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Relatórios de Estágio realizado na Farmácia do Calendário e no Hospital Geral de Santo António (Centro Hospitalar do Porto, EPE)

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Academic year: 2021

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Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia do Calendário

Setembro-outubro de 2019 e janeiro-fevereiro de 2020

Diana Lopes Oliveira

Orientador: Dr.ª Marta Pinto

Tutor FFUP: Prof. Doutora Helena Carmo

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III

Declaração de Integridade

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio constitui um ilícito académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 17 de abril de 2020

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IV

Agradecimentos

Em primeiro lugar, quero agradecer aos profissionais da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto pela instrução que me transmitiram durante o meu percurso académico. Um agradecimento especial à professora Helena Carmo pela sua disponibilidade e orientação, durante o meu estágio, no desenvolvimento dos projetos e relatório.

Em segundo lugar, agradeço à Comissão de estágios, pela oportunidade de estagiar numa farmácia comunitária, que foi essencial para concluir a minha formação como estudante. Com este estágio, pude colocar em prática os fundamentos teóricos apreendidos na faculdade e vivenciar o quotidiano da profissão.

Em terceiro lugar, a toda a equipa de farmácia que me recebeu de braços abertos e que me fez sentir que fazia parte da organização, em especial a Dr.ª Alexandra Esteves e a Dr.ª Marta Pinto, Diretora Técnica e Farmacêutica Adjunta, respetivamente. Sinto-me grata pelo seu apoio e pelos contributos para o esclarecimento das dúvidas que me surgiam durante o estágio.

Por último, à minha família, que esteve sempre ao meu lado e que me apoiou incondicionalmente, tornando possível a minha chegada a esta etapa final.

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V

Resumo

O meu percurso académico no Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas fica concluído com um estágio de seis meses.

Este relatório descreve todas as atividades realizadas na Farmácia do Calendário durante esse período e está dividido em duas partes. Uma primeira com a descrição da farmácia e das atividades realizadas neste espaço e uma segunda com os temas dos dois projetos que realizei neste período.

O projeto com o tema “Gripe e constipação” foi o 1º projeto, realizado em outubro, com o objetivo de fornecer informação aos utentes sobre estas patologias. O projeto consistiu numa recolha de respostas a um inquérito feito por mim, dentro da farmácia e nas redes sociais da mesma, bem como à elaboração de um panfleto que foi distribuído na farmácia. Os utentes aderiram bem na resposta ao inquérito, pelo qual obtive 166 respostas válidas. A maioria dos utentes dizem saber distinguir entre estas duas doenças, mas nem sempre respondiam de forma mais acertada. Com as respostas recolhidas pode-se constatar que existe uma grande percentagem de pessoas mal informadas em relação à transmissão e ao uso de antibióticos no tratamento para estas doenças.

O tema do 2º projeto é “Doenças da pele”, realizado em fevereiro, com o propósito de formar a equipa da farmácia sobre algumas das doenças de pele mais frequentes: acne, rosácea, dermatite seborreica, dermatite atópica e dermatite de contacto. Para isso, elaborei um guia para entregar à equipa da farmácia e apresentei-o utilizando o computador como suporte. A apresentação foi bem sucedida e os colaboradores da farmácia gostaram bastante do guia.

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VI

Índice

Agradecimentos ... IV Resumo ... V Índice de tabelas ... X Índice de gráficos ... X Índice de anexos ... X Lista de abreviaturas ... XI

Parte I – Atividades desenvolvidas na Farmácia do Calendário ...1

1. Introdução ...1

2. A Farmácia do Calendário ...1

2.1 Localização e Horário de funcionamento ...1

2.2. Características dos Utentes ...2

2.3. Infraestruturas ...2

2.3.1. Espaço exterior ...2

2.3.2. Espaço interior ...2

2.4. Recursos Humanos ...3

3. Gestão na Farmácia Comunitária ...4

3.1. Sistema informático ...4

3.2. Realização de encomendas ...5

3.3. Receção de encomendas ...6

3.4. Armazenamento de medicamentos e produtos farmacêuticos ...7

3.5. Devoluções ...8

3.6. Gestão de stocks ...8

3.6.1. Prazos de validade ...9

4. Dispensa de Medicamentos e outros Produtos ...9

4.1. Medicamentos Sujeitos a Receita Médica ...9

4.1.1. Validação de prescrições médicas ...10

4.1.2. Medicamentos Estupefacientes e Psicotrópicos...12

(7)

VII

4.1.4. Receituário e Faturação ...13

4.2. Medicamentos não sujeitos a receita médica ...14

4.3. Outros produtos ...15

4.3.1. Medicamentos e Produtos de uso Veterinário ...15

4.3.2. Dispositivos médicos ...15

4.3.3. Produtos cosméticos e de higiene corporal ...16

4.3.4. Suplementos Alimentares ...16

4.3.5. Produtos de obstetrícia, puericultura e nutrição infantil ...17

5. Prestação de cuidados de saúde ...17

5.1. Determinação da pressão arterial ...17

5.2. Medição de parâmetros bioquímicos ...18

5.3. Administração de vacinas e medicamentos injetáveis ...18

5.4. VALORMED ...18

5.5. Consultas de nutrição, podologia, audiologia, depilação a laser e radiofrequência ....19

6. Formações ...19

7. Imagem e comunicação...20

Parte II – Projetos Desenvolvidos na Farmácia do Calendário ...20

Projeto I – Gripe e Constipação ...20

1. Enquadramento do projeto e objetivos ...20

1.1. Gripe ...20

1.1.1. Glicoproteínas do vírus influenza ...21

1.2. Constipação ...22

1.2.1. Patogénese da infeção por rinovírus...22

1.3. Sintomas da gripe e constipação ...22

1.4. Transmissão ...23

1.5. Medidas de prevenção...23

1.6. Vacina da gripe ...24

1.7. Tratamento ...25

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VIII

2. Métodos ...26

3. Resultados ...26

4. Discussão e conclusão ...28

Projeto II – Doenças de pele ...29

1. Objetivo e estratégia de intervenção na farmácia ...29

1.1. Acne vulgar ...29 1.1.1. Fisiopatologia ...29 1.1.2. Etiologia ...30 1.1.3. Tratamento ...30 1.1.3.1. Terapias tópicas ...30 1.1.3.2. Terapias sistémicas ...31 1.1.3.3. Cuidados da pele ...31 1.2. Rosácea ...32 1.2.1. Fisiopatologia e etiologia ...33 1.2.2. Medidas gerais ...33 1.2.3. Tratamento ...33 1.2.3.1. Terapias tópicas ...33 1.2.3.2. Terapias sistémicas ...33 1.3. Dermatite Seborreica ...34 1.3.1. Apresentação clínica ...34 1.3.2. Fisiopatologia ...34 1.3.3. Tratamento ...35 1.3.3.1. Couro cabeludo...35 1.3.3.2. Corpo e face ...35 1.3.4. Medidas gerais ...36 1.4. Dermatite atópica ...36 1.4.1. Fisiopatologia ...36 1.4.2. Apresentação clínica ...36 1.4.3. Tratamento ...37

(9)

IX

1.4.4. Medidas gerais ...37

1.5. Dermatite de contacto ...38

1.5.1. Dermatite de contacto irritante ...38

1.5.2. Dermatite de contacto alérgica ...38

1.5.3. Tratamento ...39

2. Métodos ...39

3. Discussão e conclusão ...40

Referências ...41

(10)

X

Índice de tabelas

Tabela 1 - Atividades desenvolvidas durante o período de estágio na Farmácia do Calendário.

