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A INFLUÊNCIA DA DEGLUTIÇÃO NO DESENVOLVIMENTO DA OCLUSÃO E DA FALA

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(1)

s ;'

A INFLUÊNCIA DA DEGLUTIÇÃO NO DESENVOLVIMENTO DA

OCLUSÃO E DA FALA

00 00

FLORIANÓPOLIS

2002 u PSC

I Bilblioreca Settexa,,

(2)

A INFLUÊNCIA DA DEGLUTIÇÃO NO DESENVOLVIMENTO DA

OCLUSÃO

E

DA FALA

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Especialização em Odontopediatria da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito para obtenção do titulo de Especialista em Odontopediatria.

Orientador: Prof!.

De.

Vera Lúcia Bosco

(3)

A INFLUÊNCIA DA DEGLUTIÇÃO NO DESENVOLVIMENTO DA

OCLUSÃO E DA FALA

Este trabalho de conclusão de curso foi julgado adequado para obtenção do TÍTULO

DE ESPECIALISTA EM ODONTOPEDIATRIA pela Universidade Federal de Santa Catarina.

Florianópolis, dezembro de 2002.

BANCA EXAMINADORA

Prof Dra- Vera Lúcia Bosco Orientadora

Prof. Dr. Ricardo de Sousa Vieira Membro

Prof' Dra Izabel Cristina Santos Almeida Membro

Prof'

De

Maria José de Carvalho Rocha Membro

(4)

Curso de Especialização em Odontopediatria, Universidade Federal de Santa Catarina,

Florianópolis.

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo revisar a literatura nos vários aspectos ligados

deglutição, oclusão e fala, e inter-relaciond-los à odontologia e a fonoaudiologia. A forma dos arcos dentários, assim como as funções a eles atribuidas estão intimamente relacionados, gerando muita discussão no que diz respeito à etiologia das anormalidades. 0 padrão normal de deglutição de um indivíduo poderá sofrer desvios diante de alguns fatores a serem considerados tais como: amamentação natural ou artificial, presença de hábitos bucais deletérios, alterações na musculatura peri-bucal, razões anatômicas e presença de má-oclusão

dental. Tais alterações poderão estar acompanhadas de desvios na articulação das palavras, em especial na pronúncia de alguns fonemas, o que tem feito com que a presença do

fonoaudiólogo seja cada vez mais atuante na reabilitação do paciente afetado. Assim sendo conclui-se que existe relação significante entre deglutição, oclusão e fonação, assim como a

amamentação natural e ausência de hábitos bucais deletérios são fatores relevantes no bom desenvolvimento do sistema estomatognitico, destacando-se também a importância da abordagem multidisciplinar no tratamento como um todo.

(5)

Curso de Especialização em Odontopediatria, Universidade Federal de Santa Catarina,

Florianópolis.

ABSTRACT

The aim of is a revising of the current literature dealing with many aspects related to deglutition, occlusion and speech and the relation of those with dentistry and phonetics. Since the form of the dental arch and its attributions are closely related, this fact generates much discussion concerning the etiology of abnormalities. One's pattern of deglutition may suffer deviation due to some factors, such as: natural or artificial nursing, bad buccal habits, alterations in the peri-buccal muscles, anatomical reasons and malocclusion. These facts may accompany deviations in the articulation of words, especially in the production of some phonemes which enhances the presence of the speech therapist in the rehabilitation of the patient. It can be can concluded that there is a connection among deglutition, occlusion and the production of phonemes. The natural nurse and the lack of bad buccal habits are relevant factors in the development of the stomatognatic system, which enhances the multidisciplinary approach in the treatment of the patient.

(6)

RESUMO .4 ABSTRACT

SUMÁRIO .6

1 INTRODUÇÃO .7

2 PROPOSIÇÃO 9

3 REVISÃO DA LITERATURA 10

3.1 Padrão normal da deglutição e seus desvios 10

3.2 Amamentação natural e artificial .15

3.3 Oclusão dental 21

3.3.1 Relação

com os

hábitos

bucais prolongados

3.3.2 Relação

com a musculatura

peri-bucal

3.3.3 Relação

com a fala

-)8

4 DISCUSSÃO .35

5 CONCLUSÕES 42

(7)

A relação existente entre a presença de mi-oclusão dental, distúrbios funcionais da cavidade bucal e musculatura pen-bucal tem sido alvo de estudo de vários pesquisadores. Tendo em vista a estreita relação existente entre forma e função, as alterações do mecanismo funcional poderão determinar desvios e conseqüentes deformações ósseas, tanto quanto as alterações na forma da face poderão interferir nas suas funções.

Fatores como amamentação natural ou artificial, apresentam grande valor na determinação de um maior ou menor desenvolvimento e maturação da musculatura

pen-bucal, assim assim como no estabelecimento da ocorrência de uma deglutição, respiração e futura mastigação corretas.

Hábitos bucais, de acordo com sua freqüência, intensidade e duração, também podem ser causas de desequilíbrio entre os músculos peri-bucais, e possivelmente intercessores no padrão de crescimento facial, tornando-se etiologia e mantenedores de muitas mis-oclusões.

Durante a deglutição normal, classificada como madura, ocorre um equilíbrio entre os

(8)

Distúrbios articulatórios da fala também estio relacionados i disfunção na deglutição, má-oclusão e outros desvios de funções buco-faciais, e também esse aspecto merece relevância no que diz respeito a diagnóstico e plano de tratamento. Para tanto, hi de se considerar a importância de um tratamento multidisciplinar, onde estejam incluídos

(9)

O propósito deste estudo foi revisar a literatura sobre a influência da deglutição no

desenvolvimento da oclusão

e

da fala, para:

a) analisar os paddies normais de deglutição

e

seus desvios;

b) relacionar amamentação natural

e

artificial com

o

desenvolvimento da oclusdo,

respiração

e

deglutição;

C) relacionar hábitos bucais e alterações da musculatura peri-bucal com mi-oclusão;

(10)

Esta revisão da literatura sobre a influência da deglutição no desenvolvimento da oclusão e da fala sera dividida em tópicos para melhor compreensão e leitura do texto.

3.1 Padrão normal da deglutição

e

seus desvios

Modesto: Bastos; Gleiser (1994) com

o

objetivo de alertar para a necessidade de um correto diagnóstico e intervenção efetiva no que diz respeito à deglutição atípica, realizaram uma revisão de literatura. Observaram que crianças podem apresentar interposição lingual por razões anatõmicas, por estarem no período de transição entre infancia e idade adulta e por estarem no período de transição de dentição decidua para permanente. Esses períodos fazem parte do desenvolvimento e a deglutição normal devera ser estabelecida. Salientaram alguns fatores causadores da deglutição atípica tais como: amígdalas hipertrofiadas, adenóides hipertrofiadas, ou ambas, respiração bucal, anquiloglossia, bico de mamadeira inadequado, alimentação pastosa, injúria cerebral, tamanho inadequado da lingua/rugosidade palatina. Citaram alguns sinais para obtenção do diagnóstico de deglutição atípica, tais como: cuspir ou

(11)

juntar saliva nos cantos da boca, movimentos exagerados da lingua entre os dentes ao

pronunciar os fonemas apicais t-d-n-l-s-z, fala atropelada ou má-dicção. Concluíram que a

presença exclusiva de deglutição atípica determina um acompanhamento clinico até que se

estabeleça uma deglutição normal; que deglutição anormal acompanhada por problemas da

fala exige correção da fonação e da deglutição; que a presença de deglutição atípica associada

à má-oclusão, com ou sem problemas da fala, determina a correção da má -oclusão, deglutição

e fonação; e que má-oclusão tipo mordida aberta anterior em crianças com idade inferior a 10

anos permite observação, visto que é possível a ocorrência de autocorreção, com a terapia

mio-funcional.

