UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
NÚCLEO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETIVA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO SOBRE GESTÃO DAS POLÍTICAS DE DST/AIDS, HEPATITES VIRAIS E TUBERCULOSE
ZILANI MARCELINO DE BARROS
ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO DA ATENÇÃO BÁSICA FRENTE À
INTERPRETAÇÃO DOS MARCADORES SOROLÓGICOS DE HEPATITE B NO MUNICÍPIO DE RODRIGUES ALVES/AC: UMA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
CRUZEIRO DO SUL, ACRE 2017
ZILANI MARCELINO DE BARROS
ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO DA ATENÇÃO BÁSICA FRENTE À
INTERPRETAÇÃO DOS MARCADORES SOROLÓGICOS DE HEPATITE B NO MUNICÍPIO DE RODRIGUES ALVES/AC: UMA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
Trabalho de conclusão de curso submetido ao Curso de Especialização sobre Gestão da Política de DST, AIDS, Hepatites Virais e Tuberculose – Educação à distância da Universidade Federal do Rio Grande do Norte para a obtenção do Grau de Especialista.
Orientadora: Professora Drª Lavínia Uchôa Azevedo de Araújo.
CRUZEIRO DO SUL, ACRE 2017
RESUMO
A hepatite B é uma doença infecciosa causada por vírus da hepatite B (VHB), onde aproximadamente, 350 milhões de pessoas são portadoras crônicas do vírus e cerca de 2 milhões morrem anualmente em virtude da doença. Trata-se de um projeto de intervenção que visa aperfeiçoar o enfermeiro da atenção básica do município de Rodrigues Alves – Acre quanto à interpretação dos marcadores sorológicos de hepatite B por meio de capacitações em parceria com a Secretária Municipal de Saúde e a elaboração de um protocolo de atendimento para a interpretação dos marcadores da sorologia de hepatite B. Acredita-se que após a implementação desse projeto, os enfermeiros estarão mais aptos para auxílio de um diagnóstico preciso e precoce da doença, além de permitir o tratamento adequado da doença e evitando complicações de saúde aos pacientes.
SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...4 2. OBJETIVOS ...6 2.1 Objetivo geral...6 2.2 Objetivos específicos...6 3. METODOLOGIA ...7 3.1 Cenário do Projeto...7
3.2 Elementos do Plano de Intervenção...8
3.3 Fragilidades e oportunidades...10
3.4 Processo de avaliação...10
4.CONSIDERAÇÕES FINAIS ...11
1. INTRODUÇÃO
Estima-se que um terço da população mundial já teve contato com o vírus da hepatite B (VHB), e que aproximadamente 2 bilhões de indivíduos já foram infectadas pelo vírus. Deste universo, 350 a 400 milhões desenvolveram a condição crônica da patologia. Assim, pode-se considerar a hepatite B como um problema de saúde pública (BRASIL, 2016).
No Brasil, a hepatite B tem uma relação de 6,1 casos para cada 100 mil habitantes (NUNES et al., 2016). Entretanto, segundo o estudo de Oliveira e colaboradores (2015), os padrões globais não são fidedignos, pois a hepatite B evidencia um parâmetro de predominância variada nas regiões do país, sendo verificada alta endemicidade na Região Norte - Amazônia Ocidental.
A doença é transmitida por meio do contato com sangue ou outras secreções contaminadas, sendo que a transmissão vertical (mãe-filho), transfusão de sangue e/ou hemoderivados sem os devidos cuidados, as relações sexuais, acidentes com material contaminado e compartilhamento de seringas e agulhas, são tidos como as principais vias de contágio. Sabe-se que a multiplicidade de formas de contaminação aumenta o risco de disseminação da doença (SILVA et al., 2012).
A hepatite B é mantida na lista de causas de mortes evitáveis, do Ministério da Saúde, por se tratar de uma doença com imunoprevenção. Dessa maneira, carece de um cuidado peculiar (MALTA et al., 2010). Os custos com os pacientes portadores de hepatite são elevados, variam de R$ 462,37, para aquelas que não demandam tratamento medicamentoso, a e R$ 87.372,60, aos pacientes graves e transplantados (CASTELO et al., 2007).
A grande maioria da população brasileira tem sua assistência à saúde por meio dos serviços públicos, sendo fornecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Esse sistema oferece aos seus usuários ações preventivas, de atenção ambulatorial, serviços hospitalares especializados e assistência farmacêutica, entre outros (SILVA et al. 2015).
A falta de capacidade dos profissionais da saúde interpretarem os exames laboratoriais resulta em um impacto econômico pela assistência insegura, podendo colaborar para uma hospitalização desnecessária, gastos dispensáveis e complicações do quadro clínico do paciente (SHCOLNIK, 2012).
