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Características da população atendida e vínculos familiares nos serviços de acolhimento institucional de Aracaju

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Anais 2016: 18ª Semana de Pesquisa da Universidade Tiradentes. “A prática interdisciplinar

Características da população atendida e vínculos familiares nos serviços

de acolhimento institucional de Aracaju

Talita Andrade Leite (PROBIC-Unit), talita.andrade12@outlook.com;

Polyana Santos de Oliveira (PROVIC-Unit), polyana.oliveira88@gmail.com;

Priscila Cardoso dos Santos (PSA-Unit), luckpri@yahoo.com.br;

Marlizete Maldonado Vargas (Orientadora), marlizete@uol.com.br.

Universidade Tiradentes/Psicologia/Aracaju, SE.

7.00.00.00-0 - Ciências Humanas 7.07.10.00-7 - Tratamento e Prevenção Psicológica

RESUMO: Os Serviços de Acolhimento Institucional (SAI) surgiram com o objetivo de substituir os antigos “abrigamentos”. Através da Lei nº 12.010 de 03 de agosto de 2009 (Lei de adoção), o atendimento de crianças e adolescentes, que tiveram seus direitos violados, passou a ter como objetivo principal o fortalecimento de vínculos e a reintegração familiar. A partir das reflexões sobre a efetividade do sistema de garantia de direitos das crianças e dos adolescentes, e pela crescente preocupação sobre os tipos de serviços ofertados a essa população. A avaliação dos SAI’s se configura como um tema de grande relevância. Diante deste cenário, esta pesquisa tem por objetivo identificar as características sócio demográficas de crianças e adolescentes atendidas em Aracaju. Por meio de análise dos registros de todos os acolhidos no período entre 2013 a 2015 e de questionários respondidos pelos funcionários dos SAIs, mensurou-se algumas variáveis sobre características dos serviços e acolhidos. O motivo de acolhimento mais frequente foi exposição à situação de risco e vulnerabilidade (55,2%). A maioria (54,5%) era do gênero feminino e a faixa etária entre 0 a 3 anos apresentou a maior frequência (31,55%). Identificou-se que 62,7% dos sujeitos possuíam vínculos legais familiares e 49,5% eram acolhidos pela primeira vez. Quase metade dos sujeitos (50,9%) possuíam irmãos também em acolhimento e apenas 17,3% estavam aptos à adoção. Cabe ressaltar que os dados ainda estão em análise, e o referente exposto contempla somente os resultados parciais alcançados.

Palavras-chaves: acolhimento institucional, avaliação, vínculos familiares.

INTRODUÇÃO

A política de atendimento a crianças e adolescentes sofreu, historicamente, grandes transformações. O gerenciamento e implantação

destas políticas saiu, gradativamente, do controle da igreja, passando pelo cenário filantrópico, até chegar no responsável atual: O Estado (SIQUEIRA; DELL'AGLIO, 2006).

A cultura de institucionalização no país possuía uma ideia de controle social, onde utilizavam da educação, amparada com a ideia de proteção, para justificar a reclusão da população mais carente. No entanto, nota-se que nestas instituições os ditos “protegidos” tinham os direitos violados, ficando à mercê da violência física e psicológica, e não sendo reconhecidos como sujeitos de direitos (RIZZINI; RIZZINI, 2004).

O Estado, ao adotar mecanismos para amenizar o abandono de crianças e adolescentes, é influenciado pelos fatores sociais e políticos, bem como pela mudança de perspectivas sobre o desenvolvimento da criança (DOZIER, M. et al., 2016)

Entretanto, nota-se o quanto o Estado, ao assumir a responsabilidade que antes era das instituições filantrópicas, a partir da implantação do Código de Menores (BRASIL, 1927), começa a exercer um controle para a “limpeza” dos “menores” que viviam vagando pelas ruas. A polícia, logo então, era chamada para intervir de forma direta e automática nas situações de abandono. Dessa forma, diante das internações compulsórias, o Estado começa a receber várias críticas (SIQUEIRA; DELL'AGLIO, 2006).

