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Relatòrio sobre os Direitos Humanos em Sâo Tomé e Principe, ano 2007

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Relatòrio sobre os Direitos Humanos em Sâo Tomé e Principe, ano

2007

SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

A República Democrática de São Tomé e Príncipe é uma democracia multipartidária com uma população aproximada de 160 000 habitantes. No parecer dos observadores internacionais, as eleições presidenciais e legislativas realizadas em 2006 foram livres e imparciais. As autoridades civis mantiveram, de modo geral, um controlo efectivo sobre as forças de segurança.

O governo em geral respeitou os direitos humanos dos seus cidadãos. Contudo, houve problemas nalgumas áreas, nomeadamente: condições prisionais severas, prisões preventivas prolongadas, corrupção de autoridades, impunidade, violência e discriminação contra as mulheres, trabalho infantil e condições laborais severas.

RESPEITO PELOS DIREITOS HUMANOS

Secção 1 Respeito pela integridade da pessoa, incluindo a proteção contra: a. A privação arbitrária ou ilegal da vida

Não houve nenhum registo de que o governo ou os seus agentes tenham cometido assassinatos por motivos políticos. Não houve nenhum registo de que as forças de segurança tenham recorrido arbitrária ou ilegalmente ao excesso de força.

O oficial de polícia Larry Alberto Paris continuava em prisão preventiva ao final do ano pela morte de Gustavo Sidónio Pinto em Junho de 2006. Na patrulha de trânsito, Paris alvejou e matou Pinto na aldeia de Almas, quando este estava a discutir com outro motorista.

b. O desaparecimento

Não houve registo de desaparecimentos por motivos políticos.

c. A tortura e outras formas cruéis, desumanas ou degradantes de tratamento ou punição A constituição e a lei proíbem tais práticas e, em contraste ao ano anterior, as forças de segurança de modo geral observaram essas proibições.

O inquérito lançado pelo procurador público sobre o tiro sofrido por Argentino dos Ramos Taty continuava aberto ao final do ano. Em Setembro de 2006, soldados que acompanhavam guardas florestais alvejaram Taty. Taty estava a cortar um tronco em propriedade privada quando se acercou dele a patrulha mista, e Taty foi alvejado na perna. Informou aos jornalistas que não havia recebido nenhuma advertência e que a patrulha o deixara estendido no chão. A polícia alegou nada saber do incidente.

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As condições prisionais foram severas mas de modo geral não colocaram vidas em risco. As instalações estiveram sobrelotadas, as condições médicas e sanitárias foram deficientes e a alimentação foi inadequada. Os indivíduos em prisão preventiva foram encarcerados com

criminosos condenados, e os menores com os adultos. Havia somente uma prisão e nenhum outro centro de detenção ou cadeia. Em geral, os postos policiais tinham uma pequena cela ou espaço para encarcerar infractores brevemente.

O governo permitiu visitas de observadores dos direitos humanos à prisão; contudo, não ocorreu nenhuma visita durante o ano.

d. A prisão ou detenção arbitrárias

A constituição e a lei proíbem prisões e detenções arbitrárias, e o governo de modo geral observou tais proibições.

Função da polícia e do aparelho de segurança

O Ministério da Defesa e Ordem Interna supervisiona e controla as forças armadas, a polícia nacional e o Serviço de Migração e Fronteiras. A polícia foi ineficaz e amplamente considerada corrupta. A impunidade demonstrou ser um problema, e os esforços de reformar a Polícia de Investigação Criminal, um organismo distinto que responde ao Ministério da Justiça, não lograram êxito, principalmente em decorrência da falta de recursos.

Houve registos a indicar a piora da corrupção policial durante o ano, provavelmente em virtude da persistência dos baixos salários e da inflação descontrolada.

