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A DESIGUALDADE DE GÊNERO E A EFETIVAÇÃO DO DIREITO HUMANO DE ACESSO À ÁGUA PARA AS MULHERES

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REPATS, Brasília, V.6, nº 1, p 92-114, Jan-Jun, 2019

A Desigualdade De Gênero E A Efetivação Do Direito Humano

De Acesso À Água Para As Mulheres

The Gender Inequality And The Effectiveness Of The Human

Right To Water Access For Women

Alexsandra Matilde Resende Rosa

*

Vera Lúcia de Miranda Guarda

**

Kerley dos Santos Alves

***

Deilton Ribeiro Brasil

****

RESUMO: Este artigo procura demonstrar a importância de medidas que

incentivem a igualdade de gênero e a participação feminina nos processos de tomada de decisão sobre a água, como uma forma de garantir o direito ao acesso a água a todos. A pesquisa realizada para atingir esse objetivo foi à teórica, com uma abordagem qualitativa. O procedimento escolhido foi o de revisão bibliográfica e documental. Os resultados demonstram que devido a resquícios do sistema patriarcal e da divisão do trabalho, ainda presentes no mundo de hoje, a trajetória das mulheres é marcada por exclusões sociais, econômicas e políticas. No que se refere ao acesso a água, não ocorre uma exceção. As mulheres são consideradas as mais prejudicadas quando falta água no mundo e as principais gestoras da água em âmbito doméstico. Antagonicamente, as decisões públicas sobre a água estão guiadas, na grande maioria, por preferências masculinas, que não levam em conta necessidades especificamente femininas. A coesão entre diferentes instituições políticas e marcos regulatórios é importante para a criação de projetos e programas que possibilitem uma diminuição nas desigualdades existentes e estimulem a

Recebido em: 08/01/2019 Aceito em: 03/02/2019

* Mestranda do PPGD – Sustentabilidade socioeconômica ambiental da UFOP. Especialista em

Direito Ambiental pela FAVENI. Graduada em Psicologia pela UFSJ. Graduada em Direito pela UNIPAC/Mariana-MG.

**Pós-doutora em Ciências Farmacêuticas pela Université Joseph Fourier – Grenoble I, França.

Doutora em Ciências Farmacêuticas pela Université de Grenoble I, França. Mestre em Ciências Farmacêuticas pela UFRGS. Professora titular do Departamento de Farmácia da Universidade Federal de Ouro Preto-MG.

*** Doutora em Psicologia pela PUCMinas com estágio Sandwich pela Universitat Autonoma de

Barcelona, Espanha. Professora adjunta do PPGD – Mestrado em Sustentabilidade socioeconômico ambiental da Universidade Federal de Ouro Preto-MG.

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participação das mulheres nas decisões sobre a água, buscando garantir a elas o acesso a esse recurso de forma equitativa.

Palavras-chave: Igualdade de gênero; Direito ao acesso; Escassez de água;

Gestão pública.

ABSTRACT: This paper aims to demonstrate the importance of measures that

encourage gender equality and women's participation in decision-making processes on water as a way of guaranteeing the right to access to water for all. The research carried out to reach this objective was the theoretical one, with a qualitative approach. The procedure chosen was the bibliographical and documentary review. The results show that due to remnants of the patriarchal system and the division of labor, still present in the world today, the trajectory of women is marked by social, economic and political exclusion. As far as access to water is concerned, there is no exception. Women are considered the most disadvantaged when water is lacking in the world and the main water managers in the domestic sphere. In contrast, public water decisions are largely driven by male preferences, which do not take into account women's specific needs. Cohesion between different political institutions and regulatory frameworks is important for the creation of projects and programs that allow a reduction in existing inequalities and stimulate the participation of women in water decisions, in order to guarantee them access to this resource in an equitable way.

Keywords: Gender equality; Right to access; Water shortage; Public

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INTRODUÇÃO

A água também é um recurso estratégico para a humanidade, pois mantém a vida no planeta Terra, sustenta a biodiversidade e a produção de alimentos e suporta todos os ciclos naturais. A água tem, portanto, importância ecológica, econômica e social. Há uma cultura relacionada com a água e um ciclo hidrossocial na interrelação da população humana com as águas continentais e costeiras. Sem água de qualidade adequada, o desenvolvimento econômico-social e a qualidade da vida da população humana ficam comprometidas. As fontes de água doce, superficiais ou subterrâneas, têm sofrido, especialmente nos últimos cem anos, em razão de um conjunto de atividades humanas sem precedentes na história: construção de hidrovias, urbanização acelerada, usos intensivos das águas superficiais e subterrâneas na agricultura e na indústria (TUNDISI; TUNDISI, 2009, p. 8-9).

