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Vazios urbanos nas áreas centrais: os casos do Porto-PT e de Natal-BR

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO E PESQUISA EM GEOGRAFIA. EUGÊNIO RIBEIRO SILVA. VAZIOS URBANOS NAS ÁREAS CENTRAIS: OS CASOS DO PORTO-PT E DE NATAL-BR. NATAL-RN JUNHO DE 2017.

(2) EUGÊNIO RIBEIRO SILVA. VAZIOS URBANOS NAS ÁREAS CENTRAIS: OS CASOS DO PORTO-PT E DE NATAL-BR. Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como pré-requisito para obtenção do título de Doutor em Geografia.. Orientador: Prof. Dr. Márcio Moraes Valença. NATAL-RN JUNHO DE 2017.

(3) Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes – CCHLA Silva, Eugenio Ribeiro. Vazios urbanos nas áreas centrais: os casos do Porto-PT e de Natal-BR / Eugenio Ribeiro Silva. - 2017. 248f.: il. Tese (doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Programa de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia, 2017. Orientador: Prof. Dr. Márcio Moraes Valença. 1. (Re)produção do espaço. 2. Vazios urbanos. 3. Reabilitação urbana. I. Valença, Márcio Moraes. II. Título. RN/UF/BS-CCHLA. CDU 911.3(813.2).

(4) EUGÊNIO RIBEIRO SILVA. VAZIOS URBANOS NAS ÁREAS CENTRAIS: OS CASOS DO PORTO-PT E DE NATAL-BR. Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como pré-requisito para obtenção do título de Doutor em Geografia. Orientador: Prof. Dr. Márcio Moraes Valença. Aprovada em: ________/________/ _________. _____________________________________________ Prof. Dr. Márcio Moraes Valença Universidade Federal do Rio Grande do Norte Orientador _____________________________________________ Regina Dulce Barbosa Lins Universidade Federal de Alagoas _____________________________________________ Ângelo Magalhães Silva Universidade Federal Rural do Semi-Árido _____________________________________________ Alessandro Dozena Universidade Federal do Rio Grande do Norte _____________________________________________ Soraia Maria do Socorro Carlos Vidal Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

(5) Dedico esse trabalho à memória de Kelson Silva, colega de turma que nos deixou prematuramente..

(6) AGRADECIMENTOS. À minha amada esposa, Amanda, a quem devo muito por toda a ajuda emocional, por todo o zelo e, ainda, pelas contribuições na realização do trabalho de campo. Obrigado por compartilhar sua vida comigo e por ser o motivo de eu não desistir. Aos familiares e amigos que entenderam o motivo de eu não estar presente sempre, por causa das atividades acadêmicas. Ao professor Márcio Valença, por essa longa trajetória de orientações, preocupações e ensinamentos. Com certeza um grande modelo de professor e orientador. Ao professor José Alberto Rio Fernandes, por todo o conhecimento e ensinamentos compartilhados com tanta dedicação e cuidado durante a minha estada no Porto. À professora Sara Racquel, por toda a ajuda com os mapas e com o incentivo em tantas fases do doutorado. Pela amizade e inspiração! À Felipe Fernandes e a tantos amigos que a academia me presenteou. Aos amigos que se tornaram a minha família no Porto, em especial ao professor Arthur Whitacker, à professora Rita Alcântara, à Francine Tavares, e tantos outros que marcaram a minha trajetória. Aos membros dos grupos de pesquisa Estúdio Conceito e CEGOT, com os quais pude compartilhar bons momentos. Aos professores do Programa de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia. Aos colegas de turma do doutorado, especialmente a Edseisy Barbalho e Pablo Ruyz pela amizade afinada nesse período. Aos professores das bancas de qualificação e defesa: Ademir Araújo, Rita de Cássia, Regina Dulce Barbosa Lins, Ângelo Magalhães Silva, Alessandro Dozena e Soraia Vidal, por todas as críticas e sugestões. Aos secretários André e Elaine, por toda a disponibilidade em ajudar em todos os momentos.. Muito obrigado!.

(7) “Terra vazia e homens sem terra, coexistindo no mesmo espaço e tempo”. Arlete Moysés Rodrigues.

(8) RESUMO No âmbito da produção do espaço urbano, uma importante estratégia de valorização é a permanência de vazios urbanos para a especulação imobiliária. Além dessa visão clássica de vazios urbanos, outras formas de esvaziamento aparecem nas cidades do mundo inteiro. Por isso, esse trabalho objetivou a construção de uma tipologia para analisar o processo de esvaziamento em suas diversas nuances, como brownfields, greyfields e greenfields. Além desses, outros termos se enquadram para análise do processo de esvaziamento, sobremaneira nas áreas centrais das cidades, a saber: imóveis subutilizados, imóveis não utilizados, imóveis não edificados e imóveis em ruínas. Mediante o uso da tipologia dos vazios urbanos, foi possível caracterizar cada tipo de vazio urbano, possibilitando a elaboração de explicações balizadas pela teoria, acerca do seu papel na dinâmica imobiliária da cidade de Natal. Como contraponto, foi analisado o caso da cidade do Porto, em Portugal, onde se tem buscado minimizar o quadro de abandono e degradação das áreas centrais com políticas de reabilitação urbana. Por meio de visitas in loco, com levantamento fotográfico e observação para mapeamento dos tipos de vazios, bem como por meio de entrevistas semiestruturadas junto à agentes dos setores público e privado, foi possível compreender melhor os efeitos dos vazios urbanos nas cidades em tela, bem como os processos em curso para reabilitação de áreas centrais. A tese concluiu que os vazios urbanos causam problemas de diversas ordens para a cidade e que, por isso, precisam ser combatidos. No entanto, é preciso desenvolver uma reabilitação urbana que leve em conta o interesse da população menos favorecida, a fim de evitar a gentrificação. Palavras chaves: (re)produção do espaço; vazios urbanos; reabilitação urbana..

(9) ABSTRACT In the field of urban space production, an important valuation strategy and a permanence of urban voids for real estate speculation. In addition to the classic information of urban voids, other forms of emptying appear in cities all over the world. Therefore, this work aimed at constructing a typology to analyze the process of emptying in its various nuances, such as brownfields, greyfields and greenfields. In addition, other terms are used to analyze the process of emptying, especially in the central areas of the cities: underutilized real estate, unused real estate, property not built and real estate in ruins. Using the typology of urban voids, it was possible to characterize each type of urban emptiness, making it possible to elaborate explanations based on theory, about its role in the real estate dynamics of the city of Natal. As a counterpoint, we analyzed the case of the city of Porto, Portugal, where it has sought to minimize the abandonment and degradation of the central areas with urban rehabilitation policies. By means of on-site visits, with photographic survey and observation to map the types of voids, as well as through semi-structured interviews with agents from the public and private sectors, it was possible to better visualize the effects of urban voids in cities on canvas, as well as ongoing processes for rehabilitation of core areas. A context as difficult as what is needed, therefore, needs to be tackled. However, it is necessary to develop urban rehabilitation that takes into account the interest of the less favored population, in order to avoid gentrification. Keywords: urban space production; urban voids; urban rehabilitation..

