento
do
processo para possíveis reorientações ereconhecem
as deficiências de recursoshumanos,
tanto qualitativas quanto quantitativas.Quanto
à avaliaçãodo
processo, ressaltam:Será indispensável, portanto, que existam mecanismos de avaliação dos resultados para aferir
se os pontos de chagada estão sendo comuns.
A
análise dos resultados das avaliações e dos indicadores de desempenho deverá pemiitir àsescolas,
com
o apoio das demais instâncias dos sistemas de ensino, avaliar seus processos, verificar suas debilidades e qualidades e planejar a melhoria do processo educativo. (BRASIL,l999a, p.8 1)
A
escola é, portanto,o
terceiro nível.Aqui
cabe analisarcomo
asmudanças
propostaschegaram na
escola e qual a opinião dos professores e técnicos sobre os documentos.Por
quais razões os professores
demostram
resistênciaem
abandonar os procedimentos anteriores e discutir e reorientaro
ensino e aprendizagem de Ciência?A
maioria admite que o ensino precisa mudar,mas
permanecepresa
a conteúdos _e seqüências equivocadas, livros didáticos emetodologias
que
cultivam a memorização, a fragmentação e a dogmatização da Ciência.Conforme
escreveROSA
(1997, p. 13): “onovo
ameaça
porque,em
alguma
medida,impõe
a
tarefa, muito
pouco
confortável, de rever-se”. Portanto, a questãoque
nos é postacomo
desafio
enquanto docentes de Ciênciano
EnsinoMédio
é: o que ecomo
ensinar?Foi a partir
do
cenário e dos questionamentos expostosacima
que desenvolvi apesquisa
que
resultouna
dissertação.No
segundo capítulo apresento os aspectosmetodológicos que orientaram a coleta e análise de dados,
bem como
as fontes utilizadas e as etapasde
todoo
processo. Discuto a pesquisacom
enfoque qualitativo, a avaliação iluminativa, a entrevista semi-estruturada e a análise de documentos. Justifico os critérios deescolha dos entrevistados e a validade
do
estudo de caso realizado.O
terceiro capítulo tratada
apresentação dosdocumentos
oficiais:LDB,
DCNEM
ePCNs.
Essa compreensão
serviu par orientar a análise das concepções dos entrevistados a respeito dos documentos.É
um
referencial teórico.Faço
um
resgate de produções teóricascríticas aos
documentos do
MEC,
sendo quealgumas
dessas considerações são retomadasno
capítulo final. E, aponto para a necessidade de
uma
análisemais
profundaem
relação aos PCNs,› Matrizes Curricularesde
Referência e as provasdo
Exame
Nacionaldo
EnsinoMédio
_
ENEM.
'O
quarto capítulo trazuma
apresentaçãoda
Proposta Curriculardo
Estado de Santa Catarina euma
análise comparativaem
relação àsDCNEM
e aosPCNs.
A
discussãocomparativa entre os
documentos acima
foi importante para nortear o entendimento das entrevistas, pois havia a necessidadede
diferenciarquando
se estava falandoda
Propostado
Estado
ou
dosdocmnentos do
MEC.
Apresento ainda urna análisedo
Projeto deExpansão
eMelhoria
do
EnsinoMédio
da
Secretaria Estadual deEducação
e Desporto e concluocom
aanálise e discussão das entrevistas realizadas
com
os técnicos administrativosda
Diretoriado
Ensino Médio.