Offenbacher (1996) relatou a importância do cirurgião dentista na observação, durante

os exames de seus pacientes, das desordens da fala e deglutição. Salientou que crianças com

idade entre 2 e 7 anos podem demonstrar problemas como interposição de lingua, erros na

articulação das palavras e deficiência no controle motor, e que muitos desses problemas têm

impacto direto no alinhamento dental e no desenvolvimento de má -oclusão, necessitando de

monitoramento. Relatou que o padrão anormal de deglutição pode afetar a estrutura da

cavidade bucal, especialmente os dentes, devido à pressão exercida pela lingua. Observou

também que a posição lingual tem impacto direto sobre a fala, onde crianças com respiração

bucal ou com falta de controle motor para posicionar corretamente a ponta da lingua,

apresentam interposição lingual na produção de sons como "t, d, 1, n". A interposição labial que, freqüentemente causa desalinhamento dentário, distorce os sons em "s". Salientou a

importância do trabalho fonoaudiológico para o treinamento muscular e na instituição de

técnicas de deglutição que poderão reduzir o tempo necessário numa correção dental.

Ressaltou a necessidade da inter-relação dentista-fonoaudiólogo para o bom desenvolvimento

(12)

Oliveira; Silva; Bastos (1997) com o objetivo de estudar as alterações das estruturas

dento-faciais associadas à deglutição, realizaram uma revisão de literatura, salientando que a

deglutição pode sofrer variações, dependendo da fase de desenvolvimento em que o indivíduo se encontra e da maturação do sistema estomatognatico. Em bebês, na posição de repouso, os maxilares estão separados com a lingua posicionada entre os rebordos ou dentes, e o ato de deglutir está relacionado com a troca sensorial existente entre lábios e lingua. Na deglutição madura normal, a ponta da lingua se posiciona contra o palato e atlas dos incisivos centrais

superiores e ali permanece durante o ato de deglutir; os lábios permanecem relaxados

e

promovem o vedamento da regido anterior, enquanto na deglutição atípica ocorre quebra do

equilíbrio entre os músculos dos lábios, bochecha e lingua, dando origem as más-oclusões. A deglutição pode estar alterada pela presença de um ou mais fatores a considerar, tais como, problemas neurológicos sérios; amígdalas inflamadas; adenóides aumentadas; reposicionamento cirúrgico da mandíbula; macroglossia; assimetria da lingua; lingua

hipotônica; freio lingual; perdas precoces e diastemas anteriores; estado nutricional; fatores simbióticos; hábitos alimentares inadequados na primeira infIncia; razões anatômicas, respiração bucal. Sao descritos seis tipos de deglutição atípica: 1) com pressão atípica do

onde a falta de contato labial promove hiperatividade do lábio inferior para promover selamento anterior da cavidade bucal durante a deglutição; 2) com interposição de lingua, em que a postura inadequada da lingua tanto em repouso como durante a execução de suas

funções leva à formação de más-oclusões; 3) simples, onde a contração dos lábios, mento

e

músculos elevadores da mandíbula com dentes posteriores ocluidos durante a deglutição e mordida aberta anterior com interposição lingual; 4) complexa, em que a mordida aberta é

difusa com interposição lingual e dentes em desoclusão; 5) sem causar deformações, onde

(13)

anterior e posterior, dificuldade de mastigar. Concluíram que, frente aos desequilíbrios, toda musculatura envolvida com o ato de mastigar e deglutir pode estar fortemente comprometida e adaptada a tal situação, e que faz-se necessário saber distinguir o que realmente é atípico ou adaptado à forma bucal do indivíduo.

Mercadante (1997) descreveu os hábitos prolongados ou deletérios como causas de desequilíbrio entre lábio, lingua ou ainda músculos peri-bucais, podendo originar deglutição atipica e conseqüente mi-oclusão, e que estas disfunções podem interferir na fonação levando a problemas de dislalias. Observou que crianças que utilizam mamadeiras sugam um volume de leite maior, implicando num treinamento errado da deglutição, podendo ocorrer desvios da posição da lingua e conseqüente instalação de deglutição atípica, ao passo que no peito, a força exercida é muito maior, proporcionando a maturação dos músculos peri-bucais e o necessário contato da lingua com o palato para a ocorrência da deglutição normal. Caracterizou a deglutição atípica por haver participação ativa da musculatura pen -bucal com mímica dos lábios e, muitas vezes, contração do mento, falta de contração do masseter e algumas vezes de selamento dos lábios; todos esses aspectos levando a sérios desvios na fonação. Admitiu algumas causas para a deglutição atípica, tais como enfartamento das amígdalas, perdas precoces dos dentes deciduos anteriores, diastema interincisal grande. No entanto, se o aprendizado inicial for correto, retirando-se as causas secundárias, a deglutição normalizará. Salientou a necessidade do tratamento ortodiintico associado a exercícios para fortalecer a tonicidade da musculatura labial e jugal, para haver a correção da mi-oclusão.

(14)

função, que ainda não se concluiu se são as alterações funcionais que causam as más-oclusões ou o inverso, mas que ambas estão em intima relação. Classificou a deglutição atípica como um desvio do padrão maduro, podendo interferir no estabelecimento e manutenção de uma boa oclusão dental. Salientou como causas de deglutição atípica, o mau desempenho da mastigação e respiração, assim como hábitos de sucção inadequados, amidalas hipertrofiadas, lingua hipotônica, diastemas durante a dentição mista, tipo facial, má-oclusão e características

genéticas estruturais. Observou a relação entre deglutição e fonação, onde os pontos que a lingua toca durante a deglutição, são os mesmos pontos de articulação da fala, sendo que a

projeção de lingua na deglutição pode estar relacionado a ceceio anterior. Da mesma forma,

associou a articulação dos fonemas à má-oclusão e padrões faciais de crescimento. Concluiu que algumas distorções da fala, comumente associadas à disfunção muscular, podem estar

relacionadas as más-oclusões e padrões faciais, e que o tratamento da má-oclusão deve ser integrado ao da fala, sendo que a deglutição é um tema que suscita opiniões controvertidas e

que como em todos os outros aspectos, o tema, em especial, deverá ainda ter seu estudo continuado.

Meyer (2000) objetivando explorar os conceitos de diferenciação e estabilidade em relação ao desenvolvimento normal da deglutição e sua influencia no tratamento das desordens orofaciais miofuncionais, realizou revisão de literatura. Salientou a importância do aleitamento natural, onde a função de sugar, junto com a abertura e fechamento da mandíbula,

auxiliam nos movimentos dinâmicos da lingua. Descreveu a oclusão dental como sendo uma fonte importante de estabilização para uma deglutição amadurecida, que permite à lingua

desenvolver controle mais preciso do bolo alimentar durante a mesma. Observou, em relação

(15)

movimentos diferenciados das estruturas bucais não apenas possui efeito prejudicial sobre o desenvolvimento dos padrões amadurecidos da fala, como limitam o desenvolvimento da deglutição amadurecida. Concluiu que uma melhora na fala após terapia miofuncional envolve uma terapia especifica a ser dada à lingua, ao lábio e à mandíbula em suas diferenciações.

