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ANÁLISE DOS COMPONENTES DA SINDROME DE BURNOUT PRESENTES EM PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS

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Academic year: 2021

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ISSN 2176-1396

PRESENTES EM PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS

Brenda Morais Silva1 - PUCPR João Paulo Barbosa2 - PUCPR Ana Maria Moser3 - PUCPR Cloves Amorim4 - PUCPR Eixo – Educação e Saúde Agência Financiadora: não contou com financiamento

Resumo

O trabalho docente na atualidade está sob a influência de eventos estressores, e cada indivíduo possui as suas próprias defesas, tanto para sua saúde mental como física. Quando falta ao trabalhador estratégias de enfrentamento, o corpo e a mente começam a dar sinais de desequilíbrio, e assim se desenvolvem os sintomas da síndrome de burnout. O objetivo do presente estudo foi identificar e correlacionar as principais sintomatologias relatadas por docentes de uma universidade particular do estado do Paraná com a síndrome de burnout. O método foi quantitativo e participaram da pesquisa 130 professores: a maioria eram homens (52%), a média de idade dos professores era de 47 anos, sendo a maioria (73%) casados, o nível de escolaridade variou entre títulos de doutorado (42%), mestrado (41%) e pós-doutorado (9%); os respondentes atuam nas seguintes áreas: exatas (16%), saúde (58%), ciências humanas (24%) e ciências econômicas (8%). A média de tempo de atuação no ensino superior é de 15,9 anos. Atualmente trabalham, em média, 24,13 horas semanais. Foi utilizado como instrumento de pesquisa um questionário contendo 127 questões para avaliar o estresse e a síndrome de burnout em professores universitários, disponibilizado online pela plataforma Qualtrics durante um período de três meses. Os principais resultados indicam sintomatologia característica da dimensão exaustão. Outros relatos notáveis referem-se a dimensão de despersonalização, marcante nos estágios mais avançados da síndrome de burnout, e a uma diminuição na realização profissional de alguns dos respondentes. Essas dimensões permitem inferir a presença da síndrome de burnout, porém outros estudos precisam ser realizados para determinar, de forma mais segura, se os respondentes são afetados por essa síndrome.

Palavras-chave: Síndrome de burnout. Professores universitários. Saúde docente.

1 Estudante de Graduação em Psicologia na Pontifícia Universidade Católica do Paraná. E-mail:

brendamorais@icloud.com.

2 Estudante de Graduação em Psicologia na Pontifícia Universidade Católica do Paraná. E-mail:

joaopbrb@gmail.com.

3 Doutora em Psicologia pela USP, Professora adjunto 3 da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. E-mail:

ana.moser@pucpr.br.

4 Doutor em Educação pela PUCPR. Professor Adjunto da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

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Introdução

O cotidiano do ser humano está fazendo com que as pessoas fiquem estressadas. O estresse é o modo como as pessoas percebem e reagem as tensões do dia-a-dia, tentando reestabelecer o equilíbrio psíquico e físico. Quando o estresse está relacionado com o ambiente de trabalho e a pessoa não consegue restaurar o equilíbrio, utilizando de estratégias de enfrentamento pode ocorrer o desenvolvimento da síndrome de burnout. Os principais sintomas da síndrome de burnout são: exaustão emocional, baixa realização profissional e despersonalização. No caso do professor universitário as demandas estão na maioria das vezes relacionadas à percepção deste profissional como responsável pelo processo de ensino-aprendizagem, principalmente no que diz respeito aos déficits de aprendizagem por parte do aluno. Salienta-se então as demandas emocionais do docente que acabam sendo inerentes a sua profissão. A relevância de verificar a ocorrência da síndrome de burnout nos docentes das universidades está relacionada diretamente as consequências desta síndrome da desistência simbólica do seu papel na formação dos futuros profissionais da sociedade.

Desenvolvimento

A síndrome de burnout é uma resposta ao estresse ocupacional crônico, que se desenvolve através da relação entre as características do ambiente de trabalho e da discrepância entre as expectativas da pessoa e a sua realidade laboral (PAIVA, GOMES e HELAL, 2015). A síndrome de burnout se diferencia do estresse, pois envolve condutas negativas perante as pessoas do seu convívio laboral (PINTO et al., 2015), indo da exaustão emocional à sentimentos de fracasso, entre outras consequências. (SOUSA et al., 2012). Vale ressaltar que ambos são capazes de gerar prejuízos para a saúde do individuo, tanto em nível individual, como no nível organizacional e social. (PAIVA, GOMES e HELAL, 2015).