A habilidade do profissional de saúde, que inclui o enfermeiro, em interpretar os exames contribui em um diagnóstico preciso e precoce da infecção pelo HBV, possibilitando o tratamento adequado da doença e evitando complicações como a cirrose e o CHC (BRASIL, 2016). A interpretação de exames laboratoriais pelos enfermeiros é respaldada na Lei do
Exercício Profissional (Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986) e em portarias emitidas pelo Conselho Federal de Enfermagem (COFEN).
Assim, com base nos pressupostos acima, o projeto de intervenção se propôs a elaborar um plano de intervenção para qualificar enfermeiros (as) da Atenção Básica, do município de Rodrigues Alves/AC, para a interpretação dos marcadores sorológicos de Hepatite B, com vistas a contribuir para a elucidação do diagnóstico precoce da doença, em parceria com o profissional médico da equipe.
2. OBJETIVOS
2.1. OBJETIVO GERAL
Qualificar enfermeiros (as) da Atenção Básica, do município de Rodrigues Alves/AC, para a interpretação dos marcadores sorológicos de Hepatite B, com vistas a contribuir para a elucidação do diagnóstico precoce da doença, em parceria com o profissional médico da equipe.
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Realizar uma capacitação sobre Hepatite B e a interpretação de marcadores sorológicos da doença para os enfermeiros (as) da Atenção Básica.
Elaborar um guia rápido para interpretação dos marcadores da sorologia de hepatite B com base no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite B e Coinfecções do Ministério da Saúde (2016), junto ao Departamento de IST, Aids e Hepatites Virais do município, com vistas a facilitar o acesso dos profissionais da equipe a essas informações.
3. METODOLOGIA
3.1. CENÁRIO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO
O plano de intervenção será realizado no município de Rodrigues Alves, localizado no Vale do Juruá, uma das cinco regiões que compõem o estado do Acre (ACRE, 2010).
Rodrigues Alves é, atualmente, a décima quarta cidade mais populosa do estado. Segundo informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (2016), sua população é de 17.464 habitantes, onde 78% das pessoas vivem na zona rural, e possui densidade demográfica de 5 hab/km².
Está localizada na margem dos rios Juruá e Paraná dos Mouras com distância de 586 km de Rio Branco, capital do estado. Limita-se ao norte com o município de Mâncio Lima; ao sul e leste, com o município de Cruzeiro do Sul, e ao oeste com a república do Peru (Figura1). Sua economia é marcada pelo extrativismo vegetal, além da pecuária e agricultura (ACRE, 2010).
Figura 1 – Mapa do Estado do Acre
Fonte: http://www.ac.gov.br/wps/portal/acre/Acre
O município de Rodrigues Alves conta com duas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Sendo elas:
Unidade Básica de Saúde Padre Teodoro Arnods – Av. Getúlio Vargas, S/N – CEP 69.985-00 - Bairro Centro – Rodrigues Alves – Acre.
Unidade Básica de Saúde Eutalia Paula de Oliveira – Av. Ulisses Guimarães, Nº4030 – CEP 69.985-00 – Bairro Centro – Rodrigues Alves – Acre.
Segundo o Departamento de Atenção Básica (DAB) (2017), por meio de nota técnica, o município em estudo possui 6 equipes de saúde da família (ESF), 42 agentes comunitários de saúde e 1 Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) – Tipo 2.
Além de apresentar coberturade Atenção Básica de 100,00 %, considerando Estratégia Saúde da Família com cobertura de 100,00 %. Sendo que o parâmetro de cobertura utilizado na PNAB, IDSUS e COAP, que consideram população de 3.000/hab./equipe, sendo que para equipes organizadas de outras formas, considera-se a carga horária médica na Atenção Básica de 60h/semanais para 3.000 habitantes.
3.2 ELEMENTOS DO PLANO DE INTERVENÇÃO
O plano de intervenção que tem como objetivo qualificar enfermeiros (as) da Atenção Básica, do município de Rodrigues Alves/AC, para a interpretação dos marcadores sorológicos de Hepatite B, com vistas a contribuir para a elucidação do diagnóstico precoce da doença, em parceria com o profissional médico da equipe, foi organizado através da tabela abaixo, obedecendo aos seguintes itens: objetivo específico, meta, prazo, recursos humanos, recursos financeiros, recursos financeiros e por fim, recursos materiais.
1. Objetivo específico
Realizar uma capacitação sobre Hepatite B e a interpretação de marcadores sorológicos da doença para os (as) enfermeiros (as) da Atenção Básica.
Metas
- Capacitar 100% dos enfermeiros da atenção básica do município de Rodrigues Alves / Acre através de curso com carga horária de 30 horas, com certificação;
Prazo:
Até 31 de Julho de 2017 Recursos humanos:
- Infectologista e/ou profissional referência da área de hepatite B, para realizar a capacitação;
- Equipe de apoio (5 pessoas) para organizar o local do curso, recursos audiovisuais e demais ações;
Recursos financeiros:
Estima-se custo de aproximadamente R$ 1500,00 Recursos Materiais:
- Auditório, data show, microfone, mesa, cadeiras, impressos em geral, pastas, papel A4, papel cartão, canetas, cadernos e lanche.