(10) LISTA DE FIGURAS Figura 01 – Vazios urbanos e termos correlatos..............................................22 Figura 02 – Esquema de categorização dos imóveis subutilizados e vazios urbanos..............................................................................................................75 Figura 03 – Tanques de Santos Reis...............................................................84 Figura 04 – Tanques de Santos Reis...............................................................85 Figura 05 – Enquadramento da área de tanques em Santos Reis...................85 Figuras 06 – Proposta municipal para a área de tancagem.............................86 Figuras 07 – Abandono do prédio do antigo Bompreço...................................90 Figura 08 – Parque da cidade Dom Nivaldo Monte..........................................99 Figura 09 – Loteamento no prolongamento da Prudente de Moraes...............99 Figura 10 – Sede do 3° distrito naval.............................................................106 Figura 11 – Imóvel subutilizado na Ribeira (Natal, RN)..................................108 Figura 12 – Imóvel não edificado....................................................................109 Figura 13 – Imóvel não edificado....................................................................109 Figura 14 – Imóvel não edificado....................................................................110 Figura 15 – Imóvel não utilizado na Ribeira (Natal, RN) ................................110 Figura 16 – Imóvel em ruínas – Edifício Galhardo, na Ribeira (Natal, RN)....111 Figura 17 – Zona de intervenção prioritária....................................................118 Figura 18 – Limites do Quarteirão de Carlos Alberto.....................................121 Figura 19 – Edifícios do QCA antes da reabilitação.......................................124 Figura 20 – Edifícios do QCA antes da reabilitação.......................................125 Figura 21 – Edifícios reabilitados no QCA......................................................126 Figura 22 – Escritórios reabilitados e ainda não utilizados.............................127 Figura 23 – Palácio das Cardosas..................................................................130 Figura 24 – Esplanadas na Rua das Flores....................................................133 Figura 25 – Edifícios devolutos no QCP.........................................................137 Figura 26 – Estado de conservação dos edifícios do QDI..............................139 Figura 27 – Área de fundação da cidade de Natal..........................................147 Figura 28 – Vazios urbanos: imóveis não edificados em Natal/RN................155 Figura 29 – Vazios urbanos: imóveis não edificados em Ponta Negra, Natal/RN.............................................................................................................157 Figura 30 – Terreno 1 em Ponta Negra..........................................................159.

(11) Figura 31 – Terreno 2 em Ponta Negra..........................................................159 Figura 32 – Terreno 3 em Ponta Negra..........................................................160 Figura 33 – Terreno 4 em Ponta Negra..........................................................160 Figura 34 – Terreno 5 em Ponta Negra..........................................................161 Figura 35 – Terreno 6 em Ponta Negra..........................................................161 Figura 36 – Terreno 7 em Ponta Negra..........................................................162 Figura 37 – Terreno 8 em Ponta Negra..........................................................162 Figura 38 – Terreno 9 em Ponta Negra..........................................................163 Figura 39 – Terreno 10 em Ponta Negra........................................................163 Figura 40 – Terreno 11 em Ponta Negra........................................................164 Figura 41 – Terreno 12 em Ponta Negra........................................................164 Figura 42 – Terreno 13 em Ponta Negra........................................................165 Figura 43 – Terreno 14 em Ponta Negra........................................................165 Figura 44 – Panfleto do Ecocil Sunset Boulevard...........................................167 Figura 45 – Panfleto do Ecocil Sunset Boulevard...........................................168 Figura 46 – vazios urbanos: imóveis não edificados no eixo Pitimbú/Candelária, Natal/RN..........................................................................170 Figura 47 – Terreno 1 em San Vale................................................................172 Figura 48 – Terreno 2 em San Vale................................................................172 Figura 49 – Terreno 3 em San Vale................................................................173 Figura 50 – Terreno 4 em San Vale................................................................173 Figura 51 – Terreno 5 em San Vale................................................................174 Figura 52 – Terreno 6 em San Vale................................................................174 Figura 53 – Terreno 7 em San Vale................................................................175 Figura 54 – Terreno 8 em San Vale................................................................175 Figura 55 – Terreno 9 em San Vale................................................................176 Figura 56 – Terreno 10 em San Vale..............................................................176 Figura 57 – vazios urbanos: imóveis não edificados no bairro Capim Macio, Natal/RN..........................................................................................................179 Figura 58 – Terreno 1 em Capim Macio.........................................................181 Figura 59 – Terreno 2 em Capim Macio.........................................................181 Figura 60 – Terreno 3 em Capim Macio.........................................................182 Figura 61 – Terreno 4 em Capim Macio.........................................................182 Figura 62 – Terreno 5 em Capim Macio.........................................................183.

(12) Figura 63 – Terreno 6 em Capim Macio.........................................................183 Figura 64 – Terreno 7 em Capim Macio.........................................................184 Figura 65 – Terreno 8 em Capim Macio.........................................................184 Figura 66 – Terreno 9 em Capim Macio.........................................................185 Figura 67 – Terreno 10 em Capim Macio.......................................................185 Figura 68 – Terreno 11 em Capim Macio.......................................................186 Figura 69 – Terreno 12 em Capim Macio.......................................................186 Figura 70 – Terreno 13 em Capim Macio.......................................................187 Figura 71 – Terreno 14 em Capim Macio.......................................................187 Figura 72 – Terreno 15 em Capim Macio.......................................................188 Figura 73 – Estabelecimentos na Ribeira.......................................................194 Figura 74 – Estabelecimentos na cidade de Natal (CNEFE)..........................196 Figura 75 – Imóvel subutilizado na Ribeira.....................................................198 Figura 76 – Imóveis não utilizados..................................................................199 Figura 77 – Imóveis não utilizados..................................................................199 Figura 78 – Imóveis não utilizados..................................................................200 Figura 79 – Imóveis não utilizados..................................................................200 Figura 80 – Edifício em ruínas........................................................................201 Figura 81 – Telhado do edifício do antigo arpeje em ruínas...........................202 Figuras 82 – imóveis não edificados...............................................................203 Figuras 83 – imóveis não edificados...............................................................203 Figura 84 – Uso do solo na Ribeira em 1984..................................................208 Figura 85 – Uso do solo na Ribeira em 2000.................................................209 Figura 86 – Hotel Central antes da reabilitação..............................................210 Figuras 87 – Hotel Central depois da reabilitação..........................................210 Figura 88 – Poligonal dos imóveis tombados em Natal..................................214 Figura 89 – Verticalização na Ribeira Alta......................................................224. LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 01 – Evolução da população da Ribeira (1991 – 2005).....................222 Gráfico 02 – Distribuição do tipo de domicílio na Ribeira (2000 – 2010)........223.