...1

Tabela 2 - Equipa da FdC ...4

Tabela 3 - Formações a que assisti durante o meu estágio. ...20

Tabela 4 - Diferença entre a constipação e a gripe...23

Tabela 5 - Resultados obtidos no inquérito ...27

Índice de gráficos

Gráfico 1 - Resultados da pergunta "Sabe distinguir entre as duas doenças?"...27

Gráfico 2 - Resultados da pergunta "Todas as pessoas devem ser vacinadas contra a gripe?" ...28

Índice de anexos

Anexo 1 – Imagem e comunicação...45

Anexo 2 - Inquérito sobre a gripe e a constipação ...46

Anexo 3 - Panfleto da gripe e da constipação ...47

Anexo 4 - Algoritmo de tratamento para acne vulgar para adolescentes e adultos jovens. ...49

Anexo 5 - Diagnóstico diferencial de dermatite seborreica. ...50

Anexo 6 - Guia sobre as doenças da pele ...50

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XI

Lista de abreviaturas

FdC Farmácia do Calendário

PCHC Produtos cosméticos e de higiene corporal

Sifarma MA Sifarma - Módulo de Atendimento

CNP Código Nacional do Produto

PVP Preço de Venda ao Público

MSRM Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

MNSRM Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

SNS Sistema Nacional de Saúde

MNSRM-EF Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica de Venda Exclusiva em Farmácia

HA Hemaglutinina

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1

Parte I – Atividades desenvolvidas na Farmácia do Calendário

1. Introdução

O meu estágio profissionalizante realizou-se na Farmácia do Calendário (FdC), em Famalicão, de 1 de setembro a 31 de outubro de 2019 e 2 de janeiro de 2020 a 29 de fevereiro de 2020, sob a orientação da Dr.ª Marta Pinto. Durante todo o período, cumpri um horário de 8 horas diárias, isto é, 40 horas semanais. A seguir será descrito, em primeiro lugar a farmácia e as atividades realizadas neste espaço (Parte I) e, por último os projetos que desenvolvi na FdC (Parte II), como se pode verificar na tabela 1.

Tabela 1 - Atividades desenvolvidas durante o período de estágio na Farmácia do Calendário. Parte I - Atividades desenvolvidas

setembro outubro janeiro Fevereiro

Armazenamento e reposição de produto X X X X Receção e conferência de Encomendas X X X X Atendimento supervisionado X Atendimento autónomo X X Medição de parâmetros Bioquímicos/físicos X X X X Formações X X Imagem e comunicação X X X X

Parte II- Projetos

setembro outubro janeiro Fevereiro

Projeto 1 “Gripe e constipação” X

Projeto 2 “Doenças da pele” X

2. A Farmácia do Calendário

2.1 Localização e Horário de funcionamento

A farmácia do Calendário localiza-se na Avenida de França, 1361, Loja 1, na União de Freguesias de Vila Nova de Famalicão e Calendário, código postal 4760-282 Vila Nova de Famalicão. Está próximo do centro da cidade, do centro de saúde, da Clínica Vale do Ave (CLIAVE), de agrupamentos de escolas e da estação de comboios.

O horário semanal de atendimento ao público é de segunda a sexta das 8:30h às 21:00h, sábado das 9:00h às 20:30h e domingo e feriados das 9:00h às 13:00h. Quando a FdC é a farmácia de turno, as portas encerram às 23:00h e o atendimento ao público continua através de guichet para o efeito.

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2

2.2. Características dos Utentes

Devido ao seu horário alargado e à sua proximidade com os estabelecimentos indicados no ponto anterior, a FdC é uma farmácia muito movimentada. Grande parte dos utentes da FdC são clientes habituais e são idosos.

2.3. Infraestruturas

A FdC cumpre com o descrito na Norma geral sobre as infraestruturas e equipamentos, do Manual de Boas Práticas de Farmácia Comunitária, aprovada e emitida no dia 29 de abril de 2015 pela Ordem dos Farmacêuticos1.

2.3.1. Espaço exterior

No espaço exterior da FdC, encontra-se o símbolo “cruz verde” que permanece iluminado durante o horário de funcionamento da farmácia, incluindo quando esta está de turno. O horário de funcionamento da farmácia e as escalas de turno das farmácias do município que estão em regime de serviço permanente, bem como, a sua localização, estão expostas, de forma visível, no exterior da farmácia. De acordo com o Manual de Boas Práticas de Farmácia Comunitária, no espaço exterior da farmácia também se encontra exposto, de forma visível, o nome da farmácia e da diretora técnica1.

Além disso, na entrada há publicidade a campanhas que decorrem na FdC.

2.3.2. Espaço interior

A FdC tem duas portas de entrada, a porta da frente que é destinada ao público e a porta de trás que é exclusivamente utilizada pelos funcionários e para a entrada de encomendas. Existem, essencialmente, 9 áreas distintas no interior da farmácia, sendo elas:

• Área de atendimento ao público: local onde é feita a dispensa de medicamentos e o aconselhamento farmacêutico. Possui uma máquina de senhas, uma balança, uma zona de espera com cadeiras e um monitor, 6 balcões de atendimento devidamente numerados e vários produtos de cosmética e higiene corporal (PCHC), dermofarmácia, obstetrícia e puericultura, entre outros, expostos ao alcance dos utentes. Atrás dos balcões ainda há algumas gavetas que contêm certos produtos que são vendidos com mais frequência.

• Gabinete de atendimento individualizado: área que permite um diálogo privado e confidencial com o utente. Neste local também são feitas as medições dos parâmetros bioquímicos (como a glicémia, colesterol, triglicerídeos e ácido úrico), medição da pressão arterial, administração de injetáveis, furação de orelhas, consultas de nutrição e os rastreios auditivos.

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3 • Gabinete de estética: área da farmácia onde, semanalmente, são prestados os serviços de estética (depilação a laser e radiofrequência), com marcação prévia e onde ocorrem as ações de promoção de várias marcas de dermofarmácia e cosmética. • Área de armazenamento primário: espaço mais próximo da área de atendimento

constituído por várias gavetas onde os medicamentos são armazenados segundo as seguintes categorias: éticos (medicamentos de marca), genéricos, xaropes, produtos de aplicação vaginal, medicamentos de uso veterinário, ampolas bebíveis, gotas, medicamentos para o tratamento de asma, medicamentos injetáveis, sistemas transdérmicos e carteiras, enemas, bem como pomadas e solutos. Cada categoria está organizada por ordem alfabética. Há ainda três armários, sendo um utilizado para o armazenamento de material de penso, desinfeção e tratamento de feridas e de outros dispositivos médicos, outro para o armazenamento de leites infantis e outros produtos alimentícios, e o terceiro para o armazenamento de cremes e outros produtos de dermofarmácia e cosmética, champôs, produtos de higiene íntima, colutórios, repelentes de insetos e chás. Nesta área, há também um frigorifico, onde se armazena produtos termolábeis (por exemplo, a insulina), com uma temperatura compreendida entre os 2 a 8 ⁰C, controlada por termómetro eletrónico.

• Armazém avançado: localizado no piso inferior, destinado aos stocks de medicamentos e outros produtos, armazenados em estantes, bem como, de produtos psicotrópicos e estupefacientes, arrumados num armário. Adicionalmente, neste local, encontra-se uma área reservada aos medicamentos e produtos para devolução devido, por exemplo, ao prazo de validade expirado.

• Posto de receção e realização de encomendas: área onde ocorre o processo de receção das encomendas. Neste espaço, há um local sinalizado para as “banheiras” e é onde se encontra todo o equipamento necessário para a receção e realização de encomendas, nomeadamente, um computador, leitor de códigos de barras, impressora normal, fiscal e de etiquetas, telefone e telemóvel.

• Gabinete da direção técnica: este gabinete é utilizado pela Dr.ª Alexandra Esteves, Diretora Técnica, para a realização de todas as tarefas inerentes à direção técnica. • Laboratório: embora exista esta área, todos os produtos manipulados dispensados

na FdC, são produzidos na Farmácia Aliança ou na Farmácia dos Clérigos.

• Instalações sanitárias: esta área encontra-se no piso inferior e é exclusivamente utilizada pela equipa da farmácia.

2.4. Recursos Humanos

A equipa da farmácia é constituída pela diretora técnica, Dr.ª Alexandra Esteves, pela farmacêutica adjunta, Dr.ª Marta Pinto, que me orientou durante o estágio, por um

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4 farmacêutico, quatro técnicos de farmácia e dois técnicos auxiliares de farmácia, como se observa na tabela 2.