Em Outubro e Novembro, a Polícia de Intervenção Rápida, um corpo especial da polícia de São Tomé conhecido como os "Ninjas", exigindo pagamentos atrasados por um exercício de

formação realizado vários anos antes, levou a cabo uma série de ocupações armadas de comandos da polícia, que culminaram na morte de um Ninja alvejado por soldados. Dez membros do pequeno corpo, agora dissolvido, foram presos e continuavam sob a custódia do exército ao final do ano.

Prisões e detenções

A lei requer mandados de captura emitidos por uma autoridade legítima para que se possa apreender suspeitos, salvo quando o suspeito é capturado durante a comissão de um crime. A lei requer que se determine, em 48 horas, a legalidade de uma detenção, e as autoridades de modo geral respeitaram tal direito. Os detidos foram imediatamente informados das acusações, tiveram acesso a advogados e familiares e o Estado designou advogados para os detidos indigentes. Existiu um sistema funcional de fianças.

Sérias restrições orçamentais, instalações inadequadas e a falta de juízes e advogados

capacitados resultaram em prisões preventivas prolongadas. Segundo o director da prisão de São Tomé, 34% dos prisioneiros do país estavam a aguardar julgamento em Novembro e alguns deles encontravam-se detidos há mais de um ano. Tal situação representava uma melhoria decorrente

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dum esforço concertado para reduzir o número de presos preventivos, os quais constituíam, em 2005, 75% da população prisional.

e. A privação de julgamento público e imparcial

A constituição e a lei provêem um sistema judiciário independente; contudo, este foi sujeitado ocasionalmente a pressões ou manipulações políticas. A tabela salarial judicial manteve-se baixa, e persistiram as suspeitas credíveis de que os juízes estivessem tentados a aceitar subornos. Em 2006, o governo tomou medidas para fortalecer o poder judiciário com a criação de um novo Tribunal Constitucional e a diminuição da acumulação de processos com o intuito de reduzir o número de pessoas em prisão preventiva.

O sistema judiciário baseia-se no modelo português. Os tribunais estão distribuídos em três níveis: os tribunais de 1a Instância, o Supremo Tribunal de Justiça e o Tribunal Constitucional, que actua como a mais alta autoridade judicial.

Procedimentos judiciais

A constituição consagra o direito a um julgamento público e imparcial por um juiz (não se recorre a júris), o direito a recurso, o direito a advogado e, caso o réu seja indigente, o direito a um advogado designado pelo Estado. O réu é considerado inocente até prova em contrário, tem direito a acareação com os queixosos e as testemunhas, além de poder aceder às provas do governo e apresentar provas e testemunhas em sua própria defesa. Contudo, a falta de recursos continuou a resultar em prisões preventivas prolongadas e a criar obstáculos significativos à investigação de casos criminais.

Presos políticos

Não houve registo de presos políticos. Procedimentos e recursos judiciais cíveis

São os mesmos tribunais a ocupar-se dos processos penais e cíveis, mas há procedimentos diversos para as acções cíveis. Os queixosos podem apresentar demandas de indemnização ou cessação de violações de direitos humanos, para além de reparações administrativas e judiciais de males alegadamente cometidos.

f. A interferência arbitrária na privacidade, família, lar ou correspondência

A constituição e a lei proíbem tais actos, e o governo de modo geral respeitou tais proibições. Secção 2 Respeito pelas liberdades civis, nomeadamente:

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A constituição e a lei consagram a liberdade de expressão e imprensa, e o governo de modo geral respeitou tais direitos; contudo, os jornalistas praticaram a auto-censura.

Os indivíduos puderam criticar o governo de forma privada ou pública, incluindo autoridades específicas, sem medo de retaliação. Não houve registo de que o governo tenha impedido críticas.

Dois jornais estatais e sete independentes foram publicados esporadicamente, em geral com frequência mensal ou quinzenal; a limitação dos recursos determinou a frequência de publicação. A imprensa internacional actuou com liberdade.

O governo geriu estações de rádio e televisão. Em 2005, o governo autorizou três novas estações de rádio locais independentes, duas das quais haviam iniciado as suas transmissões ao final de 2006. A Voz da América, a Rádio Internacional de Portugal e a Rádio França Internacional também foram retransmitidas localmente. A lei garante a todos os partidos de oposição acesso aos meios de comunicação geridos pelo Estado, incluindo um mínimo de três minutos mensais na televisão.

