GESTÃO DA EROSÃO E
ENXURRADA
João Henrique CaviglioneIAPAR – Inst. Agronômico do Paraná
caviglione@iapar.br
Por que manejar a
erosão e a
enxurrada ?
A erosão é
um
problema
simples ou
complexo?
Entendendo o processo de
erosão e enxurrada
Entendendo o solo
O solo é a parte do ecossistema em que ocorre o
relacionamento entre que Atmosfera, a Hidrosfera, a Biosfera e a Litosfera ao mesmo tempo. Compondo a Pedosfera.
BIOSFERA
HIDROSFERA LITOSFERA
ATMOSFERA
Hidrosfera
2/3 da superfície do planeta é coberta por
água (1,4 bilhões de metros cúbicos) no
entanto somente 0,03% é doce; potável;
não esta congelada e na superfície
Atmosfera
Fina camada de 10 a 15 km
que cobre a terra
Enquanto a Atmosfera possui 15 km;
a Hidrosfera pode chegar a profundidades de 10.000 m.
O solo é uma camada de poucos metros (2m) que cobre parte da superfície dos continentes. (1/3 da terra).
Photo by USDA NRCS
A erosão e a desagregação
do solo pelo impacto da
gota de chuva, conhecido
como splash
Depois da desagregação do solo
inicia o transporte pela enxurrada.
Deposição final.
Ao final atinge o
curso d’água
Algumas funções do solo do solo
Função alimentar - O solo fornece o meio pelo qual as plantas
nos alimenta, veste, transfere energia etc;
Função biológica - abriga uma grande numero de seres vivos
Função de filtro -
O solo filtra a água que infiltra,
decompõe resíduos;
Função de sustentação - O solo é o suporte físico
construções e vida humana;
Função de Matéria prima - fonte de material de construção,
medicina arte etc;
A utilização agrícola (ou não) do solo sempre
Altera a taxa de infiltração de água no solo
O solo no ciclo hidrológico
infiltração
Escorrimento superficial
Demonstração da erosão
com simulador de chuva
Sistema de plantio direto
Preparo convencional
Mesmo no Sistema de
Plantio Direto há
perda
Problemas pela redução
da infiltração
•
Redução da quantidade de água no solo;
•
Redução da água disponível no solo;
•
Aumento da risco de deficiência hídrica
•
Aumento do escorrimento superficial (runoff);
•
Reduz a recarga dos aqüíferos de superfície sub-
superfície;
•
Redução na quantidade de água depurada no
ambiente;
•
Redução da capacidade de abastecimento dos
cursos dágua;
Problemas pela aumento do
escorrimento superficial (runoff)
•
Aumento da enxurrada;
•
Carreamento de solo; sedimento; nutrientes;
agroquímicos e sementes para os cursos d’água;
•
Eutrofização e poluição dos cursos d’água;
•
Assoreamento dos rios;
•
Aumento da onda de cheia;
•
Aumento da vazão instantânea e redução da vazão
média dos rios;
•
Aumento de sólidos em suspensão nos rios;
•
Dinimuição do tempo de concentração em bacias
•
Aumento dos custos de tratamento d’água, as vezes
interrompendo o fornecimento (Arapongas, 2008)
O que é transportado
na enxurrada, além do
Relação da concentração de nutrientes (P; K) no solo
(0 -2,5 cm) e no sedimento (BERTOL et al, 2004)
Preparos estudados:.
SSC: solo sem cultivo;
PCO: preparo convencional;
SDQ: semeadura direta sobre resíduos queimados; SDI: semeadura direta;
Relação da concentração de nutrientes (Ca; Mg e C. Org.)