3.2 Amamentação natural

e

artificial

Pastor e Montanha (1994) abordaram a importância da amamentação fazendo uma analogia entre a natural e a artificial com o desenvolvimento das estruturas anatômicas do sistema estomatognático. Observaram que durante a amamentação natural, além da forma e produto ideais, o peito permite exercicio_ fisioterápico necessário ao desenvolvimento do sistema estomatognático, onde a mandíbula posiciona-se mais anteriormente e alguns músculos mastigatórios como o temporal (retrusdo), o pterigóideo lateral (propulsão) e o milohioideo (deglutição) iniciam sua maturação e reposicionamento. Além disso, a lingua estimula o palato, evitando que a ação do bucinador seja perturbadora; e o orbicular dos lábios mostra-se eficiente na orientação do crescimento e desenvolvimento da região anterior do sistema estomatognático. Também observaram que, além de estimular o desenvolvimento ântero-posterior da mandíbula, a amamentação natural reforça o circuito neural fisiológico da respiração e favorece o desenvolvimento da maxila. Durante a amamentação artificial, a falta de estimulo ântero-posterior da mandíbula, a desarmonia entre respiração, sucção, deglutição

e

o menor esforço muscular para extrair o alimento, induzem a estimulação do músculo

(16)

literatura é unânime em relatar a diminuição do esforço muscular advindo da amamentação

artificial, quando comparado ao aleitamento natural e que essa redução é ainda maior quando

se aumenta o diâmetro do furo do bico da mamadeira. Concluíram que a amamentação natural

é um fator relevante no desenvolvimento do sistema estomatognitico, estimulando o

crescimento ântero-posterior da mandíbula e reforçando o circuito neural fisiológico da

respiração; que a amamentação artificial satisfaz as necessidades nutricionais, porém parte das

excitações que partem da boca ficam anuladas e que quando a amamentação artificial não

puder ser evitada, o bico da mamadeira deve ser ortodiintico e com o orificio original.

Van Der Laan (1995) considerou a amamentação como sendo um importante estimulo externo para o desenvolvimento da face. Destacou que durante a amamentação natural do

bebê, sua mandíbula realiza movimentos antero-posteriores, tendo a lingua como uma válvula

hermética que extrai com esforço o leite materno. Observou que utilizando a mamadeira, o

bebe succiona o liquido principalmente pela ação do músculo bucinador e sem muito esforço,

enquanto que no peito materno ocorre maior trabalho dos músculos pterigáideos, masseter e

temporal, movimentando a mandíbula para frente e para trás em sincronia com a deglutição,

reforçando o circuito de respiração nasal e preparando fisicamente a musculatura para

futuramente exercer uma boa função mastigatória. Os movimentos mandibulares protrusivos e

retrusivos, realizados várias vezes ao dia durante a amamentação natural, fazem com que as

articulações temporomandibulares recebam estímulos para o crescimento antero-posterior da

mandíbula, prevenindo assim grande parte das distoclusões. Também estudou os indígenas

lanomdmi, e observou que as funções naturais que estes foram obrigados a realizar por uma

simples questão de sobrevivência, caracterizavam-se pela alta dinâmica mandibular durante a

amamentação e mastigação, fechando um circuito fisiológico envolvendo respiração e

(17)

na clinica entre odontologia e fonoaudiologia, no que diz respeito ao crescimento facial, é importantíssima e deve ser estimulada.

Barbosa e Schnonberger (1996) salientaram as vantagens do aleitamento natural, devido ao esforço realizado pela musculatura peri-bucal do recém-nascido ser bem maior quando suga o peito materno do que a força para sugar o bico de uma mamadeira, sendo a sucção o exercício mais eficaz e natural para que uma criança possa desenvolver sua linguagem oral. A estimulação sensório-motor-oral, realizada precocemente, dará à criança subsídios de melhor adequação dos órgãos fonoarticulatórios. Esta estimulação transcorre de maneira natural por meio do aleitamento materno e pode ser iniciada imediatamente após o parto. Muitos distúrbios fonoaudiológicos se devem ao fato do recém-nascido não receber adequadamente o leite materno. O aleitamento materno, ao ser substituído por artifícios nutricionais como chucas e mamadeiras, faz com que o bebê não seja devidamente estimulado na area sensório-motor. A musculatura peri-bucal e da lingua tornam-se hipotônicas levando inabilidade na deglutição, desenvolvendo deglutição atípica. Nas crianças com deglutição atípica freqüentemente são encontrados distúrbios fonoarticulatórios, mais evidenciados na fase de aquisição da linguagem. Estes indivíduos são geralmente alvo de chacotas podendo desenvolver distúrbios de conduta e baixa auto-estima. Dados coletados mostram que indivíduos portadores de distúrbios fonoarticulatórios não receberam aleitamento materno

adequadamente. Concluíram que muito importante é a prevenção de patologias decorrente da carência de estimulação sensório-motor-oral, representada pelo aleitamento materno.

(18)

dentárias e alterações das funções exercidas pela face. Nos resultados obtidos, 322 pacientes

possuíam conseqüências dos DMF tais como: respiração bucal, mordida aberta anterior,

deglutição atípica e outros, sendo que desses, 225 indivíduos foram amamentados no peito por

menos de 6 meses e 97 indivíduos foram amamentados por 6 meses ou mais. Dos demais 273

pacientes sem DMF, 155 foram amamentados no peito materno por menos de 6 meses, frente

a 118 que foram amamentados no peito por 6 meses ou mais. Concluíram que o crescimento e

desenvolvimento da face são dependentes do correto desempenho de todas as funções a ela relacionadas, que vão desde respiração, sucção, deglutição, mastigação até fonação. Torna-se evidente a importância da amamentação no peito como gerador de estímulos neurais

adequados para o crescimento e desenvolvimento facial do bebê e conseqüentemente para a

prevenção de DMF da face. Quando a amamentação natural não for possível, a mãe deverá receber orientações quanto à escolha do bico da mamadeira e do furo do mesmo, e também

em relação à posição para a amamentação artificial, esclarecendo-se todos os aspectos

negativos inerentes_

Ferreira e Toledo (1997) com o atietivo de identificar a relação entre o tempo de aleitamento materno e a etiologia de hábitos bucais, estudaram 427 crianças de creches e

pre-escolas, com idade entre 3 e 6 anos. As mães responderam questionários para se conhecer os métodos alimentares, tempo de aleitamento natural e razões para o desmame. As crianças

foram examinadas para avaliação da oclusão e da prevalência de hábitos bucais nocivos. Observaram que os hábitos de sucção foram os encontrados com maior freqüência no período etário estudado, e que essa freqüência foi menor quanto maior o tempo de aleitamento natural, sendo que ocorreu o inverso em relação à amamentação artificial, onde crianças que iniciaram mais cedo a utilização da mamadeira mostraram ter adquirido mais hábitos bucais nocivos do que aquelas que prolongaram a amamentação natural além dos primeiros 3 meses de idade.

(19)

hábitos de sucção, respiração bucal, bnixismo, respiração bucal e hábito de sucção

conjuntamente, e tempo de aleitamento materno.

Rodrigues (1999) através de pesquisa bibliográfica, enfocou a importância da

prevenção da má-oclusão e apresentou propostas de divulgação de atitudes preventivas para

tornar esses conhecimentos de utilidade pública. Destacou a importância da amamentação

natural na prevenção das alterações oclusais, a qual proporciona o esforço muscular

necessário para o desenvolvimento facial. Além disso, a respiração neste momento é nasal, e o

circuito respiratório mantém-se durante e após a amamentação. Apenas a amamentação

natural estimula o correto crescimento e desenvolvimento dento-facial, enquanto com a

mamadeira, o bebê abandona a deglutição correta, passando a engolir, perdendo a sincronia com a respiração. Pode-se instalar a respiração bucal resultando na falta de estimulo para o

crescimento mandibular, assim como, a respiração bucal pode causar mau posicionamento da

lingua, overjet ou sobre-saliência, boca seca, palato ogival, amigdalites, resfriados repetidos e

baixo

rendimento escolar. Salientou que na instalação de hábitos como chupeta, mamadeira e

dedo,

a

criança

realiza movimentos de vai-e-vem que não conferem tônus e postura,

resultando uma massa muscular pesada, disforme e hipotônica. Além disso, ocorre

deformação dos arcos, mau posicionamento da lingua e transporte de microorganismos

boca.

