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HABEAS CORPUS 152.394 PARANÁ

RELATOR : MIN. EDSON FACHIN

PACTE.(S) :LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA PACTE.(S) :DILMA VANA ROUSSEFF IMPTE.(S) :RICARDO LUIZ FERREIRA

COATOR(A/S)(ES) :RELATOR DO HC Nº 418.951 DO SUPERIOR

TRIBUNALDE JUSTIÇA

COATOR(A/S)(ES) :PROCURADOR-GERALDA REPÚBLICA

COATOR(A/S)(ES) :JUIZ FEDERAL DA 13° VARA FEDERAL DA

COMARCA DE CURITIBA DECISÃO

HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL.

AUTORIDADES COATORAS CUJOS ATOS NÃO SE SUBMETEM, DIRETAMENTE, À COMPETÊNCIA DESTE SUPREMO

TRIBUNAL. DEFICIÊNCIA NA

INSTRUÇÃO. DESCABIMENTO DE IMPETRAÇÃO CONTRA DECISÃO MONOCRÁTICA. HABEAS CORPUS AO QUAL SE NEGA SEGUIMENTO.

Relatório

1. Habeas corpus, com requerimento de medida liminar, impetrado

por Ricardo Luiz Ferreira, em benefício de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Vana Rousseff, apontando como autoridade coatora o juízo da Décima Terceira Vara Federal de Curitiba/PR, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, a Procuradoria-Geral da República e o Relator do Habeas

Corpus n. 418.951, Ministro Felix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça. 2. O Impetrante apresenta, entre outros argumentos: a) bis in idem,

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Supremo Tribunal, pois teriam sido coletadas provas envolvendo autoridade com foro por prerrogativa de função pelo juízo da Décima Terceira Vara Federal de Curitiba/PR, que, portanto, seria incompetente para deliberar a respeito; c) a Procuradoria-Geral da República teria contrariado o princípio do promotor natural, pois teria permitido a atuação de promotor que não deveria oficiar no caso; d) o paciente Luiz Inácio Lula da Silva teria sido privado de sua liberdade ao ser conduzido coercitivamente para prestar depoimento e tido seus direitos constitucionais afrontados por interceptação telefônica; e) o juízo da Décima Terceira Vara Federal de Curitiba/PR teria indevidamente retirado o sigilo e permitido a divulgação de diálogos entre os pacientes antes de enviar os autos a este Supremo Tribunal.

Afirma-se que “O ex-presidente foi condenado por um juízo incompetente

e poderá ser preso em poucos dias. Mais: a presidenta eleita foi igualmente investigada por um juízo incompetente, deposta e denunciada por fatos estranhos ao seu mandato e está na iminência de virar ré sem autorização necessária da Câmara dos Deputados”.

Ressalta que Tribunal Regional Federal da 4ª Região teria incorrido em coação ao afastar a “tese de exceções de suspeição do juiz federal de origem

sob a alegação de que imparcialidade não foi caracterizada e inexistência de antecipação ou interesse na causa” e, “em tempo recorde e atropelando vários ritos processuais, (…) marcou o julgamento, em segunda instância, do ex-presidente Lula sobre o chamado ‘caso do triplex’ para 24 de janeiro”.

Assevera que o Ministro Felix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça, ao indeferir liminarmente o Habeas Corpus n. 418.951 por deficiência de instrução, poderia ter superado essa questão, pois os fatos mencionados se refeririam a “documentos públicos e notórios e de fácil acesso

a todos”.

Afirma ato coator imputado à Procuradoria-Geral da República,

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pois, entre outros argumentos, “estamos na vigência da Chapa Presidencial

Dilma/Temer, sendo que a presidenta eleita foi impedida, mas com recursos pendentes de julgamento de liminar/mérito (HC 142189) e do mérito do MS 34441” (sic), pelo que a paciente Dilma Vana Rousseff não poderia ser

processada nem presa pelas imunidades do Presidente da República previstas na Constituição da República.

Pondera que o juízo da Décima Terceira Vara Federal de Curitiba/PR, “[d]iante da ausência de provas do envolvimento do paciente na prática e

beneficiamento das atividades ilícitas de corrupção ligadas a Petrobrás e mesmo com o reconhecimento expresso de qual tal prova não seria possível, ao invés de julgar improcedente a denúncia, consequência lógica do que afirmou às fls. 38 da sentença e na decisão dos embargos de declaração, alterou e inovou a denúncia alterando-lhe os fundamentos fáticos, ao invés de proferir sentença absolutória”.

Enfatiza que não haveria “congruência alguma no que o MPF afirmou,

as provas produzidas, o que o candidato a delator falou, e que o coator sentenciou a respeito de quem e quando deu o triplex para o paciente”.

Este o teor dos pedidos:

“(...) requer-se preliminarmente:

i) o sobrestamento do processo 5007326-98.2015.4.04.7000/PR pautado para o dia 24 de janeiro pelo TRF-4, caso já tenha sido julgado declarar sua nulidade.

ii) o sobrestamento do Inquérito 4325/STF; iii) o sobrestamento do Inquérito 4243.