Não existe uma definição única a Síndrome de Burnout, entretanto, os autores o concordam que seja como uma síndrome, por ser um conjunto de respostas de autoproteção e enfrentamento diante do estresse laboral quando o individuo tem relação direta, ininterrupta e emocional com outras pessoas no seu trabalho. (BENEVIDES-PEREIRA, 2012; COSTA et al., 2013; MESQUITA et al., 2013; CARLOTTO, 2014; SILVA et al., 2014; BORBA et al., 2015; PINTO et al., 2015; MELO et al., 2015)

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A palavra burnout tem origem inglesa e significa “queimar até a exaustão”, ou seja, aquilo que deixou de funcionar por causa da exaustão da energia. É um esgotamento físico, psíquico e emocional resultante da má adaptação do individuo ao estresse laboral. Esse termo foi utilizado inicialmente por Brandley em 1969, mas somente se tornou conhecido a partir dos estudos de Freudenberger em 1974, onde o pesquisador descreveu o estado físico e mental de jovens voluntários em um ambiente estressante. (ANDRADE e CARDOSO, 2012; SOUZA et al., 2012; BENEVIDES-PEREIRA, 2012; TEODORO, 2012; MESQUITA et al., 2013; SILVA et al., 2014; PINTO et al., 2015; MELO et al., 2015)

A síndrome de burnout é reconhecida pelo Ministério da Saúde brasileiro como uma resposta prolongada aos estressores emocionais crônicos no trabalho, afetando principalmente pessoas que tem contato direto com os usuários, como os trabalhadores da área de educação, da saúde, entre outros. (PINTO et al., 2015; MELO et al., 2015) Essa síndrome ainda é desconhecida por muitos profissionais, e por muitas vezes o individuo pode apresentar burnout, mas ser tratado como portador de estresse ou depressão, o que pode levar ao tratamento inadequado. (TEODORO, 2012)

O conceito de burnout mais aceito é o de Maslach e Jackson que em 1986 descreveram a síndrome como um processo multifatorial e identificaram três dimensões do burnout: a exaustão emocional, a despersonalização ou cinismo e a diminuição da realização pessoal. A exaustão emocional é o sintoma central da síndrome de burnout, que se caracteriza pelo esgotamento, tanto físico como mental do trabalhador, deixando-o sem energia para as atividades laborais e incapacitando o individuo de progredir em seu trabalho. (BENEVIDES-PEREIRA, 2012; SOUSA et al., 2012; MESQUITA et al., 2013; CARLOTTO, 2014; BORBA et al., 2015; PINTO et al., 2015; MASSA et al., 2016)

A despersonalização ou cinismo é um aspecto do burnout que o diferencia dos outros transtornos como o estresse e a depressão, ela é a característica relacional defensiva do burnout. Caracteriza-se também pela desumanização no trato com outras pessoas, utilizando o cinismo. (SOUSA et al., 2012; BENEVIDES-PEREIRA, 2012; MESQUITA et al., 2013; CARLOTTO, 2014; BORBA et al., 2015; PINTO et al., 2015; MASSA et al., 2016)

A diminuição da realização pessoal tem como consequência a ineficiência, a insatisfação e o sentimento de insuficiência que acaba por reduzir a autoestima do individuo (BENEVIDES-PEREIRA, 2012). Essas três dimensões são relacionadas e estruturadas, sendo que a exaustão emocional ocorre como resposta às exigências do meio, o que leva a

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despersonalização ou cinismo; que, por sua vez, leva a diminuição da realização profissional (PAIVA, GOMES e HELAL, 2015). A síndrome de burnout é verificada a partir do alto nível de exaustão emocional, despersonalização e baixo nível de realização profissional (SILVA et al., 2014).

Gil-Monte, em 2005, também desenvolveu um modelo das dimensões da síndrome de burnout, baseando-se no modelo de Maslach e Jackson de 1981, mas se diferenciando do mesmo por conter a dimensão ‘’culpa’’. As dimensões desse novo modelo proposto são: Ilusão pelo trabalho, que se caracteriza pelo desejo individual de progredir no seu ambiente laboral; O desgaste psíquico que seria o sentimento de exaustão física e psíquica devido ao contato direto com pessoas em seu trabalho; A indolência, que se refere ao desenvolvimento da indiferença frente aos outros; e a culpa, que é o sentimento gerado em decorrência das atitudes negativas desenvolvidas no ambiente laboral. (COSTA et al., 2013; CARLOTTO et al., 2014, 2015; BORBA et al., 2015)

Esse modelo proposto por Gil-Monte se desdobra em dois perfis, o primeiro é caracterizado pela baixa ilusão em relação ao trabalho, ao alto desgaste psíquico e indolência. Esse perfil refere-se a um conjunto de sentimentos relacionados ao estresse laboral, que acarreta um mal-estar, mas sem deixar o individuo incapacitado para o trabalho. Já o segundo perfil engloba a elevação da dimensão de culpa as outras dimensões presentes no primeiro perfil. O segundo perfil tende a ser mais preocupante, pois apresenta uma maior tendência de os indivíduos desenvolverem problemas de saúde e absenteísmo (COSTA et al., 2013; CARLOTTO et al., 2014, 2015; BORBA et al., 2015).

