• Nenhum resultado encontrado

Percepção da sanidade em pisciculturas da baixada Ocidental Maranhense, Brasil / Perception of sanity in piscicultures in baixada Ocidental Maranhense, Brazil

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2020

Share "Percepção da sanidade em pisciculturas da baixada Ocidental Maranhense, Brasil / Perception of sanity in piscicultures in baixada Ocidental Maranhense, Brazil"

Copied!
15
0
0

Texto

(1)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 5, p. 23029-23043, may. 2020. ISSN 2525-8761

Percepção da sanidade em pisciculturas da baixada Ocidental

Maranhense, Brasil

Perception of sanity in piscicultures in baixada Ocidental Maranhense,

Brazil

DOI:10.34117/bjdv6n5-017

Recebimento dos originais: 15/04/2020 Aceitação para publicação: 04/05/2020

Ione de Oliveira Gomes

Mestranda em Recursos Aquáticos e Pesca pela Universidade Estadual do Maranhão. Instituição: Universidade Estadual do Maranhão

Endereço: Avenida Lourenço Vieira da Silva, S/N, Tirirical, São Luís, MA. E-mail: ionedeoliveiragomes@gmail.com

Ádila Patrícia Chaves Silva

Mestranda em Recursos Aquáticos e Pesca pela Universidade Estadual do Maranhão. Instituição: Universidade Estadual do Maranhão

Endereço: Avenida Lourenço Vieira da Silva, S/N, Tirirical, São Luís, MA. E-mail: adilachaves@gmail.com

Janderson Bruzaca Gomes

Mestrando em Recursos Aquáticos e Pesca pela Universidade Estadual do Maranhão. Instituição: Universidade Estadual do Maranhão

Endereço: Avenida Lourenço Vieira da Silva, S/N, Tirirical, São Luís, MA. E-mail: jandersonbruzaca@hotmail.com

Manoel Cleber Sampaio Silva

Mestrando em Recursos Aquáticos e Pesca pela Universidade Estadual do Maranhão. Instituição: Universidade Estadual do Maranhão

Endereço: Avenida Lourenço Vieira da Silva, S/N, Tirirical, São Luís, MA. E-mail: manoel.silva@ifma.edu.br

Ingrid Tayane Vieira da Silva do Nascimento

Mestra em Recursos Aquáticos e Pesca pela Universidade Estadual do Maranhão. Instituição: Universidade Estadual do Maranhão

Endereço: Avenida Lourenço Vieira da Silva, S/N, Tirirical, São Luís, MA. E-mail: tayanevsn@hotmail.com

Ilka Márcia Ribeiro de Souza Serra

Doutora em Fitopatologia pela Universidade Federal Rural de Pernambuco. Instituição: Universidade Estadual do Maranhão

Endereço: Avenida Lourenço Vieira da Silva, S/N, Tirirical, São Luís, MA. E-mail: ilka.tt@gmail.com

(2)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 5, p. 23029-23043, may. 2020. ISSN 2525-8761

RESUMO

A Baixada Ocidental Maranhense é uma região de grande importância ecológica e econômica para o estado do Maranhão que tem na pesca a base de sustentação alimentar e de renda da população. A piscicultura tem se mostrado uma alternativa promissora para complementar a produção do pescado, uma vez que há uma diminuição nos estoques naturais de peixes. Este trabalho objetivou analisar a percepção dos proprietários de pisciculturas em relação à sanidade nos tanques de cultivo. O estudo foi realizado nas cidades de Viana e São João Batista. A coleta das informações ocorreu em quatro pisciculturas: duas em Viana (P1 e P2) e duas em São Joao Batista (P3 e P4). Foram utilizados questionários semiestruturados, acompanhados do termo de consentimento livre e esclarecido. As instalações das pisciculturas em São João Batista são extremamente simples, apresentando viveiros convencionais e açudes, quando comparados às instalações de Viana, que apresentam tanques-rede de várias dimensões com bombonas de plásticos para flutuação. Nas quatro pisciculturas, os peixes são alimentados por ração, mas apenas nas pisciculturas de Viana (P1 e P2) são realizados testes para identificar qual melhor ração. Em relação à mortandade de peixes causada por doenças, apenas a piscicultura (P4) de São João Batista relatou esse problema. A implantação de boas práticas de manejo, além de promover segurança alimentar e diminuição dos custos, propicia um ambiente de criação controlado e adequado à vida aquática. No contexto da sanidade aquícola, a qualidade ambiental se torna peça chave na manutenção da saúde dos organismos aquáticos. Assim, a adoção de medidas preventivas traz grandes vantagens, pois proporciona a redução de doenças e impactos ambientais, além de aumentar os lucros com o cultivo.

