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PN: Acordam no Tribunal da Relação de Évora

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Academic year: 2021

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________________________________________________________________________ PN: 704.94

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Acordam no Tribunal da Relação de Évora

1. Carlos da Gama Nunes e mulher Maria Margarida de Sousa Uva Gama Nunes, residentes na Rua Bernardo Costa ,nº2-4º Esqº, em Almada, vêm, por apenso à acção de restituição de posse que corre no Tribunal Judicial da Comarca de Elvas, requerer habilitação contra:

a) Maria João Cunha Gama Caldeira e marido Francisco Luís Pinheiro Caldeira, residentes na Av. da Liberdade, em Campo Maior;

b) José Manuel da Cunha Gama, idem;

c) Maria Celeste da Gama Nunes Filipe e Júlio ,Filipe, residentes na Rua de S. João nº 5, em Campo Maior;

d) Maria da Gama Nunes, residente na Rua Rainha D. Leonor de Gusmão nº 14, 8º Esqº, em Lisboa;

e) Maria Beatriz da Gama Cidrais, divorciada, residente na Rua do Lobito nº 382, 2º Dtº, na Parede;

f) Maria Arminda Gama Cidrais Vaz de Sousa, casada, residente na Av. de Paris, nº 22, 3º Dtº, em Lisboa;

g) Maria Luísa Gama Cidrais Fernandes, residente na Rua de Portalegre, nº 7, em Elvas.

(2)

2 a) A acção principal de restituição de posse e de condenação de RR. no pagamento quer dos rendimentos da herança, quer de indemnização, foi instaurada na pendência de inventário de maiores por óbito de Vicência Gonçalves Gama, sendo A. o cabeça de casal, e ora habilitando Carlos da Gama Nunes;

b) Findo o inventário e efectuada a partilha, a questão da posse ficou prejudicada mas não assim os demais pedidos;

d) Apenas se habilitou ao prosseguimento da lide a requerida Maria Beatriz da Gama Cidrais;

e) Mas os habilitandos marido e mulher adquiriram verbas de 1/14 da herança e têm directo a prosseguir na lide, reclamando dos RR. (1ºs e 2ºs requeridos) a parte proporcional dos frutos dos bens da herança desde a abertura da sucessão até à partilha;

f) e os habilitandos, ainda que os demais herdeiros não queiram habilitar-se, devem deduzir a habilitação contra todos eles.

3. Os requeridos Mário Gama Nunes, Maria Celeste da Gama Nunes Filipe e marido Júlio Filipe, contestaram, alegando:

a) a herança a que respeita o cabeçalato está já partilhada, tendo cessado as funções de cabeça do casal;

b) esta é um simples administrador da herança, não lhe cabendo nem ele tendo jamais invocado poderes de representação de cada um dos herdeiros;

c) são portanto partes ilegítimas ou então devem improceder a habilitação.

4. Os requeridos Francisco Luís Pinheiro Caldeira, Maria João da Cunha Gama Caldeira e José Manuel da Cunha Gama, na contestação que ofereceram, disseram:

a) a habilitação pretendida não se enquadra no disposto no artº 371 CPC e também não se insere no preceituado do artº 376 do mesmo diploma;

(3)

3 b) os habilitandos, e todos os demais interessados no inventário, acordaram pôr termo a todas as questões pendentes relacionadas com a partilha, designadamente a causa dos autos principais;

c) improcede pois a habilitação.

5. No despacho saneador-sentença, foi decidido inexistirem excepções tanto que a questão posta pelos requeridos, e relatada em 3., se prende com o mérito da habilitação e não com a legitimidade das partes. Depois, julgado improcedente o pedido, por carecer de fundamento legal, já que não cabendo na hipótese normativa do artº 371 CPC também não tem sentido apreciar-se a "validade do acto" a que alude o artº 376/2 do mesmo diploma porque o preceito foi concebido para a transmissão por acto "inter vivos" de coisa ou direito litigioso, não se aplicando à sucessão "mortis causa".