Os Serviços de Acolhimento Institucionais foram implantados, no Brasil, a partir das alterações introduzidas no Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA pela Lei nº 12.010 de 03 de agosto de 2009, conhecida como Nova Lei de Adoção. A referida Lei, que prevê a garantia do direito à convivência familiar de toda criança e adolescente, surgiu para substituir o assistencialismo filantrópico, vigente até o Código de Menores, por propostas de ações socioeducativas voltadas à garantia da cidadania, tendo como

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Anais 2016: 18ª Semana de Pesquisa da Universidade Tiradentes. “A prática interdisciplinar alimentado a Ciência”. 24 a 28 de outubro de 2016.

ISSN: 1807-2518

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objetivo potencializar talentos, desenvolver a autonomia e fortalecer os vínculos familiares capazes de assegurar a inclusão social. Decorrente dessa nova política surge um novo olhar ao que antes era referido como “abrigamento”, pois, se antes era uma prática habitual, hoje em dia há uma defesa universal para que as instituições de acolhimento sejam a última e provisória instância de moradia do público infanto-juvenil as quais só devem ser utilizadas como alternativa, isto é, quando não houver qualquer condição de garantir os direitos dessa população no lar em que vivem (MACHADO, 2011).

Através da aprovação, em 2006, do Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária (PNCFC), no qual visa a valorização da instituição familiar (BRASIL, 2006), e das Orientações Técnicas para os Serviços de Acolhimento para Crianças e Adolescentes, que possibilitaram novos parâmetros que norteiam esse atendimento (CONANDA; CNAS, 2009), ocorreram novas mudanças, incorporadas e estabelecidas pelas legislação, na ordenação dos Serviços de Acolhimento Institucional (SAIs). Através dessas modificações, a institucionalização de Crianças e Adolescentes, configura-se num tema que está ganhando maior importância no cenário social. Neste aspecto, tal relevância decorre de dois fatos que merecem atenção: o grande número de jovens que se encontram em situação de institucionalização e a preocupação com a qualidade dos atendimentos prestados dentro desses serviços de acolhimento (SIQUEIRA; AGLIO, 2010).

Diante do exposto, no que tange a atual conjuntura dos SAIs, o referido projeto tem como objetivo central analisar as características da população atendida nas Instituições de Acolhimento de Aracaju, levando em consideração os motivos do acolhimento e as ações desenvolvidas para o fortalecimento de vínculos familiares em casos de não impedimento judicial.

MÉTODO

O método utilizado tem como base a pesquisa exploratória descritiva e com levantamento documental por meio de questionários. Os questionários aplicados em todos os Serviços de Acolhimento Institucional de Aracaju foram

estruturados conforme a população de estudo, as variáveis e os objetivos da pesquisa, sendo aplicados nos próprios locais citados, com a presença da equipe técnica de cada local. Foram utilizados como critério de inclusão os dados de crianças e adolescentes acolhidos no período de 2013 a 2015, tendo como variáveis estudadas: sexo, idade, escolaridade, composição familiar, tempo de institucionalização, motivo do acolhimento e vinculação familiar. Com os dados obtidos, deu-se início à tabulação dos mesmos através da alimentação de uma máscara no programa SPSS 16.0. Até o momento foram realizadas as análises estatísticas descritivas (média, DP, percentis). As visitas aos locais possibilitaram a observação sobre o funcionamento e organização das referidas instituições, que serão discutidas no relatório final da pesquisa.

RESULTADOSEDISCUSSÃO

Os acolhidos nos SAI’s de Aracaju estão, em sua maioria, no primeiro acolhimento (49,5%), com predominância do sexo feminino (54,5%) e da cor parda 25,9%.

Figura 1 - Faixa etária dos acolhidos de Aracaju no período de 2013 a 2015

Em relação à escolarização, a quantidade de acolhidos estavam matriculados no ensino fundamental incompleto (44,1%), seguido por uma porcentagem elevada correspondente aos que não

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Anais 2016: 18ª Semana de Pesquisa da Universidade Tiradentes. “A prática interdisciplinar se encontram matriculados (34,1%). O alto índice de

crianças que não se encontram matriculadas é justificável pelo fato da maioria dos acolhidos estarem entre 0 a 3 anos. Por outro lado, observa-se um atraso na escolarização dos que se encontram em idade escolar.