Palavras-chave: aquicultura; boas práticas de manejo; peixes. ABSTRACT

The Baixada Ocidental Maranhense is a region of great ecological and economic importance for the state of Maranhão, whose fishing is based on food and income of the population. Pisciculture has shown itself to be a promising alternative to complement fish production, since there is a decrease in natural fish stocks. This work aimed to analyze the perception of fish farm owners in relation to the sanity in the cultivation tanks. The study was carried out in the cities of Viana and São João Batista. The collection of information occurred in four piscicultures: two in Viana (P1 and P2) and two in São Joao Batista (P3 and P4). Semi-structured questionnaires were used, accompanied by the informed consent form. The facilities of the fish farms in São João Batista are extremely simple, with conventional ponds and weir, when compared to the installations in Viana, which present net tanks of various dimensions with plastic drums for flotation. In the four piscicultures, fish are fed by feed, but only in piscicultures in Viana (P1 and P2) tests are carried out to identify which is the best diet. Regarding the fish mortality caused by diseases, only the piscicultures (P4) in São João Batista reported this problem. The implementation of good management practices, in addition to promoting food security and reducing costs, provides a controlled breeding environment suitable for aquatic life. In the context of aquaculture sanity, environmental quality becomes a key element in maintaining the health of aquatic organisms. Thus, the adoption of preventive measures brings great advantages, since it provides the reduction of diseases and environmental impacts and increases profits with cultivation.

(3)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 5, p. 23029-23043, may. 2020. ISSN 2525-8761

1 INTRODUÇÃO

A piscicultura no Brasil passa por uma fase de consolidação e expansão inquestionável, sendo a principal atividade de milhares de produtores. Com a intensificação dos sistemas de criação, surge a necessidade de maiores conhecimentos sobre o manejo adequado para prover melhoria nas condições de saúde dos peixes, principalmente nas fases iniciais da produção, na larvicultura e alevinagem (TAVARES-DIAS et al., 2013).

A microrregião da Baixada Maranhense está localizada a oeste do estado e constitui uma região ecológica de grande importância, que tem na pesca a base de sustentação alimentar e renda da população (COSTA-NETO et al., 2001). Em função da diminuição dos estoques naturais de peixes, a piscicultura tem se mostrado uma alternativa promissora para complementar a produção do pescado (SILVA et al., 2010). Em piscicultura, a preocupação com a qualidade da água é de fundamental importância, pois a contaminação desta pode acarretar danos ao ambiente, às espécies e perigo para saúde publica (SIPAÚBA-TAVARES et al., 2007).

Devido ao íntimo contato dos peixes com a água, esses, quando capturados em ambientes contaminados, podem albergar microrganismos patogênicos e indicadores de origem fecal. E alimentos oriundos desses ambientes têm sido associados à doenças no ser humano, principalmente gastroenterites (PAL; DASGUPTA, 1992; GUZMÁN et al., 2004). Por isso a eficácia das medidas sanitárias na criação de peixes depende de fatores que devem estar devidamente sincronizados. O primeiro deles é a conscientização do proprietário do empreendimento de que aspectos importantes devem ser levados em consideração quando se fala em manejo sanitário. O segundo, a presença de profissional capacitado para orientar o produtor e diagnosticar corretamente a enfermidade (MARTINS, 2004).

Vale ressaltar que geralmente vários tipos de parasitas ou patógenos podem ocorrer concomitantemente e que tal profissional, através de sua experiência, deve saber distinguir qual parasita está causando o maior prejuízo aos animais. Esse profissional não deve se deter apenas ao reconhecimento de parasitas, mas também no conhecimento das instalações e da qualidade da água no cultivo (MARTINS, 2004).

Diante do exposto este trabalho teve como objetivo verificar e analisar a percepção dos proprietários de pisciculturas na Baixada Maranhense em relação à sanidade nos tanques de cultivos.

(4)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 5, p. 23029-23043, may. 2020. ISSN 2525-8761

2 MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi realizado em duas cidades do Estado do Maranhão, São Joao Batista e Viana. O município de São João Batista está situado na Mesorregião Norte Maranhense e na Microrregião da Baixada Maranhense, a 280 km da capital São Luís, abrange uma área de 649,9 km² com população estimada de 20.665 habitantes. Apresenta relevo de planície, clima tropical e duas estações definidas durante o ano, estação chuvosa e estiagem (IBGE, 2018). Quanto à economia, prevalece a agricultura de subsistência e a pesca, sendo a pesca favorecida pelo regime de cheias durante a estação chuvosa.

