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Para Além da Tecnologia: Aspectos da Problemática da Sociedade da Informação

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Academic year: 2020

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Zita Correia

Instituto Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial, Centro de Informação Técnica para a Indústria, Lisboa, Portugal

zita.correia@citi.ineti.pt

Resumo

São brevemente analisados conceitos que surgem normalmente associados à ideia de sociedade da informação, e que são por vezes usados como sinónimos, tais como pós-industrialismo, pós-capitalismo, pós-modernismo e sociedade do conhecimento. A centralidade da comunicação na sociedade contemporânea, bem como o desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação e o respectivo impacto no processo de globalização, afectam todos os indivíduos e todos os sectores de actividade. Por este motivo, a problemática da sociedade da informação é extremamente complexa e toca todos os aspectos da organização da sociedade. Três destes aspectos são abordados: emprego/trabalho (alterações da estrutura do emprego, alterações dos padrões de trabalho e do significado do trabalho), educação / aprendizagem (novos requisitos exigidos da educação e da aprendizagem), e o exercício da cidadania (conceito de cidadania e direitos de cidadania). É ainda abordado o acesso à informação, enquanto factor de inclusão neste novo modelo de sociedade.

Conclui-se que a expressão “sociedade da informação” é uma expressão controversa e que, não obstante a banalização a que tem sido sujeita, corresponde, mais do que a uma realidade, a um conceito com imenso potencial polarizador no domínio do desenvolvimento tecnológico e grande poder mobilizador no domínio da acção política. A evolução para um modelo de sociedade baseado, por um lado, no capital intelectual como principal meio de produção e, por outro lado, no exercício pleno da cidadania por todos os cidadãos como fundamento do sistema político próprio das sociedades democráticas, implica tanto a concepção e a implementação articulada de políticas de educação e de emprego, como a produção de novos valores e o desenvolvimento de novas atitudes.

Plavras chave: sociedade da informação, acesso à informação, exercício da cidadania

1 Pós-industrialismo, pós-modernidade e sociedade da informação

A expressão ‘sociedade pós-industrial’ foi adoptada por Bell [1973], que caracterizou este tipo de sociedade pela primazia da produção de serviços sobre a produção de bens. De acordo com Bell as sociedades modernas (tais como a dos EUA e as de grande parte da Europa), são sociedades centradas no conhecimento e na produção de novo conhecimento. A atestá-lo, está a importância dada nestas sociedades à educação superior. Ainda de acordo com Bell, o

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conhecimento estaria a tornar-se a chave da inovação e a base da organização social nestas sociedades. Como resultado, as novas profissões e os novos grupos ocupacionais baseados no conhecimento estariam a assumir papéis preponderantes nas estruturas de classe destas sociedades.

Desta perspectiva, as sociedades pós-industriais podem também ser vistas como “sociedades pós-capitalistas” [Drucker 1993], em que os detentores do capital cedem o poder aos gestores profissionais. Embora tenha tido muito eco, este conceito tem sido criticado por falhar em demonstrar que o crescimento indubitável da importância do conhecimento conduza, de facto, a uma mudança do poder económico para uma nova classe, em especial para uma nova classe não-capitalista.

De um modo geral, aliás, não é pacífico que as sociedades modernas se tenham deslocado para além do industrialismo em qualquer dos sentidos sugeridos. Por exemplo, se as indústrias de extracção e transformadoras podem parecer ter diminuído de importância, a verdade é que muita da produção de serviços se destina precisamente à indústria transformadora. De igual modo, a sociedade da afluência e do lazer, normalmente associada à ideia do pós-industrialismo, parece uma realidade ainda muito distante. Note-se, contudo, que tanto Bell como Drucker preferiram outras designações (sociedade industrial e sociedade pós-capitalista, respectivamente) à designação “sociedade da informação”. Nomeadamente, qualquer destes autores utiliza ocasionalmente a expressão “sociedade do conhecimento” devido à centralidade reconhecida ao conhecimento neste modelo emergente de sociedade, mas preferem estas designações à expressão “sociedade da informação”.

Quanto ao conceito de pós-modernidade, foi popularizado por Lyotard [1989], e radica em questões filosóficas e espistemológicas. Neste contexto, a pós-modernidade refere-se a um abandono das tentativas de fundamentar a epistemologia, bem como da fé no progresso projectado pela humanidade, uma vez que esta perspectiva reconhece uma pluralidade de pretensões heterogéneas ao conhecimento, nas quais a ciência não tem um lugar privilegiado. Giddens [1998] considera que, longe de entrarmos numa época de pós-modernidade, estamos antes a iniciar uma época de modernidade tardia, em que as consequências da modernidade se tornam mais radicalizadas e universalizadas do que antes. Giddens defende que o carácter errático ou o ‘descontrolo’ do mundo contemporâneo tem origem precisamente nas três fontes principais do dinamismo da modernidade: a) a separação do tempo e do espaço; b) o desenvolvimento de mecanismos de descontextualização e c) a apropriação reflexiva de conhecimento.

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O conceito de descontextualização é complementado com o conceito de recontextualização, referindo-se à “reapropriação ou redefinição de relações sociais descontextualizadas de forma a fixá-las, ainda que parcial ou transitoriamente, a condições locais de tempo e espaço.” [Giddens 1998: 55].

A expressão ‘sociedade da informação’ pressupõe o emergir de um novo tipo de sistema social, entendo-se por sistema social qualquer padrão, pelo menos relativamente persistente, de relações sociais através do ‘tempo-espaço’, que se traduz em práticas reproduzidas. Para Giddens [1984], os sistemas sociais são muito variáveis no grau de ‘padrão sistemático’que manifestam, e raramente têm o tipo de ‘unidade interna’ própria dos sistemas biológicos. De qualquer modo, Martin [1995] argumenta que, se tivermos em linha de conta todos os critérios que permitem caracterizar um dado modelo de sociedade (económicos, tecnológicos, sociais, políticos e culturais) verificamos que apenas os critérios tecnológicos apontam para um modelo do tipo “sociedade da informação”, em algumas regiões do Globo.

