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Avaliação do potencial anti-inflamatório e antioxidante da própolis frente à acne vulgar: uma revisão de literatura

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Academic year: 2021

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A R T I G O S

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTI-INFLAMATÓRIO E

ANTIOXIDANTE DA PRÓPOLIS FRENTE À ACNE VULGAR

uma revisão de literatura

EVALUATIONOF ANTI-INFLAMMATORYAND ANTIOXIDANT

POTENTIAL OF PROPOLIS AGAINSTVULGAR ACNE

a literature review

Cláudia Gina Tavares

de Mello

Dicente do curso de Bio-medicina do Centro Universitário Christus -UNICHRISTUS.

Ana Karine Rocha de Melo Leite

Docente dos cursos de Biomedicina e Enferma-gem do Centro Universitário Christus

-UNICHRISTUS.

RESUMO

A acne vulgar é uma das causas mais frequentes de doenças cu-tâneas. Ela acomete jovens e, quando não tratada, pode induzir lesões graves. O conhecimento fisiopatológico da acne vulgar e a possibilida-de possibilida-de opções terapêuticas naturais são ferramentas que popossibilida-dem inibir os seus efeitos e controle. Objetivou-se realizar uma revisão de litera-tura sobre o potencial anti-inflamatório e antioxidante da própolis na acne vulgar. Foram coletados dados de diversas bases, tendo como descritores: própolis, acne vulgar, anti-inflamatórios e antioxidantes. Os resultados mostraram que a própolis tem atividade anti-inflamató-ria na acne por meio da inibição da síntese de prostaglandinas e de leucotrienos. A atividade antioxidante também foi observada por meio de flavanoides e polifenóis. Conclui-se que a própolis tem ativi-dade anti-inflamatória e antioxidante na acne vulgar, sendo conside-rada uma alternativa terapêutica para o controle dessa doença..

Palavras-chave: Acne vulgar. Própolis. Anti-inflamatório. Antioxidante. ABSTRACT

Acne vulgaris is one ofthe most frequent causes ofskin diseases. It affects young people and, when left untreated, can induce serious injuries. The pathophysiological knowledge of acne vulgaris and the possibility of natural therapeutic options are tools that can inhibit its effects and control. The objective was to conduct a literature review on the anti-inflammatory and antioxidant potential of propolis in acne vulgaris. Data were collected from different bases, having as descriptors: propolis, acne vulgaris, anti-inflammatory and antioxidants. The results showed that propolis has anti-inflammatory activity in acne by inhibiting the synthesis of prostaglandins and leukotrienes. The antioxidant activity was also observed through flavanoids and polyphenols. It is concluded that propolis has anti-inflammatory and antioxidant activity in acne vulgaris, being considered a therapeutic alternative for the control ofthis disease.

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A R T I G O S 1 INTRODUÇÃO

A acne vulgar é uma patologia inflama-tória crônica da unidade pilossebácea da pele que acomete comumente adolescentes, princi-palmente homens (DEGITZ et al., 2007; THI-BOUTOT et al., 2009). Um levantamento epi-demiológico realizado pela Sociedade Brasilei-ra de Dermatologia mostrou que cerca de oi-tenta por cento dos adolescentes e adultos jo-vens, entre 11 e 30 anos, são acometidos pela acne, sendo considerada a causa mais frequen-te de consultas ao dermatologista, correspon-dendo a quatorze por cento de todos os aten-dimentos (BRASIL, 2010).

A sua etiopatogenia é complexa, envol-vendo fatores genéticos, nutricionais, fisiológi-cos e até mesmo de higiene. Colonização e pro-liferação daPropionibacterium acnes, hiperque-ratinização folicular anormal, aumento na pro-dução de sebo e mecanismos inflamatórios são fatores importantes para o desenvolvimento da acne. O sebo é produzido através das paredes foliculares comprometidas das glândulas sebá-ceas que contêm espécies reativas de oxigênio, incluindo óxido nitroso, superóxido e hidroxi-la. Esses radicais livres são responsáveis pela incidência de irritação durante o distúrbio da acne (ARICAN, KURUTAS; SASMAZ, 2005). Dieta e a história familiar também desempe-nham importante papel no desenvolvimento de lesões visualizadas nessa patologia (ZAEN-GLEINet al., 2016; KAPOOR; SARAF, 2011).

