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O Idoso no Mercado de Trabalho

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120(5&$'2 '(75$%$/+2 Ejivane Ramos de Sousa** Núbia Cruz**

Marta Carvalho Loures*** Marlene M. Carvalho Salum***

Resumo: estudo de revisão bibliográfica com o objetivo de levantar produção científica sobre a influência do mercado de tra-balho na qualidade de vida do Idoso. Os resultados mostram que a qualidade de vida do idoso no Brasil ainda é uma meta difícil de ser alcançada devido à falta de educação integral do indivíduo que leva ao idoso à desvalorização da vida, do trabalho, descartando a saúde e qualidade de vida.

Palavras-chave: Mercado de Trabalho. Idoso.

Devemos urgentemente afastar, em muitos anos a idade mínima para a aposentadoria. Ou quem sabe, abolir definitiva-mente o limite de idade. Uma pessoa deve trabalhar até quando puder, até quando quiser. Até quando encontrar trabalho, não consigo aceitar a idéia de que uma pessoa aos 60 anos seja con-siderada incapaz. Existem certas profissões como jornalismo, por exemplo, em que a experiência é só uma vantagem. Mui-tas vezes acabamos por desperdiçar os nossos maiores talentos. (Domenico de Nasi)

O

expressivo aumento do número de idosos que ocorreu no fim do século XX tem suscitado debates cada vez mais intensos sobre a qualidade de vida do homem no processo de envelhecimento. O século XXI inicia-se com uma realidade econômica mundial caracterizada pela crescente

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precariedade do trabalho, pelas dificuldades financeiras enfrentadas pelo envelhecimento da população, e conseqüentemente aumento expressivo do número de idosos dependentes da concessão de benefícios públicos para sobreviver. Paralelamente, a onda da globalização, iniciada no fim do século XX, avança a passos largos, estimulando a competitividade entre as empresas e a retirada do Estado de suas funções de regulador do mercado de trabalho e de provedor da proteção social (DEBERT, 2004).

Se o homem vive mais, aposenta-se cada vez mais tarde ou continua a trabalhar após a aposentadoria, a fim de complementar sua renda. Os siste-mas previdenciários do Brasil e do mundo não foram desenhados para essa situação que implica mudanças nas relações humanas, principalmente no relacionamento entre pais e filhos que se configura de acordo com complexas redes de convívio em cada contexto. A partir da segunda metade do século XX, percebe-se uma aceleração das transformações nos papéis sociais onde o controle social pressupõe avanços na construção de uma sociedade democrá-tica, de uma sociedade mais édemocrá-tica, com garantias efetivas dos direitos, com respeito às legislações já existentes. Para isso, tem-se que incentivar os idosos, que já contribuíram para a Previdência Social, que já pagaram impostos e agora estão sendo ameaçados de pagar ainda mais 11%. Com isso, deve se observar a importância do respeito aos idosos perante a sociedade pelo que fizeram e pelo que ainda pode ser feito. Muitos aposentados, juristas, homens sumamente importantes, catedráticos, sábios, bem como, homens analfabe-tos, mas que também são sábios e que poderiam também ser estimulados a ajudar nessa construção cidadão (DEBERT, 2004).

No início do século, a geração dos anos 60 está entrando na terceira idade, no momento em que os avanços da medicina e revolução cultural possibilitam ao idoso não só olhar para o que passou, mas também vis-lumbrar o que está por vir. “A sabedoria não é mais vista como estado de pleno conhecimento, sem mais nada para aprender. É enxergada como uma ferramenta que deixa as pessoas mais aptas para aprender” (BAR-ROSO, 2004). O aumento da expectativa de vida e o surgimento de um novo segmento etário (o da terceira idade) começam, então, a chamar a atenção da sociedade para a necessidade de criação de mecanismo de inserção social para os idosos. Ainda há preconceito e intolerância contra os idosos, uma vez que (DEBERT, 2004, p. 42-6) refere:

Há uma obrigação de ser jovem o tempo todo. Há uma idéia de que a velhice é uma doença auto-empreendida, como se a juventude não tivesse nada a ver com a idade biológica e fosse refletida por meio de

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determinadas atitudes ou de consumos específicos. Essa nova concepção de terceira idade, como um momento propício para novas experiências, pode esconder certo caráter preconceituoso, pois essa fase não é entendida como a própria velhice, mas sim como uma negação dela.