Tendo em vista a importância do estudo e tratamento dessa síndrome, a Regulamentação da Previdência Social em 1996 incluiu a síndrome de burnout como um agente patogênico causador de doenças profissionais (TEODORO, 2012). E a Legislação Brasileira, com a Lei n˚ 3.048/99, considerou a síndrome de burnout como uma doença do trabalho em profissões que envolvem cuidados com a saúde, a educação e serviços humanos (BORBA et al., 2015).

Segundo Costa et al. (2013), os indivíduos com burnout apresentam deterioração cognitiva, sendo apresentada na perda de motivação e baixa realização pessoal no trabalho; e afetiva onde aparece o esgotamento físico e emocional. Em consequência desses sintomas o individuo passa a desenvolver atitudes negativas frente as pessoas relacionadas ao seu trabalho, tanto clientes como funcionários. Para o autor, o sentimento de culpa aparece depois

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da manifestação desses sintomas, mas não ocorre necessariamente em todos os indivíduos com burnout.

Já para Benevides-Pereira, citada por Silva et al. (2014), e confirmada por Melo et al. (2015), os sintomas de burnout são divididos em quatro categorias: os sintomas físicos como a fadiga constante e progressiva, distúrbios do sono, irritabilidade, dores musculares e cefaleias; os sintomas comportamentais como a falta ou excesso de escrúpulos, irritabilidade, aumento da agressividade e a incapacidade de relaxar; os sintomas psíquicos como a falta de atenção e concentração, alterações da memória, lentificação do pensamento e sentimento de alienação; e os sintomas defensivos como a tendência ao isolamento, sentimento de onipotência e a perda de interesse pelo trabalho. É possível observar também a tendência do individuo estar fisicamente presente, mas fazendo suas atividades de forma automática. Salienta-se que os sintomas variam de pessoa para pessoa, pois depende do próprio individuo e da sua interação com o ambiente laboral.

Andrade e Cardoso (2012) também caracterizam os seguintes sintomas para o burnout, a alienação, desumanização, apatia, insônia, gastrite, alterações menstruais, alergias, cefaleia, palpitações, hipertensão arterial, uso abusivo de medicamentos e álcool. De acordo com o autor estes sintomas acabam tendo como consequência conflitos sociais e familiares.

Já Pinto et al. (2015), complementam essas ideias com as manifestações dos sintomas primeiramente em nível individual, como sintomas físicos, essas alterações atingiram o ambiente de trabalho, modificando as suas relações interpessoais. E depois se manifestam as doenças psicossomáticas, como o uso de medicamentos, alcoolismo, câncer, depressão, entre outras.

Cada trabalhador reage de forma particular aos eventos estressores da vida laboral, pois cada indivíduo tem as suas próprias defesas tanto para sua saúde mental como física. Quando o trabalhador não consegue lidar com essa tensão emocional, o corpo e a mente começam a dar sinais de desequilíbrio, e assim se desenvolvem os sintomas de burnout. (ANDRADE e CARDOSO, 2012).

Carlotto (2014) aponta para a importância da conscientização do docente quanto a sua condição no ambiente de trabalho, para que ele entenda que a culpa não recai totalmente sobre si, já que fatores organizacionais podem ser os principais responsáveis pela manifestação a longo prazo da síndrome de burnout. O educador tem uma forte pressão por parte da

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sociedade na formação de cidadãos e profissionais, uma demanda que não condiz com sua formação.

Inúmeras variáveis contribuem para o desenvolvimento da síndrome de burnout em docentes, entre elas estão: a relação com os alunos e a falta de motivação; a jornada de trabalho; a baixa remuneração salarial; a sobrecarga de atividade laboral, como a proporção aluno/professor; a atividade de pesquisa; a inadequação entre a formação e o desenvolvimento profissional; a idade e o grau de escolaridade; o gênero e o estado civil; bem como o clima organizacional (ANDRADE e CARDOSO, 2012).

Os alunos, a família e a sociedade passaram a cobrar mais dos professores, esperando que o docente seja um formador em aspectos como cidadania, sustentabilidade, sexualidade, relacionamento interpessoal, e no controle da violência na escola. Passando assim a tarefa da formação pessoal dos alunos para o âmbito escolar, acarretando cada vez mais afazeres e cobranças para os docentes (BENEVIDES-PEREIRA, 2012).

Estas transformações se tornaram um desafio pessoal para o professor, no sentido de que o docente deve responder as novas expectativas projetadas sobre ele, mas ao mesmo tempo existe uma baixa valorização desses profissionais acarretando sintomas estressores que podem levar ao desenvolvimento da síndrome de burnout (ANDRADE e CARDOSO, 2012).

Vale ressaltar que as causas da síndrome de burnout não estão relacionadas somente ao âmbito individual, mas também ao âmbito social e principalmente o laboral. Esses fatores estão em três níveis, o micro, meso e macrossociais. Os fatores microssociais se situam dentro da atividade profissional, já os fatores mesossociais envolvem as políticas institucionais e os macrossociais seriam todas as mudanças ocorridas na educação tanto no âmbito politico como social (ANDRADE e CARDOSO, 2012).