O município de Viana está situado na Mesorregião Norte Maranhense e na Microrregião da Baixada Maranhense em uma península à margem do lago de Viana, estando a 217 km da capital do estado. Possui uma área de 116, 2 km2 com população de 52.503 habitantes (IBGE, 2018). Sua economia gira em torno do comércio varejista e atacadista, agricultura (produção de farinha de mandioca e arroz), pecuária (criação de búfalos), pesca artesanal e comercial e prestação de serviços em geral.

A obtenção dos dados foi realizada através da aplicação de questionário em quatro pisciculturas: duas em Viana (P1 e P2) e duas em São Joao Batista (P3 e P4), os quais eram baseados em questões abertas e/ou fechadas, que, segundo Albuquerque e Lucena (2004), geram informações qualitativas.

O questionário contém perguntas sobre a estrutura da propriedade, qualidade da água dos viveiros, manejo, alimentação, possíveis doenças dos peixes e comercialização do pescado. Paralelamente à aplicação dos questionários, acompanhado do termo de consentimento livre e esclarecido, foi efetuado conversas informais e observações diretas com o objetivo de obter mais informações.

O banco de dados foi estruturado no Microsoft Excel (versão 2016) com a plotagem dos dados em tabelas.

3 RESULTADOS

3.1 INFRAESTRUTURA DO CULTIVO

As instalações das pisciculturas visitadas em São João Batista são extremamente simples, apresentando viveiros convencionais (escavados) e açudes (viveiros que não se esvaziam), quando comparados às instalações de Viana, que apresentam tanques-rede de várias dimensões com bombonas de plásticos para flutuação e presença de aeradores.

(5)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 5, p. 23029-23043, may. 2020. ISSN 2525-8761 A piscicultura não é a principal atividade econômica nas propriedades visitadas em São João Batista, sendo desenvolvidas atividades complementares, como criação de aves e bovinos, em contrapartida à piscicultura em Viana, que é a principal atividade econômica dos proprietários.

Em Viana a piscicultura P1 apresenta dez tanques, onde existe a separação de tamanhos: alevinos, juvenis e engorda. E cada tanque apresenta seu próprio sistema de troca de água, além disso, o proprietário faz a biometria mensalmente, usando 50 a 100 indivíduos por espécies. As espécies curimatã (Prochilodus scrofa), bagrinho (Trachelyopterus

galeatus), tambatinga, híbrido do tambaqui (Colossoma macropomum), uritinga (Sciades proops), piau (Megaleporinus obtusidens), matrinxã (Brycon cephalus) são cultivadas. A piscicultura P2 apresenta sete tanques, porém, foram visitados somente cinco do total de tanques. Interessante destacar que a produção é dedicada à alevinagem, com preferência nos tanques com dimensões (20x20m e 20x30m). O proprietário não soube estimar a quantidade de peixes por tanque, no entanto, realiza a biometria dos indivíduos semanalmente (Tabela 1).

Tabela 1 - Infraestrutura das pisciculturas no munícipio de Viana, Baixada Ocidental Maranhense.

VIANA Nº DE TANQUE DIMENSÃO (m) PROFUNDIDADE (m) SISTEMA DE TROCA DE ÁGUA Nº DE PEIXE POR TANQUE ESPÉCIES CULTIVADAS P1 10 40x100 1,50 Presente 2600 Prochilodus scrofa, Trachelyopterus galeatus, Sciades proops, Megaleporinus obtusidens, Brycon cephalus P2 5 40x30 40x60 15x30 20x20 20x30 2,00 Presente * Prochilodus scrofa, Sciades proops, Megaleporinus obtusidens, Brycon cephalus

Em São João Batista a piscicultura P3 apresenta três viveiros convencionais, havendo uma estimativa de 2500 a 3000 peixes por ciclo de vida, onde não há separação por tamanho. Não ocorre de forma contínua a realização da biometria dos peixes. Em contrapartida, a piscicultura P4 apresenta dois tanques, havendo uma estimativa de 1000 a 1500 por ciclo de vida das espécies, onde não há separação por tamanho (Tabela 2).

(6)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 5, p. 23029-23043, may. 2020. ISSN 2525-8761

Tabela 2 - Infraestrutura das pisciculturas no munícipio de São João Batista, Baixada Ocidental Maranhense.

