MICROECONOMIA 2 – GRADUAC
¸ ˜
AO
Departamento de Economia, Universidade de Bras´ılia
Notas de Aula 2 – Teoria da Escolha Social
Prof. Jos´
e Guilherme de Lara Resende
1
Escolha Social
1.1
Introdu¸
c˜
ao
A teoria da Escolha Social lida com o problema de agregar preferˆencias individuais em uma preferˆencia social. Ela analisa a quest˜ao de como um grupo ou uma sociedade decide coletivamente. Normalmente essa decis˜ao ´e por meio de uma regra de agrega¸c˜ao das preferˆencias ou escolhas individuais. ´E desej´avel que essa regra satisfa¸ca certos crit´erios de car´ater normativo. Por exemplo, podemos exigir que a regra de escolha social seja tal que se todos em uma sociedade preferem a alternativa x `a alternativa y, ent˜ao a regra social resulte sempre em x prefer´ıvel a y (crit´erio de unanimidade de Pareto). O principal resultado deste t´opico ´e o Teorema de Impossibilidade de Arrow. Varian (2012), cap´ıtulo 33 (“O Bem-Estar ”), constitui uma referˆencia para essa se¸c˜ao. Defini¸c˜oes:
• Alternativa: descri¸c˜ao completa de um estado social; • X: conjunto finito de alternativas, todas excludentes; • I: tamanho do grupo ou sociedade (n´umero de indiv´ıduos);
• Preferˆencias individuais i completas e transitivas sobre as alternativas;
• Grupo de preferˆencias: lista das preferˆencias de todos os indiv´ıduos do grupo.
Defini¸c˜ao: Preferˆencia Social. Uma rela¸c˜ao de preferˆencia social S ´e uma rela¸c˜ao bin´aria
sobre X. Representamos por S e ∼S as rela¸c˜oes de preferˆencia estrita e indiferen¸ca derivadas de
S, respectivamente.
Relembrando a nota¸c˜ao de preferˆencias, temos que:
• x S y: (a alternativa) x ´e socialmente t˜ao boa quanto a y;
• x S y: (a alternativa) x ´e socialmente melhor que y;
• x ∼S y: (a alternativa) x ´e socialmente indiferente a y.
Sabemos que axiomas sobre preferˆencias consistem em hip´oteses sobre o comportamento in-div´ıdual e cada axioma tem um significado preciso. Vamos supor que a preferˆencia i de todo
indiv´ıduo i satisfaz os dois axiomas abaixo:
• Axioma de Completeza: Para quaisquer alternativas x e y em X, ou x i y ou y i x (ou
ambos).
• Axioma de Transitividade. Para quaisquer alternativas x, y e z em X, se x i y e y i z
O axioma de “completeza” diz que o indiv´ıduo ´e sempre capaz de comparar duas alternativas quaisquer do conjunto X. Portanto, se ele tiver que escolher entre x e y, ele dir´a qual alternativa prefere (ou se ´e indiferente entre elas). O axioma de transitividade ´e crucial para a escolha do indiv´ıduo ser logicamente coerente. Se esse axioma n˜ao for satisfeito, pode n˜ao ser possivel dizer qual ´e a alternativa preferida pelo indiv´ıduo. Por exemplo, suponha um indiv´ıduo que ordene as alternativas x, y, e z da seguinte maneira n˜ao-transitiva: x y, y z e z x. Neste caso n˜ao ´e poss´ıvel determinar a alternativa preferida do indiv´ıduo.
Defini¸c˜ao: Regra de Escolha Social (RES). Uma regra de escolha social (ou mecanismo de decis˜ao social ) f ´e uma fun¸c˜ao que associa cada grupo de preferˆencias individuais a uma preferˆencia social. Logo: (1, 2, · · · , I) | {z } I indiv´ıduos 7→ f S
Ent˜ao f associa a cada conjunto particular de preferˆencias individuais uma ordena¸c˜ao social, de acordo com o que a regra estabelecer.
1.2
Caso de Duas Alternativas: Teorema de May
Suponha apenas duas alternativas a serem escolhidas, representadas por x e y. Para cada indiv´ıduo i, podem existir apenas trˆes casos: 1) x i y, 2) x ∼i y, e 3) y i x. Ent˜ao, a preferˆencia
de cada indiv´ıduo pode ser descrita pela fun¸c˜ao Di definida como:
Di = 1 se x i y
Di = 0 se y ∼i x
Di = −1 se y i x
Uma regra de escolha social para o caso de duas alternativas pode ent˜ao ser vista como um mapa que leva cada vetor com as preferˆencias de todos os indiv´ıduos sobre x e y (sendo que ´e poss´ıvel se declarar indiferente `as duas alternativas), denotado por (D1, D2, . . . , DI), a uma preferˆencia social
DS. Seja o conjunto U = {−1, 0, 1}. No caso de apenas duas alternativas, a regra de escolha social f pode ser definida como uma fun¸c˜ao com dom´ınio no produto cartesiano UI e contradom´ınio U
(f : UI → U ), de modo a associar cada grupo de preferˆencias individuais (D1, D2, . . . , DI) `a escolha
social DS, de acordo com o que a regra f especificar: U × U × U × · · · × U
| {z }
I indiv´ıduos)
7→
f U
Exemplo: Vota¸c˜ao Majorit´aria. Seja αi ≥ 0, para todo i = 1, . . . , I, um sistema de pesos.
