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O Regimento dos Auditórios Eclesiásticos do bispado do Funchal (1589)

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O R E G I M E N T O DOS AUD I TÓR I OS E C L E S I Á S T I C O S

DO B IS PADO DO F U N C H A L (15X9)

CRISTINA TRINDADE • DULCE MANUELA TEIXEIRA •

Introdução

O p re se n te e s tu d o d e b ra ç a -s c so b re a a n á lise d o R e g im e n to d o s A u d iló rio s E c le siá stic o s d o B isp a d o d o F u n ch al, d o c u m e n to p u b lic ad o em 1589, p e lo B isp o D. L uís de F ig u e ire d o L em os, sex to p rela d o a reger os d e s tin o s d a d io c e se , da q u al to m o u p o sse e m 1585.

O e s ta d o em q u e e n c o n tra a d io c ese , a p e sa r d os m e ritó rio s e s fo rç o s d o seu a n tec esso r, re sp o n sá v el p ela p ro m u lg a ç ã o d as C o n s titu iç õ e s S in o d a is, não seria d o s m e lh o res, p elo q u e o n o v o b isp o tem . de facto, c o n s c iê n c ia d a n e c e s sid a d e de a g ir c to m a r p ro v id ê n c ia s no se n tid o de d o ta r o b isp a d o d e m e c a n ism o s q u e m ais ra p id a m e n te p e rm ita m fa z e r face à nova rea lid ad e insular, d ad o q u e o a rq u i­ p éla g o se to m a ra , e n tre ta n to , um a reg iã o raz o av elm en te h a b ita d a , co m p o v o a ­ ç õ e s m u ito d isp e rs a s c iso lad a s, o q u e c o m eç a a e x ig ir um c o n sid e rá v e l g rau de o rg a n iz a ç ã o e co n tro lo , no se n tid o de g a ra n tir um a su p e rv isã o a d e q u a d a a e s te já . de c e rto m o d o . v asto p a trim ó n io em te rm o s h u m an o s c m a teria is.

D e e n tre as in ic ia tiv a s to m a d a s pelo p rela d o p ara sa tisfa z e r as e x ig ê n c ia s do seu m ú n u s, p o d e m o s d e s ta c a r a p u b lic aç ão , em 1601. de um a “ a d e n d a " às C o n s titu iç õ e s j á referid as. Para além d isto , foi D. L uís de F ig u e ire d o , ain d a, p a r ­ tic u la rm e n te c u id a d o so co m as visitas às d iv ersas p a ró q u ia s d a ilha q u e . no te m p o do seu e x e rc íc io de fu n çõ e s, se rea liza ram d iv e rsa s vezes, q u e r p elo p ró ­ p rio p re la d o , q u e r p o r v isita d o re s po r ele d esig n ad o s. U m a o u tra p rova d o q u ã o se ria m e n te en c a ra v a e ste a sp e c to d a su a a c tiv id ad e resid e n o facto de a e le , ta m ­ bém . se fica r a d ev e r a p u b lic a ç ã o d o reg im en to p ara os v isita d o re s. in stru m e n to q u e o B isp o rep u ta v a in d isp en sá v el para a c o rre c ta ac tu a ç ã o d o s se u s d ele g a d o s.

♦ Docentes de História de Portugal, no Instituto Superior de Administração e Línguas (Funchal).

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290 C R I S T I N A T R I N D A D E / D U I C l M A N U E l . A T E I X E I R A

P or tu d o q u a n to atrás foi d ito , p o d e r-se -ia c o n c lu ir já d a im p o rtâ n c ia d e que o e p isc o p a d o de D. L uís de F ig u eire d o L em os se rev e stiu para a M ad eira, m as aq u ilo q u e refe rim o s n ão foi tudo o fez por e s te b isp a d o . A s p re o c u p a ç õ e s do B ispo c o m a e s c a sse z de e stru tu ra s ju d ic ia is re lig io sa s e stã o , p o is, na ra iz d a c r ia ­ ç ã o d o tribunal d io c e sa n o , de gran d e im p o rtâ n cia para o e x e rc íc io d a ju ris d iç ã o e c le siá stic a .

E sse trib u n a l foi, p o rtan to , estru tu ra d o co m b ase num R e g im e n to d e s tin a d o â o p e ra c io n a liz a ç ã o d a sua ac tu ação , c c u jo te o r é, e n tã o , o o b je c to d este estu d o .

C o m a ac çã o d o b isp o D. L uís de F ig u e ire d o L em o s, a d io c e se d o F un ch al ac ab o u de ser d o ta d a dos e q u ip am e n to s b u ro c rá tic o -a d m in istra iiv o s n e c e ssá rio s a u m a g e s tã o ad e q u ad a aos novos tem p o s, fica n d o e q u ip a ra d a , em te rm o s de “ in fra -e stru tu ra s" legais à m aio ria dos o u tro s b isp a d o s d o reino.

( ) R eg im e n to d os A u d itó rio s E c le siá stico s d o B isp a d o d o F u n ch al (1 5 8 9 )

O d o c u m e n to em an álise ' c o m eç a com um a d e c la ra ç ã o d o B ispo. D. L uís de F ig u eire d o L em o s, em que o p rela d o rec o n h ece c o m o o b rig a ç ã o d o seu o fíc io a do “bom governo e adm inistração das ju stiç a s" J, p elo q u e e n te n d e “p o r d e s­ cargo de nossa consciência e bem da ju stiça e ju risd içã o ecleziàstica" d ever

"prover com alguns Ouvidores e M inistros dela", d e te rm in a n d o , e n tã o , q u e, p ara além d o V ig ário G eral “hajam quatro O uvidores 5 com seus M inistros necessá­ rios: liuin em A rguim e lugares a elle sujeitos; nutro na Ilha do Porto Santo e dois nesta, em as Villas de M achico e Calheta, com os territórios e ju risd içã o d ecla ­ rados em seus regimentos".

O ca rg o de V igário G eral surge, se g u n d o B e m a rd in o C a rn e iro , p o rq u e o “tri­ bunal dos bispos alcança a todos os negocios ecclesiásticos da sua diocese, para os tratar e decidir em prim eira instância. Tão amplo, variado e afanoso é às vezes o e x e rc id o d ' esse poder, que os bispos, não podendo com elle p o r si sós. com partem -no com uma ou m ais auctoridades suas delegadas" se n d o e s sa s a u to ­ rid ad e s v u lg a rm en te co n h e c id a s po r “vigários episcopaes", a in d a q u e os c â n o n e s as d esig n e m , sim p lesm en te , po r “officiaes", S o b re o ca rg o e m a n á lise , o a u to r

1 A versão integral do texto deste Regimento pode consultar-se em Anexo, docu­ mento I.

AHDF, Regimento dos Auditórios Eclesiásticos do Bispado do Funchal, orde­ nado por D. Luís de Figueiredo Lemos. Bispo do Funchal (este documento encontra-se incluído na certidão datada de 10 de Dc/cmbro de 1773. requerida pelo Reverendo Dr. Amaro da França Uzcl, Comissário do Santo Ofício e Cura da Sé do Funchal), lis. 8-31 v. O mesmo documento encontra-se, tambétn, microfilmado, no ARM . MF 685.

* Os ouvidores eram eclesiásticos destacados pelo bispo para exercerem funções judiciais em lugares distantes da sede do bispado. Das suas atribuições específicas, no caso da diocese do Funchal, se tratará mais adiante.

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C) R E G I M E N T O D O S A U D I T Ó R I O S E C L E S I Á S T I C O S D O B I S P A D O D O F U N C H A L 291

a c re sc e n ta , e s p e c ific a m e n te , q u e “os vigários episcopais são da escolha e nom eação dos bispos, em cujo nome exercem a autoridade que lhes confere quem os nomeia. N ão têm auditório próprio. O seu auditório é o do bispo. (...) O seu número depende da vontade do bispo e da necessidade do serviço. Pode haver na m esm a diocese um só ou m ais; e d 'aqui a distinção entre vigário in spiritualibus, ou provisor, para o que é governo espiritual e jurisdicção voluntária, e vigário

geral para o conhecim ento e decisão dos casos controversos ” \

E n trando no tex to do R egim ento p ropriam ente dito, o P relad o c o m e ç a po r so licitar ao Ju lg ad o r, (que a an álise d o s processos en c o n trad o s no e sp ó lio d o c u ­ m ental ad ian te an a lisad o d em o n stra ser o V igário G eral, na gran d e g en e ralid a d e d os caso s), q u e to m e os pro cesso s tào rápidos quan to possível, a fim de o b v ia r "as Artes e M anhas dos litigantes em qualquer parte do Juizo" '. p assan d o , d ep o is, a d ar ind icaçõ es ao referid o Ju lg a d o r sobre os m om entos em que se dev erá fazer audiên cia, a saber: “duas vezes na semana; no Funchal á quarta feira e ao sabado. Porque so nestes dias. pela manlui. se não fazem audiências no secular, concorrem advogados, letrados ao Auditoria, para m elhor expedição das cauzas. A hora sera quando levantarem a Deos na M issa da terça e se derem as badelladas. Em os outros lugares. Ilha do Porto Santo. Arguim. M achico e Calheta á m esm a hora. e nos dias de m enos occupaçoes. Isto se fa rá desde o prim eiro dia de Setem bro até o derradeiro de Junho e Julho. No m ez de Agosto e Setembro nesta Ilha. e na do Porto Santo e Arguim, no m ez de Julho e Agosto se daram ferias " as partes que as pedirem , e não se procederá, nem faltará em seus Feitos, salvo de consenti­ m ento expresso de ambas, posto que se mostre Alvará em contrario" \ E ste tipo

4 Ver Bemardino Carneiro, in Elementos de direito ecclesiustico portuguez.

Coimbra. 1896. 2* edição, pp. 398-399. Em nota de rodapé, o autor especifica, ainda, as características que deve possuir o referido vigário geral, inspiradas cm Regimentos de Tribunais Eclesiásticos de outras partes do país (Coimbra. Porto, por exemplo) que reco­ mendam que o vigário seja “ordenado in sacris. pelo menos de edade de trinta annos. gra­ duado em theologia ou cânones, de approvada vida. piedade e sã consciência". Idcm.

ibidem, nota f. p. 400.