Lyon [1988] questiona muitas das ideias feitas acerca da sociedade da informação. Acima de tudo, rejeita o determinismo latente em muito do pensamento associado à “sociedade da informação”, e invoca muito apropriadamente o princípio de que, se há lugar para escolhas sociais e pessoais, então estas questões devem ser exploradas. E adverte que, em geral, as políticas sofrem de um défice de dimensão ética e de consciência social 1:

“Há dinheiro disponível para quem quer investigar em que condições as novas tecnologias podem ser adoptadas, e como é que as pessoas se podem adaptar com sucesso às tecnologias. Mas questionar objectivos sociais, explorar tecnologias que contribuam para a emancipação, examinar as dimensões éticas ou culturais das novas tecnologias, estes não são considerados objectivos prioritários.” [Lyon 1988:158].

Mais do que a produção de teóricos ou académicos, terão sido os best-sellers especulativos de representantes de um tipo de literatura já descrita como star-trek sociology, tais como Toffler [1980 e 1995] e Naisbitt [1982], que terão contribuído para divulgar os clichés associados à ideia de sociedade da informação. Esta literatura parte da constatação de alguns aspectos da mudança social em curso para especular sobre a alteração das relações de poder na sociedade e sobre a alteração radical de estilos de vida. A tónica é sempre posta na identificação de grandes tendências e nas suas implicações no modo de vida que seria próprio de uma sociedade da informação, sem nunca se perder tempo com definições do fenómeno nem entrar em detalhes de categorização indispensáveis à compreensão dos problemas envolvidos.

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O papel dos meios de comunicação social também não deve ser desprezado. Os jornalistas, fazendo uso dos recursos de que dispõem para o exercício da sua profissão, têm desempenhado um papel relevante na divulgação e por vezes na discussão das tecnologias de informação e comunicação e dos seus impactos. Contudo, a simples selecção de determinado tipo de notícias e a adopção de uma abordagem em detrimento de outra, leva à legitimação de determinados discursos em detrimento de outros possíveis.

Outro aspecto, pouco estudado, mas que por isso mesmo constitui uma pista de investigação com interesse, é a ligação do fenómeno de popularidade da expressão sociedade da informação com a questão da hipertrofia do poder administrativo, no sentido que Giddens lhe atribui, enquanto uma das dimensões institucionais da modernidade. Giddens [1990] recorda que o poder administrativo se baseia no controlo da informação, e que esta tem sido um dos instrumentos da modernidade, tendo a imprensa sido um dos meios que facilitaram o controlo e a disseminação da informação nos primórdios da modernidade. Giddens concorda que a função da vigilância está hoje muito facilitada devido ao desenvolvimento das tecnologias da informação, mas deixa em aberto um cenário alternativo ao autoritarismo perfeitamente regulado, e que poderia, em última análise, configurar um cenário utópico de democratização radical.

Na realidade, creio que a popularização desta expressão terá também resultado da sua utilização pelos órgãos detentores do poder administrativo, tanto ao nível dos Estados nacionais (v. a Administração norte-americana, em primeiro lugar), como de organizações supra-nacionais (v. em particular, os órgãos da União Europeia). Seria, aliás, muito interessante comparar as abordagens e as motivações subjacentes às políticas – descritas como de construção da sociedade da informação - adoptadas dos dois lados do Atlântico.

Na construção da sociedade da informação, a visão predominante na UE tem sido a visão de mercado, assente no investimento privado tirando partido de mercados abertos e desregulados e na exploração do efeito multiplicador da informação na produção de serviços e aplicações de elevado valor acrescentado. O papel dos governos e da União Europeia seria, de acordo com o relatório Bangemann [1994], facilitar esses desenvolvimentos, acabando com os monopólios, nomeadamente das telecomunicações; criando condições de intercomunicabilidade e normalização do equipamento; criando um enquadramento regulador apropriado para garantir a protecção da propriedade intelectual, da privacidade e da segurança dos dados; e explorando as tecnologias-chave, nomeadamente ISDN, banda larga e multimedia, comunicações móveis e por satélite. Martin faz uma apreciação cáustica deste relatório:

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“O cenário descrito no relatório Bangemann é baseado numa percepção particular da sociedade da informação - uma sociedade baseada num mercado de informação, em que sobrevivem os competitivos e o consumidor paga. Presumivelmente, tal como já acontece em muitas sociedades tecnologicamente avançadas a caminho do estatuto pleno de sociedade da informação, quando alguém não puder pagar ou funcionar de forma eficaz no interior do sistema, então o Darwinismo social segue o seu rumo e a pessoa em causa passa a fazer parte dos excluidos (underclass).”[Martin 1995:14].

Já o último documento de estratégia produzido pela Comissão Europeia [eEurope 2002] parece inflectir um pouco na direcção das preocupações próprias do conceito de “Europa social”. Dos três grandes objectivos, um é inteiramente dedicado ao investimento nas pessoas, com linhas de acção orientadas para a integração dos jovens na era digital, para as questões do trabalho na economia do conhecimento, e para a participação de todos neste tipo de economia, nomeadamente através de especial atenção aos grupos que correm maior risco de info-exclusão. O certo, porém, é que a expressão “sociedade da informação” está de tal forma banalizada que corremos o risco de tomar por realidade o que não passa ainda de um conceito, mesmo tratando-se de um conceito com um imenso potencial polarizador no domínio do detratando-senvolvimento tecnológico e mobilizador no domínio da acção política.

2 Alteração da estrutura do emprego e dos padrões do trabalho

A situação vigente nas sociedades desenvolvidas alia o rápido desenvolvimento tecnológico a altos e persistentes níveis de desemprego. Não obstante, políticos e economistas continuam a insistir que o desenvolvimento tecnológico terá, em última análise, um impacto positivo sobre a criação de emprego. Nesta linha de pensamento, são regularmente publicados artigos em revistas conceituadas [The Economist Fevereiro 1995], [Wired Julho 1997], defendendo esta posição. De igual modo, são frequentemente veiculadas posições coincidentes através de instituições como a OCDE [OCDE 1994].