Definimos f como: f (D1, . . . , DI) = sign I X i=1 αiDi ! ,
onde sign : R → R ´e a fun¸c˜ao definida por sign(a) = 1 se a > 0, sign(a) = 0 se a = 0 e sign(a) = −1 se a < 0. Se αi = 1 para todo i, f representa a regra de vota¸c˜ao majorit´aria:
f (D1, . . . , DI) = sign I X i=1 Di ! .
Para a regra de vota¸c˜ao majorit´aria vale que:
f (D1, . . . , DI) = 1 ⇔ #(i : x i y) > #(i : y i x)
f (D1, . . . , DI) = 0 ⇔ #(i : x i y) = #(i : y i x)
f (D1, . . . , DI) = −1 ⇔ #(i : x i y) < #(i : y i x) ,
em que #(i : x i y) denota o n´umero de pessoas que preferem estritamente x a y e #(i : y i x)
denota o n´umero de pessoas que preferem estritamente y a x.
Logo, a regra de vota¸c˜ao majorit´aria decide que x ´e socialmente prefer´ıvel a y se o n´umero de pessoas que preferem (estritamente) x a y for maior do que o n´umero de pessoas que preferem (estritamente) y a x. No caso de o n´umero de pessoas que preferem y a x for maior do que o n´umero de pessoas que preferem x a y, ent˜ao y ser´a socialmente prefer´ıvel a x. Finalmente, se os dois grupos de pessoas, que preferem x a y e que preferem y a x tiverem o mesmo n´umero de pessoas, ent˜ao x e y ser˜ao socialmente indiferentes. Na pr´atica, quando isto ocorrer, existir´a alguma regra para a escolha entre x e y. Por exemplo, se houver empate no n´umero de votos para presidente do Brasil no segundo turno de vota¸c˜ao, ent˜ao ser´a escolhido o candidato mais idoso (ver artigo 77 da Constitui¸c˜ao Federal).
Vamos discutir propriedades que podem ser impostas sobre a fun¸c˜ao f de bem-estar social. Cada propriedade tem um significado intuitivo de car´ater normativo. Por exemplo, o crit´erio Paretiano abaixo ´e simples e ´e razo´avel exigir que uma regra de escolha social o satisfa¸ca.
Defini¸c˜ao: Crit´erio Paretiano (Unanimidade). f (·) satisfaz o crit´erio Paretiano se f (1, . . . , 1) = 1 e f (−1, . . . , −1) = −1.
O crit´erio Paretiano apenas exige que no caso em que todos na sociedade preferem estritamente a mesma alternativa, a preferˆencia social tamb´em ir´a preferir estritamente esta alternativa. A regra ditadorial, definida no exemplo abaixo, satisfaz esse crit´erio.
Exemplo: Defina f por f (D1, . . . , DI) = Dh. O indiv´ıduo h ´e chamado ditador, pois a sua
preferˆencia determina a escolha social (αi = 0, ∀i 6= h, αh = 1, no exemplo anterior). Observe que
a regra ditadorial satisfaz o crit´erio Paretiano.
May (1952) elaborou 4 condi¸c˜oes que uma regra de escolha social f deve satisfazer quando existem apenas 2 alternativas. Abaixo apresentamos essas condi¸c˜oes formalmente. ´E fundamental entender o conte´udo econˆomico de cada condi¸c˜ao. A primeira diz que a regra deve ser decisiva, isto ´e, que qualquer que seja o grupo de preferˆencias dos indiv´ıduos considerado, a regra leve a uma preferˆencia social (que pode ser indiferen¸ca entre x e y). A segunda condi¸c˜ao, simetria ou anonimato, estabelece que todos os indiv´ıduos recebem o mesmo peso na regra. A terceira condi¸c˜ao estabelece que as duas alternativas devem ter o mesmo status quo, nenhuma alternativa recebe a priori um peso maior na regra. Finalmente, a quarta condi¸c˜ao estabelece que se para um determinado grupo de indiv´ıduos, a escolha social for a alternativa x ou a indiferen¸ca entre as duas alternativas, e se um indiv´ıduo mudar de posi¸c˜ao em dire¸c˜ao `a alternativa x (isto ´e, se antes ele preferiria y, agora ele ´e indiferente entre x e y ou passa a preferir x, ou se antes ele era indiferente entre x e y, ele passa a preferir x estritamente), e todos os outros indiv´ıduos continuam com as mesmas preferˆencias de antes, ent˜ao a regra de escolha social resultar´a em x estritamente prefer´ıvel a y.