no solo (0 -2,5 cm) e no sedimento (BERTOL et al,2004)
Preparos estudados: SSC: solo sem cultivo;
PCO: preparo convencional;
SDQ: semeadura direta sobre resíduos queimados; SDI: semeadura direta;
Preparos estudados:
SSC: solo sem cultivo;
PCO: preparo convencional;
SDQ: semeadura direta sobre resíduos queimados; SDI: semeadura direta;
SDD: semeadura direta sobre resíduos dessecados;
CNM: campo nativo melhorado. Fonte: BERTOL, et al. 2004
Perda de nutriente na água de enxurrada (milho + feijão)
NH4+ NO
SSC: solo sem cultivo;
PCO: preparo convencional;
SDQ: semeadura direta sobre resíduos queimados; SDI: semeadura direta;
SDD: semeadura direta sobre resíduos dessecados;
Fonte: BERTOL, et al. 2004
SD6: semeadura direta com seis anos; SD9: semeadura direta com nove anos;
E+G9: escarificação+gradagem com nove anos; A+2G9: aração + duas gradagens com nove anos; SSC9: solo sem cultura com nove anos.
Guadagnin et al, 2005
Fonte: Bertol et al, 2007 PC: preparo convencional;
PM: preparo mínimo; SD: semeadura direta.
Perdas médias de água e
solo sob chuva natural
Média de 4 rotações diferentes; chuva média de 481mm
SD6: semeadura direta com seis anos; SD9: semeadura direta com nove anos;
E+G9: escarificação+gradagem com nove anos; A+2G9: aração + duas gradagens com nove anos; SSC9: solo sem cultura com nove anos.
1993
Antes do zoneamento agrícola o
proagro
acumulava uma dívida de
700 milhões de reais.
95% devido a problemas com
01Ago 30Ago 30Set 30Out 30Nov 30Dez
Rendimento
de grãos
T/ha
Época de semeadura
(Adaptado de Gomes, 1988) 01 out 10 novRecomendação do
Zoneamento Agrícola
01Ago 30Ago 30Set 30Out 30Nov 30Dez
Rendimentode grãosT/haÉ poca de se meadura
(Adaptado de Gomes, 1988)
01 out10 novR ecom endação dZo neam ento Agríco01Ago 30Ago 30Set 30Out 30Nov 30Dez
Rendimentode grãosT/haÉpoca de semeadura
(Adaptado de Gomes, 1988)
01 out10 novRecom endação dZoneam ento Agríco
Rendimento do milho, conforme época
de semeadura, em Cambará - PR
Rendimento do milho, conforme
Rendimento do milho, conforme
é
é
poca
poca
de semeadura, em Cambar
Mudança climática global.
O IPCC também prevê um
aumento do escorrimento superficial. 12 modelos indicam aumento de 10 a 40 %
no para o final do século 21, para a região sul do Brasil, somente devido às
alterações do regime de chuvas.
•
O sistema de conservação deve preservar o ambiente
produtivo do solo (solo, água, fertilidade, física etc).
•
Fica evidente que somente uma prática conservacionista
não é suficiente para este alcançar este fim.
•
Portanto:
•
A conservação de solo e água não se faz com uma única
prática (terraço ou SPDP), mas um conjunto que integre as
práticas mecânicas edáficas e vegetativas.
-
PRÁTICAS MECÂNICAS:
-
PRÁTICAS VEGETATIVAS:
-
PRÁTICAS EDÁFICAS:
PRÁTICAS CONSERVACIONISTAS
E SISTEMAS DE MANEJO
-
PRÁTICAS MECÂNICAS:
-
Terraços;
-
Plantio em nível;
-
Sub-solagem
-
PRÁTICAS VEGETATIVAS;
-
PRÁTICAS EDÁFICAS:
PRÁTICAS CONSERVACIONISTAS
E SISTEMAS DE MANEJO
-
PRÁTICAS MECÂNICAS:
-
PRÁTICAS VEGETATIVAS
-
Florestamento
e reflorestamento;
-
Pastagem e Integração lavoura-
pecuária;
-
Plantas de cobertura;
-
Cultura em faixas;
-
Cordões de vegetação permanente;
-
Alternância de capinas;
-
Ceifa do mato;
-
Rotação e sucessão de culturas
-
Cobertura morta;
-
Faixas de bordadura e quebra-ventos
-
PRÁTICAS EDÁFICAS:
PRÁTICAS CONSERVACIONISTAS
E SISTEMAS DE MANEJO
-
PRÁTICAS MECÂNICAS:
-
PRÁTICAS VEGETATIVAS
-
PRÁTICAS EDÁFICAS:
-
Adubação verde;
-
Adubação química;
-
Adubação orgânica;
-
Calagem –
Manejo da acidez do solo (ΔpH)
(floculação & dispersão);
PRÁTICAS CONSERVACIONISTAS
E SISTEMAS DE MANEJO
SPD - Sistema de
Plantio Direto ideal
•
Cobertura total do solo
•
Aumento da infiltração e
armazenamento de água no
perfil do solo
•
Incremento nas propriedades
físicas,químicas e biológicas
do solo
-
Terraço comum embutido:
O terraço comum embutido é
construído de modo que o canal
tenha a forma triangular, e o talude praticamente na vertical.