A verdade é que se trata de um problema complexo, uma vez que os efeitos das tecnologias de informação e comunicação podem ser estudados a vários níveis de agregação, e de diferentes perspectivas, e os resultados diferem de acordo com o nível de agregação. Consciente desta dificuldade, van den Besselaar [1997] conduziu vários projectos de investigação concebidos de forma a contemplar os vários níveis de agregação. Um dos projectos concentrou-se nas tendências de longo prazo para o emprego, o que fornece uma base mais sólida para avaliar os impactos futuros das tecnologias de informação sobre o emprego. As conclusões deste estudo apontam para:

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a) A diminuição do emprego per capita nas economias desenvolvidas. Esta diminuição é devida, por um lado, à racionalização resultante de inovações de processo enquanto, por outro lado, as inovações a nível de produto acabam por substituír produtos e serviços trabalho-intensivos por produtos e serviços menos trabalho-trabalho-intensivos;

b) O crescimento do emprego nas indústrias em expansão, e em especial no sector das tecnologias de informação, não é suficiente para contrabalançar as perdas a nível das indústrias em declínio e para absorver a expansão demográfica;

c) O problema do emprego é caracterizado como uma crise dos mecanismos de coordenação dominantes na sociedade: o mercado e o Estado. O mercado parece ser capaz de conjugar necessidades e recursos em detrimento da igualdade, enquanto o Estado produz uma sociedade sobre-regulada, em detrimento da liberdade. O autor propõe a criação de mecanismos de coordenação alternativos, com uma nova dinâmica. A análise da economia não remunerada sugere que as redes sociais podem, em combinação com os outros dois mecanismos de coordenação, apoiar a conjugação de necessidades sociais com recursos não utilizados (desempregados) 2;

d) Só uma redução radical do tempo de trabalho - redução da semana de trabalho, alargamento do período de férias, dedicação de mais tempo à educação - poderá aliviar a pressão pela procura de trabalho, e simultâneamente levar à revalorização da “economia não remunerada” e, portanto, a novas formas de coordenação na sociedade.

Apesar de tudo, a taxa de destruição de postos de trabalho neste fim de século não difere assim tanto da ocorrida no passado, como resultado de outras mudanças estruturais. A grande diferença consiste na natureza dessa destruição. O ritmo da mudança, e os novos modos de produção a que dá origem, requerem capacidades mais amplas e novos processos de produção para responderem a exigências de mercado que estão em mudança permanente. Este facto gera grandes preocupações em termos do futuro do emprego [Rifkin, 1995] nomeadamente quanto à segurança de emprego, conteúdo dos postos de trabalho, obsolescência das competências, e em termos da relação entre trabalho e padrões de vida.

2 Rifkin [1995] também destaca o papel do que designa como “terceiro sector” ou “sector independente”, por oposição ao sector público e ao sector privado, e atribui a sua crescente importância em todo o mundo à necessidade cada vez maior de preencher o vácuo político deixado pela retirada dos outros sectores dos assuntos das comunidades locais. Por um lado, o Estado distanciou-se das necessidades dos cidadãos e das pequenas comunidades; por outro lado, as grandes empresas transnacionais que operam no mercado global são insensíveis e impermeáveis às necessidades dessas comunidades.

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Torna-se necessário, portanto, criar novas formas de organização social do trabalho, modernizar as instituições e o enquadramento legal do trabalho. As leis de trabalho baseadas no modelo-padrão de emprego a tempo inteiro, sediado num local de trabalho, e de duração indefinida, já não respondem às necessidades de uma produção de bens e serviços cada vez mais baseada no conhecimento. Handy [1993] prevê que, num futuro próximo, apenas um quarto da população terá trabalho a tempo inteiro no seio de uma organização; e considera que esta mudança, ou seja, a deslocação do trabalho para o exterior da organização, não afectará apenas quem trabalha nas organizações, mas também a grande maioria que se encontra no exterior. A pergunta “O que é que fazes?” deixará de significar “Em que é que trabalhas?” e passará a significar “Em que é que ocupas o teu tempo?” O trabalho terá então mudado de significado e de padrão, como veremos adiante. E este facto afectará o nosso sentido de identidade, a família e o nosso papel na família, e todo o nosso modo de vida.

Os desenvolvimentos tecnológicos, especialmente no domínio das tecnologias de informação e comunicação, e as pressões económicas que se abatem sobre as organizações, estão a conduzir ao aparecimento de novas formas de organização, que passam, entre outros aspectos, pelo desaparecimento das fronteiras entre a casa e o local de trabalho e entre empregador e empregado. Deste facto resultam alterações profundas na própria natureza do trabalho e no significado do trabalho.

Por razões que não cabe aqui aprofundar, o trabalho constitui um dos contextos de maior significado na vida da generalidade dos indivíduos; na verdade, aqueles para quem isto não acontece, são de certo modo considerados seres a-sociais, inadaptados ou inúteis. Neste contexto, o significado pode ser extraído de aspectos tais como as práticas laborais, as estruturas e culturas organizacionais, normas e procedimentos, estilos de gestão, salários e recompensas. Como cada indivíduo é um todo, a operação de atribuição de sentido num contexto laboral, é naturalmente influenciada por todas as outras dimensões de experiência individual. Assim, as experiências relacionadas com métodos e estilos de trabalho serão naturalmente equacionadas à luz de conceitos adquiridos e experienciados noutros contextos (família, escola, grupos de relações) como liberdade e responsabilidade, poder e controlo. A centralidade do trabalho é tradicionalmente associada à ética protestante. Contudo, um estudo comparativo de países como a Alemanha, a Suécia, a Hungria, Espanha e Portugal [Ramos 2000], articulando a perspectiva decorrente do trabalho de Weber sobre a ética protestante e a perspectiva de Inglehart sobre a transição das sociedades materialistas para uma sociedade

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pós-materialista, veio demonstrar que Portugal ocupa uma posição intermédia no índice de centralidade relativa do trabalho.

Todos os indivíduos se esforçam por atribuír um sentido à sua presença no mundo. Guevara e Ord [1997] identificam três grandes áreas em torno das quais os indivíduos tentam organizar as suas experiências, na busca permanente de sentido para a vida: a área da presença e da pertença, a área do relacionamento e a área da contribuição. De acordo com estes autores, as questões relacionadas com “presença e pertença” são especialmente importantes no contexto do trabalho; sempre que estas questões fiquem sem resposta, os indivíduos desorientam-se e entram em depressão, e a sua capacidade de trabalho é seriamente afectada. As questões de “relacionamento” determinam a forma como os indivíduos se relacionam com os respectivos pares e com a hierarquia e, em última análise, com a organização; é através das relações de trabalho que os indivíduos identificam a sua posição relativamente aos outros. As questões da área da “contribuição” permitem ao indivíduo identificar o seu contributo pessoal para o respectivo departamento, para a empresa como um todo e para o sucesso do negócio; a contribuição é medida através de percepções de valor e de relevância para outros no contexto de trabalho.