A interposição da lingua em repouso ou na deglutição pode resultar do habito de sucção vicioso ou de amigdalites. Problemas oclusais também podem ocorrer por perdas precoces de

dentes deciduos que ocorrem principalmente pela cárie dentária. Ressaltou que a

hereditariedade influencia no problema da má-oclusão, mas esta é uma "doença da civilização

industrializada" com excessos de alimentos refinados e menos consistentes. Concluiu

lembrando que é preciso que toda a comunidade seja informada sobre a importância dos

dentes,

dos meios para conservá-los, do valor que a saúde bucal representa para a saúde geral

(20)

Aronis e Fiorini (2000) com o objetivo de abordar a importância do aleitamento materno no desenvolvimento da criança em relação aos aspectos nutricionais, imunológicos

e

psicossociais, realizaram uma revisão de literatura enfatizando a importância do aleitamento no crescimento/desenvolvimento crânio-facial em nível ósseo, muscular e funcional, inclusive no inicio do desenvolvimento da linguagem. Salientaram que uma inadequação e também incoordenação dos músculos envolvidos nas funções sucção, deglutição, mastigação e

respiração pode acarretar alterações na produção da fala, como por exemplo, lingua projetada entre os dentes causando sibilo, ou fala com sibilo lateral. A causa dessa desorganização pode ser genética, ambiental, habito vicioso ou hábito alimentar. Ressaltaram que durante a sucção do leite materno ocorre estimulo da mandíbula para frente e para trás, para cima e para baixo,

a

lingua faz um movimento Antero-posterior e ocorre contração dos lábios. No decorrer dos

meses, o reflexo da sucção passa para uma função voluntária preparando a musculatura para uma sucção mais organizada com dissociação da lingua, mandíbula e lábios, passando

a

mandíbula a crescer para baixo e para frente. Com o inicio da mastigação, começa

a

lateralização da lingua, movimento vertical da mandíbula e amadurecimento da ação dos lábios, podendo-se então, introduzir a colher. Bebês que mamam no peito têm maiores condições de satisfazer suas necessidades sensório-motoras globais, porque através da

sucção

exercitam por mais tempo

e de forma mais adequada seus órgãos fono-articulatórios. Durante

(21)

3.3.1 Relação com os hábitos bucais prolongados

Nicolai e Limme (1991) dissertaram sobre a importância da fonoaudiologia no tratamento da respiração bucal e suas conseqüentes disfunções, muitas vezes associadas a desarmonias dento-maxilares, mastigação, deglutição e fonação. Observaram que a respiração bucal induz A postura de repouso incorreta da lingua e protrusão lingual em muitos casos. Salientou que existe a necessidade da reeducação da respiração nasal para libertar a lingua, reeducando seus movimentos, tonicidade, habilidade, e recuperando sua posição de repouso, mastigação e deglutição. Acrescentaram que, com a reeducação, a criança sente a elevação da lingua o que facilita o automatismo das novas funções como a pronúncia dos sons linguo-alveolares durante a fonação. Concluíram que a sensibilização para a respiração nasal restitui uma boa permeabilidade das fossas nasais, desperta para a necessidade da higiene nasal e evita a instalação ou persistência de alterações buco-faciais e posturais.

(22)

ligada à flacidez da musculatura peri-bucal, respiração bucal e repouso incorreto da lingua); c) hábitos de sucção (que provocam inclinações dentárias, mordida aberta anterior com

conseqüente

deglutição atípica e atresia maxilar); d) onicofagia e bruxismo; e) hábitos de

postura. Em relação à terapêutica, deve-se considerar fatores como padrão esquelético facial, estado emocional e idade do indivíduo, e estágio no qual se encontra a troca dos dentes, oclusão e todas as funções envolvidas. Salientaram que, por haver inter-relação entre os hábitos com as deformidades dento-faciais, a troca de informações entre profissionais que atuam na area como ortodontista e fonoaudiólogo seja muito importante para o sucesso do tratamento.

Soligo (1999) com o objetivo de identificar a ocorrência de hábitos de sucção e de associá-los à oclusão, realizou uma pesquisa com 164 crianças de 3 anos e 6 meses a 6 anos e 7 meses investigando a presença de hábitos bucais de sucção, por meio de observação direta, questionamento da criança e dos pais, e avaliando a oclusão por meio de exame clinico. Verificou que a maioria das crianças (57,31%) apresentara hábitos de sucção, e que a incidência dos hábitos decresceu com o aumento da idade e independe do sexo. Observou também a ocorrência muito acentuada de sobremordida profunda (40,85%), sobre-saliência (35,98%), seguidas pela mordida aberta (17,68%), pela mordida cruzada (10,36%) e mordida topo a topo (7,32%). Salientou que o habito de sucção apresenta relação significante com a

(23)

Henriques et al. (2000) apresentaram a etiologia, o desenvolvimento, o diagnóstico, os tipos de tratamento para a mordida aberta anterior, e a importância da fonoaudiologia como tratamento coadjuvante. Citaram os hábitos bucais deletérios, as amígdalas hipertróficas e a respiração bucal como fatores desencadeantes da mordida aberta anterior, sendo que seu desenvolvimento e intensidade estão relacionados também ao padrão de crescimento facial. Classificaram a interposição lingual como hábito secundário da mordida aberta anterior, onde a lingua adapta-se ao espaço anteriormente existente, atuando mais como agravante do que como causa da má-oclusão. Assim, o indivíduo passa a utilizar a lingua para selar a regido anterior da boca durante a deglutição a interpõe a lingua durante a fala ou na própria postura de repouso. Salientaram a importância do tratamento fonoauchológico na reeducação das funções musculares da lingua e dos lábios conjuntamente ao tratamento ortockintico.

Concluíram que a interceptação da mordida aberta anterior na fase de dentadura decidua ou mista é de fundamental importância, pois melhora os aspectos estético-funcionais, psicológicos, e apresenta grande efetividade clinica, e que somente a abordagem multidisciplinar da mordida aberta determinará o sucesso do tratamento.

3.3.2 Relação com a musculatura peri-bucal

Speirs e Maktabi (1990) com o objetivo de avaliar a habilidade da lingua em crianças com patologia da fala e, verificar a influência da idade na velocidade de atuação da lingua em

(24)

com a ponta da lingua um objeto ligado a um eixo segurado entre os dentes anteriores. O controle da protrusão da lingua também foi medido através da precisão em manter uma certa força contra um tambor de borracha. A velocidade de atuação da lingua foi medida através da

análise da quantidade de açúcar presente na boca um certo tempo após a mastigação e

deglutição de uma bala, avaliando a habilidade da lingua em fazer a remoção. Observaram

que no grupo "A", a sensibilidade, a manipulação e o controle da protrusão da lingua foi

melhor quanto maior a idade. Para o grupo "B", notaram que as crianças com problemas de

articulação da fala apresentavam demora maior na mastigação e remoção da bala (plan& comparado ao grupo controle. Concluíram que crianças com problemas de articulação da fala são de alto risco

a

carie se sua alimentação for pegajosa e a base de carboidratos, pois, apresentaram altos níveis de açúcar na boca decorrido longo período após terem mastigado e deglutido uma bala, devido a menor habilidade da lingua em fazer a remoção.

