THESE
DE
FRANCISCO
DIAS CEZAR.
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LIBRA
ST
THESE
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31211312
(Dl
Á FACULDADE
DE
MEDICINA
DA
BAHIA
PARA SEU SUSTENTADA
AFIH DE OBTER 0 GRAO
DE
DOUTOR
EM
KEDIQM
Sfxantmo
W\a$
QLcjax,
íBatão<)e3la^otau<^ac 2).Jbiiua'joòc^&a (PjoeuuaCezat,
Onpeut exigerbeauconp de celui,qni devientantenr,
pour acquerir de la gloire, ou par uu motif d'interct,
mais celui qui n'écrit, que pour satisfaire á un devoir
doutilue peutse dispensei,àune obligationquilui est
imposée,a sans doute de grandsdroitsà rindulgcnce de
ses lectcurs. (LaBruyère.)
BAHIA
Tyiiograplila
de
J.
C
Teurínho
FACULDADE
DE
MEDICINA
DA
BAÍIIA.
DIRECTOR
O Ex.moSnr. Conselheiro Dr. Vicente Ferreira de Magalhães.
ossns.DOUTOnns l.*ANNO. siatksiasque leccionam
... ,„r«..-->i^,ri«i«,n!.ii.õ<»c í Physica emgeral,eparlicularn.entcem *uos
Cons. Vicente Ferreirade Magalhães. >
t ípuilraçôi"aMedicina.
FranciscoBodrigues daSilva ChimicaeMineralogia.
AdrianoAlvesdeUmaGordilho , . . Anatomiadescripliva.
ANNO. Antoniode Cerqueira Pinto Cliimicaorgânica.
JeronymoSodrc Pereira.
...
. Physioiogia.Antonio Marianodoitomlim BotânicaeZoologia.
AdrianoAlvesdeLimaGordilho. . . . RepetiçãodeAnatomiadcscrlpllva.
5.*ANNO.
Cons. SilasJoséPedroza Anatomiageral epathologlea.
JosedeGoesSequeir; Palliologia geral.
JcronyuioSodré Pereira Physioiogia.
4.» ANNO.
Cons.ManoelLadislnoAranha Dantas . Palhologia externa.
DemétrioCyriaco lourinho Palhologiainterna.
ConselheiroMathiasMoreiraSampaio
j
9
^,Sáot
^
mulhereSpejadase (leD,cn,,,°8 8.»ANNO.DcmetrlotCyriacoTourinho . . . ; . ContinuaçãodePalhologia interna.
• aiHlAniniiacpAitac $ Anatomia topographica, Medicinaoperatória, •
JoseAiiionlodeFreitas * .1 appareliios.
Luiz Alvares dos Santos Matéria medica,etherapeulica.
6.»ANNO, RozendoAprígio PereiraGuimarães. . Pharmacia.
Salustiano FerreiraSouto Medicinalegal.
DomingosUodrigues Seixas Uygiene,eHistoriada Medicina. Jose Alfonso deMoura Clinicaexternado3.*e4.° anno,
AulonioJanuáriodeFaria Clinicainternado5.*e6.*auuo,
Ignacio' JosédaCunha •»
PedroRibeiro de Araujo )Secção Accessorla,
José IgnaciodeBarrosPimentel. • .1 VirgilioClymaco Damazio /
Augusto* Gonçalves Martins j _
DomingosCarlosdaSilva > Secção Cirúrgica.
AulonioPaciUeo Pereira 1
RamiroAfTonso Monteiro! . . . .(SecçãoMedica. EgasCarlosMoniz Sodré deAragão .
Cluudeinlro Augusto deMoraest.aldas
.-O
Nr.Dr.1'ineinunto l*intodaSilva»O
Sr* Dr.Tbournx nlVtqiiino <>»Hpnr.A
MEMORIA
DE
MINHA
SEMPRE
CHORADA
IAJÃEMinha Mãe! Jáque o destino ronhon-me a felicidade de, n'esle momento cm que cinge-me afronte a corôa dcDoutorem Medicina,estreitar-vosem meos braços,seja-me permittido aomenos, depôr em vosso tumulo essa pallidacorôaem honra á vossa
me-moria; epara queo vosso infeliz filho trilhe com afinco o duvidoso caminho do futuro,
abençoae-o, Minha Mãe!
Á
MEO SEMPBE
LEMBRADO
E
CHABO
FILHOFRANCISCO
DIAS
CESAR
JtllTIORLindaflor, quelevemente, Porsubtil brisaabalada,
Cahistc, desparecendo Nasrozasda madrugada; Que aroma, viço e belleza
Roubandoas ao peito meo, Foste emhastemaissegura Brilharnos jardins do Céo; Flor de minha alma nascida, Que nomundo não medraste; Pede aDeos, meo charoFilho,
—
h—
m
Hniwiimiiiíihbm
iiiiÁ
MEMORIA
DEMINHA
INNOCENTE FILHINHA
Anna Josepha Boenna Cezar
Eterna saudade.
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A'
MEMORIA
DEMEO
PRESADO
IRMÃOO
Capitão
Antonio
SJias
Cezar
MeoIrmão1 A sorte nãoquiz quehoje vosestreitasse emmeos braços; concedei pois, meoIrmão, quesobre ovosso tumulo derrameassaudosas lagrimas datristezaprofunda quemeopprime.
MWIMW
Á
MEMORIA
OEMINHAS
CHARAS
IRMÃS
Eterna recordação.
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A' MEMORIADEMEOS ESTIMADOS PRIMOS
0
JbfjWeó Jlíbatipel(^emiuiauo Qezax íRogetío Ç&odúyueò C&uxiSaudades
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Á
]?IE3IOKIJL
DE
MEOS
AVOS
Vivo pesar.
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V MEMORIA DE MEOS PARENTES
Á MEO
PAE
E
AMIGO
Meo Pae!
Vós que soubesteseultirar r.íiuliaalma Com arções beniguas, com palavrassãs,
Sedesse bem rerolhoagora apalma
Ornae com ella as respeitáveis cãs. D. Cesar.
Asforçasde que disponho, meo Pae, são fracas; e porissomeé impossível traduzir-vos cinlinguagem toscado quanto vos sou devedor.
O
laurelde Doutorem Medicina, que neste feliz momento circumda-me a fronte, per-tence-vos; e é avós somente, Senhor, que, depois de Deos, devo-o.A
vossa sagrada missão estácumprida: resta agoraa vossa benção paraencaminhar o vosso filho e verdadeiro amigoFrancisco.