A perda do contexto organizacional como fonte de significado deve-se basicamente à eliminação do ambiente organizacional convencional - o que acontece, por exemplo, em situações de tele-trabalho ou trabalho electrónico em offshore - e ao fim do emprego permanente e a tempo inteiro. Com a ausência do ambiente físico de trabalho, desaparecem o nosso local de pertença e muitas das dimensões que desde sempre nos permitiram posicionar-nos no posicionar-nosso contexto de trabalho. Desaparece não só o contexto físico, mas também o contexto imaterial, o conjunto partilhado de crenças e valores, de rituais e mitos, e ainda a rede informal de comunicação que, no seu todo, constituem a cultura de cada organização.

Por outro lado, espera-se que dentro de vinte anos a maior parte da força de trabalho seja constituída por trabalhadores independentes, enquanto o desemprego continuará a ser um dos problemas mais graves nos países da OCDE, e o sub-emprego (trabalho a tempo parcial involuntário) tenderá a tornar-se um problema tão grave como o desemprego [OCDE 1994]. A conjunção destes dois factores tornará impossível que o contexto do trabalho continue a funcionar como uma das mais importantes fontes de significado das nossas vidas, e afecta essencialmente a área de “presença e pertença”. O papel determinante desempenhado pelas tecnologias de informação na criação de um novo contexto de trabalho passa pelo questionar da nossa experiência de tempo e espaço, que constituem os eixos em torno dos quais articulamos a

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nossa relação com o mundo. Ao permitir-nos comunicar independentemente das barreiras do tempo e do espaço, as tecnologias introduzem-nos na dimensão do virtual - espaço virtual e tempo virtual - ou seja, no domínio do ciber-espaço.

De igual modo, na área do “relacionamento”, uma combinação de factores demográficos, sociais, organizacionais, e tecnológicos, está a conduzir a alterações radicais na natureza das relações no contexto do trabalho. Enquanto a composição da força de trabalho tende a alterar-se no sentido de uma crescente percentagem de mulheres e de uma elevação da faixa etária média dos trabalhadores, a globalização da economia e a consequente internacionalização das empresas leva à criação de equipas multinacionais com larga representação de diferentes grupos étnicos. Finalmente, a colaboração remota vem tornar obsoleta a presença física como modo primário de relacionamento. A criação de comunidades virtuais levanta problemas, pois a falta de interacção directa e a falta de um contexto partilhado podem distorcer as nossas percepções. Por outro lado, a comunicação electrónica, ao ignorar certas convenções e ao favorecer a informalidade dos contactos, contribui para diluír as fronteiras entre relações de trabalho e relações pessoais, o que vem questionar formas tradicionais de organização social.

Como a presença e o relacionamento são fundamentais para determinarem a contribuição individual, os desafios aos dois primeiros no contexto do trabalho implicam que a busca de significado através da “contribuição” seja também afectada. De novo, é a mudança de um contexto físico para um contexto virtual que vem afectar as percepções de contribuição. As formas tradicionais de aferir os resultados dos nossos esforços passam a ficar diluídas num contexto de colaboração electrónica global.

Gerar novos significados, ajustados às novas realidades, quando as novas realidades não chegam a cristalizar, uma vez que o ritmo da mudança tende a acelerar cada vez mais, é uma tarefa difícil. A ansiedade tenderá a aumentar, devido ao sentimento de falta de controlo sobre os acontecimentos, e devido à falta de um contexto partilhado que permita criar significado; o resultado será a falta de capacidade para planear, que é o que permite aos indivíduos projectarem-se no futuro.

Guevara e Ord defendem que será necessário criar um novo sistema de valores, preparar o regresso à casa e à comunidade como a nova base de trabalho, e criar uma nova ética do trabalho, em que a autoridade e a responsabilidade cabem ao próprio indivíduo, e não a uma entidade externa, seja um patrão ou um conjunto de regras institucionais. A transição do contexto do trabalho para a casa e a comunidade (um regresso ao modelo anterior à revolução industrial) abre perspectivas para um papel mais significativo do trabalho e uma presença mais

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efectiva na comunidade. E o colapso de ambientes organizacionais estáveis potencia o desenvolvimento da independência e da auto-confiança nos indivíduos, em especial entre o número crescente de “trabalhadores do conhecimento”. Por outro lado, as organizações virtuais darão mais importância à motivação e ao empenhamento dos seus trabalhadores do que ao controlo que sobre eles possam exercer. A gestão por resultados, com base na coordenação e na comunicação de indivíduos motivados substituirá a gestão tradicional, com base na presença física e no controlo [Handy 1995].

Como seria de esperar, este novo sistema de valores no contexto do trabalho corresponderia ao emergir de novos valores na esfera individual. O mesmo relatório da OCDE aponta para um abandono progressivo dos valores materialistas em que a segurança económica, a posse de bens materiais, uma forte ética do trabalho e a lealdade à empresa eram valores importantes. Em sua substituição, emergeriam valores relacionados com a qualidade de vida e trabalho, a independência e o auto-desenvolvimento, e a busca de sentido para a vida de cada indivíduo. Este estudo da OCDE também prevê a evolução para uma sociedade de tempos livres, o que aparece associado à redução da semana de trabalho e ao crescimento da riqueza nos países da OCDE, mesmo que em níveis moderados. Estes factos, associados ao declínio da ética do trabalho e dos valores com ela relacionados, levariam a que o trabalho passasse a ser algo que se adapta à vida, em vez de ser a vida a ter de se adaptar ao trabalho.

Esta trata-se, sem dúvida, de uma visão utópica, e pode levar à utilização das tecnologias como instrumento de uma certa ideologia desenvolvimentista, ao serviço dos governos e das empresas, que assim poderão aumentar o poder, o controlo e a riqueza que já detêm. Em contrapartida, surgiu toda uma linha de intervenção alertando para os riscos de uma economia que, de um ponto de vista estrictamente economicista e esquecendo a sua dimensão política, julga poder passar sem o trabalho de largos sectores da população, que assim se tornariam “dispensáveis” [Perret e Roustang 1996] [Galbraith 1997] [Schnapper 1998].

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Não é por acaso que conceitos como os de “organização aprendente” e “sociedade aprendente” começam a vulgarizar-se ao mesmo tempo que o próprio conceito de “sociedade do conhecimento”. A sociedade do conhecimento é caracterizada por actividades económicas maioritariamente dependentes do conhecimento e orientadas para a produção de novo conhecimento. De acordo com Bell [1973], neste tipo de sociedades, o conhecimento estaria a tornar-se não só o elemento-chave para a inovação, mas a própria base da organização social. As transformações decorrentes deste facto têm um impacto decisivo sobre os modelos tradicionais de educação e sobre os sistemas educativos que lhes correspondem. Quando o conhecimento se torna o factor de produção por excelência, a educação torna-se um investimento essencial; torna-se, portanto, absurdo racionar o acesso à educação ou limitá-lo a determinados grupos etários, ou pensar que o processo de apreensão de novos conhecimentos deve acontecer apenas em salas de aula.