SÃO JOÃO BATISTA Nº DE TANQUE DIMENSÃO (m) PROFUNDIDADE (m) SISTEMA DE TROCA DE ÁGUA Nº DE PEIXE POR TANQUE ESPÉCIES CULTIVADAS P3 3 35x55 30x50 30x60 2,00 Ausente 2500 a 3000 Oreochromis niloticus, Pseudoplatyatoma coruscans, Hoplias malabaricus, Geophagus brasiliensis, Colossoma macropomum, Prochilodus scrofa, Trachelyopterus galeatus P4 2 30x55 2,00 Ausente 1500 a 2000 Pseudoplatyatoma coruscans, Hoplias malabaricus, Geophagus brasiliensis, Colossoma macropomum, Prochilodus scrofa, Trachelyopterus galeatus

3.2 NUTRIÇÃO DOS PEIXES CULTIVADOS

Os peixes nas pisciculturas P1 e P2 são alimentados somente com ração, no entanto, os proprietários realizam testes para identificar a melhor ração para cada espécie de peixe cultivada. Assim, a quantidade de ração é controlada (Tabela 3). Desse modo, o cultivo não é prejudicado, pois ração em excesso só eleva o nível de nutrientes das águas dos cultivos, podendo eutrofizá-las, além de proporcionar um custo na produção. Por outro lado, quantidade de ração insuficiente leva ao subdesenvolvimento dos peixes nas pisciculturas. Em ambas as pisciculturas, os proprietários compram ração semanalmente, evitando a estocagem de alimento durante muito tempo, pois segundo eles, a compra semanal da ração reduz a contaminação por fungos e bactérias.

Tabela 3 - Nutrição dos peixes cultivados no município de Viana, Baixada Ocidental Maranhense.

Nas pisciculturas P3 e P4 os peixes são alimentados por ração, porém, esta alimentação não é feita de forma sistemática e controlada, como por exemplo, na P3 todos os peixes são alimentados três vezes ao dia, e o alimento é estocado em casebre de madeira parcialmente fechado. Ao passo que na piscicultura P4 a alimentação é realizada uma vez por dia (Tabela 4). VIANA P1 TIPO DE ALIMENTAÇÃO CONTROLE DA ALIMENTAÇÃO PERÍODO DA ALIMENTAÇÃO ESTOCAGEM DE ALIMENTO Ração Presente

Alevinos = 8x durante dia Juvenis = 6x durante dia Engorda = 3x durante dia

Não fazem o uso de estocagem

P2 Ração Presente Alevinos = 8x durante dia

Não fazem o uso de estocagem

(7)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 5, p. 23029-23043, may. 2020. ISSN 2525-8761

Tabela 4 - Nutrição dos peixes cultivados em pisciculturas no município de São João Batista, Baixada Ocidental Maranhense

3.3 SANIDADE DAS PISCICULTURAS

As pisciculturas P1 e P2 até o momento da realização deste trabalho, não apresentaram perdas econômicas quanto à morte de peixes, ou seja, não houve mortandade de peixes por algum tipo de doença. Ambas as pisciculturas fazem o monitoramento da qualidade da água, verificando os principais parâmetros (temperatura, oxigênio dissolvido, pH, turbidez, amônia e nitrito). No entanto, a piscicultura P1 iniciou a criação de outros animais como galinhas e gansos de forma aberta na propriedade. Em relação ao saneamento séptico, na piscicultura P1 a fossa séptica está em menos de 5m dos tanques, ao passo que na piscicultura P2 se encontra distante dos locais de cultivo a 20 m. As redes de emalhar utilizadas para captura dos peixes são de uso próprio dos proprietários em ambas as pisciculturas, sendo higienizadas após uso (Tabela 5).

Tabela 5 - Sanidade das pisciculturas no município de Viana, Baixada Ocidental Maranhense.

As pisciculturas P3 e P4 apresentaram casos relacionados com possíveis doenças nos peixes cultivados. Na propriedade P3 foi mencionada pelo entrevistado uma situação na qual apareceram peixes em um dos tanques da propriedade “cambaleando” (fala do piscicultor), ou seja, estavam com natação errática. Para resolver a situação, os peixes apresentando os movimentos desordenados foram transferidos para outro tanque. Após um tempo, os peixes voltaram ao comportamento normal. De acordo com o proprietário, o problema foi causado por grande quantidade de microalgas. Nessa piscicultura não é realizado o monitoramento da água, além disso, há criação de outros animais como aves e bovinos próximos aos tanques de cultivo (Tabela 6).

SÃO JOÃO BATISTA TIPO DE ALIMENTAÇÃO CONTROLE DA ALIMENTAÇÃO PERÍODO DA ALIMENTAÇÃO ESTOCAGEM DE ALIMENTO

P3 Ração Ausente 3x durante dia

Fazem o uso de estocagem

P4 Ração Ausente 1x durante dia *

VIANA P1 MONITORAMENTO DA ÁGUA SANEAMENTO SÉPTICO PETRECHO MORTANDADE DE PEIXE CRIAÇÃO DE ANIMAL

Presente Fossa séptica Rede de emalhar Ausente Presente P2 Presente Fossa séptica Rede de emalhar Ausente Ausente

(8)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 5, p. 23029-23043, may. 2020. ISSN 2525-8761

Tabela 6 - Sanidade das pisciculturas no munícipio de São João Batista, Baixada Ocidental Maranhense.