Observa-se em nosso país a divulgação por meio da mídia e os comunicados de denúncias de maus-tratos contra os idosos aumentaram extraordinariamente. Em São Paulo, aumentaram 89% em relação ao ano anterior. Isso mostra que, às vezes, a mídia tem um papel importante na conscientização da população na atenção ao idoso, o qual traz um avanço na melhoria de qualidade de vida ao mesmo. É neste contexto de esclarecimentos e lutas que foi construído Estatuto do Idoso e a Política Nacional de Saúde do Idoso (BARROSO, 2004).

O movimento dos idosos amplamente divulgado pela mídia acabou por originar o Estatuto do Idoso aprovador pela lei de n. 10.741 de 1o de

outubro de 2003 que validou as reivindicações da população idosa. Em seu conteúdo, nos Art.

Art. 26. O idoso tem direito ao exercício de atividade profissional, res-peitadas suas condições físicas, intelectuais e psíquicas.

Art. 27. Na admissão do idoso em qualquer trabalho ou emprego, é vedada a discriminação e a fixação de limite máximo de idade, inclusive para concursos, ressalvados os casos em que a natureza do cargo o exigir. Parágrafo único. O primeiro critério de desempate em concursos públicos será a idade, dando-se preferência ao de idade mais elevada.

Art. 28. O poder público criará e estimulará programas de:

I – Profissionalização especializada para os idosos, aproveitando seus potenciais e habilidades para atividades regulares e remuneradas; II – Preparação dos trabalhadores para a aposentadoria, com antecedência mínima de 1 (um) ano, por meio de estímulo a novos projetos sociais, conforme seus interesses, e de esclarecimento sobre os direitos sociais e de cidadania;

III – Estímulo às empresas provadas para admissão de idosos ao trabalho. Embora o Estatuto seja uma realidade, os desafios da competitividade e da globalização do mercado só vê como saída para os seus problemas as pessoas mais jovens dispensando os mais velhos de idade com receio de que estas não consigam alcançar a empresa. Algumas vezes se faz neces-sário corte nas despesas da empresa e ainda uma vez esta recai sobre as

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pessoas mais idosas, ocasionando reações negativas, produzindo sensações de desconforto, ansiedade, temores que podem repercutir organicamente dificultando a sua adaptação a um novo contexto social.

Frente ao exposto, vimos a necessidade de buscar estudos sobre o tema com o objetivo de levantar produção científica sobre a influência do mercado de trabalho na qualidade de vida do Idoso e sua participação no mercado de trabalho.

METODOLOGIA

Estudo de revisão bibliográfica por meio de artigos que aborda envelhecimento e mercado de trabalho. O método utilizado para a coleta de dados foi o levantamento bibliográfico através da busca eletrônica dos artigos indexados nas bases de dados LILACS (Literatura Latina Ame-ricana de Ciência e Saúde. Fiocruz, Bireme, a partir das palavras-chave. (Envelhecimento; doso; Mercado de Trabalho).

ENVELHECIMENTO E SUAS EXPECTATIVAS

Segundo Mercadante, (1996), a distinção entre o envelhecimento como fenômeno natural ou cultural ocupa um lugar importante nas discussões antropológicas na nossa sociedade: ser velho significa estar incapacitado para realizar determinadas atividades e a visão que temos é de indivíduos cansados, sem o mesmo vigor da mocidade, pois, hoje em dia, há uma excessiva valorização do corpo jovem e da vitalidade sem limites. Na nossa cultura só é valorizado o indivíduo que produz e contribui materialmente para a sociedade.

Velhice é a etapa da vida na qual em decorrência da alta idade cronológica, ocorrem modificações de ordem biopsicossociais que afe-tam a relação do indivíduo com o meio. A velhice é uma propriedade particular, com vivências e expectativas especificas que não reduzem a responsabilidade da vida e participação ativa no processo social, e assume o significado de um novo tempo no qual a liberação dos compromissos profissionais e familiares possibilita a vivência de outras experiências que foram postergadas anteriormente, em função dos inúmeros papéis e responsabilidades exercidas. É uma posição que se opõe ao significado da velhice como imobilidade e incapacidade (SALGADO, 1998).