' Regimento dos Auditorias..., fi. 8v.

* O conceito de férias aqui referido vem legislado nas Ordenuçòes Filipinas que dizem, a este respeito o seguinte: "A terceira maneira he das ferias que se devem dar para colhimento do pão e vinho e estas são outorgadas por prol commum do povo. e são de dous mezes: os quaes se darão pelos Julgadores, segundo a disposição e necessidade das

terras, repartindo os tempos ás sazões em que se os tae.s frucios houverem de colher". Os

outros dois tipos de férias possíveis reportam-se aos Domingos, festas e dias que a Igreja manda guardar c, ainda, a dias de paragem por ordem do rei. Ordenações t ilipinas. Livro III. Edição da Fundação Caloustc Gulbenkian. Lisboa. 1985. pp. 581-582 De notar que as colheitas se referem, especificamente, ao pão e ao vinho, alimentos com uma conotação claramente litúrgica. conforme se pode ver em L. Jacinto Garcia. Comer como Deus manda. cap. IV. Editorial Notícias, Barcelona. 1999.

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2 9 2 C R I S T I N A T R I N D A D E / D U L C E M A N U E L A T E I X E I R A

d e ca le n d a riz a ç ã o das actividades do tribunal e c le siá stic o , p re te n d e re n ta b iliz a r a a c tu a ç ã o d os ad v o g a d o s, que trab a lh am , sim u lta n e a m e n te , e m ca u sa s d o fo ro civil e d o re lig io so ".

O te x to p ro sseg u e co m a en u m e ra ç ã o d as p en a s a q u e e s tã o su je ito s os E scriv ã es e P ro c u ra d o re s que não co m p a re c e re m às a u d iê n c ia s sem lic en ç a d o Ju lg a d o r, a p ó s o q u e passa a d isc rim in a r os p ro c e d im e n to s ju ríd ic o s , p ro p ria ­ m en te d ito s , q u e h ão -d e e n fo rm a r os p ro ce sso s p re se n te s a trib u n a l.

N um a te rc eira fase, o d o cu m en to refere as ca u sas su m árias ' m ais co m u n s que são assim apresentadas: M atrim oniais e S evícias, a p ro p ó sito d as q u ais se e s p e c i­ fica q u e a co n testaçã o só será possível “se s e tratar de desfazer o M atrim ónio quanto á cohahituçáo p o r razão de sevícias, ou p o r outra qualquer cauza". No ca so de o p edido de separação ter na o rigem a ex istê n cia de sevícias, o p ro c e d i­ m ento será o seguinte: “ .(o trib u n al)...mandará depositar a Autora em bua caza honesta e m andar-lhe-há entregar cama, joyas. e vestidos, e citar-se-hd o marido para a a cauza, e fa rá inventario com juram ento, e do m arido haverá alim entos e conforme a fazenda, officio, e renda que tiver té que se dê sentença” l0. De n otar q ue nem se co n sid era o utra hipótese que não seja a de ser a m u lh er a au to ra d o p ro ­ ce sso . pois a p rep o n d erân cia m asculina na so cied ad e d a ép o c a inibe, neste ca so . o hom em de se ap resen tar co m o vítim a num p ro cesso de sevícias. N o to c an te às o u tras p o ssib ilid a d es de interposição dc um p ro ce sso ten d en te à sep aração d os c ô n ­ ju g e s. podem ainda considerar-se os caso s dc ad u ltério , ultraje e h eresia

O se g u n d o item deste ca p itu lo rep o rta -sc às c a u sa s D ec im a is, ou seja. ao s p ro ce sso s q u e te riam orig em no não p a g a m e n to da d íz im a e c le siá s tic a . S o b re este assu n to , diz o d o cu m e n to que o in fra cto r será c ita d o ju rid ic a m e n te , sob pen a de ex c o m u n h ã o , para q u e p roceda ao p ag a m e n to . E x ce p tu a -se , a p e n as, a situ aç ão d o s q u e nu n ca p ag aram a re ferid a c o n trib u içã o , p o r esta re m su je ito s a o reg im e de p en são u n ifo rm e

Em te rc e iro lugar, vêm referid o s o s S a c rilé g io s, a in d a q u e sem se e s p e c ifi­ c a r a q u e a c to s se rep o rtam , co n c re ta m e n tc . E sta o m is sã o p o d er-se-á e x p lic a r

* Esta situação não é específica da Madeira pois tanibéin ocorre noutras dioceses do país, conforme se pode ver cm Fortunato de Almeida, História da Igreja em Portugal,

Livraria Civilização Editora. Barcelos. 1968. Vol. II. p. 231.

* As causas sumárias são assim designadas por não poderem. eni princípio, sofrer contestação.

10 Regimento dos Auditórios..., f\. I6v.

" Ver tnstrucções Geraes em forma de Catecismo nas quaes se explicam em Compendio pela Sagrada Escritura e Tradição a Historia e os Dogmas da Religião, a

Moral Christã, os Sacramentos, as Orações, as ceremonias e os usos da Igreja, impressas

por ordem do Senhor Carlos Joaquim Colbert. Bispo de Montpellier. Lisboa. 1765. Tomo III, p. 240 e seguintes.

IJ As Constituições Simulais do Bispado do Funchal são muito claras a respeito da

obrigação do pagamento do dízimo, citando inclusivamente, na íntegra, as determinações que sobre este assunto foram tomadas no concílio de Trento.

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O R E G I M E N T O D O S A U D I T Ó R I O S E C L E S I Á S T I C O S D O B I S P A D O D O F U N C H A L 2 9 3

p elo fac to d e as C o n s titu iç õ e s d o B isp ad o do F unchal, p u b lic a d a s q u a tro a n o s an tes d o p re se n te R e g im e n to , c o n s a g ra re m o seu T ítu lo X X IV p re c isa m e n te à d e s c riç ã o d a s a c tu a ç õ e s d e q u em in c o rria no p ecad o d o sa crilé g io , a sa b er: a q u e le

"que na igreja, au adro. matar, ou p o ser fogo. ou quebrar sacrario, porta, parede, arca. ou fechadura p er força, ou delia (contra vontade daquelle que o car­ rego tiuer), p ello dito m odo algua cousa tomar, pague pelo sacrilégio dous m ar­ cos de prata (...). E bem assi qualquer pessoa ecclesiastica, ou secular que com perpesuasam < s ic ) diabólica p o ser m ãos violentas em clérigo de ordes m enores que p o r seu habito A tonsura p o r tal fo r conhecido, pague de pena de sacrilégio quinhentos reis. E se po ser mãos violetas em clérigos de ordes sacras, pague dous m il reis. E se as p o ser em sacerdote de missa, pague quatro m il reis" A e ste p ro ­ p ó sito d e te rm in a o R e g im e n to q u e q u em for ac u sa d o da p rá tic a d e ste tip o de in fra c ç ã o , d esd e que in c o rra em pena de e x c o m u n h ã o , d ev e rá d e p o s ita r em d in h e iro ou p en h o r, o v alo r d e d e / cru z a d o s ou m enos, an les d e se r a b so lv id o . A d ian ta, n o e n ta n to , o d o c u m e n to , in fo rm aç õ es a d ic io n a is para o c a so d o s c lé ri­ g os q u e “pozerem m aons violentas em outros e pedirem ao Julgador benefício de absolvição da excom unhão em que incorrerão" M situ aç ão q u e n ão se rá c o n te m ­ p lada. m e sm o q u e o s réu s se d êe m p o r c u lp ad o s, sem q u e p rim e iro se o u ç a m , no m áx im o , q u a tro te ste m u n h a s; se se c o n s id e ra r que a a b so lv iç ã o não p a ssa o b r i­ g a to ria m e n te p e lo P apa, se rã o a b s o lv id o s, d esd e q u e d ep o site m "caução de ouro ou prata pelo sacrilégio, segundo a qualidade do cazo for, sendo pessoas que o possão por. e depozitar" ". A n ec essid a d e d esta d isc rim in a ç ã o p a rtic u la r d o c a s o d o s c lé rig o s ta lv e / se p o ssa e x p lic a r pela o m issã o q u e a e s te re sp e ito , fazem as C o n s titu iç õ e s , q u e não in c lu em o sa crilé g io no T ítu lo X III. q u e tra ta "D a vida & honestidade dos C lérigos".

