LUCIANE
PACHECO
FATORES
DE
RISCO
PARA
OS
TRANSTORNOS
DEPRESSIVOS
NO
PUERPERIO.
~
Trabalho
de
conclusaodo
curso demedicina
Departamento de
Ginecologia e ObstetríciaUniversidade Federal de Santa Catarina
Orientadores: Dr.
Pedro
Largura '- Dra. Eliane de
Albuquerque
Moura
Co-orientadores: Dr. J
oão
Emani
LealDda.
Maria
Bemadete
Zanusso
Florianópolis
1996
SUMÁRIO
RESUMO
... ..DITRODUÇÃO
... ..OBJETIVOS
... ..CASUÍSTICA
E
MÉTODOS
... ..CONTEÚDO
Dos PROTOCOLOS
APLICADOS
RESULTADOS
... ... ..CONCLUSÃO
... ..DISCUSSÃO
... _.REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
... ..RESUMO
Fatores potenciais biológicos, fatores causais psicossociais e fatores
causais sociais associados a depressão puerperal
foram
avaliadosnum
estudo prospectivo de126
mulheresno
puerpério imediato. História pessoalou
familiar de depressão, sintomas depressivos, apoio e relacionamento social, fatoresde
risco obstétricos e eventos estressantes para
o
recém-nascido, saúde fisica prévia e característicasdemográficas foram
avaliadas apóso
nascimentodo
bebê.A
depressão pós-natal foi identificadausando
a' Escalade Edinburgh
paraDepressão
Puerperal(EPDS)
nos
doismomentos
da
pesquisa.Os
fatoresque
tiveram
maior
associação estatisticamente significativocom
escores elevadosdo
EPDS
foram: criseeconômica
grave recente , estado civil, presença de sintomaspré-menstruais, infecção
do
trato urinário, presençade
sintomatologia préviade
depressão e
mau
relacionamentocom
os familiares.Nossos
resultadossuportam
também
a hipóteseque
a depressão apóso
parto está dentrodo
espectro dasdoenças
afetivas.ABSTRACT
Potential biologic, psychosocial causative factors
and
social factorswere
tested in
a
prospective studyof 126
women
followed
up on
early puerperium.Personal
and
family historyof
depression, depressive symptoms, socialaa_l¡'ustment, obstetric stressors
and
childcare stressorswere
all assessedafier
the childbirth. Postnatal depressionwas measured
on
theEPDS
in twomoments of
the investigation.The
factors having the greatest association statisticallysignificant with high depression scores
were
: recent severeeconomic
crisis,mantal
state,prepregnancy
premenstrual symptoms, urinary injection, previousmental
helth depressed,bad
familiar relationship.Our
results also support toothe hypothesis that the
postpartum
depression is within thespectrum
of
afiective-INTRODUÇÃO
A
depressão puerperal está relacionada ao espectro das desordenspsiquiátricas associadas
com
a reproduçãoda mulher
e éuma
síndrome
tipicamente exzperimentada pelas mulheres dentroda
primeirasemana
a 10 dias apóso
partol' ,com uma
incidênciaaumentada
basicamenteem
trêsmomentos:
duas semanas, 3
meses
e 12meses
apóso
parto3. Parece seruma
síndrome afetivaespecífica associada
com
o
nascimentodo
bebê
enão
uma
resposta inespecíficaao
estressemaior
2.Estudos recentes
têm
demonstrado
mn
padrão muito
diferentede
sintomasem
puérperas daqueles encontradosem
outros pós-operatórios 7' 8.Fundamenta-
se nesses estudos
que o
episódio depressivo foimuito mais
comum
no
grupo daspuérperas (incidência de
26,4%) do que
em
no
grupo de
mulheresde
outros pós- operatórios (incidência 7,3%)9.Os
transtomos depressivos presentesno
puerpériotêm
cifi'as de incidênciaque
flutuam
entre 3 a25%
1° de acordocom
o
método
utilizado para a triagem e aclassificação utilizada.
Appleby
eForshow
3'“ classificam as desordenspsiquiátricas
no
puerpérioem:
psicose,que
ocorreem
0,1 a0,4%
32 das mulheres; transtornos depressivos, vistoem
16 a25%
das mulheresno
primeiroano
apóso
parto3'33 e a disforia puerperalou
“tristeza” puerperal, vistaem
50
a80%
das mulheres3.Algumas
investigaçõesdemonstraram que aproximadamente metade
daspacientes deprimidas
no
puerpérioexperimentam
repetidosou
prolongados períodosde
saúde mental prejudicada durante6
anos,tomando-as
vulneráveis para outros episódios durante a vida fértil.33' 34As
desordens psiquiátricas presentesno
puerpériopodem também
contribuir para déficit cognitivo35° 36 e distúrbios comportamentais tardios dos filhos36, injúria não-acidental à criança”, desgaste
do
relacionamento familiar esocial, conseqüências
econômicas
sobre as famílias de mulheres engajadas nasforças produtivas”.
A
despeito das conseqüências eda
incidência, a identificaçãopor
profissionais
da
saúde épobre
euma
minoria das deprimidas voluntariamente apresenta-se parao
tratamento”, sendoque
apenas6%
reconhece seus sintomascomo
de depressão”.Reconhecendo
o
impacto potencialda
depressão apóso
parto, váriasinvestigações
têm
tentado identificar variáveisque
estão mais efetivamente associadascom
essa condição.Os
fatores gineco-obstétricos e seu relacionamentocom
a saúde mentaltambém
tem
sidopouco
conclusivos. Variáveis obstétricascomo
antecedente de aborto e infertilidade”, doenças ginecológicas, gravidez prolongada , mal-formações”, cesariana
de
urgência, anestesia periduralem
parto vaginal e indução de partou , são consideradoscomo
fatores preditivos de depressãopuerperal.
O'Hara
e Colsódescrevem
uma
correlação significativa entre apontuação do
Inventáriode
Beck
para depressão e apontuação da
subescalade
fatores
de
risco obstétricosda perzpartum
stress scale lque
inclui eventoscomo
incrementodo peso da
mulher, pré-eclâmpsia,sangramento
significativo,apresentação
anômala
esofiimento
fetal. Incidênciaaumentada
de infecçãodo
trato urinário
em
deprimidasn' 23 e alterações dos níveishormonais
foram
humor
ocorrem
no
contexto das quedas maiores dos níveis de circulação dehormônios
(ex. estradiol, estriol total estriol livre, progesterona) e nas maioreselevações de outros
hormônios
(ex. cortisol total, cortisol livre e prolactina)distúrbios
hormonais
têm
sido investigadoscomo
causade
depressãoem
váriosestudosó. Outros fatores
incluem doença
fisica pregressa” e Síndrome_\da tensãopré-menstrualls. ,
Em
virtudeda
elevada incidência e essênciada doença
e de suas conseqüências sociais e econômicas, a triagemna
comunidade
para subsequenteauxílio apropriado e tratamento
pode
sermn
meio
simples de evitar estacondição.