Tabela 2 - Equipa da FdC

Quadro farmacêutico

Diretora Técnica Dr.a Alexandra Esteves

Farmacêuticos Dr.

a Marta Pinto Dr.a Sandra Barroso Quadro não farmacêutico

Técnicos de farmácia

Alice Campos Juliana Silva

Ana Faria Filipa Ribeiro

Técnicos auxiliares de farmácia Renato Couto

Hernâni Carvalho

Com recurso a especialistas e através de marcação prévia, a FdC presta também os seguintes serviços: consultas de nutrição, depilação a laser e radiofrequência, consultas de podologia e de audiologia.

3. Gestão na Farmácia Comunitária

3.1. Sistema informático

Quando comecei o meu estágio, o programa informático utilizado na FdC era apenas o Sifarma 2000®, sendo este, gratuito e desenvolvido pela Glintt (Global Intelligent

Technologies®). É um sistema indispensável para o bom funcionamento da farmácia, porque

é utilizado como auxílio em grande parte das atividades realizadas no quotidiano da farmácia, nomeadamente, dispensa de medicamentos e outros produtos, faturação, gestão de stocks, realização de encomendas, reservas faturadas, devoluções e contabilidade.

O Sifarma 2000® ainda ajuda o farmacêutico no bom aconselhamento ao utente, pois contém

um dicionário científico onde é possível aceder facilmente a informações sobre o medicamento, tais como: a indicação terapêutica do medicamento, precauções na sua utilização, interações medicamentosas, posologia, entre outros.

A partir do dia 10 de novembro de 2019, a farmácia introduziu o novo módulo do Sifarma, o Sifarma - Módulo de Atendimento (Sifarma MA), para o qual toda a equipa teve formação. A partir desse dia, a FdC passou a utilizar ambos os módulos, sendo que o Sifarma MA é usado, essencialmente, no atendimento e na gestão das reservas, enquanto que o resto das atividades continuam a ser feitas no Sifarma 2000®.

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5 Durante o meu período de estágio tive a oportunidade de acompanhar a introdução do Sifarma MA e de usar os dois módulos. O novo módulo ainda tem certas limitações, sendo uma delas a impossibilidade de aceder ao histórico do utente.

Ao longo da minha experiência no atendimento, pude constatar que esta funcionalidade é fundamental, visto que, tive que recorrer ao Sifarma 2000®, por diversas vezes, para saber

qual a medicação habitual do utente. A maioria dos utentes prefere manter a medicação que costuma fazer. Por vezes, também tinha que usar o Sifarma 2000® para realizar certos

descontos dos produtos.

3.2. Realização de encomendas

Os produtos farmacêuticos existentes na FdC são adquiridos via distribuidor grossista/armazenista ou por compras feitas diretamente aos laboratórios produtores. Relativamente à primeira forma de aquisição, a FdC trabalha, principalmente, com três distribuidores grossistas, a Cooprofar Medlog, Botelho & Rodrigues, Lda e a Alliance Healthcare, tendo sido estas as escolhidas depois da consideração de certos fatores, como as condições financeiras oferecidas, qualidade do serviço, rapidez na entrega, bem como, a flexibilidade quanto à realização de devoluções. Desta forma, ao longo do meu estágio tive a oportunidade de acompanhar os tipos de encomendas seguintes:

• Diárias: que são realizadas duas vezes por dia (final da manhã e ao fim do dia). No momento em que um produto atinge o nível mínimo de stock é sugerido, pelo Sifarma 2000®, a encomenda deste e a quantidade sugerida é o valor necessário para atingir

o stock máximo. Aquando da realização da encomenda, a pessoa encarregue desta função analisa as sugestões feitas, tendo em conta o histórico de compras e vendas e as condições oferecidas, podendo adicionar ou remover produtos. Por fim, a encomenda é aprovada e enviada ao fornecedor.

Embora não tenha realizado este tipo de encomendas de maneira autónoma, pude assistir, por várias vezes, à sua realização e esclarecer as minhas dúvidas.

• Instantâneas: Normalmente, realizam-se no momento do atendimento ao público quando há falta de stock do produto que o utente procura. Nesta situação, é possível verificar através do Sifarma MA (e no Sifarma 2000®) se o produto está disponível nos

fornecedores, qual é o preço de compra e, ainda, a data e hora prevista para a entrega do produto na farmácia.

Em 17 de julho de 2015, surgiu o programa Via Verde dos Medicamentos, que é uma via alternativa de aquisição de medicamentos abrangidos neste projeto, mediante uma receita médica válida, quando o produto pretendido não existe no stock da farmácia2.

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6 Durante o período em que fiz o atendimento ao público houve vários momentos em que realizei encomendas instantâneas.

• Manuais: que são realizadas, por via telefónica ou via online. Geralmente, para produtos específicos dos quais se desconhece o código nacional do produto (CNP) ou para produtos esgotados. Este tipo de encomenda não fica registado no sistema informático, por isso, antes de realizar a receção desta, é necessário criar uma encomenda manual no Sifarma 2000®.

As encomendas feitas diretamente aos laboratórios - encomendas diretas - têm, normalmente, o objetivo de adquirir maiores quantidades de produtos com melhores condições económicas.

3.3. Receção de encomendas

Os produtos que chegam à farmácia encontram-se dentro de contentores próprios, as “banheiras”, que estão seladas e identificadas com o nome da farmácia para onde se destinam e o nome do fornecedor. As banheiras são depositadas na zona assinalada para este efeito. De seguida, um membro da equipa da farmácia confirma se o número de volumes que foi entregue corresponde ao número de volumes que a guia de remessa apresenta e, se assim for, rubrica a guia para confirmar a entrega da encomenda.

As encomendas que chegam em caixas de cartão seladas e devidamente identificadas, normalmente contêm os produtos de dermofarmácia e cosmética provenientes diretamente dos respetivos laboratórios.

No momento de realizar a receção da encomenda, o primeiro passo é encontrar a fatura numa das banheiras da encomenda. De seguida, faz-se o registo dos produtos no sistema informático. Na FdC, as receções das encomendas são realizadas utilizando o Sifarma 2000®,

tendo sido este o programa que usei quando fiz receção de encomendas e não o Sifarma MA. Se não houver registo da encomenda no sistema informático, em primeiro lugar, tem que se criar uma encomenda manual com os produtos listados na fatura. Existindo esse registo, pode-se iniciar a receção propriamente dita.

Primeiramente, introduzia a identificação da fatura e o valor total faturado. Posteriormente registava todos os produtos recebidos da encomenda através do scanner, no entanto, em alguns destes produtos esta forma de registo não era válida sendo necessário digitar o CNP. Para cada produto que registava também confirmava o prazo de validade, introduzindo essa data no Sifarma 2000® quando não havia stock do produto ou quando o prazo de validade

fosse menor. Por fim, conferia se os Preços de Venda Faturados eram iguais aos indicados na fatura, corrigindo aqueles que não estavam de acordo.

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7 Outro parâmetro importante a ter em conta é o Preço de Venda ao Público (PVP). No caso dos Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM) e outros produtos em que o preço consta na cartonagem é crucial que este preço corresponda ao PVP (no Sifarma 2000®).

Quando estes não estavam de acordo e não existia stock desse produto alterava o valor no Sifarma 2000®, caso contrário, assinalava as caixas cujo PVP foi atualizado para alertar para

esta situação.

No que se refere aos outros produtos, o PVP é estabelecido pela própria farmácia, tendo em consideração o Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA), Preço de Venda Faturado e a

margem comercial.

No final, o valor total faturado e o número de embalagens tinham que corresponder aos que estavam descritos na fatura. Era ainda necessário registar a identificação da fatura no sistema, no caso de medicamentos psicotrópicos e estupefacientes, e arquivar a fatura. Esta tarefa foi uma das quais comecei a efetuar logo no primeiro mês do meu estágio e constatei que era uma das funções mais fundamentais, pois esta envolve a dinâmica de toda a farmácia.