A velhice é um processo pessoal indiscutível e inevitável, para qualquer ser humano na evolução da vida. Nesta fase sempre ocorrem

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A nova população de idosos deste século ainda tem como agravante de suas dificuldades a perda do tão sonhado privilégio da aposentadoria integral. Grandes mudanças ocorrem na política da previdência social transformando e reduzindo o valor das aposentadorias e pensões. O idoso, agora, tem que retornar a luta para manter a sua qualidade de vida (SANTOS, 2002).

O autor acima refere ainda que, qualidade de vida pode se basear em três princípios fundamentais: capacidade funcional, níveis sócio-econômico e satisfação. Pode também estar relacionada com capacidade física, atividade intelectual, situação econômica e auto-proteção de saú-de. Uma boa qualidade de vida tem que oferecer condições para que os indivíduos possam desenvolver suas potencialidades. Muitos associam qualidade de vida com boa saúde física, porém saúde é uma condição que extrapola a simples ausência de doenças.

Para se obter qualidade de vida é preciso que haja um equilíbrio entre o homem, a sociedade e a compreensão da cultura em que se vive. A velhice saudável é o resultado de condições e estratégias benéficas para o idoso em sua totalidade: exercícios físicos, alimentação adequada, lazer, bom relacionamento familiar e social, compreendendo, assim, que é preciso investir numa melhor qualidade de vida (TESSARI, 2005).

É possível, com os conhecimentos da geriatria e da gerontologia que os idosos tenham uma vida com qualidade. Viver as diversas fases da vida, infância, adolescência, vida adulta e velhice são uma determinação da própria vida, pois, o envelhecer é inelutável.

A Política Nacional de Saúde do Idoso estabeleceu como propósito básico a promoção do envelhecimento saudável, a manutenção e a me-lhoria da capacidade funcional, a prevenção de doenças, a recuperação da saúde dos que adoecem e a reabilitação daqueles que venham a ter a sua capacidade funcional restringida, de modo a garantir aos idosos a permanência no meio em que vivem, exercendo de forma independente suas funções na sociedade (HAMER, 1996).

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Destacam-se na lei n. 10.741 de 1o de outubro de 2003 – Estatuto

do Idoso:

Art.20. O idoso tem direito a educação, cultura, esporte, lazer, diversões, espetáculos, produtos e serviços que sua peculiar condições de idade. Art.21. O poder público criará oportunidades de acesso do idoso a educação, adequando currículos, metodologias e material didático aos programas educacionais a ele destinados.

Nesta idade são constituídas barreiras à integração social do idoso, das quais participam ele próprio, a família, a sociedade, a situação socio-econômica, o grau de instrução, as modificações fisiológicas e sociais e as alterações urbanísticas como transporte e segurança (BRASIL, 2003).

A preparação para mudanças na vida decorrentes do envelhecimento é de suma importância para a saúde psicológica, assim como para contato familiar, a preservação e manutenção da autonomia, independência e dig-nidade do idoso. Na terceira idade, há mais tempo disponível, portanto, muitas vezes os idosos não sabem o que fazer com ele. É neste contexto que o idoso deve dedicar-se a serviços voluntários, desenvolver atividades artesanais, ingressar em associações com o propósito de socialização e buscar também rendimentos com o objetivo de melhoria de sua qualidade de vida. O Estatuto do Idoso confere o direito a aposentadoria e ao seguro social assegurado pela Constituição Federal, e um de seus princípios é a assistência social à velhice, a garantia ao salário mínimo mensal ao idoso que comprove não possuí meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família (GUIMARAES, 2004).

Art.22. Nos currículos mínimos dos diversos níveis de ensino formal serão inseridos conteúdos voltados ao processo de envelhecimento, ao respeito e a valorização do idoso, de forma a eliminar o preconceito e a produzir conhecimentos sobre a matéria.