Embora
a escalanão
substituauma
determinação psiquiátrica, eladefme
uma
populaçãoque
necessitauma
avaliação adicional.O\
EPDS
(Edinburgh
Postnatal Scale) , desenvolvidopor
Cox
et al” especificamente paradepressão pós natal envolve todos os subtítulos do*
Research
Diagnostic Criterianos
seus escores.Por
ter tuna subescala separada para ansiedade e depressão,poucos
sintomas somáticos e relativa brevidade éum
instnunento valioso .Todavia,
não encontramos
relatosda
aplicaçãodo
EPDS
além
deno Reino
Unido, Austrália e
Nova
Zelândia,onde
são utilizadosna
rotina pré-natal.Neste
trabalho tentamos abordar elementos biopsicossociaisda
depressãoavaliados através
da
entrevista psiquiátrica, história clínica e gineco-obstétricada
puérpera, sugerindo,
que
a aplicaçãodo
EPDS
pode
ser efetivacomo
screening para depressão puerperal.OBJETIVOS
O
propósitodo
nosso estudo foi prospectivamente investigaro
potencialbiológico, social e psiquiátrico entrevistando
126
mulheresno
pucrpério e avaliando sobre a influência dessas variáveisno
desenvolvimento deum
episódio depressivo.Considerando
a incidência de depressão,maior
em
mulheresdo que
na
população
em
geral (3 a 5x
1), tentaremos explanar sobre questões aindasem
respostas
na
literatura vigentecomo:
0 Seria o nascimento
do bebê mais
um
elemento precipitante parao
iníciode
uma
crise depressiva,em
situaçõesem
que
já existeuma
predisposição genética
ou
social?0
Qual
a incidênciade
mn
início de depressão a partirdo
pucrpério?0
A
depressão pós-natal é maiscomum
do que
na
comunidade
em
geral?0
Qual
a relaçãoda
depressão puerperalcom
sintomas prévios ?0
Qual
a relação entre depressão e complicaçõesda
gravidez e trabalhode
parto ?
cAsUísT1cA
E
MÉToDosz
.flCom
instrumentos hetero-admrninistrados, para as não-alfabetizadas, e auto-administrados para as alfabetizadas a entrevistadora avaliouuma
amostraaleatória de 159 puérperas
no
diada
alta hospitalarque
sepropuseram
a participar da pesquisa, realizada entre 18de
fevereiro à 19de
abril,no
Hospital Regional deSão
José (98 mulheres), Hospital Universitário (46 mulheres) e MaternidadeCarmela Dutra
(15 mulheres).Foram
excluídasda
amostramães
de
natimortos
ou
que foram
a óbitono
período observado,mães
de
gemelaresou
mal-formados,
mães
psicóticas emães
com
neoplasia maligna.Das
1,49 participantes,23 não responderam
os questionários duassemanas
após
o
nascimentodo
bebê, restandouma
amostra final de126
mulheres.As
pacientesforam
convidadas a participar após informadas sobre aimportância
do
trabalho eda
possibilidadede
contribuiçãocom
outras mulheresna
mesma
situação.Poucas
se recusaram a participar (27) e a grande maioriademonstrou
disposição de participar.Foi aplicada a escala
de Edinburgh
para depressão puerperal(EPDS)
que
demorava
de 3 a 8 minutos e a entrevista completaaproximadamente
40
minutos.Logo
após foi realizadauma
segtmda
entrevista inquirindo a cerca da saúdeprévia e gestacional, complicações
do
parto e saúdedo
recém-nato.Após
a entrevista, foi entregueum
envelope selado e endereçado para tunaCaixa
Postal,sendo
requeridaque
fosse devolvidaem
duas semanas, contendoo
EPDS
Foidada
a oportunidade de familiaresou
amigos
participaremda
formulação das respostas dos questionários a
serem
completados duassemanas
após
o
parto,no
sentido de diminuir anão
participação das mulherescom
níveisbaixos de escolaridade.
Deixamos
a caixa postal à disposição das mulheresque
avaliaram necessidade de auxílio especializado e
chamadas
telefônicasforam
realizadas
no
sentido de requerer a entrega dos questionários.Duas
pacientesforam encaminhadas
para consulta psiquiátrica atéo
momento.
Utilizou-se os aplicativos
EXCEL
eWORD
da
Microsoft parao
Sistema OperacionalWindows
95
para cálculo, avaliação, interpretação e apresentação dos dados.ASPECTOS
Érlcos
Durante a entrevista foi requerida autorizações pelas
Comissões
de Éticados Hospitais, sendo
o
projetode
pesquisa apresentado nessemomento.
Foi permitida às pacientes a não-identificação,sendo
atribuídoum
número
para sua identificação.Dessa
forma,cumprimos
com
os princípios enunciadosna
Declaração de Helsinque
ementada
pela 35°Assembléia
Médica
Mundial
em
CONTEÚDO
DOS
PROTOCOLOS
APLICADOS
1. Inventário
de
Saúde
Mental:
O
Edinburgh
Post-Natal Scale(EPDS)
foi traduzido
do
inglês , seguidode
uma
tradução reversa para assegurar afidelidade da versão original.
O
EPDS
tem
sidousado
ostensivamenteem
várias pesquisas científicascom
filtro efetivo para identificar depressão pós-natal”. Artigos prévios 5'12'13*17'38encontram o
escore 12como
de
elevada sensibilidade (100%), especificidade(93%)
e valor preditivo positivo(69,2%)
para depressão,não
variandoem
funçãodo tempo
substancialmente até29
semanas
apóso
parto.O
EPDS
consiste de 10 itens,compreendendo
sintomascomuns
da
depressão pós-natal.
Desenvolvido
porCox
et al(1987
p. 783)em
fimção
dosproblemas
encontradoscom
outros inventáriosde
depressão duranteo
períodopuerperal pelo fato
de
sintomas somáticos de depressão seconfimdirem
com
o
estado puerperal.
