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PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NA ENFERMAGEM SOBRE A (IN) SATISFAÇÃO NO TRABALHO

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Academic year: 2021

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PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NA ENFERMAGEM SOBRE A (IN) SATISFAÇÃO NO TRABALHO

ROSÂNGELA MARION DA SILVA1 CARMEM LÚCIA COLOMÉ BECK 2 ADELINA GIACOMELLI PROCHNOW 3

INTRODUÇÃO: O trabalho compõe a vida humana, sendo que a sociedade também se organiza a partir deste referencial. Assim, o trabalho pode ter significados diferenciados para o trabalhador, sendo fonte de prazer e satisfação em muitas situações mas igualmente fonte de desgaste e sofrimento. Para estudar esta temática, realizou-se um levantamento da produção do conhecimento da pós-graduação em enfermagem a partir do catálogo do Centro de Pesquisa em Enfermagem (CEPEn), com o objetivo de identificar os fatores da (in) satisfação dos trabalhadores de enfermagem na execução do seu trabalho. Elencou-se como questão norteadora: qual é a produção do conhecimento de enfermagem sobre a (in) satisfação no trabalho? METODOLOGIA: Para responder a questão de pesquisa, foi construída uma pesquisa bibliográfica desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído, principalmente, de livros e artigos científicos da área da enfermagem. Este tipo de pesquisa tem por finalidade colocar o pesquisador em contato com o que já se produziu a respeito de seu tema de pesquisa (PÁDUA, 2003). A pesquisa foi realizada nos meses de outubro e novembro de 2007 envolvendo a produção do conhecimento na pós-graduação em enfermagem por meio de um levantamento das dissertações e teses realizadas no Brasil, no período de 1979 à 2005, tendo como fonte de informação os catálogos do CEPEn, da Associação Brasileira de Enfermagem, disponível

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Enfermeira, Mestranda do PPGEnf da Universidade Federal de Santa Maria-UFSM-RS, e-mail: cucasma@terra.com.br, residente na Rua Esperanto, 80, Don Antonio Reis, cep: 97065-150. Membro do Grupo de Pesquisa Trabalho, Saúde, Educação e Enfermagem.

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Enfermeira, Professor Adjunto do Departamento de Enfermagem da UFSM/RS, Doutora em Filosofia da Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC/SC. Líder do Grupo de Pesquisa Trabalho, Saúde, Educação e Enfermagem.

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Enfermeira, Professor Adjunto do Departamento de Enfermagem da UFSM/RS. Membro do Grupo de Pesquisa Trabalho, Saúde, Educação e Enfermagem.

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line e uma versão em CD-ROM (1979-2000). Primeiramente buscou-se no índice de assuntos a palavra-chave “satisfação no trabalho”. Em seguida, foram lidos os resumos das teses e dissertações que atendiam ao objetivo proposto pela pesquisa. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS: Conforme análise do material, cinco resumos de teses e nove resumos de dissertações foram ao encontro do objetivo deste estudo, totalizando 14 produções no período de 1979 a 2005. Destaca-se que não foram encontrados trabalhos referentes à temática deste estudo no período de 1979 a 1990 e em 2003 e 2005. As tendências das produções analisadas evidenciaram, majoritariamente, pesquisas com abordagem qualitativas que utilizaram como técnica de coleta de dados a entrevista semi-estruturada, seguida do questionário e da observação. Também destaca-se a utilização do método de análise de conteúdo de Bardin encontrado em quatro estudos. A abordagem quantitativa foi utilizada no final da década de 90 em diante em menor número, o que pode-se atribuir à difusão do conhecimento em informática e ao depode-senvolvimento de programas estatísticos para computadores. Ressalta-se a expressiva produção de estudos referentes à satisfação no trabalhono período de 1991 a 2000. Essa evidência pode ser decorrente do fato de que no Brasil, assim como em outros países da América Latina, houve uma redução de investimentos em pesquisa científica e desenvolvimento nos anos 80 quando os países enfrentaram dificuldades econômicas, Nos anos 90 desponta uma nova onda de investimentos e expansão, prevendo-se um futuro científico promissor (CARVALHO, 1998). Outro fator que pode ter contribuído para o acentuado desenvolvimento científico nos anos 90 é a união de pesquisadores que, por exigência acadêmica de produção cientifica, formaram grupos de pesquisa e núcleos de estudos caracterizados pelo aprofundamento metodológico e temático, particularmente na área de enfermagem. Esses grupos/núcleos ganharam maior visibilidade quando foram inseridos no cadastro de grupos de pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e tecnológico – CNPQ (CARVALHO, 1998). Ressalta-se que os dados encontrados evidenciaram uma discrepância entre as informações encontradas no catálogo CEPEn e as informações encontradas em bibliotecas on-line e até mesmo no

