UNIVERSIDADE
FEDERAAL
DE SANTA CATARINA
CENTRO
SOCIO
ECONOMICO
`CURSO
DE
GRADUAÇÃO
EM
CIÊNCIAS
ECONÔMICAS
UMA
PERÍCIA
ECONÔMICO-FINANCEIRA
DA
PONTE
`
PEDRO
IVO
CAIVIPOS
AMonografia
submetida ao
Departamento
de
CiênciasEconômicas
para obtenção de
carga horária
na
disciplinaCNM
5420-Monografia
Por Eneida
AlvesTavares
Orientador: Prof.
João Rogério Sanson
Área
de Concentração: Finanças
Públicas Palavras-chaves: 1-
Perícia-econômica2
-
Superfaturamento
CURSO DE
GRADUAÇÃO
EM
CIÊNCIAS
ECONÔMICAS
A
banca examinadora
resolveu atribuira
nota.:`íi.§2....àaluna
Eneida
AlvesTavares
na
disciplinaCNM
5420
-
Monografia,
pela apresentação deste Trabalho.Banca
Examinadora:
Prof.
João Rogério
Sanson
Presidente
>><~®,.
Prof. Nilton
C. A. da Costa
Junior
Membro
7~&
\
`A
Prof. Francisco
de
A.Cordeiro
.AGRADECIMENTOS
Ao
professor João Rogério Sanson, por sua dedicação e excelente orientação.Ao
Eng.° Celito Cordioli peloempréstimo
de todoo
material necessário à elaboração destamonografia.
Aos meus
familiares, especialmenteminha
filhaVanessa
e Antenor, cujo apoio e colaboraçãoforam
essenciais. -À
Delma
Pinto e Paulo JoséKorbes
(N
ispe) por suas contribuições.3.5
-
Componentes
deuma
Avaliação ... ..3.6
-
Elaboraçãodo
Laudo
Pericial ... ..CAPÍTULO
Iv
HISTÓRICO
DA
CONSTRUÇÃO
DA
PONTE
4.1
-
Históricoda
Obra
... ..4.2
-
Subcontrataçãoda
Empresa
Transpavi-Codrasa ... ._4.3
-
Contratação daEmpresa
Figueiredo Ferraz ... _.4.4
-
Resultadosda
Perícia ... ..CAPÍTULO
v
'UM
EXERCÍCIO
DE
PERÍCIA
5.1
-
Descriçãodo
ContratoDJ-053/82
e seus Aditivos ... ..5.2
-
Descriçãodo
ContratoDJ-062/82
e seus Aditivos ... ..5.3
-
Atualização dos Valores dos ContratosDJ-053/82
e 062/82 e seus Aditivos ... ._5.4
-
Ressarcimento por Atraso dePagamento
... ..5.5
-
Cálculos de Pró-rata das Faturascom
Vencimento
para30
dias 5.6-
Cálculo dos Valores Totais de Pró-rata ... ..CAPÍTULO
v1
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
... ..SUMÁRIO
Página
ANEXO
... .. viLISTA
DE
TABELAS
... ._ viiRESUMO
... .. viiiCAPÍTULO
IINTRODUÇAO
1.1-
Problemática ... .. 11 1.2-
Objetivos ... .. 14 1.3-
Metodologia ... .. 14 1.4-
Organizaçãodo
Trabalho ... .. 15CAPÍTULO
IILICITAÇÕES
2.1- As
AtribuiçõesEconômicas do Governo
... .. 182.2
-
Orçamento
Público ... ..20
2.3
-
Processo Licitatóriona Execução
de Obras Públicas ... ..22
2.4
-
Contratos Administrativos ... ..24
CAPÍTULO
IIIPERÍCIAS
JUDICIAIS
3.1-
Perícias Judiciais,Definições
e Conceitos ... ..27
3.2
- As
PeríciasQuanto
à Atividade,em
si, dos Peritos ... _.30
ANEXO
ANEXO
01
Exemplo
do
Resultado deum
Laudo
PericialEndereçado
ao Juiz ... ..Página
LISTA
DE TABELAS
TABELA
1Contrato
DJ-053/82
e Seus AditivosCom
o
Valor Atualizadodo
Contrato ... _.TABELA
2
Contrato
DJ-062/82
e Seus AditivosCom
o
Valor Atualizadodo
Contrato ... ..TABELA
3
4Atualização dos Valores
do
Contrato DJ-053/82 e Seus Aditivos ... ..TABELA
4
VllPágina
51 ._52
..54
Atualização dos Valores
do
Contrato DJ-062/82 e todaAdição
de Serviços ... ._55
TABELA
5
Ressarcimento por Atraso de
Pagamento
... ..TABELA
6
Cálculos
de
Pró-rata das Faturascom
Vencimento
para30
dias ... ..TABELA
7Cálculo dos Valores totais de Pró-rata nos
Anos
de 1989,1990
e 1991 ... ...
56
57
RESUMO
O
objetivo destamonografia
é praticarum
exercícioem
perícia econômica, através da análise das contasque
envolveram .à construçãoda
ponte Pedro IvoCampos;
procurando, assim, mostrar a importânciada
participação de economistas neste tipode
perícia.
Mostrar-se-á sucintamente os aspectos mais importantes
no
processo licitatórioque
envolvem
a execução de obra pública,bem como
a formalização dos contratos dele decorrentes.Serão apresentadas as definições e conceitos sobre perícias judiciais, os
métodos de
avaliação pericial, seus componentes,
além
de diretrizes para elaboração de laudosjudiciais, procurando demonstrar, assim, a importância e a utilidade das perícias judiciais.
No
presente trabalho, será apresentadoum
históricoda
construçãoda
pontePedro
Ivo
Campos;
e, citar-se-á as principais denúnciasde
irregularidades frente aSuperintendência,
que
foi criada paraacompanhar
e fiscalizar os serviços contratados.Devido
a estas denúncias de irregularidades,o
Estado designou peritosda
Polícia Civil para periciarem eprocederem
análise dos contratosDJ-053/82
e 062/82 e seus termos aditivos, buscandocomprovarem
possíveis irregularidades técnicas administrativas e financeirasque
tenham
acarretado ônus ao Estado,no
decurso de sua vigência e execuçãoda
obra.Serão detalhados os resultados das principais irregularidades encontradas pelos
peritos.