A
partir disso, o quinto capítulo tratada
análise e discussão das entrevistas realizadascom
a direçãoda
escola, equipe pedagógica e professores,além
das grades curriculares eregimento interno
da
escola.O
último capítulo apresentaminhas
considerações finais e questionamentos.A
partirda
exposiçãodo
cenário encontradono
ambiente de pesquisa eda
discussãodo
contextopolítico-econômico
em
que foram
elaborados osdocumentos do
MEC,
aponto para possíveiscaminhos que
contribuam para aimplementação
dosPCNs
nas escolas eque
atendam
algumas
das necessidades deformação
inicial e continuada, principalmente dos professores,conforme
as dificuldadesque
expressaramem
suas declarações. Finalizopropondo
um
CAPÍTULO
2
ASPECTOS
METoDoLÓG1cos
A
investigação realizadatem
uma
perspectiva qualitativacom
a utilização deentrevistas semi-estruturadas e análise de documentos. Tais instrumentos de
coleta e análise
de dados serviram para
uma
avaliação daimplementação
das propostas curricularesno Ensino
Médio
que
busca aproximar-sedo que
é propostona
avaliação iluminativa(PARLETT
&
HAMILTON,
1980) para alcançar os objetivos pretendidos.O
enfoque qualitativo foiescolhido porque possibilita'
um
maioraprofundamento do fenômeno
em
questão, poiso pesquisador estará inserido
no
contextoem
que ele ocorre.Esse tipo de pesquisa
ganhou
forçano
campo
da
educação por voltada
década desetenta
em
oposição àabordagem
positivistaque
aplicava osmétodos
e princípios das Ciências Naturaisno
estudo das CiênciasHumanas.
Os
fenômenos
educacionaiseram
estudados isoladamente,
como
se estivessemem
um
laboratórioem
que suas variáveistambém
eram
isoladas e analisadas, para constatar suas influências sobreo
fenômeno
em
estudo. Acreditava-se
na
possibilidade dadecomposição
das variáveis dosfenômenos
educacionais a
fim
de
realizar -um estudo analítico, preferencialmente quantitativo,que
conduziria aoamplo
conhecimento de tais fenômenos. Entendia-setambém
ser possível aseparação entre o pesquisador e seu objeto de estudo.
Em
sua atividade de investigação era 'exigidodo
pesquisadoro
maior afastamento possíveldo
seu objeto deestudo, para
que
sua subjetividadenão
implicasse influênciasno
ato de conhecer.Desse modo,
buscava-seuma
maior objetividade e os fatos se apresentariamcomo
realmente sãoem
sua realidade.Conforme
escrevemLÚDKE
&
ANDRÉ
(1986, p.4) acreditava-seque
“o conhecimento sefaria
de maneira
imediata e transparenteaos
olhosdo
pesquisador ”.Entretanto, constatou-se
que
a revelação dos dados não é gratuita eo
pesquisadorpossui seus princípios, idéias, valores e pressupostos.
A
partirdo que
o pesquisador conhecesobre
o
assunto éque
setoma
possível os questionamentosque
poderão levá-lo a conhecermelhor o
objetoem
estudo. Inicialmente a pesquisa qualitativa foi criticadacomo
sendoespeculação.
Mas,
a visão subjetivada
descrição qualitativapode
ser consistente, lógica e coerente seo
pesquisador possuir suficienteembasamento
teórico para apoiar suas análises e interpretações.A
origemda
pesquisa qualitativa estána
antropologia ena
sociologia, articulada àinvestigação etnográfica
(TRIVINOS,
1987). Tal associação faz sentido seentendermos a
Etnografia
como
sendo o estudoda
cultura,na
qual o pesquisador participa ativamenteda
realidade sócio-cultural
do fenômeno
em
estudo, tendo influência a suavisão
de
homem
e demundo.