(13) LISTA DE QUADROS Quadro 01 – Vazios urbanos e seus correlatos em exemplos na cidade de Natal ..................................................................................................................26 Quadro 02 – Caracterização da ocupação dos edifícios no Quarteirão de Carlos Alberto..................................................................................................122 Quadro 03 - Permanência e valor do aluguel nos comércios do QCA...........128 Quadro 04 - Permanência e valor do aluguel dos estabelecimentos comerciais do QDC............................................................................................................131 Quadro 05 - Permanência e valor do aluguel dos estabelecimentos comerciais do QDJ.............................................................................................................135 Quadro 06 - Permanência e valor do aluguel dos estabelecimentos comerciais do QDI..............................................................................................................140 Quadro 07 – Elementos demográficos da Região Metropolitana de Natal.....145 Quadro 08 – PIB dos municípios da RMNatal em 2012.................................146 Quadro 09 – Terrenos à venda em Ponta Negra, Natal-RN..........................158 Quadro 10 – Terrenos à venda em San Vale, Natal-RN................................171 Quadro 11 – Terrenos à venda em Capim Macio, Natal-RN.........................180 Quadro 12 – Reabilitação do Antigo Hotel Central.........................................211 Quadro 13 – Obras do PAC – Cidades Históricas.........................................212 LISTA DE TABELAS Tabela 01 – Evolução demográfica do município de Natal (1872 – 2010)......148 LISTA DE MAPAS Mapa 01 – Regiões Administrativas de Natal..................................................144 Mapa 02 – Eixo de Investimentos e Valorização Imobiliária – EIVI.................197 Mapa 03 – Vazios Urbanos na Ribeira............................................................204 Mapa 04 – Macrozoneamento de Natal...........................................................207 Mapa 05 – Projetos na Ribeira e na área de abrangência..............................216.

(14) LISTA DE SIGLAS AAES –. Áreas de Acção Especial (Portugal). ABRASCE – Associação Brasileira de Shopping Centers AIPS –. Áreas de Intervenção Prioritária (Portugal). CAERN –. Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte. CCHLA –. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. CNEFE –. Cadastro Nacional de Endereços para Fins Estatísticos. CONAMA –. Conselho Nacional do Meio Ambiente. COOPERE – Grupo de Trabalho para Projetos Estruturantes da Ribeira e Entorno CRUARB. Comissariado. –. para. a. Renovação. Urbana. da Área. Ribeira/Barredo (Portugal) EIV –. Estudo Prévio de Impacto de Vizinhança. EIVI –. Eixo de Investimentos e Valorização Imobiliária. FUNPEC – Fundação Norte Rio-Grandense de Pesquisa e Cultura IBAM –. Instituto Brasileiro de Administração Municipal. IBGE –. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. IDEMA –. Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente. INE –. Instituto Nacional de Estatística (Portugal). INOCOOP – Instituto de Orientação às Cooperativas Habitacionais IPHAN –. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. IPTU –. Imposto Predial e Territorial Urbano. LOU –. Lei de Operação Urbana. MDS –. Ministério de Desenvolvimento Social. NRAU –. Novo Regime de Arrendamento Urbano (Portugal). OGU –. Orçamento Geral da União. PIB –. Produto Interno Bruto. RMNatal –. Região Metropolitana de Natal. RN –. Rio Grande do Norte. SEMURB – Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo SEMUT –. Secretaria Municipal de Tributação. SNPU –. Secretaria Nacional de Programas Urbanos. SRU –. Sociedades de Reabilitação Urbana (Portugal). de.

(15) UFRN –. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. UNESCO – United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization ZEPAM –. Zonas Especiais de Proteção Ambiental. ZEPEC –. Zona Especial de Preservação Cultural. ZEPH –. Zona Especial de Preservação Histórica.

(16) SUMÁRIO CAPÍTULO I. Introdução...................................................................................19 1.1 Introdução geral...........................................................................................19 1.2 Procedimentos metodológicos.....................................................................21 1.3 Estrutura da tese..........................................................................................27 CAPITULO II. Fundamentos teóricos................................................................30 2.1 O espaço urbano.........................................................................................31 2.2 Os agentes produtores do espaço...............................................................38 2.3 Os RE’s como estratégia de combate aos vazios urbanos em áreas centrais..............................................................................................................46 2.4 A requalificação de centros históricos.........................................................51 CAPÍTULO III. Discutindo conceitos e contextos: vazios urbanos e termos correlatos...........................................................................................................61 3.1 Vazios urbanos............................................................................................62 3.1. 2 Vazios urbanos e a ação dos agentes econômicos.................................64 3.1.3 Planejamento urbano e vazios urbanos no Brasil.....................................68 3.1.4 A ação do poder público...........................................................................72 3.2 Termos correlatos........................................................................................74 3.2.1 Imóveis subutilizados e outros..................................................................75 3.2.2 Brownfields...............................................................................................79 3.2.3 Greyfields..................................................................................................87 3.2.4 Greenfields................................................................................................91 3.3.5 Espaços Livres; áreas verdes; e parques urbanos...................................94 3.2.6 Espaços públicos....................................................................................101 3.3 Um esforço de síntese para entender o esvaziamento nas áreas centrais............................................................................................................107 CAPÍTULO IV. Esvaziamento e reabilitação de áreas centrais no Porto........114 4.1 Esvaziamento das áreas centrais do Porto...............................................115 4.2 O caso dos quarteirões-piloto....................................................................118 4.2.1 O caso do Quarteirão de Carlos Alberto (QCA) .....................................121 4.2.2 O caso do Quarteirão das Cardosas (QDC) ..........................................131 4.2.3 Caso do Quarteirão de D. João I (QDJ) .................................................135 4.2.4 Caso do Quarteirão de Cais das Pedras (QCP). ...................................137 4.2.5 Caso do Quarteirão Dom Infante............................................................138 4.3 Percepções finais......................................................................................142 CAPÍTULO V. Vazios urbanos em Natal.........................................................143 5.1 A cidade de Natal e sua região metropolitana...........................................144 5.2 Natal: formação e evolução histórica.........................................................148.

(17) 5.3 Vazios urbanos: imóveis não edificados em Natal....................................154 5.4 Percepções finais.......................................................................................189 CAPÍTULO VI. Esvaziamento e intervenções na Ribeira, Natal.....................191 6.1 Esvaziamento no sítio histórico de Natal...................................................192 6.2 Planos e intervenções................................................................................206 6.3 Efeitos das intervenções e as dinâmicas recentes na Ribeira...................221 CONCLUSÕES................................................................................................229 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................237.

(18) CAPÍTULO I. INTRODUÇÃO.

(19) 19. CAPÍTULO I. INTRODUÇÃO O capítulo I da tese apresenta o tema e os objetivos da tese. Além disso, mostra os procedimentos metodológicos adotados para realizar as análises, bem como apresenta a estruturação da tese. 1.1 Introdução geral A existência de vazios urbanos nas cidades brasileiras, de certo modo, interfere diretamente na valorização imobiliária intraurbana, inviabilizando a compra de terrenos nas áreas centrais pelos mais pobres. Estes, por sua vez, ocupam as áreas mais distantes das áreas enobrecidas, áreas centrais degradadas, de alto custo, porém mais densas ou se prestam a morar em áreas de risco, como morros, encostas de rios, áreas de proteção ambiental, dentre outras, onde estão expostos aos riscos de desabamentos, enchentes, bem como ao contágio de doenças. Nos dois casos, a população vive em situação de carência de infraestrutura básica, a qual é produzida sobremaneira nas áreas nobres das cidades. Os vazios urbanos constituem-se como importante condição para a “valorização”. imobiliária,. ganhando. um. papel-chave. na. discussão. contemporânea acerca da renda da terra. De um lado, terrenos urbanos são mantidos vazios, visando sua utilização futura quando a sua comercialização possa ser realizada a preços mais altos; de outro, há áreas subutilizadas, como clubes, quartéis, parques, escolas tradicionais, condomínios fechados, dentre outros, que paulatinamente são integradas ao mercado imobiliário e, mesmo que não o sejam, enobrecem o entorno. Segundo Rodrigues (2001, p. 22), “os proprietários que deixam a terra vazia, ociosa, sem nenhum uso, apropriam-se de uma renda produzida socialmente”. A autora explica que o fato da área ser ou não beneficiada com equipamentos de consumo coletivos leva a diferenças no preço devido à localização. Quando o Estado produz o espaço urbano a partir desses equipamentos de uso coletivo como o abastecimento de água, sistema viário, espaços coletivos de lazer, dentre outros, causa uma valorização da área equipada diferencialmente da área não equipada. Contudo, a apropriação.