A'
MINHA CHARA
ESPOSA
1.
lllBSMHfi
(IWirJiHp
MHSWffi
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Senhora!
O
meo futurovos pertence: por vós e por nossosFilhinhos o animojamaisfalleceo-me para a lucta. Prasa aos Céos, que nossas esperanças não s'illudão, e queas bênçãos da felicidade cada vez estreitem os laços da nossa eterna amisade, e se
der-ramem sobre o futuro de vosso esposo e amigo
Francisco.
\AA/WWWW
A
MEOS INNOCENTES
E
AMADOS
FILHINHOS
Amore amisade eterna.
D. C.
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OS
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õS
IIMAOS
Amisade, estima e consideração.
A' MEO SOGRO E AMIGO
0 ILLM. SR.
FORTUNATO
BENSABAT
H
E A' SLA CHABà FAMÍLIA
Amisade e respeito.
aexccllcntissima senhora
E A' SEOS CI1AR0S FILHOS
Sincera amisade.
A0SAM1COS
DEMEO
PAE
O ILLM. SR. COMMENDA.DOR
SEBASTIÃO
GASPAR
D'ALMEIDA
BOTTO
E A' SUAPRESADAFAMÍLIA
Altenção e amisade.
E O ILLM. Slt.
EA'SUA EXMA.FAMÍLIA
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mim
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KA'SUAS BXCEU.BNTISSIHAS FAMÍLIAS
Respeito eamisade.
A MEO? ILUSTRES MESTRES
OSILLMS- SRS. DOUTORES
êattt. Jfíoauett<£oSkiXaeJttauea3)auta.> ifcdaiúão íiulo ?c CaiwMo S)otoi%iaoi5ío?úgu€* &i.*a» Danacio ^oícDaCuu&a
Amisade c gratidão.
AAAAA/\Z\/\/\/\AA
Á
MEOS AMIGOS
os illuslrissimossenhores doutores
FRANCISCO DOS SAMOS PEREIRA ANTONIO GARCIA ROZA
Ea'ssuas ciiaras famílias
Sincera amisade.
Á
ILLU
STRADA FACULDADE
DE
MEDICINA
DA
BAHIA
Honra ao mérito.
DISSERTAÇÃO
QUEIMADURAS
DEFINIÇÃO
leimaduras,
com
diz oExm.
Snr. Cons. Aranha Dantas,—
sãolesões dos tecidos,determidas pelaacção muito concentrada do
calórico, ou pelo contacto de muitos agentes chimicos, igual-mente capazes de alterar-lhes as propriedades ou destruir-lhes a organisação. Alguns authores
modernos
considerão as 'esões occasionadas pelos agentes chimicos cáusticoscomo
dislinctas das produzidas pelo calórico concentrado;mas
estas lesões assemelhào-se tanto pelosseussymptomas
geraes elo-caes, epor seu tratamento
com
as lesões produzidas pela ac-ção do calor, que julgamos dever comprehendel-as nadefini-ção de queimaduras.
ETIOLOGIA
É
sempre o calórico elevado aum
certo gráo de acção a causadeter-minante da queimadura.
Este pode obrar sobre os tecidos, e produzir desorganisaçõespor tres
modos
differentes: ou pela emissão dos raios, ou pelachamma,
oufinal-mente
pela applicação dos corpos que contêm calor.Os
raios do solpo-dem
algumas vezesoccasionar queimaduras mais oumenos
intensas,se-gundo
o seu gráo de concentração, e otempo
durante o qual obrãoso-bre os tecidos;
mas
ordinariamente essa espécie de queimadura émui
li-geira; 'porque as partes vivas são por pouco
tempo
expostasá sua acção.Os
raios solares, eosque partem dos corposem
ignição, determinandonaspartes sobre que obrão, affluxo de sangue,as enrubecem, e, se sua acção continua,
podem
chegar a desorganisal-as.Os
primeirosphenomenos
sãocommuns
nas pessoasque
durante os rigores do estioexpõem-se
á insolação, principalmente se ellastem
apelle delicada, e é sobretudo na parte superior da cabeça, na face, no pescoço e
mãos
que se manifestao os effeitos dos raios solares. Secl-les exercem a sua acção por muito
tempo
sobre a cabeça descoberta,ainda que não
cheguem
a produzir grandes alteraçõesexternamente,po-dem
todavia trazer consequências fataes;porque
airrritação,transmittin-do-se ás meninges e ao cérebro, pode determinar grandes effeitos.
Se a acção dos raiosdo calorfôr fraca,os seus resultados não serão logo apreciáveis; todavia as partes quelhes são habitualmente expostas
vem
asoffrer certas modificações, aque Dupuytren
chamava
queimadurasch.ro-nicas, e a que o
mesmo
author dava os seguintes caracteres: a epiderme espessa-se, a pelle torna-se secca, desigual, de cor escura,como
que
tostada; cor uniforme, se fôr effeito dos raios solares; mas, si devida aos raios do calor artificial, seráentão desigual, e a pelle ficarácomo
que
manchada.
Algumas
vezesmesmo
a epiderme se fenderá, cobrir-se-hade
crostas, on uleerar-se-ha; e isto émui
frequente nas pernas dosfer-reiros e carvoeiros.
A
chamma,
diz Dnpuytren, não só queima instantaneamente,como
os corpos comburentes immediatamente applicados sobre as partes,mas
fazcom
que as substancias animaes participem domovimento
de combus-tão que ella produziu. Estas partes submettidas á sua acção dessecão-secom
promptidão,como
que fervem, encoscorão-se, e ern breve seconso-mem,
produzindouma
nova ílamma, que ajuntando-se á primeira,au-gmenta-lhe a actividade e os estragos.
Sabe-se, continuao
mesmo
author,com
que prodigiosa rapidezasrou-pas inflammadas queimão profundamente as partes que ellas cobrem; a
lesão é muitas vezes levada ao ultimo gráo de gravidade, e a morte é
muitas vezes a sua consequência, e tem-se
mesmo
visto corpos inteiros de indivíduos ébrios ou apoplécticos, ou de creanças aquem
não se pôde acudir, serem consumidosem
poucas horas.Os
gazesem
temperaturanatureza facilmente introduzir-se por certas cavidades
como
a bocca efossas nasaes, e ahi occasionar graves alterações.