Problemas quanto da instalação dos terraços
1. Tendência de considerar que só o terraceamento resolverá o problema de erosão, não se adotando outras técnicas.
2. Construção de terraços com secção insuficiente, por economia nas operações das máquinas.
3. Conhecimento insuficiente dos solos e de sua aptidão agrícola.
4. Utilização de tabelas ou critérios inadequados de dimensionamento dos terraços.
5. Planejamento inadequado das estradas e ramais, sem considerar o escoamento das águas de chuva de fora da gleba.
6. A ausência de manutenção adequada dos terraços.
7. Baixa aceitabilidade dos terraços em desnível pelos agricultores e técnicos de campo.
Dimensionamento
•
O dimensionamento exige duas etapas:
–
Espaçamento (vertical e horizontal)
•
Solo; declividade (cultura e manejo)
–
Do terraço propriamente dito (altura; secção
do canal e forma):
•
Infiltração de água no solo; chuvas intensas;
tempo de recorrência; tipo de solo
Declive Terra Argilosa Terra Roxa
% E.V E.H. E.V E.H.
1 0,8 54,8 0,4 43,1 2 0,8 41,0 0,6 32,2 3 1,0 34,6 0,8 27,2 4 1,2 30,6 1,0 24,1 5 1,4 27,9 1,1 22,0 6 1,6 25,8 1,2 20,3 7 1,7 24,2 1,3 19,1 8 1,8 22,9 1,4 18,0 9 2,0 21,8 1,5 17,8 10 2,1 20,8 1,6 16,4 11 2,2 20,0 1,7 15,7 12 2,3 19,3 1,8 15,2 13 2,4 18,6 1,9 14,6 14 2,5 18,1 2,0 14,2 15 2,6 17,5 2,1 13,8 16 2,7 17,1 2,2 13,5 17 2,8 16,7 2,2 13,1 18 2,9 16,3 2,3 12,8 19 3,0 15,9 2,4 12,5 20 3,1 15,6 2,5 12,3
Modelos para espaçamento I
Paraná – tabela
(solo; declive)
Modelos para espaçamento II
•
Bentley – (solo; declive)
•
D = declividade (%)
Modelos para espaçamento
•
Lombardi Neto (solo; declive; cultura;
manejo)
•
D= declividade (%)
•
K= tipo de solo (tabelado)
•
u = tipo de cultura (tabelado)
Grupos de cultura
Grupo
Cultura
Proteção ao solo
1 Feijão, Mandioca e Mamona
Muito pouca2 Amendoim, Algodão, Arroz, Alho, Cebola, Girassol e
Fumo
.3 Soja, Batata, melancia, Abobora, Melão e Adubos
Verdes
.4 Milho, Sorgo, cana‐de‐açúcar, Trigo, Cereais de
inverno,
Frutíferas de ciclo curto
.5 Banana, Café, Citros e Frutíferas permanentes
.6 Pastagens e capineiras
.7 Reflorestamentos, Cacau e Seringueira
Muito altaSegundo a proteção do solo
Grupos de solos
Grupo
Grupo. Solo (EMBRAPA, 2006)
Relação textural
(B/A)
1
Latossolos
Textura: Muito Argilosa; Argilosa e
média
< 1,2
2
Latossolos
textura Arenosa e Nitossolos
1,2 a 1,5
3
Argissolos
abrúpticos
ou não
>1,5
4
Neossolos
litólicos
e regolíticos; Argissolos
rasos
Pouco profundos
Segundo a resistência à erosão e dinâmica de água
Relação textural = teor de argila no horizonte B teor de argila no Horizonte A (adaptado de Lombardi neto et al, 1991)
Grupos de manejo e preparo de solo
Grupo
Preparo primário
Preparo secundário
Restos culturais
Valor m
1
Grade aradora
(1)Grade niveladora
Incorporados ou
queimados
0,50
2
Arado de disco
(2)Grade niveladora
Incorporados ou
queimados
0,75
3
Grade leve
Grade niveladora
Parcialmente
incorporados
(3)1,00
4
Arado
escarificador
Grade niveladora
Parcialmente
incorporados
(3)1,50
5
Não tem
Semeadura direta
(4)Superfície do
terreno
2,00
(1) ou enxada rotativa; (2) ou Arado de aiveca; (3) com ou sem rotação de cultura; (4) Plantio sem revolvimento do solo, roçadeira rolo-faca herbicida (plantio Direto)
Dimensionamento da secção
S = área da secção do canal do talude (m2);
P = precipitação máxima para tempo de recorrência (10 anos) (m); Faria & Wagner, 1990;
Fendrich et al, 1986, 1998; 2008.