De acordo com o piscicultor da piscicultura P3, a fossa séptica fica aproximadamente a 20 metros de distância dos tanques de cultivo, mas foi observada que essa distância é bem menor, em torno de 10 m. Para a captura dos peixes, a rede de emalhar utilizada é emprestada por outro piscicultor e a mesma não é higienizada após o uso.

A mortandade de peixes foi registrada na piscicultura P4, os peixes mortos foram retirados do tanque e jogados em um terreno ao fundo da propriedade, servindo como alimento para animais. O dono da propriedade não soube explicar, ao certo, o motivo das mortes dos organismos cultivados, o mesmo não realiza o monitoramento da qualidade da água nos tanques de cultivo. A propriedade realiza consórcio com criação de aves próximo aos tanques. A fossa séptica fica aproximadamente a 40 metros de distância da piscicultura. No entanto, a fossa séptica de outra propriedade fica mais próxima de um dos tanques. A rede utilizada na captura dos peixes é a tarrafa sendo utilizada apenas no local e não fazem uso de aeradores.

3.4 COMERCIALIZAÇÃO DO PESCADO

A produção de peixes em Viana é comercializada regionalmente para empresas e redes de supermercados de maior porte na capital do Maranhão, Tocantins, Bahia, Goiás e Piauí. Ao passo que, em São Joao Batista, não há escoamento da produção do pescado, sendo vendidos em mercados da cidade ou no local da despesca, sendo consumidos em restaurantes e hotéis da região.

4 DISCUSSÃO

Nas instalações das propriedades visitadas no município de São João Batista foi possível verificar que os piscicultores usam o cultivo de peixe como fonte secundária na renda, onde prevalece a criação de animais e cultivo na agricultura como fonte principal. Em contrapartida, no município de Viana foi verificada uma produção, a nível comercial, onde os proprietários entrevistados investem em tecnologia em suas instalações e na formação dos envolvidos com a produção.

SÃO JOÃO BATISTA MONITORAMENTO DA ÁGUA SANEAMENTO SÉPTICO PETRECHO MORTANDADE DE PEIXE CRIAÇÃO DE ANIMAL P3 Ausente Fossa séptica Rede de emalhar Ausente Presente P4 Ausente Fossa séptica Tarrafa Presente Presente

(9)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 5, p. 23029-23043, may. 2020. ISSN 2525-8761 A maioria dos piscicultores tem a atividade de piscicultura como forma de subsistência, mas mesmo os que produzem com fins comerciais ainda fazem de forma rudimentar (LEE; SARPEDONTI, 2008).

Os piscicultores de São João Batista e Viana preferem fazer o policultivo das espécies de peixes, aproveitando a cadeia trófica aquática, onde se baseia principalmente na utilização do plâncton e detritos. A vantagem do policultivo está no aproveitamento mais completo do alimento natural existente no local de cultivo, e consequentemente, no aumento da produção de peixes (GÓMEZ et al., 2000).

Ao cultivar diferentes espécies, o produtor torna-se capaz de oferecer uma maior diversidade de produtos. E as diferenças nos ciclos de cultivo de cada espécie permite que a despesca seja realizada em diferentes épocas do ano (GERHARDINGER, 2010).

Nos sistemas das pisciculturas visitadas, as alimentações dos peixes em todos os estágios de vida ocorrem com rações industrializadas. Além disso, foi verificado que alguns piscicultores apresentavam preocupação acerca da quantidade diária da ração oferecida nos cultivos, dessa forma, sendo testada antes do consumo diário.

Em sistemas intensivos, alimentos industrializados (rações), são a fonte principal ou exclusiva de nutrientes para os peixes, e podem representar até 70% dos custos de produção (LOVELL, 1998). Se o aumento da produtividade é a meta principal dos nutricionistas, a formulação de dietas de impacto ambiental mínimo deve ser sua obsessão, uma vez que piora da qualidade da água nos sistemas de produção afeta negativamente o desempenho dos peixes e, por consequência, a produtividade e rentabilidade dos sistemas (BEVERIDGE; PHILLIPS, 1993; TACON; FORSTER, 2003).