Sendo assim, a escassez e o mau uso da água doce são fatores de grande e crescente risco ao desenvolvimento sustentável e à proteção do meio ambiente. A água doce é um recurso finito e essencial para sustentar a vida, o desenvolvimento e o meio ambiente. Já que a água sustenta a vida, o gerenciamento efetivo dos recursos hídricos demanda uma abordagem holística, ligando desenvolvimento social com o econômico e proteção dos ecossistemas naturais. Gerenciamento efetivo liga os usos da terra aos da água nas áreas de drenagem ou aquífero de águas subterrâneas (Declaração de Dublin, principio 1º).

Apesar de serem muito afetadas com a escassez da água, as mulheres assumem atividades secundárias em espaços participativos relacionados aos recursos hídricos, não constituindo efetivos atores na tomada de decisão. Elas representam minoria nos altos cargos de decisão sobre a água e a presença de homens, também, predomina na criação de políticas públicas sobre o assunto (MELO, 2006). Devido a isso, há uma marginalização de seus interesses dentro desses espaços.

O objetivo desse trabalho é descrever como medidas que incentivem a equidade de gênero podem favorecer a concretização do direito ao acesso a

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água de forma mais justa as mulheres e, demonstrar a importância do incentivo da participação das mulheres nos processos decisórios sobre a água.

No que se refere à metodologia adotada, utilizou-se da pesquisa teórica quanto à finalidade encaixa-se na categoria específica de pesquisa aplicada. O procedimento emprego foi o estudo bibliográfico e documental. A abordagem utilizada foi a qualitativa e o método emprego foi o dedutivo. Também foram consultados autores que abordam os temas basilares para a linha de raciocínio que se busca construir no presente estudo e, também, as legislações pertinentes ao tema, de maneira que o mesmo pudesse ser discutido de forma fundamentada.

2 CONTEXTUALIZANDO A IMPORTÂNCIA DA ÁGUA E SUA ESCASSEZ

O planeta terra se tornou um ambiente propicio ao surgimento da vida devido à existência da água, que possibilitou a evolução das espécies até o aparecimento da vida humana. Todo ser vivo depende da água e a maioria dos organismos são constituídos por ela, 70% do corpo humano, por exemplo, é formado por água (RIBEIRO, 2008). Ela é essencial para os processos metabólicos do organismo, auxiliando desde a absorção de nutrientes até a eliminação de resíduos (BRUNI, 1993).

O homem usa a água para praticamente tudo. A presença desse recurso cria hábitos, culturas, determina a ocupação de territórios e garante o futuro da existência da vida. A água, também, tem um relevante papel econômico, por seus usos promoverem a economia nacional (produção de alimentos, navegação, abastecimento público, desenvolvimento industrial, geração de hidroeletricidade) (TUNDISI, 2013).

Apesar de compor 75% da superfície do nosso planeta, apenas 2,5% desse reservatório é próprio para o consumo humano (CRUZ, 2010). Além disso, a quantidade desse bem é mal distribuindo em diversas regiões do planeta.

Em 2007, o relatório “Visão ambiental global”da UNEP (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), concluiu que o bem estar humano e dos ecossistemas estão sendo afetados seriamente devido a mudanças nos ciclos

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hidrológicos. Essas mudanças são causadas pelo alto crescimento populacional, formas atuais de urbanização e consumo dos seres humanos.

Durante o século XX, a população mundial aumentou de tamanho durante 3 vezes. Nesse período, o consumo de água aumentou de 6 a 7 vezes (REBOUÇAS, 2001). Com o aumento da demanda e a diminuição da sua disponibilidade ocorrem diversos problemas relacionados a falta de água (na área da saúde, tecnologia, economia, cultura), além de conflitos entre usuários.

O relatório da ONU, “Sede do futuro: água e crianças num clima em mudança”, divulgado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), em 2017 demonstra que 600 milhões de crianças (uma em cada quatro crianças no planeta), até 2040, irão viver em regiões com escassez de água. Esse relatório, também, informa que um quinto da humanidade já não tem acesso à água potável (UNICEF, 2017).