L ogo d e se g u id a, vêm as situ a ç õ e s de Injúria, q u e as C o n s titu iç õ e s S in o d ais d efin e m c o m o se n d o o a c to em q u e alg u ém acu sa um c lé rig o de lhe te r d ilo "más palavras & fe a s " , lhe te r “saltado pera o m atar" ou lhe te r fe ito “outro dano".

N este ca so . e ain d a se g u n d o o tex to d as C o n stitu iç õ e s, não se p o d erá a c e ita r q u e ­ rela. m a s p o d e r-se -á d a r p e tiç ã o ou lib elo , o que im p lica a a u d iç ã o d e te s te m u ­ nhas. O u v id a s e s ta s, e p ro v an d o -se q u e "foy tal a injuria Ivista a qualidade da pessoa, lugar. & tem po) que o agressor m erece ser preso, (o trib u n a l) o podera m a n d a r prender, a ssi a n tes da sentença fin a l, com o ao tem p o d e lia ".

S a lv a g u a rd a -se . ain d a, a p o ssib ilid a d e de a in júria ser c o m e tid a na p ró p ria a u d i­ ên c ia . situ a ç ã o em que o V igário G eral po d erá e d ev erá o p ta r p ela o rd em de p ri­ são im e d ia ta , d e te rm in a d a p e lo "pello desacatam ento da ju stiça "

’' Constituições Synodaes do Bispado do Eunchal. festas A ordenadas por Dom

leronymo Barreto, Bispo do dilo Bispado. Impressas em Lisboa cm 1585. p. 150.

14 Regimento dos Auditórios...fl. 17.

" Regimento dos Auditórios.... lis. 17-17v.

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2 9 4 C R I S T I N A T R I N D A D E / D U L C E M A N U E l . A T E I X E I R A

S o b re e ste assu n to , o R e g im e n to d o s A u d itó rio s, q u e só tra ta da in jú ria v er­ b al, situ a n d o -se , p o rtan to , num â m b ito m ais re strito q u e o c o n s id e ra d o no d o c u ­ m e n to an terio r, ree o m en d a , à se m elh an ça d a s C o n s titu iç õ e s , q u e o p ro c e sso se in ic ie po r u m a p etiçã o , à qual se se g u irá a a u s c u lta ç ã o d a s te ste m u n h a s, d e c la ­ ran d o , d e p o is, que se “fo rem injurias infames, p o d er se há proceder p o r p rizão a qual se poderá fa z e r assim antes da sentença, com o ao tem po delia". O d o c u ­ m en to re ssa lv a , no e n tan to , que “isto da injuria verbal se entenderá quando o Injuriante contra quem se intenta a acção de injuria f o r Ecclesiastico. E o m esm o será quando o Injuriante f o r leigo, e o Injuriado Ecclesiastico”. T u d o isto, p o rém , a p e n as o c o rre rá se a ju ris d iç ã o não e s tiv e r “prevenia 17 no Juízo se c u ­

lar, porque então nelle se dem andará a injuria, em enda e corregim ento". N o

c a so , co n tu d o , de te r o co rrid o sa crilé g io e e x c o m u n h ã o , “se procederá no Juizo Eclesiástico, conform e o direito e Nossas C onstituições”

D en tro , ain d a, d as ca u sas su m á rias q u e têm v in d o a ser e n u n c ia d a s, a p a re ­ ce m , em p e n ú ltim o lugar, as que se rep o rtam aos le ito s crim e s, os q u ais, neste co n te x to , nos p are ce deverem d iz e r re sp e ito ao s c h a m a d o s c a so s de fo ro m isto , ou seja, a um c o n ju n to de in fra cç õ es que p o d eria m se r ju lg a d a s p o r q u a lq u e r um d o s b raç o s d a ju s tiç a - o se cu la r ou o e c le siá s tic o , d e p e n d e n d o a o p ç ã o a p e n as de um c rité rio de p rec ed ên c ia : ju lg a v a o trib u n al q u e p rim e iro tiv e sse c o n h e c i­ m e n to d o caso . E stão nesta situ aç ão as q u e stõ e s q u e versem o b ra s p ia s, c o n c u b i­ nato, le n o cín io , in cesto , e n v e n en a m e n to , b la sfé m ia , u su ra e te sta m e n to s N este ca so , d e te rm in a o R eg im en to que, d ep o is de ap re se n ta d o o libelo, d ev e rá o ju iz m a n d á -lo ler em voz alta, ex c ep to se a q u e ix a fo r c o n tra um c lé rig o ou sobre crim e de h ere sia, situ aç õ es em que deve rese rv a r a le itu ra p ara si p ró p rio , a p ó s o q u e d a rá se g u im e n to ao ca so , “em termos ordinários, até sentença” *.

Em ú ltim o lugar, são m en cio n a d as as o c o rrê n c ia s q u e se d e re m em sede de v isitaç ão . A s v isitaç õ es, na sua v ertente de d ev assa, c o n s titu ía m um p ro c e sso de d e te c ç ã o d e in fra cç õ es p u b lic am en te d en u n c ia d a s ao V isitador, q u e a isso, sob p en a de e x c o m u n h ã o , exortava as p o p u la çõ e s das p a ró q u ia s v isitad a s. D este p ro ­ c e sso p ro sp e c tiv o resu ltav am d en ú n c ia s de c a so s de c u ra s su p e rstic io sa s, a u s ê n ­ cia s à c o n fissão , b la sfé m ia s e falsos ju ra m e n to s, faltas à m issa, tra b a lh o em dias sa n to s de g u ard a , faltas de resp e ito a su p e rio re s ou in fe rio re s, in c u m p rim e n to dos d ev e res c o n ju g a is, p atern ais e filiais, de c lé rig o s re la p so s d o d e se m p e n h o d as

Diz Raphael Bluteau que “prevenia” é “Termo Forense. Jurisdição é prevenia na

tomadia das cousas defesas que se levão para fora do Reino. Também ha jurisdição pre­

venia nos casos Mixti fori e sobre o cumprimento entre os Prelados e Provisores dos Reziduos". Raphael Bluteau. Vocabulário Portuguez e Latino, Collegio das Artes da Companhia de Jesu. Coimbra. 1712.

" Regimento dos Auditórios.... fl. 17v.

" Ver. sobre este assunto. António Manuel Hespanha. História de Portugal Moderno, político e institucional, Universidade Aberta. Lisboa. 1995. nota 25, p. 152.

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O R E G I M E N T O D O S A U D I T Ó R I O S E C L E S I Á S T I C O S D O B I S P A D O D O E U N C H A L 2 9 5

su a s fu n çõ e s, ro g a r p rag a s, a n d a r p u b lic a m e n te d e sav in d o c o m a lg u é m , a d u lté ­ rio, co n c u b in a to , e m b ria g u e s , p ro stitu içã o , lib e rtin ag e m , in c esto , p rá tic a de jo g o s d e a /a r . u su ra e m á -lín g u a , para só falar dos m ais co m u n s.

N estas situ a ç õ e s, re c o m e n d a -se q u e não se revelem os n o m es d as te s te m u ­ nhas. a fim de e v ita r o s "odios que os culpados concebem contra ellas e assim am eaças", p o is d iss o p o d e ria m re su lta r não se fazerem as re fe rid a s d e n ú n c ia s e ficarem o s c rim e s "sem castigo e em enda" '. Para q u e isto n ão a c o n te c e sse , o E scrivão d e v e ria fa z e r u m a lista na qual o s n o m es d as te ste m u n h a s se d ev e riam m istu ra r co m o u tro s n o m e s, a p ó s o q u e o c u lp ad o se ria a u to riz a d o a a p re se n ta r c o n tra d ita s, se assim o en ten d e sse .

O d o c u m e n to p ro sse g u e c o m a d e s c riç ã o d o s c a rg o s c d as fu n ç õ e s que d ese m p e n h a m o s d iv e rso s in te rv e n ie n te s no tribunal e c le siá s tic o , c o m e ç a n d o pelo d o s O u v id o re s, em n ú m e ro de q u atro , a resp e ito d o s q u ais se diz terem de ser n o m e ad o s “p o r este B ispado ser de Ilhas e partes remotas, (com o h é Arguim ),

das quaes em alguns tem pos senão pode N avegar (sic). e em outros se não

navega senão com difficuldade. e esta Ilha iam fragoza. que a m avor parte senão anda p o r terra, sem m uito trabalho e perigo, e todo o serv iço das Villas. e lu g a ­ res delia, para esta cidade hé po r mar. e p o r este respeitoso difficultozo o accesso a nosso Vigário G e r a r 22.

