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EFEITOS DO DIABETES MELLITUS SOBRE A FORMAÇÃO ÓSSEA NO CÔNDILO MANDIBULAR DE RATOS

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EFEITOS DO DIABETES MELLITUS SOBRE A FORMAÇÃO ÓSSEA NO CÔNDILO MANDIBULAR DE RATOS

GALDINO, M.V.B1.; CAPELETTI, L.C1.; ARAÚJO, R.V1.; ALMEIDA, M.E.S2; LAMERS, M.L3.; SANTOS, M.F2.; SANTOS, F.C.A1 ; MARQUES, M.R1.

GALDINO, M.V.B.; CAPELETTI, L.C.; ARAÚJO, R.V.; ALMEIDA, M.E.S; LAMERS, M.L.; SANTOS, M.F.; SANTOS, F.C.A ; MARQUES, M.R.

1Universidade Federal de Goiás (UFG) 2

Universidade de São Paulo (USP) 3

Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Contato: mrubia.01@hotmail.com

PALAVRAS-CHAVE: diabetes, osso, côndilo mandibular.

INTRODUÇÃO

O Diabetes Mellitus (DM) é uma doença crônica não transmissível caracterizada por um conjunto heterogêneo de distúrbios metabólicos de carboidratos, lipídeos e proteínas como resultado da deficiência relativa ou absoluta do hormônio insulina. Segundo o IBGE, no Brasil 9,1% da população acima dos 35 anos é acometida pelo diabetes (IBGE, 2008).

O DM tem sido associado a um grande número de complicações envolvendo vários órgãos e tecidos do corpo como olhos, rins, coração, sistema circulatório, nervoso e ósseo (BURNER et al., 2009, FRUSTACI et al., 2000, KOGAWA et al., 2000, MISHRA et al.,2005, RIZK et al., 2005, ROSEMBLOOM et al., 1996, DIB ET AL, 1992). Devido ao efeito significativo da doença sobre os tecidos conjuntivos, o acometimento dos tecidos cartilaginoso e ósseo afeta diretamente o desenvolvimento e a atividade normal das articulações (BURNER e ROSENTHAL, 2009).

Os movimentos articulares podem ficar limitados em pacientes diabéticos e um exemplo comum é o desenvolvimento da síndrome da mão rígida nestes pacientes (ROSENBLOOM e SILVERSTEIN, 1996). Neste sentido, alguns autores sugerem uma relação direta entre DM e doenças articulares como a osteoartrite, que é a maior causa de comprometimento das articulações sinoviais (DeGROOT, VERZJIL e JACOBS, 2001; WAINE, NEVINNY E ROSENTHAL et al., 1961).

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A articulação temporo-mandibular (ATM) é uma articulação sinovial, bilateral localizada entre o côndilo mandibular e a fossa glenóide do osso temporal. O côndilo desempenha a dupla função de articulação e crescimento, sendo considerado o mais importante centro de crescimento da mandíbula. É revestido por uma camada de tecido conjuntivo fibroso seguido por uma cartilagem que, em jovens, é do tipo hialina e sofre ossificação durante o crescimento do indivíduo, originando o centro ósseo do côndilo mandibular.

O objetivo desse trabalho foi avaliar a formação óssea no côndilo mandibular de ratos durante o crescimento normal e avaliar os efeitos do Diabetes Mellitus sobre a formação óssea a curto e a longo prazo.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram utilizados 28 ratos Wistar machos, com 60 dias de idade pesando aproximadamente 150g, divididos em quatro grupos: controle curto prazo (Controle CP), diabético curto prazo (Diabetes CP), controle longo prazo (Controle LP) e diabético longo prazo (Diabetes LP). Os animais do grupo diabético foram submetidos a jejum de 12 hs durante a noite e na manhã seguinte induzidos ao diabetes por injeção de Estreptozotocina (60 mg/kg em tampão citrato 0,05M e pH 4.8). O grupo controle recebeu apenas injeção de tampão citrato.

Após 48hs de indução, foram considerados diabéticos aqueles com glicemia superior a 300mg/dl. Os animais foram avaliados quanto à variação do peso e ingesta de ração para confirmar a continuação da doença bem como a averiguação da glicemia no dia da eutanásia. Os animais foram mantidos diabéticos por um período de 30 dias (Diabetes CP) ou seis meses (Diabetes LP) e eutanasiados com doses letais de quetamina e xilazina. Os procedimentos estão de acordo com as instruções do NIH e foram aprovados pela comissão de ética na experimentação animal da UFG (protocolo 174/2009).