Os
corpos capazes de produsir queimaduras obrãocom
tanto maisin-tensidade quanto maior éaquantidade de calor que contêm, e esta
quanti-dadeestána rasão da capacidade calorífica dos corpos, ou na rasão directa de sua densidade.
Os
corpossólidosmui
densos,como
são osmetaes,aqueci-dosatéatemperatura vermelha,
produsem
queimaduras maisprofundasque os líquidos,mesmo
contendo todo calor de que são susceptíveis.Os
cor-pos sólidos que entrão
em
combustãorapidamente, e fundem-se ardendo,como
são o phosphoro, o enxofre, as resinas, ele.produsem
em
mui
pouco
tempo
queimadurasmui
largas e profundas.Os
corpossólidosnãofusíveis
queimão
só as partescom
quesepõem
em
contacto, d'ondevem
que suas queimaduras são mais profundas do que extensas. As
queima-duras produsidas pelos corpos líquidos varião
também
em
intensidade segundo a densidade d'estes; assim a agua simplesem
ebullição queimamuito
menos
violentamente do que amesma
agua contendoem
dissolu-ção
um
sal que lheaugmente
a densidade; e étambém
de observaçãoque os líquidos gordos queimão muito mais, do que os que não
contêm
gorduras: assim queima.o oleo mais do que o caldo, este mais do que o
leite, e o leite mais do que a agua.
À
intensidade das queimadurasocca-sionadas pelos corpos liquidos c ainda subordinada á propriedade que
têm
alguns de adherirem ao corpo,como
são as gorduras e o mel.A
du-ração da applicação dos corpos liquidos, assimcomo
dos não liquidos,influe
também
sobre a gravidade da queimadura; e d'ahivem
que asprodusidas pelos corpos liquidos sãomais graves emais extensas, seelles
são derramados sobre as partes do corpovestidas; porqueas roupas,
em-bebendo
se d'eiles,fazem-osnãosóficarempormaistempoapplicadossobrea pelle,
como também
concorrem para queelleslevem asua acção áuma
grande superfície. Finalmenteconvém
ainda notar que o grão[dedelica-desa da parte influe sobre as queimaduras: assim as partes cobertas por
uma
epiderme muito espessa sãomenos
susceptíveis de se deixaremqueimar do que aqnellas que são cobertas por
uma
epiderme fina; e estacircumstancia pode
mesmo
fazercom
queum
liquido de certa tempera-tura capaz de produsir queimadura do segundo gráo nas de epidermefina, não occasione nas outras senão
uma
do primeiro gráo.A
provad'esta difTerença nós a temos nas pessoas que, pelo género de seos
podem
conservar n'ellasuma
brasa quasisem
dor alguma, entretanto queem
mãos
delicadas produsiria certamenteuma
queimadura.As
queima-duras produsidas pelos agentes chimicos são por tal forma semelhantes ás que produsem os corpos de que
acabamos
defallar, que julgamosdes-necessário accrescentar cousa
alguma
á respeito domodo
de obrar de taes corpos.CLASSIFICAÇÃO
Por
variasmudanças
tem
passado a classificação das queimaduras; convém, porem, observar que estes ensaios de classificaçãotem
variadomais quanto ao fundamento d'el!as, istoé, quanto aos elementos anatómi-cos que lhes
tem
servido de base,como
vamos
ver pela breve exposição das quatro principaes classificações mais conhecidas na sciencia.Marjo-lin e Ollivierdizem que, considerados
em
geral, poderião os effeitos da queimadura referir-se aduas ordens: l.o inflammação; 2.odesorganisaçãoimmediata. Fabrício de Hilden e Boyer admittião tres gráos nas
queima-duras:No
l.o, o efíeito do corpo comburente limitava-se a produsiruma
irritação na pelle, afíluxo de
humores
á esta parte, e d'ahiuma
inflam-mação
da pellecom
caracter de erysipela. Obrando, porem, os ditoscor-pos
com
mais energia e pormais tempo, determinão phlyctenas, deixando a pellesem
epiderme,como
fazum
vesicatório: tal era o 2.o gráo d'essesauthores. Finalmente se os
mesmos
corpos obrão aindacom
maisenergia, e ficãotambém
pormaistempo
em
contactocom
as partes,asdesorganisão e as convertemem
escaras: isto constituia o 3.o gráo de Hilden e Boyer.Assim
resumindo, temos: l.o gráo simples, inflammação erysipelatosada pelle
sem
phlyctenas; 2.o, inflammaçãocom
phlyctenas e perda daepiderme; 3.°, desorganisação completa dos tecidos. Heister e Callisen addicionarão- lhe
um
4.o gráo, caracterisado pelo ennegrecimento, ecar-bonisação completa do tecido dermoide. Dupuytren,
tomando
em
con-sideração os elementos orgânicos lesados, descreve os 6 gráos
seguin-tes,
—
classificação adoptada pelos Pathologistas modernos:O
l.o gráo écaracterisado por
uma
leve irritação da pelle; o2.o poruma
irritação maisintensa
acompanhada
da formação de phlyctenas; o 3.o poruma
xle toda espessura da pelle e do tecido cellular subjacente; o 5.° por
uma
desorganisação da pelle coniprehendendo as aponevroses e os músculos;
0 6.0 finalmente, pela carbonisação de toda espessura de
um
membro.
SYMPTOMATOLOGIA
Assim
como
em
todas as affecçòcs traumáticas, existem nas queima-duras duas ordens de symptomas: unslocaes, eoutros geraes.Os
primei-ros resullão da acção do agente comburente sobre as partes; os segundos
consistem nas reacções do organismo, provocadas pela transmissão da
irritação local ao systema nervoso geral. Trataremos d'aquelles
em
pri-meiro logar, por isso que são elles que estabelecem a differença de cada
um
dos eráos.Primeiro gráo.
—
.Veste gráo da queimadura a pelle torna-se vermelha, a parte secca,uma
dôr pungente se manifesta: estessymptomas
podem
desapparecer depois de poucas horas, sea parte tiver sidologo
subtrahi-da ao calor; se, porém, a acção deste agente tiver sido prolongada por
mais tempo, elles perdurarão por mais horas ou dias, e então
vem
aepi-derme
á cahirem
formade escamas de extensão variável.O
calórico irradiante, a impressão dos vapores inflammados, aagua ououtros corpos quentes, cuja acção
tem
sido prolongada,produzem
esteprimeiro gráo.