Condi¸c˜ao 1: Decisiva. A fun¸c˜ao f de bem-estar social ´e bem definida e assume um ´unico valor para todo elemento de UI.
Condi¸c˜ao 2: Simetria ou Anonimato. A fun¸c˜ao f trata todos os indiv´ıduos de modo igual, ou seja, temos que f (D1, . . . , DI) = f (Dπ(1), . . . , Dπ(I)), onde π : {1, . . . , I} → {1, . . . , I} ´e uma
permuta¸c˜ao dos indiv´ıduos (π ´e uma bije¸c˜ao).
Condi¸c˜ao 3: Neutralidade entre as alternativas. A fun¸c˜ao f trata as duas alternativas de modo igual, ou seja, temos que f (D1, . . . , DI) = −f (−D1, . . . , −DI).
Condi¸c˜ao 4: Resposta Positiva. Se para um certo grupo de preferˆencias individuais, a alter-nativa y n˜ao era escolhida, e se pelo menos um indiv´ıduo muda a sua preferˆencia na dire¸c˜ao de x, ent˜ao x passa a ser escolhido. Logo, temos que se D = f (D1, . . . , DI) ≥ 0 e ˜Di = Di para todo
i 6= i0, e ˜Di0 > Di0, ent˜ao f ( ˜D1, . . . , ˜DI) = 1.
Teorema de May. A fun¸c˜ao de bem-estar social f ´e de vota¸c˜ao majorit´aria se, e somente se, ´e decisiva, sim´etrica, neutra entre as alternativas e de resposta positiva.
O Teorema de May n˜ao s´o garante que a regra de vota¸c˜ao majorit´aria ´e decisiva, sim´etrica, neutra entre as alternativas e de resposta positiva (parte mais f´acil de verificar), mas tamb´em que se uma regra de decis˜ao for decisiva, igualit´aria, neutra entre as alternativas e de resposta positiva, ent˜ao ela necessariamente ser´a a regra de vota¸c˜ao majorit´aria (parte mais dif´ıcil de verificar). Logo, o Teorema de May constitui uma caracteriza¸c˜ao completa da regra de vota¸c˜ao majorit´aria.
1.3
Paradoxo de Condorcet (Paradoxo da Vota¸
c˜
ao)
No caso de apenas duas alternativas, o requerimento de a regra social ser transitiva n˜ao ´e relevante. Se tivermos trˆes ou mais alternativas, transitividade passa a ser importante. O requisito de transitividade exige uma coerˆencia na escolha social que nem sempre ser´a satisfeita, mesmo que todas as preferˆencias individuais sejam completas e transitivas.
Vamos estender a regra de vota¸c˜ao majorit´aria vista acima do seguinte modo. A regra de vota¸c˜ao majorit´aria aos pares estabelece que todos os pares poss´ıveis de alternativas s˜ao postos em vota¸c˜ao, um par por vez. Em cada rodada, o vencedor da vota¸c˜ao ser´a a alternativa socialmente prefer´ıvel. Logo, se colocarmos em vota¸c˜ao as alternativas x vs y, se x tiver mais votos, ent˜ao x S y. Se tiverem o mesmo n´umero de votos, x ∼S y. E se y tiver mais votos, y S x.
Defini¸c˜ao: Vencedor de Condorcet. Dizemos que uma alternativa ´e um vencedor de Condorcet se ela ganhar de todas as outras alternativas na vota¸c˜ao majorit´aria aos pares.
Considere o seguinte exemplo bem simples, com apenas trˆes alternativas, x, y e z, e trˆes in-div´ıduos, 1, 2 e 3. As preferˆencias dos trˆes indiv´ıduos est˜ao resumidas na tabela abaixo:
Posi¸c˜ao Indiv´ıduo 1 Indiv´ıduo 2 Indiv´ıduo 3
Primeira x y z
Segunda y z x
Existem trˆes combina¸c˜oes de pares para a vota¸c˜oes majorit´aria, que levam aos resultados abaixo: x vs y ⇒ x S y y vs z ⇒ y S z x vs z ⇒ z S x ⇒ x S y, y S z, z S x | {z } Sn˜ao ´e transitiva!
Ou seja, mesmo que todas as preferˆencias individuais sejam transitivas, pode ocorrer que a regra de escolha social leve essas preferˆencias individuais a uma preferˆencia social intransitiva. Para o grupo de preferˆencias acima, n˜ao existe um vencedor de Condorcet. Regras de escolha social que levem a preferˆencias socias n˜ao transitivas podem trazer problemas de manipula¸c˜ao de agenda, como discutiremos a seguir.
