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ESTRÓGENOS E PROTEÇÃO SOLAR

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Academic year: 2021

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ESTRÓGENOS E PROTEÇÃO SOLAR

Dr. Natan Levy – Farmacêutico Bioquímico da Medicativa

RESUMO

A proteção solar através do uso de filtros solares é extremamente importante, principalmente em um país tropical como o nosso. Porém os efeitos estrogênicos, pela atuação como xenoestrógenos, de vários componentes dos filtros solares está comprovada. É importante a consciência e a discussão sobre o assunto para que se possam indicar os melhores produtos para esta finalidade sem que interfiram na condição hormonal dos pacientes.

Palavras chave: Estrógenos, síndrome estrogênica, xenoestrógenos, filtros solares, parabenos, 4 Metilbenzidileno cânfora ( 4-MBC)

SUMMARY

Solar protection is very important in nowadays. Several sun screens have xenoestrogenic compounds in their formula. We must be aware in order to not cause more problems in estrogenic sindroms.

Keywords: estrogens, estrogenic sindrom, sun screens, xenoestrogens, parabens, 4 Metilbenzidilen camphor ( 4-MBC)

Não se poderia imaginar alguma relação entre a necessária, para não dizer obrigatória, proteção da pele à exposição ao sol com a atividade estrogênica. Mas existe sim uma relação intrínseca entre os componentes dos filtros solares (pior ainda nos conhecidos por bloqueadores solares – que exporemos mais adiante) e as conseqüências da síndrome estrogênica.

Sabidamente entre os componentes de vários filtros solares estão os conservantes, conhecidos como Parabenos (Nipagin® e Nipazol®); importantes na preservação do produto contra contaminação bacteriana e de outros microorganismos Na ausência destes produtos, o filtros se contaminariam e se decomporiam; fazendo com que eles perdessem a ação e, por conseguinte, a validade ao longo do tempo. Pois bem estes Parabenos de longa data têm um comportamento comprovadamente xenoestrogênico. Acresce-se o fato que outros cremes cosméticos ou medicamentosos, e não apenas os filtros solares, também contêm este tipo de conservantes. A atividade xenoestrogênica dos Parabenos,

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embora empregados em quantidades diminutas (menos de 1%), acontece por acúmulo ao longo do tempo. Assim o uso dos filtros solares e diversos cremes/loções cosméticas com estes conservantes ao longo to tempo causam acúmulo de xenoestrógenos no organismo. Apenas isto já daria um assunto para ser descrito e divulgado para conhecimento de todos.

Porém o que queremos discorrer aqui é sobre outros componentes dos filtros solares. Mais exatamente alguns filtros químicos usados, que repelem os comprimentos de onda UV-A e UV-B solares. Em especial o 4 Metilbenzidileno cânfora ( 4-MBC) e outros derivados da cânfora. Estes ingredientes são proibidos nos Estados Unidos e Japão, porém são usados na comunidade européia e no Brasil.

Por sermos um país tropical com muito sol e conseqüente com amplo uso de filtros, acrescido pelo uso abundante de anticoncepcionais na idade fértil das mulheres; os efeitos estrogênicos apresentados por estes componentes, ainda que em pequeno grau porem ao longo de muito tempo, contribuem com o efeito estrogênico.

Desnecessário é comentar que a ação dos estrógenos é fundamentalmente nos órgãos sexuais, porém agem também no hipotálamo, na hipófise, nas adrenais, glândulas mamárias e cérebro. Como também no desenvolvimento dos caracteres sexuais primários e secundários. A atividade xenoestrogênica atua, com maior ou menor intensidade, assim igualmente!

As conseqüências podem ser: 1. Edema

2. Hipertensão

3. Dores de cabeça e enxaqueca 4. Doença fibrocística das mamas 5. Endometriose

6. Fadiga e dores musculares 7. Supressão da tireóide 8. Aumento de peso 9. Insônia

10. Depressão e nervosismo

Todos estes sintomas bem conhecidos na Síndrome Pré Menstrual e da Síndrome Estrogênica e suas conseqüências danosas no cotidiano das mulheres.