3.4. Armazenamento de medicamentos e produtos farmacêuticos

Após a receção, é necessário que os medicamentos e produtos farmacêuticos sejam rapidamente armazenados nos seus respetivos lugares para que seja mais fácil encontrar o produto pretendido. Estando os produtos arrumados, o tempo de espera dos utentes diminui consideravelmente.

Os produtos que devem ser conservados no frio (a uma temperatura entre 2º e 8º C) devem ser os primeiros a serem armazenados, mesmo que ainda não tenham sido registados no sistema informático para que não fiquem comprometidos.

Os medicamentos e os produtos farmacêuticos são arrumados nas áreas e do modo que descrevi no ponto 2.3.2., tendo em consideração o princípio FEFO (first expired, first out), para que os produtos com uma validade mais curta sejam dispensados primeiro e assim evitar a sua inutilização. Quanto aos produtos sem prazo de validade a arrumação era feita de acordo com o princípio FIFO (first in, first out). Os medicamentos estupefacientes e/ou psicotrópicos não são armazenados em conjunto com os outros produtos. São armazenados num local isolado e sujeitos a maior controlo.

Esta tarefa foi essencial para mim como estagiária e como novo membro na farmácia, porque ao realizar o armazenamento dos medicamentos e outros produtos ajudou-me a conhecer melhor a organização da farmácia e a encontrar os produtos com mais facilidade.

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3.5. Devoluções

Na farmácia comunitária, a necessidade de realizar devoluções está relacionada com: a receção de medicamentos ou produtos farmacêuticos não encomendados; quando os produtos estejam de alguma forma comprometidos, no caso do prazo de validade ter expirado e sempre que um medicamento é retirado do mercado por ordem do INFARMED, I.P.® ou do laboratório.

Na FdC existe um local próprio para os produtos que vão ser devolvidos pelos motivos anteriormente mencionados. Durante o meu estágio tive a oportunidade de assistir e participar na recolha de lotes de medicamentos contendo Ranitidina existentes na FdC.

As devoluções na FdC são feitas através do Sifarma 2000® no menu “Gestão de Devoluções”

no qual era necessário preencher o nome do fornecedor, data e hora para recolha, a designação do produto, preço de compra, o motivo da devolução e indicar a fatura de origem. Por fim, faz-se a comunicação à Autoridade Tributária e ao fornecedor, fazendo a impressão triplicada da nota de devolução. O distribuidor recolhe os produtos levando juntamente duas das notas de devolução.

3.6. Gestão de stocks

A gestão de stocks é fundamental para o bom funcionamento de uma farmácia comunitária, pois esta deve dispor de produtos, em quantidade suficiente, para satisfazer as necessidades dos utentes. A falta destes produtos pode, por vezes, significar a perda de clientes. No entanto, é preciso ter atenção para que não haja excesso de um produto se este não é escoado em tempo útil, pois isto pode causar prejuízo à farmácia.

De forma a controlar o stock, é definido, no sistema informático, um stock mínimo e máximo para cada produto existente na farmácia. O stock mínimo e máximo são facilmente alterados e são estabelecidos tendo em atenção vários fatores, tais como: a sazonalidade, o meio onde a farmácia se insere, o histórico de compras/vendas do produto e as campanhas dos fornecedores.

Infelizmente, o stock informático nem sempre corresponde à realidade, pois, durante o atendimento, deparei-me com situações em que, no stock informático, mostrava que tinha um determinado número de caixas do medicamento, quando essa quantidade não correspondia à realidade. Nestes casos, registava o erro num formulário para que mais tarde, a pessoa responsável por esta tarefa, pudesse corrigir.

De forma a reduzir estes erros, devem ser efetuadas contagens físicas periodicamente. Realizei algumas contagens para certas marcas, como a ISDIN®, Vichy® e Mustela®. E durante

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3.6.1. Prazos de validade

Os prazos de validade dos medicamentos ou dos produtos de saúde têm que ser controlados de modo a garantir a segurança, eficácia e qualidade destes. Assim sendo, os prazos de validade são verificados aquando da receção dos produtos e é também retirada do Sifarma 2000® uma listagem de medicamentos e produtos farmacêuticos cujos prazos de validade estão próximos de expirar.

Na FdC, os produtos que ainda podem ser escoados são colocados num local próprio, de fácil acesso à equipa farmacêutica e têm prioridade para serem dispensados. Se estes já não podem ser dispensados, então são devolvidos ao fornecedor, se for possível, ou são armazenados num local próprio na FdC (durante 3 anos) e registam-se as quebras dos medicamentos no sistema informático.

4. Dispensa de Medicamentos e outros Produtos

Atualmente o papel do farmacêutico não se resume apenas à dispensa do medicamento, como profissionais de saúde que integram o sistema de saúde, as responsabilidades do farmacêutico incluem o aconselhamento sobre o uso racional e responsável dos medicamentos, e o acompanhamento dos utentes, bem como outras atividades no âmbito dos cuidados farmacêuticos3.

Grande parte do meu tempo de estágio incidiu-se no atendimento ao balcão, de início, com supervisão e depois de forma autónoma. Cada atendimento é diferente do outro, o que me permitiu experimentar diversas situações que me deram a oportunidade de aprender e progredir como profissional de saúde.

4.1. Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

Os medicamentos que são dispensados ao público na farmácia comunitária são divididos em dois grupos de medicamentos, os medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM) e os

medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM)4.

Os MSRM são medicamentos que podem ser dispensados pela farmácia somente na presença de uma receita médica prescrita por um profissional devidamente habilitado a prescrever medicamentos. Os medicamentos assim classificados, devem cumprir uma das seguintes condições4:

• A possibilidade de constituir um perigo para a saúde publica, de forma direta ou indireta, quando são usados sem vigilância médica, mesmo que seja para os fins a que se destinam, ou usados frequentemente e em quantidade considerável para fins diferentes daquele a que se destinam;

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10 • Na sua composição inclua substâncias ou preparações cuja atividade e/ou efeitos

secundários necessitem de aprofundamento científico; • Se destinem a uma administração por via parentérica.

Os MSRM ainda podem ser classificados como: medicamentos de receita médica não renovável, medicamentos de receita médica renovável, medicamentos sujeitos a receita médica especial e medicamentos de receita médica restrita4.

4.1.1. Validação de prescrições médicas

Ao longo da minha experiência no atendimento, tive a oportunidade de trabalhar com os três tipos de prescrições médicas existentes: a receita manual, a receita eletrónica materializada (em papel) e a receita eletrónica desmaterializada (sem papel).

Receitas manuais

De acordo com a legislação em vigor, a prescrição manual pode ser utilizada em apenas algumas situações, nomeadamente, na falência do sistema informático, nas prescrições ao domicílio, inadaptação fundamentada do prescritor devidamente confirmada e validada e outras situações até um máximo de 40 receitas por mês. É imprescindível o prescritor assinalar com uma cruz, no canto superior direito da receita, qual das situações se trata5. Apenas é permitida uma via da receita, sendo que esta tem uma validade de 30 dias.Por isso, aquando do atendimento, é fundamental verificar a data da prescrição de modo a garantir que a receita ainda está dentro do período de validade. Para a receita ser válida ainda tem que incluir a vinheta identificativa do médico prescritor, vinheta identificativa do local de prescrição (se aplicável), contacto telefónico do prescritor e identificação da especialidade médica, quando for aplicável5.

No que se refere à identificação do utente, é essencial a receita conter o nome, número do SNS do utente, número de beneficiário da entidade financeira responsável (se aplicável) e o regime especial de comparticipação de medicamentos, sempre que aplicável, que é representado pela letra “R” (pensionista) ou “O” (regime especial com menção ao diploma legal)6.

O medicamento deve estar identificado pela Denominação Comum internacional da substância ativa, dosagem, forma farmacêutica, dimensão da embalagem e número de embalagens. A prescrição pode, em certas situações, incluir a denominação comercial do medicamento, por marca ou indicação do nome do titular da autorização de introdução no mercado, tais como: na inexistência do medicamento genérico; prescrição de medicamento com margem ou índice terapêutico estreito; reação adversa prévia e continuidade de

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11 tratamento superior a 28 dias. Por fim, a assinatura do médico prescritor é obrigatória e manuscrita5.