A manifestação clínica da acne vulgar é variável, podendo apresentar desde lesões míni-mas até graves, com cicatrizes e deformidades inestéticas, acarretando problemas psicossociais aos pacientes, levando a grandes prejuizo (RI-BEIROet al., 2015). O seu tratamento visa à mi-nimização de desconfortos físicos e estéticos, prevenindo e reduzindo as marcas e cicatrizes (KNUTSEN-LARSONet al., 2012). O ideal é que o tratamento seja eficaz, de baixo custo e acessí-vel. Dessa forma, surgem os produtos naturais, tendo a própolis como uma alternativa terapêuti-ca. A própolis é uma mistura de resina, cera de abelha, pólen, saliva e óleos essenciais,

produzi-das pelas abelhas, principalmente para vedar su-as colmeisu-as. Possui mais de 300 metabólitos,den-tre eles: flavonóides, terpenóides, agliconas, áci-dos fenólicos (SILVA; FERRARI, 2011), isoflavo-nóides, pterocarpans, chalconas, flavoisoflavo-nóides, benzofenonas preniladas, terpenos e taninos (FREIRE; ALENCAR; ROSALEN, 2016). Sabe-se que as variações na composição química e consequentemente na atividade biológica estão associadas ao seu tipo e origem geográfica. Ela apresenta atividade antisséptica, antifúngica, an-tibacteriana, antiviral, imunomoduladora, anti-inflamatória e antioxidante (RISTIVOJEVIC et al., 2015; FREIRE; ALENCAR; ROSALEN, 2016; ROSALENet al., 2014).

Diante dos fatos descritos acima, o ob-jetivo desse trabalho é apresentar através de uma revisão da literatura o conhecimento sobre o potencial anti-inflamatório e antio-xidante da própolis frente à acne vulgar.

2 METODOLOGIA

Este estudo constitui uma revisão bibli-ográfica de caráter analítico em relação às atividades anti-inflamatória e antioxidante da própolis na acne vulgar. A coleta de dados foi realizada no período de agosto a outubro de 2019, utilizando-se para a pesquisa as bases de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Sci-entific Eletrônic Library Online (SCIELO) e

National Library of Medicine (PUBMED). Os critérios de inclusão desse trabalho foram: artigos originais, apresentando texto comple-to disponível nos idiomas português e inglês que se adéquem ao tema proposto.

Esses artigos foram publicados entre os anos de 2005 a 2019. E, os critérios de exclu-são: resumos e dissertações; textos incomple-tos; trabalhos não relacionados à temática e repetidos. Quanto aos descritores utilizados nesse trabalho, foram: própolis, acne vulgar, anti-inflamatórios e antioxidantes. A seleção dos artigos ocorreu por meio da leitura dos títulos e dos resumos das publicações, tendo como objetivo refinar as amostras.

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A R T I G O S 3 RESULTADOS

Inicialmente foram encontrados 952 artigos entre as bases de dados utili-zadas no trabalho. Dentre eles, apenas 42 abordavam o processo inflamatório,

ac-ne vulgar e as atividades antioxidante e anti-inflamatória da própolis, em abor-dagens conjuntas associando a temática proposta. A maioria dos artigos utiliza-dos nesse trabalho foram artigos publi-cados em periódicos estrangeiros.

Número de estudos encontrados na literatura: Total = 952 Número de exclusões : 842 • Título: 248 • Duplicidade: 79 • Artigos incompletos: 405 Estudos com potencial de inclusão:

Total = 110

Número de estudos encontrados na literatura:

Total = 952

Estudos excluídos por não aten-derem critérios de inclusão: Total = 68

4 ACNE VULGAR: ASPECTOS GERAIS

A acne vulgar é uma patologia infla-matória cutânea caracterizada por lesões oriundas da ação hormonal sobre as glându-las sebáceas (FIGUEIREDO et al., 2011), com evidências histológicas, imunológicas e clínicas sugerindo envolvimento inflamató-rio em seus diferentes estágios. Ela acomete jovens e adultos, podendo persistir na idade adulta em 50% das pessoas acometidas (COSTA; ALCHORNE; GOLDSCHIMITD, 2008). Ela atinge ambos os sexos, porém é mais grave e prevalente no sexo masculino. Em um estudo recente, verificou-se que cer-ca de 80% dos adolescentes e adultos jovens entre 11 e 30 anos, são acometidos por acne, sendo a causa mais frequente de consultas ao dermatologista, correspondendo à cerca 14% de todos os atendimentos (BRASIL, 2010).