No mérito, requer-se a confirmação de liminar concedida e: i) declarar a nulidade de todos os atos do processo, a partir do primeiro encontro ‘fortuito’ de supostos fatos penais – 21 de janeiro de 2016 – que evolvam a Presidenta, em vista da usurpação de competência do STF.

ii) ou, a nulidade a partir do recebimento da denúncia, por incompetência da Justiça Federal da Subseção Judiciária de Curitiba/PR para o processamento e julgamento dos crimes de

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LULA (art. 70 do CPP), devendo os autos ser remetidos aos Foros Competentes;

iii) a nulidade da sentença, por violar o princípio da correlação entre a sentença e a denúncia.

Por derradeiro requer que seja decretado segredo de justiça em relação ao nome e endereço do impetrante” (sic).

Examinada a matéria posta à apreciação, DECIDO.

3. Por se tratar do período de recesso forense, nos termos do art. 13,

inc. VIII, do Regimento Interno deste Supremo Tribunal, examino o requerimento de medida liminar.

4. Neste exame preambular, a exposição dos fatos e a verificação das

circunstâncias presentes e comprovadas na ação conduzem à negativa de seguimento da ação, não se verificando, de plano, plausibilidade jurídica dos argumentos apresentados pelo impetrante.

5. Quanto à coação atribuída ao juízo da Décima Terceira Vara

Federal de Curitiba/PR e ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região, a espécie não comporta ato processual válido a ser adotado, no momento, pelo Supremo Tribunal Federal.

A competência do Supremo Tribunal Federal para julgar habeas

corpus é determinada constitucionalmente em razão do paciente ou da

autoridade indigitada coatora (art. 102, inc. I, al. i, da Constituição da República).

No rol constitucionalmente definido não se inclui a atribuição do Supremo Tribunal para processar e julgar, originariamente, ação de habeas

corpus na qual figure como autoridade coatora juiz federal e Tribunal

Regional Federal.

A matéria não admite discussão mínima por se cuidar de norma de

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competência constitucional expressa, a impossibilitar interpretação extensiva.

6. Quanto à Procuradoria-Geral da República, a presente ação está

deficientemente instruída, não tendo sido apresentado documento para tornar possível o exame do que assentado sobre a matéria posta na inicial desta impetração nessa parte.

Sem a apresentação de dados a serem analisados, o presente habeas

corpus não pode ter seguimento, por carecer dos requisitos necessários.

Confiram-se, por exemplo, os julgados a seguir:

“DIREITO CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL PENAL. ‘HABEAS CORPUS’. NULIDADES. DEFESAS

CONFLITANTES. SEVÍCIAS SOFRIDAS PELO RÉU: FALTA DE EXAME DE CORPO DE DELITO. OMISSÕES DA SENTENÇA CONDENATÓRIA. INJUSTIÇA DESTA. NÃO ESTANDO O PEDIDO DE ‘HABEAS CORPUS’ INSTRUÍDO COM CÓPIAS DE PEÇAS DO PROCESSO, PELAS QUAIS SE PODERIA EVENTUALMENTE, CONSTATAR A OCORRÊNCIA DAS FALHAS ALEGADAS, NÃO SE PODE SEQUER VERIFICAR A CARACTERIZAÇÃO, OU NÃO, DO CONSTRANGIMENTO ILEGAL. ‘H.C.’ NÃO CONHECIDO” (HC n. 71.254/RJ, Relator o

Ministro Sydney Sanches, DJ 24.2.1995).

“1. Habeas corpus: STF: competência originária: incidência

da Súmula 691-STF (‘Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus impetrado contra decisão do Relator que, em habeas corpus, requerido a tribunal superior, indefere a liminar’). Não é dado analisar o mérito das questões discutidas para, a partir daí, conhecer ou não do habeas corpus. 2. Habeas corpus: inviabilidade, no caso - dada a manifesta deficiência da instrução do pedido -, do exame da questão de fundo para ponderar do cabimento ou não, de eventual habeas corpus de ofício” (HC n.

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AgR/SP, Relator o Ministro Sepúlveda Pertence, DJ 9.12.2005). “AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS.

CONSTITUCIONAL. PENAL MILITAR. PACIENTE DENUNCIADO POR INFRAÇÃO DO ART. 290, CAPUT, DO CÓDIGO PENAL MILITAR. 1. DEFICIÊNCIA NA INSTRUÇÃO DO PEDIDO. (…).

1. Não tendo sido juntado qualquer documento na impetração

do presente habeas corpus, não foi possível, no momento da prolação da decisão ora agravada, ter ciência do que ocorreu no processo, motivo pelo qual esta impetração não poderia ter seguimento, pois carente dos requisitos necessários. Decisão agravada mantida.

(...)

3. Agravo regimental ao qual se nega provimento” (HC n.

104.564-AgR, de minha relatoria, DJe 27.5.2011).

7. A presente impetração indica também como objeto decisão

monocrática do Ministro Felix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça, que indeferiu liminarmente o Habeas Corpus n. 418.951.