Drucker [1993] relaciona o sucesso das economias ocidentais a partir do século xvi com a primeira revolução tecnológica operada nas escolas europeias, em torno do livro impresso; em contrapartida, o declínio da China e do Islão, a partir da mesma data, dever-se-ia à sua recusa em reorganizarem as suas escolas em torno da nova tecnologia do livro impresso. Drucker considera ainda que esta primeira revolução no processo de aprendizagem nos dá uma lição importante: a tecnologia em si é menos importante do que as mudanças que acarreta em termos de substância e enfoque da escola. Ou seja, o mais importante é repensar o papel e a função da escola e da escolaridade, dos seus objectivos e valores.

Transpondo estas lições para o presente, Drucker considera que a escola da sociedade do conhecimento deve: a) assegurar a universalidade da literacia, que teria um significado mais avançado do que aquilo que hoje se entende por literacia, estendendo-se à aquisição de competências básicas que englobam a compreensão elementar do que é a ciência e a tecnologia, do que significa ser membro eficaz de uma organização, e o domínio de línguas estrangeiras; b) incutir nos estudantes de todos os graus e de todas as idades a vontade de aprender e a auto-disciplina para continuar a aprender; b) abrir-se tanto a pessoas educadas como às que, por qualquer motivo, não tiveram acesso a um grau de educação elevado na juventude; c) ministrar conhecimento como substância e como processo. Finalmente, a escolaridade não pode continuar a ser monopólio das escolas, antes deve permear toda a sociedade. Todas as organizações empregadoras - empresas, organismos governamentais, organizações sem fins lucrativos - devem tornar-se organizações onde se ensina e se aprende, devendo as escolas trabalhar em parceria com patrões e organizações empregadoras.

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Sobre a adequabilidade da formação universitária ao mercado de trabalho, em Portugal, Cabral assume uma posição crítica:

“As nossas licenciaturas estão cheias de cadeiras em que se ensinam aos alunos matérias subdisciplinares e técnicas que eles esquecerão em menos de cinco anos e estão destituídas da preocupação com a instilação de metodologias de trabalho e de comunicação que poderiam fazer toda a diferença nas suas vidas futuras.” [p.701] e ainda “… um bom candidato a emprego não é o que se lembra de tudo o que aprendeu na faculdade, mas o que demonstra capacidade para se adaptar com facilidade a novas tarefas, já que se espera dele, ou dela, que venha a desempenhar actividades diferentes em momentos diferentes da sua vida profissional.” [Cabral 2000:696].

O que emerge como a característica mais relevante da aprendizagem na sociedade do conhecimento é a capacidade de aprender a aprender, que está na raíz da capacidade de realizar, de atingir objectivos; e a característica mais relevante da escola na sociedade do conhecimento será a de se transformar num sistema aberto: aberto a toda a gente, a todos os grupos etários, e aberto ao retorno, a qualquer altura, daqueles que por lá já passaram.

4 O exercício da cidadania: conceito de cidadania e direitos de cidadania

O conceito de cidadania pode descrever-se simplesmente como a participação numa comunidade. Por este motivo, diferentes tipos de comunidades políticas deram origem a diferentes formas de cidadania. A principal diferença entre a cidadania numa cidade-Estado da Grécia antiga e a cidadania no moderno Estado-nação democrático consiste na extensão ou no âmbito da comunidade política em cada um. Para Aristóteles, a cidadania era o estatuto privilegiado da classe dirigente na cidade-Estado, enquanto no moderno Estado-nação democrático a base da cidadania reside na capacidade de participação no exercício do poder político através do processo eleitoral.

O conceito de cidadania em Marshall e Bottomore [1992] é definido em termos de um quadro específico de direitos e instituições no qual são exercidos os direitos dos indivíduos. Esse quadro foi-se estruturando ao longo do tempo, e nele se pode identificar três fases distintas. A primeira fase decorreu essencialmente no séc. xviii, e consistiu na estruturação da cidadania civil, que estabeleceu os direitos necessários à liberdade individual: o direito à propriedade, o direito à liberdade de expressão e, especialmente, o direito à justiça. A segunda fase foi, ainda segundo Marshall e Bottomore, construída essencialmente no séc. xix, e corresponde à cidadania política, ou seja, ao direito de participar no exercício do poder político, através do voto. A terceira fase foi construída no séc. xx, e corresponde à cidadania social, ou seja, ao estabelecimento de padrões mínimos de educação e protecção social, que seriam assegurados

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pelo Estado-Providência e que, de acordo com estes autores, tenderiam a reduzir as desigualdades sociais. A sucessão destes direitos, contudo, não corresponde a uma evolução linear.

Mozzicafreddo [1997] esclarece que o desenvolvimento dos direitos civis teve como resultado não apenas a igualdade perante a lei, mas sobretudo a consolidação da lei como instituição formalmente separada da esfera da propriedade privada e das relações sociais. A instituição mais claramente associada a estes direitos é o sistema judicial. O desenvolvimento dos direitos políticos reforçaram a separação formal da esfera do político – escolha e exrecício do poder – da esfera da propriedade e dos detentores do poder económico. Estes direitos estão ligados à instituição parlamentar e às assembleias e órgãos de governo local. Por outro lado, o emergir dos direitos sociais teve consequências importantes na estruturação dos princípios de integração social e na criação de condições sociais mínimas para a concretização do exercício dos direitos de cidadania política. As instituições mais claramente relacionadas com estes direitos são o sistema educativo e o conjunto dos serviços sociais.

Ainda segundo Mozzicafreddo, apesar da pretensa universalidade dos direitos de cidadania, nomeadamente dos direitos civis e políticos, o princípio da cidadania não foi alargado a todas as instituições sociais: as relações de mercado e o conjunto dos mecanismos e estratégias que lhes estão associados não foram inicialmente afectados pelo princípio da igualdade perante a lei e da capacidade de participação política. Os direitos sociais vão, em última análise, permitir intervir nas relações de mercado e nas condições de trabalho e de vida dos indivíduos. Nas sociedades europeias aparecem nos finais do século passado e sobretudo nos princípios do século xx, mas na sociedade portuguesa só se estruturam nos últimos vinte e cinco anos. Estes direitos não se configuram como processos de exercício do poder, mas como processos de atribuição de determinadas condições sociais (nível de vida digno, integração social) que contribuem para a modificação do estatuto social dos indivíduos inseridos num contexto de desigualdades sociais.