(20) 20. dessa valorização da cidade produzida socialmente se dá individualmente pelos proprietários de terras e imóveis. Sobre o funcionamento desse processo de especulação imobiliária, Rodrigues (2001, p. 24) explica que: Os que “especulam” com a terra esperam obter a maior renda possível de suas propriedades, e veem a terra como uma possibilidade de ganhos extras. A terra, neste caso, tem maior importância como valor de troca. Importa o preço e não o uso. Os proprietários de terra não são apenas agentes da produção do espaço urbano quando, associados ou não, promovem loteamentos, mas também quando deixam a terra vazia, fazendo no mínimo uma ocupação da cidade com uma aparência de caos. Grandes espaços vazios numa cidade que se espraia pelas “periferias”. Terra vazia e homens sem terra, coexistindo no mesmo espaço e tempo.. No tocante ao papel do Estado, é de se concordar que deve passar pelo posicionamento contrário à existência desses vazios, isto é, ao agressivo processo de especulação imobiliária e suas consequências acima descritas. Nesse contexto é que se gestaram as lutas para que o Estado incorporasse esse papel no Brasil, no qual, em tese, o poder municipal controla o uso da função social da sociedade para minimizar a especulação imobiliária. Muitas críticas, porém, têm sido feitas à ausência da atuação das prefeituras, às quais cabem definir os critérios de identificação dos vazios urbanos e dos imóveis subutilizados e as notificações dos proprietários, para que a função social da propriedade seja uma realidade, concretizando-se por meio dos instrumentos descritos no Estatuto da Cidade. O que fazer, porém, quando o poder público se comporta da mesma forma que o capital imobiliário? Difícil pensar uma saída para os problemas dos vazios urbanos a partir do poder público, se o mesmo compreende a terra como um valor de troca, quando deveria priorizar o valor de uso que tem para a população que mora em péssimas condições de habitações improvisadas ou em instalações mal equipadas e afastadas das áreas nas quais se concentram os serviços de saúde, de educação, de transporte público, dentre outros. Defende-se aqui que o poder público atua com a mesma lógica do mercado imobiliário, pois não dá usos residenciais populares nos seus melhores terrenos, mas nos piores, nos mais distantes e precários. Essa tese parte da observação de Valença (2014) de que a terra pública é gerida.

(21) 21. segundo a lógica do mercado. Assim, os vazios urbanos são mantidos pelo próprio poder público que deveria combatê-los utilizando os instrumentos previstos no Estatuto da Cidade, tais como o parcelamento, edificação ou utilização compulsórios; IPTU progressivo no tempo; desapropriação com pagamento em Títulos da dívida pública; bem como a cobrança de contribuição de melhoria – leia-se valorização imobiliária – a partir dos investimentos públicos. O objetivo dessa tese é, portanto, o de explicar o papel dos vazios urbanos na dinâmica imobiliária, por meio de uma análise aplicada à estrutura fundiária da cidade de Natal. Serão caracterizados, assim, os diferentes tipos de vazios urbanos, oferecendo explicações balizadas pela teoria acerca do seu papel na dinâmica imobiliária da cidade. Além das acepções do termo vazio urbano e os aspectos explicitados nas discussões sobre o tema, foram recuperadas referências de termos correlatos aos vazios urbanos, tais como: brownfields, greenfields, greyfields, áreas livres, imóveis subutilizados, não utilizados e informais, bem como os espaços públicos etc. Dessa forma, pretende-se contribuir para a compreensão das diferentes situações que fazem parte da configuração territorial da cidade contemporânea. Com efeito, estão sendo mapeadas as áreas que se constituem como exemplos desses vazios urbanos na cidade. Com o intuito de aprofundar a discussão sobre os vazios urbanos, a tese terá um foco especial nos tipos de vazios urbanos encontrados nas áreas centrais, estudando os casos da cidade do Porto, em Portugal, e de Natal, no Brasil. A cidade do Porto foi escolhida por se tratar de uma cidade que vem passando por um processo de reabilitação da sua área central, na tentativa de minimizar o quadro de abandono e esvaziamento em que se encontrava. No caso de Natal, serão estudados os planos e projetos já realizados na busca de trazer a população potiguar de volta para a Ribeira.. 1.2 Procedimentos metodológicos Para fins de análise é preciso conceber o vazio urbano na condição em que se encontra na estrutura fundiária da cidade, a partir das suas.

(22) 22. características físicas, econômicas, sociais e simbólicas. Andreotti (2013, p. 3) afirma que a cidade contemporânea “é repleta de espaços abandonados, de enormes áreas industriais obsoletas e trechos vacantes ou sem construção. Nessa medida, é necessário saber diferenciar os tipos de vazios urbanos das cidades para melhor compreendê-los”. Assim, o vazio urbano em um sentido mais amplo, pode ser caracterizado a partir de várias vertentes, como mostrado na figura 01. Figura 01 – Vazios urbanos e termos correlatos. VACÂNCIAS FUNDIÁRIAS. GREYFIELDS. IMÓVEIS SUBUTILIZADOS. VAZIOS URBANOS BROWNFIELDS. ÁREAS LIVRES. GREENFIELDS. ESPAÇOS PÚBLICOS. Fonte: Elaboração própria.. Com a figura 01, apresenta-se a tipologia elaborada para discutir o universo dos vazios urbanos e dos termos correlatos. Não se quer dizer que essas tipologias são formas de vazios urbanos, antes, pode-se intuir que, em determinados momentos e circunstâncias, podem assumir as características de vazios urbanos seja pela ausência de uso ou subutilização, seja por se mostrarem como áreas possivelmente incrementadas pelo mercado imobiliário..