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OS FILTROS SOLARES:

Os filtros solares químicos são formados de moléculas com duplas ligações em sua configuração, seja no anel benzênico ou na sua cadeia carbônica. Isto faz com que os elétrons que estão em orbitais de menor energia absorvam a radiação ultravioleta e migrem para níveis de energia mais altos. É desta maneira que exercem sua função, absorvendo os raios UV.

O 4-MBC e derivados semelhantes são primordialmente filtros de proteção UV-B e tem a característica que em baixas concentrações promoverem altos Fatores de Proteção Solar (FPS). Contudo sua absorção sistêmica está comprovada por meio da quantificação na urina e no soro. Ainda está se estudando na Suíça a possibilidade de, embora a toxicidade e absorção sistêmica destes filtros sejam baixas e conseqüente a margem de segurança seja alta, o uso tópico constante ao longo de inúmeros anos poderia causar uma toxicidade crônica, principalmente por sua atividade xenoestrógenica.

Outros filtros químicos amplamente utilizados também foram e estão sendo estudados quanto à sua absorção sistêmica e sua pretensa atividade estrogênica. São eles: Benzofemona-3, Octil Metoxi Cinamato, Octil Dimetil Paba, Avobenzona, entre outros. Todos eles demonstraram algum efeito semelhante aos estrógenos promovendo crescimento rápido das células cancerosas em laboratório. A única exceção foi a Avobenzona.

O 4-MBC em particular demonstrou forte efeito estrogênico com atividade uterotrópica, e alto poder de induzir a proliferação de células cancerígenas quando absorvido.

Em outros estudos foi confirmada a absorção sistêmica de outros 2 filtros solares: Benzofenona-3 e Octil Metoxi Cinamato após aplicação tópica. Estes também interferiam nos níveis dos hormônios sexuais após de 2 semanas de aplicação diária.

Desta forma estes filtros, quando absorvidos e com bioacúmulo por anos a fio, mimetizam a atividade dos estrógenos, competindo pelos mesmos receptores. As conseqüências variam com a idade da mulher (se está na idade reprodutiva ou no climatério), com o consumo de anticoncepcionais e com uso da Reposição Hormonal. Foram observados casos de endometriose, doença fibrocística das mamas, esterilidade, modificações no metabolismo da testosterona, alterações na próstata, baixa no número de espermatozóides, problemas no trato urinário. A gravidade maior é a potencialização do agravamento de cânceres iniciais ou já em progressão, tanto em mulheres como em homens também. Nas crianças isto se agrava, pois o processo de excreção destes filtros é menos desenvolvido do que nos adultos.

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Países onde o uso de protetores solares é amplo verificaram-se problemas de mudança do comportamento sexual como: influência na libido, dificuldade no relacionamento sexual, feminilização, dentre outros.

SOLUÇÕES:

É indiscutível a necessidade da proteção da pele exposta à radiação solar. Porém como? Abaixo abordaremos variáveis que deverão nortear a escolha de um bom filtro solar.

Pelo exposto logo no início, o filtro solar não deverá conter conservantes da família dos Parabenos. Soluções modernas existem inclusive lançando mão de produtos antimicrobianos de origem vegetal como alguns óleos essenciais como o de melaleuca e alecrim.

Recentemente o FDA adotou a sábia posição de que os filtros solares não deveriam exceder o FPS 30.

Até então se preconizava o uso dos produtos conhecidos como bloqueadores solares, ou seja, com FPS mais altos (40, 50, 60 e até mais), onde a concentração destes filtros químicos encontra-se em doses muito altas e por tanto mais perigosas ainda.

