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PEURMA QUADRO DE BOAS PRÁTICAS PARA O USO DE ANTIMICROBIANOS EM ANIMAIS DESTINADOS A CONSUMO HUMANO NA UNIÃO EUROPEIA

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CESA - Comissão Especializada

de Saúde Animal

PLATAFORMA EUROPEIA P RESPONSÁVEL DE MEDICAMENT

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PLATAFORMA EUROPEIA P RESPONSÁVEL DE MEDICAMENT

EM ANIMAIS

CESA - Comissão Especializada

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ÍNDICE

ENQUADRAMENTO 7 INTRODUÇÃO 9 O QUE É UM ANTIMICROBIANO

E COMO É QUE É DISPONIBILIZADO? 10

Regulamentação que permite lançar

um antimicrobiano no mercado 11

GARANTIR A SAÚDE ANIMAL 12

Gestão da Produção 14

Biosegurança 14

Vacinas 15

Interacção entre o veterinário e o produtor

(plano de saúde animal) 15

DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DE DOENÇAS 16

O médico veterinário toma a decisão final 18

Cascata 18

ADMINISTRAÇÃO EFICAZ

DE UM MEDICAMENTO 19

Limite máximo de resíduos 19

REGISTOS 20

SALVAGUARDAR A EFICÁCIA FUTURA 20

Controlo da sensibilidade microbiana pela indústria

de saúde animal 21

O desenvolvimento de resistências 22

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ENQUADRAMENTO

A Plataforma Europeia para o Uso Responsável de Medicamentos em Animais (PEURMA) foi criada em 2005 com a missão de pro-mover o uso responsável de medicamentos em animais na União Europeia (UE).

A PEURMA representa os interesses da COPA/COGECA (Produ-tores e Cooperativas), da EISA (Iniciativa Europeia para o Desen-volvimento Sustentável da Agricultura), da FEFAC (Produtores de Rações), da FESASS (Saúde Animal e Segurança Sanitária), da FVE (Médicos Veterinários) e da IFAH-Europa (Indústria Europeia de Saúde Animal).

A iniciativa da PEURMA destina-se a complementar a Agricultura Integrada (AI)*, no que se refere à utilização racional dos meios de produção agrícola, como descrito no Quadro Europeu de AI da EISA**. O objectivo do presente documento é contribuir para a continui-dade da eficácia dos antimicrobianos, através de um descritivo das boas práticas. A aplicação dos principais conceitos deste quadro é compatível com os requisitos específicos dos Estados-Membros. Desta forma, pode-se conseguir uma abordagem coordenada e in-tegrada em toda a UE, mas adaptada aos requisitos específicos de cada Estado-Membro.

* A Agricultura integrada é um sistema global de gestão agrícola, que além de cobrir as boas práticas agrícolas e am-bientais engloba ainda aspectos da produção que fornecem garantias aos agricultores e aos consumidores relati-vas à saúde e bem-estar animal, qualidade, segurança e rastreabilidade alimentar e protecção do meio ambiente. ** A IEDSA desenvolveu um Quadro Europeu de AI que dá uma definição e caracterização da AI sob a forma de

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INTRODUÇÃO

Um bom estado de saúde é essencial, quer para o bem-estar do ani-mal, quer para o rendimento da criação de animais. O controlo de doenças é, portanto, uma parte fundamental de todos os programas de gestão. Por sua vez, uma produção alimentar segura só é possível com animais saudáveis. O controlo de doenças é uma componente da produção de alimentos de alta qualidade.

Os medicamentos antimicrobianos constituem importantes ferra-mentas, que são essenciais para a saúde e bem-estar permanente dos animais. Além disso, contribuem de forma significativa para uma agropecuária produtiva e eficiente.

