Central da Comarca de São Paulo (SP).
Processo n. 1037504-58.2016.8.26.0100
ABESPREV – Associação de Defesa de Direitos Previdenciários dos Banespianos, fundada em 1999, inscrita no CNPJ sob n. 02.976.653/0001-36, com sede na Rua Líbero Badaró, 293 – 31º andar - CEP 01009-907 – 31º andar - CEP 01009-907, através de seus diretores que constituíram o advogado que abaixo assina e declara o mesmo endereço acima para intimações, conforme mandato incluso (doc. n. 01), nos autos da AÇÃO CIVIL PÚBLICA interposta pelo MINISTÉRIO PÚBLICO e Outro contra CAIXA BENEFICENTE DOS FUNCIONÁRIOS DO BANCO DO ESTADO DE SÃO PAULO – CABESP e Outro, valendo-se do instituto da ASSISTÊNCIA SIMPLES previstos nos Art. 121 e seguintes do NCPC, vem intervir no processo em auxilio da Ré CABESP, em face dos seguintes motivos: 01 - A Requerente tem interesse no desfecho e reflexos desta Ação Civil Pública ajuizada pelo Ministério Público contra a CABESP, por possuir entre seus objetivos sociais a adoção de medidas em defesa, proteção e manutenção de planos de assistência à saúde de seus associados, podendo constituir em nome deles sem outorga de procuração ou autorização em assembleia, advogados para a defesa dos objetivos da associação. (Art. 3º-I e III do Estatuto Social anexo, doc. n.02).
02 - O quadro associativo desta Requerente é composto de participantes do Plano CABESP DIRETA, criado em 1968 para dar assistência médica e hospitalar direta e tão somente aos funcionários do BANESPA e seus dependentes enquanto mantida para estes tal qualidade, extensiva aos funcionários que se desligarem do quadro funcional Banco por motivo de aposentadoria, excluídas outras causas de desligamento.
03 - O citado plano CABESP DIRETA constituiu ao longo dos anos uma reserva patrimonial para atender a assistência aos participantes do plano no futuro, proveniente da contribuição mensal paga em valor igual ao das contribuições arrecadadas dos participantes, e de parte da receita auferida de seguros de vida vendidos aos clientes do Banco.
04 - A reserva patrimonial específica e destinada exclusivamente aos participantes do PLANO CABESP DIRETA está segregada na contabilidade gerencial, em separado dos ativos de outros planos da Ré, inclusive do PLANO CABESP FAMILIA, sendo, portanto, blindada à destinação diversa do fim a que foi constituída.
05 - Com a privatização do Banespa ocorrida em 2000, o Banco Santander na qualidade de sucessor daquele lançou para seus empregados em atividade um programa de demissão voluntária (PDV) pagando aos aderentes uma indenização além dos direitos decorrentes da recisão sem justa causa. Todavia, o desligamento do quadro funcional do Banco pelo PDV, automaticamente, causaria ao empregado sua exclusão do plano CABESP DIRETA e a perda do direito à assistência, assegurando-lhe tão somente, por força da Lei 9.656/98, Art. 30-§1º, a permanência pelo prazo máximo de 24 (vinte e quatro) meses, mediante o pagamento da contribuição em dobro.
06 - Em face disso, em 2002, foi instituído um plano autossustentável denominado CABESP FAMILIA, para abrigar funcionários que eram participantes do plano CABESP DIRETA, extensivo a familiares, usufruindo-se da mesma rede médica-hospitalar, mas mediante contribuição mensal prevista em conformidade da Lei 9.656/98, e compatível às praticados no mercado, com reajustes anuais de acordo com a faixa etária e variação dos custos efetivados. O funcionamento do plano CABESP FAMÍLIA foi previamente autorização da Agência Nacional da Saúde (ANS), e constituiu reserva patrimonial própria que está gerencialmente contabilizada em separado.