Ao contrário da universalidade que caracteriza os direitos civis e políticos, os direitos sociais funcionam como “mecanismos institucionais compensatórios entre o estatuto legal e político de igualdade dos cidadãos e as desigualdades sociais e económicas resultantes das relações de mercado” [Mozzicafreddo 1997:181].

Turner e outros autores criticam a teoria de Marshall por não cobrir a cidadania económica e cultural, isto é, a democracia económica e a democracia cultural. Turner evita colocar a ênfase em definições jurídicas ou políticas de cidadania, enquanto estatuto no seio de uma formação

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política (que determina a natureza dos direitos e deveres), e propõe uma definição sociológica, “um conjunto de práticas que constituem os indivíduos como membros competentes de uma comunidade” e acrescenta:

“Nesta perspectiva, a cidadania cultural consiste nas práticas sociais que habilitam um cidadão competente a participar em pleno na cultura nacional. As instituições educacionais, e em especial as Universidades, são por este motivo cruciais para a cidadania cultural, porque são um aspecto essencial da socialização neste sistema nacional de valores” [Turner 1994:159].

O aparecimento de sistemas nacionais de educação de massas constituíram uma revolução educacional que Turner compara, em importância histórica, à Revolução Francesa e à revolução industrial:

“Um sistema de educação universal foi o pré-requisito necessário para a educação de cidadãos como participantes activos na sociedade, tal como a informação e o livre câmbio são vistos na teoria económica como as condições necessárias para a participação económica dos consumidores.” [Turner 1994:160].

Os cidadãos que não detêm as competências indispensáveis à participação activa na comunidade ficam ameaçados de exclusão. Os excluídos não contam, são um peso morto para a sociedade, que passa a vê-los como seres dispensáveis. Na opinião de Fitoussi e Rosanvallon [1997], a exclusão corresponde, em termos económicos, ao ostracismo a que são votados os dissidentes políticos, em regimes autoritários, pelo que o direito à inserção deve passar a fazer parte da agenda de reivindicação de um novo tipo de direitos, que têm a ver com o imperativo cívico de participação e o direito à utilidade social.

A constatação, por Barbalet [1988], de que a mais óbvia condição para o desenvolvimento da moderna cidadania é uma base material de prosperidade económica, fornece um importante instrumento de análise para o desenvolvimento e estado presente da cidadania em Portugal. Sendo um país periférico em termos europeus e um país semi-periférico no sistema mundial, Portugal é também um país de escassos recursos económicos. O desempenho económico nunca permitiu a criação de um verdadeiro Estado-Providência, ao contrário do que aconteceu na maior parte dos países industrializados. Os direitos sociais garantidos pela Constituição e a inegável melhoria do desempenho económico ao longo dos últimos quinze anos não levaram directamente a uma cidadania efectiva, isto é, a uma distribuição mais equitativa da riqueza e a uma base educacional suficientemente ampla para permitir a prática efectiva da cidadania, no sentido da definição de Turner acima referida, de “um conjunto de práticas que constituem os indivíduos como membros competentes de uma comunidade”.

A provar isto, veja-se os estudos de Mónica [1993] e de Sousa Santos [1996]; qualquer dos estudos demonstra, por vias diversas, que o fosso existente entre o quadro legal que enforma a

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cidadania portuguesa e as práticas sociais, se traduz numa suspeição profunda relativamente a tudo o que venha “de cima”, incluíndo a desconfiança nas instituições, o sentimento de que é inútil desafiar o sistema, e a incapacidade do cidadão comum de fazer valer os seus direitos. No estudo sobre o funcionamento dos tribunais em Portugal [Sousa Santos 1996], concluiu-se pelo predomínio de uma cultura jurídica de cidadania passiva. Esta situação ilustra as palavras de Turner quando afirma que

“Onde a cidadania se desenvolve a partir de baixo (como consequência de lutas sociais), temos uma forma activa e radical de cidadania, mas onde a cidadania é imposta por cima, como uma estratégia de incorporação da classe dominante, então temos um tipo passivo de cidadania.” [Turner 1994:158-159]

O facto de as políticas sociais concebidas e parcialmente implementadas durante o período revolucionário ou imediatamente depois não serem o resultado de um pacto social ou de um longo processo de negociação, tiveram como resultado a não existência de um processo social e cultural de maturação e apropriação, tanto por parte da Administração Pública como pelos detentores dos direitos sociais.

5 Acesso à informação: necessidades de informação e direito à informação

O acesso à informação é um fenómeno de grande complexidade, que engloba múltiplas dimensões, com relações diferenciadas entre si. McCreadie e Rice [2000] analisaram seis literaturas especializadas (estudos de bibliotecas, ciência da informação, sociedade da informação, comunicação social, comunicação organizacional e economia da informação), a fim de estudarem o acesso à informação de diferentes perspectivas, e identificaram quatro componentes elementares: i) conceptualizações diversas da própria informação (mercadoria ou recurso, dados, representação do conhecimento e parte do processo de comunicação); ii) conceptualizações diversas da noção de acesso à informação (conhecimento, tecnologia, comunicação, controlo, bens/mercadorias e participação); iii) facetas do comportamento de procura de informação (contexto, situação, estratégias e resultados) e iv) influências e constrangimentos que afectam a natureza e a extensão do acesso à informação (aspectos físicos, cognitivos, afectivos, económicos, sociais e políticos).

O resultado mais interessante deste estudo consistiu na ligação estabelecida entre as conceptualizações da informação e todos os outros aspectos: conceptualizações do acesso, facetas do comportamento de procura de informação e influências ou constrangimentos no acesso à informação. Assim, por exemplo, quando a perspectiva dominante é a da informação como uma mercadoria ou um recurso, a concepção dominante de acesso à informação será a de

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acesso a bens ou acesso a mecanismos de controlo. Contrariamente, quando a perspectiva dominante é a da informação como parte de um processo de comunicação ou como meio de atribuir sentido ao mundo, a concepção de acesso à informação será a de acesso à comunicação ou acesso à participação.