Processamento inclusão e obtenção dos cortes para Microscopia de Luz

Os côndilos foram removidos, fixados em solução de paraformaldeido a 4% por 24 horas e desmineralizados em solução de EDTA 4,13% em tampão fosfato 0,1 M pH 7,4, a 4°C sob agitação constante, durante 30 dias; a solução foi trocada em dias alternados. Depois da descalcificação, as peças foram lavadas em água corrente, desidratadas em banhos sucessivos de etanol em concentrações crescentes (50-100%) e diafanizados em xilol. Três banhos de 1 hora em Paraplast (Sigma Chem. Co., St Louis, USA) precederam a inclusão no mesmo material. Em micrótomo rotatório foram obtidos cortes seriados de 5µm de

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espessura e posicionados em laminas pré-cobertas com poli-L-lisina (Sigma Chem. Co, St Louis). Para as análises foram selecionados cortes da porção central dos côndilos.

Histoquímica

Para a análise foi utilizada a coloração Picrossírius-Hematoxilina. as lâminas foram desparafinizadas em banhos de xilol e reidratados em sequência decrescente de etanol (100 – 50%) e água destilada. Os cortes foram imersos em solução de Picrossírius durante uma hora, seguido de coloração em hematoxilina por 8 minutos. Em seguida os cortes foram desidratados em sequência crescente de etanol (95 a 100%), diafanizados em xilol e as lâminas foram montadas com Permount ®.

Estereologia

As imagens para quantificação da massa óssea dos côndilos foram capturadas em microscópio óptico acoplado à câmera Leica DFC 300 Fx, sistema Leica Aplication Suit version 2.8.1. A porcentagem de massa óssea foi mensurada pelo programa Image pro-plus estabelecendo-se a proporção relativa entre a estrutura óssea e os espaços trabeculares de acordo com o sistema de teste de multipontos M130 proposto por Weibel (1963). Para isso, doze campos aleatórios da região central do côndilo foram obtidos para cada animal, totalizando 84 campos por grupo. Os valores relativos foram determinados pela contagem dos pontos coincidentes com a grade teste dividido pelo número total de pontos e expressos em porcentagem.

Análise Estatística

Os dados obtidos foram analisados através do programa BioEstat 3.0. Para comparação entre os grupos foi utilizada a análise de variância (ANOVA) e pós-teste de Tukey. Foram considerados significativos os valores com p < 0,05. Os valores foram expressos como média±desvio padrão.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante o crescimento normal ocorreu aumento significativo na porcentagem da massa óssea condilar (controle CP = 69,3±10,8 e controle LP = 83,4±10,4; p<0,01). A curto prazo, a massa óssea não se alterou de forma significativa no grupo diabético (66,9±12,1) se comparado ao seu respectivo controle. A longo prazo, o grupo diabético mostrou uma grande redução da massa óssea (70,0±12,6; p<0,01) quando comparado ao grupo controle (Figura 1). Alterações no metabolismo ósseo de indivíduos diabéticos têm sido demonstradas na literatura. Medindo a densidade óssea de pacientes, KRAKAUER ET AL (1995) demonstraram que a formação e o acúmulo ósseo são reduzidos durante o desenvolvimento

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dos diabéticos e, ao longo do tempo, a hiperglicemia aumenta a reabsorção óssea, levando, consequentemente, à ostepenia. No presente estudo foram obtidos resultados semelhantes quando se observou diminuição da massa óssea à longo prazo. Nos grupos diabéticos, a massa óssea praticamente não se alterou com o passar do tempo, permanecendo com valores muito semelhantes ao grupo controle de curto prazo.

Prejuízos na ossificação endocondral também foram demonstrados por KAYAL ET AL (2007) pela menor formação de calo ósseo, aumento na quantidade de osteoclastos e maior apoptose de condrócitos, o que acelera a perda de cartilagem e reduz a formação óssea.

Figura 1. Porcentagem de massa óssea nos côndilos mandibulares. Os valores são expressos em porcentagem segundo o teste de multipontos M130 de Weibel (1963). Superídices diferentes (a,b) representam diferenças estatísitcamente significantes entre os grupos. Os valores são expressos como média±desvio padrão (ANOVA/Tukey, p<0,05). Curto prazo = 30 dias; longo prazo = 6 meses.

A relação entre DM e má formação mandibular tem sido estabelecida tanto no crescimento da mandíbula (GIGLIO ET AL, 2001) como na microestrutura do osso formado (ABBASSY ET AL, 2010) onde as dimensões mandibulares e as taxas de formação óssea e de deposição mineral estão diminuídas. De forma interessante, essas alterações foram observadas após 30 ou 35 dias da indução da DM. Neste estudo, a porcentagem óssea não se alterou após 30 dias da indução da doença, sugerindo que o côndilo da mandíbula responda de forma diferente das outras regiões do osso.

A menor densidade óssea no côndilo mandibular decorrente da hiperglicemia sugere maior incidência de disfunções da ATM em indivíduos diabéticos, como proposto por

Curto prazo Longo prazo

a

a

b

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COLLIN et al. (2000). No entanto maiores estudos são necessários para comprovar a relação entre DM e disfunções da articulação temporo-mandibular.

CONCLUSÃO

A longo prazo, o Diabetes mellitus diminui a massa óssea do côndilo mandibular de ratos.

Auxílio Financeiro: Fapeg/CNPq – chamada 06/2009.

BIBLIOGRAFIA

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Referências

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