Liberdade de acesso à Internet

Não houve restrições do governo ao acesso à Internet nem registo de que o governo tenha vigiado o correio electrónico ou salas de conversa na Internet. Tanto os indivíduos como os grupos puderam participar da troca pacífica de opiniões pela Internet, incluindo por correio electrónico. A acentuada deficiência da infra-estrutura, incluindo a falta de redes adequadas de electricidade e comunicação, limitou o acesso do público à Internet; contudo, vários cibercafés foram recentemente inaugurados na capital para resolver essa restrição de acesso.

Liberdade académica e eventos culturais

Não houve restrições governamentais à liberdade académica nem aos eventos culturais. b. Liberdade de reunião e associação pacífica

A constituição e a lei consagram a liberdade de reunião e associação pacífica, e o governo de modo geral respeitou tais direitos.

c. Liberdade religiosa

A constituição e a lei consagram a liberdade religiosa, e o governo de modo geral respeitou tal direito.

Abusos sociais e discriminação

Não houve registo de discriminação contra membros de grupos religiosos. Não se teve conhecimento de nenhuma comunidade judaica nem houve registo de actos anti-semíticos.

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Para obter informações mais detalhadas, consultar o 2007 Annual Report on International Religious Freedom (Relatório Anual sobre a Liberdade Religiosa Internacional de 2007). d. Liberdade de movimento, pessoas internamente deslocadas, protecção de refugiados, e apátridas

A constituição e a lei consagram a liberdade de movimento no país, viagem para o estrangeiro, emigração e repatriação, e o governo de modo geral respeitou tais direitos.

A lei não proíbe o exílio forçado, mas não houve registo de que o governo usasse tal instrumento.

Protecção de refugiados

A lei não consagra especificamente a concessão de asilo ou estatuto de refugiado de acordo com a Convenção da ONU de 1951, pertinente ao Estatuto dos Refugiados, ou com o seu protocolo de 1967, e o governo não criou um sistema de protecção de refugiados. Na prática, o governo

ofereceu protecções contra a repulsão, ou o reenvio de pessoas para países onde estas tivessem motivos para recear ser vítimas de perseguição. No decorrer do ano, não se tomou conhecimento de nenhum pedido de estatuto de refugiado ou asilo. O governo já cooperou com o Alto

Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados e outras organizações humanitárias na prestação de assistência a refugiados e indivíduos em busca de asilo.

Secção 3 Respeito pelos direitos políticos: o direito dos cidadãos à mudança de governo

A constituição e a lei consagram o direito dos cidadãos a mudar pacificamente de governo, que os cidadãos exerceram, na prática, com a realização periódica de eleições em geral livres e imparciais, baseadas no sufrágio universal.

Eleições e participação política

As eleições legislativas de Março de 2006 concederam uma maioria dos lugares na Assembleia Nacional a uma coligação de partidos, o Movimento Democrático Força da Mudança/Partido da Convergência Democrática (MDFM/PCD), em apoio ao Presidente Fradique de Menezes. O MDFM/PCD posteriormente formou um governo. O Presidente Menezes foi reeleito em Julho de 2006 com 60% dos votos. No parecer dos observadores internacionais, ambas as eleições foram de modo geral livres e imparciais. Em Agosto de 2006, pela primeira vez em mais de uma década, realizaram-se eleições locais; à mesma data, realizaram-se eleições regionais na ilha do Príncipe. O MDFM/PCD obteve o controlo sobre cinco dos seis distritos nessa eleições; o

principal partido da oposição, o Movimento de Libertação de São Tomé Príncipe (MLSTP/PSD), obteve um distrito, e um novo partido, o Novo Rumo, obteve a presidência do governo regional do Príncipe.