A literatura especializada no domínio dos estudos de utilizadores de informação e de necessidades de informação distingue entre necessidades (needs), carências / aspirações (wants) e procura (demand). Line [1974], por exemplo, define necessidades como aquilo que cada indivíduo devia ter, aspirações como aquilo que um indivíduo gostaria de ter, e procura como aquilo que cada indivíduo tenta obter. Wilson [1981] alerta para a confusão que deriva de se juntar os termos “necessidade” e “informação”, dado que o conceito resultante desta ligação está impregnado da conotação inerente às necessidades básicas (necessidades fisiológicas, afectivas e cognitivas). Uma vez que todas estas necessidades interagem, poder-se-á assumir que, ao procurar informação, os indivíduos têm em vista satisfazer essas necessidades.

Ao colocar a tónica nos papéis desempenhados pelos utilizadores de informação e na influência do ambiente sobre o comportamento de procura de informação dos indivíduos, Wilson trouxe para o centro das atenções dos investigadores os fins do próprio comportamento de procura de informação, por oposição aos meios utilizados para obter informação. Contudo, a procura de informação tem lugar apenas quando um indivíduo toma consciência de que lhe falta informação para resolver um problema e, tendo tomado consciência, resolve agir de modo a tentar obter a informação que lhe falta. Belkin denominou esse estado consciente de carência estado anómalo de conhecimento [Belkin et al.1983].

No que diz respeito à procura de informação para o exercício da cidadania, ela está naturalmente dependente do grau de consciência que cada cidadão tem dos seus direitos e deveres como membro de uma dada sociedade. Quanto mais consciente um cidadão fôr do seu papel na sociedade, mais activo será na obtenção de informação que lhe permita ser um membro de pleno direito dessa sociedade. Por outro lado, tem-se mostrado extremamente difícil apurar se a procura de informação é determinada pela oferta de informação, se é independente da oferta de informação ou se, existindo uma relação com a oferta de informação, em que é que consiste exactamente essa relação. Contudo, trata-se de um factor importante para gerir políticas de informação, no sentido que lhes é atribuído por Weingarten [1989], ou seja, “o conjunto de todas as leis públicas, regulamentos e políticas que encorajam, desencorajam, ou regulam a utilização, o armazenamento e a comunicação de informação.” e que tenham por objectivo “…garantir o livre fluír da informação para quem dela precisa.” [Browne 1997:346] .

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A informação para o exercício da cidadania refere-se genericamente à relação entre o indivíduo e o Estado; esta relação envolve direitos e deveres de ambas as partes e implica troca de informação entre elas. Neste contexto, um estudo encomendado pela Comissão Europeia [Steele 1997] e efectuado por um consórcio constituído por organizações de cinco países membros, entre os quais Portugal, propõe uma classificação de cinco tipos de informação necessária para o exercício da cidadania: i) informação para orientação do cidadão (onde ir para resolver um dado problema), ii) informação detalhada sobre direitos e deveres, iii) informação sobre procedimentos administrativos e processos políticos, iv) informação específica sobre casos individuais ou políticas específicas e v) informação factual sobre serviços e actividades. Esta tipologia corresponde, por sua vez, à classificação das necessidades de informação para o exercício da cidadania em três grandes categorias: i) informação acerca de direitos e protecções no domínio civil, político e social; ii) informação para habilitar as pessoas a participar nos processos democráticos e para capacitar um juízo crítico sobre aspectos civis, políticos e sociais do Estado e iii) informação sobre os deveres dos cidadãos nos domínios civil, político e social. O projecto acima mencionado é um bom exemplo de como as preocupações eminentemente “mercantis” dos órgãos comunitários podem ser contrariadas, quando confrontadas com uma visão mais alargada e eminentemente social do papel da informação. À partida, a finalidade deste estudo consistia em avaliar o potencial de expansão da procura de informação para a cidadania nos países da União Europeia, com vista a calcular o interesse deste segmento de mercado para as indústrias de informação. Contudo, os membros do consórcio que executou o estudo acabaram por ser unânimes em concluir que, para garantir a igualdade de acesso dos cidadãos à informação, ela deveria ser fornecida gratuitamente. De qualquer modo, o “negócio” da informação para a cidadania seria sempre pouco atractivo para o sector da indústria da informação, tanto devido à falta de poder de compra neste segmento de mercado, como também porque as necessidades de informação da generalidade dos cidadãos implicam o atendimento personalizado por parte de fornecedores que sejam, simultâneamente, profundos conhecedores dos problemas.

O direito à informação tornou-se não só um direito inquestionado, como um direito consagrado na Constituição da República Portuguesa. Contudo, como já vimos, é grande o fosso entre os direitos consagrados na lei e as práticas sociais efectivas. Para que o direito à informação se traduza numa prática social generalizada de consumo de informação, é necessário viabilizar o acesso à informação. E para se aceder à informação é necessário i) um grau mínimo de literacia, o que nos remete para o domínio da alfabetização e ii) um grau mínimo de familiaridade com as

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tecnologias de informação e comunicação, o que nos remete para o domínio da info-alfabetização.

Estudos sobre a literacia em Portugal [Rosa et al. 1996] escandalizaram o país por revelarem o elevado grau de iliteracia ou analfabetismo funcional entre a população portuguesa. Também Freitas et al. [1997] concluíram que 23% da população portuguesa não lê, incluíndo neste grupo 12% de analfabetos e 11% de não-leitores absolutos entre a população alfabetizada. Este mesmo estudo dá-nos conta de que 27% dos inquiridos nunca entrou numa biblioteca; e dos 73% que dizem já ter entrado numa biblioteca, apenas 18% vão à biblioteca com alguma regularidade (pelo menos uma vez por mês).

A frequência de bibliotecas, por tipo de biblioteca (numa lista que inclui bibliotecas municipais, escolares, itinerantes, de colectividade, de empresa, paroquiais, e a Bbiblioteca Nacional), coloca à cabeça da lista as bibliotecas municipais, com 79% de inquiridos a declararem já terem entrado numa biblioteca municipal, independentemente da assiduidade com que o fazem. Contudo, a análise dos frequentadores mais assíduos mostra que são as bibliotecas escolares e a biblioteca nacional que têm mais elevada percentagem de utilizadores neste grupo. Estes valores são explicados pelas respostas dadas à pergunta “Que necessidades acha que as bibliotecas deviam satisfazer?”: 45,5% dos inquiridos indica as necessidades escolares, 22% indica interesses ou curiosidades pessoais e 22% indica necessidades profissionais ou práticas precisas.