Segundo
osmesmos,
amais
grave ocorreuno
aditivoDJ-053/82/A
.8/87, poisnesse aditivo, a empreiteira pediu mais
que
a correção monetária eo
Estadopagou
maisdo
que
aempresa
havia pedido.Nesse
mesmo
temro aditivo,em
sua Cláusula Segunda,o
prazo dos
pagamentos
das faturas foi reduzidode
30
para 5 dias, acarretando prejuizo ao Estado, pois incidia cobrançade
multa se ospagamentos
fossem feitoscom
atraso.No
exercício de perícia realizado, conclui-seque no
cálculoda
atualização dos contratosDJ-053/82
e 062/82,em
comparação
com
o
resultadoque
consta nos valores finaisdo
contrato, obteve-seCr$
l7.292.555.l60,04 eCr$
8.166_093.880,07,em
relaçãoaos
do
contrato original,CR$
2.140.676.500,94 eCr$
33.523.842,06 respectivamente, podendo-se observaruma
relaçãode
8 vezes e24
vezeso
valordo
contrato original.Referente
ao pagamento
das faturasem
atraso,com
vencimento
para30
dias enão
5 dias
como
previao
A.8/87, e seguindo a metodologiaque
os peritos utilizaram para os cálculos dos pró-rata, eles obtiveramum
total de 7 milhõesBTN”s,
ecom
amudança
da
1l
1
-
INTRODUÇÃO
1.1-Problemática
/
Em
1969 o
grandevolume
de tráfego sobre a ponte HercílioLuz
passava a exigiruma
nova
ligação entre a Ilha eo
Continente. Foi, então, elaboradoum
projetocompreendendo
duas pontesgêmeas
e idênticas,que
seriam implantadascom
defasagem
de 10 anos.
A
primeira, aColombo
Salles-eixo “A”, foi entregue ao tráfegoem
março
de
1975 e veio a ter sua capacidade praticamente esgotada
com
o
fechamento, pormedida de
segurança,
da
ponte Hercílio Luz,em
1982.O
Govemador
da
época procurou envídar todos os esforços para viabilizaro
inícioda
duplicaçãoda
ponteColombo
Salles,denominada na época
de eixo “B”. _'
A
diferença mais significativa entre as duas pontes diz respeito à superestrutura,onde
asrampas de
acesso as passarelas para pedestres seriam metálicas,em
substituição as escadasda
ponteColombo
Salles.Ao mesmo
tempo
em
que
se realizariam as obrasdo
eixo “B”, depoisdenominada
de ponte
Pedro
IvoCampos,
seria implantadoum
novo
sistema viário para acessono
ladodo
Continente eadequado
ao já existenteno
ladoda
Ilha,com
o que
as duas pontes adquiririam condições de plena utilização de suas capacidades,com
o escoamento
contínuo e mais rápidodo
tráfego.Os
dados
técnicosda
ponte Pedro IvoCampos
na época de
sua construção 1982) seriam as seguintes: travessia rodoviária,com
duas passarelas para pedestres, situadas abaixoda
pista para veículos,com
extensão totalde
1.251,91 metros,em
superestrutura constituída por caixões metálicos e pavimentação asfáltica, sendo840
metrosde
ponte e 411,91 metrosde
viadutos.A
largurado
tabuleiro éde
17 metros,comportando
quatro faixas de tráfegode
3,75 metros cada.Obras complementares
seriam realizadasno
sistema viáriono
ladoda
Ilha eno
ladodo
Continente,compreendendo
serviçosde
drenagem, obras de arte correntes, terraplenagem, pavimentação e obras complementares,numa
extensão
de
11,337 quilômetros, alémde
dois viadutoscom
21 metros decomprimento
cada
um.
O
perfil atualda
pontePedro
IvoCampos
éo
seguinte:comprimento
total: 1.257m,largura total:
17m,
com
quatro pistasde
rolamento de3,5m
cada;vão
central:160m;
passarelas: duas,
com
3,4m de
largura;fluxo
de
veículos:70
mil/dia; estrutura: 16.500 metros cúbicos de concreto e 7,2 mil toneladas de aço.A
construçãoda
ponte Pedro IvoCampos, que
corre paralela à ponteColombo
Sallesna
ligação entre a ilha eo
continenteem
Florianópolis, foi iniciadaem
1982, inauguradaem
março de
1991como
a grande obrada época
em
Santa Catarina e saiuem
tomo
de
US$
24
milhões mais caraque
aColombo
Salles.A
obra levounove
anos para chegar aofim. Nesse
período,houve
16 aditivos (decorrentesdo
contrato DJ-053/82) e 11 aditivos (decorrentesdo
contrato DJ-062/82) ;04 govemos,
e,no
meio do
caminho
houve
a troca das empreiteiras responsáveis pela construçãoda
obra.Quando
o
Departamento
de Estradas eRodagem
(DER),
recusou-se a aceitarum
reajustede 105%,
que
acusou a diferença deUS$
24
milhões, foi decidido a troca.A
empreiteirada
obramudou, porém
o_ reajuste foi concedido; então, instalou-seuma
CPI
na Assembléia
Legislativa para investigar
o
caso.O
relatórioda
CPI
sobre a pontenão
citanomes,
apenas 'mostraque houve
superfaturamento, responsabilizando por isso a Superintendência
da
ponte, os administradoresque
ocupavam
cargos deconfiança na
Secretariade
Transportes eObras
eno Departamento de
Estradas eRodagem
(DER/SC)
e engenheiros dasempresas
contratadas para construir a ponte.
V Então,
o
Estado designou os peritosda
polícia civil para apurar as denúnciasde
irregularidades
na
construçãoda
ponte.O
processo sobre as irregularidadesna
construçãoda
pontePedro
IvoCampos
tem
em
tornode
10 volumes.É
o
maior processoda
Justiça Catarinense.Segundo o
relatório dos peritos (1992, p.061),o
maior superfaturamento aconteceuno
aditivo n°8 (DJ-053/82). Neste aditivo, a empreiteira pediumais que
a correção monetária eo
Estadopagou
maisdo que
a empresa havia pedido.Na
parte contratual, a períciatambém
constatouque o
Estadopagou
duas vezes a colocação de perfis metálicos.Quando
os perfisforam
cravados bateramnuma
rocha e entortaram. Pelo contrato, a empreiteira deveria corrigiro problema
e arcarcom
o
prejuízo.