A estes O u v id o res, cu ja ju risd iç ã o se exercia, co n fo rm e an terio rm en te refe­ rido. em A rguim . P orto S anto. M ach ico e C alh eta co m p etia velar pela ex e cu ç ão de todos os te sta m en to s, obras pias c legados, capelas, co n frarias, h o sp itais, a lb e r­ garias. gafarias e o u tro s lugares pios que não se enco n trassem d irec tam en te d e p e n ­ dentes da ad m in istra çã o régia. Para além disto, deviam ad m in istra r "a justiça as partes, ouvindo, julgando e determ inando as cauzas E cdesiasticas conform e a direito, C onstituiçoens E piscopaes e seus regimentos, nos lugares som ente de suas O uvidorias" :\ R e fe re-se, ain d a, a im p o ssib ilid ad e de serem su b stitu íd o s po r o u trem , a m e n o s q u e para isso ex p re ssa m e n te lhes fosse c o n c e d id a a u to riz a ­ ção . a c re sc e n ta n d o -se a p o ssib ilid a d e da a p e la çã o d as su a s se n te n ç a s p ara o B isp o ou para o V ig ário G e ra l, "lendo para ello m otivo e razão "

11 Ihident, fls. I8-I8v. ” Ibidem. íl. I8v.

’’ A razão para a criação dc Ouvidoria da Calheta poderá explicar-sc pela sobre­ carga do número de fogos que já pesavam sobre o Funchal - 2420 - , c sobre a Ouvidoria de Machico, com 1650. A Ouvidoria da Calheta, cuja jurisdição abrange a Vila e o seu termo c as freguesias de Porto Moniz c Scixal (ver Anexos. Documento I) ficava assim encarregada dc 690 fogos. Para obtenção destes dados demográficos, socorremo-nos de um Quadro sobre "A distribuição do população do Arquipélago da Madeira em 15V0 da autoria de Jost‘ Manuel Azevedo e Silva, in A Madeira e a Construção do Mundo Atlântico

(séculos XV-XVll). Colecção Memórias. Ed. C.E.H.A.. S.R.T.C.. Funchal. 1995. p. 661.

í4 Regimento dos Auditórios..., fl. 19.

14 Ibidem. II. 19. No arquipélago dos Açores, e pelas mesmas razões de dispersão geográfica e dificuldades dc comunicação, também se nomearam ouvidores que eram

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2 9 6 C R I S T I N A T R I N D A D t i / D U L C E M A N U E L A T E I X E I R A

O p asso se g u in te é o da d escriçã o e s p e c ífic a d as a trib u iç õ e s d o s O u v id o re s, cu ja ju ris d iç ã o se vê d im in u íd a d as p eriferia s p ara o c e n tro , c o m p e n sa n d o -s e , d e ste m o d o , as d ific u ld a d e s q u e a d istâ n c ia im p u n h a à c e le rid a d e d o s p ro c e sso s. E x em p lifica n d o , p o d em o s c o n sta ta r q u e ao O u v id o r d e A rg u im c o m p e tia c o n h e ­ c e r “iodas as cauzas Eccleziasticas eiveis, e crim es", bem co m o re so lv ê -la s “conform e a direito e nossas Constituiçoens" *; j á ao d o P o rto S an to in c u m b ia m

“todas a s c a u z a s de que conhece o de Arguim, excepto das Beneficiais.

M atrim oniaes de prezente, e decim ais"J1; os de M a ch ic o e C a lh e ta , p o r seu tu rn o , v iam a su a e s fe ra de ac çã o lim itad a aos “feito s, ou cauzas eiveis, que não p a ssa ­ rem de m il reis"

N o p ro sse g u im e n to d a d e sc riç ã o d as a trib u iç õ e s dos O u v id o re s, e n c o n tra -se um c a p ítu lo so b re a sp ec to s a q u e to d o s eles tinham o b rig a ç ã o de aten d er, o n d e se re c o m e n d a d ilig ê n c ia no c u m p rim e n to d as C o n s titu iç õ e s e m a n d a d o s d o s V isitad o res, P ro v iso r e V igário G eral, p a rtic u la rm e n te no que to c a às in q u iriç õ e s re sp e ita n te s ao s ca n d id a to s ao e stad o c le ric a l, para q u e n ão se a d m ita a e la s “o incapaz, ou indigno” 29.

P assa-se. d ep o is, à e n u m eraç ão d os a u x ilia re s da a c ç ã o d o O u v id o r, c o rp o de q u e d ev e rão fazer p arte um R eceb ed o r, in c u m b id o d e re c e b e r a c h a n c e la ria , os d ire ito s e p isc o p a is e as co n d e n aç õ es p ara o b ra s pias, e as d e sp e sa s d a ju s tiç a ; um E scrivão do R eg isto , en c a rre g a d o de a n o ta r em liv ro s p ró p rio s o q u e for rec e b id o p ela c h a n c e la ria e o q u e se d e stin a r a o b ra s p ia s e d e s p e sa s da ju s tiç a ; um M e irin h o p e d â n eo q u e d esem p e n h ará, ta m b ém , o ca rg o de P ro c u ra d o r d os R e síd u o s, ao qu al está, ainda, atrib u íd o um E scrivão, te n d o am b o s as su a s fu n ­ çõ e s d e s c rita s nu m a ca rta d ad a pelo B ispo. A e ste c o n ju n to d e c o la b o ra d o re s vem ju n ta r-se , no ca so e sp e c ífic o do P o rto S an to , um P orteiro .

U m a o u tra p reo c u p açã o em erg en te do te x to d o d o c u m e n to p ren d e -se co m a p o ssib ilid a d e d e alg u n s d o s in te rv en ie n tes no p ro c e sso te re m d ú v id a s a resp e ito d a id o n e id a d e do Ju lg a d o r, ou de o u tro s m a g istra d o s, o q u e se p ro c u ra sa lv a ­ g u a rd a r p ro p o n d o qu e. em tais c irc u n stâ n c ia s, se a p re se n te m o s m o tiv o s por e s c rito até à p rim e ira a u d iên c ia do ca so , altu ra em q u e se a v e rig u ará d a p ro c e ­ d ê n c ia , ou não, d a su sp e ita e se ag irá, en tão , de a c o rd o co m o q u e fo r ap u rad o .

P revendo, no en tan to , que a ap re se n ta ç ã o da su sp e ita p o ssa te r co m o o b je c ­ tivo o a tra sa r d o p ro ce sso , ex ig e-se d e p ó sito de u m a c a u ç ã o de d ez cru z a d o s, p ag o s ao E scrivão, no ca so de o visado se r o P ro v iso r, o V ig ário G eral ou o

dois, no tempo do governo do mestrado da Ordem de Cristo, sendo em 1560, já em número de dez. tendo passado a dezassete e dezanove, no século XIX, em virtude do crescimento demográfico. Ver Fernanda Enes, Entruda "Angra do Heroísmo", in Dicionário de História Religiosa de Portugal.

* Regimento dos Auditórios..., fl. 19. r Ihidem. fl. 19 v.

" Ihidem. fls. 20-20 v. ” Ihidem. fl. 21 v.

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V isitador, e d e m il reis ou m en o s, no ca so de serem e le m e n to s m e n o re s d a h ie ­ rarq u ia. Se a d ú v id a se p ro v asse , o d in h e iro seria d ev o lv id o ao q u e ix o so ; ca so c o n trá rio , o m e sm o p e rd e ria o d e p ó s ito , d o is te rç o s d o qu al re v e rte ria m para o b ras d a ju s tiç a , e o resta n te terço , para os p o b res d o A ljube.

E x ce p tu a -se , po rém , d e ste p a g a m e n to aq u e le q u e fo r tão p o b re q u e n ão o p o ssa cu m p rir, in te g ra lm e n te ou em parte.

O s p o n to s se g u in te s do R e g im e n to tratam do q u e p e rte n c e ao s o fício s de P rom otor, M e irin h o , S o licitad o r, C o n tad o r, D istrib u id o r e In q u irid o r, A lju b e iro e P o rteiro , ou seja, no fu n d o , a to d o s os elem e n to s que co n stitu e m o c o rp o d o s fu n ­ c io n á rio s do A u d itó rio .

P rin c ip ia n d o p elo P ro m o to r 30, d ele se d iz q u e “terá o prim eiro lugar e assento na Audiência, e fu lla rá prim eiro que os outros A dvogados” , a c re s c e n ­ ta n d o -se q u e dev e se r “m uito sollicito, e deligente em requerer todos os fe ito s da justiça, principalm ente os do R eziduo", pois n estes ca so s os a tra so s d o s te sta ­

m e n teiro s po d em p ô r em p e rig o as “alm as dos fie is C hristãos que aguardão p elo cum prim ento das obras p ia s de seus testam entos'' M. O não c u m p rim e n to d e sta s d e te rm in a ç õ e s rev e ste -se de u m a g rav id a d e pro g ressiv a, te n d o em c o n ta a r e in c i­ d ên c ia . p o d e n d o , in c lu siv a m e n te , ch e g a r à perd a da fu n çã o p a ra se m p re , se a re p e tiç ã o d o d e s c u id o se d e r p ela te rc e ira vez.

O P ro m o to r não p o d eria , n u n ca , a g ir em ca so s em que h o u v esse s u sp e ita de os im p lic a d o s se re m in im ig o s, p o is isso p o d eria d ar azo a q u e a q u e ix a tiv esse c o m o fu n d a m e n to um a v in g a n ça , o que a to rn a ria in a ce itá v el; se assim o fizesse, seria a fa sta d o p elo s su p e rio re s h ie rá rq u ic o s, m esm o que não so u b e sse d a in im i­ zade e n tre as p a rte s, u m a vez q u e à p artid a teria de te r esse a s su n to e s c la re c id o . N o ca so de e s ta r c ie n te d a in im iza d e e. m esm o assim , p ro c e d e r ao ju lg a m e n to , se ria c o n d e n a d o à re p o siç ã o d a verd ad e e às cu stas d o p ro ce sso . O a u to r da d e n ú n c ia in fu n d a d a , se ria , p o r su a vez, o b je c to d as p e n a liz a ç õ e s qu e, na situ a ç ã o an terio r, re c a ía m so b re o m a g istrad o .