A indústria de saúde animal continua a disponibilizar aos veterinários e à indústria pecuária uma vasta gama de medicamentos antimicrobia-nos, que tratam infecções de origem bacteriana e que contribuem para o bem-estar animal, prevenindo ou aliviando a dor e o desconforto. Pelas características das substâncias antimicrobianas, há a possibi-lidade de induzirem resistência antimicrobiana, reduzindo assim a eficácia do medicamento. Este facto sublinha a necessidade de usar estes medicamentos com precaução.

A administração de agentes antibacterianos deve ser complemen-tada por boas práticas de gestão agrícola e com AI, segundo os critérios do Quadro Europeu da EISA, assim como por programas de vacinação concebidos adequadamente.

Muitas doenças podem ser evitadas ou minimizadas através de práti-cas de gestão que reduzem significativamente a exposição a bactérias causadoras de doenças com optimização do meio ambiente em que vive o animal, incluindo higiene apropriada, nutrição adequada e programas de vacinação.

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Antes de um medicamento veterinário poder ser comercializado, incluindo os antimicrobianos, o fabricante tem de provar perante as autoridades reguladoras a qualidade, segurança e eficácia do medicamento para o uso recomendado. Estes procedimentos são rigorosos e permitem aos utilizadores e consumidores ter confiança nos medicamentos autorizados. À imagem do que sucede nos medi-camentos para uso humano, a segurança, qualidade e eficácia de qualquer medicamento têm de ser asseguradas às autoridades regu-ladoras independentes.

Regulamentação que permite lançar um antimicrobiano no mercado

O processo de autorização de introdução no mercado de medicamentos veterinários deve assegurar:

Segurança - o produto é seguro para o animal, para o consumi-dor de alimentos derivados de animais tratados, para as pes-soas que manuseiam o produto e para o ambiente;

Qualidade - o produto apresenta uniformemente uma quali-dade elevada, não se deteriora e tem estabiliquali-dade para durar pelo menos até ao termo do seu prazo de validade;

Eficácia - a eficácia do produto é consistente com as alegações feitas no folheto informativo e no rótulo da embalagem. O processo de autorização não termina na comprovação destes requisitos. Os utilizadores devem empenhar-se na:

Farmacovigilância – recolha sistemática de informação sobre reacções adversas que eventualmente se observem com o uso recomendado do medicamento.

Com vista a assegurar continuamente a segurança dos animais, dos consumidores, dos utilizadores e do meio ambiente, as au-toridades nacionais controlam a presença de resíduos indese-jáveis. Além disso, muitas autoridades monitorizam as quanti-dades usadas e a resistência a antimicrobianos em bactérias mais relevantes.

O QUE É UM ANTIMICROBIANO

E COMO É QUE É DISPONIBILIZADO?

O termo “antimicrobiano” é na maioria das vezes usado como sinóni-mo de “antibiótico” e descreve uma substância destinada a destruir ou inibir o desenvolvimento de bactérias. A maioria é produzida de forma natural por bactérias e fungos, outros são sintetizados, mas todos têm o mesmo efeito. Embora “antibióticos” seja a expressão normalmente usada, “antimicrobianos” é a palavra correcta para des-crever estas substâncias.

Hoje em dia, a maior parte das substâncias antimicrobianas são produzidas naturalmente, através de processos de fermentação. Os primeiros antimicrobianos usados foram as sulfonamidas e a peni-cilina, descobertas durante os anos 30. No final dos anos 40, a indús-tria farmacêutica tinha começado a descobrir e seleccionar nume-rosos agentes que inibiam ou destruíam bactérias, expandindo assim as classes de antimicrobianos.

Embora as substâncias que integram uma classe antimicrobiana tenham tendencialmente propriedades semelhantes, podem diferir em termos de:

- Espectro de acção – espécies de bactérias que podem ser contro-ladas pelo antimicrobiano;

- Farmacocinética – absorção, distribuição e eliminação do antimi-crobiano no corpo do animal tratado;

- Toxicidade – potenciais efeitos adversos de um medicamento. Actualmente existe uma grande variedade de classes de antimi-crobianos para uso animal, por diferentes vias de administração, tais como parentérica, intramamária, intra-uterina, tópica, oral. Os aminoglicosídeos, as cefalosporinas, as quinolonas, os macrólidos, as penicilinas, os fenicóis, as pleuromutilinas, os polipeptídeos, os ionóforos, as sulfonamidas, as tetraciclinas são exemplos de classes de antimicrobianos. Algumas destas classes foram desenvolvidas ex-clusivamente para a utilização em animais.