2. Objetivo específico
Elaborar um guia rápido para interpretação dos marcadores da sorologia de hepatite B com base no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite B e Coinfecções do Ministério da Saúde (2016).
Metas
- Fornecer um Guia rápido para todos os enfermeiros que atuam na atenção básica, esse que conterá a definição de cada marcador sorológico e a conduta mediante o resultado de cada um desses;
Prazo:
Até 31 de Julho de 2017 Recursos humanos:
- Coordenador(a) do Departamento de IST, Aids e Hepatites Virais do município para auxiliar na elaboração do Guia Rápido;
- Revisor de texto;
- Revisão de um especialista sobre o tema (infectologista e/ou profissional da área); Recursos financeiros:
Estima-se custo de aproximadamente R$ 4.000,00 Recursos Materiais:
- Gráfica para realizar os impressos;
3.3 FRAGILIDADES E OPORTUNIDADES
Prevê-se uma excelente aceitabilidade dos profissionais enfermeiros quanto à realização de capacitação, visto que no município não possui tanto eventos de capacitação e atualização. Acredita-se que a Secretária Municipal de Saúde fornecerá e dará todo o suporte necessário para a realização da proposta do projeto de intervenção.
Algumas oportunidade que podem ser elencadas são: interpretação padronizada dos enfermeiros quanto os marcadores sorológicos do exame de hepatite B; implementação de guia rápido que servirá como suporte na atuação prática dos profissionais, evitando erros e facilitando a aplicação das condutas preconizadas pelo Ministério da Saúde;
Entretanto, preveem-se dificuldades quanto à compreensão da atuação do enfermeiro frente à interpretação dos marcadores sorológicos, a importância de entender e saber atuar mediante esses resultados.
3.4 PROCESSO DE AVALIAÇÃO
Antes da execução da capacitação com enfermeiros do município de Rodrigues Alves sobre a interpretação dos marcadores sorológicos do exame de hepatite B, será aplicado um questionário com questões sobre os assuntos que serão abordados ao longo do curso. Ao final do curso, o mesmo questionário será aplicado, dessa forma, será possível observar o aproveitamento do curso e as dúvidas que ainda precisam ser esclarecidas.
Após a implementação Guia Rápido pretende-se que após 2 meses, seja aplicar um questionário para avaliar a sua utilidade e sua contribuição durante a atuação do profissional. Nessa avaliação o profissional de saúde poderá sugerir modificações pertinentes as suas vivências durante o exercício de sua profissão.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Assim, as melhorias previstas por esse PI não serão observadas de imediato, mas sim através do acompanhamento permanente dos gestores, coordenadores das UBS e dos usuários que participam ativamente desse processo.
Contudo, com a implementação desse projeto será possível contribui em um diagnóstico preciso e precoce da infecção pelo HBV, possibilitando o tratamento adequado da doença e evitando complicações como a cirrose e o CHC.
Logo, a execução deste plano o mais breve possível, além de ter baixo custo operacional e viabilidade, é extremamente relevante para tratar este problema de Saúde Pública que é a hepatite B.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite B e Coinfecções/Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais. – Brasília: Ministério da Saúde, 2016.
Castelo A, Pessôa MG, Barreto TCBB, Alves MRD, Araújo DV. Estimativas de custo da hepatite crônica B no sistema único de saúde Brasileiro em 2005. RevAssoc Médica Bras. 2007;53(6):486–91.
MALTA, D. C. et al. Atualização da lista de causas de mortes evitáveis por intervenções do Sistema Único de Saúde do Brasil. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 19, n. 2, p. 173– 176, jun. 2010.
NUNES, Ananda Oliveira et al. VACINAÇÃO CONTRA HEPATITE B EM TRABALHADORES DA SAÚDE DE UM MUNICÍPIO DA BAHIA. Revista de Saúde Coletiva da UEFS, v. 5, n. 1, p. 9-16, 2016.
OLIVEIRA, M. S. et al. Hepatite B e a superinfecção por vírus D em pacientes crônicos na Amazônia ocidental brasileira. Revista de Epidemiologia e Controle de Infecção, v. 5, n. 2, 31 ago. 2015.
SILVA, Alessandro Lisboa et al. Hepatites virais: B, C e D: atualização. Ver BrasClin Med. São Paulo. v. 10, n. 3, p. 206-18, 2012.
SILVA, Adriane Cristine Barbosa e et al . Perfil soroepidemiológico da hepatite B em localidades ribeirinhas do rio Madeira, em Porto Velho, Estado de Rondônia, Brasil. RevPan-AmazSaude. Ananindeua, v. 6, n. 2, p. 51-59, 2015.