Suponha que a regra de escolha social ´e tal que, no caso de trˆes alternativas x, y e z, se a agenda de vota¸c˜ao for (x, y, z), ent˜ao primeiro vota-se x vs y, e depois vota-se o vencedor dessa primeira vota¸c˜ao contra z. Podemos ter trˆes agendas de vota¸c˜ao diferentes, levando aos resultados abaixo para o caso das preferˆencias apresentadas na tabela acima:
(x, y, z) : x vs y ⇒ x ganha, x vs z ⇒ z ganha (y, z, x) : y vs z ⇒ y ganha, y vs x ⇒ x ganha (z, x, y) : z vs x ⇒ z ganha, z vs y ⇒ y ganha
Logo, para o grupo de preferˆencias descrito acima, quem define a agenda de vota¸c˜oes define a alternativa vencedora.
Observe que o exemplo acima exige que as preferˆencias dos indiv´ıduos sejam de conhecimento de todos. Isso possibilita vota¸c˜ao estrat´egica, em que n˜ao ´e mais do interesse de um ou mais eleitores revelar corretamente as suas verdadeiras preferˆencias, votando na sua alternativa preferida.
Por exemplo, suponha que o indiv´ıduo 1 define a agenda de vota¸c˜ao. Ele decide implementar a agenda (y, z, x), que leva a escolha de x, sua alternativa preferida. Essa ´e a pior alternativa para o indiv´ıduo 2. Se este decidir na primeira rodada de vota¸c˜ao, entre y e z, votar em z, z passa a ser escolhido em vez de y. Na segunda rodada de vota¸c˜ao, a alternativa x ser´a preterida e z ser´a escolhida. Logo, o indiv´ıduo 2, ao revelar incorretamente a sua preferˆencia, consegue afetar o resultado e fazer com que a sua segunda melhor alternativa, z, seja escolhida no lugar da sua terceira melhor alternativa, x.
Logicamente, a an´alise se complica: os outros eleitores podem tamb´em decidir votar estrategi-camente, n˜ao revelando corretamente suas preferˆencias. Nesse caso, devemos analisar o problema de vota¸c˜ao como um jogo e procurar por equil´ıbrios de Nash. Observe que a discuss˜ao acima mostra que a situa¸c˜ao em que o indiv´ıduo 1 define a agenda (y, z, x) e todos votam de acordo com suas preferˆencias verdadeiras n˜ao ´e um equil´ıbrio de Nash (mais especificamente, vimos que o indiv´ıduo 2 revelar corretamente sua preferˆencia n˜ao ´e a melhor resposta quando os eleitores 1 e 3 revelam suas preferˆencias verdadeiras).
N˜ao vamos nos aprofundar mais na quest˜ao de comportamento estrat´egico agora. O ponto prin-cipal que desejamos enfatizar ´e o de que, em situa¸c˜oes onde existam trˆes ou mais alternativas, a regra de vota¸c˜ao majorit´aria aos pares pode associar preferˆencias sociais n˜ao transitivas a determi-nados conjuntos de preferˆencias individuais que s˜ao todas completas e transitivas. Essas situa¸c˜oes podem gerar problemas como manipula¸c˜ao de agenda e vota¸c˜ao estrat´egica. Vamos investigar se existe alguma regra de escolha social que n˜ao incorra nesses problemas e satisfa¸ca certas propri-edades, como levar sempre a preferˆencias sociais completas e transitivas. O Teorema de Arrow responde essa quest˜ao.
1.4
Teorema de Arrow
O Teorema de Arrow (Arrow, 1951) verifica a existˆencia de uma regra de escolha social que agregue as preferˆencias individuais de “modo satisfat´orio”. As condi¸c˜oes do Teorema de Arrow s˜ao exigˆencias de car´ater normativo sobre a regra de escolha social f que gera a decis˜ao do grupo analisado, S= f (1, . . . , N). Note que f associa a cada grupo de preferˆencias individuais uma
preferˆencia social, ou seja, (1, . . . , N) 7→
f S. Os pressupostos do Teorema de Arrow s˜ao discutidos
abaixo.
Dom´ınio Irrestrito (ou Universal). O dom´ınio de f inclui todas as combina¸c˜oes poss´ıveis de preferˆencias sobre o espa¸co de alternativas X.
Essa condi¸c˜ao imp˜oe sobre a regra social f a capacidade de associar qualquer grupo de pre-ferˆencias individuais a uma preferˆencia social. Portanto, o mecanismo de escolha social ´e v´alido qualquer que seja o grupo de preferˆencias individuais considerado.
Princ´ıpio Fraco de Pareto. Para qualquer par de alternativas x e y tal que x i y para todo
indiv´ıduo i, ent˜ao x S y.
Essa condi¸c˜ao imp˜oe um crit´erio de unanimidade no mecanismo de escolha social. Podemos definir outros criterios de unanimidade (por exemplo, com preferˆencias fracas).
N˜ao-Ditadorial. N˜ao existe indiv´ıduo h tal que se x h y ent˜ao x S y, quaisquer que sejam as
preferˆencias dos outros indiv´ıduos que n˜ao h.