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GARANTIR A SAÚDE ANIMAL

A saúde animal começa com as boas práticas de produção animal. Os produtores devem monitorizar regularmente a saúde e o bem-estar dos animais. Sempre que necessário, devem recorrer a acon-selhamento veterinário sobre a prevenção eficaz, o diagnóstico e o tratamento das doenças.

Estes elementos, chaves para a saúde animal, estão em conformidade com o Quadro Europeu de AI da EISA, em particular o Capítulo IX.

CONTROLO + VIGILÂNCIA ANIMAL SAUDÁVEL COMO PLANO DE SAÚDE ANIMAL - Biosegurança (produtor) - Boas práticas de produção animal (produtores)

- Boas práticas de higiene (produtor) - Vacinas (produtor+ veterinário)

ANIMAL DOENTE OU “EM CONTACTO”

COMO

TRATAR A DOENÇA - Administração do medicamento

/antimicrobiano (produtor e/ou veterinário)

- Informação do rótulo - Dosagem

ANIMAL SAUDÁVEL

COMO

PLANO DE SAÚDE ANIMAL REVISTO

- Ajustar a biosegurança (produtor) - Rever os registos

(produtor + veterinário) - Melhorar as práticas de produção

animal (produtor)

- Melhorar as práticas de higiene (produtor)

- Rever o uso de vacinas (produtor + veterinário)

ANIMAL SAUDÁVEL OU NÃO?

OBJECTIVO PREVENÇÃO DA DOENÇA OBJECTIVO RECUPERAÇÃO DO ESTADO DE SAÚDE OBJECTIVO MELHORAR O ESTADO DE SAÚDE OBJECTIVO DETECÇÃO DA DOENÇA COMO Vigilância (produtor) Detecção (produtor) Diagnóstico:

- no local (produtor + veterinário) - amostras para análise (veterinário)

Negativo

RESULTADO

Positivo

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15 Gestão da Produção

A saúde e o bem-estar animal estão estreitamente relacionados um com o outro. Um bom nível de bem-estar irá ajudar o animal a manter a sua resistência natural contra as doenças e, por sua vez, a saúde animal é uma condição prévia ao bem-estar animal.

Tanto a saúde como o bem-estar são fortemente influenciados pelas condições em que se mantém os animais, que devem cumprir a legis-lação europeia existente. As condições ambientais, como por exem-plo, a temperatura, humidade, ar fresco, luz, devem ser adaptadas às necessidades do animal. Igualmente importante é a disponibilidade de água limpa para beber, uma dieta adequada e espaço suficiente para andar e descansar.

O stress deve ser evitado, dado que tem efeitos nefastos sobre a re-sistência do animal a infecções. Por outro lado, o devido controlo dos animais e a manutenção dos registos das observações são essenciais para um diagnóstico precoce das doenças que afectam a saúde ou o bem-estar animal. Um plano de saúde animal bem concebido é um elemento essencial para a produção.

Biosegurança

A biosegurança constitui um elemento de especial atenção para man-ter os animais livres de doenças infecciosas. O objectivo da biose- gurança é minimizar a possibilidade de introduzir nas instalações da exploração microrganismos causadores de doenças através, por exemplo, da entrada de novos animais comprados, de veículos e animais de estimação. Podem ser tomadas medidas relativamente simples, sem investimentos financeiros excessivos, que podem ser muito eficazes e úteis para assegurar a saúde dos animais.