Estes valores indicam, por um lado, que os frequentadores de bibliotecas se encontram, essencialmente, entre a população estudantil e, por outro lado, que grande parte da população inquirida parece ver a biblioteca como um equipamento pouco vocacionado para satisfazer outras necessidades que não as escolares, ou seja, pouco vocacionado para servir a população adulta e as suas necessidades específicas, sejam de natureza profissional ou outra, incluíndo a informação necessária para “práticas específicas”, onde se pode inscrever a informação que permita aos cidadãos resolver problemas que lhes são postos pela sua condição de cidadão, ou seja, para o exercício da cidadania.

Mas, como o recordam os autores deste estudo, mesmo a leitura destinada exclusivamente a necessidades ou curiosidades pessoais desempenha um papel importante na prevenção da auto-exclusão, pois:

“Ao promover o auto-conhecimento e a referenciação social, a prática da leitura potencia o diálogo e a participação cívica e política constituíndo-se, assim, como factor de modernidade e democracia.”[Freitas et al. 1997:265]

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Sociedade da Informação em Portugal”, para designar os conhecimentos que são indispensáveis para participar da sociedade da informação, com destaque para o domínio das tecnologias de informação e comunicação:

“Em Portugal não prevalece um conhecimento generalizado das tecnologias de informação… Há todo um esforço a realizar para assegurar um nível adequado de utilização das novas tecnologias, que terá naturalmente de passar por programas de info-alfabetização, a concretizar em paralelo com o apetrechamento dos estabelecimentos escolares e dos centros de formação profissional.” [Livro Verde 1997:75]

O Livro Verde considera ainda que entre as medidas indispensáveis para combater a info-exclusão se inclui a criação de condições de acesso à informação nas escolas, nas bibliotecas públicas, nas instituições de solidariedade social, nas associações locais, nas colectividades de cultura e recreio e nas autarquias. De entre este conjunto de instituições, permito-me destacar as bibliotecas e, em particular, o papel insubstituível das bibliotecas públicas.

Um relatório divulgado no Reino Unido [New Library: the People’s Network 1997] discute e reavalia o papel da rede de bibliotecas públicas naquele país, à luz da emergente sociedade da informação e dos desenvolvimentos que lhe estão associados. Neste contexto, entende-se que “sociedade da informação” descreve uma economia e uma sociedade em que a aquisição, o armazenamento, processamento, transmissão, disseminação e utilização de informação e conhecimento desempenham um papel decisivo, e em que as tecnologias de comunicação interactiva constituem uma ferramenta indispensável. O referido relatório perspectiva as bibliotecas públicas como uma “rede do povo” que fornece pontos públicos de acesso às redes de informação, forma os utilizadores da rede, presta assistência na descoberta de recursos de conhecimento e fornecem, elas próprias, conhecimento.

Da lista de serviços que deverão ser prestados, na perspectiva dos autores do relatório, consta precisamente “informação ao cidadão para participar na sociedade”. Ou seja, entende-se que as bibliotecas públicas devem pôr ao serviço dos cidadãos a rede que estimulará a comunicação entre cidadadãos, entre cidadãos e governo (acesso à informação sobre serviços públicos, que facilite a resolução de problemas do dia-a-dia e acesso ao diálogo com as instituições, a fim de desenvolver o sentido de pertença ao sistema político, legal e social) e entre cidadãos e associações não lucrativas, organizações de voluntários ou grupos de interesses, a fim de renovar o potencial de participação na sociedade.

A rede de bibliotecas públicas portuguesas cobre presentemente 188 municípios e está prevista a sua extensão à totalidade dos municípios até ao final de 2003. O programa de leitura pública foi concebido de modo que a totalidade das bibliotecas da rede são implantadas, de preferência,

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em edifícios emblemáticos para as comunidades locais, depois de devidamente adaptados, ou construídas de raíz, dotadas de todo o equipamento necessário e providas de profissionais credenciados. A gama de serviços prestados é muito semelhante, e todas elas fornecem acesso à Internet. Tudo indica estarem criadas as condições para que Portugal disponha da sua “rede do povo”. Contudo, como vimos, as bibliotecas públicas são frequentadas essencialmente pela camada estudantil, pois os outros grupos etários não desenvolveram o hábito de frequentar a biblioteca pública.

6 Conclusão

A problemática da sociedade da informação é extremamente complexa e toca todos os aspectos da organização da sociedade. Os desenvolvimentos a nível das tecnologias de informação e comunicação são tão espectaculares que é fácil ficar-se ofuscado pelo brilho do desenvolvimento tecnológico e subavaliar eventuais cenários negativos (desajustamentos, conflitos de valores, exclusão de determinados grupos) na vida das pessoas e das comunidades. No âmbito do binómio emprego / trabalho têm sido acompanhadas as alterações da estrutura do emprego e as alterações dos padrões de trabalho, mas tanto as organizações como a sociedade em geral têm tido dificuldade em se adaptar aos impactos dos referidos desenvolvimentos, em particular no que diz respeito à criação de novos modelos de organização e de gestão, ao desenvolvimento de um quadro regulamentar adequado às novas realidades laborais e à produção de novos valores no domínio das relações de trabalho e do significado social do trabalho. No âmbito do binómio educação / aprendizagem, verifica-se um grande desajustamento entre a estrutura e a oferta curricular do sistema educativo e as novas exigências dos mercados de trabalho, incluindo as novas características dos ciclos laborais. No âmbito da cidadania, verifica-se um grande fosso entre os novos padrões de consumo e a vulgarização do acesso a gadgets tecnologicamente avançados, numa sociedade com um elevado índice de iliteracia e com predomínio de uma cultura de cidadania passiva.

A expressão “sociedade da informação” é em si mesma uma expressão controversa e

que, não obstante a banalização a que tem sido sujeita, corresponde, mais do que a uma

realidade, a um conceito com imenso potencial polarizador no domínio do

desenvolvimento tecnológico e grande poder mobilizador no domínio da acção política.

Contudo, a evolução para um modelo de sociedade baseado, por um lado, no capital

intelectual como principal meio de produção e, por outro lado, no exercício pleno da

cidadania por todos os cidadãos, pressupõe a concepção e a implementação articulada de

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políticas de educação e de emprego.

Tais políticas envolvem custos elevados e pressupõem um compromisso claro dos governos no assumir do seu papel regulador.

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