UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
DEPARTAMENTO DE PROJETO, EXPRESSÃO E REPRESENTAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMOPROFESSOR FREDERICO FLÓSCULO PINHEIRO BARRETO
PARTE 4
INSTRUMENTOS DA PRÁTICA PROFISSIONAL
CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE
SERVIÇOS
O contrato de prestação de serviços é
desfecho
dos
contactos iniciados e mantidos com o cliente privado (pessoa
física ou jurídica),
formalizando a relação de trabalho
profissional
,
explicitando e circunstanciando interesses,
direitos, limites e oportunidades para ambas as partes
contratantes
. O roteiro esboçado pode ainda se aplicar, em
situações muito simplificadas, à contratação com a Administração
Pública, nos casos da adjudicação de objetos de licitação em que
não houver exigências especiais para o contrato de profissional.
Os termos de contratos elaborados pela Administração pública
visando a formalização das relações de trabalho com profissionais
autônomos ou pessoas jurídicas de direito privado não serão
desenvolvidos no presente Roteiro
As recomendações que desenvolvemos a seguir foram pensadas
para o caso do contrato de prestação de serviços (notadamente os
serviços de desenvolvimento de projeto arquitetônico da
edificação)
entre particulares
: o arquiteto (pessoa física ou
jurídica) e seu cliente (pessoa física ou jurídica).
ROTEIRO PARA A ELABORAÇÃO DO PROJETO ARQUITETÔNICO DA EDIFICAÇÃO, ...do Instituto de Arquitetos do Brasil (Direção Nacional), que descreve os produtos “básicos” associados à elaboração do projeto. Sua terminologia deve ser complementada pelos termos do Decreto 92.100, de 10 de dezembro de 1985 (do Poder Executivo Federal), caso se deseje relacionar as demais modalidades de projetos complementares - essa terminologia foi editada em nosso “Glossário”.
TABELA DE HONORÁRIOS PROFISSIONAIS,
... do Instituto de Arquitetos do Brasil (Direção Nacional), que aplica o conjunto de “produtos” definidos e ordenados anteriormente, criando as bases para a cobrança criteriosa de honorários profissionais.
ROTEIRO PARA A ELABORAÇÃO DE CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS, ... que é apresentado a seguir, elaborado para a disciplina “Prática Profissional”, e que utiliza a terminologia do “Roteiro” e as indicações da “Tabela” para coordenar informações básicas constantes de contrato profissional. Tanto o “Roteiro” quanto a “Tabela” têm como objetivo subsidiar exatamente a elaboração de “Contrato” de prestação de serviços. Contudo, há ainda mais um conjunto de elementos orientadores que deverá ser considerado:
ROTEIRO PARA O GERENCIAMENTO DE SERVIÇOS PROFISSIONAIS EM ARQUITETURA E URBANISMO,
A realização de contrato para a prestação de quaisquer serviços profissionais é fundamental, pois:
a) formaliza a relação de prestação de serviços, que não pode ser negada intempestivamente;
b) fixa os termos da prestação de serviços, gerando direitos e obrigações de ambas as partes, garantindo a defesa dos respectivos interesses e objetivos;
c) permite a comprovação da relação de prestação de serviços (no que tem de dimensão ética, quando se fala de que um profissional não deve se intrometer no trabalho de outro);
d) assegura a adequada caracterização do produto, do processo de produção, resguardando os interesses do consumidor de serviços, bem como do prestador de serviços; (VER CÓDIGO DE DEFESA DOS DIREITOS DO CONSUMIDOR);
e) permite (no mínimo dá elementos) a adequada fiscalização e averiguação de qualquer queixa, dúvida, acusação;
f) caracteriza a relação de prestação de serviços efetivamente profissional.
ANTECEDENTES DO CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS: ASPECTOS GERAIS
A realização de Contrato de Prestação de Serviços pressupõe várias fases anteriores, do encaminhamento do trabalho até o contrato e a efetivação dos serviços, em que se deve considerar, em especial:
1) A forma pela qual o cliente contatou o profissional (ou que o profissional “acessou” o serviço): aspecto efetivamente “antecedente”, é aspecto central do que denominamos o mapeamento do mercado de trabalho, na Parte 1 das Notas de Aula da disciplina.
Há diferentes “nichos” no mercado de trabalho que se oferece aos arquitetos, diferentes estratégias de atuação associadas (ou sobrevivência nessa savana, se prosseguimos com a alegoria do ecossistema), em que diferentes objetos e situações de trabalho se enquadram - a princípio, esquematicamente.