Porém, o
Estadopagou novamente
os perfis metálicos,conforme apurou
a13
Para terminar a ponte
no
prazo, a colocaçãodo
dermasfhalt (tipode
asfalto aplicadono vão
central) foi feita às pressas,de
acordocom
o
relatório. Assim,o que
era para durar cinco anos teve ametade
da vida útil.Além
das irregularidadesno
processode
licitaçãoda
obra, alteraçãodo
valordo
contrato
em
mais deUS$
20
milhões de dólares. Outroproblema
apontado foi a cobrançade
US$
100 mil dólares por serviçosnão
executados,além de pagamento
demão-de-obra
não usada
na
construção.Entre
1982
e 1983foram
verificadas várias inclusões indevidasde
valores,quando
da
montagem
do
trecho 3da
estrutura metálica,com
300
metrosde
comprimento.O
que
foi pactuado para
o pagamento de
mão-de-obra acresceu, sozinho,7,5%
ao custoda
obra.O
que
deveria ser ao redorde Cr$
1 milhão de dólares (à época) foi amais
deCr$
120 milhõesde
dólares. Outroexemplo
foina
fasede
concretagem,o
estipulado parao
cálculodo
custo de cada metro cúbico era de 4,5 homens/hora. Bastouuma
mudança
na
especificação
do
concreto(um
pouco mais
duro) e a conta já subiu para32
homens/hora.Tudo
isto encareceu a obra.Outra irregularidade encontrada está
na
escavaçãoem
rocha registradacomo
em
131 metros,quando
a previsão erade
apenas40
metros.Com
isso,foram
gastosCr$ 340
milhões
de
cruzeiros a mais.Além
disso,o
fatode
os administradoresda
obraevocarem
para si
o
direitode
celebrar licitações,quando
a competência erada
Secretariados
Transportes e Obras, teria
aumentado
em
Cr$
3,8 milhões os termosde
aditamento.O
problema
estourou a partirde
1987,quando
as obrasforam
agilizadas.De
1982
até1986
apenas20%
tinham sido executados e quasenada
foi pago.O
combinado
e acertado nessa época só foidesembolsado de 1987
em
diante. 'De
acordocom
os peritos(Laudo
Pericial n° IC/ 1235/92) designados pelo Estado, a construçãoda
pontePedro
IvoCampos
custouem
tomo
deUS$
24
milhões uamais
do que
deveria.
Cabe
salientarque não
houve
a presença de economistasna
perícia realizada; sendo este profissionalde
extrema importância neste tipode
perícia.No
casoda
construçãoda
Ponte
Pedro
IvoCampos,
por envolveruma
quantia vultuosa, era imprescindível a avaliaçãode
um
economista, paraque
atravésde
seus conhecimentos efetuasseuma
perícia econômico-financeira.1.2
-
ObjetivosEste estudo
tem
como
objetivo principal praticarum
exercícioem
perícia econômica, atravésda
análise das contas referentes à construçãoda
pontePedro
IvoCampos.
_De
fonna
mais específica, far-se-áum
levantamento dos valores contidosno
Contrato
DJ-053/82
, firmado entreo
Govemo
do
Estado, atravésdo Departamento
Estadual de Estradas de
Rodagem -
DER/SC
e aUsiminas
Mecânica
S.A. e todos os seus aditamentos (16 aditivos) eo
Contrato DJ-062/82 entreo
DER/SC
-
Superintendência e a Figueiredo Ferraz-Consultoria e Engenharia de Projeto Ltda., e seus aditamentos (11aditivos).
Também
será recalculado os valores inflacionados dosnovos
serviços aditados;além
dos cálculosde
pró-rata das faturascom
vencimento
para30
dias enão
05 diascomo
estava previstono DJ-053/82/A
.8/82 .1.3
-
Metodologia
A
metodologiada
presentemonografia
tevecomo
baseuma
ampla
investigaçãoem
todadocumentação
existente sobre os custosda
construçãoda
pontePedro
IvoCampos,
e levantou-se todos os valores encontrados pela perícia, extraindo informações pertinentes a estruturaçãoda
presentemonografia,
procurando adequaro
assunto aos problemaseconômicos
estudadosno
campo
das ciências econômicas.O
trabalhotambém
contoucom
a contribuição dealgumas
instituiçõescomo
a Assembléia Legislativado
Estado,o Depaltamento
de Estradasde
Rodagem-DER/SC,
e dos Peritos designados pelo Estado.Serão enfocados os princípios, as definições e
normas
gerais sobre licitações e contratos administrativos pertinentes à execução de obras públicas, para que se obtenhaum
15
Será, por fim, exemplifrcado, através
de
dados disponíveis sobre a pontePedro
IvoCampos, o
modo como
pode
ser elaboradoum
laudo pericialque deve
serencaminhado
aoJuiz.
Para
que
se chegue aos resultados finais das investigações sobre os custosda
construção
da
ponte Pedro IvoCampos,
e dos valores levantados pelos peritos designados, especial atenção serádada
ao usode
índicesde
preços parafins
de atualização monetária dos valores dos contratos ede
toda adição de serviços.O
método
utilizado seráo
analítico-comparativo, pois esta metodologia permitirá a análise dos dados obtidos atravésde
levantamentos, podendo-se fazeruma
comparação
entre os valores nominais e os valores reais, isto é, considerando os efeitos inflacionários.
1.4
-
Organização
do
Trabalho
Todo
o
conteúdo deste trabalho está organizadoem
seis capítulos.No
capítulo I são citados os principais problemas encontrados na construçãoda
Ponte Pedro
IvoCampos,
devido às denúnciasde
irregularidadesda
mesma.
No
capítulo II estão descritas as atribuiçõeseconômicas
do govemo,
bem como
a importânciado
orçamento público entreo
planejamento e a área financeira visandoo
bom
funcionamento dos serviços essenciais
da
população;bem
como
constam
os aspectos mais importantesno
processo licitatórioquando
se trata de execuçãode
obra pública;como
também
o que
deve ser observadono
contrato administrativo decorrente desse tipode
licitação.
Já
no
capítulo ]]1 são apresentados as definições e conceitos sobre perícias judiciais;bem
como
osmétodos
de avaliação pericial, seus componentes,além de
diretrizes para elaboraçãode
laudos judiciais. ~O
capítuloIV
tem
como
objetivoum
relato sucinto históricoda
pontePedro
IvoCampos;
bem como
detalhar, através das conclusões dos peritos contratados pelo Estado, as diversas irregularidadesque
originaramo
superfaturamento nos serviços de construçãoda
citada ponte.No
capítuloV
constará efetivamente0
exercícioem
perícia econômica,o
qual, através de tabelas, demonstra osnovos
valores atualizados dos serviços aditadosno
a emissão das duplicatas e a data
do
vencimento dospagamentos fossem
em
30
dias enão
em
5 dias.No
capítuloVI
estão contidas as considerações finais a respeito deste exercícioem
perícia econômico-financeira.CAPÍTULO
112
-LICITAÇÕES
No
presente capitulo enfocar-se-á as atribuiçõeseconômicas
do
govemo
visandoo
bom
firncionamento dos serviços essenciaisda
população;bem como
registrar a importânciado
orçamento público entreo
planejamento e a área financeira.Mostrar-se-á sucintamente os aspectos mais importantes
no
processo licitatóriona
execução de obra pública;
bem como
o
contrato dele decorrentes.2.1 -
As
AtribuiçõesEconômicas do
Govemo
As
funçõesdo
govemo
na
economia
expandiram-se consideravelmenteno
presente século, devido asmodificações
substanciais nas preferênciasda
coletividade, quanto à necessidadeda
intervençãodo
govemo
em
atividades relacionadascom
a distribuiçãoda
renda nacional.i
Cabe
ao Estado viabilizaro
fimcionamento
dos serviços essenciaisda
população, os quais,em
última instância,buscam
satisfazer as necessidades sociais epromover o
bem
comum.