6. É desta decisão que os habilitandos interpõem agravo, recebido na espécie e com o efeito fixado segundo a lei, nada obstando ao conhecimento da controvérsia, decorridos que são os vistos.

7. Concluíram:

a) na acção principal, instaurada pela cabeça de casal contra alguns dos requeridos, foram deduzidos alguns pedidos, entre eles o de ser à herança a título de indemnização a quantia correspondente ai rendimento liquido proveniente da venda dos frutos produzidos no prédio rústico, com sinal nos autos;

b) na pendência da causa foi efectuada partilha judicial mediante transacção, que corresponde a um negócio inter-vivos;

c) embora a partilha houvesse superado a modificação da natureza dos direitos dos herdeiros, tal facto não tornou inútil alguns dos pedidos formulados na acção principal;

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4 d) efectivamente, o directo litigioso tendo por objecto o pedido de frutos ou rendimentos dos bens partilhados - pendente de apreciação na acção principal - deixou por força da partilha de ter a natureza de uma quota ideal da herança para passar a ter a natureza de um direito de compropriedade;

e) o cabeça de casal que tinha tido anteriormente legitimidade para reclamar o crédito ao abrigo do disposto nos artºs 2008 e 2119 CC, cessou a sua qualidade como representante dos demais herdeiros;

f) agora, efectuada a partilha, só pode reclamar o seu direito de crédito acompanhado ou não por outros herdeiros contra os restantes;

g) o direito de crédito de qualquer um doe herdeiros, como o dos ora recorrentes, é um direito novo e de natureza litigiosa cujo objecto são os frutos produzidos pelos bens partilhados;

h) o presente incidente é o próprio e a factualidade descrita subsume-se à previsão do disposto no artº 376 CPC;

i) a figura da cessão de quota hereditária (cfr.quinhão hereditário) e as análogas são casos em que se impõe - para além da economia processual - a mesma razão de decidir, após a partilha;

j) por mero absurdo, e não concedendo por procedente e válida esta tese, teria então o tribunal "a quo" que decidir da questão prévia da legitimidade do cabeça de casal para prosseguir a acção de forma a que decisão em recurso não seja susceptível de a afectar com o efeito prático de denegação de justiça;

k) é de concluir que, decidindo como decidiu, a sentença recorrida violou as disposições dos artºs 2088, 2119 e 2124 do CC e ainda do artº 668/1 d. CPC; l) deve portanto ser revogada a sentença recorrida e substituída por acórdão que julgue provada e procedente a habilitação.

8. Nas contra-alegações Maria da Gama Nunes, Maria da Gama Cidrais Caldeira Fernandes e Maria Celeste da Gama Nunes Filipe, concluíram:

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5 a) não há lugar, nos termos do artº 371 CPC à habilitação pois, como recorrente reconhecem não existiu transmissão " mortis causa ";

b) também não há lugar a habilitação nos termos do artº 376 daquele código porque a partilha efectuada não deu lugar a qualquer transmissão inter-vivos; c) não existe analogia com a hipótese prevista no artº 1335 CPC - cessão da herança ou quinhão hereditário - pois em tal caso existe transmissão que falece no caso dos autos;

d) não pode aplicar-se o regime excepcional previsto quanto a frutos no artº 2119 CC, pois na acção apenas se pedem indemnizações, que não são frutos;

e) não se violou o artº 2124 CC que apenas respeita à forma aplicável é transmissão da herança, hipótese que não é das dos autos;

f) não se violou igualmente o artº 2008 que se refere às relações entre o cabeça de casal e os outros herdeiros, enquanto tais, não regulando qualquer aspecto relativo à transmissão de bens ou à habilitação;

g) assim, bem andou pois a decisão recorrida, negando uma habilitação a que falta a base factual necessária - transmissão inter vivos ou mortis causa de quaisquer bens ou direitos;

h) improcede portanto o recurso e a decisão impugnada deve ser mantida.