(23) 23. Até mesmo áreas livres ou espaços públicos têm sido incorporados pelo mercado. imobiliário,. mesmo. que. nunca. se. tenha. vislumbrado. esta. possibilidade no passado. Portanto, não se está dizendo que cada tipo que compõem essa tipologia constitui-se como um vazio urbano, em seu caráter concreto, antes sim potencialmente. Ou seja, embora não sejam vazios urbanos, em alguns casos assumem as características de vazios urbanos, quando são vistos dessa forma pelo poder público ou mesmo pelo setor privado. Propõe-se aqui que a compreensão do vazio urbano seja a de um objeto em movimento, dentro de um processo de desenvolvimento urbano em constante alteração. No âmbito da produção do espaço, sobretudo na cidade contemporânea que se recria e se (re) produz a todo instante, pensar um objeto estático é um erro. Ainda no âmbito das escolhas realizadas no tocante à construção da análise, foram definidas áreas da cidade de Natal que se apresentam como exemplos das realidades que se tem trabalhado na construção dos pressupostos teóricos. Antes do resgate teórico, portanto, serão aqui apresentadas tais áreas e os aspectos que foram levados em conta para sua escolha. a) Ao buscar áreas da cidade como exemplos de vacâncias fundiárias, primeiramente foram selecionadas as zonas que possuem mais vazios urbanos desse tipo: zona norte e zona sul. A zona sul contém uma dinâmica imobiliária muito mais intensa do que a zona norte, com preços mais altos. Nesse sentido, na zona sul destacam-se os bairros de Ponta Negra, Capim Macio e a área de San Vale, que fica no bairro da Candelária. Essas áreas estão inseridas nas proximidades ou são bairros de status, e possuem uma forte dinâmica imobiliária. Possuem, portanto, o maior número de vazios urbanos do tipo vacâncias fundiárias, na Zona Sul da cidade. A dinâmica desses bairros é caracterizada mais claramente pelo processo de especulação imobiliária, na medida em que a existência das vacâncias se constitui como perspectiva de ganhos maiores no futuro por parte dos proprietários de terras e grandes construtoras. b) Os imóveis subutilizados, por sua vez, são bastante comuns nos centros históricos das cidades do mundo inteiro, graças à dinâmica de repulsão que muitas vezes caracteriza tais áreas da cidade. No tocante à evolução.

(24) 24. urbana da cidade de Natal, terá local de destaque o bairro da Ribeira, o qual testemunhou todo o crescimento da cidade, tendo em vista ter sido o segundo bairro a ser formado com a chegada e permanência dos portugueses à costa potiguar. Devido à expansão urbana e à formação de novas centralidades na cidade, o bairro da Ribeira vem perdendo a oferta de serviços e comércios, bem como a própria população que, paulatinamente, passou a ocupar áreas de expansão ultrapassando os limites da cidade. Apesar disso, o bairro ainda possui uma infraestrutura que deve ser aproveitada. Os diversos imóveis subutilizados e os galpões residuais da dinâmica portuária – outrora mais intensa – oferecem a possibilidade de “reutilização”. O polígono de tombamento de imóveis no centro histórico está situado entre o bairro da Ribeira, envolvendo ainda os bairros de Cidade Alta e Rocas, os quais possuem uma realidade aproximada da Ribeira. Contudo, é na Ribeira que se encontra o maior número de vazios urbanos com imóveis subutilizados. Assim sendo, será feito o levantamento dos imóveis subutilizados na Ribeira. Para aprofundar essa discussão, além dos imóveis subutilizados, serão estudados, na mesma área, os imóveis não edificados, não utilizados e em ruínas, completando a caracterização dos vazios urbanos nas áreas centrais. No âmbito do debate, aparece a necessidade de compreender o papel do centro histórico, tendo em vista que este tem sido foco de intervenções para evitar a subutilização de áreas com certa infraestrutura na cidade contemporânea. No intuito de aprofundar e ampliar o referencial teórico será realizado um contraponto com as discussões sobre a utilização dos edifícios históricos degradados do centro do Porto, em Portugal. c) Para explicar o papel dos brownfields no ambiente urbano será analisado o terreno em Santos Reis no qual se localizavam os tanques da Petrobras e que passou por um processo de contaminação do solo e dos aquíferos. Além disso, é encontrada, no local, uma quantidade de compostos químicos acima do recomendado. Tendo em vista que se trata de uma área desativada que se pretende reurbanizar, pode ser considerada como um brownfield, que ao mesmo tempo desvaloriza o seu entorno, mas dá possibilidades de reutilização, caso haja a descontaminação. d) Os greenfields, diferente da realidade das vacâncias fundiárias, estão mais associados às terras vazias que ainda não contam com uma boa.

(25) 25. infraestrutura. Na verdade, são áreas cuja dinâmica é muito mais agrícola e encontram-se nas franjas dos centros urbanos, mas que paulatinamente se transformam em áreas de expansão da cidade. Isso se dá pelo espraiamento dos investimentos imobiliários, pelos loteamentos, pela construção de conjuntos habitacionais, e investimentos públicos. Como exemplo da produção de greenfields, foi escolhida a área adjacente ao Aeroporto Aluísio Alves, o “aeroporto-cidade”, construído em São Gonçalo do Amarante. e) Para compreender o papel dos greyfields na dinâmica urbana, serão levantadas áreas de grandes lojas que não se sustentaram economicamente ou que buscaram áreas maiores para expandir, deixando para trás áreas ociosas com dificuldades de reutilização por causa do tamanho do terreno. Geralmente serão grandes lojas no centro da cidade ou em áreas já consolidadas. A cidade de Natal apresenta, ainda, espécies de greyfields no percurso da BR-101, onde supermercados ou grandes lojas encontram-se sem utilização. O exemplo analisado na tese diz respeito ao prédio do grupo Walmart, em Capim Macio, na Av. Roberto Freire. f) Serão estudados parques, praças e áreas livres do município, avaliando a importância destes para o entorno, sobremaneira no que concerne à dinâmica imobiliária. No caso das áreas livres, elas diferem dos vazios urbanos de acordo com o seu potencial ou não de ocupação. Lins e outros (2010, p. 11) mantêm, por um lado, a expressão “vazios urbanos” para descrever as terras vazias, mas com potencial de ocupação por construções, privadas ou públicas; por outro lado, a expressão “áreas livres” descreve as ocorrências de terras vazias que devem permanecer livres de ocupações, dadas as outras funções que exercem, por exemplo: ambientais, áreas de lazer públicas, dentre outras (LINS e outros, 2010, p.11).. Apesar dessa notória distinção entre vazios urbanos e áreas livres, a qual se corrobora aqui, é possível ocorrer das segundas serem incorporadas ao mercado imobiliário da mesma forma que os primeiros. Assumem, portanto, o papel de vazios urbanos para receberem construções. Serão investigadas as áreas com ocupações de baixa densidade em relação ao permitido pela legislação urbanística e que podem ser convertidas e disponibilizadas para o mercado..