Embora
não
exclua sintomasde
condiçõeshormonais
conhecidas
como
fatoresde
risco para depressão puerperal (Ex: disfunções tireoideanas - Loosen, 1987) eque deveriam
previamente ser afastadas dasamostras, é incomparável
como
screening.Cada
item oferece a chance de4
respostas,
com
escoresde
0 a 3 de acordocom
a severidade dos sintomas,com
o
total de escores variando entre 0 a 30.
Com
escores até 11 as puérperas sãoconsideradas portadoras
de
sintomatologia para depressão leveou
sem
depressão.Acima
de 11 as pacientes são consideradas portadorasde
sintomatologia para depressãomoderada
ecom
escoresacima de
14, severa.Abrange
sintomascomo
anedonia e reatividade (“Ihave been
able to laugh e see thefimny
sideof
things “Ihave
lookedjorward
withenjoyment
to thing”) auto-censura, ansiedade, pânico, descontroleda
situação (“Thingshave been
gettingon
topof
me”)
insônia(Due
to unhappines) melancolia, choro e auto-lesionismo.Por
não
conter itens somáticos frequentemente referidos
no
puerpério,pode
distinguirsintomas depressivos
de
ansiedade cognitiva.Além
do
mais,pode
sercompletado
rapidamente e as participantes raramente
tem
dúvidas sobre a natureza e sentido das perguntas,em
oposiçãoao
Inventáriode
Beck
paraDepressão
( BDI),em
que
22%
das mulheresencontram
dificuldades para responder todas as questões.Apesar
deamplamente
utilizado, foidemonstrado
em
algunsestudosu"
baixasensibilidade
(63%)
e especificidade(82%) do
BDI.
Como
o
BDI
consideralassidão, insônia, pior concentração, indiferença
ou
faltade
apetite sintomasde
depressão, a incidência
de
falsos positivos nessa escala tende a ser elevadaporque
esses sintomasocorrem
comumente
em
todas as doenças, tanto fisicascomo
mentais [ApêndicezThe
EPDS
(Cox, 1987)].2. Fatores relacionados à
saúde
mental: Participantesforam
inquiridasnesse tópico sobre a história pregressa e /ou recente
de
°tristeza°, história recente e/ou pregressade
distúrbiosdo
sono, introversão, isolamento social, história familiar de “problemas emocionais”, história pessoalde
necessidadede
consulta aespecialista por “problemas emocionais”, e
fmalmente foram
inquiridas sedesejavam
participar demais
atividades sociais (Recreational Activity Scale 3) .Esse conjunto
de
tópicos se destinou a avaliar principalmente a evidênciaou
não
3.Situação
do relacionamento
com
marido,
familiar e social:Duas
questões sobre apoio emocional
foram
adaptadasdo Cohens
'sDimension
of
Social
Support
Scale3 (Quantas vezesânas últimas 2semanas
seusmarido
se importoucom
você
?Quantas
vezesnaš,
últimassemanas
familiares eamigos
seimportaram
com
você
?)Numa
terceira questão foi solicitadoque
a participantedeterminasse quantas pessoas
ajudaram
em
casa nas 2 últimas semanas.Uma
quarta questão, adaptadado
Blake 'sT
angelleSupport
Scale 3pergLmtava sobrequantas pessoas excluindo
o marido
ela se sentiria à vontade parachamar
em
caso
de
dificuldades.Numa
quinta questãoforam
perguntadas sobre o quantoestavam
satisfeitascom
seus maridos nas tarefas domésticassendo
apresentadaLuna escala de 1 a 5. Outras 2 questões
compararam o
relacionamento antes e durante a gravidezcom
o
parceiro.A
oitava questão inquiria sobreo
relacionamento
com
os pais euma
última questão inquiria se a gravidez foiplanejada, aceita
ou
indesejada pelomarido
e familiares.Foram
consideradascom
“Mau
relacionamentocom
o
parceiro' as puérperasque responderam
“poucas vezes' à primeira questão,
deram
notasde
1 a2
na
escalada
questão 5, eresponderam
'mau
relacionamento' nas últimas duas questões.Foram
consideradas
com
'Mau
relacionamentocom
familiares e amigos' àsque
responderam
“poucas vezes'na segunda
questão, “poucas pessoas'na
terceiraquestão e “dificil relacionamento
com
os pais'na
oitava questão.4.
Saúde
Física Geral:A
saúde fisica foi avaliadacom uma
listade 25
sintomas fisicos, sendo os pacientes instruídas a assinalar as
que experimentaram
fieqüentemente
antes e/ou durante a gravidez. Esta listagem incluía sintomascardiovasculares e respiratórios, gastrointestinais, gênito-urinários, febre,
alterações de peso, fadiga, astenia, sintomas músculo-esquelético, sintomas pré- menstruais.
Após
foi solicitadoque
as pacientes auto-avaliassem sua saúde geral antesda
gravidez,com uma
notaque
variava de 1a
5. Adicionalmente,doenças
crônicas
foram
também
listadas paraserem
checadas pelas participantes(Infecção
do
trato urinário , alergias, cardiopatias, hipertensão arterial sistêmica,doenças
pulmonares
obstrutivas crônicas, malignidades, artrite, disfunçõestireoideanas e outras doenças hormonais, infertilidade
ou
dificuldade para engravidar, doenças neurológicas).As
mulheresna
tabela consideradascom
“qualquerdoença
ou
prováveldoença
antesda
gravidez”foram
as resultantesda
soma
dasque
assinalaramalguma doença
crônica, sintomatologia de prováveldoença
e 'nota' 1ou
2na
auto-avaliação.Foi considerada
na
tabela variável independente “sintomas pré- menstruais”.5.
Complicações
da
gravidez , trabalhode
parto e puerpério imediato:As
mulhereschecaram
uma
lista de 15problemas
relatadosem
outras gestações, incluindo intemações e alteraçõesde peso
. Anteriormenteforam
colhidosno
prontuário informações sobre a
forma
de início, duração e términodo
trabalhode
parto.
6.
Saúde do
bebê:Foram
colhidosnos
prontuáriosdados
relativosao
sexo,
peso
,ÁPGAR
, doenças e idade gestacionaldo
recém-nascido.As
doenças
“maiores” (ex.: doenças requerendo hospitalização)
foram
consideradas variável independente .7. Análise estatística:
Com
as freqüências obtidas, inicialmente foiencontrada a razão de disparidade entre deprimidas e
normais
das variáveis.As
técnicas estatísticas utilizadas incluíram a aplicação
do
TesteQui-Quadrado,
no
:entido
de obteruma
aproximação da
verdadeirafieqüência
considerandouma
ge
uen
probabilidade de estarcometendo
um
erro.Basicamente
então, a partirdas fieqüências observadas das variáveis, obteve-se as freqüências esperadas se
a
variável “depressão” fosse independente das outras variáveis inquiridas durante a
entrevista.