Essa condi¸c˜ao elimina a possibilidade de um ditador na sociedade. Isso n˜ao exclui o fato de que a escolha social coincida, para um certo grupo de preferˆencias, com a ordena¸c˜ao de algum ou de alguns indiv´ıduos.
Independˆencia das Alternativas Irrelevantes (IAI). Sejam dois conjuntos de preferˆencias individuais (1, . . . , I) e ( ˜1, . . . , ˜I), que s˜ao levados pela regra de escolha social f `as preferˆencias
sociais S= f (1, . . . , I) e ˜S = f ( ˜1, . . . , ˜I) e sejam x e y duas alternativas quaisquer em X.
Se cada indiv´ıduo ordena x versus y em i do mesmo modo que ordena x versus y em ˜i ent˜ao o
ordenamento social de x versus y ser´a o mesmo em S e em ˜S.
A IAI ´e a mais sutil das condi¸c˜oes do Teorema de Arrow. Ela imp˜oe `a regra de escolha social a propriedade de que o ordenamento entre duas alternativas dependa apenas dessas duas alternativas, e que n˜ao seja afetado por nenhuma outra alternativa diferente de x e y. Vamos discutir um exemplo para deixar essa condi¸c˜ao mais clara.
Mecanismo de Escolha de Borda. A regra de escolha social de contagem de Borda pode tomar diversas formas. O mecanismo de contagem de Borda consiste em cada indiv´ıduo i reportar a sua preferˆencia, como numa vota¸c˜ao em lista. Da´ı associamos um n´umero ci(x) para a alternativa x
para cada alternativa x ∈ X e para cada indiv´ıduo i. Calculamos a pontua¸c˜ao de Borda c(x) para a alternativa x como: c(x) = I X i=1 ci(x)
Por exemplo, suponha que ci(x) = n, onde n ´e a posi¸c˜ao de preferˆencia de x para i. Por
exemplo, se c1(x) = 2, ent˜ao x ´e a segunda alternativa preferida do indiv´ıduo 1. Vamos supor
por enquanto que os indiv´ıduos ordenam todas as alternativas de modo estrito, para simplificar a exposi¸c˜ao. Neste caso, a regra de escolha da contagem de Borda ´e definida por:
x S y ⇔ c(x) = I X i=1 ci(x) ≤ I X i=1 ci(y) = c(y) ´
E poss´ıvel mostrar que regras de escolha social do tipo contagem de Borda: • Levam sempre a preferˆencias sociais completas e transitivas;
• S˜ao de dom´ınio irrestrito (podemos lidar com empates facilmente); • Satisfazem o princ´ıpio fraco de Pareto,
• N˜ao s˜ao ditadoriais.
Por´em, a contagem de Borda n˜ao satisfaz o crit´erio de independˆencia das alternativas irrele-vantes, pois o ordenamento social de duas alternativas pode depender do posicionamento de outras alternativas, como o exemplo a seguir ilustra.
Exemplo: Suponha dois indiv´ıduos, 1 e 2, e trˆes alternativas, x, y e z. Considere duas poss´ıveis situa¸c˜oes para as preferˆencias dos dois indiv´ıduos:
Situa¸c˜ao A: x 1 z 1 y ⇒ c1(x) = 1, c1(y) = 3 y 2 x 2 z ⇒ c2(x) = 2, c2(y) = 1 ⇒ x S y Situa¸c˜ao B: x 1 y 1 z ⇒ c1(x) = 1, c1(y) = 2 y 2 z 2 x ⇒ c2(x) = 3, c2(y) = 1 ⇒ y S x
Nas duas situa¸c˜oes, os ordenamentos individuais entre x e y s˜ao os mesmos. Por´em, o mecanismo de Borda resulta em ordenamentos sociais entre x e y distintos, devido `a presen¸ca da alternativa z. Logo, z n˜ao ´e sempre irrelevante quando definimos o ordenamento social de x e y segundo a regra de escolha social de contagem de Borda. Isso significa que essa regra n˜ao satisfaz a hip´otese de independˆencia das alternativas irrelevantes.
Arrow (1951) mostrou que o fato de a contagem de Borda n˜ao satisfazer IAI n˜ao ´e por acaso. O Teorema de Arrow prova que quando existem trˆes ou mais alternativas, n˜ao existe nenhuma regra de escolha social que leve sempre a ordenamentos sociais completos e transitivos e que satisfa¸ca as condi¸c˜oes elencadas acima.
Ent˜ao, supondo trˆes ou mais alternativas, como ´e poss´ıvel mostrar que o mecanismo de Borda leva sempre a preferˆencias completas e transitivas, ´e de dom´ınio universal, satisfaz o princ´ıpio fraco de Pareto e n˜ao ´e ditadorial, o Teorema de Arrow implica que esse mecanismo n˜ao pode satisfazer a condi¸c˜ao de independˆencia das alternativas irrelevantes.