c = Coeficiente de enxurrada ( solo; manejo; declividade) = intensidade da precipitação
vazão da enxurrada;
Pelo programa Terraço
® Universidade Federal de Viçosa - UFVDepartamento de Engenharia Agrícola – DEA Grupo de Pesquisa em Recursos Hídricos - GPRH
BACIA HIDROGRÁFICA
RIBEIRÃO DOS APERTADOS
Proposta de
avaliação
para em
Nitossolo;
SPD e Plantio
em nível
(65 a 73% em relação ao Paraná, 1994)Declive (%) E.V. (m) E.H (m) Tipo indicado 1 0,7 74,5 B. Larga 2 1,1 55,7 B. Larga 3 1,4 47,0 B. Larga 4 1,7 41,6 B. Larga 5 1,9 37,9 B. Larga 6 2,1 35,1 B. Larga 7 2,3 32,9 B. Larga 8 2,5 31,1 B. Larga 9 2,7 29,6 B. Média 10 2,8 28,3 B. Média 11 3,0 27,2 B. Média 12 3,2 26,3 B. Média 13 3,3 25,4 B. Estreita 14 3,4 24,6 B. Estreita 15 3,6 23,9 B. Estreita 16 3,7 23,3 B. Estreita 17 3,9 22,7 Patamar 18 4,0 22,1 Patamar 19 4,1 21,6 Patamar 20 4,2 21,2 Patamar
Plantio em nível
Variação do fator P em relação à declividade
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 Declividade em % V a lor do Fa to r P
1,3 a 5 cm
5 a 7,6 cm
7,6 a 10 cm
10 a 15,3 cm
Mais de 15,3 cm
Influência da profundidade da rugosidade do plantio
em nível (fator P – USLE) em relação à declividade
Proposta de
avaliação
para em
Nitossolo;
SPD
(53 a 73% em relação
ao Paraná, 1994)
declive (%) E.V. (m) E.H (m) Tipo indicado 1 0,7 74,5 B. Larga 2 1,1 55,7 B. Larga 3 1,4 47,0 B. Larga 4 1,7 41,6 B. Larga 5 1,9 37,1 B. Larga 6 2,0 33,8 B. Larga 7 2,2 31,2 B. Larga 8 2,3 29,3 B. Larga 9 2,5 27,7 B. Média 10 2,7 26,5 B. Média 11 2,8 25,6 B. Média 12 3,0 24,8 B. Média 13 3,2 24,3 B. Estreita 14 3,4 23,9 B. Estreita 15 3,6 23,7 B. Estreita 16 3,7 23,3 B. Estreita 17 3,9 22,7 Patamar 18 4,0 22,1 Patamar 19 4,1 21,6 Patamar 20 4,2 21,2 Patamar
Plantio Direto com Qualidade
•
Mínimo revolvimento do solo
•
Cobertura do solo
Obrigado
João Henrique Caviglione
caviglione@iapar.br
IAPAR
(43)3376-2000 CXP 481