A etiopatogenia da acne vulgar é com-plexa e envolve fatores genéticos, nutricio-nais, fisiológicos e até mesmo higiênicos. Dessa forma, são conhecidos quatro fatores

fisiopatológicos primários da acne vulgar. O primeiro é caracterizado pela hiperplasia se-bácea com hiperseborréia sob influência hormonal. Nessa condição, os hormônios androgénios (testosterona, DHEA-S, andros-tenediona) são reduzidos em dihidrotestos-terona, frente aos receptores na glândula se-bácea, por meio da enzima 5 alfa-redutase ti-po I, alterando essas glândulas e, consequen-temente, levando a seborreia. Anomalias na diferenciação e adesão dos queratinócitos, levando a obstrução do folículo piloso e for-mação de comedões sendo o segundo fator envolvido na etiopatogenia. Esses estão tam-bém sob a atuação do estimulo androgénico. O terceiro, carcateriza-se pela colonização do folículo piloso pelas bactérias Propionibacte-rium acnes, Staphylococcus albus e Staphylo-coccus epidermidis que alteram os lípidos do sebo, em especial por meio da formação de ácidos graxos livres, os quais apresentam ati-vidade pró - inflamatória. Por último, o pro-cesso inflamatório/imunitário que induz a li-beração de mediadores inflamatórios no

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culo e derme adjacente, com ruptura da pare-de da glândula sebácea, induzindo lesões in-flamatórias (FIGUEIREDOet al., 2011).

Quanto à classificação da acne vulgar, ela é baseada no tipo de lesão e sua gravida-de, sendo descritas em graus. A acne de grau I é carcerizada pela presença de comedões, com ausência de processo inflamatório. No grau II, verificam-se comedão e pústulas, no grau III, além do comedão e pústulas, há nódulos e cistos. No grau IV, conhecido tam-bém por acne conglobata, são visualizados múltiplos nódulos, abcessos e fístulas, com manifestações sistêmicas (BRASIL, 2010). Existe uma segunda categoria de classifica-ção da acne vulgar baseada no tipo de lesão predominante: comedoniana, que pode se referir a lesões abertas, fechadas ou ambas; pápulo-pustulosa, quando as lesões predo-minantes são pápulas e pústulas; e nódulo-cística, caracterizada por lesões inflamatórias profundas que podem deixar cicatrizes gra-ves e casos que se estendem para a região cervical e tronco (GÓMEZet al. 2017).

As complicações da acne vulgar são ci-catrizes, que em 95% dos casos estão locali-zadas na face. Essas cicatrizes, que se agra-vam com a idade, podem levar a implicações psicossociais que se manifestam como baixa autoestima, tristeza e raiva. Dados mostram que as cicatrizes podem estar associadas à hereditariedade, reações imunológicas exa-cerbadas, infecções bacterianas e a utilização de determinadas drogas e hormônios como a testosterona (ZANELATO et al., 2011). Ape-sar de não apresentar risco de vida, a acne moderada pode estar relacionada à depres-são e ideias suicidas (BEZet al., 2011).

O tratamento da acne vulgar tem, como principal objetivo, minimizar os desconfortos físicos e estéticos provenientes das inflama-ções acnéicas, prevenindo e reduzindo as marcas e cicatrizes (KNUTSEN-LARSON; DAWSON; DUNNICK, 2012). Existem vári-as técnicvári-as e métodos de tratamento que apresentam bons resultados quanto a melhora do aspecto geral da pele e contenção do grau

de acometimento desta afecção dermatológi-ca. Na maioria dos casos, o tratamento ba-seia-se no grau de acometimento da acne e a sua tipologia. Dessa forma, ele pode ser: pro-filático (cuidados higiênicos e alimentares), medicamentoso (uso de anti-inflamatórios, antibióticos, cosméticos etc.), cirúrgico, tera-pêutico (limpeza de pele, luz pulsada e etc.) e alternativo (acupuntura, fitoterapia etc.) (ARAÚJO; DELGADO; MARÇAL, 2011).

