UTILIZAÇÃO DE MELANCIAS ‘SHADOW’, QUE FORAM
ADUBADAS COM NITROGÊNIO E POTÁSSIO, NA
PRODUÇÃO DE MINIMAMENTE PROCESSADO,
ACONDICIONADO EM DIFERENTES EMBALAGENS
Cristiane Maria Ascari Morgado1; Leandra Oliveira Santos1; Ellen Toews Doll Hojo1, Ramilo Nogueira Martins1; José Fernando Durigan1, Anderson Luiz Feltrim1, Arthur Bernardes Cecílio Filho1
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UNESP-FCAV, Rodovia Professor Paulo Donato Castellane, s/n. 14884-970 – Jaboticabal, SP, email: cristianemorgado4@yahoo.com.br, leandraoli@yahoo.com.br, ellendollhojo@yahoo.com.br, ramilomartins@yahoo.com.br, jfduri@fcav.unesp.br, andluizfel@yahoo.com.br, rutra@fcav.unesp.br
RESUMO
Produtos minimamente processados de melancias ‘Shadow’, sem sementes, foram acondicionados em bandejas de poliestireno expandido cobertas com filme de PVC ou em embalagem de tereftalato de polietileno, e armazenados a 4ºC e 80% UR, por 12 dias. As melancias utilizadas foram adubadas com diferentes doses de nitrogênio e potássio (D1, com 79,8 kg.ha-1 e 106,7 kg.ha-1 de N e K; D2, com 159,6 kg.ha-1 e 213,2 kg.ha-1 de N e K, respectivamente). Frutos selecionados, após terem sido lavados e desinfetados com água clorada (200 mg L-1), tiveram a polpa cortada em cubos (2,5 cm de aresta), que foram acondicionados em bandejas de poliestireno expandido coberta com filme de PVC, ou em embalagem de tereftalato de polietileno, em porções de 150 gramas, e armazenados a 4ºC (70-80%UR), por até 12 dias. A cada dois dias, os pedaços de cada tratamento foram avaliados quanto à coloração, teores de sólidos solúveis, acidez titulável e de ácido ascórbico e atividade antioxidante total. Os produtos acondicionados em embalagens PET apresentaram vida útil de 12 dias e se tornaram mais escurecidos e com coloração vermelha menos intensa que os protegidos com filme de PVC, cuja vida útil foi de 6 dias.
As adubações com N e K não afetaram a qualidade destes produtos ou a vida útil dos mesmos.
PALAVRAS-CHAVE: Citrullus vulgaris,
processamento mínimo, armazenamento refrigerado, embalagens.
ABSTRACT
Use of watermelons ‘Shadow’, that were fertilized with nitrogen and potassium, to
produce minimally processed products, using different packages
Minimally processed products of watermelons’Shadow’, seedless, were packed in polystyrene trays coated with PVC film or in polyethylene terephthalate boxes, and stored at 4°C and 80% RH for 12 days. The watermelons that had been fertilized with different doses of nitrogen and potassium (D1, witth N and K 79,8 kg.ha-1 and 106,7 kg.ha-1; D2, with N and K 159,6 kg.ha-1 and 213,2 kg ha-1, respectively). Selected fruits, after washed and sanitized with chlorinated water (200 mg L-1), and pulp were cut into cubes (2.5 cm from across), that were packaged in polystyrene trays coated with PVC film, or in transparent polyethylene terephthalate boxes, in portions
with 150g, and stored stored at 4ºC (70-80%HR) for 12 days. Every two days, the chunks from each treatment were evaluated for color, content of soluble solids, tritatable acidity and ascorbic acid, and total antioxidant activity. The products packaged in PET showed shelf life of 12 days and became dark and wtih red
color less intense than protected with PVC film, that shelf life was 6 days. The fertilization with N and K did not affect the quality of these products or the shelf life of them.
KEYWORDS: Citrullus vulgaris, minimally
processed, cold storage, packages.
INTRODUÇÃO
A melancia (Citrullus lanatus) é uma cucurbitácea de grande importância econômica, sendo cultivada em todo o Brasil, sendo a região Nordeste responsável por mais de 50% da área plantada e vem ganhando espaço nos últimos anos, principalmente, entre pequenos e médios produtores (Almeida et al., 2008).
