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MUDANÇA DA EFICIÊNCIA DO USO DOS FATORES TRABALHO E TERRA NA AGRICULTURA BRASILEIRA, FRENTE À INTENSIFICAÇÃO DO USO DE INSUMOS MODERNOS

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MUDANÇA DA EFICIÊNCIA DO USO DOS FATORES

TRABALHO E TERRA NA AGRICULTURA BRASILEIRA,

FRENTE À INTENSIFICAÇÃO DO USO DE INSUMOS

MODERNOS

Marcelo Farid Pereira, M.Sc., Doutorando

PPGEP/UFSC - C.P. 476 - Florianópolis, SC - 88040-900 Professor Assistente do DCO/UEM - E-mail Farid@eps.ufsc.br

João Serafim Tusi da Silveira, M.Sc., Doutorando

PPGEP/UFSC - C.P. 476 - Florianópolis, SC - 88040-900 Professor Adjunto CNM/UFSC

Edgar Augusto Lanzer, Ph.D.

Professor Titular do PPGEP/UFSC Caixa Postal, 476 - Florianópolis, SC - 88040-900

Abstract

The aim maim of this article is to evaluate the changes of the production efficiency of the factors labor and land, in Brazilian’s agriculture. Mostly the changes are resulting of the increase in the modern input use. All Region and States of Brazil were studied. The methodology used were partial productivity indicators of land and labor, and a multidimensional indicator based in Data Envelopment Analysis (DEA). The results obtained were satisfactory and its correspondence with empirical observations.

Gestão Economica / Indicadores de desempenho

Key words: Efficiency changes; Brasilian’s agriculture; Productivity indicators.

1. Introdução

1.1- Evolução e importância econômica da agricultura brasileira

Desde o início da colonização até os dias atuais, a agricultura sempre teve um papel de destaque na economia brasileira, sendo de fundamental importância para a geração de riquezas e aumento do bem estar social.

Pode-se dizer que produtos agrícolas como Pau Brasil (extrativismo), Cana-de-açúcar, Fumo, Algodão, Café, Borracha e Cacau, foram os principais geradores de renda no período de 1500 a 1930. Nesta fase, caracterizada como modelo econômico primário exportador, quase todos os outros bens de consumo que não eram produzidos internamente, dependiam da renda gerada pela exportação dos produtos agrícolas para serem adquiridos. O ouro e os diamantes também foram importantes geradores de renda no final do século XVII, até meados do século XVIII.

A partir de 1920, e principalmente a partir de 1930, a indústria brasileira começa a desenvolver-se com maior intensidade. O financiamento desse crescimento é baseado na riqueza gerada pela agricultura. Todos os incentivos a partir daí foram voltados para o desenvolvimento da indústria, em detrimento da agricultura. Mesmo assim a riqueza interna gerada pela indústria só se distancia da riqueza interna gerada pela agricultura, na década de 50 Brum(1991).

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Na década de 50, a renda gerada pelo setor agrícola é ultrapassada pela do setor industrial e pela do setor de serviços, passando estes últimos a ganhar cada vez maior destaque na economia brasileira. Atualmente, o setor de serviços e o setor industrial têm maior participação na geração da renda interna (cerca de 88 %), cabendo apenas 12 % ao setor agrícola (Mueller, 1997). Entretanto, não significa que a agricultura diminuiu em importância para o desenvolvimento do país. Ao contrário, pode-se afirmar que esta é de fundamental importância para a economia brasileira, através da geração de divisas pelas exportações de produtos agrícolas, do fornecimento de insumos às agro-indústrias e do fornecimento de alimentos às pessoas que vivem nas cidades.

O fato da agricultura representar uma menor participação na formação do PIB (Produto Interno Bruto, total das riquezas produzidas internamente em um país, maiores detalhes ver Rossetti, 1996), com relação aos outros setores (indústria e serviços), não tira a sua importância como setor alavancador da economia.O setor agrícola contínua sendo a base para o bom desempenho do complexo agro-industrial que envolve toda a produção agropecuária, a fabricação e a comercialização dos insumos e máquinas, a industrialização e a distribuição da produção do setor agrícola. De acordo com Lima apud Rossi (1995), o complexo agro-industrial corresponde por cerca de 40% do PIB e por, aproximadamente, 40% das exportações brasileiras.

Como pode-se notar, o setor agrícola é a base para todo o complexo agro-industrial, que surgiu em correspondência com a transformação de uma economia puramente agrícola para uma economia mais industrializada, onde se desenvolvem com grande rapidez os setores industrial e de serviços.