As consequências da síndrome de burnout não afetam somente o professor, mas também a instituição e o ensino. Os problemas na educação brasileira são antigos como, por exemplo: a falta de reconhecimento e remuneração adequada aos professores, a precariedade das condições de trabalho e a retirada da autonomia do educador. É necessária uma mudança profunda no ambiente de ensino para que os professores possam educar novos profissionais de forma produtiva e saudável para a sociedade (BENEVIDES-PEREIRA, 2012).

Para o docente, mesmo que lhe seja exigido um maior envolvimento, a sua carreira lhe recompensa pelo modo como ele sente que sua atividade é relevante para os alunos, sentindo que seu trabalho foi bem realizado. Porém, com essas expansões no âmbito escolar, o docente

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pode se sentir mais cobrado por causa das constantes exigências de aprimoramento profissional, planejamento de aulas, entre outras atividades que acabam por consumir todas as suas capacidades físicas, cognitivas e afetivas (SOUZA, GUIMARÃES e ARAUJO, 2013).

Portanto a classe dos professores é propensa a ser acometida por doenças relacionadas ao trabalho, como a síndrome de burnout. É urgente identificar as variáveis procurando prevenir essa síndrome em docentes, já que as consequências não são somente individuais, mas também acabam afetando toda a sociedade. Esse estudo é importante para que se tenha conhecimento e seja dada a devida atenção à síndrome de burnout e as suas consequências, visando a melhora da qualidade de vida dos professores, que são essenciais na construção da sociedade.

O objetivo desse estudo foi identificar as principais sintomatologias da síndrome de burnout em docentes de uma Universidade Particular do Estado do Paraná.

Método

Participantes e Instrumento

A amostra constitui-se de 186 professores de uma universidade particular do Estado do Paraná que autorizaram via TCLE (termo de consentimento livre esclarecido).

Os dados foram levantados por meio de um questionário composto por 127 questões, sendo 113 questões fechadas e 14 questões abertas. Com o intuito de levantar o perfil sociodemográfico dos docentes universitários, bem como queixas frequentes, frequência e duração de afastamentos, uso de medicamentos, nível de satisfação em relação ao trabalho, atividades físicas e de lazer, entre outras.

Procedimento

Trata-se de uma pesquisa quantitativa com coleta de dados online, utilizando a plataforma Qualtrics. Após o participante assinar o TCLE o programa permite o avanço para responder as demais perguntas. O instrumento ficou disponível durante três meses para acesso pelos interessados. A pró-reitoria acadêmica da instituição encaminhou um e-mail para cada professor apresentando a pesquisa e solicitando a colaboração no preenchimento dos dados.

Neste estudo estamos utilizando os dados coletados no projeto de pesquisa realizado pela Prof. Dra. Ana M. Benevides-Pereira em 2015.

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Resultados e Discussão

Consentiram com o TCLE 186 respondentes, porém a média de participação efetiva nas respostas ao questionário foi de 129 professores. O perfil dos respondentes foi: homens (52%) e mulheres (48%), a média de idade dos professores é de 47 anos e 73% dos professores relataram estado civil casados; nível de escolaridade variando de doutorado (42%), mestrado (41%) e pós doutorado (9%); Os respondentes atuam ou na área de exatas (16%), ou na área de saúde (58%), ou na área de ciências humanas (24%) ou na área de ciências econômicas (8%); Sendo que a média de atuação no ensino superior é de 15,9 anos, e atualmente trabalham em média 24,13 horas semanais; Mais da metade desses professores (59%) exercem outra função além da docência, pesquisa (62%), extensão (23%), administração ou chefia (33%) e orientação acadêmica (64%); A maioria dos professores (68%) praticam esportes, e desses 67% praticam de 2 a 3 vezes por semana.

Uma das hipóteses levantadas para explicar a diminuição nos participantes efetivos pode ser relacionada ao número de questões e a não padronização das perguntas, o que envolveria o docente dispor de um tempo para refletir e responder uma questão após a outra, mesmo que o programa permita sair e retornar. O questionário deve ser o mais simples e coeso possível, a fim de obter todas as respostas necessárias enquanto a atenção do participante permanece (COZBY, 2003). O questionário utilizado nessa pesquisa possui 127 questões e levaria em media 20 a 30 minutos para ser respondido.

Utilizando-se da estatística descritiva observou-se que os respondentes avaliam o seu trabalho enquanto função como gerando satisfação, conforme discriminado na tabela 01. Pode-se observar pelos dados da tabela 01 que os respondentes apresentam uma frequência variando entre quase sempre (algumas vezes por semana) a sempre (todos os dias) valorizando aspectos relacionados tanto ao desempenho da sua função como a segurança no ambiente de trabalho e as possibilidades de descobrir potencialidades. Neri (1993) enfatiza que uma das proposições teóricas sobre qualidade de vida se refere a bem-estar psicológico e satisfação. Embora foi possível ter verificado esta frequência de satisfação com a atividade laboral, foi também verificado queixas relacionadas principalmente a aspectos da saúde física e saúde percebida (NERI, 1993).