Art.23. A participação dos idosos em atividades culturais e de lazer será eventos artísticos, culturais, esportivos e lazer, bem como acesso prefe-rencial dos respectivos locais.

É importante que o idoso seja respeitado como ser humano que é, com todas as limitações inerentes à sua idade. Se já não possui a vitali-dade da juventude, por outro lado, tem o conhecimento adquirido com experiências ao longo de toda uma vida. A partilha desses conhecimentos

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Chegar na terceira idade para muitos é uma barreira, especialmente para quem se sente capacitado e em plena atividade, e muitas vezes a aposentadoria marca significativamente a condição financeira do idoso, tornando-o dependente da família, dos amigos, da comunidade e do poder público, gerando a solidão e o sentimento de inutilidade.

No Brasil o programa de preparação para a aposentadoria é realizado com antecedência mínima de dois anos e é uma incumbência do Poder Público a ele atribuída pela lei implementada da Política Nacional do Idoso. Dessa forma, a velhice deveria ser uma fase em que o indivíduo já está com os olhos mais livres e o coração mais aberto diante das circuns-tâncias, devido a sua grande experiência e percepção de vida encarando esta fase de um tempo novo e de realizações sociais de forma positiva, um tempo de integração com um novo segmento social (QUEIROZ, 1999).

É necessário que os idosos não sejam mais vistos como grupo carente e submetido a um desprestígio social. Eles têm disposição para serem úteis, aprender, trocar experiências, entretanto, sem projeto de vida para analisar toda esta vontade de reintegrar-se à sociedade. A luta pela conquista desde ideal não é apenas dos idosos, necessita da participação da sociedade, dos profissionais de saúde, por meio qualificação profissional em gerontologia (DALLARI, 1996).

ENVELHECIMENTO E MERCADO DE TRABALHO

Dentre as Políticas do Ministério do Trabalho e Emprego de 1997. O Ministério do Trabalho e do Emprego possui três instrumentos relacionados à população idosa. São três grandes programas: o Proger – Programa de Geração de Emprego e Renda, que financia pequenos empreendimentos; O Planfor – Programa Nacional de Qualificação do Trabalhador; e o Seguro Desemprego. Nos três setores existe uma participação razoável dos idosos com relação aos recursos do FAT – Fundo de Amparo ao Trabalhador,

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que é recolhido nas empresas pelo PIS/PASEP, destinado a esse fundo, e que abastece o funcionamento dos três programas. 1) O Programa de Atendimento a Pessoa Idosa. Segundo Relatório Anual do Ligue Idoso/ Ouvidoria o programa executado pela Subsecretaria de Ação Social e Cidadania do Estado do Rio de Janeiro, abrange ações voltadas para os idosos. A maioria dos projetos, é direcionado para lazer do idoso. São eles: “A Cidade da Melhor Idade”, “Integrando Gerações”, “Na Trilha da Vida”, “Ação Cultural Itinerante”, “Visitando o Maracanã”, e os centros de convivência que, além de atividades de lazer e socialização, pretende oferecer também atendimento médico (BRASIL, 1997).

O individuo chega a terceira idade no pleno domínio de suas faculdades intelectuais e sem limitações físicas importantes sente-se apto a produzir em qualquer ramo da cultura ou do trabalho. Pesquisa feita pelo psicólogo norte-americano aponta habilidades específicas em funcionários idosos, tais como altos níveis de lealdade, pontualidade, compromissos com a qualidade, habilidades acima da média na área de serviços ao consumidor (SANTOS, 2002).

Recentes estudos na área de gerontologia, divulgados na “Proposta de Ação da Universidade para a Terceira Idade”, Debert, (2004) aponta características que são determinantes para o êxito das atividades culturais ou profissionais dos idosos, como segue: a terceira idade é o momento de melhor avaliação crítica da vida, sendo nesta fase que as características de personalidade se acentuam; geralmente a pessoa se torna, mas seletiva e detalhista; a capacidade de julgamento e distinção é favorecida pela crescente sabedoria; o reconhecimento do valor da vida favorece uma atuação com um nível surpreendente de envolvimento pessoal e estimula a criatividade; a velocidade é substituída pela acuidade e a capacidade de concentração pode aumentar; aumenta a consciência da responsabilidade comunitária e a participação do idoso torna-se mais efetiva.