A expansão da produção agrícola brasileira, a partir dos anos 70, se da basicamente através da expansão da utilização de insumos modernos (máquinas, produtos químicos, sementes melhoradas), Esse processo de modernização é resumidamente apresentado a seguir.

1.2 - O processo de modernização da agricultura brasileira

A agricultura brasileira até meados dos anos 60 não apresentava sinais significativos de utilização de insumos industriais, ou de tecnologia adequada às suas condições edafo-climáticas. Quanto a sua estrutura agrária, ela ainda continuava constituída, em grande parte, ou por extensos latifúndios desinteressados em inovações apenas se aproveitando da disponibilidade de mão-de-obra e terra, ou por minifúndios que não estavam interessados no mercado, destinando sua produção quase que exclusivamente ao atendimento das próprias necessidades (Santos,1988).

A partir de 1965, parece ficar evidente a necessidade de aumentar os índices de produtividade da agricultura. E isso não seria possível, utilizando-se apenas os instrumentos já existentes. Surgia então a necessidade de investimentos elevados para o utilização de novas tecnologias geradoras de expansão da produtividade agrícola.

A modernização da agricultura brasileira foi simultânea ao desenvolvimento de uma tendência mundial em que as tecnologias agrícolas eram voltadas ao uso intensivo de insumos industriais poupadores de terra e trabalho. Esse período ficou conhecido como “revolução verde”.

Outro fator que influenciava a modernização da agricultura brasileira era a saída gradativa de um período de substituição de importações para entrar em uma era de incentivos as exportações, onde a agricultura teria um papel importante. Neste caso, a agricultura participaria com a exportação de produtos primários para um mercado internacional exponecialmente crescente, e ainda incentivaria a expansão industrial interna, que, passava a demandar insumos industriais em escala auxiliando o crescimento do setor. Como pode-se notar, na análise de Santos (1988), o desenvolvimento da agricultura foi

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atrapalhado, desde a colonização do país até meados dos anos 60, por fatores relacionados às políticas dirigidas ao setor agrícola. Estes fatores estavam relacionados com a disponibilização da mão-de-obra (escrava e imigração) e com a viabilização da utilização de terras por grandes empresas. Quando se iniciou o processo de modernização foi exógeno à agricultura, e fruto da disponibilidade de pacotes tecnológicos do exterior e do apoio ao desenvolvimento do setor rural.

Um estudo sobre a utilização dos insumos modernos na agricultura realizado por Barros e Manoel (1988), demonstra que eles se expandiram principalmente a partir do final dos anos 60, e mais intensivamente a partir da década de 70, devido ao incentivo à produção interna de alguns deles proporcionado pelo II PND (1974/1979). Pode-se citar como exemplo alguns dados extraídos do referido trabalho sobre o consumo aparente de fertilizantes que era de 630.380 (toneladas de ingrediente ativo) em 1969, e 5 anos depois, em 1974 salta para 1.824.636,uma quantidade três vezes maior. No caso da venda doméstica de tratores agrícolas, observa-se que em 1974 eram consumidos internamente 5 vezes mais tratores do que em (1969, 45.995 e 9.664 unidades, respectivamente).

Tratando-se de defensivos agrícolas (inseticidas, fungicidas e herbicidas), os autores destacam uma expansão até meados da década de 70. A partir dai segundo eles, ocorre uma estabilidade no consumo.

Como pode-se notar a agricultura brasileira sofreu grandes mudanças. Consequentemente, espera-se que tenham se verificado alterações na produtividade da terra e do trabalho, e deste dois fatores conjuntamente. Como se sabe todos os insumos modernos mensionados a pouco são poupadores de terra e mão-de-obra. Assim para os Estados que intensificaram o uso deles, espera-se uma maior produtividade desses fatores compartivamente aos Estados que ainda não passaram a se utilizar desses insumos.

Em consonância com o breve diagnóstico realizado, o principal objetivo deste artigo é o de analisar a produtividade agrícola das Regiões e os Estados do Brasil, identificando os que mais se destacaram na absorção de novas tecnologias e os que ficaram marginalizados do processo de modernização, no período de 1975 a 1985.

2. Metodologia de análise

Para realizar a presente análise utilizou-se indicadores de produtividade parcial e global.

No caso dos indicadores parciais, comparou-se a evolução da produtividade da terra e do trabalho em cada unidade, em função do tempo. O indicador global considerou conjuntamente a terra e o trabalho, analisando-se as alterações na eficiência produtiva de cada unidade ao longo do tempo. Esse indicador baseia-se na técnica de programação matemática, que esta brevemente apresentada a seguir.