Takada; Miyawaki; Tatsuta (1994) investigaram os efeitos da consistência dos

alimentos sobre o movimento mastigatório com foco particular nos movimentos laterais de

mandíbula e na atividade muscular da mandíbula e dos lábios, realizando uma pesquisa com

15 crianças com idade estimada em 11 anos, com boa oclusão e sem sinais clínicos de

disfunção mandibular. 0 alimento selecionado foi geléia com consistência macia como panqueca e dura como osso em quantidades iguais. Pares de eletrodos foram fixados na parte posterior do músculo temporal e orbicular dos lábios inferior no lado esquerdo e direito da face e ligados ao equipamento de eletromiogaria. Dois experimentos foram realizados: no primeiro, os indivíduos mastigaram livremente um pedaço de geléia macia e dura. 0 número

de mastigações, o tempo até engolir, e a trajetória do movimento mandibular foram medidos

por sinesiografo. No segundo experimento, cada indivíduo desempenhou mastigação

unilateral com ambos os tipos de geléia, e o sinal vertical de deslocamento da mandíbula foi

(25)

experimento a geléia dura foi mastigada mais vezes e necessitou mais tempo até ser engolida

quando comparada 6. geléia mole. No segundo experimento encontraram maior deslocamento

mandibular lateral para mastigação de geléia dura que para geléia mole na fase de abertura e

menor na fase de fechamento. Para o músculo temporal posterior, encontraram contrações

mais fortes durante a mastigação da geléia dura, tanto do lado de trabalho como do

contralateral. Para o músculo orbicular dos lábios a atividade de maior pico foi maior no lado

de trabalho que no contralateral, independente da consistência do alimento, havendo atividade cíclica e reciproca entre esses dois músculos. Concluíram que a maior atividade para o

músculo orbicular dos lábios deve ser influenciada pela posição e tamanho do bolo alimentar e, em grau menor, pela consistência do alimento.

Tosello: Vitti; Berzin (1998) com o objetivo de analisar a atividade dos músculos

orbicular dos lábios superior e inferior, e mentoniano, em oclusão normal e em má-oclusão classe If (1 divisão) com lábios incompetentes e deglutição atípica, examinaram 18 crianças

entre 8 e 12 anos, divididas em três grupos: grupo I (crianças com classe II l divisão e lábio competentes), grupo II: (crianças com classe II 1' divisão e lábios incompetentes) e grupo III

(crianças com oclusão clinicamente normal). Nenhuma criança apresentava sintoma aparente de distúrbio da fala, e as crianças com má-oclusão apresentavam deglutição atípica. Três pares de eletrodos foram usados na pele, em regido dos músculos orbicular dos lábios superior e inferior e músculo mentoniano, e o potencial de ação dos músculos foi registrado por

eletromiografia. Os movimentos musculares foram analisados durante o descanso sem contato labial, descanso com contato labial, sugando água pelo canudo, chupeta, o polegar, e um pirulito; deglutindo a saliva e água. Analisando os resultados, encontraram que durante a

posição de repouso, com lábios fechados, os grupos com ma-oclusão apresentavam aumento na atividade muscular, sendo que o grupo dos lábios incompetentes apresentou maior

(26)

todos os grupos, embora este também apresentasse aumento no potencial de ação. Nos grupos com má-oclusão o músculo orbicular dos lábios inferior mostrou atividade aumentada se comparado ao grupo de oclusão normal, que apresentou equivalência em todos os movimentos de sucção. Exceção ocorreu com o grupo de má-oclusão com lábios competentes, que durante a sucção da Agua pelo canudo também apresentou equivalência nos músculos orbicular dos lábios superior e inferior. Durante a deglutição, os grupos com má -oclusão apresentaram aumento dos níveis de contração quando comparados ao grupo com oclusão normal, sendo que o grupo de lábios incompetentes apresentou hiperatividade dos três músculos, enquanto o grupo de lábios competentes apresentou atividade moderada. Observaram que, apesar do grande esforço muscular requisitado para efetuar os movimentos, as crianças tinham capacidade de desempenho durante a deglutição, salientando a capacidade do sistema estomatognático em adaptar-se às circunstâncias locais. Observaram também que no grupo de má-oclusão com lábios incompetentes ocorre contribuição, por parte da lingua, para a protrusão dos dentes superiores pela força aplicada diretamente sobre eles e ausência da pressão da musculatura peri-bucal durante a deglutição atípica. Concluíram, que os grupos com má-oclusão classe II 1 4 divisão, especialmente os com lábios incompetentes, apresentavam deglutição atípica e que a atividade muscular nesses grupos estava aumentada.

(27)

apresentavam deglutição atípica. Tres pares de eletrodos foram usados na pele da regido dos

músculos orbicular dos lábios superior e inferior, e mentoniano, e o potencial de ação dos

músculos foi registrado por eletromiografia. A seleção dos movimentos musculares foi baseada no desempenho usual dos lábios e o potencial de ação foi analisado assoprando num canudo, desinflando as bochechas, fazendo biquinho com os lábios, comprimindo lábio contra dente e comprimindo lábio contra lábio. Relataram que a atividade muscular durante o

assopro do canudo e no desinflar das bochechas foi significativamente maior no grupo com

má-oclusão e lábios incompetentes quando comparado ao grupo com oclusão normal, isso

seria explicado pelo esforço labial necessário para fechar a boca e manter o ar dentro no

primeiro grupo. Também notaram que na atividade muscular durante o movimento de fazer

biquinho, os três músculos portaram-se similarmente entre os três grupos com exceção para o músculo orbicular dos lábios inferior no grupo dos lábios incompetentes, onde a atividade foi mais marcante, sugerindo que durante o movimento a atividade dos músculos peri-bucais não está relacionada com má-oclusão, mas com incompetência labial. Na compressão do lábio

contra os dentes, encontram atividade marcante no segmento superior do orbicular dos lábios

no grupo com má-oclusão, especialmente no dos lábios incompetentes, e para o músculo mentoniano a maior atividade foi no grupo com má-oclusão e lábios competentes, compensando a menor ação do orbicular dos lábios superior neste grupo. Durante a compressão reciproca dos lábios encontraram aumento da atividade do segmento inferior do orbicular dos lábios no grupo com má-oclusão tanto com lábios competentes como incompetentes, sendo que o grupo com oclusão normal, teve comportamento semelhante, sugerindo que má-oclusão não seria obstáculo para o desempenho deste movimento.

Concluíram que tanto indivíduos com má-oclusão e deglutição atípica, como indivíduos com

(28)

durante

os

movimentos citados,

com exceção na

compressão lábio contra dentes onde

o

segmento

superior esteve

mais

ativo.

3.3.3 Relação

com_a_ fala

Laine; Jaroma; Linnasalo (1987) com

o

propósito de determinar a associação entre

oclusão interincisal

e

desordens na articulação da fala, avaliaram 451 estudantes universitários

finlandeses, com idade média de 23,4 anos. Os estudantes foram observados, lendo um

mesmo texto, por dois terapeutas da fala que analisaram a produção do som quanto

distorção

e

ao local da articulação das palavras. Análises foram feitas estudando a associação

entre sobre-saliência, sobremordida, apinharnentos

e

chastemas,

e

diferentes tipos de

desordens de articulação. As desarticulações foram classificadas em grau 2, quando

auditivelmente claras,

e

grau 1, quando muito brandas;

e

quanto ao local da produção dos

sons, em anterior, quando

o

som foi produzido anteriormente à produção normal,

e

posterior

e

lateral,

quando produzidos posteriormente

e

lateralmente à produção normal, respectivamente.

Observaram que a presença de

over/et

foi associada a sujeitos com desordens na produção dos

sons

is/,

especialmente nos casos de variação branda,

e

também com sons produzidos muito

posteriormente. O

único

som defeituoso associado ao

overbite

também foi

o /s/.

Diastemas

entre incisivos superiores foram associados a desordens articulatórias em vários sons como

i..

/1/, /n/, /d/, e também

com sons produzidos lateralmente.