Para a consecução desse objetivo é misterque
o
Estado disponhade
recursos financeiros suficientes,sem
o
que, efetivamente jamais poderá cumprir suamissão
constitucional.A
identificação das funções mais importantes constituio
ponto de partida para a análisedo
impactoeconômico
dascompras do govemo.
Como
é evidente, osprogramas
que
integram as diferentes funções apresentam características distintasno que
se refere àcomposição
de suas compras.Como
por exemplo, os programas de transporte e energia, por seutumo,
devem
comprar
diretaou
indiretamente quantidades significativasde
bensde
capital, tendoem
vista a importância dos investimentosna
execução das obrasde
infra-estrutura.
Os
programas para os quais ascompras de
bens intermediários e de capital são relativamente mais importantes e incluem os programas executados pela Secretariade
19
Um
problema
especialmente importante, sobretudono
caso dos paísesem
desenvolvimento, refere-se ao tratamento das despesas de investimento.Desde
que
nesses paiseso
govemo
écom
freqüência, responsável poruma
grande proporçãodo
investimentototal, a distribuição setorial_e regional
da formação
de capitaldo
setor público exerceinfluência decisiva
não
somente sobre a taxa de crescimento,mas
também
sobre a distribuição dos resultados.No
caso geral de países subdesenvolvidos, a crescente importânciado
setor públicono
processode
desenvolvimento requeruma
preocupação muito maiorcom
o
ladodo
dispêndio
do que
aquelaque
énormalmente
encontrada na literatura tradicional definanças
públicas.
Segundo
Silva (1983, p. 18), “a expressãofinanças
públicas esteve muitomais
associada
com
o
estudo jurídico das diferentes formasde
tributaçãodo que
com
a análise das implicaçõeseconômicas
dos gastos públicos e das respectivas altemativasde
financiamento”.
No
casode
despesasde
investimentos, é importante estabeleceruma
distinção entre os efeitos diretos,que
resultam dos gastos realizados duranteo
ano, e os efeitos redistributivos de longo prazo dos projetos.A
construção de rodovias, pontes, etc.,pode
exercer
um
efeito direto sobre a distribuiçãoda
renda pessoal, atravésda
criaçãode
novas oportunidades deemprego
para a mão-de-obranão
especializada, eum
efeitomais
importante, a longo prazo, devido aomelhoramento
das condições parao
desenvolvimentoda
regiãoonde o
projeto é empreendido.O
investimento de longo prazo, consiste nas aplicaçõesde
capital, taiscomo
obras públicas, serviçosem
regimes deprogramação
especial, equipamentos e instalações, materialpermanente
e participaçãoem
contribuiçõesou aumento de
capital de empresasou
entidades industriais e agrícolas. V
_
~ ~
Os
investimentos, segundo a legislaçao especifica, sao discriminadosna
lei2.2 -
Orçamento
Público `Vários autores
como
Belchior (1971), Vidigal (1973),Cruz
(1986) eMachado
e Reis (1995) tratamde
conceituaro
orçamento público.A
visão dosmesmos
será descritaaseguir.
Orçamento
público éum
“ato político administrativo periódicode programação
financeira pública, envolvendo autorização e limitação para realizar despesas e para tributar”.(Vidigal, 1973, p_230).
Como
pode-se observar,o
conceito acima enfatiza0
caráter financeiro
do
orçamento,não
determinadoo
aspecto fisico representado por metas a alcançar para determinado períodode
tempo.A
autorização e limitação aque
se refereo
autor, está condicionada à participação parlamentar
no
processo orçamento.Mas,
osmesmos
atos legaisque
autorizam e limitam aexecução
dos orçamentos anuais,também
determinam
que
as receitas públicas serãosempre
estimadas.É um
conceito incompleto e puramente financeiro.Orçamento
público éum
“plano de trabalho expressoem uma
relação de ações a realizar e de recursos necessários á execução”(Belchior, 1971, p.9).O
autor enfatiza claramente a interligaçãoque
existe entreo
planejamento eo
gasto propriamente ditoquando
citaque
o orçamento
éum
plano de trabalho.Mas,
nem
sempre o que
é planejado é executado, jáque
no
decorrerdo
exercício financeiro, as receitas e as despesasgovemamentais
podem
sofrer variações. Portanto,nem
sempre
os recursos são os necessários a execuçãodo
plano de trabalho.Orçamento
público éum
“instrumento políticoque
tem
por objetivo asseguraro
controle, pelas Assembléias Representativas, das atividades econômico-financeira
do
executivo” (Cruz, 1986, p. 34). Este conceito caracteriza-se por demonstrar a efetiva participação
no
processo orçamentáriodo
Poder
Legislativo.“O
orçamento
éuma
técnica cujo maior significadomodemo
consiste precisamenteem
ligar os sistemasde
planejamento e de finanças, pela expressão quantitativa financeirae fisica dos programas de trabalho
do
govemo” (Machado
e Reis, 1995, p. 12).O
autordá
ênfase
ao
relacionamentodo
plano de trabalhocom
o desembolso de
recursos financeiros,demonstrando que
a técnicadenominada
“orçamento-programa” está inseridano
contexto21
Todos
eles, ao analisar o orçamentode forma
maismodema,
não esquecem de
colocar
o
planejamentocomo
um
instrumento desuma
importância para a consecuçãode
objetivos
do govemo.