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banco de teses da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), apontando que os catálogos não possuem toda a produção de dissertações e teses produzidas no Brasil. Nos resumos analisados, dentre os elementos que proporcionam satisfação no trabalhador, têm-se o trabalho em si (LUNARDI FILHO, 1995; DIAS, 1999; BIANCHINI, 1999; FÉLIX, 2001) e a relativa autonomia no serviço (TIPPLE , 1991; LINO, 1999). Lunardi Filho (1995) considera que a enfermagem é uma profissão dinâmica, em contínua transformação e cujo campo de conhecimentos e práticas abrangem do estado de saúde ao estado de doença. O autor enfatiza que, enquanto ação social, a enfermagem pode ser definida como uma atividade realizada por pessoas que se ocupam do cuidado à vida e à doença, assumindo a responsabilidade de se solidarizar por pessoas, grupos e famílias, objetivando a mobilização da cooperação de cada indivíduo para alcançar, conservar e manter o estado de saúde. Nesse contexto, a realização das atividades de enfermagem, cujo trabalho prevê o cuidado, a atenção e o bem-estar do cliente, ou seja, o trabalho em si pode ser um fator que contribui para a satisfação no emprego. Entende-se que para a realização do cuidado, a autonomia na realização de determinadas tarefas e no processo decisório, é um aspecto relevante para o trabalhador de enfermagem e que pode proporcionar satisfação no trabalho. O reconhecimento (BIANCHINI, 1999; FÉLIX, 2001) e a remuneração (LINO, 1999; 2004) também foram identificados como fatores que podem apontar para a satisfação no trabalho. Segundo Dejours (1992), o salário contém numerosas significações, algumas concretas relacionadas ao sustento da família, a realização de melhorias na casa, ao pagamento de dívidas e outras abstratas, na medida em que o salário contém sonhos, fantasias e projetos de realizações possíveis. Do contrário, o salário pode veicular também significações negativas que implicam nas limitações materiais que ele impõe, podendo causar insatisfação profissional. Como fatores associados à insatisfação, no material analisado evidenciaram a (des) organização do trabalho, as condições inadequadas, a pouca remuneração e a falta de reconhecimento por parte tanto dos pacientes quanto da família dos trabalhadores. Dejours (2004) destaca que a relação entre a organização do trabalho e o homem não é um bloco rígido,

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está em contínuo movimento, ou seja, a organização do trabalho em si é repleta de contradições uma vez que as normas, leis e regras formam um conjunto complexo entre si e mesmo que sejam criadas normas para organizar o trabalho, tais prescrições podem culminar em desorganização. Oliveira (2005) complementa apontando que o sofrimento propiciado no contexto do trabalho está muito relacionado à organização do trabalho e a história individual dos sujeitos, suas necessidades, suas aspirações e realizações. Sobre o reconhecimento, Dejours (1999) aponta que esse depende o sentido do sofrimento, ou seja, quando a qualidade do trabalho é reconhecida, os esforços, as angústias, as decepções e os desânimos adquirem sentido. O autor afirma que o sofrimento dessa situação fará do sujeito um ser diferente daquele que era antes do reconhecimento. Nesse sentido, embora o reconhecimento constitua uma forte expectativa de todos os trabalhadores, raramente o mesmo é conferido satisfatoriamente (DEJOURS, 1999). A insatisfação decorrente do trabalho pode estar relacionada ainda às repercussões que o trabalho provoca tanto na saúde do trabalhador, quanto na sua vida familiar e social o que nem sempre é percebido pelo trabalhador. Também foram identificados, em menor proporção, outros fatores que causam insatisfação no trabalho como o fato de lidar com o sofrimento e a morte, a sobrecarga do trabalho, os problemas de relacionamento interpessoal e o distanciamento do enfermeiro da assistência. As transformações ocorridas no mundo do trabalho têm afetado a saúde do trabalhador, pois cada vez mais se busca uma maior produtividade em detrimento das condições de trabalho. Sob este prisma, muitas vezes, o trabalhador não consegue encontrar a satisfação no trabalho, o que talvez influencie negativamente na assistência prestada. Outra questão que pode causar insatisfação no trabalho da enfermagem é a o fato de lidar com a morte que, no entendimento de Beck (2001), pode significar incompetência, falta de habilidades, conduzindo-os a um sentimento de impotência. Nesse contexto, sabe-se que o trabalhador de enfermagem que convive com pacientes em situações de emergência, morte e doença grave, tem uma tendência a visualizar o ambiente laboral como de difícil inserção e atuação pela presença marcante do sofrimento. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O

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ensino da saúde do trabalhador nos cursos de graduação em enfermagem encontra-se em ascendência, configurando o incremento científico que pode estar relacionado aos cursos de pós-graduação lato sensu e strictu senso. Assim, do total de trabalhos analisados observou-se que a (des) organização do trabalho foi apontada como sendo um fator que traz insatisfação para o trabalhador. Por outro lado, a autonomia nos serviços e o trabalho em si foram apontados como fatores que proporcionam satisfação para o trabalhador.Por fim, entende-se que é mister a realização de estudos que enfatizem a saúde do trabalhador e a satisfação no trabalho, na perspectiva de que o trabalhador satisfeito poderá realizar uma assistência mais humanizada e qualificada aos pacientes e familiares sob seus cuidados.

PALAVRAS-CHAVE: Satisfação no Trabalho; Enfermagem do Trabalho; ÁREA TEMÁTICA: Saúde do Trabalhador

Referências

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