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Participantes. Introdução

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Academic year: 2021

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1 Relatoria da 1ª reunião do Projeto “Escuta ativa às mulheres com filhos em privação de liberdade e/ou egressos do sistema de justiça em Volta Redonda”

Data: 08/06/2021 Horário: 15h30

Participantes

Maria da Glória Amorim (Secretária de Políticas Pública para Mulheres, Idosos e Direitos Humanos de Volta Redonda - SMIDH);

João Helvécio de Carvalho (Defensor Público e membro da coordenação do FJ); Rosane Lavigne (Defensora Pública do RJ e coordenação do FJ);

Maria Gabriela Peixoto (Colaboradora do FJ- GT violência armada); Guilherme Pimentel (Ouvidor Geral da DP do Rio de Janeiro). Caroline Boletta (Assistente de GTs do FJ);

Thainá Mamede (Assessora técnico-executiva do FJ);

Luiz Rômulo Fernandes Saloto (Coordenador da Pastoral Carcerária – Diocese de Barra do Piraí/Volta Redonda);

Elisa Maria Ferreira (Agente da Pastoral Carcerária, da Pastoral de Acolhimento àMulher e atuante no DEGASE);

Denis Praça (Defensor Público e atua no núcleo do Sistema Penitenciário);

Josinete Maria Pinto (Departamento de Direitos Humanos – SMIDH e integrante do Fórum Justiça);

Regina Pereira (Atua na pasta de Política para Diversidade de Gênero- SMIDH); Patrícia Pereira (Atua na pasta Políticas Públicas para Mulheres - SMIDH); LudmilaAguiar (Atua na pasta de Políticas Públicas para Mulheres -SMIDH); Juliana Sampaio (Psicóloga. Atua na pasta de Igualdade Racial – SMIDH);

Pedro Henrique Ferko (Sociólogo. Atua na pasta de Direitos Humanos – SMIDH);

Introdução

Este documento visa apresentar o Projeto “Escuta ativa às mulheres com filhos em privação de liberdade e/ou egressos do sistema de justiça em Volta Redonda”, a ser

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2 desenvolvido pela Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres, Idosos e Direitos Humanos - (SMIDH) em parceria com o Fórum Justiça, Pastoral Carcerária da Diocese de Barra do Piraí/Volta Redonda, Defensoria Pública Estadual (DPE)– Núcleos de Tutela Coletiva e do Sistema Penitenciário e a Ouvidoria Geral do estado.

Objetivos

• Apresentar a proposta do projeto e pensar coletivamente, como desenvolver iniciativas que visam constituir um espaço para escuta ativa às mulheres que tem familiares no sistema prisional e/ou egressas;

• Construir um diagnóstico socioeconômico, étnico-racial e de gênero de mulheres que enfrentam violações e desrespeito por terem familiares privados de liberdade;

• Criar grupos de estudo para entender e informar sobre quais os Direitos Humanos assegurados aos familiaresde quem se encontra no sistema prisionale/ou egressos, em parceria com o Fórum Justiça, a Pastoral Carcerária, a DPE - Núcleos de Tutela Coletiva e do Sistema Penitenciário e o Ouvidor Geral do estado;

• Discutir com as Instituições, quais os passos devem ser dados para atender as demandas destas famílias.

Proposta de pauta aconteceu em três momentos:

1) A acolhida das instituições e apresentação do projeto pela secretária da SMIDH, Glória Amorim, e o Defensor Público João Helvécio;

2) Oacolhimento de dúvidas e propostas dos participantes presentes; e 3) Sistematização dos encaminhamentos.

Projeto

João Helvécio, Defensor Público e membro da coordenação do Fórum Justiça (FJ), lembrou do papel do FJ em dar visibilidade às lutas populares em uma perspectiva de democratização, redistribuição e efetivação dos direitos. Em breve retrospectiva, falou do convite feito a Josinete para dirigir o departamento de Direitos Humanos, que coincidiu com a articulação de debates no FJ sobre as dificuldades encontradas por essas mulheres,

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3 dificuldades essas muito transversais com as questões de raça e classe. Brevemente, afirmou que o objetivo do projeto é criar um ambiente de acolhimento, é proporcionar um lugar comum para que essas mulheres não se sintam sozinhas. Para o defensor, essa dinâmica nos permite trabalhar com os direitos de visita, informação, assistência jurídica e com a questão da saúde dos detentos.