Na receita manual apenas podem ser prescritos 4 medicamentos distintos, num total de 4 embalagens ou, no máximo, 2 embalagens por medicamento. As receitas não podem conter rasuras, nem serem prescritas com caligrafias diferentes, canetas diferentes ou lápis6. Num atendimento, começava por verificar os pontos mencionados anteriormente e só depois dava seguimento ao atendimento. Por vezes, sentia dificuldade em compreender qual o nome do medicamento descrito devido à caligrafia dos médicos.

Receitas eletrónicas

Segundo o artigo 9.º da Portaria 224/2015 de 27 de julho, estes tipos de receitas devem incluir: número da receita; data de prescrição; local de prescrição ou respetivo código; identificação do médico prescritor; nome e número do utente; entidade financeira responsável e número de beneficiário, bem como a referência ao regime especial de comparticipação (se aplicável). A identificação do medicamento é feita pelos seguintes elementos: Denominação Comum internacional da substância ativa, dosagem, forma farmacêutica, dimensão da embalagem e número de embalagens. Para situações anteriormente mencionadas, também pode ser incluído a denominação comercial do medicamento. É ainda necessária a inclusão do código nacional de prescrição eletrónica de medicamentos (CNPEM) ou outro código oficial identificador do produto, se aplicável5.

A receita eletrónica materializada, além dos pontos anteriores, ainda necessita da assinatura do prescritor. Enquanto que, a receita eletrónica desmaterializada necessita da hora da prescrição e as suas linhas de prescrição devem incluir a menção do tipo de linha, número da linha, tipo de medicamento ou produto de saúde prescrito e data do termo da vigência da linha de prescrição5.

As receitas eletrónicas materializadas que contenham medicamentos para tratamentos de longa duração podem ser renováveis, contendo até três vias que vigoram por seis meses6. A partir do dia 1 de abril de 2016, tornou-se obrigatório as prescrições das receitas eletrónicas desmaterializadas em todo o Sistema Nacional de Saúde (SNS)7.

Ambas as receitas eletrónicas, desmaterializada e materializada, contêm um código matriz,

código de acesso/dispensa e o código de direito de opção que permite o acesso à receita

no sistema informático da farmácia. Relativamente à receita desmaterializada, os códigos são enviados para os utentes por via e-mail ou por mensagem de texto.

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12 Durante o tempo em que estive a fazer atendimento ao balcão pude verificar que as receitas eletrónicas têm um maior nível de segurança na dispensa dos produtos, pois permite minimizar os erros humanos. Após ter acedido à receita e ter selecionado os medicamentos pretendidos pelos utentes, é sempre obrigatório (tanto no Sifarma 2000® como no Sifarma MA) confirmar os medicamentos e outros produtos de saúde através da leitura do CNP com o scanner. Quando o produto que estamos a dispensar não corresponder aquele que se encontra na receita, o sistema informático emite um alerta e dessa forma permite minimizar os erros.

Outra vantagem destas receitas em comparação com as receitas manuais, é a possibilidade de levar apenas a medicação que quer no momento e mais tarde pode levantar o resto dos medicamentos que estão prescritos na receita, desde que ainda estejam dentro da validade.

4.1.2. Medicamentos Estupefacientes e Psicotrópicos

Ao longo do meu estágio pude verificar que é dado aos medicamentos estupefacientes e psicotrópicos uma atenção especial. Além de serem armazenados isoladamente, estes tipos de medicamentos são sujeitos a dois momentos de controlo rigoroso que tive a oportunidade de realizar, no momento da receção de encomenda e aquando da dispensa. Na receção, estes medicamentos vêm sempre acompanhados pela requisição e o seu duplicado, sendo que a requisição original deve ser, posteriormente, arquivada durante, pelo menos, três anos. A requisição é datada, assinada e carimbada pelo farmacêutico responsável e, por fim, reenviada ao fornecedor.

No que se refere à dispensa dos psicotrópicos e estupefacientes, é necessário preencher dados do doente a quem o medicamento está destinado e os dados da pessoa adquirente, uma vez que o doente e o adquirente não são obrigatoriamente a mesma pessoa. A apresentação do documento de identificação é indispensável.

Ao terminar o atendimento é emitido um registo de saída dos medicamentos estupefacientes e psicotrópicos dispensados que são logo arquivados também por um período de três anos. Mensalmente, a farmacêutica adjunta envia a listagem de todos os medicamentos psicotrópicos e/ou estupefacientes que foram dispensados ao longo do mês às autoridades competentes. Além disso, é feito anualmente o balanço de entradas e saídas deste tipo de medicamentos na farmácia.

4.1.3. Regimes de Comparticipação

A legislação prevê a possibilidade de comparticipação de medicamentos mediante dois tipos de regime: o regime geral e o regime especial6.

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13 No que se refere ao primeiro regime mencionado, o Estado comparticipa uma percentagem no preço do medicamento de acordo com o seu grupo ou subgrupo farmacoterapêutico. Existem quatro escalões de comparticipação, os escalões A, B, C, e D, cujas percentagens de comparticipação são de 90%, 69%, 37% e 15%, respetivamente. No escalão D podem ser incluídos os medicamentos novos ou que estejam num regime de comparticipação transitório8. Quanto ao regime especial de comparticipação, a comparticipação pode ser efetuada em função de: beneficiários, patologias ou grupos especiais de utentes e cidadãos estrangeiros com estatuto de refugiados ou com direito de asilo em Portugal6.

Para os pensionistas do regime especial, o Estado ainda comparticipa uma percentagem adicional de 5% no escalão A e 15% nos restantes escalões. Caso o medicamento escolhido tenha o PVP igual ou inferior ao quinto preço mais baixo do grupo homogéneo, a comparticipação do Estado é de 95% para o conjunto dos escalões9.

A comparticipação de medicamentos utilizados no tratamento de algumas patologias ou por grupos especiais de utentes é definida por despacho do membro do Governo responsável pela área da saúde6.

Os cidadãos estrangeiros com estatuto de refugiados ou com direito de asilo em Portugal têm acesso gratuito ao SNS para efeitos de cuidados de urgência, de cuidados de saúde primários e de assistência medicamentosa na área de residência6.

O regime de comparticipação ainda abrange outros produtos, tais como: certos medicamentos manipulados, em que a comparticipação é de 30%; produtos destinados ao autocontrolo da diabetes mellitus, com comparticipação de 85% nas tiras-teste e 100% nas agulhas, seringas e lancetas. Os produtos dietéticos com caracter terapêutico são comparticipados a 100% se forem prescritos no Instituto de Genética Médica Dr. Jacinto Magalhães ou nos centros de tratamento dos hospitais protocolados com o Instituto. Relativamente à comparticipação das câmaras expansoras e dispositivos de apoio a doentes ostomizados e/ou com incontinência/ retenção urinária, a comparticipação é de 80% do PVP (não podendo exceder 28€ e limitada a uma câmara expansora, independentemente do tipo, por utente, por cada período de um ano) e de 100% do PVP, respetivamente6.

Alguns utentes também podem beneficiar de regimes complementares através de subsistemas de saúde públicos (por exemplo, a ADSE) ou privados10.

4.1.4. Receituário e Faturação

Como já foi mencionado no ponto anterior, existem regimes de comparticipação que permitem aos utentes pagar à farmácia apenas uma percentagem dos PVP de certos medicamentos.

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14 Por isso, é importante haver controlo de receituário e faturação para permitir que as farmácias recebam a percentagem correspondente à comparticipação.

Para efeitos de faturação, as farmácias têm que enviar mensalmente para o Centro de Controlo e Monitorização do SNS (CCM-SNS), um conjunto de informações, tais como: a fatura (em duplicado), as notas de débito/crédito (em duplicado), a relação resumo de lotes, os verbetes de identificação de lotes e as receitas médicas11.