Teorema da Impossibilidade de Arrow (vers˜ao I). Se existem pelo menos trˆes alternativas em X, ent˜ao n˜ao existe regra de escolha social f que resulte sempre em uma preferˆencia social S completa e transitiva e tal que satisfa¸ca as condi¸c˜oes de dom´ınio universal, princ´ıpio fraco de
Pareto e independˆencia das alternativas irrelevantes e que seja n˜ao-ditadorial.
Teorema da Impossibilidade de Arrow (vers˜ao II). Se existem pelo menos trˆes alternativas em X, ent˜ao a ´unica regra de escolha social f que resulta sempre em uma preferˆencia social S
completa e transitiva e tal que satisfa¸ca as condi¸c˜oes de dom´ınio universal, princ´ıpio fraco de Pareto e independˆencia das alternativas irrelevantes ´e a regra de escolha social ditadorial.
O Teorema de Arrow possui uma conclus˜ao negativa: ´e imposs´ıvel esperar que uma sociedade se comporte com a mesma coerˆencia que podemos esperar de um indiv´ıduo racional (no sentido de preferˆencias completas e transitivas). Esse problema de coerˆencia mostra que detalhes institucionais e procedimentos do processo pol´ıtico s˜ao importantes. Ou seja, tomadas de decis˜oes em grupo podem gerar resultados arbitr´arios e manipula¸c˜ao. O processo instituticional pode e deve constituir uma restri¸c˜ao a esses problemas.
Diversos autores da ´area de ciˆencia pol´ıtica incorporaram o resultado de Arrow em suas an´alises (por exemplo, ver Shepsle and Boncheck (1995); Austen-Smith and Banks (1996)). Al´em disso, estes autores passaram a utilizar ferramentas como teoria dos jogos para auxiliar essas an´alises.
1.5
Fun¸
c˜
ao de Bem-Estar Social
Vamos agora proceder de modo diferente com respeito ao problema de escolha social. Suponha que cada indiv´ıduo tenha uma utilidade definida sobre o conjunto das alternativas existentes. Vamos representar a utilidade do indiv´ıduo i sobre a alternativa x por ui(x).
Defini¸c˜ao. Uma fun¸c˜ao de bem-estar (FBE) W ´e uma fun¸c˜ao definida sobre as fun¸c˜oes de utilidade individuais, W = W (u1, . . . , uI).
Se W for crescente em cada um dos seus argumentos, ent˜ao quanto maior o n´ıvel de utilidade, maior o valor de W . Neste caso dizemos que W ´e uma fun¸c˜ao de bem-estar social (FBES).
Exemplos:
• FBES utilitarista ou de Bentham:
W (u1, . . . , uI) = I
X
i=1
ui.
• FBES da soma ponderada das utilidades:
W (u1, . . . , uI) = I X i=1 aiui, com ai ≥ 0 ∀ i. • FBES Rawlsiana: W (u1, . . . , uI) = min{u1, . . . , uI}.
• FBES com elasticidade de avers˜ao `a desigualdade constante: W (u1, . . . , uI) = (a1u ρ 1+ a2u ρ 2· · · + anuρn) 1/ρ , com ai ≥ 0 ∀ i, e 0 6= ρ < 1.
As FBES dependem da representa¸c˜ao usada para a utilidade individual. Sabemos que a uti-lidade de um indiv´ıduo n˜ao ´e ´unica: qualquer transforma¸c˜ao crescente dela representao a mesma ordena¸c˜ao, ou seja, a mesma pessoa. Por´em, ao utilizarmos determinada forma funcional de uma FBES, estamos assumindo que ´e poss´ıvel fazer compara¸c˜oes entre fun¸c˜oes de utilidades de indiv´ıduos diferentes.
Suponha que a alternativa x defina uma cesta de consumo para cada indiv´ıduo, x = (x1, . . . , xI).
Suponha tamb´em que cada indiv´ıduo i tenha uma dota¸c˜ao inicial ei. Se a utilidade de cada
in-div´ıduo i depende da aloca¸c˜ao x para todos os indiv´ıduos, ent˜ao existem externalidades de consumo: o bem-estar de uma pessoa depende n˜ao somente do que ela consome, mas tamb´em do que os outros consomem. Vamos supor a partir de agora de que a utilidade de uma pessoa depende apenas da sua pr´opria cesta: ui(xi), para todo i = 1, . . . , I. Neste caso dizemos que W (u1(x1), u2(x2), . . . , uI(xI))
6 -u2 u1 Conjunto de Possibilidade de Utilidade Curva de Isobem-Estar sM´aximo da FBES W
Considere o seguinte problema de maximiza¸c˜ao: max x W (u1(x1), u2(x2), . . . , uI(xI)) s.a. X i xi = X i ei,
onde W ´e uma FBES. Como toda FBES ´e crescente, ent˜ao a aloca¸c˜ao ´otima ser´a Pareto eficiente. As curvas de indiferen¸ca de W s˜ao chamadas curvas de isobem-estar. A figura acima ilustra esse problema graficamente.
