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TRATAMENTO DE RESÍDUOS
Resíduos sólidos
Heitor Cintra
heitorcintra@gmail.com
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CENTRO DE ENGENHARIA E COMPUTAÇÃO
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Classificação e tipos de resíduos sólidos
Os resíduos sólidos podem ser classificados de acordo com sua origem,
tipo de resíduo, composição química e periculosidade.
ORIGEM
Resíduo domiciliar - são utilizados e descartamos nas residências; tem composição é muito variada e influenciada por fatores sociais resultantes da localização das residências e da renda familiar. Ex.:
restos de alimentos, resíduos sanitários (papel higiênico, por exemplo), papelão, plástico, vidro etc. Alguns resíduos são considerados perigosos ou causam impactos nos ambientes naturais. Ex.: baterias e
pilhas, água sanitária, esponjas e panos de limpeza, óleo de cozinha, aerossóis, medicamentos vencidos, solventes etc.
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Resíduo hospitalar – restos
originados em hospitais e serviços de saúde como pronto-socorros, enfermarias, laboratórios de
análises clínicas, farmácias etc. Ex.: seringas e agulhas, curativos,
restos cirúrgicos medicamentos, etc. São perigosos porque podem apresentar algum tipo de
contaminação por agentes causadores de doenças.
Resíduo rural - gerados nas
atividades agropecuárias (cultivos, criações de animais, beneficiamento de cultivos etc.). Ex.: restos orgânicos (palhas, cascas, estrume, animais
mortos, bagaços etc.), embalagens de defensivos agrícolas, produtos
veterinários, equipamentos usados etc.
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Resíduo comercial – aqueles produzidos pelo comércio em geral. A maior parte é
constituída por materiais recicláveis como papel e papelão, principalmente de embalagens e plásticos, mas também podem conter restos sanitários e orgânicos.
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Resíduo industrial - são originados dos processos industriais. Possuem
composição muito diversificada. Uma grande quantidade desses
rejeitos é considerada perigosa.
Podem ser constituídos por escórias (impurezas resultantes da
fundição do ferro), cinzas, lodos,
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Resíduos urbanos ou resíduo público - todos os tipos
de resíduos gerados nas cidades e coletados pelo serviço
municipal (domiciliar, varrição, comercial, entulhos etc.). É
recolhido nas vias públicas, galerias, feiras e outros locais públicos. Tem composição muito variada e dependente do local e da situação onde é recolhido, mas
podem conter: folhas de árvores, galhos e grama (resíduos de
varrição), animais mortos, papel, plástico, restos de alimentos etc.
Entre estes resíduos vale ressaltar entulho resultante da construção civil. Quase 100% destes resíduos podem ser reaproveitados embora isso não ocorra na maioria das situações. Os entulhos são compostos por restos
de demolição (madeiras, tijolos, cimento, rebocos, metais etc.), de obras e solos de escavações diversas.
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Resíduos de portos, aeroportos e terminais rodoviários e
ferroviários - o lixo coletado nesses locais é tratado como “resíduo
séptico”, pois pode conter agentes causadores de doenças trazidas de outros países. Exemplos clássicos são as embalagens de alimentos
servidos a bordo, guardanapos, restos de alimentação, lenços de papel etc. Os resíduos sem risco de contaminação podem ser tratados como resíduo domiciliar.
Resíduo de mineração - podem ser constituídos de minerais ou solo removidos, metais pesados, lama contaminada e lascas de pedras, etc.
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Resíduos das novas tecnologias
Lixo eletrônico: composto pelos resíduos do descarte de
equipamentos eletroeletrônicos. Ex.: computadores e seus periféricos, os televisores, telefones, celulares, pilhas e baterias elétricas,
equipamentos de som e outros dispositivos similares.
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A rapidez com que são trocados é função dos padrões atuais de consumo das sociedade mais
“desenvolvidas” e função da rápida
desatualização tecnológica – o tempo médio de utilização de um microcomputador é de 2 anos. Estes fatos maximizam a poluição dos mais
diversos ambientes naturais.
Mais informações:
8 O lixo eletrônico manejado inadequadamente ou jogado em lixões, transforma-se num grande risco para os ambientes naturais. Além da poluição causada pelos componentes plásticos, metálicos, químicos e de vidro, todo equipamento eletrônico, principalmente computadores,
possui constituintes que não são absorvidos pela natureza, tais como metais pesados contaminantes e altamente tóxicos, entre os quais: mercúrio, cádmio, arsênico, berílio e chumbo que, quando descartados de forma inadequada, contaminam o solo e o lençol
freático. Nos lixões ou incineradores, quando queimados, poluem o ar.
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armazenar os equipamentos velhos em aterros industriais superprotegidos;
reciclar de maneira que as partes possam ser reaproveitadas como matéria prima para outros fins.