As receitas manuais necessitam de serem verificadas e validas pelo farmacêutico responsável pelo receituário que, no caso da FdC, é a farmacêutica adjunta. Dessa forma, a farmacêutica adjunta verifica, uma vez por semana, se a receita foi corretamente prescrita, se os medicamentos dispensados correspondem aos que estão prescritos na receita, se a entidade de comparticipação foi corretamente aplicada e se a receita está assinada, datada e carimbada. Os medicamentos que foram efetivamente dispensados ficam impressos no verso da receita, com o lote, o número da receita, a assinatura do utente e do profissional que procedeu à dispensa.

De seguida, o responsável pelo receituário agrupa as receitas de acordo com o tipo a que pertencem e também as organiza em lotes que podem conter até um máximo de 30 receitas. Finalmente, cada lote que contenha receitas materializadas deve ser devidamente identificado com o respetivo verbete. No que se refere ao documento de relação resumo de lotes, apenas é possível apresentar um único documento11.

4.2. Medicamentos não sujeitos a receita médica

Os medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) não cumprem qualquer condição mencionada no ponto 4.1. e na sua dispensa não é necessário a presença de uma prescrição médica. Os MNSRM destinam-se ao tratamento de problemas de saúde menores e sem gravidade. A maioria dos MNSRM não são comparticipáveis, pois os MNSRM comparticipáveis são casos excecionais e têm que ser devidamente justificados por razões de saúde pública4.

Em 2013, foi introduzida uma subcategoria, os Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica de Venda Exclusiva em Farmácia (MNSRM-EF). Os MNSRM-EF podem ser dispensados sem prescrição médica, no entanto, é essencial a intervenção do farmacêutico e aplicação de protocolos de dispensa12,13.

Antes de dispensar um MNSRM, quer seja por pedido do utente ou indicação minha, procurava sempre questioná-lo para quem se destinava o medicamento, quais eram os sintomas e há quanto tempo estes já estavam presentes. Consoante as respostas do utente,

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15 aconselhava a ida ao médico ou dispensava o MNSRM que considerava adequado para a situação.

No momento da dispensa tentava sempre fazer todas as advertências necessárias relativamente ao medicamento (por exemplo, reações adversas e posologia) e aconselhava a ida ao médico em caso de agravamento ou persistência dos sintomas.

4.3. Outros produtos

4.3.1. Medicamentos e Produtos de uso Veterinário

Segundo o Decreto-Lei n.º 314/2009, de 28 de outubro, o medicamento veterinário é “toda a substância, ou associação de substâncias, apresentada como possuindo propriedades curativas ou preventivas de doenças em animais ou dos seus sintomas, ou que possa ser utilizada ou administrada no animal com vista a estabelecer um diagnóstico médico-veterinário ou, exercendo uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas”14.

O produto de uso veterinário é a substância ou mistura de substâncias, sem indicações terapêuticas ou profiláticas que se destinam aos animais no sentido de promover o bem-estar e estado higiossanitário, coadjuvando ações de tratamento, de profilaxia ou de maneio zootécnico, designadamente o da reprodução. Também se destinam ao diagnostico médico-veterinário e ao ambiente que rodeia os animais, designadamente às suas instalações15. Na FdC, os produtos que mais me solicitaram foram desparasitantes (Eliminal® e Frontline®) e contracetivos (Pilusoft® e Megecat®).

4.3.2. Dispositivos médicos

Os dispositivos médicos são destinados, pelo fabricante, a ser utilizados em seres humanos para fins de:

• Diagnóstico, prevenção, controlo, tratamento ou atenuação de uma doença;

• Diagnóstico, controlo, tratamento, atenuação ou compensação de uma lesão ou de uma deficiência;

• Estudo, substituição ou alteração da anatomia ou de um processo fisiológico;

Controlo da conceção.

E ao contrário dos medicamentos, os fins dos dispositivos médicos não são atingidos por meios farmacológicos, imunológicos ou metabólicos16.

Dispositivos médicos como canetas de insulina, lancetas e tiras teste para controlo da glicemia, os testes de gravidez, compressas, pensos e seringas são alguns exemplos de produtos que tive a oportunidade de dispensar com frequência. As meias de compressão

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16 também são muito solicitadas pelos utentes, que são obtidas, normalmente, por encomenda após determinação das medidas dos utentes.

4.3.3. Produtos cosméticos e de higiene corporal

Os produtos cosméticos e de higiene corporal (PCHC) abrangem uma grande diversidade de produtos, porque, segundo Decreto-Lei n.º 296/98, de 25 de Setembro, o PCHC é “qualquer substância ou preparação destinada a ser posta em contacto com as diversas partes superficiais do corpo humano, designadamente epiderme, sistemas piloso e capilar, unhas, lábios e órgãos genitais externos, ou com os dentes e as mucosas bucais, com a finalidade de, exclusiva ou principalmente, os limpar, perfumar, modificar o seu aspeto e ou proteger ou os manter em bom estado e ou de corrigir os odores corporais”17.

A FdC trabalha com muitas marcas, tendo uma maior quantidade e diversidade de artigos das seguintes marcas: Bioderma®, La Roche-Posay®, Caudalie®, Sesderma®, Institut Esthederm®, Vichy®, Eucerin® e Martiderm®.

Durante o período do meu estágio, os produtos que mais dispensei dentro desta categoria foram champôs anticaspa, cremes hidratantes de corpo e rosto,produtos de higiene íntima (Lactacyd®) e produtos de higiene oral (pasta de dentes da Elgydium®). No início do meu estágio senti dificuldade no aconselhamento dos PCHC, principalmente por causa das numerosas opções que existiam na farmácia, mas com o tempo fui aprendendo e melhorando nos aconselhamentos destes produtos.

4.3.4. Suplementos Alimentares

Uma pessoa que tenha um regime alimentar adequado e variado geralmente consegue obter todos os nutrientes necessários nas quantidades adequadas para ter um bom desenvolvimento e manter um bom estado de saúde. No entanto, cada vez é mais difícil alcançar a situação ideal mencionada, essencialmente em consequência do estilo de vida da população (sedentarismo e maus hábitos alimentares)18. Atualmente, a população tem uma alimentação pouco variada e recorrem muitas vezes a fast-food.

A fim de complementar as quantidades ingeridas de alguns nutrientes, os consumidores podem optar pelo consumo de suplementos alimentares. Os suplementos alimentares são considerados géneros alimentícios, no entanto, não devem ser utilizados como substitutos de uma dieta variada18.

Estes suplementos alimentares podem oferecer um leque bastante variado de substâncias nutrientes e outros ingredientes, nomeadamente, vitaminas, minerais, aminoácidos, ácidos gordos essenciais, fibras e várias plantas e extratos de ervas18.

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17 Antes da colocação dos suplementos alimentares no mercado é necessário notificar a Autoridade Competente, a Direção Geral de Alimentação e Veterinária19.

Na FdC pode-se encontrar uma grande diversidade destes produtos, uma vez que são bastante solicitados. Alguns dos suplementos que mais dispensei foram: Magnesona®, Magnoral®, Melamil®, Valdispert Noite®, Cholagutt® A gotas e vários suplementos da Absorvit®.

Os distúrbios menores de sono e o cansaço físico e/ou mental eram as principais queixas dos utentes que solicitavam suplementos.

4.3.5. Produtos de obstetrícia, puericultura e nutrição infantil

A puericultura é a área que se dedica mais especificamente ao acompanhamento do desenvolvimento infantil, isto é, à promoção e proteção da saúde e bem-estar das crianças. A FdC possui muitos artigos desta categoria como: as chupetas, os pratos, as fraldas, os biberões, as tetinas, os mordedores, entre outros. No que se refere à obstetrícia a FdC dispõe, por exemplo, de cintas, protetores de mamilos, e bombas de extração de leite.

No período em que estive no atendimento ao balcão dispensei chupetas da Chicco® e da Suavinex®, biberões da Dr. Brown’s®, protetores de mamilos da Medela® e cintas de gravidez. Para a nutrição infantil, mais especificamente as papas e leites de fórmula, a FdC trabalha com as marcas Nutribén®, NAN® e Aptamil®.