Isto acontece devido ao fatode que o orçamento
eo
planejamentodevem
atuar deforma
ligada, afim
de espelhar,em
termos financeiros, toda aprogramação
govemamental.Percebe-se
que o orçamento
público éuma
ferramenta de ligação entreo
planejamento e a área financeira que, através
de
autorização legal, estima a receita efixa
a despesa paraum
determinado período de tempo, respeitandoo
plano plurianual e as diretrizes orçamentáriado
período._
O
orçamento público registra todos os recursos e todas as despesas dos governos,reunindo
o
orçamento fiscal,da
seguridade social eo orçamento de
investimento das empresas públicas e das sociedades deeconomia
mistaem
que o
estado detenha a maioriado
capital socialcom
direito a voto.O
orçamento é elaborado pelos três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e consolidado peloPoder
Executivo,que
tendocomo
limitaçãoo
equilíbrio entre a receitae a despesa, é obrigado da definir prioridadesna
aplicação dos recursos estimados.As
prioridades para a elaboraçãoda
proposta orçamentária são definidas pelo Plano Plurianual e pela Leide
Diretrizes Orçamentárias, estabelecidas pelas Constituições Federal eEstadual. _
A
Lei 4.320,de
17de março
de1964
em
seu artigo ll,define
que a receita governamental classificar-se-á nas seguintes categorias econômicas: receitas correntes e receitade
capital.A
receita é dita corrente porquenão
é originária de qualquerbem
decapital,
mas
simda
obrigação social dos cidadãosde
contribuírem para amanutenção da
coisa pública”(Machado e Reis, 1976, p.3l). Portanto, as receitas correntes são aquelas
que não
provém
da
alienaçãode
um
bem
de capital,mas
simda
obrigatoriedadeda
população
em
mantero
Estado atravésda
tributação.Já as receitas de capital são aquelas
que
provêm
de empréstimostomados
pelogovemo
à instituições financeiras nacionais e intemacionais (operações de crédito),bem
como
da
colocação de títulos públicosno
mercado, de recursos provenientes davenda de
bens, de recursos provenientes
da
amortização de empréstimos concedidos,de
transferências
da
capital de outras entidades ede
outras receitas ditasde
capital.O
planejamento de quaisquer atividades,govemamental ou
privada, deve obedecer aos princípiosda
honestidade, aceitabilidade, beneficio e sanção, todos eles ligadosao
O
princípio da honestidade, especialmenteno
casodo govemo,
éo
mais importante porque tratada
utilização de recursos sociais obtidos atravésda
tributação.É
de rigor éticoque
esses recursos sejam totalmente devolvidos à coletividade, sob aforma de
serviçosou
beneficios tendentes a proteger, reforçar e aumentaro
bem-estar geral.Por
outro lado, a aplicação indevida de dinheiro público significa fraudaro
contribuinte e privaro
cidadão dos beneficios aque
faz jus.No
caso das denúnciasde
superfaturamentona
construçãoda
pontePedro
IvoCampos,
estudo destamonografia,
como
envolve desviode
dinheiro público, salienta-se a importânciada
realizaçãode
perícia para a verificação dos fatos.2.3 - Processo Licitatório
na
Execução
de
Obra
PúblicaA
Lei n° 8.666, de 21 de junhode
1993,que
regulamentao
art. 37, incisoXXI,
da
Constituição Federal, institui
normas
para licitações e contratos da Administração Pública,com
alterações introduzidas pela Lei n° 8.883/94, considera serviços técnicos profissionais especializados, dentre outros: “pareceres, perícia e avaliaçõesem
geral”.A
mesma
Leiem
seu art. 3° diz:a licitação destina-se
a
garantira
observânciado
princípio constitucionalda isonomia e a selecionar a proposta mais vantajosa para a Administração e será processada e julgada
em
estrita conformidadecom
os princípios básicos da legalidade, da intpessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade,
da
probidade administrativa,da
vinculaçãoao
instrumento convocatório,
do
julgamento objetivo e dos que lhes sãocorrelatos.
A
Lei n° 8.666/93,com
alteraçõesdada
pelo Lei n° 8.883/94,no
art. 6°, inciso I,fica
explicitadoo
conceito de obra: “I-
Obra
-
toda construção, reforma, fabricação, recuperaçãoou
ampliação, realizada por execução diretaou
indireta."Essa
Leitambém
prevê as modalidadesde
execução de obras,que
podem
ser aplicadas pelo setor público.Nesse
caso,pode
ser pelo regime de:-
Execução
Direta,quando
pelos próprios meios, a unidade adquire os materiais e executa a obra;23
-
Execução
Indireta,quando
são contratados serviçosde
terceiros para a execução,a) empreitada
global- quando
a obra é contratada por preço certo e total;b) empreitada
por
preço
unitário-
quando
contrata por preço de unidades determinadas;c) empreitada integral
-
quando o
contrato é realizado prevendo a integralidadedo
empreendimento, abrangendo todas as fases da obra até sua entrega ao contratante,em
prefeitas condiçõesde
fiancionalidade; ed) tarefa
-
quando
parapequenos
trabalhos, se ajusta preço certo, prevendoou não
.fomecimento
de
materiais.Em
seu art. 7°, a Lei determinaque
para a execuçãode
obras e para a prestaçãode
serviços obedecerão à seguinte seqüência: projeto básico
-
conjuntode
elementos necessários e suficientes,com
nívelde
precisãoadequado
para caracterizar a obraou
serviço,
ou complexo de
obrasou
serviços objetoda
licitação, elaboradocom
base nasindicações dos estudos técnicos preliminares,
que
assegurem a viabilidade técnica eo
adequado
tratamentodo
impacto ambientaldo
empreendimento, eque
possibilite a avaliaçãodo
custo da obra e a definição dosmétodos
edo
prazo de execução; projeto executivo-
o
conjunto dos elementos necessários e suficientes à execução completada
obra, de acordo
com
asnormas
pertinenteda
Associação Brasileira deNomias
Técnicas-
ABNT;
e, execução das obras e serviços.'
O
orçamento
ecronograma
fisico e financeirodevem
definir: critérios para medição,composição
de preços unitários; tabelas de preços unitários de materiais; tabelasde
preços de mão-de-obra; taxas de encargos sociais básicos; taxas de beneficios e despesas indiretas-
BDI
e planilha de orçamento analítico.Já
na
fasedo
edital, deve ser observado seo
mesmo
obedece aos ditamesda
Lei, e se satisfaz a finalidadede
escolhada
proposta mais vantajosa, seguindosempre
os critériosda
impessoalidade, moralidade, igualdade e probidade administrativa.Observar quanto as exigências para habilitação, se restringem a participação
de
interessados,
ou
direcionam a licitação.Dentre outros aspectos, deve ser analisado e ponderado, se
o
montante estimado para a obra se enquadrana
modalidadeda
licitação escolhida; seforam
atendidas as formalidade relativas à publicidade; se foidefinido o
projeto básico para determinar a obraou
serviço,de forma
a possibilitara
estimativa de seu custo; se os quantitativos constantesVerificar,
também,
sehouve
a devida previsão de recursos orçamentários para atendero cronograma da
respectiva obra,de
modo
que
assegurem ospagamentos
decorrentes.