O mesmo relatório registra ainda que na próxima década a desertificação e a falta de água vão afetar boa parte das regiões do planeta. Outro dado informa que hoje, morrem mais de 800 crianças diariamente de diarreia por falta de acesso ao saneamento básico, água potável e condições de saúde (UNICEF, 2017).

No Brasil essa realidade não é diferente, apesar de ser considerado um país privilegiado por concentrar cerca de 12% da água doce do mundo, conta com uma distribuição irregular desse recurso em seu território. Em 2006, o Plano Nacional de Recurso hídricos: diretrizes identificou diversos problemas de esgotamento sanitário no Brasil, racionamento de água e conflitos entre usuários (MMA/SRH, 2006).

Segundo a BRK Ambiental e o Instituto Trata Brasil (2018), 35 milhões de brasileiros não possuem acesso à água potável. Na residência de metade da população não há coleta de esgotos e apenas 40% dos esgotos coletados são tratados, os outros 60% são lançados sem tratamentos nos rios, riachos e córregos.

No país, considera-se que as principais causas de escassez hídrica são de natureza humana, como desperdícios, má gestão, falta de governança, falta de priorização de recursos humanos e financeiros destinados ao cuidado com

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a água. Em 2012, por exemplo, dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), mostram índices elevados de perdas de água nas redes de abastecimento do Brasil. De acordo com o SNIS, são perdidos, por dia, 6 bilhões de litros d'água potável no país, antes de chegar a torneira dos brasileiros (BRK AMBIENTAL; INSTITUTO TRATA BRASIL, 2018).

Devido a problemas como esses, foi diagnosticada a necessidade de criar uma nova cultura em relação ao uso da água, repensando valores, comportamentos, hábitos e atitudes. Atualmente, é defendido que a governança da água deve ser a nível global e “os problemas relacionados à água devem ser resolvidos, em sua maioria, mediante um processo de negociação política e social, envolvendo diferentes níveis de governo e atores sociais” (CAMPOS e FRACALANZA, 2010, p. 366). Para uma boa gestão e governança da água é necessária a participação de representantes da sociedade, governo e dos usuários.

Franca; Cardoso Neto (2006, p. 26-27) classificam a escassez de água em duas categorias: a conjuntural e a estrutural. A escassez conjuntural é aquela decorrente de situações desfavoráveis, naturais ou não. Esse tipo de escassez pode ocorrer por diversos fatores. Algumas situações que podem gerá-la são esporádicas, geralmente de duração não muito longa, e normalmente restritas a regiões muito específicas. Um exemplo comum é a que ocorre em conflitos armados que cerceiam o acesso às fontes de abastecimento hídrico. Uma estiagem extraordinariamente prolongada que se abate sobre uma região normalmente não muito seca, como a que ocorreu no ano passado no sul do Brasil, por exemplo, pode ocasionar uma escassez passageira e localizada, que também pode ser descrita como conjuntural. O combate a esse tipo de escassez consiste no restabelecimento da normalidade da conjuntura adversa, que é, geralmente, pontual e exige que sejam tomadas decisões eficazes e rápidas.

A escassez estrutural se deve a um desequilíbrio entre disponibilidades e prioridades. Uma manifestação desse tipo de escassez é, por exemplo, a que acontece em uma região que tenha optado por quase exaurir seus recursos hídricos sem se importar com os seus usos múltiplos, como ocorreu no vale do rio Murray, na Austrália, em meados do século XIX, onde a irrigação foi tão

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intensiva que inviabilizou a navegação no rio, que era o principal meio de transporte usado para escoar a produção, o que acabou fazendo com que toda a atividade agrícola da região entrasse em colapso. Há regiões nas quais tanto a oferta quanto a demanda de água são abundantes, mas a prioridade é favorecer um emprego especifico do recurso em detrimento de toda uma multiplicidade de usos. Quando se fala em escassez, não se deve esquecer a que se refere à carência de qualidade satisfatória da água. A podridão dos rios que atravessam as cidades brasileiras é uma escassez estrutural com reflexos imediatos devastadores na saúde e na qualidade geral de vida da população (FRANCA; CARDOSO NETO, 2006, p. 26-27)

3 APORTES SOBRE A DESIGUALDADE DE GÊNERO E A EFETIVAÇÃO DO DIREITO DE ACESSO À ÁGUA

Para Simone de Beauvoir (1980, p. 9), “não se nasce mulher, torna-se mulher”. Há tempos que a concepção de efetivamente ser mulher, perpassa pela obrigatoriedade de constituição de seio familiar, firmada na cultura de que a mulher deveria se pautar em ser mãe, e esposa. De outro lado, ao homem incumbia-se o patriarcado, ou seja, ser o provedor familiar.