Com
as freqüências esperadas, calculou-seo
valor Qui-Quadrado,que
indicou a proximidade entre as freqüências observadas e as esperadas .
X
2calculado
=
É
§Oi
-Ei
[2i-l Fi
Oi
=
fieqüência
observadaEi
=
fieqüência
esperadaQuando
X 2 calculado foi grande, resultado das grandes diferenças entreOi
- Ei,rejeitou-se a hipótese de
que
a variável “depressão” fosse independente das outras variáveis.Quando
o
X 2 calculado foipequeno
aceitou-se a hipótesede
que
a variável “depressão” era independente das outras variáveis.
A
região critica(RC)
de
rejeiçãoda
hipótese édada
pela regiãode
valores z 2em
que
teríamosprobabilidade ot de encontrar valores
“pequenos” de
X 2 calculado , e portanto,de
independência das variáveis. Considera-se “ot” a área
da
curvado gráfico de
distribuição
do
X 2com
valormáximo
igual a 1 dentroda
qual se concluipor
aceitar a hipótese
de
independência das variáveis considerando as diferençasestatisticamente
não
significativas a esse nível.O
z 2. serão os valores grandeso
Gráfico: Distribuição
de
X2
(1
for)
/'“¬¬¬
,/
1?
_
valores de X2
Ou
seja, a partir de X Í as freqüências observadas nas variáveis serãoconsideradas verdadeiras e se aceitará a variável
como
significativaestatisticamente.
Vimos também
que
existeuma
probabilidade nesse casoda
hipótese
do
X 2¢a¡c.,¡ad<, de
uma
variável qualquer ser independente de depressão;haverem
diferenças entre z 2.“Wado
e X 2.,
não sendo
porém
a diferençaconsiderada estatisticamente significativa .
A
idéiatambém
aparentemente naturalde se aceitar a variável caso X 2 calculado seja
menor do
que
z 2.quando
este último émuito
pequeno não
seria recomendável, pois neste caso a probabilidade otde
rejeitar a hipótese de independência das variáveis
em
questão poderia chegar avalores grandes.
Como
estamostomando
a decisãocom
basenuma
amostra depopulação
de puérperas e
não
com
basena
população toda,corremos
o
riscode
aceitar a hipótese e ela ser falsa (ou seja,há
dependência entre depressão e a outra variávelna
populaçãoem
geral eno
teste das hipótesesencontramos que há
independência
na
amostra)ou
rejeitar a hipótese e ela ser verdadeira.Em
geral,para evitar os falsos positivos,
ou
seja, falsa relação positiva entre a variável depressão e as outras variáveis,fixamos
um
valorpequeno
ot=0,0l=
1%
ou
ot=0,05
=
5%,
considerando este ot a probalidadede
erro para evitar os falsosnegativos,
ou
seja, a não-relação entre a variável depressão e as outras variáveis.Para avaliar a falsa negatividade se
fixa
um
valor I3,mas
o
mesmo
não
seráutilizado nesse estudo. Logo, a avaliação estatística nesse trabalho poderá errar
por falsa-negatividade
mas
não
por falsa-positividade.Nesse
estudo, paraa=
5%
o
lirniteda
RC
(com
graude
liberdade=
1) é X2.
=
3,84. Para ot=1%,o
limiteda
RC
(com
graude
liberdade=
1) é 1 2.
=
6,63.As
conclusõesdo
TesteQui-Quadrado
nesse estudoforam
baseadasem
trêscondições:
1.
Se
@valor
x 2ca¡¢u¡,,d,,>
6,6 rejeita-se a possibilidadede
“não-relação'ao
nivel
de
ot=
1%
econsequentemente
em
ot=
5%,
considerando-senesse caso relação entre depressão e a outra variável.
2.
Se
X 2 calculado<
3,8, aceita-se a “não relação' ao nível de ot=
5%
econsequentemente
em
ot=
1%,
considerando-se nesse casonão
relaçãoentre a variável depressão e a outra variável.
3.
Se
3,8<
X 2ca¡m¡ad.,<
6,6 a “não-relação' será rejeitada ao nível de5%,
eaceita
ao
nível de1%.
Isto significaque
se admitirmosum
riscode
1%
de
probabilidade de cometero
erro (rejeitar a hipótese de independência entre depressão e a outra variável), a evidência amostral terá sidosignificativa,
no
sentido de permitir a rejeiçãoda
hipótesecom
bastante convicção.A
aceitaçãoda
hipótesede
independência entre depressão e outra variável aqui indicará então insuficiênciada
evidência experimentalno
nível de significância desejadaou
que
houveram
variáveis falsamente negativas
no
estudo estatísticoem
funçãoda
não
RESULTADOS:
Dentre as características
demográficas da população
em
estudo, verificou-se
que
45,24% eram
primigestas e54,76% eram
multiparas.As
duas variáveisnão
diferiramcom
significação estatísticanem
em
razão de disparidademaior
do
que
1na
idade média, renda familiar, estado civil e nível educacional.A
amostra tinhauma
variação de idade de 13 a 41 anos,com uma
média
de
idadede
26,3(DP
7,0861).Tabela
1zcARAcTERÍsT1cAs_DEMoGRÁF1cAs
DA
1>o1›ULAÇAo
- PR|M1P..\RA ;\1ULTiP.àRz.\ - zs,z1(m› ó,óóâ1› zz zs,õo fâlsëà 20 35,09 9 15,79 6 10,53 íšëàsadášÊÊÊÊÊIÊ5ÉÉÊššššíšššíššifššššššššfš U-I ›-1 54,39 69 54,76 26,87(DP 7,3922) 26 37,68 22 31,88 l2 l7,39 9 13,04 38 55,07 7,02 3 4,35 35.09 25 36,23 3,51 3 4,35 10,53 3 11,59 43,86 32 46,38 33,33 25 36,23 1,02 3 4.35 âââívêiâsüperiõrif×í§â§§§;=iâšââíz@âââ 5,26 1 1,45 wazfjmwgà â;N1veizzz55§zzsâ;ssâz 5zsèiiišéshldosââzâââââšâššššššššzssššíš 0SM
= Salário mínimoFigura