Mesmo quando uma medida não parece ser totalmente eficaz, tal não significa que não seja útil. Uma redução limitada do risco de in-trodução de microrganismos, mesmo que seja limitada, é melhor do que não reduzir em nada o risco.

Vacinas

As vacinas são ferramentas de grande valor na prevenção e controlo de muitas doenças infecciosas. São seguras e eficazes para aumentar a resistência dos animais às infecções.

No entanto, existem várias doenças para as quais ainda não estão disponíveis vacinas.

Nestes casos, são necessários outros meios de controlo, incluindo o uso de medicamentos veterinários, como os antimicrobianos. Aplica-se a casos como:

- Infecções agudas que obrigam a tratamento imediato; - Doenças emergentes.

Dado que interagem com o sistema imunitário, o seu uso deve ser sempre ponderado no contexto de uma estratégia mais ampla. Ou-tras medidas como a higiene, boas práticas de produção animal e controlo de doenças são igualmente importantes para os programas de prevenção de doenças.

A adequação da estratégia depende da localização da exploração, bem como de factores como a densidade de animais, a presença de agentes patogénicos na fauna, a disponibilidade de análises fiáveis, entre outros. Um controlo adequado dos animais vacinados constitui uma parte essencial do programa de vacinação.

Interacção entre o veterinário e o produtor (plano de saúde animal)

Um diálogo aberto entre o produtor e o veterinário é essencial para se conseguir optimizar a saúde do animal. Preferencialmente, esta interacção deveria ter lugar em intervalos regulares e não apenas quando surgem problemas.

As informações obtidas junto do produtor, em conjunto com os ele-mentos obtidos através do exame dos animais e das condições exis-tentes no local, permitem ao veterinário propor uma solução adequa-da para uma melhoria sustentaadequa-da adequa-da saúde e do bem-estar do animal. Os registos permitem ao produtor demonstrar o cumprimento das boas práticas de produção animal.

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DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

DE DOENÇAS

O diagnóstico e o tratamento de doenças estão estreitamente rela-tão estreitamente rela-cionados.

Quando surge uma doença, o veterinário examina o animal ou os animais afectados e as condições em que são mantidos. Com base nestas informações, diagnostica a doença e decide sobre a sua in-tervenção. Esta pode consistir em alguma recomendação de gestão da produção, sobre a forma como os animais devem ser tratados (alimentação/abrigos) ou a prescrição de terapêutica antimicrobiana adequada, quando aplicável.

Se necessário, podem ser enviadas amostras para análise laboratorial, no sentido de determinar a bactéria exacta que está a causar a do-ença e a sua sensibilidade e, assim, escolher o tratamento mais ade- quado. Contudo, se a confirmação laboratorial não for possível, a es-colha do antimicrobiano passa a ser uma questão de experiência do veterinário, tendo como base a sensibilidade bacteriana já verificada na exploração em causa. O veterinário avalia o resultado do tratamen-to que escolheu e, se necessário, procede aos ajustes necessários. Os animais são frequentemente mantidos em grupo. Embora tal resul-te convenienresul-te para a gestão prática da produção e para o bem-estar animal, no caso em que surge uma doença, todo o grupo pode ficar em risco. Em consequência é, por vezes, imprescindível tratar todo o grupo. É o que acontece quando estamos perante uma doença in-fecciosa, em que a experiência demonstra que a doença irá infectar a maioria ou mesmo todos os animais do grupo a partir do momento em que um animal mostre sinais de infecção. Esta prática clínica é desig-nada “metafilaxia”.

As infecções bacterianas em grandes rebanhos ou manadas, por ve-zes, surgem em intervalos identificáveis e previsíveis ao longo do ciclo de vida do animal, por exemplo, problemas respiratórios depois do re-agrupamento, colibacilose no período pós desmame, “febre do trans-porte” a seguir ao transporte, etc. O tratamento em situações como as referidas é designado por tratamento profiláctico. O produtor e o veterinário estão familiarizados com os perigos de saúde iminentes nas produções, pelo que medidas preventivas, aplicadas de forma caute-ma caute-losa e selectiva, fazem parte integrante da gestão de doenças.