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Tabela 1: Porcentagem da frequência do grau de satisfação com aspectos relacionados ao desempenho da função exercida. (N=138)

Avaliação referente ao desempenho na função exercida

Porcentagem

Meu trabalho me inspira 38% (sempre)

Em meu trabalho, sinto-me repleto de energia 42% (quase sempre) Acho que o trabalho que realizo é cheio de

significado e propósito

46% (sempre) No trabalho, sinto-me com força e vigor 49% (quase sempre) Estou entusiasmado com meu trabalho 41% (quase sempre) Quando me levanto pela manhã, tenho vontade de

ir trabalhar

38% (quase sempre) Estou orgulhoso com o trabalho que realizo 48% (sempre) Sinto-me envolvido com o trabalho que faço 52% (sempre) Em meu trabalho, sou versátil 41% (quase sempre) Percebo que há respeito no meu ambiente de

trabalho

49% (frequentemente) Há flexibilidade de forma a permitir o pleno

desenvolvimento do meu trabalho

42% (frequentemente) Sinto-me seguro em meu local de trabalho 40% (frequentemente) Meu ambiente de trabalho é agradável 46% (frequentemente) Meu trabalho me realiza profissionalmente 58% (sempre) Me identifico com meu trabalho 67% (sempre) Percebo que realizo um trabalho importante 65% (sempre) Se algo não dá certo, vou tentando outras

alternativas até encontrar uma solução

51% (totalmente de acordo)

Fonte: Pesquisa realizada por Benevides-Pereira (2015).

As principais queixas relatadas estão discriminadas na tabela 02.

Tabela 2: Porcentagem das queixas relatadas a aspectos de saúde física (N= 140).

Queixas relatadas a aspectos de saúde física Porcentagem

Pressão alta 33%

Colesterol elevado 24%

Cefaleia/enxaqueca 23%

Insônia 20%

Hipotireoidismo 17%

Dores nos ombros ou nucas 25% (frequentemente) e 7% (assiduamente) Perda ou excesso de apetite 16% (frequentemente) e 7% (assiduamente)

Dores de cabeça 11% (frequentemente) e 4% (assiduamente)

Dor no peito 1% (frequentemente) e 0% (assiduamente)

Erupções na pele 6% (frequentemente) e 4% (assiduamente)

Pequenas infecções 5% (frequentemente) e 0% (assiduamente)

Problemas gastrointestinais 8% (frequentemente) e 6% (assiduamente)

Problemas alérgicos 8% (frequentemente) e 2% (assiduamente)

Gripes e resfriados 5% (frequentemente) e 1% (assiduamente)

Problemas na voz 10% (frequentemente) e 1% (assiduamente)

Fonte: Pesquisa realizada por Benevides-Pereira (2015).

Pode-se observar que embora muitos dos respondentes tenham relatado uma avaliação positiva em uma frequência média de todos os dias ou sempre, também pode relatar aspectos numa porcentagem relevante de sintomas que podem ser relacionados com a síndrome de burnout (BENEVIDES-PEREIRA, 2010) ou estresse (VASCONCELOS, 1992; LIPP, 2004).

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O questionário teve como objetivo levantar o perfil dos docentes e muitas das perguntas estavam relacionadas a aspectos psicológicos referentes a síndrome de burnout. (BENEVIDES-PEREIRA, 2010). Os aspectos psicológicos levantados estão discriminados na tabela 03, em função da frequência dessas queixas.

Pode ser observado na tabela 03 que a porcentagem da frequência dos relatos tais como: Sentiu-se sem vontade de começar nada; Sentimento de cansaço mental; Pouco tempo para si mesmo; Fadiga generalizada; Sentimentos de baixa autoestima; Cansaço rápido de todas as coisas; Sinto que fico sem energia depois de um dia de trabalho; Já acordo cansado pela manhã; Sinto que não tenho mais ânimo para nada; Tenho que fazer um grande esforço para levantar pela manhã para ir trabalhar; Sinto que meu trabalho tem consumido toda a minha energia, tornam-se relevantes, pois caracterizariam a existência da dimensão exaustão da síndrome de burnout nos docentes. (BENEVIDES-PEREIRA, 2012; SOUSA et al., 2012; MESQUITA et al., 2013; CARLOTTO, 2014; BORBA et al., 2015; PINTO et al., 2015; MASSA et al., 2016)