A expressão gênero se refere à relação entre os diferentes papeis, direitos e responsabilidades estabelecidos entre homens e mulheres, resultado do processo de socialização, e influenciados por realidades históricas, religiosa, econômica e cultural. O gênero é associado à desigualdade de poder, liberdade, status, e também, na capacidade de acesso e controle de direitos, bens e recursos. Os papeis de gênero não são estáticos, podendo mudar com o tempo e lugar devido a diferentes construções culturais.

Quando se fala em igualdade de gênero refere-se que mulheres e homens têm direitos iguais em todos os aspectos. Ao falar em equidade há o reconhecimento que existem diferenças entre ambos, mas busca-se processos de superação e defesa das disparidades. Luta-se para que os papeis estabelecidos sejam igualmente valorizados e não seja um obstáculo para que membros da sociedade realizem plenamente o seu potencial.

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Assim, um dos grandes desafios contemporâneos consiste não apenas em aplicar a igualdade material nas relações, mas sobretudo agir com equidade na medida em que equaliza as diferenças tratando os desiguais na medida de suas desigualdades.

A erradicação de qualquer forma de discriminação decorrente da origem, raça, sexo, cor e idade constitui objetivo fundamental da República Federativa do Brasil, expressamente previsto no disposto no artigo 3º da Constituição Federal brasileira de 1988 (VEIGA, PELET, 2017, p. 5)

Segundo Judith Butler (2001), o gênero envolve relações sociais masculinas e femininas complexas e diversificadas. O autor define gênero como uma diferença na construção dos sentidos que são dados aos corpos, não se restringindo apenas a uma diferença material entre os sexos. Sendo assim, o gênero não pode ser determinado a partir de um sexo pré-existente, pois também é fruto da construção de sentidos.

Judith Butler (2001) ainda afirma que ao considerar a perspectiva de gênero é de grande importância ter em mente a diferenciação socialmente estabelecida entre os valores, atitudes e condutas empregados para homens e mulheres. A indentidade de gênero estabelece como homens e mulheres são percebidos e como devem agir e pensar em determinadas situações.

É certo que homens e mulheres assumem papeis e responsabilidades diferentes na sociedade e há um tratamento desigual de acordo com o gênero. Tradicionalmente, por exemplo, as mulheres ocupam os afazeres domésticos de seus lares, um trabalho essencial, mas sem remuneração monetária. Os homens, ao contrário, não assumem essas tarefas dedicando mais tempo às atividades remuneradas, fora do lar (SILVA; FISCHER; NASCIMENTO, 2010).

Artazcoz; Benach (2001) observaram que o serviço doméstico é uma atividade ainda assumida em maior parte pela mulher. Brito (1999) afirma que as mulheres têm mais dificuldade em alternar trabalho e tempo livre do que a população masculina. A alternância para as mulheres é a de trabalho profissional/ trabalho doméstico. As mulheres possuem uma tendência a realizar

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várias coisas ao mesmo tempo: cuidar da família, trabalhar, cuidar da casa, dos filhos, estudar.

No ano de 2018, o IBGE divulgou, pela primeira vez, dados sobre as diferenças de gênero no território brasileiro, seguindo o conjunto de indicadores de gênero estabelecido pela Comissão de Estatística das Nações Unidas. Os dados fornecidos levaram em conta 63 indicadores que incluem estruturas econômicas; participação em atividades produtivas e acesso a recursos; educação; saúde e serviços relacionados; vida pública e tomada de decisão; e direitos humanos das mulheres e meninas.

Através desses dados observa-se que ainda há grandes desigualdades referentes ao gênero no Brasil, por exemplo: as mulheres dedicam 73% mais horas do que os homens aos cuidados e/ou afazeres domésticos; o percentual de mulheres que trabalham em tempo parcial (até 30 horas semanais) é mais elevado (28,2%), quando comparado com os homens que trabalham por esse período (14,1%); em relação aos rendimentos médios do trabalho, as mulheres recebem, em média, cerca de ¾ do salário dos homens; a proporção de pessoas com ensino superior completo é maior entre as mulheres; apenas um em cada dez deputados federais era mulher em 2017; os homens ocupavam mais cargos gerenciais, em 2016, 62,2% de homens assumiam esses cargos contra 37,8% das mulheres; em 13 de dezembro de 2017, dos 28 cargos de ministro, apenas dois eram ocupados por mulheres (IBGE, 2018).