(26) 26. g) Para analisar os espaços públicos, serão analisados terrenos das forças armadas que, apesar de serem espaços de uso comum, possuem restrição no acesso. O mercado imobiliário consegue, com artifícios como a “permuta”, vencer as restrições construindo edifícios em terrenos públicos. Assim, serão levantadas as grandes áreas cujos terrenos eram subutilizados e que atualmente estão sendo apropriados pelo mercado imobiliário. O quadro 1 apresenta a síntese dos levantamentos dos “tipos de vazios urbanos” e as áreas escolhidas conforme se mostraram, inicialmente, como laboratórios para compreender as dinâmicas urbanas desejadas. Após a exposição de cada caso, será feito estudo ou sobre a dinâmica imobiliária do entorno ou sobre a (potencial) utilização do espaço, antes vazio (ou ambos). Com isso será possível explicar o papel que cada tipo de vazio exerce na cidade de Natal e a função que têm na cidade contemporânea. Quadro 1 – Vazios urbanos e seus correlatos em exemplos na cidade de Natal VAZIOS URBANOS Não edificados Imóveis subutilizados termos correlatos. Greyfields Espaços livres, verdes, áreas livres Terrenos públicos. e. Ribeira Área em Santos Reis na qual se localizava os tanques da Petrobras.. Brownfields Greenfields. ÁREAS Ponta Negra, Capim Macio e San Vale. Áreas de expansão, dinâmica das áreas adjacentes ao Aeroporto de São Gonçalo. Edifício do antigo Bompreço, em Capim Macio áreas Parques, praças, áreas livres do município (alguns exemplos). Terrenos das forças armadas.. Fonte: Elaboração própria.. No item seguinte, será mostrada a estruturação da tese. Antes disso, é importante frisar que, no intuito de compreender melhor a realidade dos vazios urbanos na cidade, diferentes agentes produtores do espaço serão entrevistados, abrangendo distintos pontos de vista sobre o assunto. Tanto para o caso do Porto, como para o caso de Natal serão feitas entrevistas estruturadas e semiestruturadas junto a técnicos do setor público, bem como agentes do setor privado. No decorrer da pesquisa, será feita a seleção dos.

(27) 27. entrevistados dentre os quais já se pode dizer que constarão: a) agentes do setor privado, como representantes de associações comerciais, por meio dos quais será possível identificar a visão dos agentes do setor privado sobre a cidade; b) agentes do setor público de modo geral para compreender se alguma medida é tomada na cidade para evitar a subutilização e/ou não utilização através da retenção especulativa da terra, conforme o Estatuto da Cidade. Foram realizadas pesquisas de campo tanto na cidade de Porto, como em Natal, com o objetivo de compreender as dinâmicas estudadas, de esvaziamento e de reabilitação. A depender da necessidade, foram utilizadas estratégias diferentes para a análise. Esses procedimentos são apresentados, brevemente, na estruturação da tese. 1.3 Estrutura da tese A tese encontra-se estruturada em seis capítulos. O primeiro é este que apresenta o quadro introdutório do trabalho, com a apresentação do tema e a visão global a ser apresentada. Introduz, também, os procedimentos metodológicos utilizados e, por fim, apresentada a estruturação da tese. O segundo capítulo, em uma perspectiva teórica, traz uma discussão sobre o espaço, bem como sobre os seus agentes produtores, para entender a cidade não como algo inanimado, mas na sua dinâmica de interesses e mudanças. Para isso, foi realizada revisão bibliográfica especializada. Nesse contexto, o capítulo também discute os conceitos relacionados aos processos de requalificação, renovação, revitalização, reabilitação, das áreas centrais. Assim, mostra alguns casos nos quais ocorreram esses processos. O terceiro capítulo discute a polissemia do termo vazio urbano em seus diversos tipos. Portanto, foi levantado o debate sobre os conceitos de vazios urbanos e sobre as estratégias dos agentes produtores do espaço no que diz respeito ao que se relaciona ao tema. O capítulo recupera, ainda, alguns termos correlatos aos vazios urbanos que tangenciam a questão do esvaziamento, a saber: imóveis subutilizados, imóveis não utilizados, imóveis não edificados e imóveis em ruínas, além de outros termos como brownfields e.

(28) 28. greyfields. Para cada termo definido, foi dado um exemplo empírico da cidade de Natal. O quarto capítulo trata dos processos de esvaziamento e de reabilitação da área central da cidade do Porto, em Portugal. Foi feito um recorte para análise a partir do caso de áreas nas quais se deu início à reabilitação do Porto, os chamados quarteirões-piloto. A partir de entrevistas realizadas junto a agentes e comerciantes, pôde-se compreender as estratégias utilizadas e os seus efeitos. Além disso, foram analisados documentos, bem como jornais que nesse estudo serviu para aprofundar a discussão sobre reabilitação do segundo capítulo, com um caso mais detalhado. O quinto capítulo tem como pano de fundo a cidade de Natal, a partir da análise dos vazios urbanos, em um panorama geral. Partiu-se da existência de imóveis não edificados, as vacâncias fundiárias, no contexto da urbanização de Natal e da atuação dos agentes produtores do espaço. Foram espacializados os vazios urbanos do tipo imóveis não edificados, que estão mais associados à dinâmica da especulação imobiliária. Através da ferramenta Google Earth, foi possível visualizar e marcar os vazios urbanos do tipo não edificados. Com isso, foram selecionados os locais com maior incidência desse tipo de vazio: Ponta Negra, Capim Macio e San Vale. Com essa seleção, foram marcadas as poligonais desses vazios urbanos, evitando-se áreas livres, espaços públicos e áreas de proteção ambiental. Ainda foi realizada uma pesquisa no mecanismo de busca de imóveis do site vivareal.com.br, para fazer um levantamento do preço dos terrenos à venda nos locais escolhidos. O sexto capítulo retoma a questão dos vazios urbanos relativos à área central, no contexto da constituição do centro histórico de Natal. Trata dos motivos para o esvaziamento da área central, mapeando os tipos de vazios urbanos encontrados na Ribeira, que é o bairro no qual se encontra a maior concentração de vazios próprios de áreas centrais. Na pesquisa de campo, além do mapeamento dos tipos de vazios urbanos, foi realizado um levantamento fotográfico para exemplificar a situação. Os casos mais emblemáticos foram discutidos a partir de pesquisa documental e de jornais. Também foram realizadas entrevistas semiestruturadas com agentes dos.

(29) 29. setores público e privado, no intuito de apreender o contexto de esvaziamento da Ribeira, bem como os planos e projetos para a sua reabilitação..

(30) 30. CAPÍTULO II. FUNDAMENTOS TEÓRICOS. “Não existe um espaço social, mas vários espaços sociais”. Henri Lefebvre “Mas uma área urbana em tal situação não fracassa por ser velha. Ao contrário. A área é velha por ter fracassado” Jane Jacobs.

(31) 31. CAPÍTULO II. FUNDAMENTOS TEÓRICOS O capítulo II retoma os debates realizados sobre o espaço no âmbito da ciência geográfica e nos estudos urbanos, tratando da mudança na visão do espaço como elemento estático ao espaço socialmente produzido. Discutemse, portanto, as práticas utilizadas pelos agentes produtores para auferirem rendas da terra, mediante processos tais como a especulação ou a valorização via gentrificação. Dessa forma, a partir da compreensão de que agentes econômicos obtêm renda via especulação imobiliária, pode-se compreender o verdadeiro significado do vazio urbano, segundo esse viés econômico. Deixar o solo urbano vazio objetiva atingir altos ganhos com rendas de monopólio, em caso de uma localização privilegiada, única e com toda a infraestrutura. Outros tipos de vazios, contudo, podem ser encontrados nas áreas centrais das cidades. Assim, no âmbito do debate sobre os imóveis subutilizados e/ou não utilizados, aparece a necessidade de compreender o papel do centro histórico, tendo em vista que este tem sido foco de intervenções para evitar a subutilização de áreas com certa infraestrutura na cidade contemporânea.. 2.1 O espaço urbano É no contexto da chamada geografia crítica ou radical, bem como nos debates sobre a questão urbana, que emerge a discussão do espaço no âmbito da produção. Até então, como assinala o próprio Lefebvre (2006, p. 3) no prefácio da sua obra, “as concepções do espaço estavam confusas, paradoxais, incompatíveis”. O mérito do autor, portanto, foi o de buscar romper com os meandros revoltos de uma visão de espaço que se retesava desde macros aspectos cosmológicos até os micros aspectos humanos. Passou a considerar “o espaço (social) não mais como fatos da ‘natureza’ mais ou menos modificada” – um a priori como pretendiam os kantianos –, “nem como simples fatos de cultura, mas como produtos” (p. 4). As contribuições do autor prosseguem quando afirma que o espaço não deve ser entendido como um produto “vazio” e passivo que pode ser.