Antes de efetivamente apresentar o projeto, Glória Amorim resgatou o processo de reformulação da SMIDH. De acordo com a secretária, nos quatro anos que ela e os demais ficaram ausentes da Secretaria o órgão começou a acolher diversas demandas, como as relacionadas com idosos e deficientes. Com a reformulação, a pauta dos idosos está sendo transferida para a Secretaria de Ação Comunitária, e a proposta é ficar somente como Secretaria da Mulher e Direitos Humanos.

Junto com seu retorno e as mudanças que o acompanharam, a Secretaria também começou a formular o PPA. Afirmou que durante a construção do documento ela e os demais membros da Secretaria pensaram muito nas políticas que gostariam de desenvolver nos próximos quatro anos, e para isso, se inspiraram em suas experiências trabalhando com movimentos sociais. Como exemplo, relembrou o trabalho realizado na Diocese na pauta dos Direitos Humanos e o Movimento Comunitário Contra a Violência, com o Padre Pedro e Dom Valdir Calheiros.

Ainda, Glória expôs a conjuntura trágica de Volta Redonda de anos atrás, em que eram assassinados oito jovens por semana, e na qual começaram a desenvolver um trabalho de escuta, acolhimento e empoderamento com as mães desses jovens. Inicialmente, era realizado na Cúria e depois começou a expansão para os bairros. Estima-se queo projeto atendeu, na época, em torno de 50 mulheres. Posteriormente, começaram a trabalhar com mães que tinham filhas encarceradas. Pontuou que tem um quantitativo de mulheres encarceradas ou egressas do sistema prisional em Volta Redonda, e lembrou que muitas vezes essas mulheres não cometeram crime algum, mas que moravam com o companheiro que traficava, ou estavam juntos no momento.

De acordo com seu relato, esse trabalho em especial foi uma grande inspiração para o projeto atual, principalmente após ouvir os depoimentos das mães nas ocasiões em que as oferecia carona quando passava pelo bairro Roma (ponto onde as mães esperavam o ônibus para realizar visitas na Casa de Custódia de Volta Redonda).

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4 No mais, colocou como questões a serem debatidas: “como encorajar essas mulheres? Onde estão essas mulheres?”. Também, ressaltou a importância de usar os meios virtuais somente para a organização, pois acredita que para ouvir de forma apropriada essas mulheres, de forma a construir uma confiança sólida, será necessário ser “olho no olho”, conversas presenciais. Por fim, reforçou que essas experiências foram bem sucedidas, no entanto não é um trabalho fácil, por isso buscaram a parceria do FJ e de quem mais quiser somar.

O projeto que está no PPA ainda não foi aprovado, mas independentemente da sua aprovação ele será realizado.

Escuta ampliada

O coordenador da Pastoral Carcerária, Luiz Rômulo elogiou a iniciativa do projeto, ressaltando que essa colaboração será benéfica para ambos os lados pois é um estímulo para o trabalho da Pastoral Carcerária dentro da estrutura da igreja católica, e eles poderiam ajudar com voluntários motivados, que têm experiência no tema e comunicação com a sociedade. Citou a sua proximidade com os coordenadores das paróquias, que por sua vez, conhecem muitas mulheres com familiares encarcerados. Ainda, relembrou que a igreja pode criar um ambiente para promover a eliminação de preconceitos. Relatou que a Pastoral Carcerária tem sentido internamente o aumento desse preconceito. Tem pedido aos padres, maior espaço para a Pastoral Carcerária nos conselhos das paróquias, pois é o meio de chegar às comunidades e ter acesso às famílias, e não tem obtido respostas. Além disso, percebeu que a igreja tem tido muitas dificuldades de abraçar a causa dos Direitos Humanos.