Segundo gráo.
—
N'este gráo já se passão as cousascom
maisgravidade.Ha
formação immediata de phlyctenas; a dôré a principio viva, acre,ar-dente, ao depoisintensa; a pelle torna-se tensiva e quente. As phlyctenas
contém
um
liquido de côr citrina, e algumas vezesdeuma
cormaiscar-regada; furando-se essas bolhas, e deixando correr o liquido conteúdo, a pellicula epidérmica se colla ao corpo papillar;
mas
bem
depressavem
ella a cahir, formando-se por debaixouma
nova epiderme parasubsti-tuil-a, e por esta admirável economia da natureza, no fim de dez ou dose
dias, tudo volta ao estado normal;
porém
asvezes, o queémaiscommum,
a suppuraçãopersiste por maior
numero
de dias, oque agoura que a pelle virá a perder sua côr e textura natural.Terceiro gráo.
—
O
phenomeno
dominante neste gráo é a formação daspar--
8 ~~das. amarellas ou escuras, molles, insensíveis. Muitas vezes pblyctena?
ca-brem
asmanchas
gangrenosas, e entãouma
sorosidadeescura, laetescenteou sanguinolenta é que levanta a epiderme.
As
queimaduras d'esle gráosão a principio
acompanhadas
de dor vivíssima, quelogo se dissipa;ma-nifestando-se de novo para o 3.° ou 4.° dia,
quando
principia o trabalhaeliminalivo.
Quarto (jráo.
—
É
a carbonisação completa de toda pclle, ealgumas vezesa do tecido subjacente, que caracterisa o4.° gráo. Escaras mais ou
menos
vastas, variáveis
em
consistência e cor, pouco dolorosas, formão-scentão.No
fim de 3 ou 4dias manifesta-se a dôr que indica o apparecimento dainflammação eliminadora das escaras, e geralmente no fim de 15 a
20
dias está este trabalho completo,
uma
abundante suppuração se origina, eo fundo da solução
começa
a cobrir-se de botões carnosos quedevem
concorrer para substituir a parte perdida.
O
tecido cicatricial, que anatureza forma, é mais branco do que as partes visinhas sãs, quasi
insen-sível aos irritantes; tecido que, gosando de
uma
força retractil enérgica, pode deformar mais oumenos
as partes, perturbando suas funeçõespró-prias; d'onde
vem
que o cirurgião deve ter o maior cuidadoem
acompa-nhar esse trabalho de cicatrisação, modificandoas tendências da natureza.
Quintográo.—Todos os
phenomenos
queacabamos
de mencionarcomo
caracterisando o 4.° gráo, pertencem
também
ao 5.°;mas
aquicomo
todosos tecidos até o osso exclusivamente são desorganisados, isto é, o tecido
cellular, aponevroses, vasos e nervos são lesados,
apparecem
algunsphe-nomenos
demais; d'estes omaisimportante é a hemorragia, aque
estáex-posto o doente, quando houver de operar-se a eliminação das escaras, hemorragia que será tanto mais paratemer-se, quanto mais cedo tiver
lo-gar a eliminação das partes queimadas.
Sexto gráo.
—
É
este o ultimo gráo dasqueimaduras, segundo aclassifi-cação de Dupuytren, o qual elle caracteriza pela carbonisação completa
de
um
membro;
e citacomo
exemplo
o facto d'aquelle infelizmoço
que,passeando por
uma
fundição, pizára dentro deum
dueto poronde passa-va o metalem
fusão, e só tirou d'esse rio de fogoum
membro,
ao qualfaltava o pé e a parte inferior daperna, e de tão horrivelmutilação quasi
dôr
nenhuma
soffrnu esse infeliz.Taes são
em
geral osphenomenos
locacs queacompanhão
asqueU
maduras.SYMPTOMAS GERAES
Tres importantes
symptomas
geraesacompanhão
os locaes: dor,reac-ções inflam
ma
torias, e suppuração, cuja gravidade depende da extensãodas queimaduras.
A
dor éum
dossymptomas
mais predominantes, eque
mais
incommoda
os doentes; ellaacompanha
principalmente o I.° e 2. ográos, onde se manifesta excessivamente viva e atroz, principalmente se.
a ignorância, ou o descuido tiverem produzido o arrancamento da
epi-derme; nas queimaduras
mui
extensas ella só basta muitas vezes para produzir a morte. N'estas circumstancias manifestão-se muitas vezescon-vulsões horríveis, ou o tétano, ou finalmente
uma
espécie de stupor sê apodera do doente; elle torna-se indiferente a tudo queo rodeia,respon-de brevemente ás perguntas que se lhe faz; os
membros
tornão-secomo
massas inertes, e conservão a posição quese lhes dá; a face torna-se
pal-lida c decomposta, a respiração vagarosa, o pulso linear,
um
frigidissimosuor banha o doente, e a morte
vem
terminar todos estes padecimentos;Se a queimadura for vasta, e sobretudo se oceupar o ventre ou o peito, a irritação transmitlindo-se ao systema nervoso geral, manifesta-se
uma
febre intensa logo depois,
acompanhada
de vivíssima sede,um
calorin-tenso, pulso duro e frequente, e diminuição notável nas secreções.
Um
phenomeno
notável, que amór
partedos doentes apresenta, e queDupuytren
fez conhecer, é a vontade frequente quetêm
elles de urinar, oque os obriga a fazer laboriosos esforços para satisfazel-a, e apenas
lan-ção algumas gottas de urina, que não existe na bexiga;
com
effeito, senessa circumstancia se pratica o eatheterismo, reconhece-sequea bexiga
está vasia. InílamrnaçÕes profundas se desenvolvem muitas vezes; se a queimadura oceupar, por exemplo, o peito, não será raro ver-se appare-cer
uma
pneumonia
ouuma
pleurizia; se o ventre for a parte queimada,uma
peritonite,uma
gastro-interite interna se desenvolverá. Vómitos dosanmie, evacuações sanguinolentas
acompanhão
muitas vezes estasquei-maduras; o que apressa consideravelmente a morte dos doentes. Se elles
poderem
atravessar estes dois períodos, por assim dizer haaindaum
ter-ceiro, no qual muitas vezessuecumbem,
e é o de suppuração; a gravida-de destesymptoma
estáem
relaçãocom
a extensão da queimadura, e óprincipalmente aos tres últimos guíos que elle pertence.