Importante ressaltar que muitos aspectos de manejo estão relacionados com a sanidade de peixes cultivados. O funcionamento eficiente do organismo também depende de certos lipídeos e uma variedade de outros nutrientes como vitaminas e cereais que podem ter seu requerimento alterado quando há alteração das condições da água, tais como temperatura e tensão de oxigênio (JOBLING, 1994).

Em pisciculturas há diversas fontes de estresse aos animais, sendo aumento na concentração de matéria orgânica, o confinamento, alta densidade de peixes e a baixa concentração de oxigênio na água, que podem diminuir o crescimento dos animais por alterar seu metabolismo (SANTOS; OBA, 2009).

O acompanhamento de parâmetros físico-químicos da água como temperatura, oxigênio dissolvido, pH e amônia deve ser periodicamente, pois alterações nessas variáveis

(10)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 5, p. 23029-23043, may. 2020. ISSN 2525-8761 influenciam diretamente as atividades fisiológicas dos peixes como respiração, alimentação, excreção e defesa imunológica (ARANA, 1997; TUCKER; HARGREAVES, 2009; LIMA et al., 2013).

É necessário em cultivo de peixes tropicais e amazônicos, o controle da temperatura da água dos tanques, bem como, a frequência de alimentação. A alimentação em excesso não é recomendada, pois, além de ser mais cara, pode contribuir para excesso de matéria orgânica nos tanques, reduzindo a concentração de oxigênio e prejudicando o crescimento dos animais (SANTOS; OBA, 2009).

A ausência de aeradores nas pisciculturas do município de São João Batista, sinaliza possível diminuição da quantidade de oxigênio dissolvido na água. Uma das principais fontes de oxigênio na piscicultura é através da difusão de oxigênio da atmosfera para a água, a qual pode ser facilitada pela agitação da água provocada pelos aeradores. Somado a ausência desse equipamento nos criatórios, a alta densidade de estocagem também pode contribuir para diminuição nos valores de oxigênio dissolvido provocando estresse aos peixes (KUBITZA, 2008).

Os equipamentos utilizados nas pisciculturas como redes e puçás devem ser imersos em solução de cloreto por cinco minutos e depois expostas ao sol para secagem, evitando assim o surgimento de doenças (TAVARES-DIAS; MONTAGNER, 2015).

É importante ainda, que o produtor ao emprestar seus utensílios usados nas pisciculturas faça a desinfecção dos equipamentos antes de usá-los novamente em seus criatórios (IWASHITA; MACIEL, 2013). Dessa forma, as pisciculturas P3 e P4, estão mais suscetíveis a doenças uma vez que não realizam ao menos uma medida básica de profilaxia como expor ao sol.

As pisciculturas de São João Batista P3 e P4 não apresentam um lugar adequado para o armazenamento da ração, sendo guardado, por exemplo, em estruturas muito simples de madeira sem grandes cuidados. A armazenagem precisa ser em um ambiente limpo e apropriado, evitando contato com outros ambientes, materiais e equipamentos contaminados. A estocagem correta das rações é extremamente importante para a conservação de suas características nutricionais, uma vez que umidade excessiva e contaminações por microrganismos e/ou insetos comumente levam a perdas consideráveis das propriedades de seus ingredientes. A umidade excessiva do ambiente de armazenamento das rações, associadas a altas temperaturas, leva ao aparecimento de fungos, que podem causar desde prejuízos no desempenho dos peixes até a sua mortalidade (RIBEIRO et al. 2012).

(11)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 5, p. 23029-23043, may. 2020. ISSN 2525-8761 4.1 MEDIDAS MITIGADORAS

A produção de peixes baseadas em boas práticas de manejo a curto e longo prazo contribuem para reduzir o impacto ambiental dos sistemas de produção podendo assim obter um produto com qualidade superior. Torna-se necessário, também, um intercâmbio maior de informações técnicas e científicas entre o setor produtivo, órgãos ambientais e órgãos de ensino, pesquisa e fomento, para que sejam definidas regulamentações ambientais que possibilitem o desenvolvimento da aquicultura em bases sustentáveis (FERREIRA; GIL BARCELOS, 2008).

Os autores citados acima ressaltam que a implantação, com sucesso, de boas práticas de manejo, além de promover segurança e confiabilidade ambiental, propiciam um ambiente de criação controlado e adequado à vida aquática. No contexto da sanidade aquícola, a qualidade ambiental se torna peça chave na manutenção da saúde dos organismos aquáticos.