Quase metade das crianças e adolescentes que se encontravam acolhidas nos SAI’s de Aracaju (50,9%) tinham irmãos acolhidos. Entretanto, a depender da faixa etária e do sexo, os irmãos estavam em outros SAI’s. A principal causa deste desmembramento de irmãos decorre dos critérios (faixa etária e sexo) que alguns serviços estabelecem para o acolhimento. Observou-se que todas as instituições de Aracaju apresentam “especialidades” no acolhimento, que levam à separação de irmãos no momento do acolhimento.

Figura 2 – Vinculação familiar dos acolhidos de Aracaju no período de 2013 a 2015

Percebeu-se um número expressivo de acolhidos que possuem famílias e vínculos (62,7%). Em relação ao grau de parentesco dos responsáveis no momento do acolhimento, o maior percentual é o das genitoras (68,2%), sendo recorrente a ausência do genitor na criação dos filhos que vão para acolhimento.

Figura 3: Motivo do acolhimento institucional Os principais motivos da Medida de Proteção são, em grande parte, gerados ou potencializados pela extrema pobreza ou baixo nível de instrução dos genitores. Estes dados repercutem na baixa porcentagem de famílias que foram impedidas judicialmente de visitar as crianças (6,4%) e a baixa disponibilidade de adoção (17,3%).

Figura 4 – Situação atual dos acolhidos de Aracaju no período de 2013 a 2015

O desligamento dos acolhidos institucionalmente decorre de dois motivos principais: a reinserção familiar e a adoção.

De acordo com a equipe técnica das instituições pesquisadas, as evasões são mais frequentes em adolescentes que têm a vida sexual ativa, vivência de rua e o uso substâncias psicoativas.

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Anais 2016: 18ª Semana de Pesquisa da Universidade Tiradentes. “A prática interdisciplinar alimentado a Ciência”. 24 a 28 de outubro de 2016.

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CONCLUSÕES

A pesquisa revela que a maioria dos acolhidos ainda apresenta vínculos familiares e que poucas crianças se encontram aptas (legalmente) para a adoção. Estes dados estão condizentes com as diretrizes estabelecidas pelo ECA, que visam a reinserção familiar.

A negligência e a exposição à situação de risco e vulnerabilidade foram tidas como os principais motivos para o acolhimento institucional em Aracaju. Diante disso, há necessidade de a equipe de referência dos serviços executar as intervenções articuladas com a rede a fim de favorecer a manutenção dos vínculos familiares com os acolhidos e uma possível reinserção familiar.

Apesar dos serviços prezarem pelos vínculos fraternos e de parentesco, nota-se que todos os serviços de Aracaju apresentam especializações no atendimento, favorecendo assim a separação dos irmãos que são encaminhados para diferentes Serviço de Acolhimento Institucional, contrariando as atuais recomendações técnicas para o funcionamento desses serviços, de preservação dos vínculos entre irmãos.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Presidência da República. Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2006. BRASIL. Código de Menores de 1927.

Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do

Adolescente (CONANDA), Conselho Nacional de

Assistência Social (CNAS). Orientações técnicas:

Serviços de acolhimento para crianças e adolescentes. Brasília, 2009.

DOZIER, M. et al. Institutional Care for Young Children: Review of Literature and Policy Implications. Disponível em:<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3600 163/> Acesso em 27 de setembro de 2016.

GOMES, M. A; PEREIRA, M. L. D. Família em situação de vulnerabilidade social: uma questão de políticas públicas.

Disponível em:<

http://www.scielo.br/pdf/csc/v10n2/a13v10n2> Acesso em 29 de outubro de 2016.

MACHADO, V. R. A atual política de acolhimento institucional à luz do estatuto da criança e do adolescente. Serviço Social em Revista, v. 13, n. 2, 2011.

RIZZINI, I.; RIZZINI, I.; A institucionalização de crianças no Brasil: Percurso histórico e desafios presentes. Rio de Janeiro: Ed. da PUC-RJ, 2004.

SIQUEIRA, A. C., DELL’AGLIO, D. D.; O impacto da institucionalização na infância e na adolescência: Uma revisão da literatura. Psicologia e Sociedade. v.18, 71-80, 2006.

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