Nos termos da jurisprudência deste Supremo Tribunal, a “não

interposição de agravo regimental no STJ – e, portanto, a ausência da análise da decisão monocrática pelo colegiado – impede o conhecimento do habeas corpus por esta Corte” (HC n. 120.259-AgR, Relator o Ministro Ricardo

Lewandowski, DJe 12.2.2014).

Confiram-se também os seguintes julgados:

“HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. PENAL.

DECISÃO MONOCRÁTICA QUE INDEFERE LIMINARMENTE WRIT MANEJADO NO STJ. IMPETRAÇÃO NÃO CONHECIDA. I – No caso sob exame, verifica-se que a decisão impugnada foi proferida monocraticamente. Desse modo, o pleito não pode ser conhecido, sob pena de indevida supressão de instância e de extravasamento dos limites de competência do STF descritos no art. 102 da Constituição Federal, que pressupõem seja a coação praticada

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por Tribunal Superior. II – A não interposição de agravo regimental no STJ e, portanto, a ausência da análise da decisão monocrática pelo colegiado, impede o conhecimento do habeas corpus por esta Corte. III – Writ não conhecido” (HC n. 119.115, Relator o Ministro

Ricardo Lewandowski, DJe 13.2.2014).

“HABEAS CORPUS. SUBSTITUTIVO DE RECURSO

ORDINÁRIO. ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO DE ENTORPECENTES. PRISÃO PREVENTIVA. INADEQUAÇÃO DA VIA PROCESSUAL. 1. O entendimento majoritário da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que ‘o habeas

corpus é incabível quando endereçado em face de decisão monocrática

que nega seguimento ao writ, sem a interposição de agravo regimental’ (HC 113.186, Rel. Min. Luiz Fux). 2. Inexistência de ilegalidade flagrante ou de abuso de poder na prisão preventiva. 3.

Habeas Corpus extinto por inadequação da via processual, cassada a

medida liminar deferida” (HC n. 116.551, Relator o Ministro

Marco Aurélio, Redator para o acórdão o Ministro Roberto Barroso, DJe 3.2.2014).

8. Ademais, ao indeferir liminarmente o Habeas Corpus n. 418.951, o

Ministro Felix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça, apontou a deficiência de instrução dessa impetração, sem examinar o mérito das questões postas e reiteradas nesta impetração. Portanto, é inviável examinar as alegações apresentadas pelo impetrante.

A jurisprudência deste Supremo Tribunal é firme no sentido da impossibilidade de atuação jurisdicional quando a decisão impugnada no

habeas corpus não tenha cuidado da matéria objeto do pedido apresentado

na nova ação, sob pena de supressão de instância:

“PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS.

PRISÃO PREVENTIVA. EXCESSO DE PRAZO E FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO DA DECISÃO QUE A DECRETA. SENTENÇA CONDENATÓRIA SUPERVENIENTE. QUADRILHA OU BANDO. ART. 288, § 1º, DO CÓDIGO

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PENAL. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. PREJUDICIALIDADE. I - Não pode o Supremo Tribunal Federal apreciar situação processual nova diversa da apresentada à autoridade tida por coatora, sob pena de supressão de instância. II - A sentença condenatória superveniente, ainda que, alegadamente e em tese, mantenha a inconsistência de fundamento do decreto de prisão preventiva, é novo título justificador da prisão. III - Habeas corpus prejudicado” (HC n. 87.775, Relator

o Ministro Ricardo Lewandowski, DJ 13.4.2007).

“HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSUAL PENAL.

EXTENSÃO DE DECISÃO FAVORÁVEL A CORRÉU. MATÉRIA NÃO SUBMETIDA A EXAME DO STJ. PROGRESSÃO DE REGIME. HC DEFERIDO PELO STJ PARA AFASTAR O ÓBICE PREVISTO NO § 1º DO ARTIGO 2º DA LEI N. 8.072/90. Pretensão de reduzir a pena, por extensão de decisão favorável a corréu. Não tendo a matéria sido submetida a exame do Superior Tribunal de Justiça, o seu conhecimento, nesta Corte, implicaria supressão de instância. Progressão de regime. Afastamento, pelo STJ, da norma que a proibia. Habeas Corpus não conhecido” (HC n.

90.315, Relator o Ministro Eros Grau, DJ 27.4.2007).

9. Não caracterizada situação excepcional que autorize concessão da

ordem de ofício, por não ter sido iniciado o julgamento do recurso de apelação interposto pela defesa do paciente Luiz Inácio Lula da Silva, não se há cogitar de iminência de prisão, sendo o processamento regular do feito dever insuperável do Estado-juiz.

10. Pelo exposto, nego seguimento ao presente habeas corpus (arts.

13, inc. VIII e XIX, c/c o art. 21, § 1º, do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal), ficando, por óbvio, prejudicada a medida liminar

requerida.

11. Indefiro o pedido para que “seja decretado segredo de justiça

em relação ao nome e endereço do impetrante”. A regra do processo judicial é a publicidade e não está presente qualquer situação excepcional

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a justificar o segredo de justiça na espécie.

Publique-se. Arquive-se.

Brasília, 18 de janeiro de 2018.

Ministra CÁRMEN LÚCIA Presidente

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