Isso traz para a educação a idéia de contexto.A
realidade dosfenômenos
educacionais deixa de ter
uma
perspectivade
permanência, isoladosno
espaço eno
tempo,na
qual era possível obter
um
conhecimento definitivo e passa a teruma
categoria dinâmica,em
que
taisfenômenos
se inseremem
um
contexto social e sofrem influências determinantesde
uma
realidade histórica.A
relação de causa e efeitoque
pretendiauma
linearidade entre as variáveis envolvidas é substituída pela visão de complexidade que ageno
campo
da
educação.Robert
Bogdan
apontacomo
uma
das características fundamentaisda
pesquisaqualitativa
o
fato de ter “o ambiente naturalcomo
fonte direta dos dados' e o pesquisadorcomo
instrumento-chave”(apud
TRIVINOS,
1987, p.128). Para acategoria histórico- estrutural
do
enfoque qualitativo o importante e verdadeiro são a aparência e a essência, cujossignificados se avaliam
na
prática social.Desse modo,
a pesquisa qualitativademanda
um
contato direto entre pesquisador e o ambiente
no
qual se insere ofenômeno
educacional a ser estudado, pois éionde elesacontecem
naturalmente. Tal exigênciase justifica pelo fato de que a situação
na
qualocorrem
osfenômenos
educacionais sofrem as influênciasdo
seu contexto.Além
disso, todos os dados são importantes eo
pesquisador precisa ficar atento aomaior
número
de elementosque
possibilitemuma
melhor compreensão do
que se está estudando.Esse contato direto
do
pesquisadorcom
o fenômeno
estudado e o ambienteno
qualestá situado permite que os dados obtidos
descrevam
as perspectivas dos sujeitos envolvidos. E, quandozessas perspectivas são consideradas, “os estudos qualitativospermitem
iluminar o
dinamismo
interno das situações, geralmente ínacessíveisao
observador externo”(LÚDKE
&
ANDRÉ,
1986, p.12).Os
resultados e produtosnão
são as únicas preocupaçõesda
pesquisaqualitativa,
mas
também
o
processo,buscando
suas causas e relações.Temos
expressado reiteradamente que o processo da pesquisa qualitativa não admite visõesisoladas, parceladas, estanques. Ela se desenvolve
em
interação dinâmicaretroalimentando-se, reformulando-se constantemente, de maneira que, por exemplo, a Coleta de Dados
num
instante deixa de ser tale é Análise de Dados, e esta,
em
seguida, é veículo para nova busca deinfonnações.
As
idéias expressas porum
sujeitonuma
entrevista, verbi gratia, imediatamente analisadas e interpretadas,podem
recomendar novos encontroscom
outras pessoas ou amesma, para explorar aproftmdadamente o
mesmo
assunto ou outros tópicos quese
consideram importantes para o esclarecimento do problema inicial que
originou o estudo. (TRIVISIOS, 1987, _p.137)
Os
instrumentosque
ressaltam a importânciado
sujeitona
pesquisa e,segundo
TRIVIN
OS
(1987, p.l38), semostram
“mais decisivospara
estudar os processos e produtos nos quais está interessado o investigador qualitativo ”, são a “entrevista semi-estruturada,a
entrevista aberta
ou
livre,o
questionário aberto,a
observação livre, ométodo
clínico e ométodo
de análisede
conteúdoConforme
RICHARDSON
(1985, p.l6l), “o termo entrevista refiare-seao
ato de perceber realizado entreduas
pessoasA
entrevista possibilitauma
apropriação imediatadas informações, pois
há
uma
interação euma
relação de influências entre os indivíduos demodo que
“a entrevistaganha
vidaao
iniciaro
diálogoentre o entrevistador e o
entrevistado”
(LÚDKE
&
ANDRÉ,
1986, p.34).No
tipo de entrevista semi-estruturadanão
há
uma
imposição rígidana
ordem
das questões e o entrevistado fala sobre os temasconforme
as informações de 'que dispõe.
A
opção
por esse tipo de entrevistana
pesquisa aqui relatada se deve ao fato deque
apresença
do
pesquisador é valorizada,ao mesmo
tempo
em
que
oferece liberdade ao informante. Através de questionamentos básicos ecom
fimdamentação
teórica a entrevista semi-estruturada possibilitauma
extensagama
de questões a partir das respostas dadas pelo entrevistado,que
descreve suas experiências dentrodo que
foi colocado pelo pesquisador.Na
elaboração dos instrumentos de pesquisa o investigador precisacompreender
“arelação
que
deve existir entre 'pesquisador' e pesquisado”,ambos
são sujeitos deum
processo de desenvolvimento.
Em
ciênciashumanas,
não
existe objeto depesquisa”
(RICHARDSON,
1985, p.l72). Tal perspectiva oferece oportunidade paranão somente
descrever
o
fenômeno
socialem
foco,mas
compreender
sua totalidade, pois a entrevistanão
tem
um
fim
em
simesma.