A Análise de Envoltória de Dados compreende métodos de análise de eficiência baseados na programação matemática, conhecidos como métodos não-paramétricos. Estes métodos englobam e se derivam das técnicas de DEA (Data Envelopment Analysis), iniciadas por Farrel (1957) e ampliadas por Chanes, Cooper e Rhodes (1978) e Banker, Charnes e Cooper (1984).

Nesta abordagem a análise da eficiência produtiva de empresas com múltiplos insumos e produtos parte da idéia de construir uma (híper) superfície limite, de tal modo que as empresas mais eficientes se situem sobre esta superfície (fronteira), enquanto as menos eficientes se situem internamente. De algum modo, sobre a superfície de referência, a relação "produtos/insumos" deve ser a maior possível dentre aquelas observadas nas várias empresas. Então, o grau de ineficiência de uma empresa qualquer do conjunto pode ser avaliado como a distância do seu vetor produto/insumo até a superfície de referência.

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O modelo original de Charnes, Cooper e Rhodes pode ser descrito resumidamente como se segue. Para avaliar a eficiência produtiva de um vetor produto/insumo de uma empresa Q relativo a outros vetores de um conjunto de N empresas, é resolvido um problema de programação fracionária que tem por objetivo maximizar o quociente entre uma função linear das quantidades produzidas e uma função linear das quantidades de insumo utilizadas pela empresa Q. Sujeito a restrições de que o mesmo quociente para cada uma das outras empresas deve ser igual ou menor que a unidade. O problema apresentado por Charnes, Cooper e Rhodes (1978) no artigo introdutório é um problema de programação fracionária onde a medida de eficiência é obtida através da razão da soma ponderada dos Produtos, pela soma ponderada dos Insumos. Como apresentado abaixo:

Max.

Η

Q

=

w y

i iQ

/

vx

jQ

,

restrita a

w y

i is

/

v xj

j s

1

s = 1,...Q...s,

wi , vj ≥ε i = 1,....I; j=1,...J,

Onde

S é o número de unidades a serem avaliadas (parâmetro); I é o número de produtos (parâmetro);

yis é a quantidade do produto i gerado pela unidade s (parâmetro); J é o número de insumos (parâmetro);

xjs é a quantidade de insumo j usado pela unidade s (parâmetro); wi é o peso associado com o produto i (incógnita);

vj é o peso associado com o insumo j (incógnita);

ε é um número pequeno e positivo.

A transformação deste modelo de programação fracionária para um modelo de programação linear também é realizada no artigo introdutório de Charnes, Cooper e Rhodes (1978). Modelos com simplificações computacionais foram apresentados por Tulkens (1993).

3. Análise da produtividade parcial dos fatores na agricultura

Na análise da produtividade parcial do fatores na agricultura, foram utilizados os produtos que representam mais de 80% da produção agrícola brasileira: Algodão, Arroz, Cana-de-açúcar, Feijão, Mandioca, Milho, Soja, Trigo, Tomate, Fumo, Batata, Amendoim, Banana, Cacau, Café, Coco da Bahia, Uva e Laranja. Os dados foram extraídos dos censos agropecuários de (1975, 1980, 1985). Para a montagem dos indicadores parciais, estes produtos foram agrupados com base em seus preços no ano de 1980. Desta forma elimina-se o problema de correção do valor do dinheiro no tempo, devido ao fato de só as quantidades sofrerem alterações, pois o fator de agregação permanece o mesmo para todos os períodos.

Agregando-se todos os produtos com base na metodologia descrita acima, obtém-se o valor agregado da produção agrícola, que é dividido pela quantidade do fator terra empregado na sua produção e pela quantidade de mão-de-obra utilizada pela agricultura. Desta forma, chega-se aos indicadores parciais de produtividade da terra e do trabalho para os anos de 1975, 1980 e 1985, separados por Estados e agregados por Região e para o país (tabela 01).