9. Não obstante o perfil da controvérsia que aponta para divergências no entendimento do sistema normativo que rege o incidente processual da habilitação, consideraremos, vistos os documentos juntos com requerimento inicial e provenientes do processo de inventário, como dados assentes:

a) a pendência de uma acção de restituição de posse de um prédio rústico pertencente à herança de Vicência Gonçalves Gama, com pedido de entrega do equivalente em numerário dos frutos percebidos após a abertura da sucessão ( até à partilha );

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6 c) os créditos accionados não foram descritos no inventário por morte de Vicência Gama;

d) neste foi adjudicado aos interessados Maria João e Francisco Caldeira o referido prédio rústico, único bem da herança descrito, pagando tornas ao cabeça de casal e demais herdeiros;

e) cabeça de casal formulou o presente pedido de habilitação na acção inicialmente referida vindo tomar o papel de A., agora enquanto consorte segundo a proporção ideal da divisão da herança tomada em conta no cálculo das tornas.

10. Como bem foi referido na sentença recorrida, só quando morre ou se extingue uma das partes é que é obrigatória a habilitação com vista a tomarem o lugar dos falecidos ou extintos (se se tratar de pessoas colectivas) aquelas pessoas que devam suceder-lhes (comprovada modificação subjectiva da instância).

No caso de transmissão inter vivos de direito litigioso ou de coisa sobre que incida controvérsia, a modificação subjectiva da instância é facultativa, tomando, quando não houver interesse dos habilitandos nesse sentido, o A. inicial o papel de substituto do adquirente - " a transmissão operou uma modificação: de defensor de um interesse próprio o transmitente transforma-se em defensor de interesse alheio " (A. Reis - Comentário, 3º, p.77).

11. Os recorrentes parecem querer ver na sentença homologatória da partilha um motivo de extinção do cabeçalato em tudo análogo à extinção da personalidade singular ou colectiva. Haveria pois razão para se habilitarem como sucessores na defesa dos interesses processuais até então prosseguidos pelo cabeça de casal na acção propostas conta alguns dos herdeiros em benefício da herança, então, indivisa. Por outro lado, defendem que a partilha na configuração que tomou (relatada em 9. d.) é um verdadeiro acto de transmissão inter vivos perfeitamente equiparável à aquisição de um direito litigioso ou de uma coisa.

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7 12. Desde logo, no âmago desta última concepção - e não lhe discutimos o mérito - os recorrentes, posto que receberam tornas, nunca seriam adquirentes mas simples alienantes, havendo pois contradição naquilo que defendem para fundamentar o deferimento do pedido de habilitação que a lei concede tão somente ao adquirente.

13. Também não beneficia a posição dos recorrentes, a primeira das analogias. Na verdade, a sentença de homologação da partilha, quando muito, faz cessar, para aquele estádio, as funções processuais do cabeça de casal. A qualidade (civil) não caduca se não pela desnecessidade, isto é, quando deixar de haver motivo para se pensar na partilha dos bens deixados. Ora, não é o caso: nem sequer foram descritos como bens da herança os créditos litigiosos accionados. E evidentemente estes terão de ir a partilha adicional se forem declarados por sentença com trânsito. Assim, o cabeça de casal permanece em funções justamente para nessa eventualidade retomar a iniciativa processual no inventário que pode ainda ser reaberto, ou para congregar os herdeiros com vista à partilha adicional extra-processual. Como decorrência lógica, também para fazer prosseguir a acção na qual se quer ver habilitado como consorte que não o é no que diz respeito aqueles bens da herança que não foram tidos em consideração na conferência de interessados e que são precisamente aqueles sobre que discute no pleito.

14. Daqui se vê que a habilitação dos decorrentes não pode ser subsumida, como bem decidiu a decisão recorrida, quer na norma do artº 371 quer no artº 376 CPC. Concluímos pois pela improcedência das conclusões do recorrente já que não têm apoio legal.

15. Assim sendo, julgam improcedente o agravo e decidem manter inteiramente o decidido em 1ª instância.

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