O FDA tomou esta posição por várias razões: a relação custo/benefício, potencial de sensibilização cutânea e a própria atividade estrogênica. A Academia Americana de Dermatologia preconiza atualmente o uso de filtros com FPS entre 15 e 30, sendo os demais (tanto os inferiores, quanto os mais altos) considerados como inúteis e desnecessários. Assim, um filtro solar FPS 30 bloqueia 96,7% da radiação UVB, enquanto outro, com concentração em 25% maior de filtro químico, com FPS 40 irá bloquear 97,5% desta radiação. O uso destes bloqueadores solares fica restrito a casos especiais como, por exemplo, para os albinos e portadores de cânceres de pele, onde ganhos de 1% no fator de proteção são importantes, mesmo em detrimento do fator estrogênico.

Substâncias de ação sinérgica aos filtros solares já existem, muitos deles são de origem vegetal inclusive. O uso das mesmas faz com que se diminua a concentração destes químicos, com a vantagem de ainda baratear o produto. Também o FPS depende da formulação dos demais componentes da fórmula, ou seja, do veículo empregado.

Componentes que aumentam a resistência à água fazem com que o produto permaneça mais tempo sobre a pele (sob sudorese excessiva ou permanência em piscinas ou no mar) diminuindo a reutilização do produto, com conseqüente menor exposição ao efeito nocivo dos componentes da fórmula.

Finalmente a melhor das soluções é o emprego de filtros físicos que refletem pura e simplesmente os raios ultravioleta (tanto UV-A quanto UV-B). Estes filtros como, por exemplo, o Dióxido de Titânio

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e Óxido de Zinco, não são absorvidos, tem baixíssima toxicidade, não causam sensibilização. Portanto não tem nenhum efeito estrogênico. Dependendo da concentração empregada conseguem-se altos FPS.

Antigamente o Dióxido de Titânio, bem como o Óxido de Zinco tinham o inconveniente de esbranquiçar a região onde eram aplicados. Modernamente com a técnica da micronização chega-se a partículas abaixo de 0,2 micras que tem a mínima interferência na radiação visível e máxima proteção UV, de tal forma que protegem sem “colorir de branco” o seu usuário; agregando inclusive um toque sensorial mais agradável.

Concluindo é difícil se escolher o filtro solar ideal (e não estamos aqui falando do Fator de Proteção Solar que irá variar com o tipo de pele de cada indivíduo); uma vez nem sempre não nos são totalmente transparentes a composição, a concentração e o veículo do produto. Porém face ao exposto devemos escolher aqueles isentos de Parabenos, com FPS até 30 e com altas concentrações de filtros físicos. Assim estaremos ajudando aos pacientes sem maiores conseqüências.

REF. BIBLIOGRÁFICAS:

1. SILVA, B.S.S.; CARVALHO, C.P.A.; VICENTINI, E.S.; COLE, E.R. Efeitos da bioacumulação de filtros solares com atividade estrogênica nas saúde da população.

Pharmácia Brasileira, ano XII n. 72 pg 38-45, jul/ago 2009.

2. ENCICLOPEDIA de absorvedores UV para produtos com filtro solar. Cosmetic & Toiletries, São Paulo, n. 7, v 7 pg/47-54 jul/ago 1995.

3. CORREA, M; RANGEL, V L B I Fotoproteção. Cosmetic & Toiletries, São Paulo, n 6, v14, pg 88-95, nov/dez 2002.

4. KAPLAN’S, M. Safety Concerns with Sunscreen. 11, ago. 2002 disponível em HTTP://www.anapsid.org/aboutm/xenoest/estrogen4htm.

5. OJOE, E.; LUNA, F.P.; CASSINO,S.M. Inovação em fotoproteção. International Journal of

Pharmaceutical Compouding. São Paulo n.6 pg 317-320 nov/dez 2004

6. PAOLA, M.V.R.V. Princípios da formulação de protetores solares. Cosmetic & Toiletries. São Paulo, n 5 v13 pg 74-82 set/out 2001

7. SCHLUMPF, M.; et al. Estrogen avtive UV screens. SFOW-Journal Switzerland v 127, pg 10-25, 2001.

8. STEINER, D.O. O que há de novo na proteção solar, Cosmetic & Toiletries. São Paulo, n 4 v 12 pg 22 jul/ago 2000

Referências

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