A mudança nos padrões alimentares tem levado ao maior consumo de frutas e hortaliças, em detrimento dos produtos industrializados, com os consumidores desejando produtos com qualidade e praticidade. Neste sentido, a demanda por frutas e hortaliças minimamente processadas tem aumentado rapidamente (Burns, 1995).
A importância da adubação potássica na qualidade dos frutos baseia-se na sua função de promotor da síntese de fotossintatos e seu transporte para frutos e órgãos de armazenamento da planta, aumentando a conversão daqueles em amido, proteína, vitaminas, óleos (Mengel & Kirkby, 1987). O potássio tem importância fundamental nos parâmetros de qualidade. O nitrogênio é um nutriente essencial à vida vegetal, pois se constitui de estruturas do protoplasma da célula, da molécula da clorofila, dos aminoácidos, proteínas e de várias vitaminas, além de influenciar as reações metabólicas das plantas; proporciona aumento no desenvolvimento vegetativo e no rendimento da cultura (Lopes, 1989). A tecnologia do processamento mínimo objetiva satisfazer as necessidades dos consumidores de frutas e hortaliças frescas, seguindo a tendência atual de aumento constante na conveniência dos alimentos (Vanetti, 2000). Este trabalho teve como objetivo verificar o uso de melancias ‘Shadow’, que foram adubadas com duas doses de nitrogênio e potássio, para a produção de produtos minimamente processados, acondicionados em duas embalagens e armazenados sob refrigeração.
MATERIAL E MÉTODOS
Melancias ‘Shadow’, sem sementes, adubadas com diferentes doses de nitrogênio e potássio (D1, com 79,8 kg.ha-1 e 106,7 kg.ha-1 de N e K; D2, com 159,6 kg.ha-1 e 213,2 kg.ha
-1
de N e K, respectivamente) e produzidas em Tupã - SP foram cuidadosamente colhidas dia 01 de novembro de 2008 e transportadas para o Laboratório de Tecnologia dos Produtos Agrícolas da FCAV/UNESP, Jaboticabal, onde foram recebidas livres de lesões.
Elas foram imediatamente lavadas com detergente neutro e enxaguadas com água potável, desinfetadas por imersão em água fria (5ºC) e clorada (200 mg de cloro.L-1), por cinco minutos, antes de serem armazenadas em câmara fria a 10ºC, por 12 horas.
O processamento foi realizado em ambiente previamente higienizado com 200 mg de cloro.L-1 e refrigerado (12ºC), protegendo-se os operadores com equipamento adequado. As melancias foram processadas segundo o indicado por Durigan et al (2007) na forma de cubos com 2,5 cm de aresta, e em seguida foram acondicionados em bandejas de poliestireno expandido, cobertas com filme de cloreto de polivinila (PVC) esticável (0,017 mm de espessura), ou em embalagem de tereftalato de polietileno (PET) transparente, com tampa e sem perfurações (G-90 Galvanotek), em porções de 150 gramas. Estas unidades foram armazenadas a 4±1°C (70-80%UR) por até 12 dias. Este experimento foi conduzido segundo delineamento experimental inteiramente casualizado, com duas doses de N e K e duas embalagens.
Os produtos armazenados foram avaliados a cada 2 dias quanto à coloração, teores de sólidos solúveis, acidez titulável e ácido ascórbico e atividade antioxidante total.
A coloração foi determinada utilizando-se colorímetro Minolta, modelo CR 400, com três repetições por tratamento e leitura em três amostras por unidade (Minolta Corp, 1994).
O teor de sólidos solúveis foi quantificado em refratômetro digital Atago PR-101 Palette, o qual expressa os resultados em ºBrix (AOAC, 1997 - método 932.12). O de acidez titulável foi determinado em 15g de amostra homogeneizada com 50 mL de água destilada, titulada com NaOH a 0,01 M e expresso em gramas de ácido cítrico por 100g de polpa (AOAC, 1997-método 942.15) e o de ácido ascórbico em amostra homogeneizada com ácido oxálico a 0,5% (5ºC), titulada com o reativo de Tillmans (2,6 diclorofenolindofenol de sódio a 0,1%) e expresso em miligramas de ácido ascórbico por 100g de amostra (Rangana, 1977). A atividade antioxidante total foi estabelecida utilizando-se os métodos indicados por Rufino (2008): captura do radical livre 2,2 - AZINO - BIS (3-ethylbenzo – thiazoline – 6 - sulfonic acid) diammoninum salt (ABTS), redução do ferro (FRAP) e o de captura do radical livre 2,2-diphenyl-1-picryl-hidrazil (DPPH).