5 INFLAMAÇÃO NA ACNE VULGAR

Inflamação é uma resposta protetora do organismo frente a agentes flogógenos como infecções microbianas, necrose tecidual ou corpos estranhos. Ela se caracteriza por um processo biológico complexo que envolve componentes vasculares, celulares e uma di-versidade de substâncias solúveis, levando aos sinais cardinais: rubor, calor, edema, dor e perda funcional. A finalidade desse proces-so é remover o estímulo indutor da resposta e iniciar a recuperação tecidual local. Ela pode ser classificada em aguda ou crônica, depen-dendo do tipo de estímulo e da efetividade da reação inicial em eliminar o agente respon-sável pelo dano (CRUVINELet al., 2010).

Na resposta inflamatória aguda, verifi-ca-se a presença de células polimorfonuclea-res, neutrófilos, e mediadores inflamatórios como aminas vasoativas, eicosanoides, qui-miocinas e espécies reativas de oxigênio, principalmente o radical hidroxila, o peróxi-do de hidrogênio e o radical superóxiperóxi-do também participam do processo. O início é imediato, com duração em curto prazo. Ela evolui para cicatrização com restituição ad integrum, formação de abscesso ou cronifi-cação. No processo inflamatório crônico, há a participação de macrófagos, linfócitos e fi-broblastos, com mediadores inflamatórios: IFN-γ, citocinas, fatores de crescimento e enzimas hidrolíticas. O início é tardio, com duração de meses ou anos. A sua evolução caracteriza-se pela destruição tecidual e fi-brose (ASHLEYet al., 2012).

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Sabe-se que os fatores envolvidos na etiopatogenia da acne vulgar são: inflamação, queratinização anormal, alterações na micro-biota epidermal e aumento da produção de sebo. Não se conhece ao certo a sequência desses eventos, porém, recentemente foi su-gerido o processo inflamatório como o fator iniciante da acne vulgar. Os mecanismos en-volvidos no início e na manutenção da rposta inflamatória não estão totalmente es-clarecidos, porém a Propionibacterium acnes

desempenha um papel importante nesses mecanismos (BHAT; LATIEF; HASSAN, 2017; SUH; KWON, 2015; STEIN, 2013).

Dados mostram que aP. acnes é fagocita-da por neutrófilos no lúmen glandular, levando a liberação de enzimas hidrolíticas intracelula-res como lipases e fosfatases. A parede celular se fragmenta estimulando macrófagos a produzi-rem IL-8, IL-1β e fator de necrose tumoral alfa, cuja ação conjunta explica a presença de células inflamatórias nas paredes dos folículos sebáce-os. Ainda, anticorpos específicos contra oP. ac-nes, presentes nos microcomedões, interagem com elas, liberando as proteases hidrolíticas que atuam na parede epitelial infundibular, fragili-zando-aelevando àsaídadesubstânciasirritan-tes para a derme subjacente, desencadeando as-sim o processo inflamatório local (COSTA; ALCHORNE; GOLDSCHIMIDT, 2008). Propi-onibacterium acnestambém estimula a resposta imune inata ativando o receptor tipo Toll (TLR)-2. Os TLR são receptores de reconheci-mento padrão expressos nasuperfície de células dendríticas, monócitos, células natural killer, granulócitos e células. Eles são expressos nas le-sões, particularmente nas regiões perifolicula-res (SUet al., 2017).

Os radicais livres são grupos de átomos ou moléculas que possuem elétrons livres não pareados em sua camada orbital externa, al-tamente instáveis e reativos, que podem cau-sar doenças degenerativas, envelhecimento e até morte celular (REIS et al., 2011). A for-mação desses radicais livres ou espécies reati-vas (reações de oxi-redução ou reação redox) pelo organismo em condições normais é

ine-vitável, já que são necessários no processo de respiração celular que ocorre nas mitocôn-drias, a fim de gerar a energia na forma de adenosina trifosfato (ATP). Dessa forma, eles podem ser gerados no citoplasma, nas mi-tocôndrias e na membrana, tendo como alvo proteínas, lipídeos, carboidratos e DNA.