No caso das operações mais complexas, embora a velocidade do desempenho possa diminuir nos idosos, muitas vezes o número de erros cometidos também é menor. Um conhecido ditado popular diz que a vida começa aos 40. No entanto, a realidade no mercado de trabalho é outra: se, para jovens e adultos, conseguir um emprego atualmente está difícil, para alguém na faixa dos 60 anos ou mais, a situação fica mais crítica (NORMANHA, 2004).

Devido a dificuldades estruturais, o Estado não consegue assu-mir a totalidade do seu papel social, garantindo habitação, saneamento, saúde, educação a todos os seus cidadãos. Os idosos, em especial, se

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Além do aspecto econômico-financeiro, existe o aspecto social do trabalho desempenhado por eles, que deve ser valorizado como uma das formas mais eficazes de mantê-las integrados à sociedade. Estudos mencionam as razões que levam os aposentados brasileiros a buscar no-vamente um trabalho remunerado: -complementar uma aposentadoria insuficiente para o sustento próprio e o da família; - ocupar o tempo com uma atividade útil e de algum valor social; - sair da solidão e encontrar um novo sentido para a vida; - fazer aquilo que sempre tiveram vontade, mas nunca a oportunidade (SEVERINO, 2002).

Na contra mão dessa posição, defende o pagamento de uma renda mínima aos pobres e desempregados, em troca de atuação no setor não-lucrativo – o terceiro setor –, no qual se encaixam as atividades voluntárias/ comunitárias, mesmo que não sejam reconhecidas como trabalho. Esse “salário social” pode ser visto sob dois prismas: seria a maneira mais eficaz de distribuir os benefícios da produtividade para aqueles que perderam seus postos de trabalho em razão das novas tecnologias; trata-se de uma estratégia que facilitaria a transação de uma cultura centrada na comunidade e orien-tada para o setor de serviços, isso em longo prazo (NORMANHA, 2004). Marx já defendia a idéia de que o trabalho integra as pessoas na sociedade, dada sua capacidade de gerar e viabilizar a mais-valia. O aspecto da mais-valia que se remete ao trabalho caracteriza-se pela produção da mercadoria; em outras palavras, a força de trabalho constitui a fonte de valorização do capital. Dessa forma, as atividades que os trabalhadores desenvolvem em seu tempo livre não têm, num primeiro momento, ne-nhum valor social reconhecido (SANTOS, 2002).

A educação integral do indivíduo leva ao idoso à valorização da vida, do trabalho e melhorando a saúde e qualidade de vida. Para isso deve ter uma mudança no paradigma no sentido de uma educação humanizada e integrada no processo de vida e participação do idoso no mercado de trabalho.

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

No enfoque velhice é um processo fisiológico podemos incluir a versão que ela não corre necessariamente paralelo à idade cronológica,

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apresenta considerável variação individual. De acordo com os conhe-cimentos já produzidos sobre o envelhecimento, podemos dizer que o envelhecimento não é apenas um processo físico, mas um processo indi-vidual com amplas variações. O envelhecimento é considerado o período em que todos entram na terceira idade; portanto é uma fase normal do ser humano.

O envelhecimento é um processo normal. Ele se inicia com a con-cepção e termina com a morte, mas pode se desenrolar de muitas maneiras, dependendo de vários fatores, entre eles a nutrição. A melhor preparação para os anos de velhice começa na infância e possivelmente no útero.

A avaliação dos idosos em relação qualidade de vida do idoso no mercado de trabalho está associada à idade, classe social, percepção de saúde e mais fortemente associada a níveis de socialização e direitos. Explorando as leis especificamente o Estatuto do Idoso, observou-se uma tendência de a população em geral fazer exercer o direito do idoso.

Figura 1: Mudanças que influenciam a vida do Idoso. Fonte: Pesquisa Bibliográfica

Os idosos consideram que as mudanças físicas, biológicas e sociais do envelhecimento são um fator de grande contribuição na diminuição da atividade social, e que a atitude do idoso diante dessas mudanças é um fator primordial.