Formão-se
também,
ás vezes, focos purulentosem
variadas direcções? os músculos e a pelle são descollados pelo puz que os mina, e esta fatalterminaçãonãose pode ás veses obstar, ainda que a
amputação
da partetenha sido feita para prevenil-a.
Mas
o que émui
notável, disemMarjo-lin e Ollivier, é que sevé muitas veses
morrerem
subitamentequando
aferida já estava cicatrisada ou quasi cicatrisada iudividuos quetinbào
si-do aftectadosdevastasqueimaduras; e Delpech,que íisera autopsiade taes indivíduos, assegura não ter encontrado nelles
nenhuma
lesão orgânica capaz de explicar a morte, que este cirurgião parece attribuirem
taescasosáperturbação das funcções dapelle; todavianão ò assevera,
mas
pa^ receu-lhe certo que o uso dos diaphoreticos enérgicos conservou grandenumero
dedoentes,que
segundo as apparencias corrião omesmo
risco»ANATOMIA PATHOLOGICA
O
exame
anatómico de cadáveres de queimadura mostrauma
verme-Ihidão
mui
viva no tubo intestinal, que ora se apresenta inteiramenteseeco, oracontendo fluidos sanguinolentos.
A
mucosa
pulmonartem
tam-bém
sido encontrada rubra, eacompanhada
de exsudatos sanguíneos»São estas as lesões mais constantes. Encontra-se
também
muitas veses•derramamentos sanguinolentos e purulentos nas articulações dos
mem-bros queimados congestões sanguíneas nos vasos do cérebro, e signaes inflammatoriosnasmembranas
sorosas. Eis as principaes lesõesque seco-nhecem
pela necropsia de taes cadáveres.DIAGNOSTICO
É
geralmente facílimo o diagnostico das desordens produsidas pelo ca*lôr: assim o estado de vermelhidão, de vesicação das escaras, etc. etc.
junto aos commemorativos, basta para diagnosticar
uma
queimadura.Não
é, porém, tãofácil o diagnostico diíferencial dos seusgráos; aqui ocirur-gião attenderá
bem
á natureza,extensão, eprofundidade dostecidosdesor-ganisados, á natureza do corpo coniburente, assim
como
ao gráo de—
fí—
vivas;
mas
ainda tudo isto não basta muitas veses para chegar-se a diffe*pençar praticamente alguns dos gráosque os autliores
têm
theoricamente admittido.Assim
por ex:como
distinguircom
precisãouma
queimadu-ra do3.° gráo deuma
do 4.o ? Yê-se que aquias cousas se distinguemsimplesmente pela maior ou
menor
espessura dos tecidos,e estadifficul-dade se eleva quasi á impossibilidade, se se pretende fazer a distincção
logo depois do accidente, pois que a desorganisação não se opera
sem-pre nos
mesmos
instantes do accidente; tal escara que parecia áprimeiravista não interessar sinão á íace externa do derma, virá a comprehender,
quando
se estabelecer a inffammação eliminadora, a totalidade dotegmen-tn; porque o derma, que no
momento
doaccidentetinha já sido maisou
menos
compromettido,viráa seragoracompletamentedestruído e elimina-do:ed'ahivem
aopinião do povo quea queimadurafazprogressospornove
dias, entretanto queomalestavarealmente produsido desde oprimeirodia;
somente
nem
sempre épossivelreconhecel-o, e nisto, diz Boyer,devem
os cirurgiões ter muita circumspecçãoafim de nãodarem
aos doentesuma
certesa que não
podem
ter; felismente, porem, istonão traz embaraçoal-gum
real no tratamento; porque só depois da queda das escaras,epocha
em
que é então impossivel o diagnostico,começa
o tratamentolocal pro-»priamentedito.
PROGNOSTICO
Os
resultados das queimaduras variãoem
relação á certascircumstan-cias, que são: 1 .°o gráo e a extensão; 2.o a região
em
que existem; 3.oa
idadeea constituição.Uma
queimadura de 1.° e2.o gráo, depequenaex-tensão, não
tem
commummente
perigo, e seuseffeitostambém
limitão-seordinariamente ás partes queimadas;
mas
se ella for extensa,phenome-uos geraes graves se declararão,
uma
dor atrozlevará o doente ao maior,desespero,e poderá só porsi matal-otirando-lbe toda força nervosa; por isso disia
Dupuy
tren que as perdas nervosaspodem
enfraquecer, e ma-tarcomo
as sanguíneas.Se a queimadura fòr de 3.o ou 4.° gráo, ella será sobretudo para te-mer-se na epocha da suppuração; pois que tal poderá ser sua extensão
puz, accidenteque é muito parareceiar-se, se elle for de constituição fra-ca.
As
queimaduras rTestes gráostem
aindamáos
resultadospor causa dascicatrises mais ou
menos
viciosasquepodem
deixar nos indivíduos, so^bretudo se o tratamento não tiver sido dirigido
com
habilidade.A
quei-madura
do 5.o gráocompromette
muitas veses a vida do doente, quer porseus effeitos immediatos, quer pelos consecutivos, reclamando algumas
veses a amputaçãa de
uma
parte, produsindo ordinariamente cicatrisesdeformes, e semprecopiosasuppuração;são estas queimaduras de
um
pro-gnostico geralmente grave. Finalmente as do 6.° gráo destruindo
sempre
osmembros
do individuo,quando
lhe nãoroubem
a vida,como
éordiná-rio, causão-lhe sempre
um
grande damno, deixando-osem
uma
parteim-portantíssima de seu corpo. Quanto ás regiões, é de observação que as
queimaduras, que oceupão asparedes do thorax, ou do
abdómen,
trans-mittindo
com
facilidade a irritaçãoaos órgãos, cujas funeções sãomui
importantes, são cecteris paribus mais graves do que as que oceupão,
por cx, os
membros.
As da face sãotambém
de prognostico mais grave,porque, por leves quesejão, se interessão porex. os olhos,
podem
serse-guidas de cegueira, da perda completad'esses órgãos, ou pelo
menos
dei-xar n'elles albugos mais oumenos
difíiceis de curar-se. Se ellas oceupão os lábios,podem
deformar a abertura buccal, produzindouma
cicatrizque
desarranja mais oumenos
as funeções dVste órgão, ouquepelome-nos lhes tira aquella cor rosada natural que lhes da tanta graça.