Concluíram

que alguns desvios na

regido

da dentição parecem estar relacionados com dificuldade em produzir consoantes

médio-alveolares; que

é

mais difícil produzir corretamente sons apicais como

/s/,

se houver

aumento do

overjet

anterior ou tendência para mordida aberta;

e

que diastemas entre incisivos

superiores nem sempre parecem ser compensados funcionalmente, especialmente na produção

(29)

Ettala-Ylitalo e Laine (1991) com o objetivo de avaliar a relação entre desordens

crânio-mandibulares e desordens articulatórias da fala, realizaram um estudo com 120 crianças finlandesas entre 6 e 8 anos. Para avaliar as desordens articulatórias da fala, as

crianças foram examinadas por um fonoaudiólogo e terapeuta da fala, com palavras teste e

durante a fala espontânea. Para avaliar as desordens crânio-mandibulares, os indivíduos

responderam a um questionário sobre sinais e sintomas de dor, dificuldade em abrir a boca e

dores de cabeça. Ao exame clinico, realizado por um dentista, foram palpados os músculos

temporal, masseter, pterigóideos, esternocleidomastoideo e digastrico, durante a abertura e fechamento da mandíbula. Foram medidos, em milímetros, a extensão dos movimentos de abertura, lateralidade e protrusdo, assim como as interferências oclusais. Encontraram como sinais e sintomas mais comuns, o desvio na abertura da boca e a sensibilidade à palpação do

pterigoideo lateral, e que os sinais clínicos foram mais comuns em meninos que em meninas.

Concluíram que existe, estatisticamente, associação entre desordens crânio-mandibulares e desordens na articulação da fala, e que o desenvolvimento normal do bom controle motor da musculatura orofacial é um pré-requisito para o desenvolvimento normal da fala.

Pahkala et al. (1991) com o propósito de investigar a associação entre distúrbios funcionais do sistema mastigatório e desordens da fala, avaliaram 287 crianças com idade média de 7,5 anos, sendo que 157 crianças foram indicadas por fonoaudiólogos por possuirem distúrbios da fala, e 130 crianças do primeiro grau, foram o grupo controle. Durante o exame

clinico, sinais e sintomas de distúrbios têmporo-mandibulares foram registrados por um dentista, e as desordens articulatórias da fala foram diagnosticadas por um fonoaudiólogo, que

observou a fala espontânea e usou palavras teste. Durante o exame clinico, observaram que no

(30)

mandibulares e interferências oclusais que no grupo controle. Encontraram alta freqüência de sintomas e vários sinais clínicos de desordens crânio-mandibulares associados a desordens articulatórias da fala, sendo que o risco de produzir sons mais anteriormente, principalmente os sons diminui com o avanço da idade em crianças de 6 a 8 anos. Concluíram que desordens crânio-mandibulares e desordens da fala parecem ser urn reflexo da imaturidade do bom controle motor dos músculos orofaciais em crianças entre 6 e 8 anos.

Bigenzahn; Fischeman; Mayrhofer-Krammel (1992) com o objetivo de investigar o alcance da terapia miofuncional (TMF) para a correção dos defeitos da fala, estudaram 103 pacientes com idade entre 3 e 30 anos, portadores de disfunção orofacial com fala afetada Observaram o grau de equilíbrio dos músculos orofaciais, com base na protrusdo lingual, desvios da deglutição, e força dos músculos masseter e mentoniano. Três grupos com desordens articulatórias foram estabelecidos: grupo I (sons interdentais de crista alveolar In],

/t/, /1/), grupo II (ceceios /s/, /z/, /f/, /tf/, /dzI), e grupo III (combinação dos grupos I e II). Dos 103 pacientes estudados, 45 receberam um regime terapêutico, administrado por um terapeuta da fala, que foi definido por exercícios realizados em casa, os quais foram avaliados uma vez por semana, e que consistiriam na base para avaliação dos resultados da terapia. Antes da TMF, 84% dos pacientes apresentavam alterações na articulação dos sons nos grupos I e II, 11% possuía somente no grupo I e 4% somente no grupo II. Cinqüenta por cento não tinham equilíbrio dos músculos orofaciais, 84% mostravam aparência alterada dos lábios.

e quase todos (98%) possuíam oclusão labial incompetente. A posição de repouso da lingua entre os dentes ocorreu em 75%, e 64% apresentavam respiração bucal. Salientaram que causas morfológicas prejudiciais como adenóides e amigdalas aumentadas podem criar condições desfavoráveis e deveriam ser eliminadas antes da TMF. Observaram que com a TMF ocorreu melhora na posição da cabeça e pescoço, no padrão de deglutição, na expressão

(31)

na posição de repouso da lingua. Concluíram que a correta articulação dos sons de crista alveolar (/n/, /d/, IV, /1/) depende da força e da completa oclusão dos lábios, junto com uma respiração normal; que a melhora na posição de repouso da lingua alcançada com a TMF facilitou a correta articulação dos sons fricativos (/s/, Izl, /j/, /ch/); e que a TMF pode ser

usada com sucesso para a correção de defeitos da fala associados à disfunção orofacial.

Junqueira e Guilherme (1996) com o objetivo de analisar a existência da relação entre sigmatismo interdental, idade cronológica e oclusão dental, realizaram uma pesquisa com 500 crianças, sendo 250 de escola pública e 250 de escola particular, com idade entre 3 e 8 anos.

Cada criança foi observada individualmente e durante os exames foram utilizadas figuras de

vocábulo com /s/ ; em relação ao tipo de oclusão, foram consideradas apenas as anomalias no sentido vertical e anterior (mordida aberta anterior, mordida cruzada anterior, sobremordida e

mordida em topo). Citaram, que o sigmatismo interdental não poderia causar uma md-oclusdo,

pois as pressões de lingua e lábio durante a fala não são significantes para o desenvolvimento da oclusão, sendo impróprio afirmar que a oclusão tenha relação única com o sigmatismo,

pois fatores como alimentação e valorização de um padrão correto de fala, sem dúvida podem

colaborar com a presença ou ausência do sigmatismo. Concluíram que a ocorrência de

sigmatismo interdental diminui significativamente com o aumento da idade; que no grupo das

crianças de escola particular não havia relação entre sigmatismo interdental e oclusão, e no

grupo das crianças de escola pública havia, podendo existir alguma relação entre valorização

de um padrão correto de fala por parte dos pais e classe social, e que são necessárias mais pesquisas com relação especifica a esse tema.

Carvalho (1997) salientou a necessidade do conhecimento do desenvolvimento motor

e da fala normais para possibilitar indicações no caso de anomalias existentes. Destacou que todas as crianças normais desenvolvem o seu sistema fon8mico de maneira muito semelhante,

(32)

variáveis,

tais como o meio ambiente e fatores

individuais.

Ressaltou que

alguns

sons

são

mais

dificeis

de serem produzidos que outros, tais como o do

/r/, que

requere maior

habilidade

motora, portanto, sons mais Weis de serem produzidos, como

/p/,/t/,!m!,

aparecem mais cedo.

Alguns sons aparecem um maior

número

de vezes do que outros e, portanto,

são

mais ouvidos

e

visualizados na sua

produção,

sendo

adquiridos anteriormente

a outros que aparecem com

menor

frequência.

Entre

os primeiros

fonemas a serem adquiridos

estão

a vogal ampla

/a/,

e

ao mesmo tempo ocorre a

articulação

de uma oclusiva anterior /p/ e /m/ que

são

sons

consonantais,

produzidos através de uma rápida

abertura

dos

lábios.

As consoantes continuam

se

desenvolvendo com

a emergência de outros sons tais como:

/t/, /b/,

/d/ e a nasal /n/.

Posteriormente aparecem as fricativas, sons produzidos pela passagem sibilante do ar entre os

lábios e os dentes:

/f/

e

/v/

ou entre a lingua e os dentes: /s/ e

/z/.