Existem duas propostas para
reduzir danos ambientais causados pelo lixo eletrônico:
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Resíduos das novas tecnologias
Lixo espacial - Desde o
lançamento do Sputnik, o primeiro objeto a entrar em órbita, em
1957, a evolução tecnológica permitiu que naves, foguetes e outras centenas de satélites explorassem o espaço. Após
perderem a utilidade esses objetos permaneceram basicamente na
mesma órbita e passaram do status de exploradores para o de
poluidores espaciais.
www.nasa.gov/mission_pages/uars/index.html
Atualmente, cerca de 17 mil destroços com mais de 10 centímetros
giram em torno do Planeta Terra, provocando colisões e danificando outras naves eo retornando perigosamente à superfície terrestre.
Na imagem a seguir, uma montagem feita em computador mostra o acúmulo do lixo ao redor do planeta.
www.veja.com.br
11 O lixo espacial é composto detritos de naves espaciais completas,
satélites desativados, estágios de foguetes, lascas de tinta, pedaços de mantas térmicas, resíduos de combustíveis, objetos metálicos,
ferramentas perdidas por astronautas durante as suas explorações espaciais etc.
Os detritos se chocam, geram mais fragmentos, multiplicando
assim o número de pedaços, grandes e pequenos, circulando em órbita da Terra. Futuramente o espaço sideral terá tanto lixo que poderá ter prejudicada sua utilização para as necessidades da humanidade.
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“O que existe é uma grande nuvem de objetos
dos mais variados tamanhos e pesos, desde
um grama até toneladas” (INPE).
Os detritos vão gradualmente perdendo altitude e podem cair na superfície da Terra, como já ocorreu muitas vezes.
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Resíduos radioativos
Os resíduos radioativos ("lixo atômico“) são formados por resíduos
contaminados por elementos químicos radioativos ou materiais
radioativos inaproveitáveis. São subprodutos do processo nuclear (ficção nuclear, p.ex,) ou no processamento de combustível nuclear para os
reatores ou armas nucleares e em aplicações médicas de diagnósticos radiológicos. São perigosos para a maioria das formas de vida e para os ambientes.
trat.residuos_tec02 Organizações e agências governamentais regulam e regulamentam sua disposição, de maneira a proteger a saúde humana e o
ambiente natural, entre elas a Agência
Internacional de Energia Atômica (IAEA), a Joint Convention on the Safety of Spent Fuel Management and on the Safety of Radioactive Waste Management.
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Resíduos radioativos
São considerados rejeitos radioativos quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham radionuclídeos em quantidades
superiores aos limites de isenção especificados na norma CNENNE6.02 -"Licenciamento de Instalações Radiativas", e para os quais a reutilização é imprópria ou não prevista.
trat.residuos_tec02
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Resíduos radioativos
Para facilitar sua gestão, os resíduos sólidos podem ser divididos em:
Resíduos desclassificados (ou extintos) - não oferecem uma
radioatividade que pode resultar perigosa para a saúde de pessoas e o meio ambiente, ou para o presente ou no futuro.
Resíduos de baixa atividade - possuem radioatividade gama e beta em níveis pequenos, sejam líquidos, gasosos ou sólidos. Somente se consideram desta categoria se o seu período de meia-vida for inferior a 30 anos. Podem ser armazenados em depósitos superficiais.
Resíduos de média atividade - possuem radioatividade gama e beta em niveis maiores aos resíduos de baixa atividade. Somente se
consideram desta categoria o seu período de meia-vida for inferior a 30 anos. Podem ser armazenados em depósitos superficiais.
Resíduos de alta atividade ou alta vida média - todos os materiais emissores de radioatividade alfa e aqueles materiais emissores beta ou gama que superem os níveis impostos pelos limites de resíduos de
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Resíduos radioativos
O armazenamento prolongado permite guardar o combustível entre 100 a 300 anos.
O armazenamento geológico profundo ainda não confirmou sua
efetividade para períodos extremamente grandes ou ao menos similares ao do armazenamento prolongado.
Não existe um regulamento internacional específico a respeito do
armazenamento geológico profundo ser a melhor
opção e oferecer uma tecnologia com garantias totais. Por isso, esta opção não oferece uma solução definitiva ao problema, apenas o transfere para gerações futuras.
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Gerenciamento dos resíduos radioativos de Angra 1 e 2
Devido às características do material radioativo, a Eletronuclear
armazena e controla em tempo integral os rejeitos das usinas de Angra. Os rejeitos classificados como
de baixa radioatividade são os materiais usados na
operação das usinas, como luvas, sapatilhas, roupas especiais, equipamentos , fitas crepes etc. Depois de coletados e separados, sofrem um processo de
descontaminação para reduzir seus níveis de radioatividade. Alguns materiais são triturados e prensados (para ocuparem menos espaço) e
acondicionados em
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Gerenciamento dos resíduos radioativos de Angra 1 e 2
Os resíduos de média radioatividade (filtros, efluentes líquidos e
resinas) são acondicionados em uma matriz sólida de cimento e mantidos dentro de recipientes de aço apropriados. Apesar de, com o passar do
tempo, perder a radioatividade, o material tem de ser encapsulado e armazenado em depósitos isolados e monitorados.