(32) 32. trocado e consumido como outros produtos. Em outras palavras: não se pode partir de uma visão estática do conceito de espaço. Antes, é preciso entender que o espaço se dialetiza como “produto-produtor, suporte de relações econômicas e sociais”. Ele entra nas “relações de produção e nas forças produtivas” (LEFEBVRE, 2006, p. 5). Assim, para ele, o espaço urbano mostrase como um resultado de um processo social de produção. Lefebvre observa que, além de haver um espaço de consumo ou, quanto a isso, um espaço como área de impacto para o consumo coletivo, há também o consumo de espaço, ou o próprio espaço como objeto de consumo. Isso pode ser ilustrado pelo turismo, em que o próprio meio ambiente é consumido através da recreação, ou pela relocalização dos negócios devido a atratividades naturais. Assim, o próprio design espacial pode ser convertido em mercadoria, juntamente com a terra, algo que arquitetos, planejadores de cidade e turistas conheceram por algum tempo (GOTTDIENER, 1997, p. 129).. Por sua vez, e a esse respeito, Harvey (1980) compreendia que a visão específica do espaço trazida da física moderna não teria validade geral para o exame da atividade social, sendo necessário buscar outras perspectivas que ajudassem a entender a forma espacial da cidade, não apenas na dimensão meramente física, mas também o significado criativo. Daí o autor partir da visão “que o espaço social é complexo, não homogêneo, talvez descontínuo, e quase certamente diferente do espaço físico no qual o engenheiro e o planejador atuam tipicamente” (HARVEY, 1980, p. 25). Para Harvey (1980, p. 34), é mais razoável “considerar a cidade como um sistema dinâmico complexo, no qual a forma espacial e o processo social estão em contínua interação”. É desse modo que o autor sustenta que uma teoria geral da cidade deve relacionar os processos sociais à forma espacial, por meio de uma ponte entre a imaginação sociológica e a imaginação espacial. O autor argumenta que a compreensão do espaço com toda a complexidade imbuída está sujeita à avaliação dos processos sociais, mas, do mesmo modo, a compreensão dos processos sociais está sujeita à avaliação do espaço. Seguindo a reafirmação da perspectiva espacial crítica na teoria e na análise sociais contemporâneas, Soja (1993) indica a importância atual que ganha a construção da geografia em seus aspectos reveladores no que chama.

(33) 33. de geografias pós-modernas1. No intuito de romper com a linearidade temporal comum aos clássicos que fundamentam a literatura sobre a produção do espaço, o autor busca a simultaneidade, apesar de compreender as limitações da linguística. Levantando aspectos dos debates proeminentes nas décadas de 1970/80 sobre a especificidade do urbano, Soja (1993) mostra o conflito disciplinar entre a geografia marxista de um lado e a sociologia radical de outro acerca da reafirmação do espaço. O autor recorda do fato de Castells criticar a especificação avultada do urbano. Na obra “A questão urbana” – para ilustrar o que Soja vem tratando –, Castells (1983) não concebe uma teoria específica do espaço. Para ele, o que há é “simplesmente desdobramento e especificação da teoria da estrutura social, para prestar conta das características de uma forma social particular, o espaço, e de sua articulação a outras formas e processos dados historicamente” (CASTELLS, 1983, p. 158). O autor defende que a estrutura social é transformada por intermédio das práticas sociais, da ação dos homens. O espaço, assim como qualquer outra forma social, “pode ser compreendida a partir da articulação histórica de vários modos de produção”, os quais são compreendidos pelo autor como “a matriz particular de combinação entre as ‘instâncias’ (sistemas de práticas) fundamentais da estrutura social: econômica, político-institucional e ideológica” (CASTELLS, 1983, p 159). Contudo, Soja (1993, p. 90) afirma que, em reflexões posteriores, Castells até se aproxima da “proclamação pós-moderna de que, agora, é mais o espaço do que o tempo, mais a geografia do que a história, que esconde de nós as consequências. Mas, ao menos ele parece mais aberto a essa possibilidade do que fora antes”. Os anos 1980 constituíram-se como um período de incorporação maior do espaço no cerne da teoria social a partir de autores como Anthony Giddens, John Urry e o próprio Castells, que se agregaram ao debate sobre a importância do espaço na teoria social, fomentada já por autores como Harvey. 1. Soja (1993) considera Michel Foucault, John Berger, Ernest Mandel, Fredric Jameson, Antony Giddens, Lefebvre, David Harvey, dentre outros, como pioneiros das geografias pós-modernas. Vale salientar que, ao tratar de geografias pós-modernas, Soja (1993, p. 12) considera “o período atual primordialmente como outra reestruturação ampla e profunda da modernidade, e não como uma substituição de todo o pensamento progressista pós-Iluminismo”..

(34) 34. e Smith, os quais haviam se unido também no desenvolvimento de um materialismo histórico-geográfico. Até essa época, porém, houve forte crítica a Lefebvre pelo fato de ter tido a audácia de estar na contramão da atrofia da imaginação geográfica dos outros autores que tinham temores infundados de fetichismo espacial (SOJA, 1993). Surgiram, no final dos anos 1980, sinais de uma geografia humana crítica pós-moderna, com um caráter de especialização flexível, o qual significa, na composição da geografia, uma resistência ao fechamento paradigmático e ao pensamento rigidamente categórico; a capacidade de combinar criativamente aquilo que, no passado, era considerado antitético/impossível de combinar; a rejeição das “lógicas profundas” totalizantes que cerceiam nossas maneiras de ver; e a busca de novos modos de interpretar o mundo empírico e arrancar suas camadas de mistificação ideológica (SOJA, 1993, p. 92).. Dentro desse quadro de reconstrução da geografia humana crítica, Soja (1993, p. 93) entende que ela “deve estar sintonizada com as lutas emancipatórias de todos os que são marginalizados e oprimidos pela geografia específica do capitalismo (e também do socialismo existente)”. Daí o espaço não poder mais ser entendido no sentido em que fora trazido da física. O espaço é entendido como esse conceito fundamental, e se a geografia tem o foco no estudo da dimensão espacial da sociedade – como afirma Haesbaert (2010, p. 160) –, é importante empreender uma trajetória de compreensão do espaço cada vez mais empenhada em explicar como é produzido para que se avance na compreensão da sociedade. Segundo Santos (1985, p. 49), “a sociedade só pode ser definida através do espaço, já que o espaço é o resultado da produção, uma decorrência de sua história”. É, portanto, imprescindível que se debruce sobre a produção do espaço para compreender essa dimensão espacial da sociedade. Tal produção se dá na história da sociedade, nas práticas sociais. Ao tratar da distinção que se fazia geralmente entre os processos sociais e as formas espaciais, Harvey (1980, p. 2) afirma que as últimas “são então vistas não como objetos inanimados dentro dos quais o processo social.