O u tra d as suas a trib u iç õ e s p ren d e -se com a a v e rig u aç ão d o sa lá rio do E scriv ã o e dos re sta n te s o fic ia is do tribunal n , pois, no ca so d e se p ro v ar q u e este s rec eb em ac im a d o ta b e la d o , dev erá a c u sá -lo s p era n te o Ju lg a d o r, m e sm o "que

w Dos Promotores dos tribunais eclesiásticos diz Bernardino Carneiro ter o cargo sido instituído por D. Afonso IV, em 1352, altura em que se chamavam premovedores da justiça. Acrescenta ainda que são de nomeação do bispo, e, segundo o Regimento do Auditório de Coimbra,o Promotor deve ser pessoa "muito sollicita e diligente, para saber espertar e adegar as causas e razões mais consentâneas ao lume da justiça e á inteira conservação d'ella. Todavia os bispos não devem exigir só isso. Que também conheçam direito para não depender de acessor letrado".Bernardino Carneiro, ibidem,p. 401.

" Regimento do Auditório...,fis. 23 v. e 24.

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2 9 8 C R I S T I N A T R I N D A D E / D U L C E M A N U E L A T E I X E I R A

não tenha inform ação assignada" ' \ após o q u e os im p lic a d o s se rã o c o n d e n a d o s de a c o rd o com o que fo r ju sto . P ode, ain d a, a c o n te c e r q u e se ja o p ró p rio P ro m o to r a e x o rb ita r no v en cim en to ; se fo r essa a situ aç ão , deve d ev o lv er tud o , e se rá su sp e n so d o o fício d u ran te seis m eses. N esta c irc u n stâ n c ia p articu la r, q u a l­ q u e r p esso a pode a c u sa r e ste m agistrado.

P assa -se, d ep o is, para a c a ra c te riz a ç ã o do o fíc io d e M e irin h o M. a q u em co m p e te e fe c tu a r p risõ es a m ando d o Ju lg a d o r, não p o d e n d o , em c irc u n stâ n c ia alg u m a, d e ix a r q u e se p resu m a ter h avido n e g lig ê n c ia d a su a p arte na e v e n tu a l fuga. ou pior. c o n iv ên c ia, na lib e rtaç ão do p risio n e iro . A v erific ar-se e s te ú ltim o c a so , se ria p e n a liz a d o com a p erd a d efin itiv a d a fu n ção . U m a o u tra d a s c a r a c te ­ rístic a s do seu o fíc io é a q u e lhe in terd ita o e fe c tu a r u m a p risã o sem lic en ç a d o Ju iz , a n ão ser q u e su rp re en d a o c u lp ad o em flag ran te d e lito , ou qu e, te n d o o c o n ­ d e n a d o sid o d eg re d ad o , se ja en c o n tra d o fo ra d o sítio o n d e d e v e ria c u m p rir pena, ou, ain d a, no ca so d e se r “requerido p o r qualquer pessoa com algum arruído" ” , Km tais c irc u n stâ n c ia s, d ev erá a p re se n ta r estas p e sso a s ao Ju lg a d o r, e a g ir de a c o rd o co m o q u e e ste ordenar. Se assim não p ro ced er, será su sp e n so p o r um ano, d e v e n d o , ain d a, in d e m n iz ar o in ju riad o , se o m e sm o o exigir.

A p ro p ó sito da le g itim id ad e d a a c ç ã o d o M e irin h o , re ssa lv a -se a im p o s sib i­ lid ad e de e n tra r em ca sa de alg u m clérig o , para a í e fe c tu a r bu sca, sem m a n d ato e s p e c ia l, o q u e im p lic a rá s u s p e n s ã o d a s s u a s a c tiv id a d e s p o r um an o . P ro c e d im e n to c o n trá rio é esp e ra d o do M e irin h o que sa ib a q u e alg u m c lé rig o ou b e n e fic ia d o ten h a, n o to ria m en te , em su a ca sa , m a n ce b as, e n ão aja, p o is. e n tão , se rá su sp e n so p or seis m eses, p ela p rim e ira vez, p o r um ano, p ela se g u n d a, e d e fi­ n itiv am e n te , p ela te rc eira . O m esm o se ap lic a se o M e irin h o não a g ir cm re la ç ã o a q u a lq u e r c o n d u ta p ú b lic a d o s c lé rig o s c o n trá ria a o d e te rm in a d o p e la s C o n stitu iç õ e s. E stã o -lh e. ain d a, p ro ib id o s o a c e ita r q u a lq u e r c o isa de alg u m c lé ­ rigo, ain d a que d ad a de livre vontade, in c o rre n d o , p o r e s te m otivo, na p erd a do o fíc io e no p ag a m e n to do d o b ro do q u e q u e r q u e te n h a rec e b id o , assim c o m o a d iv u lg a ç ã o de in fo rm aç õ es sobre p ro ce sso s em cu rso .

O M eirinho deveria estar presente nas audiências para tratar dos assuntos necessários, sob pena do pagam ento de um a m ulta no valor de um tostão para os presos d o A ljube. N o tocante aos seus honorários, é estip u lad o o seguinte: para cada prisão efectuada na cidade e arredores, receberá cem réis; d o term o até um a légua.

Regimento dos Auditórios..., 11. 24 v.

M A regulamentação das funções do Meirinho foi. posteriormente, objecto de melhor análise, tendo-lhe sido dedicado um documento autónomo, em data imprecisa, mas no decurso do século XVII. Esse mesmo documento pode ser consultado em anexo, no presente trabalho. Ver Anexo, documento II.

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d u ze n to s réis; até duas léguas trezentos réis, e esta p roporção deverá m anter-se. à m ed id a q u e au m e n ta a d istâ n c ia . Sc. en tre ta n to , o V igário G e ra l o m a n d a r p re n ­ d e r alg u ém na o u v id o ria de M a ch ic o . rec eb erá q u in h e n to s réis; se for na C a lh e ta , s e te c e n to s réis. P õ e-se, a in d a, a q u e stã o da rem u n e ra ç ã o d os M e irin h o s p ed â - neos, q u e a u fe rirã o cem réis po r p risão que fizerem nas v ilas ou a rre d o re s; se n d o a p risão e fe c tu a d a n os lim ite s da o u v id o ria , um cru z ad o , d im in u in d o e ste valor, de a c o rd o co m c rité rio s e s tip u la d o s p elo O u vidor, à m ed id a q u e a d istâ n c ia se e n c u rta. Q u a lq u e r ab u so p o r p arte d o M eirin h o , no to c an te ao p a g a m e n to d e v id o , se rá c a stig a d o co m su sp e n sã o p o r uin an o . bem co m o co m a d e v o lu ç ã o em d o b ro d o rec eb id o .

N o q u e d iz re sp e ito ao ca rg o de S o licitad o r, in c u m b e-lh e a v e rific a ç ã o dos livros d as v isita ç õ e s ao s q u ais tem acesso o b rig a tó rio , até um p raz o a n te rio r m á x im o de três a n o s, in c o rre n d o a q u e le que lho n egar em pen a de p risã o . C a so o p re v a ric a d o r não se ja p assív el d e tal p u n ição , será c a stig a d o c o m o for ju stiç a . P ara to d o s o s e fe ito s, p o rém , c o m p e te ao S o lic ita d o r a rre c a d a r as p en a s da C h a n c e la ria , para o s re sp e ctiv o s c o fre s, bem co m o as d as o b ra s p ias e d a ju s tiç a , q u e d ev e rão se r e n tre g u e s ao R e c e b e d o r resp ectiv o . E stes p ro c e d im e n to s ficam re g ista d o s n o liv ro d a v isita ç ã o , a fim de se e v ita r um a e v e n tu a l d u p lic a ç ã o d o p ag a m e n to . N ão p ro c e d e n d o d e ste m odo, fica su sp e n so p o r seis m e ses, se n d o o b rig a d o a re p o r em d o b ro tu d o o que n ão en tre g o u ao R ecebedor.

O u tra d a s fu n ç õ e s do S o lic ita d o r é a de a c e ita r d e n ú n c ia s d e sa c rilé g io , as q u a is te rã o , no e n ta n to , de se r en tre g u e s p or e s c rito e a ssin a d a s p elo d e n u n c ia n te ; ca so o m a g istra d o reso lv a p ro sse g u ir com a d em an d a , m as não ten h a a in fo rm a ­ ç ã o d e v id a m e n te a s sin a d a e co m te ste m u n h as, será c o n d e n a d o nas c u s ta s d o p ro ­ c e sso . d e sd e q u e o m e sm o n ão tiq u e provado.

Ein c a s o d e a u s ê n c ia d o S o licitad o r, d esd e que "em s e n iç o da ju stiç a potlerú p e r si d eixar outro, que seu officio sirva, o qual o Julgador deixará, e ouvilohá, dando-lhe tanta f é e credito, com o daria ao proprio solicitador" “ .

À se m e lh a n ç a d o q u e se p a ssa co m o M e irin h o , ta m b ém o S o lic ita d o r dev e g u a rd a r se g re d o so b re as c a u sa s, não p o d en d o , ig u a lm e n te, re c e b e r n ad a d e n in ­ gu ém . a in d a q u e o não ten h a p ed id o ; ca so c o n trá rio , perd e o o fíc io c p ag a em d o b ro o q u e tiv e r re c e b id o a favor de qu em o acusar, que, no c a so v erte n te, ta n to pode se r o P ro m o to r c o m o q u a lq u e r ou tra pessoa.