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Há mulheres a ocupar postos em todo o governo, incluindo duas na Assembleia Nacional, que tem 55 lugares, três entre os 12 ministros do governo, uma no Supremo Tribunal de Justiça, que reúne três membros, e duas juízas nos tribunais de 1a Instância.

Corrupção e transparência governamentais

A lei estabelece sanções penais para a corrupção de autoridades, mas, sendo um legado da era colonial, está obsoleta.

A corrupção de autoridades foi generalizada. Os Indicadores Mundiais de Governação de 2007 do Banco Mundial indicaram a gravidade do problema de corrupção. Em 2005, a Procuradoria Geral da República apresentou à Assembleia Nacional os resultados da sua investigação das alegações de corrupção no leilão de blocos de exploração de petróleo. A investigação apontou graves deficiências processuais e levantou questões acerca das acções de membros tanto do governo atual como dos anteriores. A falta de cooperação das autoridades nigerianas (cujo governo partilha o controlo sobre os blocos de exploração de petróleo) impediu que se desse seguimento ao inquérito, e nenhuma outra medida havia sido tomada ao final do ano. Os baixos salários dos funcionários públicos contribuíram para a corrupção de no setor público.

As autoridades públicas não estavam sujeitas às leis de divulgação de dados financeiros.

Não há leis a prover o acesso público a informações do governo; contudo, não houve indicações de que o governo restringisse o acesso dos cidadãos ou estrangeiros às informações, incluindo a imprensa internacional.

Secção 4 Atitude do governo face à investigação internacional e não governamental de alegações de violação dos direitos humanos

Verificou-se no passado um número reduzido de organizações nacionais dedicadas aos direitos humanos, que actuam, geralmente, sem restrição do governo, investigando e publicando o que descobrem sobre os casos. Contudo, por causa da melhoria geral do respeito pelos direitos humanos, esses grupos estiveram inactivos durante o ano. Os representantes do governo de modo geral têm cooperado e respondido aos seus pontos de vista.

Secção 5 Discriminação, abusos sociais e tráfico de pessoas

A constituição consagra a igualdade de todos os cidadãos independentemente de sexo, raça, origem social, tendência política, credo ou convicção filosófica; contudo, as mulheres

continuaram a sofrer discriminação. O Gabinente de Assuntos Femininos, formado em 2006, criou o Instituto Nacional para a Promoção da Igualdade e Equidade de Género, o qual organizou vários seminários e oficinas para aumentar a sensibilização sobre a discriminação contra as mulheres.

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A violação, incluindo a perpetrada pelo cônjuge, é ilegal e passível de pena de dois a 12 anos de prisão. A ocorrência de violações é ocasional, sendo mais provável o caso ser processado onde haja provas de agressão violenta em conjunto com a violação ou onde a vítima seja menor. Contudo, não há estatísticas disponíveis sobre os processos. As clínicas públicas de planeamento familiar e organizações não governamentais (ONGs) procuraram combater a violação por meio da sensibilização sobre o problema.

Aumentaram os relatos de violência doméstica contra as mulheres, incluindo a violação. Embora as mulheres tenham o direito de recorrer à justiça, até contra os seus cônjuges, muitas mostraram relutância em iniciar processos ou ignorância sobre os seus direitos legais. A tradição inibiu as mulheres de exporem as disputas domésticas fora do círculo familiar. A lei não considera especificamente a violência doméstica; contudo, há disposições referentes à agressão, as quais podem ser usadas em casos de violência doméstica. Quando a vítima perde até 10 dias de

trabalho, a pena por agressão é de seis meses de prisão. Para 10 a 20 dias de trabalho perdidos, a pena passa a ser de um ano e assim por diante. A lei foi observada com rigor, incluindo os casos de violência doméstica, mas não há dados sobre o número de processos de violência doméstica. O Gabinente de Assuntos Femininos criou um centro de aconselhamento com uma linha directa. A linha directa não foi muito utilizada por causa da deficiência do serviço telefónico, mas o centro de aconselhamento recebeu um grande número de visitas. Por exemplo, de 3 de Novembro de 2006 a 9 de Novembro de 2007, o centro atendeu 150 vítimas.