Por fim, sugeriu que a secretária Glória Amorim apresente o projeto pessoalmente ao Bispo Diocesano Dom Luiz Henrique, e se possível com a presença do Prefeito. Dessa forma, a chance da Pastoral Carcerária ser chamada para atuar em parceria será maior. E afirma que será difícil conquistar este espaço se não for acordado dentro da igreja.

Denis Praça, defensor público atuante no núcleo do sistema penitenciário, acredita que é importante que esse projeto também gere um movimento de pressão cidadã no Judiciário. Denunciou que a administração penitenciária não tem qualquer controle sobre a quantidade de pessoas presas e sobre quem são essas pessoas, e trouxe o caso do juiz que foi

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5 processado junto ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) acusado de “soltar demais”, e lembrou que jamais veríamos um juiz acusado de prender demais, quando, na verdade, essa é a realidade.

Sustentando seu argumento, Denis pontuou que quando começou a atuar na área penal em 2012 existiam um total de 25 mil presos no Rio de Janeiro, e que hoje esse número dobrou, reforçando que esse aumento constante do número de detentos torna inviável assegurar o direito dessas pessoas. Considerando que os juízes não são pressionados a tomar decisões desencarceradoras, o defensor acredita que precisamos construir um “movimento cidadão desencarcerador” para reverter esse cenário. Por fim, citou dois casos que exemplificam a política adotada pelos juízes. O primeiro se refere à aprovação de uma lei que garante que mulheres com filhos menores de 12 anos tenham direito a cumprir prisão provisória em domicílio, uma lei em benefício da criança. A Defensoria Pública realizou uma pesquisa sobre audiências de custódia onde apontou que apenas uma entre quatro mulheres tem esse direito efetivado. O segundo caso é a negação dos pedidos de prisão domiciliar para pessoas muito doentes, que morreriam caso fossem infectadas com Covid-19 na prisão.

Maria Gabriela, colaboradora do FJ à frente das temáticas relacionadas a violência armada e sistema prisional, explicitou o processo interno do FJ para pensar em possíveis apoios dentro dessa temática tão sensível e em um contexto de acirramento da violência armada. Para Gabriela, esse assunto não pode ser visto de maneira fragmentada, precisamos criar espaços seguros para além das instituições, mas também refletir a quem serve as instituições quando se trata dos egressos e do tema de violência armada. Pontuou a importância da união das redes que trabalham com o tema e de pensarmos em modos de fazer com que essas pessoas que vão ser ouvidas se sintam seguras para colocar suas demandas. Lembrando da sua experiência trabalhando em um órgão da ouvidoria externa, reforçou a importância de fomentarmos esses espaços de conexão entre formuladores de políticas públicas e quem mais precisa delas.

Respondendo o Rômulo, defendeu que antes de dar grande visibilidade ao projeto é importante pensar internamente quem são essas mulheres e como convencê-las a confiar em nós, de forma que possamos criar propostas com base nas demandas. Retomando a fala do Denis, concordou com o papel chave do sistema de justiça no fluxo carcerário, mas pontuouque no momento queremos suprir a lacuna nas ações de superação e sobrevivência

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6 dessas pessoas dentro desse contexto. Disse ainda, que está pensando em como mapear, divulgar e criar uma agenda de diálogo com essas mulheres, e colocou questões como: trataremos de temas? Registraremos como demandas? Criaremos protocolos? Vamos checar demandas e denúncias pretéritas? Por fim, ressaltou que enquanto Fórum Justiça nos propomos a colaborar e entender, e que esse projeto, se bem sucedido, pode ser replicado em outros estados.

Elisa Maria Ferreira, agente da Pastoral Carcerária e atuante em trabalhos com a DEGASE1 e na Pastoral de Acolhimento à Mulher, concordou com a avaliação do Denis e lembrou que o encarceramento é tema da agenda nacional da Pastoral. Sua fala trouxe ricos exemplos. Relatou que antes da pandemia, no município de Barra Mansa, havia uma parceria com a prefeitura e a Igreja São Sebastião para levar as mulheres para visitar os seus familiares em Bangu – Rio de Janeiro. Eram realizadas reuniões mensais e a Pastoral era responsável pelo agendamento das pessoas, dessa forma, tinha todos os cadastros. Além disso, eventualmente também ajudavam com doação de cestas básicas e remédios. Elisa contou que durante a pandemia a situação de vulnerabilidade dessas mulheres aumentou, muitas ligam para desabafar ou pedem ajuda para custódia ou para comprar alimentos. Já em Volta Redonda, o atendimento a essas famílias era feito na Cúria, mas com a pandemia foi suspenso. O trabalho era assistencial, ofereciam orientação por meio da parceria com alunos do curso de direito da Universidade Federal Fluminense e com o professor Taiguara.