5. Prestação de cuidados de saúde

O primeiro local onde as pessoas se deslocam quando têm um problema de saúde, geralmente, é a farmácia comunitária. Dessa forma, os farmacêuticos, além da dispensa do medicamento, prestam diversos serviços centrados no utente e nas suas necessidades.

5.1. Determinação da pressão arterial

A determinação da pressão arterial foi um dos primeiros serviços que prestei na FdC. A determinação da pressão arterial é um método simples e de fácil realização, que pode ser realizado a qualquer altura do dia, pois não é necessário o jejum. Esta medição foi feita por mim várias vezes ao longo do meu estágio desde do primeiro mês.

Os utentes solicitam este serviço por variados motivos, como a recomendação do médico para determinar se é necessária uma intervenção terapêutica ou para avaliar a eficácia terapêutica do medicamento.

Antes de iniciar a medição tentava promover a descontração do doente, permitindo que este se sentasse e repousasse por aproximadamente 5 minutos. Geralmente, questionava o utente

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18 quanto ao motivo que o levou a solicitar a medição, se era hipertenso e se fazia alguma medicação para a hipertensão arterial. Se, após a determinação da pressão arterial, o valor fosse elevado, tentava entender se tinha tomado café ou se tinha realizado algum esforço físico, bem como se tinha dores de cabeça ou se sentia tonturas. Nas situações em que o utente tinha respondido afirmativamente à minha questão sobre fazer medicação para a hipertensão, tentava avaliar e promover a adesão à terapêutica. Além disso, aconselhava algumas medidas não farmacológicas.

5.2. Medição de parâmetros bioquímicos

Na FdC é possível determinar os valores de colesterol, triglicerídeos, glicemia e de ácido úrico. Em primeiro lugar, aquando da determinação destes valores, informava-me sobre os problemas de saúde dos utentes, ou seja, se era diabético, se era habitual ter valores elevados do colesterol, triglicerídeo e/ou ácido úrico. Após a obtenção dos valores, explicava aos utentes os resultados obtidos comparando-os com os valores de referência. Se os valores dos parâmetros avaliados fossem elevados tentava aconselhar os utentes sobre os hábitos alimentares, a importância do exercício físico, bem como a importância da adesão à terapêutica (se aplicável).

5.3. Administração de vacinas e medicamentos injetáveis

A administração de medicamentos e de vacinas não incluídas no Plano Nacional de Vacinação é outro serviço que pode ser prestado na farmácia comunitária por profissionais habilitados para o efeito, através da participação em formação específica na área20. A FdC dispõe de dois farmacêuticos credenciados.

Para cada administração de vacina e medicamentos injetáveis é feito o registo de dados no Sifarma MA (também é possível no Sifarma 2000), que inclui o nome do utente, a data de nascimento, o nome da vacina/medicamento, lote, via de administração e a identificação do farmacêutico que a administrou.

Durante o meu estágio, observei que os anti-inflamatórios, como o Voltaren®, e os relaxantes musculares, como o Relmus®, eram os medicamentos mais frequentemente administrados por via intramuscular. Além disso, a vacina da gripe (Influvac® Tetra) foi bastante dispensada e administrada na FdC.

5.4. VALORMED

A FdC colabora com a Valormed®, uma sociedade sem fins lucrativos responsável pela gestão de resíduos das embalagens vazias e dos medicamentos fora de uso, com o propósito de preservar o ambiente e proteger a saúde pública21. Dessa forma, a FdC possui contentores,

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19 disponibilizados por esta entidade, que se destinam às embalagens vazias e medicamentos fora de uso ou que tenham o prazo de validade expirado entregues pela população à farmácia. Quando os contentores atingem os seus limites máximos de capacidade, são selados e regista-se no Sifarma2000® a entrega deste aos distribuidores de medicamentos. Também realizei esta tarefa algumas vezes ao longo do meu estágio.

5.5. Consultas de nutrição, podologia, audiologia, depilação a laser e radiofrequência

A FdC dispõe de profissionais credenciados que realizam outros serviços, tais como: consultas de Nutrição e Dietética; consultas de podologia; depilação a laser e radiofrequência; consultas de audiologia.

Todos estes serviços são realizados no gabinete de atendimento individualizado (com exceção da depilação a laser e radiofrequência). Nesse mesmo gabinete pode-se encontrar uma balança InBody 270 para uma avaliação corporal. Esta balança é principalmente utilizada pela Dra. Ana Pedro, responsável pelas consultas de Nutrição e Dietética que ocorrem duas vezes por semana, mediante marcação prévia. A FdC criou o projeto “Phuturo Saudável”, que consiste na sinalização de crianças (entre os 5 e 16 anos de idade) com sinais de excesso de peso ou obesidade, através das parcerias realizadas com as instituições da comunidade, consulta de pediatria ou na própria farmácia, para uma avaliação física e nutricional. Após uma avaliação física realizada pela nutricionista da farmácia, é elaborado um plano alimentar para a criança. É realçada a importância da alteração dos hábitos alimentares numa conversa com as crianças e os seus encarregados de educação. Também há uma intervenção farmacêutica, em que o farmacêutico educa e capacita a criança a que faça as melhores escolhas alimentares.

As consultas de podologia são realizadas pela Dr.a Liliana Rajão, semanalmente, quando há marcações. As consultas de audiologia ocorrem mensalmente e a suas marcações são da responsabilidade da Casa Sonotone Audiosom. Por fim, a depilação a laser e radiofrequência realizam-se uma vez por semana na FdC.

6. Formações

Os membros da FdC participam em muitas formações para se manterem atualizados e para estarem mais habilitados no aconselhamento dos medicamentos e outros produtos de saúde disponíveis na farmácia.

Durante o meu período de estágio pude assistir a algumas formações realizadas na farmácia. Muitas vezes a formação durava apenas alguns minutos em que era apresentado apenas um

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20 produto (por exemplo, ib-u-ron® gel mentol), mas tive também a oportunidade de assistir a duas formações com uma duração mais prolongada como está mencionado na tabela 3. Tabela 3 - Formações a que assisti durante o meu estágio.

Tema Data Duração Local

Esthederm® 23/10/2019 45 min FdC

Sensilis® 17/02/2020 1h30min FdC

7. Imagem e comunicação

Qualquer organização sente a necessidade crescente de comunicar com eficácia, estando sempre presente nas redes sociais ou noutros meios de comunicação.

Numa farmácia comunitária não há especialistas em comunicação e marketing sendo essa função atribuída a alguns dos colaboradores que mostrem especial interesse e tenham alguma aptidão.

Durante o meu estágio, fui encarregada de criar artigos de comunicação e imagem, com o objetivo de promover atividades ou produtos, para expor na farmácia e para publicar nas redes sociais. Pode-se observar alguns exemplos no anexo 1.

Parte II – Projetos Desenvolvidos na Farmácia do Calendário

Projeto I – Gripe e Constipação

1. Enquadramento do projeto e objetivos

Durante o meu primeiro mês de estágio na FdC, assisti a vários atendimentos feitos pelos colaboradores da farmácia e pude constatar que várias pessoas não sabiam distinguir a gripe da constipação, havendo mesmo quem pensasse que fosse o mesmo problema de saúde. Além disso, foi-me referido por vários colaboradores que os utentes pediam por diversas vezes antibióticos quando apresentavam sintomas de gripe ou constipação.

Devido às razões anteriormente mencionadas, bem como, ao facto de no mês de outubro se iniciar a administração da vacina da gripe, decidi desenvolver um projeto sobre a gripe e constipação. Com este trabalho tive como objetivo fornecer mais informação sobre estas doenças aos utentes e esclarecer as suas dúvidas.

1.1. Gripe

A gripe é uma doença aguda, causada pelo vírus influenza e que afeta principalmente as vias respiratórias22,23. A maior parte dos casos de infeções pelos vírus influenza são autolimitadas e estão restritas ao trato respiratório superior. No entanto, certos grupos de doentes têm um risco maior de desenvolver complicações que levam a alta morbilidade e mortalidade24.