No
editalde
licitação deve contertambém:
objeto-
caracterizado pelo projeto eseus anexos; prazo de execução
do
objeto; prazo de validadeda
proposta,demonstrando
junto a
mesma,
seuorçamento
analítico,cronograma
fisico financeiro ecomposição
de preços unitários. 'Deverá conter ainda: condições de pagamento; prazo para asmedições
e apresentação das faturas; índice para definiçãodo
percentualde
reajuste; correções para eventuais atrasos e prorrogações de prazo,bem como
experiência anterior (acervo técnico), capital social, patrimônio líquido e outro.2.4
-
Contratos
AdministrativosSegundo
a Lei n° 8.666/93,em
seu art. 2°, parágrafo único: considera-se contratotodo e qualquer ajuste entre órgãos
ou
entidadesda
Administração Pública e particulares,em
que' hajaum
acordo de
vontadespara
a
formação
de
vínculo ea
estipulaçãode
obrigações recíprocas, sejaqual for
a
denominação
utilizada.Quanto
ao contrato, deve-se observar, se define,em
suas cláusulas,com
clareza e precisão os direitos, obrigações e responsabilidade das partes, verificandotambém,
se espelhacom
exatidãoo
previstono
edital ao qual está vinculado, observandocom
atenção seo
preço eo
prazode
execução estão de acordocom
aquelesmencionados
na propostaque
foi vencedorada
licitação.Se posteriormente, vierem a acontecer tennos aditivos,
devem
ser analisados juntamentecom
os processos administrativosque
lhesderam
origem, observando as razõesque
os justificaram e seobedecem
aos limitesmáximos
previstosem
lei.Os
atrasos por culpado
contrato,não
ensejam alteraçõesno
cronograma,normalmente
acarretam multas (art. 86,
da
Lei 8.666/93).No
exame
financeiro, verificar se os desembolsos efetuados pela unidade,correspondem
às condições estabelecidasno
contrato. Pode-se constatar, confrontando-se os valores constantes dos boletinsde medição
com
as respectivas notas fiscais/faturas.25
Devem
também
ser conferidos os cálculos de reajustamento, estabelecendo critériosde
amostragem, sobre os preços iniciais. .
A
fiscalização durante a execução das obras, deve fazer cumprir asnormas
estabelecidas, verificando se os procedimentos
empregados
são eficazes, para garantir a qualidade final dos trabalhos. Compelir a contratada a corrigir, refazerou
reconstituir, as partes dos trabalhos executadoscom
errosou
imperfeições.27
3
-
PERÍCIAS
JUDICIAIS
O
presente capítulotem
como
finalidade básica explanar teoricamente as definições e conceitos sobre perícias judicias, osmétodos
de avaliação pericial, seus componentes,além de
diretrizes para elaboraçãode
laudos judiciais, procurando assim demonstrar, a importância e a utilidade das perícias judicias.3.1
-
Perícias Judiciais,Definições
e ConceitosPerícia é
uma
atividadeconcemente
aexame
realizado por profissional especialista, legalmente habilitado, destinada a verificarou
esclarecer detemíinado fatoou fixação de
valor, realizadaem
juízo e expressaem
laudo.Segundo Medeiros
Jr., Fiker (1996, p.39) “a perícia judicial apresenta-se sob trêsespécies
bem
diferençadas: exame, vistoria e avaliação”.'
Exame
é a inspeçãoem
coisas móveis, semoventes, livros comerciais,documentos
e papéisem
geral, e atémesmo
pessoas, por peritocompromissado no
processo para a verificaçãode
fatosou
circunstânciasque
interessem à soluçãoda
causa.Vistoria destina-se a apurar fatos e estados de bens “in loco” e a avaliação a detenninar tecnicamente
o
valor desses bens.Em
geral as vistorias constituem-seem
perícias demera
constatação de fatosou
interpretativas. ,Casos
há, entretanto,em
que
nas perícias,o
perito,além
de constatar os fatos e interpreta- lossegundo
seus conhecimentos técnicos emitindoum
juízo desse gênero, vaimais
alérn,devendo
apresentarum
parecerde
valor jurídico. Isto acontece, por exemplo, nas açõesde
nunciação
de
obra nova, nas quais, a rigor, apenaso
parecerdo
perito ditaou
nãoembargo
ou
a continuaçãoda
obra.Avaliação é a fixação
do
valor pecuniáriode
coisas, direitosou
obrigações, feitapor perito
compromissado
ou
avaliadordo
juízo. ,,O
essencialem
qualquer avaliação éque
o
valorfixado
pelo perito corresponde à realidade e à finalidade da perícia, apoiando-seem
dados objetivos,comprovados
e ponderados tecnicamenteno
laudo.-“Laudo
éo
resultadoda
perícia, expressoem
conclusões escritas, fundamentadas e assinadas pelo perito.No
laudodevem
ser respondidos todos os quesitos deferidos pelojuiz,
mencionando-se
os fatos e circunstânciasem
que
sebaseiam
as conclusões e respostasàs indagações das partes,
do
Ministério Públicoou do
Magistrado,podendo
ser instruídocom
plantas, desenhos, croquis, fotografias e quaisquer outros elementos elucidadosda
perícia” (Código Civil, art. 429).
As
virtudesdo
laudoresumem-se
em
clareza, objetividade e fundamentação: clarezana
exposição dos fatos periciados; objetividade na metodologia da pesquisa;fundamentação
para abonar as conclusões e respostas aos quesitos.Sendo
o
laudouma
peçade
esclarecimento técnico deverá ser absolutamente claro na redação e preciso nos conceitos,além de
objetivona
motivação, vistoque
a sua credibilidade decorremais da
justificação de suas respostas,
que
das opiniões subjetivasdo
perito.O
laudo assim elaborado é peça firndamental para a decisãoda
causa.O
que
se requerdo
laudo é aclaramento das questões técnicas submetidas à apreciação pericial.Por
isso
há de
ser objetivo e conclusivo,afirmando ou
negando o que
foi indagado nosquesitos,
sem
omissõesou
evasivas, e, obviamente,sem
desviosou
falsidades nas suasinformações e conclusões.
Embora
relevantes a idoneidade e a capacidade profissionaisdo
avaliador,o
laudonão
deve conter juízos subjetivosdo
perito,mas
sim demonstração efetivada
justezados
valores encontrados.