Como se intui com alguma facilidade, as medidas preventivas são semelhantes às adoptadas nos seres humanos.

Uma vez tomada a decisão de utilizar um antimicrobiano para realizar o tratamento, o veterinário deve escolher o mais apropriado. O passo seguinte é a utilização de um medicamento autorizado, com base no diagnóstico da doença e na sua experiência.

Existe uma vasta gama de antimicrobianos e o veterinário deve recor-rer aos seus conhecimentos profissionais para escolher o medica-mento com o espectro de acção mais apropriado (devem usar-se ao longo do tempo diferentes classes de antimicrobianos, como medida de prevenção ao eventual aparecimento de resistências).

O uso continuado do mesmo medicamento, para a mesma indicação (por exemplo, problemas respiratórios, intestinais, etc.) ao longo de um período de tempo prolongado deve ser considerado com precaução, excepto se as análises preliminares feitas em laboratório tiverem mostra-do uma sensibilidade satisfatória das bactérias em causa.

O veterinário pode recorrer a uma vasta gama de medicamentos antimicrobianos ao longo do tempo para prevenir uma potencial emergência de resistências, esta prática conhecida como “programa de rotação”, tem em vista preservar a eficácia a longo prazo e minimi-zar os níveis de resistência selectiva.

Ao longo dos anos, foram introduzidos vários medicamentos, que enriqueceram o arsenal terapêutico dos medicamentos de uso veterinário.

Os antimicrobianos são vitais para tratar, prevenir e controlar as doenças animais. Na gestão das doenças em animais, os veterinários muitas vezes concentram-se no controlo da doença ao nível do re-banho ou da manada.

Na medicina humana, o tratamento antimicrobiano é, de forma quase exclusiva, dirigido ao indivíduo. A administração profiláctica ou metafiláctica de antimicrobianos é uma prática que demonstrou ser vantajosa para manter a saúde do rebanho ou da manada, como nos programas de controlo da mastite. A disponibilidade de uma grande variedade de antimicrobianos é uma preocupação central dos veteri-nários que trabalham com animais destinados a consumo humano.

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É necessário disponibilizar aos veterinários uma vasta gama de medi-necessário disponibilizar aos veterinários uma vasta gama de medi-camentos eficazes e seguros de todas as classes de antimicrobianos disponíveis para tratar as doenças dos animais, no sentido de desen-corajar uma potencial resistência selectiva, pelo uso excessivo de um número restrito de antimicrobianos.

O produtor e o veterinário têm de trabalhar em conjunto para garan-tir que o resultado do tratamento é eficaz. O produtor pode ter que administrar os medicamentos em tratamentos subsequentes. Nesse caso, é essencial que todas as indicações e recomendações sejam seguidas. O produtor deve estar atento e comunicar ao vete-rinário um eventual atraso na recuperação do animal. Se necessário, deve dar-se início a uma forma alternativa de tratamento, caso o ani-mal não esteja a responder da forma esperada.

O médico veterinário toma a decisão final

No mercado actual está disponível uma vasta gama de antimi-crobianos. Variam uns dos outros quanto à via de administração, a rapidez e intensidade de absorção pelo animal, modo de acção, rapi-dez e intensidade de penetração nos tecidos, etc. Ao mesmo tempo, os microrganismos variam uns dos outros quanto à forma como são afectados pelos diferentes antimicrobianos. Por esta razão, a escolha do antimicrobiano tem sempre de se basear em vários critérios, tais como o microrganismo que está a afectar o animal ou animais, a ocorrência de resistência a antimicrobianos, a espécie animal, a via de administração, etc.

A selecção do tratamento adequado tem de ser sempre feita pelo veterinário depois de examinar o animal, as condições existentes no local e uma vez estabelecido o diagnóstico.