Os rejeitos de alta radioatividade são os
elementos combustíveis
usados na geração de energia termonuclear.
Podem ser reprocessados e reaproveitados, por isso não são exatamente
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Gerenciamento dos resíduos radioativos de Angra 1 e 2
Os rejeitos radioativos ficam em depósitos, dentro da área das usinas CNEN defina um local para definitivo para o armazenamento.
Existe um programa monitoramento permanente dos níveis de radiação do ar, da terra e da água em torno de Angra 1 e 2, acompanhado por universidades, institutos de pesquisa, IBAMA, CNEN e a Agência
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Classificação e tipos de resíduos sólidos
TIPO
Resíduo reciclável - alguns tipos de papel, plásticos, metais (cobre alumínio, aço etc.), tetrapak, vidro, etc.
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COMPOSICÃO QUÍMICA
Orgânicos - restos de alimentos, folhas, grama, animais mortos, esterco, papel, madeira etc. Alguns compostos orgânicos podem ser tóxicos: os chamados poluentes orgânicos persistentes e
poluentes orgânicos não persistentes.
Poluentes orgânicos persistentes: hidrocarbonetos de elevado peso molecular, clorados e aromáticos, alguns pesticidas (DDT, DDE, lindane, hexaclorobenzeno e PCB`s). Estes compostos
orgânicos são tão perigosos que foi criada uma norma internacional para seu controle denominada Convenção de Estocolmo.
Poluentes orgânicos não persistentes: óleos e óleos usados, solventes de baixo peso molecular, alguns pesticidas
biodegradáveis e a maioria dos detergentes (organosfosforados e carbamatos).
Inorgânicos - vidros, plásticos, borrachas etc.
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PERICULOSIDADE
A norma ABNT NBR10004:2004 classifica os resíduos sólidos de acordo com seus riscos potenciais ao ambiente natural e à saúde humana.
Resíduos perigosos (Classe I) - são aqueles que por suas características podem apresentar riscos para a sociedade ou para o ambiente natural.
São perigosos também os que apresentem uma das seguintes
características: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e/ou patogenicidade. Os resíduos que recebem esta classificação requerem
cuidados especiais de destinação.
Resíduos não perigosos (Classe II) - não apresentam nenhuma das características acima. Podem ser classificados em dois subtipos:
Classe II A – não inertes: são aqueles que não se enquadram no item anterior, Classe I, nem no próximo item, Classe II B. Geralmente
apresentam alguma dessas características: biodegradabilidade, combustibilidade e solubilidade em água.
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Política Nacional dos Resíduos Sólidos-PNRS
É regida pela Lei nº 12.305/10 que contém instrumentos importantes para gerenciar os principais problemas ambientais, sociais e econômicos decorrentes do manejo inadequado dos resíduos sólidos. Prevê a redução na geração de resíduos, tendo como proposta a prática de hábitos de consumo sustentável e um conjunto de instrumentos para propiciar o
aumento da reciclagem e da reutilização dos resíduos sólidos e a
destinação ambientalmente adequada dos rejeitos.
Institui a responsabilidade compartilhada dos geradores de resíduos: fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes , poder público e população na Logística Reversa dos resíduos e embalagens.
Cria metas para a eliminação dos lixões e institui instrumentos de planejamento nos níveis nacional, estadual, intermunicipal e municipal.
Impõe às organizações a elaboração de seus Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos.
A PNRS pode ajudar o Brasil a atingir uma das metas do Plano Nacional sobre Mudança do Clima, que é de alcançar o índice de reciclagem de resíduos de 20% em 2015.
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Logística Reversa
A PNRS introduziu na legislação ambiental brasileira os conceitos de responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, a logística reversa e o acordo setorial.
A responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos
produtos é o "conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos
consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, para minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos, nos termos desta Lei."
A logística reversa é "instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação.
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Logística Reversa
Acordo setorial é um "ato de natureza contratual firmado entre o poder público e fabricantes, importadores, distribuidores ou comerciantes,
tendo em vista a implantação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto."
Por permitir grande participação social, o Acordo Setorial tem sido privilegiado como instrumento preferencial para a implantação de logística reversa.
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Referências
BRASIL – Ministérios do Meio Ambiente . Logística Reversa.
Disponível em http://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/residuos-perigosos/logistica-reversa. Acesso em 22 jan 2014.
FARIA, Caroline. Classificação e tipos de resíduos sólidos.
Disponível em http://www.infoescola.com/ecologia/residuos-solidos/. Acesso em 22 jan 2014.
MOTA, José Carlos et al. Características e impactos ambientais
causados pelos resíduos sólidos: uma visão conceitual. I Congresso Internacional de Meio Ambiente Subterrâneo. São Paulo, 2009.
Eletronuclear – Gerenciamento de resíduos radioativos. Disponível em http://www.eletronuclear.gov.br/Saibamais/