1:DISTRIBUIÇÃO
DOS ESCORES
DO
EPDS
DE
ACORDO
COM
OS
PARTICIPANTES
' ~ _ ~;f.=z¬:: ' í=:..- ~‹ z :'‹ fp; ff.: 1 ~ : f z ~¬;››. :éâ_-=': =:~.ff« z. -«›:-«_ _-» -1. -1* 2° gàâ, _ ~ ‹ fi. ~.- '~' '\*-~‹ ~;~' - " ~«' ¡f .zá -' zé-,›' ;.‹-.-5 '~ _ `:---`:' ' ¬*- ;¬¡= *~_ ‹ "' 1 ›`‹ ^' f. 'â ,~ ;~-.` ›* "~~ .r-.r f ‹'{ -‹ 28 1 V »?=›m 42:* ›:.¿â\* ' .¬1.,: ' ' = - _; ”' *-; T; ..=* rs-;‹>~ -;;.':z- R'-.r 1 . fi -'=z;›. 1 ,z‹.. E›.-É-Í..z= f 12 Meia'-'1 -f ..¡'.,‹'f.~.~¬ . 14-'›== «M2-'z eua ›'~ rf zäf -ff;-'‹g sie;-:i ig» ~ 1% wzafà ea --:,¬¬ :,f,,~›-».‹: . ‹.¬.~‹~ at .a ai '.-xr 1 .¬:.â .fee-« flw ffé›>zz‹¡2 zaga. . -»-, z:~;_.~:~.âr :fizâ «.»-a z**~,à,.. ‹...~'-,â «rã fe. f 1 -.f=‹'~=r À
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1 *fiz01
234587891011121314151617181920212223
-T:'_I
Depressão leve ou ausência de depressão_
I
Depressão grave Depressão moderadaA
figura
ldemonstra
os escores obtidos utilizandoo
EPDS
nas 126participantes. Pode-se observar
que
15 das participantes obtiveram escoresno
EPDS
igualou
maior que
14(11,90%) sendo
consideradas então portadorasde
transtomo' depressivo grave. Oito participantes
(6,35%)
obtiveram escoresno
EDPS
igual a 12ou
igual a 13,- sendo consideradas portadoras de transtornodepressivo
moderado. Cento
e três participantes(81,75%)
obtiveram escoresno
EPDS
menor ou
igual a ll sendo consideradas não-deprimidas.No
total23
mulheres
foram
consideradascom
transtomo depressivo representando_uma
incidência de 18,
25%.
`Tabela
2:
CARAQTERÍSTICAS
DEMOGRÁFICAS
DA
POPULAÇAO
NOS
GRUPOS DE ESCORE
Embora
as puérperas deprimidas(com
escoresno
EPDS
2
12) e as não- deprimidas(com
escoresno
EPDS
S
11)não
se diferenciaramcom
significânciaestatística nos respectivos níveis de renda, observou-se
que
as puérperascom
dificuldades
econômicas
graves recentes tiveram 5 vezesmais
depressãoque
as puérperascom
baixos escores. Talvez a diferençado
nível de renda entre osintervalos
do que
foi considerado “classe” tenha sidopouco
significante.Como
não
houveram
diferenças estatisticamente significativas entre as variáveisprimípara e multíparas deprimidas
ou houveram
flutuações casuais típicasde
amostra selecionada
ou
de fato a hipótesenão
se verificana
realidadeGRUPOS
DE ESCORE EPDS S ll EPDS dc 12- EPDS 2,14 -' |{_\/,ÃU INC ”¬*'!\l(.'_\'|l-`l('.\I)‹)~
H
:ms
|3 H : L; I)l.\l*.\RlI)_\I)I*1 |=,,\'|j\'|'¡×'|'|('‹›'
n =8
5ggggggggg555ggggggggggggíggggggggggggzggêggggggfggggg §;;;;g=Nššššššš 1š:zzz%5es;:z ;zé§;N§§Êšš .=Iššš%í§šÊ ÍšššNššš šššššii%Êšššš§5 ii:iii:ššššššššš%Êššššší5ff=5"" " '5155*5ffíf555fíf155ff5fff55=-
60 53,25 3 37,5 6 40 0›46 X2¢=1¡¢\1lfld°= Êšííffsšzzzzššfíššššššüi 2,77 66 66.66 6 16 1 46,66 2,66 ÊÊÊÊÊÊÊÊÊÍ' Êiíššššššššíiifšííš 5Ê5z.5Êd¢.§9fÊÊÊÊ 34,95 18,45 12,62 25 26,66 13,33 13,33 0,65 0,42 0,66 6,80 25 33,33 5,05 X 2 calculado= 10,63
Q
Excesso de pacientes do grupo expostas a esta variávelem
relação às não expostasDas
126 mulheres, 21 referirammau
relacionamentocom
o
parceiro.Dessas 21, 2/3 referiram exclusivamente
na
gestação (provavelmentecausado
pelo advento).
Das
23
mulheres deprimidas, 5 referirammau
relacionamentocom
o
parceirona
gestação, sendo portanto4
vezesmais fieqüente
em
relação às não-deprimidas. -
Das
126 puérperas ,35
referirammau
relacionamentocom
o
parceiro e/oufamiliares e amigos. Destas
35
puérperas,24
referirammau
relacionamentocom
familiares e amigos, e 21
com
o marido
.Das
23
mulheres deprimidas, 10referiram
mau
relacionamento social,sendo
5com
o marido
e 8com
familiares e amigos. Conclui-seque
é 2,5 vezesmais
freqüentemau
relacionamentocom
familiares e
amigos do que
com
o
parceiro nas mulheres consideradas deprimidas,sendo
essa variável estatisticamente significativa à nívelde
5%.
Aqui encontramos o
resultadoque
as mulheresparecem
poupar
um
pouco
mais
seus parceiros
do
que
aos familiares e amigos. VO
fenômeno
não
depressão/depressão é dependentedo
fenômeno
separada/solteira,
ou
seja, a razão de disparidadede
5,7 entre deprimidas solteirasou
separadas e não-deprimidas solteirasou
separadas é estatisticamente significativa. Já a razãode
disparidade de 2,46de
depressãoem
mulheresque
tiveram gravidez
não
planejada/ indesejadanão
foi significativa estatisticamente.Tabela
3:DETERIORAÇÃO
DOS
RELACIONAMENTOS
COM
O
MARIDO,
FANIILIARES
E
AMIGOS
DE
ACORDO
COM
O
GRUPO
DE ESCORE
i 2›43 6 5,82 0 ` 0 ` 1 ' 6,66 ` 0.736 ` z*ca1w1zd‹›= šâí126)í§§ššššššš5ii5Íšššíšššãššiišššššššfššššššššššššššššššš 15 14,56 1 1,25 3 2o 1,21 X 2‹za1‹zu1ad‹›= 16 15,53 3 31,5 5 33,33 2,9 ×*ca1w1a‹1‹›= 4,5 6 5,83 2 25 4 26,66 5,10 x*‹=a1w1ad‹›= 8,95 53SW
5 625H
73,33 2›16 x *6a1w1a‹1‹›= 'Excesso de pacientes do grupo expostas a esta variável
em
relação às não expostasFigura
2:NÚMERO
DE
PACIENTES
DEPRIM11)AS
No
DIA
DA
ALTA
HOSPITALAR
E
APRQXIMADAMENTE
2
SEMANAS
APÓS
o
PARTO.