O S o lic ita d o r c o b ra rá p o r c a d a te rm o q u e abrir, até um m á x im o d e c in ­ q u e n ta . seis réis p o r u n id a d e ; em c irc u n stâ n c ia alg u m a p o d erá a u fe rir m a is d o q u e tre z e n to s réis. S e o c rim e for de sa crilé g io , o m a g istra d o re c e b e rá a q u a rta p arte d o q u e for ju lg a d o .

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3(X) t ' R I S T I N A T R I N D A D E / D U L C E M A N U E L A T E I X E I R A

A o C o n ta d o r p e rte n ce d e te rm in a r as c u s ta s d o s p ro c e sso s, para o q u e te rá em c o n s id e ra rã o o e s tip u la d o nas O rd e n aç õ es d o R e in o ", c u jo re g im e n to será o b rig a d o a ler. bem co m o o p resc rito na lei d o a c re sc e n ta m e n to d o s sa lá rio s ” , Em to d as as o u tra s situ aç õ es, m esm o nos c a so s de re síd u o s, a g irá de a c o rd o co m o que d e c id ir o Julgador.

S em p re q u e h o u v er q u eix as de e rro s nas co n ta s, os a g ra v ad o s d ev em re q u e ­ rer c o rre c ç ã o ao C h a n ce ler, o u . na a u sê n c ia d e ste , ao Ju lg a d o r. A ssim q u e o J u lg a d o r o rd e n a r q u e se façam as c o n tas de q u a lq u e r p ro c e sso , o E scriv ã o d ev e rá e n v iá -la s im e d ia ta m e n te , ou atê ao d ia se g u in te ao C o n ta d o r, so b p en a d e s u s ­ p en são p o r um m ês. E ste, p or sua vez. não p o d erá rete r as d ita s c o n ta s m ais que três d ia s. a n ão se r q u e o ca so seja de m o ld e a n e c e s sita r d e um m a io r p e río d o de te m p o , situ a ç ã o q u e te rá de ser a p re cia d a pelo Ju lg a d o r, a q u em c o m p e te d ila ta r o p raz o , se assim o entender.

N o ca so p artic u la r do E scrivão, do seu v en c im e n to d e v e rã o se r d e sc o n ta d o s o s q u a re n ta rêis que as partes já lhe d era m no in íc io d o p ro ce sso .

O D istrib u id o r é a p esso a in c u m b id a de d iv id ir o se rv iç o p e lo s E scriv ães, es ta n d o o b rig a d o a re g ista r essa d istrib u iç ã o num liv ro , a s sin a d o p elo Ju lg a d o r e c o m fo lh as n u m e ra d as, d ev e n d o p u b lic ita r e ssa a trib u iç ã o co m um a a n te c e d ê n c ia de q u in z e d ia s. Em n en h u m a c irc u n stâ n c ia p o d e rã o o s E sc riv ã e s te r a c e sso ao re fe rid o livro. N a au sê n c ia do D istribuidor, o liv ro fica rá à g u ard a da p esso a que o J u lg a d o r d ec id ir, a qu al não po d erá ser. co m o j á re fe rid o , n en h u m d o s E scrivães. Q u an d o estes tiverem d ú v id a s so b re o se rv iç o d istrib u íd o , o ca so será a p re se n ta d o a o Ju lg a d o r, q u e so b re ele d e c id irá , o u v id o o E scriv ã o m ais antigo.

D esde q u e q u a lq u e r q u eix a ou e sc ritu ra ven h a a trib u n al sem que as p arte s ou seus p ro c u ra d o re s req u e ira m a d istrib u iç ã o , e s ta n ão se e fe c tu a rá , a in d a que alg u m E scriv ã o e ste ja in te ressa d o no se rv iç o , p o d e n d o , até, o fe re c e r-se para o pagar. O su m á rio de te ste m u n h as num ca so d e se v ícias re q u e rid o p elo Ju lg a d o r p ode se r feito po r q u a lq u e r E scrivão q u e a parte e sco lh e r, n ão n e c e ssita n d o d e ser d istrib u íd o ; no e n ta n to , d e p o is q u e a m u lh e r e s te ja p o sta cm lu g a r se g u ro para p o d e r re q u e re r ju stiç a , en tão , se d istrib u irá a q u em pertencer.

” Ver Ordenações Filipinas, Livro I, Título XCI. p. 223.

“ A questão da lei do acrescentamento dos salários prende-se, de facto, com a Lei dc 27 de Julho de 1582, promulgada por Filipe I. sob o tílulo de Regimento Novo dos Desembargadores do Paço. Esta lei. para além de reorganizar o funcionamento daquele tribunal, fixa novos montantes como remuneração dos cargos dos diversos intervenientes. E a esta parte específica do corpo legislativo, contida entre os parágTafos 117 e 123. que se reporta a referência a “acrescentamento de salários''. Dc notar, ainda, que apesar de estar em vigor desde a datu da sua promulgação, a lei é incluída nas Ordenações Filipinas, publicadas em 1595. no seu Livro I.

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O R E G I M E N T O D O S A U D I T Ó R I O S E C L E S l Á S T t C O S D O B I S P A D O D O F U N C H A L 3 0 1

O D istrib u id o r se rá p ag o de a c o rd o co m o que se m p re se u sou n e ste s c a so s, o q u e, d e a c o rd o c o m a j á re fe rid a lei do a c re sc e n ta m e n to d o s sa lá rio s, se c ifrav a no m o n ta n te de seis réis p o r c a d a d istrib u içã o .

O A ljubeiro * é o funcionário encarregado de “aprizoar os prezos segundo os seus malefícios, e qualidades das pessoas" 40 e verificar, duas vezes pior dia, se se m antêm encarcerados ou se tinham tentado a fuga, o que im plica serem d enunciados ao Julgador. O m esm o procedim ento se deve adoptar se “algum prezo hé soberbo,

deshonesto, ou hrigozo, em tal maneira, que o Aljube receba algum perigo" 41.

À su a re sp o n sa b ilid a d e está, ain d a, o im p ed ir que no a lju b e se co m e ta m m a lefíc io s ta is c o m o “ju g a r cartas, ou dados a dinheiro seco ou arenegar (sic).

e outros q u a e sq u e r, nem que os prezos, ou alguns outros hom ens de fo r a durm ão na prizjão com as M olheres alti prezas. E dorm indo o Aljubeiro com algua delias, ou consintindo a outro, que com ella durma, não sendo seu M arido, esse m esm o fe ito perca o Officio, e seja degradado para a Ilha de São Thomé p o r dez annos. E sendo ella caz.ada, para sem pre" 4;. P ena idên tica, de d eg re d o para to d a a vida na m esm a ilha, so fre ria o A lju b e iro se te n tasse forçar um a p risio n e ira a d o rm ir c o m e le . m e sm o não o c o n seg u in d o .

N ão p o d erá , ig u a lm e n te , re c e b e r su b o rn o s, q u e r do p ró p rio p risio n e iro , q u e r d e in te rp o sta p esso a, p ara o d e ix a r an d a r à so lta, ou d im in u ir-lh e o te m p o de e n c a rc e ra m e n to , o q u e lhe a c a rre ta ria a perd a d o ofício. Se o d e ix a r sa ir d a p ri­ são, de d ia ou de n o ite, o u o d e ix a r an d a r sem le rro s, o A lju b e iro in c o rre e m pen a d e p risã o e p ag a m e n to de d o is m il réis. S e. p o r m a n ifesta c u lp a do g u ard a , o p reso fu g ir, o re fe rid o g u a rd a deve c u m p rir a pena a que o p re so e sta v a o b rig a d o e in d e m n iz a r as p esso as le sad a s p ela fuga. M esm o q u e o A lju b e iro tiv e sse sid o su b stitu íd o a seu p ed id o na a ltu ra em que se deu a fuga. in c o rre ria na m e sm a p en a, b em c o m o a q u e le que e stav a no seu lugar.

” O Aljube é a prisão eclesiástica, à qual deveriam ser remetidos os indivíduos fei­ tos prisioneiros no seguimento de processos do foro religioso. Na diocese do Funchal, situava-se no edifício da Sé e a sua existência é muito mais antiga do que a de instituições semelhantes em dioceses do Continente. Veja-se o que a este propósito diz Fortunato de Almeida, quando refere, como um dos auxílios prestados pelo braço secular ao eclesiás­ tico. a cedência de instalações prisionais civis para recolher presos da Igreja. É o que se passa em Portalegre, em 1645, onde o cabido foi autorizado a continuar a utilizar a cadeia secular para os seus prisioneiros, "por não ter aljube próprio", ou o que acontece em Faro, em 1662, data em que ainda se pede licença para a construção de um aljube. Fortunato de Almeida. Ibidem, Vol. II, p. 233. Por outro lado. e também a este respeito diz Bernardino Carneiro (ibidem. p. 403) que uma Carta Régia de I de Agosto de 1617 "eneommendara aos prelados do reino a fundação de aljubes".