Também
nem
sempre
osmétodos
e fórmulas matemáticasde
avaliação
conduzem
ao real valordo
bem
avaliado, porquepodem
interferir fatores excepcionaisou
peculiaridades distorsivas,que
alterem as regras adotadas. Necessário éque o
perito considere e só peseem
cada caso as especificidades ocorrentes, para dar certeza e confiabilidade ao seu laudo.Se
o
laudo aceito já estiver desatualizado pelo transcursodo
tempo
será passívelde
correção monetária,
na
liquidação,do
julgado, pelo índice legal aplicável à espécie.Somente
em
casode
longo defasamento,de
erroou
distorção manifesta nos fatores consideradosno
laudo éque
a avaliação poderá ser repetida, para a devida correçãode
seus valores.“Perito é
uma
palavra oriundado
latim perítus,formado do
verbo perior,que
significa experimentar, saber por experiência, de
onde
se explicana
firnçãodo
perito,sujeito ativo
da
perícia,que
exerce sua atividadeno
sentidode
elucidar fatosem
que
é versado”(Maia Neto, 1997, p.l64). Essa conceituação prende-se ao fato deque
a análise29 da matéria exige conhecimentos técnicos
ou
científicos, oriundosda formação
acadêmica e profissional,que fazem
com
que
as questões sejam plenamente justificadas.O
campo
de
atuaçãoem
perícias judiciais, étalvez a áreaem
que
existemaior
necessidadeda
atuaçãodo
profissional,dada
a grande ocorrênciade
solicitação e,principalmente, pela importância
do
parecerquando da
decisao judicial.É
fimdamental que o
profissionalque
está avaliando, tenhasempre
a noção exatade
sua condição de analista
do
mercado, poisnão
é eleque
fixa
os valores,mas
apenas osinterpreta, através das
modificações
provocadas pelas forçasque
atuam no
mercado. `O
decreto n° 31.794,de
17de
novembro
de
1952, dispõe sobre a regulamentaçãodo
exercícioda profissão de Economista, regida pela Lei n° 1.411, de 13
de
agostode
1951, determina que:a atividade profissional privativa do Economista wcercita-se,
literalmente ou não,
por
mudos,
pesquisas, análises, relatórios,pareceres, perícias, arbitragens, laudos, esquemas ou certificados
sobre os assuntos compreendidos
no
seucampo
profissional, inclusivepor
meio de planejamento, implantação, orientação, supervisãoou
assistência dos trabalhos relativos às atividades econômicas
ou
financeiras,
em
empreendimentos públicos, privados ou mistos,ou por
quaisquer outros meios que objetivem, técnica
ou
cientificamente,o
aumento ou
a conservação do rendimento econômico.Da
mesma
forma, a Resolução n° 1.377,de 6 de
janeirode
1978,do Conselho
Federal
de Economia,
dispõe sobre a atividade profissionaldo Economista na
áreapericial :
são privativas dos Economistas registrados nos Conselhos Regionais de
Economia
as perícias e os arbitramentos judiciaisou
extrajudiciais, compreendendo aquelas o exame, a vistoria e
a
avaliação, além das demais atividades pertinentes
ou
conexas,com
exames, investigações e apuraçoa, que envolvam matéria de natureza econômico-financeira.A
Lei n° 6.404, de 15 dedezembro
de 1976,que
dispõe sobre as sociedadespor
ações diz, por sua vez,
que
“(...) a avaliação dos bens será feita por três (3) peritosou
porempresa
especializada...” eque
“(...) os peritosou
a empresa avaliadora deverão apresentar laudo fundamentado...”. V3.2
_
As
períciasQuanto
à
Atividade,em
si, dos PeritosSegundo
Maia
Neto
(1997), “as perícias quanto à atividade,podem
ser englobadasem
três espécies: a) períciasde
mera
retratação; b) as perícias interpretativas; e, c)as
perícias opinativas”.As
perícias demera
retratação são aquelasem
que o
perito échamado,
pelo juizou
pelas partes, para levar ao processo a fiel representaçãode
uma
situaçãode
fato preexistente.São
perícias de caráter eminentemente técnico,onde
é defeso ao perito qualquer consideração deordem
pessoal.Não
pode
enão
deve,o
perito,em
tais hipóteses, emitir qualquer juízo de valor, querde
valor técnico, quer de valor jurídico. Trata-sede
perícia de
mera
retratação porque lheincumbe
retratar os fatos, ajustá-los àlinguagem
acessível aos partícipes
da
relação processual, isentode
qualquer consideraçãoque não
seja a
de
agir simples e exatamente dentro dessa função.As
perícias interpretativas são aquelasem
que
o
perito échamado
para interpretar ao juizuma
situação de fatoque
lhe é culturalmente estranhaou
ignoradaou
indecifrável.Nas
perícias interpretativaso
perito,além de
retrataro
objeto daperícia, descrevendo-a para os litigantes e parao
juiz, emiteum
parecerde
natureza técnica,um
juízo de valorno
campo
de
sua especialidade,afirmando ou
negando que o
teor se encontraou não
dentro das especificaçõesque
acompanharam
a transaçãoou
se tratade
simples ignorânciade
seu manuseio. Perante as demais provas, peranteo
contrato,o
juiz proferirá a decisão.Inserem-se,
também,
como
perícias interpretativas, aschamadas
períciasde
avaliaçãoou
defixação
de valores.É
o
peritochamado,
nessas hipóteses, para retratar ao juizuma
situação de fato e para emitirum
parecer técnicoque o
levará auma
conclusão perante as demais provas dos autos.O
perito,no
caso,não
apenas retrata,como
interpreta;mas
não
opina. Baseando-seem
elementos técnicos, de seu convencimento pessoal,o
31 perito simplesmente concluirá
o
valor encontrado.Não
se lhe permiteum
juízo imponderado,mas
dele exige-seuma
certeza.Temos,
finalmente, as perícias opinativasou
de opinião,que
são as mais diñceis e as mais importantes parao
juiz.São
aquelasem
que o
perito,além de
retratar os fatos, ede
interpretá-los segundo seus conhecimentos técnicos, emitindoum
juízo técnicode
valor, vai maisalém
e emiteum
juízode
valor jurídico.São
as causas,em
queo
perito praticamente julgao
processo. É, a rigor, maisque
um
perito, toma-se quaseum
árbitro.3.3 -
Métodos
de
Avaliaçãopara
Realizaçãode
uma
PeríciaProcurar-se-á reproduzir os conceitos ditados pela
NBR-5676
(Norma
Brasileira para Avaliaçãode
ImóveisUrbanos) da
ABNT
(Associação Brasileira deNormas
Técnicas), 'relativos às metodologias e níveis
de
rigor deuma
avaliação,uma
vez ser esta~
considerada a
norma
mae
(Maia
Neto, 1997, p.47).`
As
metodologias utilizadas dividem-seem
dois grandes grupos, osmétodos
diretos e osmétodos
indiretos,no
primeiro estãoo
método
comparativo eo do
custode
reprodução,
no
segundoo da
renda, involutivo e residual, descritos a abaixo:a)
método
comparativode dados de mercado
- aqueleque define o
valor atravésda
comparação
com
dadosde mercado
assemelhados quanto às características intrínsecas e extrínsecas.É
condiçãofimdamental
para aplicação dessemétodo
a existênciade
um
conjunto de dados
que
possa ser tomado, estatisticamente,como
amostrado
mercado; b)método
comparativodo
custode
reproduçãode
benfeitorias - é aqueleque
apropriao
valor
da
benfeitoiia, atravésda
reprodução dos custos de seus componentes.A
composição
dos custos é feitacom
baseem
orçamento
detalhadoou
sumário,em
fimção
do
rigordo
trabalho avaliatório; -c)
método de renda
-
é aqueleque
apropriao
valordo
imóvelou
de suas partes constitutivas,com
basena
capitalização presente de sua renda líquida, realou
prevista.Os
aspectos
fimdamentais do método
são: a determinaçãodo
períodode
capitalização e a taxa de desconto a ser utilizada,que
devem
ser expressamente justificados pelo avaliador;d)
método
ínvolufivo-
é aquele baseadoem
modelo de
estudo de viabilidade técnica-econômica
para a apropriaçãodo
valordo
terreno, alicerçadono
seu aproveitamento eficiente, mediante hipotéticoempreendimento
imobiliário compatívelcom
as característicasdo
imóvel ecom
as condiçoesdo
terreno.3.4
-
Seqüência
de
uma
AvaliaçãoSegundo
Maia
Neto
(1997, p.53),”esta é a faseeminentemente
práticado
processo,onde
procura-se sequenciar as etapas aserem
seguidasno
desenvolvimentode
uma
avaliação”.