Assim a adoção de medidas preventivas e não remediadoras trazem grandes vantagens, proporcionando redução de possíveis impactos ambientais e, porventura, a obtenção de lucros reais. Como forma de prevenir problemas que podem acometer a sanidade do pescado em pisciculturas, algumas medidas mitigadoras podem ser adotadas:

I. Boas práticas de manejo.

II. Lavagem dos equipamentos usados nos viveiros, após o uso. III. Armazenamento adequado das rações.

IV. Monitoramento da qualidade.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As pisciculturas analisadas são ambientes cultiváveis. No entanto, é importante levar em consideração algumas medidas de manejo e sanidade dos peixes. As pisciculturas P1 e P2 apresentam maior controle em relação possíveis doenças, mas, mesmo assim, precisam melhorar os aspectos sanitários: eliminar a criação de animais nas proximidades dos tanques e retirar as fossas sépticas das proximidades dos criatórios.

As pisciculturas P3 e P4 mantêm ausentes a análise dos parâmetros físico-químicos de água, desinfecção de equipamentos utilizados criatórios e armazenagem correta da ração usada na alimentação dos peixes. Apresentam criação de animais domésticos (gansos, galinha, porcos) e fossa séptica inferior a 20m de distância dos tanques de cultivo. Outro aspecto é a quantidade de ração disponibilizada para a alimentação dos peixes que favorece a eutrofização

(12)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 5, p. 23029-23043, may. 2020. ISSN 2525-8761 e redução de oxigênio dissolvido na água. Diante disso, pela análise das condições das pisciculturas P3 e P4, entendemos que há maior suscetibilidade dos peixes a doenças.

REFERÊNCIAS

ARANA, L.V. Princípios químicos de qualidade da água em aquicultura: uma revisão

para peixes e camarões. Florianópolis, UFSC, 166p. 1997.

ALBUQUERQUE, P. U., LUCENA, R. F. P. Métodos na pesquisa etnobotânica. Recife: Livro Rápido/NUPEEA, 2004.

BEVERIDGE, M. C. M., PHILLIPS, M. J. Environmental impact of tropical inland

aquaculture. In: PULLIN, R. S. V., ROSENTHAL, H., MACLEAN, J. L. (Eds.) Environment

and aquaculture in developing countries. Metro Manila, Philippines: International Center for Living Aquatic Resources Management, p.213-236. 1993.

COSTA-NETO, J. P., BARBIERI, R., IBÁÑEZ, M. S. R., CAVALCANTE, P. R. S., PIORSKI, N. M. Limnologia de três ecossistemas aquáticos característicos da Baixada Maranhense. Boletim Laboratório Hidrobiologia, São Luís, 14/15: 19-38, 2001.

FERREIRA, D., GIL BARCELOS, L. J. Enfoque combinado entre as boas práticas de manejo e as medidas mitigadoras de estresse na piscicultura. Boletim do Instituto de Pesca, São Paulo, 34 (4): 601 - 611, 2008.

GÓMEZ, S.Z.; SCHLINDWEIN, A.P. Efeitos de períodos de cultivo e densidades de estocagem sobre o desempenho do Catfish (Ictalurus punctatus sp) nas condições climáticas do litoral de Santa Catarina. Revista Brasileira de Zootecnia. v. 29, n.5, p.1266-1272, 2000.

GERHARDINGER, R. C. Policultivo de tilápias Oreochromis niloticus e robalos

(13)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 5, p. 23029-23043, may. 2020. ISSN 2525-8761

Santa Catarina. Dissertação (Mestrado em Agroecossistemas), Universidade Federal de

Santa Catarina, 100 p. 2010.

GUZMÁN, M.C., BISTONI, M.A., TAMAGNINI, L.M., GONZÁLEZ, R.D. Recovery of Escherichia coli in fresh water fish, Jenynsia multidentata and Bryconamericus iheringi.

Water Research, Exeter, 38: 2368–2374. 2004.

IWASHITA, M.K.P, MACIEL, P.O. Princípios básicos de sanidade de peixes. In: RODRIGUES, A. P. O., LIMA, A. F., ALVES, A. L., ROSA, D. K., TORATI, L. S., SANTOS, V. R. V. Piscicultura de água doce: multiplicando conhecimentos. Brasília, DF: Embrapa, 2013.

IBGE. CENSO 2018. Disponível em:

<http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1>. Acesso em 16 de junho de 2019. 2018

JOBLING, M. Fish Bioenergetics. London, UK: Chapman & Hall. 1994.

KUBITZA, F. O uso eficiente da aeração. Panorama da Aquicultura, v. 18. 2008.

LEE, J., SARPEDONTI, V. Diagnóstico, tendência, potencial, e políticas públicas para o

desenvolvimento da aquicultura secretaria de pesca e aquicultura. In: MCGRATH, D.

(Coord.). Diagnóstico da pesca e da aquicultura no Estado do Pará. Belém, PA: SEAq; UFPA, p. 822-932. 2008.