›
I
mulheres
›com
sinais
elou
sintomas
no
puerperio
atual
-30 ~20mulheres
com
sinais
e
"'°lou
sintomas
depressivos
antes
da
gravidez
1 I I I 2 dias 14 días~í
Conclui-se
que
das 23 mulheres deprimidasda
amostra, 9 referiramalgum
sintomaou
diagnóstico préviode
depressão .As
puérperas deprimidas tiveram filhos demenor
peso
em
comparação
às não-deprimidas, aindaque
essa diferençanão
seja estatisticamente significativa (pesosmédios de 3012
Í
354g
e3492
Í
326g
respectivamente).Apesar
de termos encontradouma
prevalência 2,36 vezesmaior
de recém-nascidospequenos ao
nascer
em
deprimidas,uma
prevalênciade
sofrimento fetal 2,94 vezesmaior
em
deprimidas, e
uma
prevalência de patologiasdo
recém-nascidomoderada
à grave 1,57 vezesmaior
em
deprimidas, essesachados
não
tiveram significaçãoestatística
Tabela
4z
SAÚDE
FÍSICA
Do
RECÉM-NAscIDo
(RN)
DE
Acomao
coM
os
GRUPOS DE
Escola;
66 2,36 1 calculado= 0,96
0,40
'
Excesso de pacientes do grupo expostas a esta variável
em
relação às não expostasH
Teste de Qui-Quadrado2,94 X 2
calculado=
3 2,12
Das
126 mulheresda
amostra,99
iniciaramo
trabalho de parto espontaneamente,em
l4 foi induzidoo
trabalhode
parto e 13fizeram
cesarianaprogramada
previamente,não
entrandoem
trabalhode
parto.Das
113 mulheresque
entraramem
trabalhode
parto, 91 tiveram seus filhospor
parto vaginal e22
fizeram
cesariana de urgência.Das
91 mulheresque
tiveram filhos por partovaginal, 83 tiveram início de parto
espontaneamente
eem
8 foi induzidoo
trabalho
de
parto.Das
22
mulheresque
necessitaramde
cesariana de urgência, 16 iniciaramo
parto espontaneamente e 6 iniciaram seus partoscom
indução.Das
23
mulheres deprimidas,2
fizeram
cesarianaprogramada não
entrando
em
trabalhode
parto, 16 entraramem
trabalho de partoespontaneamente e 5 induziram
o
iníciodo
trabalhode
parto.Das
21 restantes,14 tiveram parto vaginal, tendo ll dessas início espontâneo e 3 início
por
indução
do
parto.Das
7
deprimidasque
fizeram
cesariana de urgência, 5 iniciaramo
traballiode
parto espontaneamente e 2 iniciaramo
trabalho de partocom
induçãodo
mesmo.
Conclui-se a partir desses dados
que
proporcionalmentemenor número
de
mulheres deprimidas
programaram
uma
cesariana(l0,32% do
total de mulheres e8,70%
do
total de deprimidas).Quanto
ao iníciodo
trabalhode
parto, conclui-seque
proporcionalmenteum
menor número
de mulheres deprimidas iniciou seu parto espontaneamente(69,57% do
totalde
deprirnidasem
contrastecom
78,57%
do
totalde
mulheresda
amostra) .Também
conclui-seque
as mulheresdeprimidas tiveram seu trabalho de parto iniciado
por
indução quase 3 vezesmais
do
que
as mulheresnão
deprimidas _Quanto
ao términodo
trabalhode
parto, aspuérperas consideradas deprimidas
temiinaram
proporcionalmentemenos
seus partos por via vaginalque
as normais(66,67%
em
contrastecom
80,53%), e necessitaram de 2,56 vezesmais que
fosse recorrida à cesarianade
urgência.Como
as diferenças entre as fieqüênciasforam muito
pequenas,não
pudemos
qualificar
nenhuma
das variáveis relativasao
partoem
deprimidascom
convicção estatística.Quanto
à presençade
qualquerdoença
antesda
gravideznão
se encontraassociação entre depressão e
doença
prévia.Há
de se considerar aquique
as mulherescom
doenças sabidamente relacionadascom
depressão,como
por
exemplo, malignidades, disfunções tiroideanas,
síndrome da
imuno-deficiência adquirida e psicosesnão
são eleitas para a amostra.A
única alteração antesda
gravidezque pode
estar relacionadacom
a depressão é a presença de sintomas pré-mentruais,quando
se encontrouuma
disparidade 3,6 vezesmaior
em
deprimidas.
Das
gestações consideradas “de risco”, quatro variáveispareceram
demonstrar disparidade percentual entre deprimidas e normais.
Referida
como
'praticamente diária”, 9 mulheres não-deprirnidas referiram hiperemese e/ou naúseas tardiasem
contrastecom
4
mulheres deprimidas,o que
significa
que
2,2 vezesmais
depressão está relacionadacom
essa variável.Somente
2 mulheresnão
deprimidas referiramameaça
de
abortocom
hemoragia
durante a gestação. Poderia se concluirque
2,3 vezesmais
mulheresCRU
POS DComo
não
houveram
condições para distinguir as mulherescom
hipertensãoarterial sistêmica
(HAS)
préviaou
gestacional e pré-eclampsiaou
eclâmpsia, aHAS
foi tratadacomo
variável única. Conclui-se nesse tópicoque
as mulheres consideradas deprimidas tiveram 2,58 vezesmais
HAS
durante a gravidezdo
que
as não-deprimidas.
Da
mesma
forma não
foi possível distinguir pelo prontuárioou
pelahistória se a infecção
do
trato urinário (ITU) era alta e/ou baixa.Então foram
consideradas portadoras
de
ITU
mulheresque
referiram diagnóstico prévioou
gestacional de
ITU,
altaou
baixa. Concluiu-seque
7,63 vezesmais
as consideradas deprimidas tiveramITU
em
relação àsnão
deprimidas e essavariável foi estatisticamente significativa
somente
com
Luna probabilidadede
erro
de
5%.