Enquanto a frequência dos relatos tais como: Irritabilidade fácil; Pouca satisfação nas relações sociais; Dificuldade em controlar a agressividade; Sinto que já não tenho paciência com algumas pessoas no meu trabalho; Mantenho um contato impessoal com as pessoas em meu trabalho; Passei a me afastar emocionalmente das pessoas em meu trabalho; Sinto que me tornei mais “duro” com o passar do tempo; Noto que tenho evitado um contato mais pessoal nos relacionamentos em meu trabalho; Percebo que evito um contato mais próximo com as pessoas no meu trabalho; Sinto que passei a ser mais técnico e menos humano em meu trabalho, tornam-se também relevantes, pois podem ser consideradas como características da dimensão de despersonalização da síndrome de burnout. (SOUSA et al., 2012; BENEVIDES-PEREIRA, 2012; MESQUITA et al., 2013; CARLOTTO, 2014; BORBA et al., 2015; PINTO et al., 2015; MASSA et al., 2016)

A frequência dos demais comportamentos verificados na tabela 03 tais como: Acredito que a profissão esteja me estressando; É difícil desligar-me do trabalho; A burocracia toma grande parte do meu tempo no trabalho; Não há como parar para refletir em meu trabalho, pois não há tempo para tal; Onde trabalho, a submissão é mais valorizada que a competência nas atividades laborais; Meu ambiente de trabalho é muito tenso; Evito situações desafiadoras, indicariam uma diminuição na realização profissional de alguns docentes. (BENEVIDES-PEREIRA, 2012; SILVA et al., 2014; PAIVA, GOMES e HELAL, 2015)

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Tabela 3: Porcentagem da frequência dos aspectos psicológicos relacionados ao trabalho. (N=142).

Queixas relatadas a aspectos psicológicos Porcentagem

Acredito que a profissão esteja me estressando 55% (sim)

Irritabilidade fácil 20% (frequentemente) e 4% (assiduamente)

Sentiu-se sem vontade de começar nada 8% (frequentemente) e 3% (assiduamente) Pouca vontade de comunicar-se 6% (frequentemente) e 2% (assiduamente) Sentimento de cansaço mental 23% (frequentemente) e 8% (assiduamente) Pouco tempo para si mesmo 31% (frequentemente) e 15% (assiduamente)

Fadiga generalizada 14% (frequentemente) e 3% (assiduamente)

Sentimentos de baixa autoestima 10% (frequentemente) e 4% (assiduamente) Pouca satisfação nas relações sociais 6% (frequentemente) e 1% (assiduamente) Dificuldade em controlar a agressividade 5% (frequentemente) e 0% (assiduamente) Cansaço rápido de todas as coisas 7% (frequentemente) e 1% (assiduamente) É difícil desligar-me do trabalho 34% (frequentemente) e 28% (assiduamente) A burocracia toma grande parte do meu tempo no

trabalho

36% (frequentemente) e 17% (assiduamente) Não há como parar para refletir em meu trabalho

pois não há tempo para tal

23% (frequentemente) e 8% (assiduamente) Onde trabalho, a submissão é mais valorizada que

a competência nas atividades laborais.

13% (frequentemente) e 8% (assiduamente) Meu ambiente de trabalho é muito tenso 17% (frequentemente) e 2% (assiduamente) Sinto que já não tenho paciência com algumas

pessoas no meu trabalho

15% (frequentemente) e 8% (assiduamente) Mantenho um contato impessoal com as pessoas

em meu trabalho

17% (frequentemente) e 8% (assiduamente) Sinto que fico sem energia depois de um dia de

trabalho

35% (frequentemente) e 9% (assiduamente) Passei a me afastar emocionalmente das pessoas

em meu trabalho

17% (frequentemente) e 6% (assiduamente) Sinto que me tornei mais “duro” com o passar do

tempo

22% (frequentemente) e 3% (assiduamente) Noto que tenho evitado um contato mais pessoal

nos relacionamentos em meu trabalho

15% (frequentemente) e 8% (assiduamente) Já acordo cansado pela manhã 20% (frequentemente) e 3% (assiduamente) Percebo que evito um contato mais próximo com

as pessoas no meu trabalho

14% (frequentemente) e 7% (assiduamente) Sinto que não tenho mais ânimo para nada 8% (frequentemente) e 3% (assiduamente) Tenho que fazer um grande esforço para levantar

pela manhã para ir trabalhar

11% (frequentemente) 3 2% (assiduamente) Sinto que meu trabalho tem consumido toda a

minha energia

19% (frequentemente) e 5% (assiduamente) Sinto que passei a ser mais técnico e menos

humano em meu trabalho

11% (frequentemente) e 1% (assiduamente) Evito situações desafiadoras 5% (de acordo) e 2% (totalmente de acordo) Fonte: Benevides-Pereira (2015).

A literatura especifica da área enfatiza que a síndrome de burnout ocorre quando o individuo apresenta uma alta pontuação referente a dimensão exaustão, uma alta pontuação referente a despersonalização e uma baixa pontuação referente a realização profissional. Portanto, não se tem dados para afirmar que esses respondentes apresentam a síndrome, mas é necessário considerar que os relatos existem indicando a existência das três dimensões.