As
queimaduras do pescoço, das mãos, dospés, são
em
geral demáos
resul-tados, porque deixão quasisempre
as cicatrises deformes; o que n'essas partes é mais sensível do queem
outras quevivem
habitualmente occultas. Finalmente pelo que respeita á idade e á constituição dosdoen-tes, é
bem
conhecido que as queimaduras são mais perigosas nas crean-ças e nos velhos do que no adulto vigoroso; que os indivíduos nervosos e de sensibilidadeexagerada soííremmais, principalmenteno l.o2.o gráos,doque osqueestiverem
em
circumstancias oppostas; que noscacochymos
e escorbuticos muitas veses ligeiras queimaduras degenerãocm
ulcerasmais ou
menos
rebeldes. Finalmente étambém
de observaçãoque
as queimaduras nas pessoas dadas ao abuso de bebidasalcoólicas
têm
—
13-TRATAMENTO
0
primeiro cuidado que se deve prestar ao queimado é despil-o,' enisto se deve ler a maior attenção para poupar dores aosdoentes, epara
istoconseguir-se corta-se
com
uma
tesoura asroupas, qu8 sedevem
tirardevagar para não arrancar a epiderme.
Segue-se
em
segundo lugar a indicação suggerida pela dòr:rm
media-tamentese deve mergulhar n'agua fria a parte queimada, se isso forpos-sível; e no caso de o não ser, applicar-se-ha sobre ella compressas
mo-lhadas: este meio émuito simples, muitonatural, prompto, e produz
ópti-mos
effeitos. Vários outros tem sido aconselhados pelos práticos: osub-aeetato de
chumbo
diluído n'agua (agua vegeto-mineral), por exemplo, produzum
grande allivio ao doente. Se aforma da partenão permitte ser mergulhada n'esse liquido,como
a face, então deverá o medicocóntén-tar-se
com
molhar pranchetas no liquido e applical-as sobre as partes.O
ether, o álcool, assoluções de sulfato deferro, atinta ele, temtambém
sido applicadas;
mas
estes líquidos sódevem
ser empregadas se aepi-derme
cobrir a pelle.Um
dos tópicos mais preciosos para abrandar as dòres d o algodão cardado, proposto pelo Dr. Anderson de Glascow; o qual não é sóem-pregado nas queimaduras do \.° gráo,
mas
também
em
todos, e até nacompleta desorganisação, offerecendo sempreóptimosresultados; elle não só
modera
a dòr,mas
ainda previne oudemora
ainílammação, o que é deuma
grande vantagem. Muitas observações importantes refere o Dr.An-derson, que são osmelhores argumentos
em
favordoemprego
d'estc meio.Um
trabalhador de Minasem uma
explosão repentinade hydrogeneocar-bonado
ficoucom
as mãos, parte dos braços e pernas, assimcomo
a face completamente queimadas. Todas estas partes forão cobertas de algodãoque ficou applicado por 15 dias, e sendo retirado n'essa epocha forão achadas as feridas
em
muitobom
principio de cicatrisação, e no cabo deum
mez
o doente estava inteiramentebom
esem
deformidade.Em
uma
moça
que tinha as duas pernas queimadas nomesmo
gráo,empregou
o Dr. Anderson,em uma
algodão, e na outra oleo e agua de cal; nofim de vinte eum
dias estava a primeira completamente curada, e a segundaao cabo de tres mezes.
O
algodão appliea-secm
finas pastas. Se aquei-madura
tiver produsido vesículas, omesmo
medico aconselha abril-as e Iavai-ascom
agua, ou oleo essencial de therebenlinaem
loção cobrindo depoiscom
muitas pastas de algodão, que se seguracom
uma
atadura, se a forma da parte o exigir. Se a suppuração for muito abundante,mudar-se-ha o algodão,
sem
deixar todavia as partes por muitetempo
expostas ao ar;mas
diz o Dr. Anderson,como
ésempre
importante aconselhar ao doente que conserve o repouso absoluto durante os primeiros tempos,deve-se
em
geral conservar o apparelho tantotempo
quanto forpossível,ainda que o doente se queixe do
máo
cheiro que exhalão as feridas.O
tratamento do medico inglez é hoje geralmente seguido
com
bons resul-tados,em
quasi todas as partes;mas
não se deve pensar que estetrata-mento
éinfallivel, eque
todos os outros devão ser proscriptos: seme-lhante opinião, diz Marjolin, á qual o Dr. Anderson parece serlevado por suas observações, é tantomenos
admissível quanto os effeitos dosdiffe-rentes tópicos aconselhados e applicados nas queimaduras até hoje
não-tem
sido estudados comparativamentecom
os do algodão, demodo
que*fique
bem
demonstrado que este ultimo meio lhes é superiorem
todos os casos possíveis.Segundo
Marjolin, o linimento oleo-calcareo éum
excellente tópico;moderando
as dôres elle apressatambém
a cicatrisação.Depois de ter espalhado este liquido sobre as partes ulceradas,
co-brem-se estas
com
pastas de algodão, se ha grande abundância de pus, deve-se substituir o algodão por outro. Linsfranc aconselhava oempre-go da solução do chlorureto de cal, e asseverava que elle apressava
con-sideravelmente a cura das queimaduras:
molhava
n'esteliquidochumaços
de Hos, e applicava-os sobre as partes, tendo o cuidado de os
molhar
de temposem
temposcom
amesma
solução; e ainda mais util se torna estemeio,
quando
ha suppuração fétida. Alguns cirurgiões limitão-se a untaras partes
com
oleo deamêndoas
doces eu de oliveira misturadocom
clara de ovo, e se a dor é muito forte
recommendão
que
ajunte-se aesse liquido bálsamo tranquillo, ou opio
em
pó. Brétonneau e Yelpeauaconselhão, e dizem que
tem
óptimos resultados a compressão, quepcomo
meio sedativo, quer aindacomo
meio efficaz para prevenir o des-envolvimento da inílammação: applicão primeiro o tafetá encerado sobrea parte queimada, e depois aenrolão
com
uma
ataduraconvenientemente15
-Assevcrão esses authorès que, qualquerque seja ográo da queimadúrá,
a compressão faz cessar immediatamente a dôr, e
impede
ou dissipa ainflammação.