As
outras variáveis relativas às gestaçõesde
risconão foram
estatisticamente significativas.Tabela
szSAÚDE
FÍSICA
PREGRESSA
DA
PUERPERA,
TIPO
DE PARTQ
E
1>AToLoG1As
GEsTAc1oNA1s
ESPECÍFICAS
DE
AcoRDo
coM
os
GRUPOS DE
EscoRE
43 ` 41J5 2 ' 25 ' 4 ' 26,66 ' 0,49 4o 38,8: s 62,5 11 13,33 3.6 ' ¡2=1,94 ¡2=719 2 1›94 0 0 1 E555EEÊÉEEEEEEEEEEEÉiiíšíiííššššššišiííí*¡¡¡äb§f[ö¡¡¡¡¡¡¡fff1f¡¡f¡f¡ 9,71 2 25 3 18 17,48 3 37,5 6 9 8-74 1 125 3 6,66 20 40 20 2,30 2,58 3,03 2.20 X 2=0,46 X *=2,s9 X 2=5,23 z 2=o,17 83 3058 5 625 11 11 1053 1 125 1 2;1ââââââââââiâiâââââââââââââêâââââââââââiââindúçãàíífââââââââââââ 9 3,74 2 25 3 77 7455 5 525 9 15 1456 2 25 5 zâââââä5âââââiifâââââââêâââââââââââiâiêâââ âââurgenteâââââââââââââââ 73,33 6,66 20 60,00 33,33 0,68 0,38 2,9 0,5 2,56 z 2=o,o1 X 2=o,o45 X z=0,84 X ”=o,as X 2=o,ss 'Excesso de pacientes do grupo expostas a esta variável
em
relação às não expostasCONCLUSÃO
A' incidência
de
18,25%
de
transtornos depressivosem
puérperas aqui encontrada é similar àquela encontradaem
paísesdo
primeiromundo
devido provavelmente à não-evidênciaem
nosso estudo de correlação estatística entrefatores
demográficos
e depressãono
puerpério. Essedado por
si sóvem
aconfirmar
a possibilidade de utilização
da
Escala para depressão puerperal deEdinburgh
como
instrumento efetivode
triagem para transtomos depressivostambém
em
nosso
meio. _
'
.
ç
Os
fatores de- risco relacionados à depressão puerperalem
nossa amostraforam: _
'
.
a) Crise
econômica
grave recente b)Mau
relacionamentocom
familiaresc)
Separada/
Solteira AV d) Presença de Sintomas Pré-menstruais
e) Infecção
do
trato urinárioA
tabela 6 mostra afieqüência de
situaçõesonde
se encontrou diferençasestatisticamente significativas entre deprimidas e normais: .
V
Tabela
óz
DIFERENÇAS
ESTATÍSTICAS
5,05 10,63 2,9 4,51 8,95 5,1 3,6 - - 1,19 3,03 ' 5,23
21
D1scUssÃo
Há
anos se difunde a idéiaque
os quadros depressivos sevinculam
diretamente
com
o
processo reprodutivo.Nossos
resultadoscarecem
demedições
biológicas passíveis de
confirmar
essa associação,porém
respaldamos aqui os trabalhosque demonstram
fatores hormonais, psiquiátricos e sociaiscomo também
fundamentais
na
etiologia desses quadros 23 .Como
o
puerpério constitui-sede
uma
situação
de
grande transcendênciano
ciclo vital feminino,com
conseqüências duradouras fisiológicas, psíquicas e interpessoais, é compreensível a altaprevalência de
problemas
emocionais neste períododa
vida.Muitos
estudostêm
demonstrado que doença
depressiva ocorrenuma
elevadataxa
no
ano
seguinte apóso
parto”, e a incidênciade
18,25%
aqui encontrada ésimilar
em
outros estudos.As
feiçõesda
depressão neuróticano
puerpériotêm
sido descritaspor
Pitt(l968)l3
como
“atípica” e inclui eventos associadoscomo
fadiga, irritabilidade(especialmente relacionada ao esposo e familiares), distúrbios
do
apetite(usualmente anorexia ), insônia e
queda
do
libido.Há
de se considerarque
algunsdesses sintomas
fazem
partede
um
puerpério normal.Por
exemplo, asdemandas
de
um
aleitamento regular, cólicasdo bebê
podem
causar dissoniasou
alimentaçãoirregular
da mãe. Nesse
pontosurgem
osproblemas ao
se identificarmn
“caso”usando
as escalas psicométricas.Keams
13recomendou
a se descontinuaro
uso
dessas escalas
no
puerpério (especialmenteo
Inventário para depressão deBeck)
em
fimção
da
baixa sensibilidade(60%)como
instrumentode
triagem para depressão,embora possam
ser úteisna
monitorizaçãodo
tratamento ambulatorial (por exemplo,resposta à
medicação
anti-depressiva). Snaithls (1987) refereque
essas escalasomitem
a feição essencialda
depressão,ou
seja, a anedonia (baixa habilidadede
sentir satisfação).
O
EPDS
(Edinburgh Posmatal Depression
) utilizadoem
nosso estudo,reportado
em
outros estudos D, por ter elevada sensibilidade e especificidade,não
inclui situações
onde
sintomas depressivos estão apresentados,mas
não de
severidade suficiente para
serem
classificadosnos
critérios de depressão pré-estabelecidos.
Pôde
ser observadona figura 2 que
a incidênciade novos
casos foisignificativa
no
período puerperal imediato. Pitt3 relatou experiências prolongadasou
repetidas de depressão iniciadano
puerpério,que
podem
se prolongar até durantesete anos após
o
parto. Esseachado
suporta a hipóteseque
em
pelomenos
algunscasos, os sintomas mentais estão intimamente ligados ao nascimento
do
bebê, ede
outra
forma
talveznão
existissem.Por
outro lado,também
foi representativaem
nosso estudo a associação entre história préviade
depressão e depressão puerperal,de
onde
sepode
concluirque
nesses casos, o nascimentodo
bebê
foisomente
mn
elemento precipitante
de
Luna crise depressiva,que
ocorreria independentementedo
puerpério. O°Hara23 descreveu ostensivamente essa associação.