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Porém, devido a forma como foram organizados os dados não é possível discriminar as três dimensões em um mesmo respondente.

Entendendo melhor as variáveis identificadas no instrumento, pode-se desvelar as características apresentadas por esses respondentes no sentido de correlacionar com a síndrome de burnout.

Esse é um estudo realizado em uma instituição privada, de acordo com Borba et al. (2015) ao se comparar escola publica e privada, na escola privada há menos índice de estresse que pode levar a síndrome de burnout nos professores. Mas ele enfatiza que apesar dos dados apontarem essa sintomatologia, não há uma diferença expressiva na comparação.

Essa pesquisa não permite discriminar quais professores responderam determinadas questões e por isso não é possível fazer uma correlação mais aprofundada sobre o gênero e o estado civil dos respondentes, porém a literatura (ANDRADE e CARDOSO, 2012; BENEVIDES-PEREIRA, 2012; SOUZA, GUIMARÃES e ARAUJO, 2013; CARLOTTO et al., 2014; MELO et al., 2015; MASSA et al., 2016) traz pontos importantes de serem discutidos em relação a essas variáveis. Os estudos de Souza, Guimarães e Araujo (2013), relataram que professores do sexo feminino possuem um alto nível de estresse no trabalho, podendo ter relação com outras variáveis como o número de filhos, entre outras. Enquanto que os estudos Melo et al. (2015) reforçam a hipótese que as professoras apresentam níveis mais altos da dimensão de exaustão emocional, levando em conta a dupla jornada de trabalho que muitas levam. Já os homens apresentariam níveis mais elevados na dimensão de despersonalização.

Em 2016 Massa et al. apresentaram que ser do gênero feminino é um fator protetivo para a síndrome de burnout, enquanto a variável não ser casado apresentou associação com burnout e principalmente com a dimensão de exaustão emocional. Carlotto et al. (2014) apresentam um estudo que pelo fato das mulheres possuírem maior rede de apoio social e recursos para lidar com estressores no trabalho, teriam menor probabilidade de desenvolver a síndrome de burnout.

Entretanto, Andrade e Cardoso (2012) e Benevides-Pereira (2012) consideram inconclusiva a diferença entre as variáveis de gênero e estado civil para a pré-disposição a síndrome de burnout.

Levando em consideração a variável idade e a variável grau de escolaridade ou titulação, a literatura (MESQUITA et al., 2013; MELO et al., 2015; MASSA et al., 2016)

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indica que o aumento da idade do professor diminui a probabilidade de desenvolvimento de burnout. E que o maior índice da síndrome de burnout se dá no inicio da carreira docente, pois os professores não possuem experiência suficiente para lidar com as mais diversas situações que podem ocorrer no seu ambiente laboral. Considera-se também o alto grau de escolaridade como uma condição que contribui para a redução da disposição para burnout. As pesquisas de Carlotto realizadas em 2011 (MESQUITA et al., 2013; MELO et al., 2015) reforçam a condição de que quanto mais jovem o professor maiores são as suas expectativas em relação a profissão e menor é a sua experiência e prática para o trabalho docente, o que se torna um fator de risco para o desenvolvimento da síndrome de burnout.

Estudos também apontam que professores das humanidades, no geral, apresentam maiores sintomas de síndrome de burnout. Uma hipótese é que, como o burnout é uma síndrome profundamente relacionada com relações humanas, os professores das áreas exatas e biológicas são muito menos expostos a problemas emocionais e sociais. Professores de matérias exatas também tem uma maior capacidade de abstração, o que pode ajudar na resolução de problemas e nas táticas de coping (VISOTSKAYA et al., 2015; MASSA et al. 2016).

Outra variável encontrada na literatura é o salário, onde Pinto et al. (2015) discorre sobre a satisfação com o pagamento, sendo que quanto maior a satisfação menor o sentimento de desgaste emocional, estando ligada diretamente a dimensão de exaustão. O docente universitário comparado a outros professores possui uma maior remuneração e condições de trabalho, contudo, o docente universitário é mais sobrecarregado na parte de desenvolvimento de pesquisas e de publicações cientificas que foram caracterizados como fatores geradores da síndrome de burnout.

Os professores que também são pesquisadores estão expostos a um maior nível de estresse, levando em conta a necessidade de dedicação exclusiva, da cobrança para as publicações cientificas e internacionais, da supervisão dos seus orientandos, dos seus projetos, entre outras atividades. Isso mostra que a carga horaria de um professor não se resume às 40 horas semanais, pois com todas essas atividades e cobranças se torna uma carga horaria excessiva que é fator desencadeante da síndrome de burnout. (PAIVA, GOMES e HELAL, 2015)

Embora não se possa afirmar que os respondentes apresentam a síndrome de burnout, mas como temos efetivamente essas frequências de sintomatologias que podem ser

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relacionadas as fases da síndrome, nós devemos levar em consideração que os resultados apontam que 11,2% dos professores universitário que participaram da pesquisa de Costa et al. (2013), apresentam o perfil 1 da síndrome de burnout, e 3% apresentam o perfil 2 da síndrome.