LIMA, A.F., SILVA, A.P., RODRIGUES, A.P.O., BERGAMIN, G. T., TORATI, L. S., PEDROZA FILHO, M. X., MACIEL, P. O. Qualidade da Água : Piscicultura Familiar. Embrapa. 2013.

LOVELL, R.T. Nutrition and feeding of fish. 2.ed. Boston: Kluwer Academic Publishers, 1998.

MARTINS, M.L. Cuidados básicos e alternativas no tratamento de enfermidades de

(14)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 5, p. 23029-23043, may. 2020. ISSN 2525-8761 R. M., LIZAMA, M. A. P. Sanidade de organismos aquáticos. Editora:V arela, São Paulo, 2004.

PAL, D., DASGUPTA, C. Microbial pollution in water and its effect on fish. Journal of

Aquatic Animal Health, Bethesda, 4:32-39. 1992.

RIBEIRO, P. A. P., MELO, D., COSTA, L. S., TEIXEIRA, E. A. Manejo nutricional e

alimentar de peixes de água doce. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais,

2012.

SANTOS, L.R. B.; OBA, E. T. Dieta: ferramenta importante para manejo dos peixes de

cultivo. In: TAVARES-DIAS, M. Manejo e sanidade de peixes em cultivos. Embrapa, Amapá,

2009.

SILVA, R. M. L, ROSSI-JUNIOR, O. D., COSTA, F. N., CHAVES, N. P., NASCIMENTO, D. L., KAMIMURA, B. A. Aeromonas spp. Em água de pisciculturas da região da Baixada Ocidental Maranhense. Boletim do Instituto de Pesca. São Paulo, 36(3): 245-249, 2010.

SIPAÚBA-TAVARES, L.H., GUARIGLIA, C.T.S., BRAGA, F.M.S. Effects of rainfalls on water quality in six sequentially disposed fishponds wit continuous water flow. Brazilian

journal of Biology, São Paulo, 67(4): 643-664. 2007.

TACON, A. G. J., FORSTER, I. P. Aquafeeds and the environment: policy implications.

Aquaculture, v. 226, p.181-189, 2003.

TAVARES-DIAS, ARAUJO, C.S.O., PORTO, S.M.A., VIANA, G.B., MONTEIRO, P.C.

Sanidade do Tambaqui Colossoma macropomum nas fases de larvicultura e alevinagem.

Empraba Amapá, p. 42, 2013.

TAVARES-DIAS, M.; MONTAGNER, D. Princípios básicos de sanidade de peixes. In:

(15)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 5, p. 23029-23043, may. 2020. ISSN 2525-8761 TUCKER, C. S., HARGREAVES, J. A. Environmental Best Management Practices for Aquaculture. Aquaculture International, 17: 301-302. 2009.

Imagem

Tabela 1 - Infraestrutura das pisciculturas no munícipio de Viana, Baixada Ocidental Maranhense
Tabela 2 - Infraestrutura das pisciculturas no munícipio de São João Batista, Baixada Ocidental Maranhense
Tabela 4 - Nutrição dos peixes cultivados em pisciculturas no município de São João Batista, Baixada  Ocidental Maranhense
Tabela 6 - Sanidade das pisciculturas no munícipio de São João Batista, Baixada Ocidental Maranhense.

Referências

Documentos relacionados

Ao final dos procedimentos, pôde-se concluir que o tratamento cirúrgico do odontoma complexo com a remoção total da lesão e encaminhado para o

Assim, devem ser desenvolvidas estratégias para incrementar a heterogeneidade e a fragmentação da diversidade estrutural da vegetação, o que poderá contribuir para o aumento da

Foi elaborado um questionário (APÊNDICE A) para avaliação das variáveis independentes e dependentes, sendo subdividido em seções compostas por diferentes aspectos,

As técnicas de clareamento para dentes vitais podem ser realizadas em consultório com ou sem fonte luminosa, bem como por meio da auto aplicação pelo protocolo caseiro

O objetivo do presente trabalho é caracterizar a relação peso- comprimento e o fator de condição de Oligosarcus hepsetus, peixe carnívoro típico dos rios da Mata Atlântica do

• Apesar de existirem centros capacitados para o atendimento e notificação dos acidentes escorpiônicos em Campina Grande - PB, os dados clínico- epidemiológicos desses acidentes

Na próxima tela clique na aba “Dial Out”, nos campos “User” e “Password” digite o login e senha para autenticar sua conexão com a Internet (dados que a sua operadora de

íiaes não se encontram geralmente em quanto a moléstia não está muito adiantada, com quanto se observe, algumas vezes, oedema das pernas mais ce- do, quando devido a compressão