Quando
a queimadura for oceasionada pela explosão dapólvora, será conveniente
Hm
pai-a primeiramente dos grãos da pólvora «uja presença augnienta a irritação deixando ordinariamente marcasfeias;
convém
pois, principalmentese a queimadurafor no rosto, pescoço,mãos, etc, tirar estes grãos
com
a ponta deuma
agulhaomais cedo que for possível.Quando
a queimadura tiver deixado escaras devcr-se-ha favorecercom
os meios emollientes de toda espécie a sua eliminação, a qualnunca deveser tentada por meio mecânico, pois é de absoluta necessidade respeitar
o trabalho eliminador da naturesa; todavia, se o cirurgião reconhecerque por baixo d'ellas existem focos purulentos, deve, seguindo o conselho da maior parte dos práticos, abril-os
com
o ferro para dar sahida ao pus,e prevenir por este
modo
todos os estragos de que elle é capaz. Se asuppuração fòr muito abundante, o curativo das feridas deverá ser feito
duas e tres vezes por dia, prevenindo-se para que o contacto do ar não
obre por muito
tempo
sobre as superfícies das feridas. Para apressar a cicatrisação das feridas não ha melhor meio, segundo Delpcch, do que oceroto opiado; e ainda aqui são applicaveis alguns dos meios de que
te-mos
fallado,como
sejão: o linimento oleo-calcareo, o oleo deamêndoas
doces
com
clara de ôvo, etc; pode-setambém
empregar o ceroto deSa-turno ou de Goulard; convém, porem, notar que, se a superfície ulcerada
for vasta, o
emprego
deste ultimo meio deve serfeitocom
muitacautela,porque
podem
termáo
resultado osphenomenos
queacompanhão
aabsorpção do
chumbo.
Yelpeau aconselha no curativo destas feridas o tratamentochamado
par occlusion que consisteem
cobrir as ulcerascom
tiras de diachylãogommado.
Muitas vezes nas queimaduras dos dois últimos gráos todos os meios de que temos fallado, de nada valem, e o cirurgião é obrigado a lançar
mão
deum
meio mais enérgico, isto é, da amputação.Se a queimadura tiver por sedeos dedos, muitas vezes elles cahiráõ
como
escaras, ou bastaráem
outras apenas cortarcom
a thesoura certosappendices ligamentosos que permaneção.
Convém
então esperar quetodos os accidentes primitivos tenhão desapparecido,e que os limites da
mortificação tenhão sido distinctamente traçados para então se recorrer á amputação;
mas
nãoconvém
dilatar pormuitotempo
oemprego
d'este-
ic-meio; porque o doente poderá achar-se muito enfraquecido pela
abun-dância da suppuração, e não resistir á operação.
Também
algumas vezes não poderá resistir, se outras partes do corpoforem sede de vastas queimaduras, porque a natureza parece então ser
impetente para satisfazer á tantas exigências. Entretanto, algumas vezes a economia é tão cheia de recursos, que, ainda n'essescasos, consegue o cirurgião salvar o doente,
como
foi, por exemplo, no caso que refereMarjolin
—
do epiléptico que, tendo cabido no fogo, ficoucom
oantebraço carbonizado, ecom
vários outros estragos pelo rosto, pescoço, espáduas,etc; e este cirurgião, amputando-lhe no segundo dia o antebraço, conse-guiu cural-o, vindo as outras feridas a cicatrizar muito depois de estar sã a que resultou da amputação.
Mas
não é só n'éstes casos quea amputação é indicada; os authores aconsiderão ainda de urgente necessidade naquelles casos
em
que, depoisda queda das escaras,
vem
a ficar abertauma
grande articulação, outambém
quando
as feridas são de tal sorte vastas, profundas e irregula-res que não se pode rasoavelmente esperaruma
cicatrisação. Agoradiga-mos
alguma cousa sobre os meios geraes, que servem de auxiliares aosprimeiros, e terminaremos o nosso trabalho pelos cuidados que deve ter
o cirurgião, afim de previnir ascicatrizes viciosas.
Nas queimaduras superficiaes e pequenas não ha ordinariamente
ne-cessidade de recorrer aos meios internos,
nem
demudar
o regimen do doente;mas
assim não acontece se a queimadura for grande; entãouma
febre interna se declara, e
convém
recorreraos meiosantipblogisticos, ásbebidas emolíientes e refrigerantes; se o doente forvigoroso,
uma
e mais sangrias deverãoser praticadas; e este meio é sobretudo urgente se ain-flammação communicar-se ás vísceras, ou
membranas
queas cobrem,de-vendo o doente guardar o repouso absoluto, e ser submettido a regimen
brando.
As
preparações opiadas são muitas vezes administradasinterna-mente
com
proveito para acalmar as dores.Desapparecendo a febre, e manifestando-se suppuração abundante,
convém
dar aos doentes alimentos analepticos para ir supprindo oque
perdem
com
a suppuração. Deve-se recorrertambém
ás preparações tó-nicas,como
as de ferro, quina, etc. Se o doente caheem
marasmo,
seuma
grande diarrhea sobrevem, pode-se empregarcom
proveito aspílu-las de Dupuytren, que são compostas de extracto de opio e sulfato de
—
17—
colliquativas.
A
ipecacuanha, o bismutho, etc,podem
ainda serempre-gados
com
proveito.Depois de haver segurado a vida do doente, o cirurgião deve procurar conservarás partes suas formas, belleza e
movimentos
próprios.Se a queimadura tiver por sede
uma
abertura natural, dever-se-ha in-troduzir n'ellamechas, sondas ou esponjas, até que a cicatrisação setenha formado, afim deprevinir a reunião de suas bordas.Se a queimadura occupar, por exemplo, a mão, introduzir-se-ha entre
os dedos compressasuntadasdecorpos gordurosos para evitarqueelles se
ponhão
em
contacto; para obstar a flexão dos dedos empregar-se-hatalas, que tenhão a forma da mão, para conservar os dêdos ligeiramente
estendidos; as talas serão
também
empregadas se a queimadura occupar a superfície de flexão deum
membro.
Para obteruma
cicatriz regular ebem
lisa é muitas vezes o cirurgião obrigado a recorrer á pedra infernalpara destruir as granulações exuberantes.
A
cicatrisação das feridas dasqueimaduras não se faz sempre regularmente,
como
nas feridasordiná-rias, da circumferencia para o centro;
mas
formão-se muitas vezes váriospontos cicatriciaes.