40 Regimento dos Auditórios..., fl. 29 v. 41 Ibidem. n. 29 v.

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3 0 2 C R I S T I N A T R I N D A D E / D U L C E M A N U E L A T E I X E I R A

O s prisioneiros têm de obedecer em tudo ao guarda; quem . so licitado três vezes, não acatar as suas ordens e lhe resistir, poderá ser obrigado, ainda que “com offensa

de sua pessoa, com tanto que guarde a temperança que no cazo deve ter" **.

S e o p re so for c lé rig o ou de c o n d içã o so cial rela tiv a m e n te e lev a d a - b e n e fi­ c iad o , v assalo , “M estre de Nao de Castello davante" 44 - e q u is e r c irc u la r d e n tro d o A lju b e, co m ferro s, e d esd e que a q u alid a d e d o seu c rim e se ja c o m p atív el co m e sta b en e sse , p o d ê -lo -á fazer, na c o n d içã o de p ag a r c e n to c q u a re n ta réis. O s re s­ ta n tes p ag a rão a p e n as cem réis.

Sc a c o n te c e r que alg u ém seja feito p risio n e iro p o r e n g a n o , ou sem m a n d a to ju d ic ia l, ou, ain d a, q u e an tes de ser en c a rc e ra d o , v en h a o rd e m p ara q u e se lib e rte, o A lju b e iro n ão p o d erá fazer p ag a r ca rcerag e m .

O P o rte iro d as a u d iên c ias exerce as suas fu n çõ e s, q u e c o n siste m em e n tre ­ g a r cita ç õ e s e em tra z e r as partes às au d iên c ias, d e n tro d a c id a d e e até um a légua ao redor. D ep e n d en d o da d istâ n c ia , rec eb erá p ag a m e n to s d iv e rso s que vão d esde os v in te réis a q u e terá d ire ito se ag ir d e n tro d a c id a d e , p a ssa n d o p elo s c in q u e n ta réis q u e a u fe rirá nos arrab a ld es, c h e g an d o ao s cem réis se a c tu a r até u m a légua. S en d o as c ita ç õ e s rela tiv a s a resíd u o s, d ito s g ra n d e s no ca so de o v alo r im p lica d o ser su p e rio r a cem mil réis, rec eb erá o ite n ta ; d o s de v alo r in ferio r, q u a re n ta réis. A co n te c e n d o q u e ten h a de fazer até três d ilig ê n c ia s sem e n c o n tra r o s q u e deve c itar, não te rá d ire ito a nenhum p ag a m e n to e x tra , lim ita n d o -se a re c e b e r o re s­ p ectiv o sa lá rio ; se a p esso a a c ita r for clérig o , n ão re c e b e rá n ad a, c o rre n d o o risco de p e rd e r o o fíc io para sem p re, se fizer o co n trário .

A estru tu ra ju d ic ia l ag o ra m ontada v o lta a ser re fe rid a num re la tó rio de v isita

“ad Lim ina” , de 1693, da au to ria do bispo Frei Jo sé de S an ta M aria que, d ep o is de a p re se n ta r as razõ es que o im pediam de se d e slo c a r p e sso alm en te , ou através de rep rese n tan te, a R om a - “serem as rendas m uito ténues e haverem grandes perigos de m ar e corsários” 45 - e d entro d e um a longa d isse rta ç ã o so b re as p re ­ c á rias co n d iç õ e s ec o n ó m icas da diocese, descrev e a e stru tu ra fu ncional dessa m esm a d io c ese , a p re sen ta n d o um co n ju n to de carg o s q u e o co a d ju v a m no tra ta ­ m ento das ca u sas e sp iritu ais e tem porais, qu e, no essen c ial não d ifere d a estru tu ra inicial. A ssim , d iz o B isp o que “Tem este Bispado hum Provisor, que conhece das

** Ihidem. fl. 31.

44 O "Mestre de Nao de Castello davante" deve correspoder ao comandante de um barco de uma certa dimensão, uma vez que nas Ordenações Filipinas se dá como equiva­ lente, em termos sociais, o de "Scudeiro” ou comandante de uin "navio de carrega de oitenta tonéis". Ver Ordenações Filipinas, Livro I, p. 79.

41 AIIDF. Relatório do Bispo do Funchal sobre o estado da Diocese enviado ao Papa na visita "ad Limina” fis. n. ns. Este documento encontra-se. também, microfilmado in ARVI, Mf. 670.

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O R E G I M E N T O D O S A U D I T Ó R I O S E C L E S I Á S T I C O S D O B I S P A D O D O F U N C H A L 3 0 3

causas espirituais, que tem de renda em dinheiro som ente Z i ducados de Câmara. Tem m ais um Vigário geral para as causas tem porais que tem de

renda em d inheiro i Z duca d o s de Câm ara: assim m ais há 6 no tá rio s

A p o stó lico s 5 escrivães do auditório aonde entra hum escrivão da Câm ara

E piscopal que tem de renda em dinheiro 5 ducados; há hum promotor, hum d is ­ tribuidor, e um a lju h e iro " . 47

44 Por nolário apostólico deve entender-se aquele "que em cada diocese estava autorizado a lavrar termos em matéria eclesiástica, ou a expedir para Roma os pedidos das dispensas matrimoniais", segundo Entrada “Notário" in Grande Dicionário da Língua

Portuguesa. Coordenação de José Pedro Machado, Publicações Alfa. Lisboa. 1991.

47 Relatório do Bispo do Funchal sobre o estado da Diocese enviado ao Papa na visita “ad Limina", fl. n. n. Os sublinhados encontram-se no original.

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3 0 4 C R I S T I N A T R I N D A D E / D U L C E M A N U E L A T E I X E I R A

D O C U M ENTO 1

C ertidão de 1773 sobre o REG IM ENTO DOS AUDITÓRIOS EC L E SIÁ ST IC O S DO BISPADO (1589)

ARM . AHDF. 68. fls. 8-31 v. M icrofilm e 685

Livro do Regim ento e Estylos deste A uditorio E cleziastico do Funchal e dos m ais do Bispado, ora novam ente dado c ordenado do S enhor Bispo D. Luis de Figueiredo de Lem os

D. Luis de F igueiredo de Lemos, por m ercê de D eus e da Santa Igreja de Roma. Bispo do Funchal e Arguim e do C onselho de Sua M agestade.

Fazem os saber que com o hua das principaes obrigaçoens de Nosso Pastoral O fficio seja só bom governo e adm inistração da ju stiça : Tanto que no dito Bispado sucedem os iralam os de ver e saber as faltas que nisso havia: e acham os que por d e s­ cargo de nossa consciência, e bem da justiça e jurisdição ecleziastica devíam os de prover com alguns O uvidores e M inistros dela com o de feito provem os e ordenám os que alêm de nosso Vigário Geral e seus officiaes. hajam quatro O uvidores com seus M inistros necessários: hum em Arguim e lugares a elle sujeitos: outro na Ilha de Porto Santo e dois nesta, em as Villas de M achico e C alheta, com os territórios e ju r is ­ dição declarados em seus Regim entos.

E outro sim ordenám os e fizem os o Regim ento e Estylo seguinte, e m andám os ao nosso Vigário Geral e O uvidores que o façam cum prir e praticar inteiram ente em seus A uditorios e fora delles quando for necessário e dele se m ande o traslado (sic) aos ditos O uvidores para que o saibam e conform e a elle se rejam.

D ada no Funchal, sob nosso signal. som ente aos quatro de N ovem bro de 1586 annos. G aspar Nunes, M eio Conego a fiz. por m andado do dito S enhor //B ispo de Funchal//.

R egim ento dos A uditorios Ecleziasticos do Bispado do Funchal

P rim eiram ente o Julgador procurará, quando for possivel, que se abreviem os processos c as dem andas tenham fim. ocorrendo e obviando as A rtes e M anhas dos litigantes em qualquer parte do Juizo.

Fará audiência duas vezes na sem ana; no Funchal, á quarta feira e ao sábado. Porque com o só nestes dias, pela inanhaã, se não fazem audiências no secular, co n ­ correm advogados, letrados ao A uditorio para m elhor expedição das cau/.as. A hora será quando levantarem a Deus na M issa de terça, e se derem as badelladas. Em os outros lugares. Ilha de porto Santo, Arguim. M achico e C alheta, á m esm a hora e nos dias de m enos occupaçoes. Isto se fará desde o prim eiro de S etem bro até o derradeiro de Junho e Julho.

No m ez de A gosto e Setem bro nesta Ilha; e na do P orto S anto e A rguim , no mez de Julho e A gosto se daram ferias ás partes que as pedirem , e não se procederá, nem fallará em seus Feitos, salvo de consentim ento eexpresso de am bas, posto que se m os­ tre A lvará em contrario.

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O R E G I M E N T O D O S A U D I T Ó R I O S E C L E S I Á S T I C O S D O B I S P A D O D O F U N C H A L 3 0 5

E os Escrivaens que não forem pre/.entes cm sc com essando a A udiência, paga­ ram vinlc reis para os prezos pobres, e serão disso adm oestados; E os P rocuradores lam bem adm oestados se não forem deligentes. E se os Escrivaens forem alguas vezes oecupados, ou entenderem que serão por espaço de duas A udiências, encom endaram seus Feitos e o officio a outro Escrivão, pedindo prim eiro licença ao Julgador.E não fazendo isto seram suspenços da dcslribuiçâo por hum mez. O que tainbem se en ten ­ derá nos Procuradores se o contrario fizerem ; c serão suspenços por hum mez. que lhe não dem Feitos; c assim huns com o outros, não iram da A udiência salvo com licença.