Logo em seguida aparecem

os sons oclusivos e fricativos de

produção

mais

posterior:

/k/

(casa),

/g/

(gato),

/ch/

(chave) e

/g/

(gema). Os demais

sons podem

aparecer tanto simultaneamente a esses, ou posteriormente,

tais como: /n/ (nata) e

/nh/

(ninho)

que sio

sons nasais;

/1/ (lata)

e

/lh/

(ilha) que

são

liquidas;

e

as vibrantes

/r/

arara e /R/ (rato). Os

últimos

a serem

adquiridos são os

grupos

consonantais,

aqueles como prato, trave,

planta

e clube. A idade na qual todo esse ciclo se completa é muito

variável

de

criança

para

criança,

de acordo com fatores tais como: boa

exposição

aos sons de

fala,

necessidade

de

comunicação

da

criança

e boa

saúde.

Espera-se que

ente 5

e

7

anos de

idade

todo

o seu sistema

fonológico

já esteja totalmente estabelecido (FIG.

1).

Concluiu

destacando a importância da

inter-relação odontologia

e

fonoaudiologia

no

diagnóstico

de

(33)

Biblioteca Universitária

UFSC

5 g .1`)

Idade O 5 a 7 anos

BALBUCIO PRODUÇÃO DE TODOS OS SONS, REPETIÇÕES SEM OBJETIVO DE COMUNICAÇÃO

Ponto de Artie. Modo de

Artic.

ANTERIORES MÉDIAS POSTERIORS

_

Oclusivas /p/

/b/

It/

/d/ /g/ (gato) /k/

Nasais /m/ /n/ /nh/

Fricativas /V

/v/ /71 /s/

/ch/ (chave)

/g/

(gema)

/Ih/

Liquidas /I/

Vibrantes in /RI

Grupos consonantais

/c1/, /p1/ ... /cr/, /pr/ ...

Fonte — Carvalho, 1997

5 a 7 anos

Figura 1- Desenvolvimento fonolágico. As setas indicam a seqüência cronológica na aquisição dos

vários sons da fala

Siens e Carvalho (1998) descreveram como se processa o desenvolvimento da voz, fala e linguagem, e também das funções musculares buco-faciais. Relataram que se houver alteração na forma da face, esta interferirá em suas funções e vice-versa, e que todo portador de má-oclusão pode apresentar dificuldades ou desvios de produção fonética, do mesmo modo que os portadores de disfunção buco-faciais, tal como respirador bucal ou deglutição atípica

apresentam má-oclusão característica. Todo tratamento cujo objetivo levar à oclusão normal ou prevenir seu agravamento, sera um tratamento para os distúrbios da fala. Salientaram que

entre 5 e 6 anos de idade, qualquer distúrbio articulatOrio dos fonemas deve preocupar, e que crianças que apresentam a fala fora do esperado para a sua idade, devem ser avaliadas com

maior cuidado e encaminhadas para um tratamento fonoaudiológico. Observaram que as características da fala de caia indivíduo são também as da. sua respiração, deglutição, sucção

(34)

alterações na produção de fonemas com sons em /s/ e /z/. Concordaram que durante a

amamentação a ação coordenada entre as funções sucção, deglutição e respiração estão

relacionadas com o correto desenvolvimento das estruturas buco-faciais e sua harmonia funcional. Ressaltaram que um dos aspectos mais prejudiciais do habito de sucção prolongada

é a deglutição adaptada que se instala, e que o aleitamento natural colabora para o desenvolvimento normal das funções básicas de sucção, mastigação, deglutição e respiração. Relembraram que no sistema buco-facial todas as funções são integrad as e se a respiração bucal se caracteriza pela perda de competência lingual, a deglutição atípica também estará

instalada, pois é a partir da posição de repouso que se realiza a função. Concluíram que uma postura de lingua alterada modifica a deglutição e a fala, assim como a postura inadequada da

mandíbula irá alterar a mastigação e respiração; que a melhor maneira de tratar a deglutição

infantil é a prevenção, orientando a família em relação à amamentação, hábitos de sucção

e

(35)

A discussão sera realizada por tópicos, conforme divisão feita na revisão da literatura.

Em relação ao padrão de deglutição, Modesto; Bastos: Gleiser (1994) apontaram alguns sinais para a obtenção do diagnóstico de deglutição atipica tais como: cuspir ou juntar saliva nos cantos da boca, movimentos exagerados da lingua entre os dentes ao pronunciar os fonemas apicais t-d-n-l-s-z e fala atropelada ou ma-dice -do. Citaram alguns fatores como possíveis causas para o estabelecimento de uma deglutição atípica, tais como: amigdalas, adenóides hipertrofiadas, ou ambas, respiração bucal, anquiloglossia, bico de mamadeira inadequado, alimentação pastosa e tamanho inadequado da lingua. Oliveira; Silva; Bastos (1997), Mercadante (1997) e Jabur (1997), além desses, ainda consideraram causas como: perdas precoces de dentes e diastemas anteriores, estado nutricional, fatores simbióticos, razões anatômicas, tipo facial, ma-oclusão e características genéticas estruturais.

(36)

Jabur (1997) observou a relação entre deglutição e fonação, onde os pontos que a

lingua toca durante a deglutição sio os mesmos pontos de articulação da fala, sendo que a

projeção da lingua na deglutição pode estar relacionada ao ceceio anterior. Meyer (2000)

apresentou o mesmo pensamento salientando que a

falta

de movimentos diferenciados das estruturas bucais possui efeito prejudicial sobre o desenvolvimento dos padrões amadurecidos

da fala e limitam o desenvolvimento da deglutição madura.

No

que

diz respeito à forma e função da cavidade bucal e musculatura peri-bucal, Offenbacher (1996) e Oliveira; Silva; Bastos (1997), ressaltaram que um padrão anormal de

deglutição pode afetar a estrutura da cavidade bucal devido A pressão exercida pela lingua,

levando à formação de más-oclusões. Entretanto, Henriques et al. (2000), classificaram a

interposição lingua como hábito secundário de uma mordida aberta pré-existente,

concordando com Junqueira e Guilherme (1996), ao citarem que as pressões de lingua e lábio

durante a fala não são significantes para o desenvolvimento da oclusão. Jabur (1997) e Siens e

Carvalho (1998) destacaram que ainda não se concluiu se são as alterações funcionais que

causam as más-oclusões ou o inverso, mas que ambas estrio intimamente ligadas.

Em relação à amamentação, Rodrigues (1999) salientou a importância da

amamentação natural na prevenção das alterações oclusais e no crescimento e

desenvolvimento dento-facial, concordando com Praetzel et al. (1997) que ressaltaram a importância da amamentação natural como geradora de estímulos neurais adequados para o

crescimento e desenvolvimento facial do bebé.

Durante a amamentação natural, alguns músculos mastigatórios como o temporal

(retrusão), o pterigáideo lateral (propulsão) e o milo-hioideo (deglutição), iniciam sua

maturação e posicionamento, e o orbicular dos lábios orienta o crescimento e

(37)

1994). Van Der Laan (1995),

além dos

músculos

citados,

ainda

destacou

o masseter,

salientando que a

sucção

no

peito

prepara a musculatura para futuramente exercer boa

função

masti gatóri

a.

Aronis e_Fiorini (2000) descreveram o movimento

mandibular como sendo para frente,

para

trás,

para cima

e

para

baixo,

movimentando a lingua

5.ntero-posteriormente e

contraindo

os

lábios

durante a

sucção

do leite

materno.

Os autores concordam com Van Der

Laan (1995)

que salientou

também

a

importância

dos movimentos

protntsivos e retrusivos

da

mandíbula,

durante

a amamentação natural, para

o

crescimento

Antero-posterior

da

mandibula,

prevenindo grande parte das

distoclusões.