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Unidades Prod –T(75) Prod -T(80) Prod -T(85) Prod - M(75) Prod - M(80) Prod - M(85) 1-Rondônia 15,38 14,05 20,75 21,09 20,49 26,19 2-Acre 24,72 17,42 15,72 13,33 11,20 8,40 3-Amazonas 41,48 30,26 31,40 9,21 8,45 7,64 4-Roraima 11,72 14,74 13,78 8,25 21,16 19,19 5-Pará 18,34 19,13 19,89 12,80 12,39 13,24 6-Amapá 21,88 22,33 26,01 15,43 14,11 8,38 Norte 20,63 19,08 20,91 12,36 12,21 13,52 8-Maranhão 12,87 12,17 11,11 10,18 10,10 8,97 9-Piauí 8,90 7,29 8,38 8,69 4,82 7,93 10-Ceará 10,17 7,79 7,77 11,99 6,67 10,42 11-Rio G. Norte 9,07 13,40 10,48 8,77 8,06 13,20 12-Paraíba 12,11 12,05 11,87 9,67 9,06 14,76 13-Pernambuco 18,53 20,85 18,70 19,51 18,81 24,76 14-Alagoas 20,89 29,35 26,01 29,10 31,63 39,76 15-Sergipe 18,89 33,54 18,07 10,94 11,50 13,95 16-Bahia 23,42 24,42 20,50 17,87 19,58 21,47 Nordeste 16,16 17,73 15,69 14,70 14,23 17,48 18-MinasGerais 14,03 18,04 25,05 22,52 31,02 43,87 19-Espírto Santo 18,66 30,88 34,53 31,58 51,24 74,92 20-Rio deJaneiro 25,96 26,07 30,55 35,99 34,33 38,36 21-São Paulo 29,23 34,53 42,35 90,46 122,96 175,40 Sudeste 22,27 27,37 34,37 46,48 62,24 83,79 23-Paraná 21,84 19,11 23,00 68,40 75,36 91,87 24-Sant Catarina 19,94 20,58 22,61 34,41 45,04 51,31 25-Rio G do Sul 14,54 15,07 19,05 57,02 66,89 80,61 Sul 18,14 17,40 21,22 57,90 66,21 79,47 27-Mato G. Sul 11,66 14,17 17,41 41,92 78,07 114,18 28-Mato Grosso 12,67 12,83 17,33 21,78 45,93 75,35 29-Goiás 11,44 12,84 16,15 36,14 41,32 64,68 30-Distrito Fed. 23,76 17,51 20,60 16,54 29,63 67,05 Cento-oeste 11,67 13,21 16,88 34,12 48,59 77,87 Brasil 18,11 19,43 22,54 32,43 36,81 45,94

Tabela 01: Indicadores parciais de produtividade da terra(T) e do trabalho(M).

Como pode-se observar pelos indicadores parciais, os maiores ganhos de produtividade entre 1975 e 1985, ocorreram nas Regiões Centro-oeste, Sudeste e Sul. As Regiões Nordeste e Norte, apresentaram resultados mais modestos quanto ao aumento de produtividade dos fatores, sendo que o Nordeste chegou a acusar decréscimos de produtividade de 3%, quanto ao fator terra. Os dados que ilustram essa situação encontram-se na tabela 02.

Regiões Produtividade da Terra(75-85) Produtividade do Trabalho (75-85).

Norte 1% 9% Nordeste - 3% 19% Sudeste 54% 80% Sul 17% 37% Centro-oeste 45% 128% Brasil 24% 48%

Tabela 02.- Percentagem de alteração dos indicadores parciais de produtividade 75-85. Pode-se notar, também, que houve uma evolução da produtividade da terra e do trabalho na agricultura brasileira, fruto do processo de modernização intensa ocorrido nas décadas de 70 e 80, conforme se viu na introdução deste artigo. Outra observação importante que-se pode inferir é que a modernização foi mais intensa nas Regiões

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Centro-oeste, Sudeste e Sul. As Regiões Norte e Nordeste, parecem ter menor participação nesse processo.

O surpreendente desempenho da Região Centro-oeste é fruto de uma grande expansão de culturas como o soja, que se utilizam intensivamente de insumos modernos e, consequentemente, conseguem aumentam a produtividade dos fatores terra e trabalho.

4. Análise de eficiência dos fatores na agricultura brasileira

Para avaliar a evolução da eficiência na agricultura, foram utilizados os mesmos dados da análise parcial de produtividade. Apenas desmembrou-se a produção total em produção temporária (Algodão, Arroz, Cana-de-açúcar, Feijão, Mandioca, Milho, Soja, Trigo, Tomate, Fumo, Batata e Amendoim) e produção permanente (Banana, Cacau, Café, Coco da Bahia, Uva e Laranja). Os insumos foram mantidos os mesmos, terra e trabalho, ficando-se, então, com 2 produtos e 2 insumos.