Esses dados demonstram diferenças de gênero existentes no Brasil, observa-se que as mulheres ainda realizam mais atividades domésticas do que os homens e que elas participam bem menos de cargos descisórios. No setor da água, também se observa grandes diferenças reacionadas ao gênero. Vários estudos Narciso; Henriques (2010), Empinotti (2011), Melo (2002) demonstram que as mulheres são as principais prejudicadas pela má gestão da água.

De acordo com Melo (2016) no Brasil o consumo da água destina-se principalmente a agricultura (65%), e em segundo ao consumo doméstico (18%) e em terceiro na indústria (14%). No país, as mulheres realizam atividades domésticas por mais tempo do que os homens. Elas, também, representam

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quase metade da força de trabalho agrícola do mundo e muitas vezes se encarregam concomitantemente do serviço doméstico e rural.

Para Narciso; Henriques (2010, p. 15) a desigualdade de gênero está presente no direito costumeiro e nas práticas sociais tendo como consequência que as mulheres tenham menos acesso aos recursos naturais. O acesso a água é influenciado por arranjos institucionais, onde estruturas de desigualdades sociais são reproduzidas através de “relações de gênero, etnia e até mesmo de localização espacial presentes naquela sociedade” (EMPINOTTI, 2010), (COLES; WALLACE 2005, p. 197).

Conforme Fischer (2013, p. 01), apesar da reconhecida familiaridade com o gerenciamento da água no âmbito doméstico, as mulheres somente se introduziram na discussão política da temática da água nos prelúdios da proposta da nova Constituição da República Federativa do Brasil. Na maioria das sociedades, principalmente nas menos desenvolvidas, a mulher é a responsável por cuidar da família, em especial quanto a confecção de alimentos e satisfação de necessidades básicas. Isso ocorre, por exemplo, em algumas regiões de África, da América Latina e da Ásia.

Em países onde há escassez de água são as mulheres que assumem o papel do abastecimento doméstico, na gestão e na proteção da água. No semiárido esse transporte geralmente é realizado a pé, com latas ou baldes na cabeça, em locais distantes e sob o sol forte. Quando chegam, nas residências, ainda precisam armazenar a água coletada. Tempo que poderiam estar realizando outras atividades seja de lazer, estudo, descanso ou trabalho (MELO, 2002). Conforme Soares,

A aridez que marca a vida no Sertão influencia o desenho da ocupação do território em sua dispersão sócio espacial, nos traços identificáveis no modo de vida, na organização da família e do poder. Essa configuração exacerba o isolamento e a consequente invisibilidade das mulheres tendo em vista que suas vidas estão basicamente restritas à reprodução do trabalho doméstico. Nessas regiões a desigualdade de gênero assume traços ainda mais claros uma vez que a pesada carga diária para a obtenção de água costuma recair sobre mulheres e meninas, o que implica em uma maior assimetria no que se refere à divisão sexual do trabalho doméstico afetando diretamente o bem-estar e fazendo com que muitas delas não possam frequentar a escola (SOARES, 2009, p. 01).

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Dessa forma, as mulheres e as meninas são as mais prejudicadas pela má distribuição dos serviços de saneamento, pois estas são as principais responsáveis pela coleta de água para manter a higiene de suas residências na maioria dos países, além de sofrerem dos problemas diretos resultantes da falta de água. De acordo com esse relatório, mulheres e crianças gastam juntas aproximadamente 200 milhões de horas, por dia, buscando água, por falta de instalações domiciliares de água potável. Na África subsaariana, são perdidas por ano 40 bilhões de horas devido à necessidade de transportar água (UNICEF, 2017).

No nordeste Brasileiro, as mulheres, na época da seca, também percorrem grandes distâncias para ter acesso a água, podendo chegar a 10 km, e carregando até 18 litros de água em baldes na cabeça ou enfrentam filas para adquirir água no caminhão pipa (SILVA, 2017). A privatização das águas, também afeta mais as mulheres, devido ao aumento do custo, controle ao acesso, afetando muitas mulheres chefe de família de baixa renda devido a punição do devedor com a suspensão do serviço (EMPINOTTI, 2011).