O Brasil infelizmente ocupa uma posição de destaque no que diz respeito ao estresse e a síndrome de burnout, em um estudo feito por Domenich (2002), citado por Sousa et al. (2012) e por Teodoro (2012), o Brasil ficou em segundo lugar em relação ao número de trabalhadores com a síndrome de burnout, ficando atrás somente do Japão, e entre esses trabalhadores 70% são afetados diretamente pelo estresse ocupacional.

Um fator que pode ser observado na pesquisa é reforçado por Mesquita et al. (2013) onde foram verificados altos índices de exaustão emocional, níveis médios de despersonalização e altos níveis de realização profissional, o que nos leva a conclusão que mesmo que os professores se sintam realizados profissionalmente existe uma sobrecarga que acaba por afetar esses profissionais e o meio em que vivem.

Outro fator, a ‘tríade’ – aula, pesquisa e extensão – tão comum na vida do professor, é uma importante causa de estresse na vida do acadêmico, por ocupar seu tempo fora do seu tempo oficial de trabalho. Aliada a precária infraestrutura das universidades públicas, ao exagerado número de alunos por sala, ao desinteresse de muitos estudantes, as demandas organizacionais e a baixa remuneração, não é difícil imaginar um profissional que se sinta esgotado psíquica e fisicamente (PEREIRA et al., 2013).

Um estudo elaborado por Entezari e Ghafournia em 2015, classificou professores de uma universidade em três categorias, baseando sua classificação num teste realizado pelos alunos sobre sua opinião de seus professores. As três funções diferem professores em professores não-originais, pouco-originais e originais (animator, author e principal, no estudo original). Os professores categorizados como principals, ou originais em seu meio de explicar e ensinar, foram os que tiverem melhores pontuações nos testes de burnout.

Sobre a exaustão, alguns estudos apontam que, mesmo na ausência de um quadro de burnout, o nível de exaustão dos professores acadêmicos é elevado. Professores necessitam dedicar algum tempo à preparação das aulas, bem como a pesquisa, obrigações organizacionais e quaisquer atividades acadêmicas em que estejam inseridos. Para muitos professores, falta tempo para sua vida privada, sua família nuclear e hobbies, o que talvez leve direta ou indiretamente à exaustão (SILVA et al., 2014).

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Considerações Finais

O Trabalho docente na atualidade, considerando as novas atribuições para o exercício da profissão diante do paradoxo de uma sociedade que dá maior importância à escolarização, mas desvaloriza social e salarialmente o principal profissional deste contexto. Levando a contradições que impactam intensamente a pessoa e o profissional, adoecendo-os e mesmo eliciando o abandono. Nos estudos de Neves e Silva realizados em 2006, foi indicado “que há a coexistência de prazer e sofrimento no trabalho, sendo que o sofrimento é o mais atuante” (FREITAS, 2013, p.40).

Por isso, variáveis como “meu trabalho me inspira”, “Meu trabalho me realiza profissionalmente”, “Me identifico com meu trabalho”, “Percebo que realizo um trabalho importante” são afirmativas com elevada frequência na percepção dos professores universitários.

O sofrimento poderia surgir em função do envolvimento com os estudantes, desvalorização social, exigência por dominar vários temas, relações insatisfatórias, turma superlotadas, extensa jornada de trabalho e forte sentimento de culpa por não conseguir dar conta das atividades familiares em função das inúmeras demandas do trabalho (FREITAS, 2013).

Os dados coletados também apresentam algumas afecções orgânicas que atingem os docentes universitários: Pressão alta, colesterol elevado, cefaleia, insônia, dores nos ombros e na nuca, e o sempre presente problema na voz. Essa sintomatologia nos alerta para a dificuldade em diagnosticar a síndrome de Burnout. Haja vista que em separado, isoladamente cada quadro ou patologia pode significar uma doença da pessoa e não um dado que pode ser gerado pela síndrome de Burnout. Inúmeras consultas concluem que o indivíduo está enfermo e não possibilita a identificação de variáveis organizacionais, visando a reorganização do processo produtivo e de trabalho.

Pereira (2008) destaca também que as IES (Instituições de Ensino Superior) de Porto Velho – Rondônia, apresentam maiores indicativos de incidência da síndrome de Burnout. Destaca também que a pouca participação nas decisões institucionais podem contribuir para o estresse acadêmico e a evolução para a Síndrome de Burnout.

Concluímos que os dados desta pesquisa nos permite inferir que a saúde dos docentes tem sofrido erosão e que, em particular quando a economia está em recessão, as instituições precisam se adaptar às necessidades do mercado e os trabalhadores da educação não ficam

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imunes à redução dos efetivos e mesmo das vagas ou permanência no trabalho. Intervir para prevenir e proteger a saúde dos professores é urgente e necessário.

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