07 - Os reajustes das contribuições mensais dos participantes praticados no Plano CABESP FAMÍLIA foram efetuados em percentuais apurados atuarialmente que assegurassem a solvabilidade dos compromissos futuros do Plano, pois um reajuste não técnico, a menor, inferior à necessária para manter a solvência do plano, fatalmente o levaria a sua EXTINÇÃO.
08 - Sem entrar no mérito dos fundamentos que embasaram a decisão proferida pela 3ª. Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, que por maioria, deu provimento ao Agravo de Instrumento proposto pelo MP, concedeu Tutela Provisória para determinar que a Ré aplique os mesmos percentuais de reajuste nas mensalidades do plano CABESP DIRETA aos reajustes das mensalidades do plano CABESP FAMÍLIA, com observância aos cargos que eram exercidos no Banco pelos participantes quando funcionário, na data em que ocorreu o desligamento sem justa causa do quadro funcional.
09 - Data vênia, Nobre Julgador, o cumprimento da Tutela Provisória concedida ensejará num curtíssimo prazo o esgotamento das reservas que o plano CABESP FAMÍLIA possui, e consequentemente, acarretará a EXTINÇÃO deste, com o encerramento da assistência médica hospitalar aos seus participantes, ou seja, a Tutela concedida poderá, ao invés de beneficiá-los, causar um irreparável PREJUÍZO aos participantes, salvo se o corréu Banco Santander, que também é solidário nesta ACP, ficar obrigado a repor, com recursos próprios, as necessidades para o custeio Plano.
10 - Diante dessa inevitável fatalidade, os participantes do plano CABESP DIRETA e aqui representados pela Requerente, preocupados, temem que os efeitos no cumprimento da Tutela concedida aos participantes da CABESP FAMÍLIA possam afetar a reserva patrimonial específica e destinada tão somente à assistência dos participantes do plano CABESP DIRETA, capaz de lhes causar lesão irreparável no atendimento médico-hospitalar futuro, com ônus insuportáveis.
11 - Assim, urge que sejam prontamente delimitados e esclarecidos por esse Juízo, os efeitos e a extensão da Tutela concedida, em face da atribuição fixada no despacho de fls. 1672 exarado pelo Rel. Beretta da Silveira no Agravo de Instrumento – Processo n. 2085527-27.2016.8.26.0000.
12 - Diante do exposto a Requerente, sem prejuízo da contestação de mérito que a Ré CABESP venha apresentar, cujos termos ficam aqui ratificados naquilo que não conflitar com os ora expostos, mas em auxilio à defesa da assistência médico-hospitalar futura e ininterrupta aos associados da Requerente, participantes da CABESP DIRETA, aqui representados, vem PLEITEAR em nome destes o seguinte:
a) Sua admissão como ASSISTENTE SIMPLES da Ré CABESP; b) Esclarecimento desse douto Juízo sobre a extensão e efeitos no
cumprimento da TUTELA PROVISÓRIA concedida pelo TJSP, para que fique DECLARADA a preservação e a incomunicabilidade da reserva patrimonial constituída especificamente ao custeio da assistência destinada aos participantes do Plano CABESP DIRETA;
c) Declarar que a referida Tutela Provisória, conforme decidido pelo TJSP, está delimitada e tem aplicação somente aos participantes do plano CABESP FAMÍLIA que foram empregados do Banco Banespa, demitidos sem justa causa, e respectivos dependentes e enquanto perdurar a dependência na forma da lei;
d) Esclarecer que, no caso de esgotada a reserva patrimonial do Plano CABESP FAMÍLIA e em havendo déficit gerencial contábil para responder pelo custeio mensal da assistência do referido Plano, seja o corréu Banco Santander compelido a pagar, através de recursos próprios, o “déficit” mensal respectivo.
Termos em que, pede juntada e deferimento. São Paulo, 30 de junho de 2016.
Marcos Aurélio Pinto. OABSP nº 25.345