Os resultados obtidos foram analisados quanto à variância, pelo teste F, e as médias comparadas pelo teste de Tukey, a de 5% de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados apresentados nas Tabelas 1 e 2 indicam que os produtos minimamente processados protegidos em embalagens de PET apresentaram maior vida útil. 12 dias, que os acondicionados em bandejas de poliestireno expandido e recobertos com filme de PVC, 6 dias (Tabelas 1 e 2).
Os pedaços de melancia não escureceram durante o período de armazenamento, o que é indicado pela ausência de diferenças significativas entre os tratamentos e durante o período de armazenamento (Tabela 1).
Os produtos minimamente processados acondicionados em embalagens PET apresentaram redução nos valores de luminosidade, indicando que os cubos se tornaram escurecidos ao longo do período de armazenamento, o que também foi relatado por Xisto (2007) quando armazenou produtos minimamente processados de melancia a 10ºC. Os protegidos com filme de PVC conservaram os valores de luminosidade e estavam mais claros, o que é evidenciado pelos maiores valores de luminosidade.
O ângulo hue ou de cor não se alterou durante o período de armazenamento (Tabela 1), o que também foi observado por Xisto (2007). Os maiores valores foram observados nos cubos produzidos com melancias que haviam recebido a menor dose de nitrogênio e potássio (79,8 kg.ha-1 e 106,7 kg.ha-1, respectivamente), indicando coloração vermelha mais clara.
A cromaticidade não se alterou durante o armazenamento (Tabela 1) e observou-se maiores valores nos cubos de melancias que haviam recebido a maior dose de nitrogênio e potássio, indicando coloração mais intensa nesses produtos, o que é diferente do aumento relatado por Xisto (2007).
Os teores de sólidos solúveis não se alteraram durante o armazenamento, o que não foi o observado por Risse et al. (1990), ao avaliarem o efeito da temperatura no armazenamento dos frutos de diferentes cultivares de melancia. Deve-se deixar observado que os produtos das melancias que haviam recebido a maior dose de nitrogênio e potássio apresentaram os maiores teores (Tabela 2).
A acidez titulável nos produtos embalados em PET apresentou tendência de aumento até o 6º dia (Tabela 2), o que pode ser devido ao efeito do potássio no metabolismo dos frutos, aumentando o tamanho do fruto, a espessura da casca e o índice de acidez da polpa (Quaggio, 1994). Nos produtos embalados com filme de PVC não se observou variação nos teores de acidez.
Os teores de ácido ascórbico reduziram-se durante o armazenamento dos produtos, o que vem ao encontro do indicado por Wiley (1997), ou seja, que as reações de oxidação levam a escurecimento, descoloração de pigmentos e perdas ou mudanças no sabor e odor (Tabela 2).
Não se detectou atividade antioxidante total nos cubos de melancias, por nenhum dos métodos utilizados (ABTS, FRAP e DPPH), o que também foi relatado por Melo et al (2008), quando avaliaram a capacidade antioxidante de frutas comercializadas em Recife-PE através da capacidade de seqüestrar o radical estável DPPH, deixando observado que o extrato de melancia apresentou fraca capacidade (< 50%) de seqüestro do radical DPPH.
CONCLUSÕES
Os produtos acondicionados em embalagens PET apresentaram vida útil de 12 dias e se tornaram mais escurecidos e com coloração vermelha menos intensa que os protegidos com filme de PVC, cuja vida útil foi de 6 dias. As adubações com N e K não afetaram a qualidade destes produtos ou a vida útil dos mesmos.
REFERÊNCIAS
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Tabela 1. Variação na coloração de produtos minimamente processados de melancias ‘Shadow’ que receberam diferentes adubações, os quais foram acondicionados em dois tipos de embalagem e armazenados sob refrigeração (4°C; 75%UR).