Além
do
respeito à cultura e aos valoresdo
entrevistado, esse tipode entrevista permite reorientações e adaptações
em
um
transcorrer naturalde
informaçõesque vão
sendo coletadas e analisadas.Outro instrumento
que
também
foi utilizado é a análise documental.A
análisedocumental busca apresentar
o
conteúdo deum
documento
demodo
a facilitar consultas posterioresmantendo o
máximo
de informações, tanto quantitativascomo
qualitativas.Dessa
forma, procura procedimentos adequados para condensar e fornecer tais informações deuma
maneira diferente
da
original.BARDIN
destacaalgmnas
diferenças entre a análisedocmnental e a análise de conteúdo:
Ê
dou!
rh evvl- ol-
A
documentação trabalhacom
documentos; aanálise de conteúdo
com
mensagens-
O
objetivo da análise documental é a representaçãocondensada da infonnação, para consulta e annazenagem; o da análise de conteúdo, é a manipulação de mensagens (conteúdo e expressão desse conteúdo), para evidenciar os indicadores que permitam inferir sobre
uma
outra realidade que não a da mensagem.(BARDIN,
1977, p.46)Cabe
salientar aindaque o
conjunto de operações envolvidasem uma
análisedocumental visa a “estudar e analisar
um
ou
váriosdocumentos para
descobriras
circunstâncias sociais eeconômicas
com
as quaispodem
estar relacionados”(RICHARDSON,
1985, p.l82).O
autortambém chama
a atenção para algumas diferençasentre a análise documental e a
de
conteúdo:. a análise documental, trabalha sobre os documentos.
A
análise de conteúdo sobre as mensagens;
. a análise documental é essencialmente temática; esta é apenas
uma
das técnicas utilizadas
pela análise de conteúdo; V
. o objetivo básico da análise documental é a detemrinação fiel dos fenômenos
sociais; a
análise de conteúdo visa manipular mensagens e testar indicadores que permitam inferir sobre
uma
realidade diferente daquela da mensagem.(RICHARDSON,
1985, p.l84)A
análise documental busca encontrar informações contextualizadas sobre os fatos etambém
sobreo
próprio contexto através de questionamentosou
hipóteses prévias.Por
isso, sua escolhanão
é aleatória,mas
é guiada pelos propósitos, objetivos e interesses da pesquisa.Os
documentos
são fontes estáveis de informação,o
que permite serem estudados outrasvezes e servirem de base e estabilidade para os resultados
que
forem obtidos, poisquando
mais de
uma
abordagem
sobreo
mesmo
foco de pesquisa produz resultados semelhantes aconfiança
aumenta.Entretanto, a presente pesquisa
não
pretende encerrar-seem
um
enfoque diagnóstico,mas
busca' apontar direções parao
professor que, ao apropriar-se das propostas apresentadas pelos instrumentos oficiais para-o EnsinoMédio,
deseje implementarmudanças
em
sua prática docente etambém
indicacaminhos
para a formação inicial e continuadaem
conformidade
com
osdocumentos
legais.A
avaliaçãonão pode
ser vistacomo
uma
medida,mas
como
um
juízo a partirdo
qual serãotomadas
decisões, pois0
ato de avaliarnão
se encerrana
configuraçãodo
valor atribuídoao
objeto avaliado, exigeuma
tomada de
decisão, seja ela favorávelou
desfavorável ”
(DEPRESBITERIS,
1999, p.20).Ademais, há necessidade de ir
além
damera
descriçãodo fenômeno
educacional eprocurar acrescentar informações nas discussões
que
já existem sobre o assunto. Talacréscimo
pode
ser inclusive novosquestionamentosque
necessitariam ser mais aprofundados1
em
estudos futuros.Dessa
forma, toma-se importantetambém
a descrição de eventuaismudanças
nos valores, concepções e juízosque
o pesquisador possuía antesde
iniciar apesquisa e
que de
-algumaforma foram
afetados pelo estudo realizado.Em
alguma medida,
a avaliação qualitativa étambém
uma
auto-avaliação,em
oposição à simples observação e
medição
da
extensão dos fatos, poisnão pode
limitar-se aum
ato externo,
mas
deve
buscartambém
uma
profundidadena
autocompreensão.Ou
seja, se agirmosde
outromodo,
“perderemoso
cernedo
fifnômeno
participativo,que
éa
autopromoção. Ademais,
a
qualidadenão
se capta observando-a,mas
vivenciando-a”_(DEMO,
1995, p.24).A
avaliação,que
étambém
uma
auto-avaliação, permitemaior
intensidade qualitativa e expressa a participação, a vivência e a convivência.Assim, se a concepção de educação for ampla, considerando-a
como
uma
prática social,uma
atividadehumana
concreta e histórica, que se determina no bojo das relações sociais, a avaliação buscará verificar se está havendo a formação deum
ser social consciente eparticipativo.