Cascata

Em casos excepcionais, em que não está disponível um medicamen-to aumedicamen-torizado, há a possibilidade do veterinário usar, por exemplo, medicamentos autorizados noutro Estado-Membro da UE ou algum autorizado para outra espécie animal. Esta excepção existe com o in-tuito de evitar o sofrimento desnecessário dos animais. Nestes casos, o veterinário tem de seguir procedimentos específicos, a chamada “prescrição em cascata”, e assegurar-se de que não existe risco para o animal, nem para os consumidores de alimentos de origem animal.

ADMINISTRAÇÃO EFICAZ

DE UM MEDICAMENTO

O êxito de um tratamento antimicrobiano é determinado pela correcta administração do mesmo, na dosagem indicada e durante o período de tempo necessário.

A dosagem recomendada dos antimicrobianos é largamente estuda-da pela empresa que requer a autorização de comercialização. O ob-jectivo é assegurar que a dose administrada é suficiente para garantir que a quantidade necessária de antimicrobiano chega ao local da in-fecção durante um período de tempo necessário para a recuperação do animal.

A administração em doses múltiplas pode ser necessária para o su-cesso do tratamento.

Como sucede nos medicamentos para uso humano, o rótulo contém a informação necessária para o uso e armazenamento adequados e seguros do medicamento.

Limite máximo de resíduos

Nos animais destinados a consumo humano, é necessário fazer estu-dos para demonstrar a rapidez com que os resíduos do medicamento são eliminados do organismo do animal.

Os limites máximos de resíduos (LMRs) são estabelecidos para de-finir o nível máximo de antimicrobianos que podem permanecer no organismo do animal sem colocar riscos para os consumidores de produtos que dele derivam. São definidos intervalos de segurança (o prazo entre a administração do medicamento e o abate ou a in-gestão do produto alimentar, por exemplo leite, ovos, carne) para garantir que os eventuais resíduos remanescentes se situam abaixo dos LMRs. O sistema tem intervalos de segurança bastante amplos para garantir a segurança dos consumidores.

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REGISTOS

Em relação aos registos, em todos os Estados-Membros da UE é obri-registos, em todos os Estados-Membros da UE é obri-gatório manter os registos de todos os medicamentos utilizados em animais destinados a consumo humano, durante pelo menos cinco anos, independentemente do animal ainda se encontrar na explora-ção ou não. É ainda recomendado que o veterinário, em colaboraexplora-ção com o produtor, mantenha registos de todas as informações relacio-nadas com doenças infecciosas ocorridas na exploração.

Os registos de tratamentos com medicamentos veterinários indicam o uso que é feito dos antimicrobianos. É conveniente observar as tendências e analisar as alterações de utilização dos medicamentos. As condições de gestão da produção devem ser objecto de revisão periódica.

Para o transporte, armazenamento e eliminação de resíduos de medi-camentos de forma segura devem cumprir-se os requisitos estabeleci-dos na legislação vigente.

SALVAGUARDAR A EFICÁCIA FUTURA

A farmacovigilância é o processo de notificação às autoridades nacio-nais de qualquer suspeita sobre a segurança ou eficácia dos medica-mentos. Quando surge algum problema o produtor deve consultar o veterinário e este, se suspeita que se encontra perante um problema de segurança ou eficácia, deve remeter uma notificação do caso, em impressos estabelecidos para o efeito, às autoridades competentes. Este sistema é muito vantajoso, ao permitir o controlo dos medica-mentos nas condições reais em que são utilizados.

Controlo da sensibilidade microbiana pela indústria de saúde animal

A resistência é um fenómeno em que certas bactérias deixam de res-ponder ao tratamento com um antibiótico específico. Portanto, é da maior importância monitorizar continuamente a sensibilidade das bac-térias aos antimicrobianos. Trata-se de uma operação complexa, que inclui a recolha de amostras representativas e uma avaliação uniforme dos resultados.