Tratamentos Dias de armazenamento Média
0 2 4 6 8 10 12 Luminosidade PET/D1 42,12 41,58 42,23 42,59 39,97 33,21 33,04 39,25 A PET/D2 42,33 40,95 40,55 41,93 42,93 34,52 30,80 39,14 A PVC/D1 42,12 42,14 44,64 42,68 - - - 42,90 A PVC/D2 42,33 42,49 40,12 40,13 - - - 41,27 A Média 42,23 a 41,79 a 41,88 a 41,83 a 41,45 a 33,86 b 31,92 b
-Ângulo hue ou de cor
PET/D1 18,80 18,22 21,93 18,67 24,37 24,82 20,01 20,97 A PET/D2 16,47 13,45 15,11 15,92 19,29 16,78 17,01 16,29 B PVC/D1 18,80 15,16 17,88 16,80 - - - 17,16 B PVC/D2 16,47 14,69 13,45 16,86 - - - 15,37 B Média 17,64 a 15,38 a 17,09 a 17,06 a 21,83 a 20,80 a 18,51 a -Cromaticidade PET/D1 28,39 28,00 27,37 26,54 23,33 21,87 23,08 25,51 A PET/D2 27,92 28,63 28,81 29,31 28,00 25,48 23,02 27,31 A PVC/D1 28,39 27,73 20,59 27,80 - - - 26,12 A PVC/D2 27,92 25,45 28,35 29,16 - - - 27,72 A Média 28,16 a 27,45 a 26,28 a 28,20 a 25,66 a 23,68 a 23,05 a
-Médias seguidas de pelo menos uma letra em comum, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem entre si pelo Teste de Tukey (P<0,05). Tratamentos - embalagens PET e PVC; Adubações - D1 com 79,8 e 106,7 kg.ha-1 de N e K e D2 com 159,6 e 213,2 kg.ha-1 de N e K, respectivamente.
Tabela 2. Variação nos teores de acidez titulável, sólidos solúveis e ácido ascórbico de produtos minimamente
processados de melancias ‘Shadow’ que receberam diferentes adubações, os quais foram acondicionados em dois tipos de embalagem e armazenados sob refrigeração (4°C; 75%UR).
Tratamentos Dias de armazenamento Média
0 2 4 6 8 10 12
Acidez titulável (g ácido citrico.100g-1)
PET/D1 0,095 0,091 0,110 0,157 0,050 0,067 0,104 0,096 A
PET/D2 0,100 0,123 0,118 0,143 0,078 0,072 0,096 0,104 A
PVC/D1 0,094 0,111 0,120 0,132 - - - 0,1143 A
PVC/D2 0,100 0,100 0,110 0,119 - - - 0,1072 A
Sólidos solúveis (ªBrix)
Média 0,097 b 0,106 b 0,115 b 0,138 a 0,064 b 0,070 b 0,100 a
-PET/D1 9,52 10,12 10,05 9,18 7,80 9,45 9,60 9,39 B
PET/D2 10,63 10,65 10,75 10,40 10,57 9,87 9,10 10,28 A
PVC/D1 9,52 10,52 9,92 9,50 - - - 9,86 A
PVC/D2 10,63 9,57 10,82 10,08 - - - 10,27 A
Ácido ascórbico (mg ácido ascórbico.100g-1)
Média 10,07 a 10,21 a 10,38 a 9,79 a 9,18 a 9,66 a 9,35 a
-PET/D1 7,81Ba 7,43Ba 7,00Aab 6,25Bb 6,09Ba 6,44Aa 6,93Aa
-PET/D2 10,80Aa 8,12ABb 7,97Ab 6,74ABc 8,38Aa 6,16Ab 6,23Ab
-PVC/D1 7,81Bb 9,05Aa 7,13Abc 6,61ABc - - -
-PVC/D2 10,80Aa 7,34Bb 7,67Ab 7,53Ab - - -
-Médias seguidas de pelo menos uma letra em comum, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem entre si pelo Teste de Tukey (P<0,05). Tratamentos - embalagens PET e PVC; Adubações - D1 com 79,8 e 106,7 kg.ha-1 de N e K e D2 com 159,6 e 213,2 kg.ha-1 de N e K, respectivamente.