A água de má qualidade aumenta a sobrecarga das mulheres, que geralmente, também, são as responsáveis por cuidar dos doentes por contaminações relacionadas a escassez de água (LISBOA; MANFRINI, 2005). As mulheres são as primeiras a notar odores diferentes na água em sua residência, e as primeiras a perceberem quando ela começa a ficar escassa ou sofre alguma alteração (SEAGER, 1993). A disponibilidade de água garante melhor saúde as mulheres, além de mais tempo disponível para realização de outras atividades, melhorando sua qualidade de vida. A falta de água em banheiros expõe a mulheres a riscos de saúde e a própria segurança.

De acordo com o relatório IRC de 1998, uma em cada quatro meninas no mundo deixaram de frequentar a escola na época, por falta de instalações sanitárias adequadas e separadas dos meninos. E metade das doenças diagnosticadas em escolas estava relacionada a precárias condições sanitárias e à falta de higiene pessoal. Além disso, aponta que existiam 50 milhões de

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meninas que não frequentavam a escola por estarem ocupadas com a coleta de lenha e água (ZINATO, 2008).

Upadhyay (2004) enfatiza que as mulheres tem um grande papel produtivo, não só em ambiente doméstico, como na plantação de hortas, pequenos cultivos e criação de animais. Ainda de acordo com Zinato (2008), o mercado de trabalho conta com excelentes profissionais, muito competentes e sensíveis a questões relativas a água. Nesse sentido, Chifamba (2014) considera que as mulheres têm significativo conhecimento acerca dos recursos hídricos (localização, qualidade, armazenamento), e são mais motivadas na proteção desse recurso por reconhecer sua necessidade vital.

Viegas (2012, p. 25) entende que, pelo fato de o acesso à água ter sintonia estreita com direitos fundamentais como a vida, a saúde e a dignidade da pessoa humana, assume inegável contorno também de direito fundamental, que reside no direito de utilização de água em quantidade e qualidade adequadas. Também para Irigaray (2003, p. 398) enquanto direito fundamental, o direito à água é inalienável e irrenunciável, e o exercício da cidadania ensejará, ao longo do tempo, uma ampliação desse direito, incompatibilizando seu exercício com a gestão meramente econômica da água. Acresça-se que não é possível a concretização da democracia dissociada da implementação dos direitos fundamentais.

Mirandola; Sampaio (2006, p. 265-266), ressaltam ainda que a água é direito fundamental que apresenta quatro dimensões essenciais: a dimensão humanitária e de dignidade humana que implica criar condições de acesso a um mínimo de água, necessária à sobrevivência humana; a dimensão econômica nos remete à ideia de água como bem natural limitado quanti-qualitativamente, sendo necessária a sua exploração grandes investimentos econômicos; numa dimensão social a “água é fator de inclusão”; e, por fim, a dimensão sanitária nos lembra de que não basta à disponibilidade de uma quantidade mínima de água, pois, a “água deve ser limpa”, ou seja, não poluída, inclusive, por uma questão de saúde pública.

Sarlet (2003, p. 84) assevera que existem direitos fundamentais universais e consensuais, dentre os quais o direito à água e o respeito à

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dignidade humana. Nesse sentido, o constituinte brasileiro, inspirado em constituições ocidentais sociais democratas do século anterior, inscreveu em seu artigo 1º, inciso III, o postulado da dignidade da pessoa humana entre os fundamentos da organização nacional.

Dessa forma, assegurar o respeito da dignidade humana continua sendo o fim da sociedade política. Dignidade esta que não é vista apenas no âmbito do indivíduo isolado, mas sim de uma forma coletiva, em virtude da solidariedade. Por conta disso, surgem direitos de titularidade coletiva, intitulados pela doutrina de direitos fundamentais de terceira dimensão que consagram o princípio da solidariedade, englobando, também, o meio ambiente ecologicamente equilibrado, uma saudável qualidade de vida e outros direitos difusos (LEITE; BELCHIOR, 2014, p. 12-13).

Como um valor fundamental que é também um princípio constitucional, a dignidade humana funciona tanto como justificação moral quanto como fundamento jurídico-normativo dos direitos fundamentais. Sendo assim, ela vai necessariamente informar a interpretação de tais direitos constitucionais ajudando a definir o seu sentido nos casos concretos. Além disso, nos casos envolvendo lacunas no ordenamento jurídico, ambiguidades no direito, colisões entre direitos fundamentais e tensões entre direitos e metas coletivas, a dignidade humana pode ser uma bússola na busca da melhor solução. Mais ainda, qualquer lei que viole a dignidade, seja em abstrato ou em concreto, será nula (BARROSO, 2016, p. 64-66).