A prostituição é ilegal, mas existiu. No passado era rara, mas os observadores estimam que esteja a aumentar com o maior número de trabalhadores estrangeiros no país.

A lei não proíbe o assédio sexual, o que foi um problema. Não há dados disponíveis sobre o seu impacto.

A constituição estipula a igualdade dos direitos políticos, económicos e sociais das mulheres e dos homens. Muitas mulheres têm acesso a oportunidades de educação, nos negócios e no governo, mas em geral continuaram a deparar-se com um nível significativo de discriminação social. As crenças tradicionais deixaram às mulheres a maior parte da educação dos filhos e menos acesso à educação ou às profissões. A alta taxa de gravidez entre as adolescentes reduz ainda mais as oportunidades económicas para as mulheres.

Crianças

Vários programas financiados pelo governo e outros doadores procuraram melhorar as condições de vida das crianças, em particular um projecto de controlo da malária, que ainda está em

andamento, e um programa de aquisição de equipamentos médicos e escolares.

Por lei, a edução é universal, obrigatória até ao sexto ano e gratuita até aos 15 anos de idade ou sexto ano. Na prática, muitos estudantes nas zonas rurais pararam de frequentar a escola após o quarto ano. As escolas que ofereciam aulas até ao sexto ano encontravam-se somente nas capitais de distrito. Calcula-se qua a taxa de matrículas na escola primária tenha sido de 73% a 78%. Durante o ano, o governo construiu muitas escolas e ampliou salas de aula com financiamentos

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do Banco Mundial, na tentativa de aliviar o problema do sistema de períodos múltiplos nas escolas primárias.

Aos estudantes coube comprar livros e fardas, mas o governo cobriu esses gastos no caso de famílias pobres. Os custos de transporte e as propinas impedem alguns estudantes pobres ou das zonas rurais de frequentar o ensino secundário. Não se constatou nenhuma diferença de

tratamento entre raparigas e rapazes na área da educação. Ambos gozam de igual acesso aos cuidados médicos do Estado.

Os maus-tratos a crianças não foram comuns, mas não houve muita protecção de órfãos e crianças abandonadas.

O trabalho infantil constituiu um problema.

Durante o ano, o Ministério do Trabalho e Solidariedade geriu um programa de serviços sociais que reunia crianças de rua em três centros, onde iam a aulas e recebiam formação. As condições nesses centros eram boas; contudo, face à sobrelotação, algumas crianças voltavam às suas famílias de noite, e algumas delas fugiam.

Tráfico de pessoas

A lei proíbe o tráfico de pessoas, não havendo relatórios de pessoas traficadas para, do ou dentro do país. Durante o ano, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e a Comunidade Económica dos Estados da África Central organizaram uma conferência no país para discutir a questão do tráfico de pessoas.

Pessoas com deficiências

A lei não proíbe a discriminação contra pessoas com deficiências físicas ou mentais, mas não houve indicações de discriminação contra essas pessoas. A lei não obriga edifícios, transportes ou serviços a facilitar o acesso a pessoas com deficiências. Não estiveram activas durante o ano as organizações não governamentais (ONGs) locais que anteriormente criticavam o governo por não implementar programas de acessibilidade para essas pessoas.

Outros abusos sociais e discriminações

Ocorreu discriminação social contra os homossexuais.

As pessoas com VIH/SIDA foram frequentemente rejeitadas pelas suas comunidades e

repudiadas pelas suas famílias. Contudo, em contraste ao ano anterior, não se assinalaram casos de trabalhadores discriminados pela sua condição de portadores do VIH/SIDA. O governo organizou várias oficinas e campanhas de sensibilização para reduzir esses casos. O governo também proporcionou despistes gratuitos do SIDA e distribuiu medicamentos antiretrovirais entre todos os pacientes identificados.