(35) 35. se desenvolve, mas como coisas que ‘contêm’ os processos sociais, do mesmo modo que os processos sociais são espaciais”. Cabe ressaltar que os autores trabalhados não concebem o espaço como neutro e como um a priori; antes, enxergam o espaço como reflexo e algo que modela a vida social. Várias denominações de espaço aparecem nos textos citados, numa busca de melhorar os fundamentos teóricos do conceito, a saber: espaço abstrato, absoluto, relativo, relacional, além dos “momentos” do espaço como percebido, concebido e vivido. Lefebvre (2006, p. 31) conduz a discussão do espaço social afirmando que o mesmo incorpora “atos sociais”, os quais ao mesmo tempo são “coletivos” e “individuais”. Dentro dessa complexidade do capitalismo e do que chama de neocapitalismo “moderno” repousaria a triplicidade do espaço: a) A prática espacial, que engloba produção e reprodução, lugares especificados e conjuntos espaciais próprios a cada formação social, que assegura a continuidade numa relativa coesão. b) As representações do espaço, ligadas às relações de produção, à ‘ordem’ que elas impõem e, desse modo, ligadas aos conhecimentos, aos signos, aos códigos, às relações ‘frontais’. c) Os espaços de representação, apresentando (com ou sem código) simbolismos complexos, ligados ao lado clandestino e subterrâneo da vida social, mas também à arte, que eventualmente poder-se-ia definir não como código do espaço, mas como código dos espaços de representação.. Depois de dizer isso, Lefebvre aprofunda a discussão, explicando essa triplicidade. A prática espacial está associada ao espaço percebido, à realidade cotidiana e à realidade urbana. As representações do espaço, por sua vez, estão associadas ao espaço concebido, “aqueles dos cientistas, dos planificadores, dos urbanistas” [...]. Os espaços de representação estão associados ao espaço vivido, isto é, espaço dos habitantes e usuários. É o “espaço dominado”, por isso, “submetido” (LEFEBVRE, 2006, p. 35). A triplicidade: percebido-concebido-vivido (espacialmente: prática do espaço – representação do espaço – espaços de representação) perde seu alcance caso se lhe atribua o estatuto de um “modelo” abstrato. Ou ela se apodera do concreto (e não do “imediato”), ou ela atém uma importância apenas reduzida, a de uma mediação ideológica entre muitas outras (LEFEBVRE, 2006, p. 36)..

(36) 36. Baseando-se em Lefebvre (2006, p. 40), deve-se dizer ainda que a “relação entre esses três momentos do espaço – o percebido, o concebido e o vivido –, nunca são simples, nem estáveis”. Lefebvre (2006, p. 121) argumenta que o capitalismo constrói para si um espaço homogêneo, que ele denomina de espaço abstrato. Este, segundo o autor, “serve como instrumento de dominação”. Haesbaert explica o espaço abstrato na sua diferença com o espaço absoluto, na compreensão de Lefebvre. Haesbaert (2010, p. 163) diferencia: Absoluto é o espaço que conjuga todas aquelas dimensões, sem separá-las, e sob o domínio do espaço vivido, com profundo valor simbólico, como predominava aproximadamente até o Império Romano. Já o espaço abstrato, dominante no mundo moderno-capitalista, aquelas dimensões se separam, sob o domínio do funcional ou do instrumental, ou seja, das práticas espaciais, do espaço concebido.. Com dimensões se quer dizer as dimensões “percebida”, “concebida” e “vivida” do espaço, as quais já foram aqui tratadas. Ao diferenciar o espaço absoluto e abstrato, é importante explicar que Lefebvre compreende o espaço absoluto de forma diferente da que expõe Harvey. Essa crítica é feita por Haesbaert (2010, p. 163), quando afirma que “seria importante, também, destacar – ou pelo menos reconhecer (o que não é feito por Harvey 2) – que Lefebvre trabalha com outra concepção de espaço absoluto”. Tendo sido explicada a proposição de Lefebvre, recorde-se agora a compreensão de Harvey (1980, p. 4) do espaço absoluto e relativo: Se tomamos o espaço como absoluto ele se torna uma “coisa em si mesma” com uma existência independente da matéria. Ele possui então uma estrutura que podemos utilizar para classificar ou para individualizar fenômenos. A caracterização de um espaço relativo propõe que ele deve ser entendido como uma relação entre objetos, a qual existe somente porque os objetos existem e se relacionam (HARVEY, 1980, p. 4).. Resgatando o espaço como absoluto e relativo, Harvey (1980) introduz a esse contexto uma concepção de espaço a qual busca em Leibniz. Trata-se. 2. Para situar o leitor, a crítica de Haesbaert (2010) é feita a Harvey (2006), quando o mesmo busca ajustar as matrizes de espaço construídas por Lefebvre (2006) e Harvey (1980)..

(37) 37. do espaço relacional, que vai além da visão do espaço como relação entre objetos e suas relações (espaço relativo). Nessa visão do espaço relacional trazida por Harvey, o espaço contém as relações com os outros objetos. Nas palavras dele: Há outra acepção segundo a qual o espaço pode ser tomado como relativo, e proponho chamá-lo espaço relacional – espaço tomado, à maneira de Leibniz, como estando contido em objetos, no sentido de que um objeto existe somente na medida em que contém e representa dentro de si próprio as relações com outros objetos (HARVEY, 1980, p. 5).. Como essa obra de Harvey traz uma contribuição sucessiva do seu pensamento – já que é composta por uma série de artigos que foram sendo escritos ao longo de sua trajetória intelectual–, é importante mostrar o avanço desse pensamento quando ele afirma que, na verdade, “o espaço não é nem absoluto, relativo ou relacional em si mesmo, mas pode transformar-se em um ou em outro, dependendo das circunstâncias” (HARVEY, 1980, p. 5). Mais recentemente o autor afirmou que é justamente na complexidade do espaço e na impossibilidade de compreender o espaço isolando os seus significados particulares que está a gama de possibilidades de entendimento sobre o mesmo, sobremaneira se conjugado com o tempo: A obtenção de um certo sentido de como o espaço é e como as diferentes espacialidades e espaço-temporalidades funcionam é crucial para a construção de uma imaginação distintamente geográfica. Mas o espaço acaba por ser uma palavra-chave extraordinariamente complicada. Funciona como uma palavra composta e tem múltiplas determinações, de modo que nenhum de seus significados particulares pode ser devidamente compreendido isolado de todos os outros. Mas isso é precisamente o que faz o termo, particularmente quando conjugado com o tempo, tão rico em possibilidades (HARVEY, 2006, p. 293). De fato, como afirma Lefebvre (2006, p. 34) “não é mais, portanto, o espaço disto ou daquilo que importa, mas o espaço como totalidade ou globalidade”. Para o autor, o espaço como totalidade deve ser engendrado pelo e no conhecimento teórico, para não correr o risco das diversas fragmentações e recortes oriundos da intenção analítica..

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