Alguns fatores são determinantes na participação no mercado de trabalho. A falta do conhecimento da população sobre leis, direitos,

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Figura 2: Sentimento do idoso diante da terceira-idade

Fonte: Pesquisa Bibliográfica

Para Bittencourt (2001), “Envelhecer não é mais esperar a morte”. Quem está na terceira idade agora quer viver bem enquanto tiver vida. O Maior medo dos idosos é justamente incomodar ou depender dos filhos.

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A maior parte dos idosos consideram que o que ganha não dá para cobrir despesas, recebem seu rendimento da aposentadoria e de pensão, de ajuda dos filhos e rendimentos, alugueis e juros, usam sua renda para seu próprio sustento e de seus familiares.

Figura 4: Distribuição segundo o rendimento salarial

Fonte: Pesquisa Bibliográfica

A maioria dos idosos usa sua renda (aposentadoria, salário etc), somente para seu próprio sustento, % usam para o seu próprio sustento e de seus familiares.

O estudo de Anais do Seminário Nacional de Enfrentamento à Violência contra a Pessoa Idosa demonstrou que hoje apresentam conceitos reais do envelhecimento, mais respeito ao ser humano de terceira idade, com mais qualidade de vida. Pois, a educação integral do indivíduo leva ao idoso a valorização da vida, do trabalho e melhorando a saúde. Para isso houve uma mudança no paradigma no sentido de uma educação humanizada e integrada no processo de vida e participação do idoso no mercado de trabalho.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo apresenta algumas definições do empregador na terceira idade. A realidade do desemprego é uma questão importantíssima quando se trata do idoso, pois não oferece abertura nos campos existentes e muito menos credibilidade profissional.

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,8'-3+4:59*+);2:;8', Goiânia, v. 20, n. 5/6, p. 379-393, maio/jun. 2010.  A motivação dos enfermeiros representam um papel fundamental na busca da qualidade de vida para pessoas que dependem da saúde, da idade e da sua capacidade para exercer determinadas funções. Sugere-se que esse trabalho seja referência para novas expectativas, lidando com aqueles que um dia nos deram conhecimento, facilitando informações que a área da saúde pode oferecer e capacitando pessoas da terceira idade para o mercado de trabalho.

Referências

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Gerenciais, São Paulo, v. 2, p. 43-49, set. 2003.

DERBET: Despertando o Mercado de Trabalho para o Idoso. Gerenciais, São Paulo, v. 2, p. 44, set. 2004.

BARROSO, Maria José Lima de Carvalho. Controle e participação social. 5a

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SALGADO, M. A. Políticas sociais na perspectiva da sociedade civil. Mecanismos de Controle Social, monitoramento e execução, parcerias e financiamento (Síntese de conferência). In: I SEMINÁRIO INTERNACIONAL “ENVELHECIMENTO POPULACIONAL: UMA AGENDA PARA O FINAL DO SÉCULO”. Anais..., 01-03 jul. 1998.

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SEVERINO, A.J.; MARTINS J.S. Sociedade civil e educação. Campinas: Papirus; CEDES/SP; ANDE-ANPED, 2002.

THE ELDERLY IN THE LABOUR MARKET

Abstract: Study of bibliographical revision that had as objective: to check the scientific production about quality of aged one’s one life: participation in the work market published in the last then years (1995-2005) in the “Revista Gerenciais” and books text, to identify the approaches that had been more distinguished and the main conclusions. The results show that the quality of aged one’s life in Brazil still is a difficult goal of being reached which had the lack of individual that leads to the aged one to depreciation of the life, the work, discarding the health and the quality of life. The integration lack excludes an human education, disintegrated in the work market.

Keywords:

The Labour Market. Elderly.

* Recebido em: 10.01.2010. Aprovado em: 09.09.2010.

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** Enfermeiras graduadas na Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás).

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Figura 1: Mudanças que influenciam a vida do Idoso.
Figura 3: Distribuição de Idosos quanto ao trabalho remunerado
Figura 4: Distribuição segundo o rendimento salarial

Referências

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