A
pesquisa de elementos é0
pilar de qualquer avaliação, pois trata-seda
etapainicial,
onde
serão escolhidos os elementos cuja semelhança orientará as conclusõesrelativas ao valor
do
bem
avaliado. Procura-se triar as informações obtidas sobre os elementos pesquisados, e então inicia-se a seleção dos elementos a serem estudados,bem
como
de suas características relevantesna composição do
valor.A
homogeneização
de valores é a etapado
processo avaliatóiioonde
procura-se equalizar as diferenças existente entre os diversos elementos pesquisados, atravésda
utilização dos fatores de homogeneização,
no
caso das avaliaçõesno
nívelnormal
(estatística descritiva), enquanto
no
nível rigoroso (estatística inferencial), esta é a etapaonde
montamos
o
quadrode
variáveis,onde
são lançados os valores pesquisados e determinados elementosque influenciam
a formação destes valores.É
importante registrarque
a avaliação éum
trabalho cujo resultado é fruto deum
estudo estatístico,onde
procura-se obter resultados situados junto ao elemento de tendênciacentral,
ou
melhor, procura-seum
intervalo de valores,em
cujo interior pode-se garantir,com
um
nívelde
certeza compatível, estejao
valorde mercado do
bem
avaliado. Existe atualmente, disponíveisno
mercado, diversos programas decomputador que executam
estatarefa;
O
cálculo das benfeitorias ocorreno
casode
avaliaçõesonde
existam benfeitorias e adota-seo
cálculodo
valorde
reprodução dasmesmas,
cuja seqüênciapode
ser orientada de duas maneiras, sumáriaou
com
maior complexidade.33
No
primeiro caso, adota-seo
levantamento das áreas de benfeitoria,em
seguida multiplica- se estes valores pelo valordo
custo unitário básico respectivo.Na
outra hipótese, levanta-se todos os quantitativosque
compõem
a benfeitoria, seja por plantasou no
próprio local, e elabora-seem
seguidaum
orçamento
detalhadocom
todos os valores unitários e encargos incidentes.É
importanteque não
se esqueça de calcularo
coeficiente de depreciação,no
casode
benfeitorias
que não
sejam novas, e aplicá-los sobreo
valor calculado anteriormente.Na
conclusãodo
laudo deve ser colocadoo
valor finalda
avaliação,embora
seja importante utilizar esta etapa para citaçãode
informações de interessedo
laudo eque não
estejam enquadrados nos demais itens.
No
términoda
conclusão, deve ser colocadoo
local e datade
confecçãodo
laudo,bem
como
espaço para assinatura,onde
deverão contero
nome
completodo
profissional, modalidade,número
de
registrono Corecon
e filiação aalguma
entidadeda
áreade
avaliaçoes e perícias.
3.5 -
Componentes
de
uma
AvaliaçãoDe
acordocom
Maia
Neto
(1997, p.57) muitas vezes,quando
se falaem
componentes, pensa-seem
algoque
deve vir à parte, entretanto, os itensque
serão aqui descritosnão
precisam necessariamente vir separados,podendo
ser parte integrantedo
corpo
do
laudo.Na
pesquisade
valores é fundamentalque
sejam apresentados os elementos pesquisados paracomposição
da avaliação,onde
deverão ser indicadas, todas as características estudadas,bem
como
local, valor, área, fonte de infonnações, etc.Todo
procedimento estatístico e matemático, inclusive a etapa de homogeneização, deve fazer parte integrantedo
trabalho, fazendocom
que
toda amemória
de cálculo seja preservada para eventuais esclarecimentosou
consultas futuras.Os
orçamentosou
cálculoscom
as áreas ponderadas,no
casoda
existênciade
benfeitorias, deverão integrar
0
trabalho,com
o
mesmo
objetivodo
cálculo anterior.Embora
para alguns constituamera
ilustração, é muito importante a anexação da planta ,características internas e outros elementos importantes,
além de
um
mapa
da
regiãocom
indicaçãoda
localizaçãodo
imóvel.As
fotografias são os registros mais usado pelos profissionais,uma
vez sero
elemento de ilustração mais fidedigno, fazendocom
que o
contratanteou
outras pessoasque
irão recebero
resultadodo
trabalhopossam
teruma
visão exatada
situaçãodo
imóvel.As
anotaçãode
responsabilidade técnica(ART)
-
documento
cuja importância e finalidade encontram respaldo na legislação específica,devendo
ser anexadauma
das viasdo
trabalho,onde
constam as característicasdo
serviço.3.6
-
Elaboração
do
Laudo
PericialTópicos necessários na apresentação
do
relatório, segundoMaia Neto
(1997):a) título: informação de caráter genérico,
pode
serum
laudo de vistoria, laudo pericial,laudo técnico sobre qualquer assunto;
b) interessado: indicação
da
pessoa fisicaou
jurídicaque
tenhaencomendado
o
trabalho; c) objetivo: citaçãodo
objetodo
trabalho, configurando as metas a serem obtidas,segundo
a informaçãode
quem
o
tenha solicitado;d) descrição
do
objeto: descrição objetiva e clarado
objeto periciado, classificadosegundo normas
e critérios estabelecidos,com
relação às características constmtivas e detalhesde
acabamento;e) análise de projetos e especificações: condensação dos principais aspectos de interesse às conclusões
do
trabalho, retiradosde
projetos e especificações analisados;f) relatório
de
vistoria: caracterização dos aspectos fisicos e funcionaisdo
imóvelpericiado,
que
interferem nas conclusõesda
perícia realizada;g) resultado
do
relatório: relato dos aspectos analisados durante a retiradade
amostras e realização dos testes e ensaios sobre asmesmas;
h) conclusão: definição dos aspectos
que
provocam
os problemas detectados informações referentes à sua eliminação;i) resposta
a
quesitos: apresentação das respostas a questionamentos escritos fomecidospelas parte litigiantes
ou
pelo contratante;35 Corecon, credenciais
do
vistoriador e consideraçoes finais;k) anexos: abrange
uma
sériede
itens ilustrativos à seqüência apresentadano
corpodo
laudo, tais
como
fotografias, projetos, croquis, relatórios, etc.,além de
outrosde
caráterdocumental, tais