(DEPRESBITERIS,
1999, p.36)Torna-se importante
que o
pesquisador tenha base teórica suficiente para norteá-lona
definição dos objetivos
da
avaliação ena
fonnulação das questõesque
darão o focodo
trabalho durante
a
investigação.Somente
a partirde
uma
cuidadosa análise éque
serãojulgados os dados obtidos, que transformarão os resultados
da
pesquisaem
informaçõesqualitativas
que
possibilitarãouma
tomada
de decisão e possíveis reorientações, pois a inexistênciaa
priori de hipóteses e questões pré-estabelecidasnão
excluia
exigênciade
“um
quadro
teóricoque
orientea
coleta ea
análise dosdados
”(LÚDKE
&
ANDRÉ,
1986, p.l3).Dessa
maneira, oencaminhamento da
investigação procurou aproximar-sedo que propõe
aavaliação 1-
iluminativa, pois esta se relaciona perfeitamente a
uma
perspectiva de pesquisaqualitativa.
A
A
avaliação iluminativa se inserenuma
categoria de oposição às técnicas tradicionaisde avaliação.
As
inovaçõesno
campo
da
educaçãoexigem
uma
avaliação contextualizadapara
que
atomada
de decisões atenda aos vários fatores envolvidosno
processo. Diante de sua complexidade, as situações educacionaisnão
devem
ser avaliadas isoladamente,como
seo
pesquisador estivesseem
um
laboratório, pois se corre o risco de distanciar-seda
realidade, negligenciar informações relevantes e desconsiderar efeitos locais ausentes das estatísticas.A
categoria tradicional de avaliação está estreitamente articuladaa
análises estatísticasde dados numéricos objetivos e
fieqüentemente
procura julgar padrões pré-estabelecidos aserem
alcançados. Tal* perspectiva de avaliação apresenta limitações, poiso
campo
controlar
ou
manipular simulando condições de laboratório. Essa artificialidade distanciao
investigador
do
mundo
real e desconsidera os indivíduos e as instituições.Além
disso,uma
pré-especificação dos parâ1netro_s não consegue lidar
com
modificações e adaptações queocorrem
no fenômeno
estudado durante a investigação, resultando na exclusão de taiscircunstâncias na análise final.
A
As
generalizações estatísticasacabam
negligenciando informações subjetivas epontuais
que poderiam
ser de grande interesse dos indivíduos e instituiçõesque fazem
partedo fenômeno
educacional estudado.Nem
mesmo
possíveis questionamentos que surgemdurante a pesquisa
recebem
a devida atenção. Isso acaba orientandoo
foco para resultados gerais deuma
“realidade” limitadaque
ignorao que
de fato ocorre na prática educacional.A
avaliação iluminativa mostra-seadequada
para descrever e interpretar inovações educacionais dentrodo
seu contexto e não apenasmensurar
dados.Os
objetivos da avaliação iluminativa são os de estudar o programa inovador: sabercomo
eleopera;
como
é influenciadopelas várias situações da escola na qual é aplicado; o que, os nele diretamente interessados, consideramcomo
sendo vantagens e desvantagens; e qual o impactoque exerce sobre as tarefas intelectuais e as experiências acadêmicas dos alunos.