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Secção 6 Direitos dos trabalhadores a. Direito de associação

A constituição e a lei permitem aos trabalhadores constituir e aderir aos sindicatos da sua escolha sem autorização prévia ou exigências excessivas, direito este que os trabalhadores em geral exerceram na prática. Havia apenas dois sindicatos no pequeno sector assalariado formal: a União Geral dos Trabalhadores e a Organização Nacional dos Trabalhadores de São Tomé e Príncipe. Ambos representaram os funcionários do governo, que constituíam a maioria do sector assalariado formal, e membros de cooperativas agrícolas.

Não havia leis que proibissem a discriminação anti-sindical nem indicação da ocorrência desse tipo de discriminação.

b. Direito à organização e negociação colectiva

A constituição e a lei afirmam que os trabalhadores se podem organizar e negociar

colectivamente; contudo, dado o seu papel como principal empregador no sector assalariado formal, o governo continuou a ser o interlocutor principal dos trabalhadores organizados em todos os assuntos, incluindo os salários. A constituição permite a liberdade de fazer greves, incluindo as de funcionários públicos e outros trabalhadores essenciais, mas nenhuma ocorreu durante o ano.

A lei não proíbe a retaliação contra os grevistas, mas não houve indicação de tais reacções durante o ano.

Não há zonas de processamento de exportações. c. Proibição de trabalho forçado ou involuntário

A lei proíbe o trabalho forçado ou involuntário, incluindo o infantil, não havendo relatos de tais ocorrências.

d. Proibição do trabalho infantil e idade mínima de empregabilidade

Os empregadores no sector assalariado formal respeitaram, em geral, a idade mínima de

empregabilidade de 18 anos, estabelecida por lei, mas o trabalho infantil constituiu um problema. A lei proíbe aos menores trabalhar mais de sete horas por dia e 35 horas por semana. As crianças trabalharam na agricultura de subsistência, nas plantações, no comércio informal e no trabalho doméstico. Não houve processos contra abusos de trabalho infantil, embora a lei afirme que os empregadores de menores podem ser multados. O Ministério do Trabalho é responsável pela execução das leis de trabalho infantil.

Houve iniciativas de prevenção do trabalho infantil. O Ministério da Educação estendeu a

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a várias famílias de baixo rendimento para manter os seus filhos nas escolas. O Ministério do Trabalho também intensificou a fiscalização dos locais de trabalho.

e. Condições aceitáveis de trabalho

Não há um salário mínimo nacional. O salário mínimo legal para os funcionários públicos aumentou de US$35 (500 000 dobras) para US$46 (650 000 dobras) por mês, mas continuou a ser insuficiente para um trabalhador e a sua família viverem em condições dignas. Comparado ao ano anterior, tornou-se ainda mais comum o trabalhador ter dois ou mais empregos. A lei do trabalho prevê as ocupações a que os funcionários públicos se podem dedicar quando pretendem um segundo emprego. Os funcionários públicos em "sectores estratégicos", tais como o sistema judicial, os ministérios das finanças, alfândegas e educação, bem como os da Polícia de

Investigação Criminal, chegaram a auferir salários 400% superiores aos dos outros funcionários do sector público.

As condições de trabalho em muitas das plantações de cacau, que representam o maior sector de emprego assalariado informal, são extremamente severas. O salário médio dos trabalhadores nas plantações não chegou para sustentar condignamente um trabalhador e a sua família, e o poder de compra do salário decresceu em virtude da alta taxa de inflação.

A semana legal de trabalho é de 40 horas, com 48 horas consecutivas de descanso, estipuladas por lei. Contudo, os lojistas trabalham 48 horas por semana. A lei prevê a remuneração pelas horas extraordinárias. A lei estipula padrões básicos de saúde e segurança no trabalho mas, dadas as limitações dos recursos, os ministérios da justiça e do trabalho não os fazem cumprir de modo eficaz. Os funcionários têm o direito de abandonar condições de trabalho inseguras, mas nenhum procurou fazê-lo, pelo que o aproveitamento desse direito foi muito limitado.

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