Entre os radicais livres, podem-se des-tacar as espécies reativas de oxigênio. Elas são representadas principalmente por: radical hidroxila (OH), ânion superóxido (O2), óxi-do nítrico (NO) e radicais peroxil (ROO). Peróxido de hidrogênio (H2O2), oxigênio singlete (O2), ácido hipocloroso (HOCL) e peroxinitrito (ONOO) também são imptantes. Eles podem reagir com moléculas or-gânicas, podendo ser destruídos rapidamte, caso sua produção seja mínima. No en-tanto, a sua produção é dependente de diver-sas situações como: excesso de exercícios fí-sicos, elevada exposição ao sol, tabagismo, ingestão de alimentos gordurosos e estresse. Dados mostram que esses radicais podem le-var a danos, como o envelhecimento precoce, acne, doenças neurodegenerativas e outras que influenciam diretamente a qualidade de vida (DE VASCONCELOS et al., 2014).

A produção de espécies reativas está mais elevada nas lesões teciduais causadas por traumas, infecções, parasitas, hipoxia, dentre outros. Isso ocorre devido a um con-junto de processos como o aumento de enzi-mas envolvidas na formação de radicais, ati-vação da fagocitose, liberação de ferro e co-bre ou uma interrupção da cadeia transpor-tadora de elétrons. Portanto, é necessário que exista um equilíbrio entre a produção e a eli-minação destas espécies reativas. Quando há um desequilíbrio entre as espécies oxidantes e antioxidantes (elementos que favorecem a eliminação das espécies reativas), em favor da geração excessiva de espécies reativas ou, em detrimento da velocidade de remoção desses pelo sistema de defesa antioxidante, ocorrerá o estresse oxidativo favorecendo a ocorrência de danos oxidativos às biomolé-culas. Diante disso, os danos crônicos as

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omoléculas desencadeados pelo estresse oxi-dativo têm sido associado à etiologia de di-versas patologias, incluindo câncer, doença cardiovascular, isquemia cerebral, doenças neurodegenerativas, além do envelhecimen-to. (VAZQUEZ-MEDINAet al., 2012).

Deste modo, o estresse oxidativo é um estado de vulnerabilidade do sistema de defesa em que há uma alta produção das espécies rea-tivas do oxigênio – EROS que domina a capaci-dade antioxidante de defesa do corpo, estando, portanto, suscetível a doenças infecciosas e de-generativas, além de mais frágil em relação à ação de toxinas (VAZQUEZ-MEDINA et al., 2012). O estresse oxidativo/nitrosativo induz o envelhecimento celular por meio de diversos e complexos mecanismos celulares e molecula-res, com taxas crescentes de estresse oxidativo ao longo dos anos (SILVA; FERRARI, 2011). No entanto, o controle alimentar (ingestão de alimentos ricos em antioxidantes e pobres em pró-oxidantes), associado a um estilo de vida saudável reduz o estresse oxidativo. Existem evidências de que os radicais livres possam es-tar envolvidos em mais de 50 doenças, inclusive as relacionadas ao processo inflamatório (MA-RIODet al., 2009; HALLIWELL, 2009).

6 PRODUTOS NATURAIS: PRÓPOLIS COMO UMA ALTERNATIVA TERAPÈUTICA

Os produtos naturais são substâncias ou compostos que são provenientes de orga-nismos vivos e podem ser utilizados na pre-venção e tratamento de várias doenças (RO-DRIGUES et al., 2016). Eles têm sido utiliza-dos como agentes terapêuticos para o trata-mento de diversas patologias há milhares de anos, desenvolvendo um papel importante frente às necessidades primárias da popula-ção mundial (LAHLOU, 2013). Muitas pes-soas buscam este tipo de terapia por necessi-dade ou opção, principalmente em regiões onde a saúde pública se mostra mais instável.

Dentre os produtos naturais que po-dem ser utilizados pela população em geral, pode-se destacar a própolis. Ela tem sido

am-plamente utilizada na medicina popular de-vido aos seus componentes químicos especi-ais. Este amplo espectro de efeitos terapêuti-cos torna a própolis um potente candidato a vários cenários clínicos. Novas abordagens sobre o tema ampliaram os conhecimentos e as aplicações terapêuticas da própolis a partir de diferentes espécies de abelhas, descreven-do diversas propriedades e, dentre essas, ati-vidades antioxidante (SAWAYA et al., 2009) e anti-inflamatória (MASSAROet al., 2011).