(PARLETT
&
HAMILTON,
1980, p.86)Nessa
perspectiva, a avaliação iluminativa auxiliao
avaliador a identificar tanto ospontos relevantes
como
os pontos críticosem
um
processo de inovação, pois as realidadesentre
o programa
proposto eo implementado
são distintas. ParaPARLETT
&
HAMILTON
(1980, p.87) “o contexto
de
aprendizagem representaa
rede,ou o ponto de
conexão das variáveis culturais, sociais, institucionais e psicológicasÉ
nesse ambientecomplexo
queum
programa
educacional inovador se insere, e a percepção de tal diversidade é essencial parao
pesquisadorcompreender
os efeitos posteriores deuma
proposta demudança,
as quais não foram inicialmente previstas._*
Diante
de
talcomplexidade, a avaliação iluminativa se apresentacomo
uma
estratégiade pesquisa e
não
como uma
metodologia padronizada.É
adaptável às melhores técnicas disponíveis para cada caso,que
sãocombinadas
para iluminarum
determinado problema, permitindo mais deuma
forma de verificar os resultados.O
ponto de partidado
pesquisador será a familiarizaçãocom
o
contextoem
que ofenômeno
educacional estudado se insere,tentando elucidá-lo
em
seus aspectos mais importantes sem, contudo, tentar manipularou
controlar as variáveisque
o
influenciam.Desse modo,
admite-seque
a perspectiva qualitativaEssa
influência é estimulada, pois a partir disso,conforme
PARLETT
&
HAMILTON
(1980, p.96), “o pesquisadortem de ponderar
e analisar cuidadosamenteuma
sériecomplexa
de
evidências para, posteriormente, delas extrair conclusões”.Afirmam
aindaque
(1980, p.98)“há
uma
grande
faixade
fenômenos
comportamentais e sociais que se superpõem, concomitantesao
ensino,à
aprendizagem
e às inovações”.De
qualquermodo,
todo tipode
pesquisa terá a presença
do
juízohumano,
mesmo
aquelasde
natureza numérica, pois a escolha de amostra,o
tipo de tratamento dos dados obtidos, as condições de aplicação dostestes e a apresentação dos resultados finais são de natureza subjetiva.
O
uso detécnicas diferentes para a análise e coleta de dados é
uma
estratégia de validaçãoda
pesquisa qualitativa, assimcomo
a explicitação clarada
metodologia, dos critérios,do
suporte teórico edos objetivos
do
trabalho.Há
três estágios básicosem uma
avaliação iluminativa.Ao
partirda
familiarizaçãocom
o
contexto,o
pesquisador estará observando, inicialmente de maneira informal, as tendências, as discussões e as relações pessoais,que
podem
levar a informações aserem
aprofundadas futuramente.
O
segundo estágiocontém
questionamentos mais incisivos e direcionados que, a partirda
fase exploratória, possibilitam selecionar melhoro
focoda
pesquisa e facilitar acomunicação
com
os envolvidos. E, o terceiro estágio é a tentativade
explicar
o
fenômeno
educacional pesquisado,ou
seja, iluminar os princípios gerais, ospadrões e os resultados obtidos colocando-os
em
um
contexto maisamplo
a partir deuma
base de dados, inicialmente extensa,que
foi reduzida ao focoda
investigação para evitarexcesso de materiais
não
significativos.Apesar da
diversidadedo
contextoda
aprendizagem,algumas
considerações obtidas apartir
da
'avaliação iluminativapodem
apontar para contextualizações mais amplas, poisalgumas
características comportamentais e sociais são comuns.Na
busca dacompreensão da
realidade,
com
o
objetivo de possibilitar discussões e debates acerca das inovações, opesquisador irá “iluminar” os problemas,
fomecendo
instrumentos para posteriortomada de
decisões e questionamentos para estudos futuros.
Além
do
contexto,o
fator políticomerece
atenção
do
pesquisador, principalmenteno
campo
de programas educacionais,que partem
dedecisões políticas.
Sua
implementação sofre influências de caráter político que irão dividir as atenções eque
merecem
um
lugar na discussão dos resultadosda
avaliação, pois interferem natomada
de decisões, assimcomo
os fatores econômicos, sociais, recursoshumanos
disponíveis e outros.
A
minha
análise documental está direcionada àLDB,
aosPCNs
e à PropostaCurricular de Santa Catarina,
na
área de Ciências da Natureza,Matemática
e suas TecnologiasI'
1,8? .