Em outras palavras, o princípio da dignidade humana é a qualidade intrínseca e distintiva reconhecida em cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condições existenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e promover sua participação ativa e corresponsável nos destinos da própria existência da vida em comunhão com os demais seres humanos (SARLET, 2008, p. 63).

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Com esses dados observa-se que é de interesse das mulheres que elas sejam representadas nos processos decisórios sobre o destino das águas, já que a falta de água afeta de forma efetiva o dia a dia delas. Elas possuem capacidade e estão preparadas para participarem dos processos decisórios sobre a água.

4 A PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES NOS PROCESSOS DECISÓRIOS SOBRE A ÁGUA

O trabalho e o conhecimento das mulheres são importantes para a preservação dos recursos hídricos, mas a participação delas no processo de tomadas de decisão sobre eles são baixos (FISCHER, 2013), (JACOBI; EMPINOTTI; TOLEDO, 2015); SANTANA (2015), EMPINOTTI (2011), (LISBOA; MANFRINI, 2005). No Brasil, no Conselho Nacional de Recursos Hídricos, por exemplo, dos 57 membros titulares, apenas 14 são mulheres. Outro exemplo, é na própria ANA onde dos cinco diretores, apenas uma é mulher, e ela foi a primeira a ser indicada para o cargo (FORTUNA; GRIGORI, 2018).

De acordo com Fischer (2013), os locais de discussão sobre a água representam um espaço de poder masculino. Existem vários consórcios e associações de gerenciamento da água, mas poucos são representados por mulheres. No comitê de bacia do rio são Francisco, por exemplo, os representantes de consórcio e associação de usuário são do sexo masculino. A autora argumenta que para a realização de várias tarefas nos comitês de bacia é exigido um tempo que pode ser utilizado para o cumprimento de tarefas domésticas. E muitas mulheres que participam dos comitês se sentem culpadas por não exercerem fielmente seu papel na família, muitas vezes não se interessando em participar mais efetivamente dos comitês.

Dictoro; Hanai (2017), ao realizarem pesquisa nos Comitês de Bacias Hidrográficas da Paraíba do Sul, Paranapanema, Piancó-Piranha-Açú, Verde Grande e Paranaíba constataram que a grande maioria dos respondentes representam fortemente o gênero masculino, em todos os comitês participantes essa representação foi maior ou igual a 60% dos integrantes.

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Valencio (2009) destaca que as mulheres estão pouco presentes no cenário político, apesar de representarem quase metade da população economicamente ativa. Empinotti (2011) ao examinar os comitês de bacia, também, constatou que as mulheres são minoria.

De acordo com Zinato (2008), o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH) emprega diversos profissionais. Contudo, quando se observa a composição da mesa decisória do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), e dos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, das Secretarias de Recursos Hídricos, de órgãos gestores de recursos hídricos e dos Comitês de Bacias, verifica-se que a maioria dos participantes, gerentes e tomadores de decisões é composta de homens. Esse dado é confirmado por uma pesquisa realizada por Senra (2014) no CNRH, onde se verifica uma predominância masculina na composição do conselho, constituído por 72% de homens.

Segundo Dias (2018), houve um aumento na presença de mulheres nos debates sobre a água, mas na participação de processos decisórios essa presença ainda é reduzida. Historicamente, a gestão da água esteve mais voltada às soluções de engenharia, profissão que apresenta maioria de profissionais homens. Atualmente, cresceu o número de profissionais mulheres nas engenharias e em outras profissões que atuam diretamente com a água. Além disso, houve uma mudança de paradigmas na gestão da água, que incorporou aspectos como a conservação ambiental e de impactos sociais. Ainda para a autora, a Política Nacional de Recursos Hídricos gerou um avanço nesse sentido, garantindo a participação das mulheres na gestão da água, levando a mobilização destas. Mas ela afirma que:

No entanto, a participação da mulher em comitês de bacias hidrográficas, bem como nos conselhos de recursos hídricos estaduais e nacional, ainda não ocorre de forma igualitária (DIAS, 2018).

Para Silva; Fischer; Nascimento (2010), a sociedade atual ainda apresenta resquícios da cultura patriarcal, onde homens apresentam maior poder e autoridade nas relações familiares. O papel tradicionalmente

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estabelecido na divisão das tarefas incube as mulheres como responsáveis com o cuidado da casa e da família.