A agente pastoral também citou o seu trabalho no DEGASE, a partir das paróquias. Nesse caso, atuava em duas frentes, a visita para conversar com os jovens, e no domingo, levavam lanches e ouviam as mães dos jovens. Com esses relatos, afirmou que não é difícil localizar essas mulheres e que acredita que muitas participariam das reuniões se fossem convidadas. Por fim, disse que existe um secretário de Direitos Humanos em Niterói fazendo um trabalho interessante na mesma linha, e que talvez fosse uma boa ideia unir forças.

Guilherme Pimentel, ouvidor geral da defensoria pública do Rio de Janeiro, falou sobre o projeto iniciado na ouvidoria no ano passado chamado Escutas Prisionais, que teve início com a escuta de mães de mulheres presas no Talavera Bruce, de 15 em 15 dias durante um ano. A partir disso, desenvolveram um modelo trabalho para humanização do atendimento, com foco em pessoas hipervulneráveis, e afirmou que quer colocá-lo à

1Unidade onde menores infratores cumprem medidas socioeducativas para serem reinseridos na

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7 disposição. Ressaltou a importância de reverberar essa humanização também dentro da instituição. Ainda, afirmou que a ouvidoria tem aprendido muito sobre melhores formas de dialogar com as famílias que passam por enormes angústias.

Além disso, estão sistematizando os relatos para construir com as famílias uma agenda de incidência política para buscar resultados práticos. Ademais, disse que atendem muitas mulheres residentes em Volta Redonda e que a ouvidoria está disponível para ajudar com o que for possível.

“O acesso àjustiça não se ressume ao judiciário e sim ao acesso aos direitos.”

Concluindo a rodada de propostas e debates, Rosane Lavigne, defensora pública do Rio de Janeiro e coordenadora geral do FJ, expressou a preocupação em fazer uma soma qualificada, sendo muito importante observar a rede de mulheres e pessoas que atuam no sistema prisional, reforçando a qualificação da Gabriela para tal atividade. Afirmou que o propósito do FJ é observar e tentar somar a partir da nossa experiência e de iniciativas que já temos desenhado, mas que podem ganhar corpo a partir do diálogo com parceiros. Rosane também fez coro à fala do Denis e levantou como possibilidade, para dar um sentido inovador ao projeto, associar o desencarceramento a uma reflexão sobre a ressocialização e recepção do egresso. Igualmente, demonstrou preocupação com a “porta de entrada” do sistema prisional, e expressou interesse em fazer uma reflexão com os familiares para entender a seletividade do sistema de justiça.

Retomando a fala da Gabriela, concordou com a criação de um protocolo para escuta às mulheres. Também, lembrou do histórico de luta de Volta Redonda e acredita que a partir dessa mobilização essas mulheres podem estabelecer um grupo e mais tarde formar uma rede com uma voz mais modulada pra uma questão mais crítica política. Por fim, ressaltou o papel do FJ como facilitador e promotor desses encontros.

Para encerrar o encontro, Glória Amorim demonstrou otimismo com o projeto, agradeceu a presença de todos e disse que acredita que mesmo não sendo algo inovador será aperfeiçoado a partir do momento que entrar em prática. Lembrou-nos que o povo pobre tem medo da justiça, e um dos papéis do FJ é fortalecer essas mulheres para que elas busquem justiça.

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8 Encaminhamentos

Ao final da reunião ficou decidido que vamos amadurecer o projeto a partir das propostas e argumentos e iremos marcar um próximo encontro, já que todos demonstraram interesse em somar forças.

Referências

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