Nosso
estudo sugereque
a incidênciade
depressão é maiscomum em
mulheres
sem
parceiros ecom
criseeconômica
grave recente,concordando
nesse aspectoom
a literatura vi gente”~@
também,
com
frequência estatisticamente significativa, ainfluência
de
parceiros, familiares e amigos,bem
fundamentada
também
em
estudos prévios.Boyce
12,num
estudo prospectivo,fundamentou que
mulheresde
esposospouco
familiarizados aos cuidadosda
criançatêm
um
riscomoderaddé
iniciarum
quadro depressivo após
o
parto.Marksu
frmdamentou
~ac~com
parceiros era fator predictivo de doenças
na mulher
apóso
partof Íílickmann eRickmannn
introduziram grupos de apoiocom
parceiros e familiares para asgestantes,
obtendo
resultados satisfatórios.Dentro
dos baixos escoresdo
EPDS,
agravidez parece ser
um
pequeno
impactono
relacionamento socialda
mulher,com
mais de80%
relatandobom
relacionamento antes e durante a gravidez.Apenas
dentro dos elevados escores
do
EPDS
que
a deterioraçãodo
relacionamento se eleva dramaticamente.Há
de se observar aquique
pode
também
acontecero
inverso:
uma
atitude mental das mulherespode
influenciaro
afastamentodo
apoio socialque
ela recebia previamente à gestação, e consequentemente, piorar seus relacionamentos sociais.Ainda
que
peseem
vários estudos3'23 ter se associadodepressão
matema
emau
relacionamentocom
o
parceiro, são escassos os trabalhosque
demonstram
que o
conflito marital precede a depressão.Os
fatores relacionados a saúdedo
bebê
parecem
representarna
maioriados
casos
somente
um
agravo diante deuma
predisposiçãomaterna
para depressão,não
se tratando propriamente de °causa'23. Logo, parece
mais
provávelque
amulher
deprimida gerou
um
bebê
doente,pequeno
para a idade gestacionalou
com
sofrimento fetal
do
que o
recém-nascido tenha levado à depressãoda
mulher.Apesar
deconseguirmos
obter certa disparidade percentual nas variáveis relativas àsaúde
do
bebê,o
número
reduzido de casosnão
permitiu avaliaçõesestatisticamente significativas.
Quanto
à presençade
doenças prévias à gestação,não
obtivemos disparidadeestatística,
somente
em
relação à sintomatologia antesda
menstruação .É relatadoque
a tensão pré-menstrual, a hiperemese e as náuseas tardias” estão descritascomo
condições
hormonais
bem
relacionadascom
depressãono
puerpério. Esteachado
fortalece a suposição
que
um
dos fatores envolvidosna
gênese da depressão puerperalpode
ser sensibilidadeamnentada
ao dramático declínio dos níveishormonais
reprodutivos imediatamente apóso
parto.Esse
achado,além de
talvezfuturamente contribuir
na
elucidaçãoda
fisiopatologiada doença
depressiva,pode
seruma
informação útil para se levar a parceiros e familiaresda
gestanteou
puérpera.Alguns
estudos”têm
associado evidênciasde
relação entre as gestaçõesconsideradas
de
alto risco (placenta prévia, diabetes, trabalhode
partocom
menos
de37
semanas,toxemia
gravídica) e gestaçõesde
moderado
risco (hiperemesegravídica,
anemia
leve, leves estados hipertensivos)com
a depressão puerperal, relatandoque
essas pacientes tiveram 2,45 vezesmais
depressãono
puerpério.Em
nosso estudo, se observouem
aproximadamente
40%
das gestantes deprimidasalgum
tipode
patologia,sendo
a maisfieqüente
infecçãodo
trato urinário, seguidade hipertensão arterial e
ameaça
de
abortamento.Somente
a variável 'infecçãodo
trato urinário” demonstrou-se estatisticamente conclusiva.
A
associaçãopode
dever-se ao fato
que
um
quadro
infeccioso atue gerandoum
estressede
forma
a predispor aum
transtornoemocional
no
puerpério e/ou determinação diretado
défficitdo
funcionamentodo
sistemaimune
resultandoem
hipofiontalidadedo
córtex frontal ede ressão. “
P
Das
126 mulheresda
amostra~e
proporcionalmentemenor
número
de
mulheres consideradas deprimidasprogramaram
uma
cesariana,embora
essa diferença
não
seja estatisticamente significativa .As
mulheres deprimidastiveram seu parto iniciado por indução quase duas vezes
maior do que
as não- deprimidas.Quanto
ao
términodo
trabalhode
parto, as deprimidasterminaram
proporcionalmente
menos
seus partos por via vaginalque
as normais , necessitandode
2,56 vezes maisque
fosse recorrida à cesarianade
urgência.Embora nenhum
dos dados
relativos àforma
de início e términodo
trabalhode
parto foi significativoestatisticamente,
concordam
em
grande partecom
a literatura vigente. Prévios estudos relacionaram distúrbiosde
saúdem
talcom
secção cesariana3. Outros estudosdemonstraram
também
sem~o)eswüsüca
uma
maior
prevalênciade
depressãoem
mulheresque foram
submetidas à induçãode
partoou
cesarianade
urgência 24. Assim,
as variáveis relativas
ao
partopodem
atuarcomo
fatorpredictivo significativo,
com
prevalênciasmais
elevadas nas categorias “indução” e “cesarianade
urgência” .As
descobertas desse estudosuportam
a hipóteseque
distúrbios mentais
no
puerpérioparecem
ser únicos, e estão associadosou
agravados pelos eventos relacionados
ao
parto ,algumas
patologias gestacionais ehormonais
prévias, saúdedo
bebê
, fatoresdemográficos
e sociais.Algumas
limitaçõesdo
nosso estudodevem
ser observadas. Primeiramente,o
exemplo
de 126 mulheres é relativamentepequeno
paraa
validaçãode
um
instrumento de triagem comparativamente
ao
usado
porCox
et al” Harris et al”em
seus estudos.
Mesmo
assim, nossos resultadosforam
similares àquelesde
Murray
e Carothers“que usou
uma
amostragem
maior.Como
nossa intençãonão
é ade
uma
investigação epidemiológica, e
sim
demonstrar a utilidadedo
EPDS
numa
futurainvestigação, concluímos evidências empíricas
da
aplicaçãodo
EPDS
e sugerimos sua utilidadecomo
instrumentode
triagem. Deveria serconfirmado
em
população
maior, mais diversa, relacionando
medições
hormonais, relaçõescom
o
aleitamento eo
trabalhoda
mulher. Finalmente,desejamos
assinalarque
os resultados aqui encontradoscoincidem
em
geral aos encontradosem
países desenvolvidos,com
exceção
das variáveis “infecçãodo
trato urinário”,na
qualnão foram
encontradasreferências
em
paísesconsiderados desenvolvidos, e “presença
de
sintomatologia depressiva prévia”,na
qual