Chegando o tem po da Audiência, prim eiro publicará o Julgador os Feitos, c publicados, o Prom otor da Justiça, dará os que tiver, c lallará a rol e m eterá suas p a r­ tes á vara; c depois dele, os outros procuradores, pela mesma ordem c sua antiguidade.

E propondo se que o Reo h<f citado, perguntará o Julgador quem o citou, e pera quando, e m anda lo há apregoar, c não apparecendo, ou seu procurador, m andará pas­ sar M andado de penhora da quantidade que lhe parecer, conform e a qualidade da p e s­ soa; e na dila quantidade será penhorado por m aneira que constrangido venha a Juizo pos esta via. c não por censuras, salvo quando não houver em que se faça a dita penhora: E vindo a Juizo com pellido das censuras pagando as custas delias e dando caução prom issória som ente de custas a Juizo, logo será absolto da censura. E vindo lhe fará assim a elle. com o ao A utor as perguntas que lhe parecerem necessárias, ás quacs cllcs per si responderam , se não forem sim plices; sub pena dc pagarem os Procuradores que se introm eterem a responder sem licença do julgador, vinte reis para os prezos pobres. E se por cilas não poder determ inar a cauza, haverá o Reo por citado por todos os term os, c autos judiciaes, até ouvir sentença diffiniliva inclusive. E m andará ao A utor que o venha obrigando com libello a prim eira A udiência sendo a cauza de m ayor quantia que mil reis: porque se for de m enos, determ ina la há sem libello, tom ando inform ação das partes, ou de quem lhe parecer, ou por via de ju r a ­ mento, (querendo a parte deixalo na alm a da outra). E ainda que a quantia seja mayor, se se aprezentar conhecim ento sobre cila. e for reconhecido, não curará de m ais libello: antes condem narã logo assignando dez dias para pagar. E o m esm o fará m os­ trando se E scríptura publica, pura sem condição. E allegando sc Em bargos, e sendo de receber, não pronunciará no reebim ento sem prim eiro o Em bargante d epozilar

Não vindo o A utor com libello. será o Reo absoluto da Instancia, c o A utor com - dem nado nas custas sendo prim eiro apregoado. A mesma condem nação sc fará quando se não aprezentar E scríptura publica com o libello. sendo elle tal que se não possa aprezentar de outra m aneira, ou fazendo se nelle m enção de E scríptura publica sem se aprezentar. E vindo com o dito libello, m andará que lhe vá c o n d u z o , c achando que se deve receber, recebe lo há nesta forma

Recebo o libello pelo A offerccido; conteste o R. e se tiver contrariedade venha com ella até a segunda A udiência

E tendo o Reo algua excepção ou excepçocns dilatórias alega las há todas ju n ta ­ m ente a seu tem po, sobre as quaes o Julgador m andara ir concluzo ou que se dê vista ás partes para apontarem sobre o recebim ento quando lhe parecer; e não sendo de receber porá este despacho:

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3 0 6 C R I S T I N A T R I N D A D E / D U L C E M A N U E L A T E I X E I R A

Não recebo a Excepção pelo R. A prezentada; conteste, e se tiver contrariedade venha com cila até a prim eira Audiência, e pague as custas retardadas.

E sendo para receber, dirá:

Recebo a Excepção do R.; m ando ao A. que contrarie até a prim eira A udiência.

E proceder se há sobre ella, c a sentença será nesta forma:

Vista a Excepção do R. E a contrariedade do A .com o m ais sobre ella allcgado e provado tal e tal couza, com o mais que dos autos se m ostra, ju lg o ...condem no ao A nas custas dos autos desta Excepção.

E quando não proceder dirá:

Vista a Excepção ... com o acim a, ju lg o lal e tal couza: M ando ao R. Que sem em bargo delia satisfaça com tal couza até á prim eira A udiência c condcm no-o nas custas retardadas.

E nas Excepções não haverá vista para replica ou treplica. E quando o A utor offcrecer escriptura ou autos com o Libello. tendo o Reo que dizer contra a dita E scriptura, autos e libello: dirá prim eiro; E o A utor po r derradeiro. E quando com outros artigos, e rezoens. ou por qualquer outra m aneira, dirá prim eiro a parte que os offerecer ao tem po que lhe foy assignado para vir com os ditos artigos, ou razoens ... E aprezentando rescripto do Papa com inhibitoria ou sem ella. ou Alvará DelRey. ou do Prelado, e a outra parte quizer dizer contra elles seja dada vista, e dirá prim eiro, e a parte que o aprezentou responda, e vá concluzo para se determ inar o que for justiça, e da determ inação se poderá appellar, ou agravar.

E recebido o Libello contestará o Reo logo na m esm a A udiência, ou seu Procurador por elle, e se liver em bargos á contestação, ser lhe á dado o feito para elles ou achando o Julgador que não são de receber, será o Procurador condem nado em duzentos reis para as despezas do Auditorio. E vindo, recebe-los há se forem por dezem bargo. E assignará logo ao Reo dez dias em que faça certo dos em bargos. E passados os des dias m andará ir o feito concluzo. e achando que o Reo os não p ro ­ vou. porá este despacho:

Visto com o o R. não prova sua Excepção, não recebo e sem em bargo delia, lhe m ando que conteste e contrarie, c condem no o nas custas retardadas.

E se for provada, porá este despacho:

Vista a prova que o R. deu. recebo sua Excepção, e m ando ao A que a contrarie até a prim eira audiência.

E proceder se há por diante; e a sentença será:

Vista a Excepção perem ptória aprezentada, e todo o sobre ella. por hua. c por outra parte allegado; e com o se prova tal e tal couza, com o m ais que dos autos

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O R E G I M E N T O D O S A U D I T Ó R I O S E C L E S I Á S T I C O S D O B I S P A D O D O P U N C H A L 3 0 7

parece; M ando que por esta cauza m ais se não proceda, e absolvo o R do contra elle pedido pelo A. o qual condem no nas custas dos autos.

E quando não proceder dirá com o acim a Vista ... e acrescentará:

Julgo, e declaro o R. não provar sua Excepção na forma que era obrigado: E sem em bargo delia, m ando que conteste, e contrarie até a prim eira audiência; e condem no o nas custas retardadas.

E será lem brado o Julgador dem andar contestar sobre qualquer incidente, e a contestação cm todo o eazo bastará se for feito nesta forma: C ontexto pela clauzula geral. Sobre a qual contestação o Julgador logo verbalm ente pronunciará dizendo: C ontesta sufficieniem cntc, ou palavras sim ilhantes. E ainda que não haja esta pro- nunciação não faz o cazo; basta que o escrivão a ponha por term o. E contestando o Libello, virá o Reo com sua contrariedade ao term o que lhe foi assignado; e vindo o Julgador a m andará ir concluza, e o despacho será o seguinte:

Recebi a contrariedade do R.; se o A tiver replica, venha com ella até a prim eira audiência.

A replica se receberá lam bem por dezem bargo e os m ais artigos: treplica, accu- m ulativos. c contrariedade a clles, se as partes com clles vierem : e não vindo com elles, ou com quacsquer em bargos ou excepçõens aos term os que lhe forem assigna- dos (que todos devem ser até a prim eira audiência) ou nam derem o feito no tem po, que lhes foi m andado, por isso m esm o tiquem lançados daquillo com que havião de vir. E posto que depois venhão. nada lhe seja recebido: A ntes riscado de m aneira que nunca se possa ler. Porem se vierem á prim eira audiência depois de serem lançados, e allegarem tal razão juríd ica porque o não deverão ser. o Julgador conhecerá da dita razão, dando prim eiro juram ento, se se allcga bem . c verdadeiram ente, e sem mais outra prova dará lugar, que até a prim eira venhão com artigos de que forão lançados.

E quando as partes para a contrariedade, e m ais artigos tiverem necessidade de alguns autos. E scripturas que estiverem em outro lugar, c assim o jurarem , e que sem elles nam podem fazer os ditos artigos, dar se lhe há tem po conveniente para os tra ­ zerem . E elle passado, c não os trazendo, serão delles lançados c dos artigos com que houverem de vir para sem pre: posto que digam que os querem form ar sem os ditos autos ou escripturas; c seram condem nados nas custas do retardam ento; e as partes offereceram com o libello, ou artigos com que vierem todas as escripturas ou A utos de que fizerem m enção, ou forem neeesssarios de direito.

E será lem brado o Julgador, que tanto que receber a treplica, ou lançar a parte delia, m ande no m esm o dezem bargo. que até a prim eira audiência se nom eern te ste­ munhas. E se a outra parte pedir vista para accum ulativos. conceder lha há e seram recebidos pelo m odo acim a dito. se forem para isso. E quando não. dirá que os não recebe c que nom ee com o lhe foi m andado. E pode a parte vir com accum ulativos ainda depois de assignada a dilação, se todavia não foi tirada já algua testem unha.

O ffcrecidos os Reos das testem unhas, assignar se hão vinte dias juntam ente, pela prim eira e segunda dilação, e pela terceira, se a parte a pedir; c se tiver feita deligencia.

Referências

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