Mais ainda, qualquer aloca¸c˜ao Pareto eficiente pode ser o resultado da maximiza¸c˜ao de alguma FBES. Em particular, se maximizarmos a FBES da soma ponderada das utilidades variando os pesos ai, obtemos qualquer ponto da FPU como solu¸c˜ao ´otima. Para que este resultado seja v´alido,
´e necess´ario que o conjunto de possibilidade de utilidades seja convexo.
Observe ent˜ao que existe uma rela¸c˜ao estreita entre FBES e aloca¸c˜oes eficientes: toda solu¸c˜ao de um problema de maximiza¸c˜ao de uma FBES crescente ´e eficiente e toda aloca¸c˜ao eficiente ´e solu¸c˜ao de um problema de maximiza¸c˜ao de bem-estar social, para uma FBES apropriada.
Referˆ
encias
Arrow, K. (1951). Social choice and individual values. New York: John Wiley.
Austen-Smith, D., & Banks, J. (1996). Positive political theory. Ann Arbor: University of Michigan Press.
May, K. O. (1952). A set of independent necessary and sufficient conditions for simple majority decision. Econometrica, 20:4 , 680-684.
Shepsle, K., & Boncheck, M. (1995). Analysing politics. New York: W. W. Norton.
Varian, H. (2012). Microeconomia – uma abordagem moderna (8a edi¸c˜ao). Elsevier/Editora Campus.
Exerc´ıcios
1. Mostre que a regra de vota¸c˜ao majorit´aria aos pares, conforme definida em sala, satisfaz as propriedades de anonimato, neutralidade entre as alternativas e resposta positiva.
2. Mostre que uma regra de escolha social que satisfaz as propriedades de resposta positiva e neutralidade entre as alternativas satisfaz a seguinte propriedade:
Propriedade de Resposta Negativa. Se D = f (D1, . . . , DI) ≤ 0 e ˜Di = Di para todo i 6= i0, e ˜Di0 < Di0, ent˜ao f ( ˜D1, . . . , ˜DI) = −1.
Interprete intuitivamente a propriedade acima.
3. Considere uma elei¸c˜ao com 3 candidatos, A, B e C, e quatro eleitores, onde as preferˆencias desses eleitores ´e descrita na seguinte tabela, em ordem decrescente de preferˆencia:
Eleitor 1 Eleitor 2 Eleitor 3 Eleitor 4
A A B C
B B C B
C C A A
Assuma que o m´etodo de vota¸c˜ao ´e dado pela contagem de Borda (vota¸c˜ao em lista). Suponha que ningu´em vote estrategicamente.
a) Calcule um sistema de pesos para o sistema de Borda onde o candidato A ganha, se tal sistema de pesos existir.
b) Calcule um sistema de pesos para o sistema de Borda onde o candidato B ganha, se tal sistema de pesos existir.
c) Considere o sistema de pesos calculado para o item b). Existe algum incentivo para algum eleitor votar estrategicamente?
4. Considere as seguintes regras de vota¸c˜ao:
Regra de Copeland: Fixe uma alternativa, digamos x. Compare essa alternativa x com toda outra alternativa y. Em cada compara¸c˜ao, agracie 1 se a maioria prefere x a y, −1 se a maioria prefere y a x e 0 se ocorre empate. Some os pontos de todas as compara¸c˜oes da alternativa x. Repita esse procedimento para toda alternativa existente. A alternativa com a maior soma (Copeland score) ´e o vencedor de Copeland.
Regra de Simpson: Fixe uma alternativa, digamos x. Para toda outra alternativa y, calcule o n´umero N (x, y) dos eleitores que preferem (fracamente) x a y. O score de Simpson para a alternativa x ´e o menor N (x, y) em y
min
y N (x, y)
. Repita esse procedimento para toda alternativa existente. A alternativa com o maior score de Simpson ´e o vencedor de Simpson.
Regra de Borda Modificada: Cada eleitor ordena as cinco alternativas da mais preferida `a menos preferida (sem empates). A alternativa ordenada por ´ultimo recebe 0 pontos, a quarta recebe 1 ponto, a terceira recebe 2 pontos, a segunda recebe 3 pontos e a primeira recebe 4 pontos. Some os pontos de todos os eleitores. A alternativa com maior pontua¸c˜ao ´e o vencedor de Borda.
Considere a seguinte ordena¸c˜ao (estrita) de preferˆencias, entre 9 eleitores e cinco alternativas: N´umero de eleitores: 1 4 1 3 a c e e b d a a c b d b d e b d e a c c
a) Identifique os vencedores de Copeland e de Simpson.
b) Calcule o vencedor de Borda para o crit´erio acima. Compare o vencedor de Borda com o vencedor de Copeland.
c) Encontre trˆes sistemas de pesos positivos (diferentes de zero) para uma regra do tipo de Borda tal que o primeiro eleja c, o segundo eleja b e o terceiro eleja d.