O interesse por produtos de fontes na-turais com atividades antioxidantes e anti-in-flamatórias, como a própolis, é constante, já que a mesma apresenta riscos mínimos frente a efeitos adversos e/ou resistência bacteriana. Essa questão levanta uma preocupação com a descoberta de novos ativos com melhor res-posta farmacoterapêutica e redução de sua toxicidade. Dentre o interesse do uso da pró-polis em diversas enfermidades, verifica-se o uso tópico de seus compostos isolados de for-ma tópica para o tratamento de afecções der-matológicas, como por exemplo, as de cunho inflamatório causado por Propionibacterium acnes, acne vulgar (LUZet al., 2017).

7 PRÓPOLIS: COMPOSIÇÃO E ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA E ANTIOXIDANTE

Sabe-se que as variações na composi-ção química e consequentemente na ativida-de biológica estão associadas ao seu tipo e origem geográfica. Apesar da sua composi-ção complexa, as atividades biológicas da própolis estão relacionadas à presença dos flavonoides, ácidos fenólicos e éteres obtidos principalmente de substâncias derivadas de plantas (GALEOTTIet al., 2018).

A própolis é utilizada rotineiramente na medicina humana há muitos anos, sendo utili-zada na prevenção, controle e tratamento de do-enças orais e sistêmicas. A própolis apresenta atividade antisséptica, antifúngica, antibacteria-na, antiviral, imunomoduladora, anti-inflama-tória e antioxidante (RISTIVOJEV et al., 2016; FREIRE; ALENCAR; ROSALEN, 2016). Quanto

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a sua atividade anti-inflamatória, estudos em di-versos modelos de inflamação aguda e crônica mostraram que a própolis inibe a cicloxigenase e lipoxigenase, com consequente formação de me-diadores pró-inflamatórios como prostaglandi-nas e leucotrienos (ARAUJOet al., 2012), medi-adores importantes em um processo inflamató-rio. Ela também tem sido utilizada na cicatriza-ção de feridas como antisséptico, devido às suas propriedades biológicas e farmacológicas de am-plo espectro (BANKOVAet al., 2000).

Estudos com extratos e compostos iso-lados de própolis mostraram também ativida-de anti-inflamatória. Um estudo publicado em 2014 mostrou que ovestitol e neovestitol, compostos presentes na própolis, foram capa-zes de inibir a migração de neutrófilose e sua adesão (ROSALEN et al., 2014). O extrato hi-droalcóolico obtido da própolis reduziu o in-filtrado inflamatório, favorecendo a deposi-ção de colágeno e a reepitalizadeposi-ção (ALMEIDA

et al., 2013). Extratos etanólicos e aquosos oriundos também da própolis mostraram ati-vidade antiinflamatória (ARAUJO et al., 2012). Inibição de citocinas pró-inflamatóri-as, fator de necrose tumoral-alfa, migração de células inflamatórias e ativação de macrófagos são alguns dos mecanismos envolvidos na ati-vidade da própolis como um anti-inflamató-rio (FREIRE; ALENCAR; ROSALEN, 2016; ROSALEN et al., 2014).

A própolis também apresenta atividade antioxidante. Extratos, frações ou compostos isolados da própolis têm mostrado variada atividade antioxidante. Um estudo publicado em 2009 mostrou que a própolis tem ativida-de antioxidante o qual foi avaliada por dois métodos distintos, o sequestro de radical li-vre DPPH e a inibição da oxidação do siste-ma βeta caroteno/ácido linoleico (CABRAL

et al., 2009). Dados mostram também que as isoflavonas, vestitol e neovestitol, compostos presentes na própolis, impediram a oxidação do ácido linoléico e o vestitol, impedindo as-sim o consumo de betacaroteno (antioxidan-te). O extrato hidroalcóolico da própolis mostrou uma atividade semelhante às

enzi-mas superóxido dismutase (SOD) e catalase (CAT), importantes nas reações antioxidan-tes (FREIRE; ALENCAR; ROSALEN, 2016).

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os estudos demonstram que a ação da própolis pode levar a um melhor resultado te-rapêutico dos quadros de acne vulgar, em es-pecial das lesões inflamatórias. Pode-se perce-ber que os autores divergem em alguns aspec-tos acerca do uso da própolis, onde em alguns artigos foi ressaltado seu uso em larga escala pela indústria farmacêutica para fins anti-in-flamatórios e antioxidantes, reforçando a pes-quisa e desenvolvimento de fármacos e produ-tos dermatológicos que contenham própolis em sua composição para fins terapêuticos, principalmente no tratamento da acne vulgar.

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Referências

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