A indústria de saúde animal desenvolve este tipo de actividade, por vezes em simultâneo com as autoridades reguladoras ou instituições governamentais. A troca de informações sobre os níveis de resistência permite aos veterinários tomarem decisões informadas sobre os an-timicrobianos que devem usar para terem maiores hipóteses de su-cesso. O controlo da resistência a antimicrobianos na produção animal também é relevante para a saúde pública.

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O desenvolvimento de resistências

Os antimicrobianos são activos contra uma espécie ou grupos de espécies bacterianas.

Os ensaios clínicos provam a eficácia de um determinado me-dicamento em relação a uma determinada bactéria. No início, atingem-se resultados muito eficazes. Contudo, uma popula-ção de bactérias pode ser composta por diferentes indivíduos com propriedades genéticas ligeiramente diferentes.

Algumas bactérias, correspondentes a uma fracção ínfima da população total, podem ter uma capacidade natural para so-breviver ao tratamento com o antimicrobiano. Em consequên-cia, as bactérias resistentes podem tornar-se parte dominante da população ao longo do tempo, em resposta à pressão selec-tiva imposta pelo uso de antimicrobianos.

À medida que o tempo passa, o tratamento pode tornar-se me-nos eficaz e, por fim, levar a uma situação em que o medica-mento deixe de controlar eficazmente a doença. Nesta altura, considera-se que existe resistência.

Como se pode entender com alguma facilidade, trata-se nor-malmente de um processo gradual, com as amostras a eviden-ciarem níveis acrescidos de resistência ao longo do tempo, embora, em alguns casos, os antimicrobianos possam manter a sua eficácia por muitas décadas.

Por outro lado, as bactérias podem sofrer mutações ou adquirir material genético de outras bactérias e desenvolver capacida-des para sobreviver ao tratamento. Neste caso, a transição da resistência pode ser relativamente rápida, se as bactérias re-sistentes se multiplicarem e alastrarem rapidamente. A maior parte das resistências surge através deste último processo. Uma vez desenvolvida a resistência a um tipo de antimicro-biano, as bactérias podem tornar-se resistentes a outros anti-microbianos da mesma classe. Em alguns casos, as bactérias podem desenvolver resistências a várias classes de antimicro-bianos, tornando-se multi-resistentes.

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CONCLUSÃO

Os antimicrobianos desempenham um papel crucial na protecção da saúde e do bem-estar animal. A protecção dos animais contra as doenças contribui para a produção de animais saudáveis que pro-porcionam alimentos de alta qualidade, minimizando o impacto para o meio ambiente.

A estes medicamentos é aplicado um processo oficial na entidade reguladora antes de poderem ser comercializados. Os médicos vete-rinários têm a formação precisa para eleger o medicamento mais ade-quado. O produtor desempenha um papel fundamental na prevenção de doenças e em garantir a correcta utilização dos antimicrobianos. Os antimicrobianos revolucionaram a medicina veterinária desde a sua introdução há mais de 60 anos. Muitos destes primeiros medi-camentos continuam a ser usados hoje em dia com êxito, embora a perda de eficácia devido ao desenvolvimento de resistências seja um risco sempre presente.

É essencial que todas as partes envolvidas trabalhem em conjunto para garantir um uso seguro e minimizar o desenvolvimento de re-sistências. O princípio orientador a respeito dos antimicrobianos deveria ser “tão pouco quanto seja possível, tanto quanto seja necessário” dado que temos a obrigação, quer perante as gerações presentes quer com as gerações futuras, de usar estes agentes de maneira cuidada e selectiva.

Deste modo, as gerações vindouras, tal como nós, poderão benefi-ciar destas valiosas ferramentas terapêuticas.

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FICHA TÉCNICA

Publicado por CESA - Comissão Especializada para a Saúde Animal Data: Junho 2010

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Tel.: (+351) 213 018 264/3 031 780 Fax: (+351) 213 031 797/98 e-mail:board@apifarma.pt www.apifarma.pt

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