Durante

a

amamentação

artificial

ocorre diminuição

do esforço muscular na

extração

do leite,

quando

comparado ao aleitamento natural,

e o músculo

mais estimulado

é o

bucinador,

havendo maior

propenção

à

respiração

bucal (PASTOR

; MONTANHA,1994). Van

Der

Laan (1995), Praetzel

et al.

(1997),

Ferreira

e

Toledo

(1997) e

Rodrigues

(1999)

também

destacaram o

aleitamento natural como reforço para

o

circuito da

respiração

nasal.

Aronis e Fiorini (2000)

citaram

que

a

incoordenação

dos

músculos

envolvidos nas

funções sucção, deglutição,

mastigação

e respiração, pode

acarretar

alterações

na

produção

da

fala,

e

que a

amamentação

natural exercita

por

mais tempo

e

de forma mais adequada os

órgãos fono-articulatórios, concordando

com

Siens e

Carvalho

(1998)

que

salientaram

que

durante a

amamentação,

a

ação

coordenada entre as

funções sucção,

deglutição

e respiração,

(38)

atípica freqüentemente apresentam distúrbios fono-articulatórios, mais evidenciados na aquisição da linguagem.

Ferreira e Toledo (1997) ressaltaram a relação de dependência dos hábitos de sucção, respiração bucal e bruxismo com tempo de aleitamento materno, sendo que tais hábitos foram encontrados com maior freqüência quanto menor o tempo de aleitamento natural.

Os padrões habituais normais e deletérios de conduta muscular, freqüentemente estão associados com o crescimento ósseo anormal, ma posição dentária, distúrbios na respiração e na fala, perturbações no equilibria da musculatura facial e problemas psicológicos, devendo-se levar em conta que a deformação depende da freqüência, intensidade e duração do habito (TOMÉ; FARRET; JURACH, 1996).

A relação de hábitos bucais com oclusão dental foi salientada por Nicolai e Limme (1991), que associaram a respiração bucal com as desarmonias dento-maxilares. Também Soligo (1991), relacionou hábitos de sucção com ocorrência de sobremordida profunda, sobre-saliência, mordida aberta, mordida cruzada e mordida de topo.

(39)

Em relação à musculatura peri-bucal, Tosello; Vitti; Berzin (1998) relacionaram ma - oclusão dental com deglutição atípica e aumento de atividade da musculatura peri-bucal, destacando a contribuição da lingua para a protrusdo dos dentes anteriores em caso de ausência de tonicidade da musculatura peri-bucal durante a deglutição atípica. Tosello; Vitti; Berzin (1999) citaram o aumento da atividade de músculos como: orbicular dos lábios superior e inferior e mentoniano, em casos de mi-oclusão com presença de flacidez da musculatura peri-bucal na prática de alguns movimentos.

Takada; Miyawaki; Tatsuta (1994) associaram a consistência dos alimentos com atividade muscular e observaram que músculos, como o temporal, têm sua atividade aumentada quanto maior a consistência dos alimentos, e que os músculos da mastigação são exigidos por mais tempo quanto mais consistentes forem os alimentos.

Na associação entre oclusão interdental e desordens na articulação da fala, Laine; Jaroma; Linnasalo (1987) observaram que a presença de sobre-saliência dental e tendência mordida aberta estio associadas a desordens na produção dos sons /s/, e que diastemas entre os incisivos superiores estão relacionados a desordens articulatórias em sons que necessitam constricção anterior para o controle do fluxo de ar, como: /t/, Ill, /n/, /d/.

(40)

anos de idade, qualquer distúrbio articulatório dos fonemas deve preocupar, e que crianças

que apresentam a fala fora do esperado para a sua idade, devem ser avaliadas com maior cuidado e encaminhadas para tratamento fonoaudiológico.

Siens e_ Carvalho (1998) afirmaram que a postura alterada de lingua modifica a

deglutição e a fala, bem como a postura inadequada da mandíbula altera a mastigação e a

respiração, assim como Speirs e Maktabi (1990) avaliaram a habilidade da lingua em crianças

com patologia da fala e notaram que crianças com problemas de articulação da fala

apresentam demora maior na mastigação.

Ettala-Ylitalo e Laine (1991) associaram as desordens crânio-mandibulares com desordens da fala e salientaram que o desenvolvimento normal do bom controle motor da

musculatura oro-facial é um pré-requisito para o desenvolvimento da fala, concordando com

Pahkala et al. (1991) que também relacionaram sinais e sintomas clínicos de desordens

crânio-mandibulares com desordens articulatórias da fala.

O grau de equilíbrio dos músculos oro-faciais relaciona-se com a presença ou não de

protrusão lingual, desvios da deglutição e força dos músculos masseter e mentoniano (BIGENZAHN; FISCHMAN; MAYRHOFER-KRAMMEL, 1992). Os autores observaram

que com a terapia mio-funcional ocorria melhora na posição da cabeça e pescoço, no padrão

de deglutição, na expressão facial, na aparência e oclusão labial e na posição e tonicidade da lingua. Os autores destacaram também que a articulação dos sons de crista alveolar (/n/, /d/,

/11, Ill) e sons fricativos (Is!, lz,I, /j/, /ch/), dependem da força de oclusão dos lábios junto com respiração normal, e correta posição da lingua respectivamente, e que a terapia mio-funcional

é usada com sucesso para correção de defeitos da fala associados A disfunção oro-facial.

(41)
(42)

Após a revisão da literatura sobre a influencia da deglutição no desenvolvimento da oclusão e da fala, pode-se concluir que:

a) a etiologia da deglutição atípica pode estar associada a razões anatômicas bucais transitórias, como período de transição da dentição decidua para permanente, como também por razões anatômicas obstrutivas, como por exemplo, amigdalas, adenóides hipertrofiadas, ou ambas;

b) a boa oclusão dental serve como importante fonte de estabilização para uma deglutição amadurecida, portanto, deglutição anormal, associada a má -oclusão, com ou sem problemas da fala, determina a necessidade de correção da má-oclusão, deglutição e fonação, destacando-se a importância da inter-relação dentista-fonoaudiólogo para o bom desenvolvimento e função oro-motora:

C) no que diz respeito à forma e função, não está determinado se são as alterações funcionais que causam as más-oclusões ou o inverso, pois ambas estão em intima relação;

(43)

grande parte das más-oclusões, e reforçando o circuito neural fisiológico da respiração. Crianças que não mamam no peito apresentam maior propensão respiração bucal, sendo evidente a importância da amamentação no peito como geradora de estímulos adequados para o crescimento e desenvolvimento facial do bebê. Muitos distúrbios fonoaudiológicos devem-se ao fato do recém-nascido no receber adequadamente o leite materno;

e) os músculos estimulados durante a amamentação natural e artificial não são os mesmos, sendo o esforço advindo da amamentação artificial menor, quando comparado ao aleitamento natural;

f) existe relação significante de dependência entre hábitos bucais deletérios e tempo de aleitamento materno, estando também os hábitos bucais deletérios e prolongados freqüentemente associados ao crescimento ósseo anormal, ma posição dentária, distúrbios na respiração e na fala, desequilíbrio na musculatura facial e problemas psicológicos;

g) distúrbios mio-funcionais da face, como ausência de tonicidade muscular peri-bucal, contribuem para o desenvolvimento das más-oclusões e das desordens na articulação da fala. A terapia mio-funcional pode ser usada com sucesso para a correção de defeitos da fala associados à disfunção orofacial;

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Figura 1- Desenvolvimento fonolágico.  As setas indicam a  seqüência cronológica  na  aquisição  dos  vários  sons da fala

Referências

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b) Execução dos serviços em período a ser combinado com equipe técnica. c) Orientação para alocação do equipamento no local de instalação. d) Serviço de ligação das

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