Nesse sentido, Lisboa; Manfrini afirmam que:

Grande número de mulheres defronta-se, ainda, com consideráveis limitações em relação à participação na tomada de decisões quanto à definição de seus direitos e interesses por uma série de fatores: a responsabilidade no cuidado com as crianças, idosos e doentes da família; a desvantagem no mundo do trabalho remunerado, assim como sua vulnerabilidade física em relação à violência masculina. Estas mulheres são, também, severamente afetadas pelas condições precárias de vida em ambiente insalubre e poluído, pois as suas responsabilidades domésticas exigem contato permanente e direto com problemas gerados pela escassez ou falta de serviços de água, esgoto, drenagem e coleta de lixo. Ainda assim, as decisões públicas que afetam as mulheres, de modo geral, estão guiadas, na grande maioria, por preferências masculinas e não por necessidades femininas, questões estas frequentemente antagônicas (LISBOA; MANFRINI, 2005, p. 02).

Conforme Jacobi; Empinotti; Toledo (2015) prelecionam o discurso mostra que há a necessidade de maior protagonismo da mulher nas decisões sobre a água, mas a mulher ainda estão muito ausente dos processos de tomada de decisão referente as políticas ambientais. Além disso, as mulheres na gestão de recursos hídricos assumem posições de subordinação nas estruturas hierárquicas de tomada de decisão, muitas vezes sua atuação se limita a transferência de informações, exercendo funções geralmente ligadas à logística, como na confecção de documentos e pareceres técnicos, não atuando como formadoras de opiniões. Elas tem pouca participação como facilitadoras ou representante dos organismos de bacia, e quando participam assumem posições de subordinação em relação aos homens.

Verifica-se que a mulher tem um papel fundamental na conservação dos recursos ambientais e naturais. Porém, para que elas consigam igualdade para assumir essa função no dia-a-dia, de forma mais justa, é necessário à criação de políticas que tratem de suas necessidades específicas e que forneçam ferramentas de empoderamento para que consigam participar de todos os níveis dos programas de recursos hídricos, inclusive as tomadas de decisões.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A água é elemento fundamental para a vida. É um recurso natural, renovável. Ainda, caracteriza-se por ser encontrada de forma abundante na superfície terrestre. No entanto, em várias regiões a escassez de água é crônica. Em outras, há faltas sazonais de recursos hídricos e racionamentos. Além disso, destaca-se entre outros fatores, o aumento progressivo da população e o crescimento dos centros urbanos, que interferem no meio ambiente poluindo as águas, em razão da falta de saneamento básico, infraestrutura e ocupação de áreas irregulares. Também, diante da falta de consciência ambiental, a população desperdiça, cotidianamente, quantia significativa de águas próprias para o consumo das presentes e futuras gerações. Registra-se, ainda, a ausência de gerenciamento e fiscalização dos sistemas legais e administrativos de gestão dos recursos hídricos em esfera local, nacional e supranacional, a partir da inação da comunidade, da sociedade e do poder público, colabora para a diminuição da água potável no mundo e majora os efeitos da crise da água que afeta diretamente as mulheres (SANTIN; DALLA CORTE, 2013, p. 26-27)

A água é um bem comum, direito de todos, assim, todos tem o dever de preservar esse recurso. Ela é imprescindível para a existência da vida na terra e para o desenvolvimento econômico e territorial. Atualmente, é considerada como um direito fundamental do homem. Apesar de sua importância é um recurso finito e que pode ser escasso no futuro.

Na atualidade, já existem regiões e pessoas fortemente afetadas pela escassez de água. A escassez atinge mais certos grupos sociais específicos, em geral, que possuem menos poder. Questões relacionadas a gênero, etnia, condição social e localidade de residência influenciam fortemente a falta de acesso a água.

As diferenças de papeis sociais atribuídas conforme o gênero influenciam o acesso a água e essas diferenças devem ser levadas em conta na criação de políticas e diretrizes sobre o recurso. A gestão hídrica deve ser tratada de forma justa e equitativa, os gestores precisam se preocupar em criar

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políticas públicas que alcance toda a população, incluindo mulheres e homens (ricos e pobres).

Para se alcançar o uso da água de forma sustentável é necessário a elaboração de políticas públicas e ações que atendam às necessidades das mulheres na gestão da água, que possibilitem que o acesso a água ocorra de forma igualitária. É preciso um equilíbrio das relações de poder entre homens e mulheres.

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