5. Verifique quais condi¸c˜oes do Teorema de Arrow as regras de escolha social listadas abaixo satisfazem. Argumente de modo convincente caso a regra satisfa¸ca alguma condi¸c˜ao e forne¸ca um contra-exemplo caso contr´ario.
a) Vota¸c˜ao majorit´aria aos pares; b) Vota¸c˜ao majorit´aria normal;
c) Regra ditadorial; d) Contagem de Borda.
6. Argumente de modo convincente que se existem apenas duas alternativas, a regra de vota¸c˜ao majorit´aria satisfaz as hip´oteses do Teorema de Arrow.
7. Considere uma elei¸c˜ao com quatro candidatos, A, B, C e D e cinco eleitores, onde as pre-ferˆencias desses eleitores s˜ao descritas na seguinte tabela, em ordem decrescente de preferˆencia:
Eleitor 1 Eleitor 2 Eleitor 3 Eleitor 4 Eleitor 5
A A B C D
B D C B B
C C A D C
D B D A A
Assuma que a regra de escolha social ´e definida pela maioria simples, onde cada eleitor vota em apenas uma das alternativas e a alternativa mais votada ´e a escolhida.
a) Suponha que ningu´em vote estrategicamente, ou seja, cada eleitor seleciona a sua alter-nativa preferida. Qual ´e a alternativa eleita?
b) Mostre que para as preferˆencias exibidas na tabela acima, existe possibilidade de voto ´
util, ou seja, algum ou alguns eleitores selecionarem uma alternativa diferente da sua preferida.
c) Qual ou quais condi¸c˜oes do Teorema de Arrow o sistema de vota¸c˜ao descrito acima n˜ao satisfaz? Justifique a sua resposta.
8. (P1-1/2019) Existem trˆes indiv´ıduos na sociedade, {1, 2, 3}, trˆes alternativas, {A, B, C}, e o dom´ınio das preferˆencias ´e irrestrito. Suponha que a rela¸c˜ao de preferˆencia social, S, ´e dada
por vota¸c˜ao majorit´aria, ou seja, cada indiv´ıduo escolhe uma das alternativas, coloca em uma urna, onde contam-se o n´umero de votos e ´e escolhida a alternativa com maior n´umero de votos (se ocorrer empate, ent˜ao o indiv´ıduo 1 escolhe a alternativa preferida, em um voto de minerva), ordenando as alternativas seguintes pelo n´umero de votos recebido. Assuma que cada indiv´ıduo conhece as preferˆencias de todos os outros eleitores.
(a) Considere o seguinte conjunto de preferˆencias, onde i denota a rela¸c˜ao de preferˆencia
estrita de i:
Indiv´ıduo 1: A 1 B 1 C
Indiv´ıduo 2: B 2 C 2 A
Indiv´ıduo 3: C 3 A 3 B
Se todos os trˆes indiv´ıduos votarem na sua alternativa preferida, qual ser´a escolhida? (b) Existe algum indiv´ıduo que tem incentivo para voto ´util, ou seja, para votar n˜ao na
alternativa preferida, mas sim em outra?
(c) Quais das hip´oteses do Teorema de Arrow s˜ao satisfeitas pela regra de vota¸c˜ao acima? Quais n˜ao s˜ao satisfeitas? Argumente de modo claro e sucinto.
9. (JR) Suponha que existam trˆes indiv´ıduos numa sociedade, {1, 2, 3}, trˆes alternativas, {x, y, z}, e que a regra de escolha social f ´e a vota¸c˜ao majorit´aria aos pares, com dom´ınio irrestrito, de modo que a qualquer indiferen¸ca obtida ´e resolvida votando x primeiro do que y e depois z, se a regra resultar em uma preferˆencia social transitiva. Se a regra n˜ao resultar numa preferˆencia social transitiva, ent˜ao o ordenamento social ser´a x S y S z.
(a) Considere o seguinte grupo de preferˆencias individuais: Indiv´ıduo 1: x 1 y 1 z
Indiv´ıduo 2: y 2 z 2 x
Indiv´ıduo 3: z 3 x 3 y
Qual ´e o ordenamento social neste caso?
(b) Qual seria a preferˆencia social se em (a) a preferˆencia de 1 fosse y 1 z 1 x? E se fosse
z 1 y 1 x?
(c) Argumente que f satisfaz o princ´ıpio fraco de Pareto. (d) Prove que f n˜ao ´e ditadorial.
(e) Conclua que f n˜ao satisfaz IAI usando o Teorema de Arrow.
(f) Mostre diretamente que f n˜ao satisfaz IAI criando dois grupos de preferˆencias e obtendo a preferˆencia social de cada um deles de modo que viole IAI.