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21 As epidemias sazonais, nas regiões com climas temperados, acontecem sobretudo no inverno. Em regiões tropicais, os surtos são mais irregulares, pois a gripe pode acontecer em qualquer altura do ano25.

A atividade da gripe, em Portugal, tem sido maior entre os meses de dezembro e fevereiro22. O período de incubação, ou seja, o tempo entre a infeção e o aparecimento dos primeiros sintomas é de aproximadamente dois dias, mas pode variar entre um a quatro dias25.

Geralmente, esta doença é de curta duração, com um período derecuperação de uma a duas semanas22.

Existem três tipos de vírus influenza que são capazes de infetar os humanos, isto é, o tipo A, o B e o C26.

O principal reservatório dos vírus influenza A são as aves aquáticas selvagens e outras aves, enquanto que, os humanos são o hospedeiro primário e o reservatório dos vírus influenza B e C26.

Apenas os vírus influenza A e B causam doença com impacto significativo na saúde humana e são capazes de causar epidemias sazonais. Os vírus influenza A ainda são responsáveis por pandemias originadas de infeções zoonóticas26,27.

O vírus influenza C, geralmente, causa uma doença respiratória leve26,27. 1.1.1. Glicoproteínas do vírus influenza

Os vírus influenza pertencem à família Orthomyxoviridae e possui um genoma constituído por segmentos de RNA26.

Na superfície do vírus encontram-se duas glicoproteínas com funções essenciais ao vírus26: • Hemaglutinina (HA), uma lectina trimérica;

• Neuraminidase (NA), uma enzima tetramérica.

A HA é responsável pelo primeiro passo no processo que leva a uma infeção produtiva por vírus, ou seja, a ligação aos recetores. Esta proteína liga-se a recetores específicos que possuem ácido N-acetilneuramínico (Neu5Ac ou ácido siálico), principalmente em células epiteliais e mucinas das vias respiratórias humanas. Além disso, a infeção também pode ocorrer em células alveolares, em monócitos / macrófagos recrutados, células dendríticas e células B26

.

A NA também tem especificidade para o ácido siálico e é responsável por clivar os resíduos de ácido siálico dos vírus e das glicoproteínas celulares, desse modo permitindo a libertação dos novos vírus que irão infetar outras células26,27.

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22 Os vírus influenza A são divididos em subtipos de acordo com as combinações de HA e NA. Atualmente conhecem-se 18 tipos de HA e 11 tipos de NA. Sendo que os subtipos da influenza A que têm circulado em humanos são: A(H1N1) e A(H3N2). Os vírus influenza B ainda são classificados em 2 linhagens: as linhagens B / Victoria e B / Yamagata28.

1.2. Constipação

A constipação é uma doença respiratória causada por diversos vírus, dos quais, os rinovírus são os mais comuns. Além destes, o coronavírus humano, o adenovírus, o vírus sincicial respiratório, o vírus da parainfluenza humana e o metapneumovírus humano também podem causar constipações29.

É possível ficar constipado em qualquer altura do ano, no entanto a maioria das infeções ocorrem na primavera e no inverno e recuperam, geralmente, dentro de 7 a 10 dias30. No entanto, pessoas com problemas respiratórios, asma ou que tenham um sistema imunológico enfraquecido podem desenvolver doenças mais graves (por exemplo, pneumonia ou bronquite)29.

1.2.1. Patogénese da infeção por rinovírus

Os rinovírus ligam-se aos recetores da ICAM-1 (intracellular adhesion molecule 1) no epitélio da nasofaringe. As células infetadas libertam interleucina-8 (IL-8) que vai estimular a libertação de mediadores inflamatórios (como as prostaglandinas e cininas) que, consequentemente, pode levar ao aumento da vasodilatação, da permeabilidade vascular e da secreção das glândulas exócrinas. Estes processos causam os sintomas clássicos da constipação, nomeadamente, a rinorreia, os espirros e a congestão nasal31.

1.3. Sintomas da gripe e constipação

A gripe e a constipação têm vários sintomas similares, o que dificulta a distinção entre estas patologias baseado apenas nos sintomas. Normalmente, os sintomas da gripe são mais intensos do que os da constipação32. Sendo que, na gripe, os sintomas respiratórios são acompanhados de dores musculares, febre superior a 38ºC, fortes dores de cabeça, cansaço e fraqueza33. Na tabela 4, podem ser observadas as principais diferenças entre as patologias34-36.

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23 Tabela 4 - Diferença entre a constipação e a gripe.Adaptado de [34-36].

1.4. Transmissão

Tanto os vírus que causam a constipação como o vírus Influenza são transmitidos por pequenas gotículas expelidas pela pessoa infetada, quando ela espirra ou tosse. O contato direto com superfícies contaminadas é outra forma de transmissão menos frequente. Por exemplo, quando a mão de uma pessoa tem contacto com uma superfície contaminada e depois coloca a mão na boca, nariz ou boca30,37.

1.5. Medidas de prevenção

De forma a diminuir os casos de constipação e gripe, existem variadas medidas que se podem praticar, sendo elas as seguintes30,38:

• Lavar corretamente as mãos, especialmente depois de assoar, espirrar ou tossir; • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas;

• Evitar contacto próximo com pessoas doentes;

• Desinfetar as superfícies tocadas com frequência, incluindo objetos como brinquedos e maçanetas;

Constipação VS Gripe

Gradual Início dos sintomas Súbito Baixa/Sem febre Febre Superior a 38ºC

Raro Dores musculares Frequente, muitas vezes

severa Raro Mal-estar geral e

cansaço Frequente

Ligeira a moderada Dor de cabeça Intensa Moderado Corrimento nasal Intenso

Frequente Espirros Por vezes

Frequente Congestão nasal Por vezes Frequente Dor de garganta Por vezes Ligeira a moderada Tosse Frequente; pode ser

severa

Não Perda de apetite sim

Raro Náuseas, vómitos e

diarreia

Frequente em crianças com menos de 5 anos

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24 • Tapar o nariz e a boca, quando espirrar ou tossir, com um lenço de papel (descartável)

ou com o braço e nunca com a mão.

Além disso, se possível, deve-se ficar em casa quando estiver doente para evitar a transmissão dos vírus para outras pessoas30,38.

Outra forma de prevenção contra a gripe é a vacinação anual que será discutida no tópico seguinte.

1.6. Vacina da gripe

A vacinação anual é a melhor forma de prevenção contra a gripe. Além disso, a vacinação também tem outros benefícios como prevenir as complicações da gripe39.

Por isso, a vacinação é fortemente recomendada a pessoas que têm maior risco de sofrer complicações. Os grupos de risco incluem: idosos (com idade igual ou superior a 65 anos), principalmente se residirem em instituições; grávidas; doentes crónicos (cardíacos, respiratórios, renais, diabéticos) e imunocomprometidos40;

Adicionalmente, é importante que os profissionais de saúde e outros prestadores de cuidados também sejam vacinados22.

Algumas das possíveis complicações da gripe são: infeções de ouvido, pneumonia bacteriana, sinusite e exacerbação de condições médicas crónicas, como insuficiência cardíaca congestiva, asma ou diabetes37.

Em Portugal, a vacinação deve ser feita a partir de outubro e até ao final do ano. No entanto, pode ser administrada durante todo o outono e inverno40.

A administração da vacina da gripe é contraindicada para quem tem antecedentes de reação anafilática aos componentes da vacina, nomeadamente às proteínas do ovo ou a qualquer dos excipientes40.

As glicoproteínas HA e NA do vírus influenza do tipo A, principalmente o HA, podem acumular mutações que alteram a sua natureza antigénica e, é por esta razão, que é necessário ajustar a composição da vacina sazonal anualmente, de modo a que haja uma maior proteção contra as variantes antigénicas recentes26.

As vacinas tetravalentes contra a gripe foram desenvolvidas por causa da co-circulação das duas linhagens do vírus influenza B com vírus influenza A (H1N1) e A (H3N2) durante epidemias sazonais26.

Referências

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