UTD Eficiência 1975 Eficiência 1985 Mudança de Eficiência

1-Rondônia 0,697 0,515 -26% 2-Acre 0,884 0,356 -60% 3-Amazonas 1 0,677 -32% 4-Roraima 0,447 0,324 -28% 5-Pará 0,731 0,455 -38% 6-Amapá 0,793 0,57 -28% Norte 0,776 0,478 -38% 8-Maranhão 0,549 0,256 -53% 9-Piauí 0,403 0,194 -52% 10-Ceará 0,435 0,181 -58% 11-Rio G Norte 0,391 0,244 -38% 12-Paraíba 0,496 0,276 -44% 13Pernambuco 0,804 0,436 -46% 14-Alagoas 1 0,608 -39% 15-Sergipe 0,626 0,416 -34% 16-Bahia 1 0,532 -47% Nordeste 0,562 0,364 -35% 17-MinasGerais 0,518 0,648 25% 18-Espírto Santo 0,865 1 16% 19-Rio d Janeiro 0,998 0,712 -29% 20-São Paulo 1 1 0% Sudeste 0,757 0,846 12% 21-Paraná 0,755 0,543 -28% 22-Sant Catarina 0,988 0,532 -46% 23-Rio G do Sul 0,624 0,459 -26% Sul 0,639 0,501 -22% 24-Mato do Sul 0,461 0,642 39% 25-Mato Grosso 0,623 0,429 -31% 26-Goiás 0,399 0,381 -5% 27-Distrito Fed. 0,766 0,485 -37% Cento-oeste 0,614 0,442 -28% Brasil 0,712 0,529 -26%

Tabela 03: Índices DEA de eficiência e mudança de eficiência.*

* Orientação insumo e retorno de escala constante.

A técnica DEA foi utilizada para encontrar os indicadores de eficiência das unidades sob análise,nos anos de 1975 e 1985. Os índices de eficiência igual a 1 (um) indicam que a unidade foi eficiente na produção, com o dado nível de insumos.Os índices menores que 1

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(um) indicam o grau de ineficiência, que é proporcional à distância da unidade em relação ao índice unitário. É bom lembrar que toda a análise é feita comparativamente, conforme descrito na metodologia. A tabela 03 apresenta os índices de eficiência em 1975, 1985 e a mudança relativa de eficiência de cada unidade em relação ao tempo.

Como pode-se notar na tabela 02, as unidade de referência na análise, em 1975, foram São Paulo, Alagoas e Amazonas, sendo quase eficientes, Santa Catarina e Rio de Janeiro. Esses índices são reforçados pelos indicadores parciais. Por exemplo, Amazonas apresenta a mais alta produtividade da terra em 1975, e São Paulo a mais alta produtividade do trabalho. Já em 1985, foram São Paulo e Espírito Santo as referências. As demais unidades apresentavam, relativamente a estas referências, algum tipo de ineficiência.

A quarta coluna é a mais importante para nossa análise, pois demonstra a mudança relativa de eficiência das unidades ao longo do tempo. É bom observar que isso não significa dizer que as unidades diminuíram suas produtividades parciais, pois conforme a tabela 01, elas aumentaram, de 1975 para 1985, em todas as unidades, com exceção de algumas unidades da Região Norte e Nordeste e do Distrito Federal, no caso da terra.

Uma importante inferência que se pode extrair da coluna de mudança de eficiência, é que todas as Regiões, com exceção da Sudeste, ficaram relativamente menos eficientes. O Norte e o Nordeste ficaram com as maiores mudanças negativas, -38% e -35% respectivamente. O Sul e o Centro-oeste também apresentaram mudanças negativas, -22% e –28% na mesma ordem. Este destaque do Sudeste se da principalmente em função da expansão do Café e da Laranja nesta Região.

5. Considerações finais

É bom destacar que os modelos aqui trabalhados, principalmente o de programação matemática, foram utilizados mais para analisar a mudança de eficiência entre as unidades do que para propor a adoção de políticas comparativas entre estas.

Os índices de mudança de eficiência negativos apresentados pelo Sul não significam, necessariamente, um atraso tecnológico em relação ao Sudeste, mas sim que o Sul, que já possuía um elevado padrão tecnológico em relação ao país, evoluiu, em termos de produção agrícola, menos do que a outra Região.

Quanto ao atendimento dos objetivos planejados por este estudo, pode-se dizer que os modelos empregados foram eficientes na percepção de que as Regiões Norte e Nordeste apresentavam atrasos tecnológicos em relação ao resto do país. E o que é pior ainda, que essas Regiões estavam se distanciando cada vez mais da fronteira tecnológica.

Em trabalhos futuros sugere-se incluir a pecuária na análise.

6. Referências bibliográficas

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