Emfim,
o cirurgião, variando de meios, segundo seus recursospráticos, deve esforçar-se para que o órgão, depois de curado,se assemelhe o mais que for possivel, do estado natural.
Hcmorrhaglas
traumáticas.
PROPOSIÇÕES
I.
—
0
derramamento
de sangue devido á acção deuma
causa externano apparelho vascular, é o que se
chama
hemorrhagia traumática. II.—
A
hemorrhagia pode ser immediata ou consecutiva.IH.
—
A
hemorrhagia pode serarterial, venosa ou capillar.IV.
—
A
hemorrhagia traumática distingue-se da espontânea pela sua causapuramente
physica.Y.
—
As
causas mais frequentes desta hemorrhagia, são os instrumen-tos cortantes.VI.
—
Nem
sempre
é fácil diagnosticar-seuma
hemorrhagiatraumá-tica.
VII.
—
Um
vaso arterial pode ser lesadosem
que a pelle sejaoffendida.VIII.
—
Muitoinfluem noprognosticodahemorrhagiatraumática aidade, temperamento, constituição e sede da lesão.IX.
—
Tanto mais grave torna-se a hemorrhagia, quanto mais perto dotronco é o vaso lesado.
X.
—
As
hemorrhagias capillares consecutivas são mais frequentes que as immediatas.XI.
—
Os
meios de que se serve o cirurgião no tratamento dashemor-rhagias traumáticas, são: ligadura, compressão, torsão,hemostaticos,
cau-terisação e o frio.
Da
febre
a*anarclla
e
sco
tratamento*
PROPOSIÇÕES.
!•
—
A
febre amarella cuma
pyrexia própria de certos climas, caracte-risada poruma
côr ictérica da pelle e pelos vómitos negros.II.
—
Em
geral a invasão da febre amarella éviolenta,acommeltendo
osindivíduos no meio de suas oceupações ordinárias.
IH.
—
No
segundo período da febre amarella nota-se especialmente aanciedade dos doentes, a côr amarella dos tegumentos, as hemorrhagias, principalmente aque se dá no estômago.
IV.
—
Na
febre amarella o typo intermittente é raro, e só se observano
começo
da moléstia.V.
—
Nos
casos graves a duração da febre amarella, é de 5 a G dias; e nos casos benignos é menor.VI.
—
Indubitavelmente c fatal a terminação da febre amarella, se osseos
symptomas
se aggravão.VII.
—
Quando, pelo contrario, para o quinto dia ossymptomas
geraes e locaesperdem
de sua intensidade, o resultado da moléstia é feliz.VIII.
—
Segundo
a opinião de alguns autliores,um
primeiro ataque defrebre amarella, não reserva certamente de
um
segundo.IX.
—
O
diagnostico da febre amarella não apresenta geralmentediffi-culdadc alguma.
X.
—
A
transmissão da febre amarella éum
ponto sobre o qual muito setem
descutido, e que resta ainda duvidoso.XI.
—
Certos indivíduos que, ou pelo seo estado,ou
por dever, nãopodem
fugir dos rigores deuma
epidemia de febre amarella, deverão observar rigorosamenteuma
boa hygiene.XII.
—
Contra os vómitos negros, que sãoum
symptoma
dos maispe-niveis,
tem
se aconselhado oemprego
das bebidas acidulas e geladasVinhos
medicinaes
PROPOSIÇÕES
oI
—
Chamão-se
vinhos medicinaes aquellcs quetêm
em
dissoluçãoum
ou muitos princípios medicamentosos.II
—
Os
vinhos de mais uso na medicina, são: os vermelhos, brancose generosos.
III
—
O
vinho vermelho differe do branco pela maior quantidade deta-nino e matéria corante.
IV
—
Assim
como
as tincturas alcoólicas, osvinhos apresentão soluçõessempre
promptas.V
—
A
falsificação dos vinhos os torna sempre impróprios para o uso da mediciiJíi.VI
—
O
vinho generoso differe do branco por conter grande porção deálcool, glycerina, glycose e pouco tártaro.
"VII
—
O
apparelho deGay
—
Lussac, modificado porSalleron, éempre-gado para conhecer a força alcoólica do vinho.
VIII
—
O
cheiro particular do vinho é devido á presença do ethercenantico.
IX
—
Todas as vezes que se fizerusoem
medicina deum
vinho, deve-sê terem
consideraçãoa sua força alcoometrica.X
—
Deve-se usar de preferencia do vinho generoso,quando
se tratar de substancias ricasem
princípiosmui
alteráveis.XI
—
A
maceração e a addição das tincturas alcoólicas são os dois pro-cessosempregados
para a preparação dos vinhos medicinaes.XII
—
Para a conservação dos vinhos medicinaes emprega-se a colla de peixe.HYPPOCRATIS
APIIORISMI
I.
Vita brevis, ars longa, occasio proeceps, experientia fallax, judicium
difficile.
(Sect. 1», aph.
II.
Quce
medicamenta non
sanant, ea ferrum sanat. Quoe ferrum nonsa-riat, ea ignis sanat. Quoe verò ignis
non
sanat, ea insanabilia existimareoportet.
(Sect. S.a, aph. 6.0)
III.
Ubi
somnum
dèlirium sedat,bonum.
IV.
Ad
extremos morbos, extrema remedia.V.
Vulneri convulsio superveniens, lethale.
VI.
(Sect. 2.a, aph.
2
o)(Sect. aph. 6.0)
(Sect.5.a, aph. 2.o)
A
sanguinis fluxu delirium, aut etiam convulsio,malum.
{Sect. 7.«, aph. 9.*}
Bahia—Typ. de J. G. Tourinho—1871.
a&emetfce/a* fêomniiàóão- ê&cvcdola. &a4t'a e êPacu&ac/e c/e^/6ec/t
ffiha sce/e //efem/to e/e íéy4.
&àéácow^etwie oá Só/aáífo.). SPactt/o/ac/e c/e ^Medianac/a&aÁ'a scc/e
//e&m/to c/c lêjff.
WÁuc/e^uto fâa/c/ad.
<
ffl fé. fÊíccmajfto.
//m/itima-de. á$a/ta e 3/acccCc/ac/cc/c ^/óec/ccma 3a c/e &ct/a/m c/e /<?//.