A contratação de serviços se conduz por encaminhamentos que podem ser significativamente diferentes caso o cliente (e seus interesses) sejam de caráter privado ou público, caso exijam conhecimentos e experiência mais ou menos especializada (o que deve ser conceituado de forma relativizada, pois o arquiteto é formado para ser uma espécie de especialista em generalidades, e há contextos de trabalho em que ocorre a pseudo-especialização pela ausência de competitividade e acumulação reduzida de conhecimentos dos demais “à volta” - não se ofenda, esse é o legítimo berço de todas as “especializações”, com chances de se tornarem consistentes pelo estudo e pela prática). O “nicho” que um determinado profissional ou firma ocupa no mercado de trabalho tem várias dimensões, e se transforma - a cidade se transforma, e também você e seu potencial de prestação de serviços.
A contratação de serviços é dinâmica nessa direção, refletindo o modo como o profissional opera dentro de regras aceitas quanto aos referenciais técnico, ético, gerencial.
O contrato de trabalho é instrumento de disputa no mercado de trabalho, de
auto-preservação, auto-aprendizado, auto-aperfeiçoamento, e ainda pela socialização do conhecimento acumulado, pela retribuição ao coletivo pelos conhecimentos obtidos, pela responsabilidade para com a qualidade dos serviços que presta - que reside a
anima, o que anima, dá sentido e faz reconhecido o campo de realizações dos profissionais e suas organizações de prestação de serviços.
• OBS: Postura (os valores e plano de ação profissional aparentemente adotados) e conduta (a ação efetiva) refletem-se, sem dúvida, no modo pelo qual contrata e administra os próprios contratos de trabalho. E há determinadas posturas e condutas que parecem desde já determinar alguns dos problemas que se constata na contratação de serviços.
Em primeiro lugar, deve-se considerar a inexperiência (ou outra postura / conduta) daqueles profissionais que simplesmente não realizam contratos quando prestam serviços; deve-se considerar um outro grupo, dentre os que celebram contratos - mesmo que para apenas pequena parte dos serviços que efetivamente prestam - e que não valoriza o contrato como instrumento de competitividade e gerenciamento do trabalho profissional. Nessas condutas, o contrato é mera formalidade, encarado como garantia mínima do recebimento dos pagamentos, forma extensa de nota promissória. Há situações tão generalizadamente rudimentares, que se chega a questionar se efetivamente se deveria perder tempo com o aperfeiçoamento da contratação.
De um modo geral, a não-realização de contrato formal de trabalho gera a crítica sobre a atitude do profissional com relação às garantias que deve oferecer quanto à qualidade de seu trabalho. Essa conduta pode ser considerada lesiva aos interesses do cliente e “sonegadora” de informações quanto à responsabilidade técnica pelos serviços profissionais. Em processos éticos que sejam eventualmente movidos contra profissionais por seus clientes, a existência ou não de contrato de prestação de serviços é dado preliminar considerado pelas Câmaras profissionais dos CREAs - além dos próprios termos desses contratos.
Em segundo lugar, num ponto menor, deve-se colocar algo que parece questão acessória, mas o contacto através de “anúncios de jornal” ou propaganda nas “páginas amarelas” das listas telefônicas é seguro indicador de freqüências elevadas de “primeiros contactos” entre completos desconhecidos, ou uma considerável probabilidade de expectativas em desencontro, a ajustar-se com cautela (esse tipo de contacto é significativamente correlacionado à ocorrência de reclamações de natureza ética junto aos CREAs); o contacto realizado desde o conhecimento, pelo futuro cliente, de obra realizada / serviço prestado é considerado um excelente fundamento para a contratação exitosa de serviços profissionais; o contacto realizado desde o círculo de relações profissionais (ou outros círculos mais fraternos) exige a manutenção do rigor profissional, como postura que não distingue pessoas e não diferencia a qualidade do serviço a ser prestado1;
Recomenda-se ao jovem profissional a organização do seu trabalho desde o contacto formalizado com o cliente, a valorização do portfolio e do rito profissional de
1 Um colega arquiteto costuma dizer que deve-se ter cuidado redobrado ao prestar serviços para
abordagem, preparação e explicação dos serviços a prestar, como aspectos preliminares em si mesmos estratégicos para a prática profissional. O contrato, a programação e a produção de todos os aspectos dos serviços prestados têm chances de guardar coerência com a postura e conduta bem qualificada;
2) O esclarecimento, pelo profissional ao cliente, de aspectos preliminares relacionados ao empreendimento, aos serviços que prestará, à sua Responsabilidade Técnica, à necessidade de formalização de Contrato de Prestação de Serviços Profissionais, aos recursos necessários, ao trâmite legal dos produtos dessa prestação de serviços (nos casos em que haja a obrigatoriedade de aprovação e fiscalização das atividades por organizações públicas), aos prazos necessários, entre outros pontos que devam merecer explanações preliminares;
3) O conhecimento e a caracterização das necessidades do cliente, adquiridos por meio de instrumentos de levantamento de informações (sobre o ciente e suas circunstâncias, sobre aspectos legais, programáticos e outros aspectos específicos do empreendimento) - embora a formulação de um Programa de Necessidades e estudos iniciais necessários à caracterização do problema de projeto e do empreendimento, possam (ou devam) ser incluídos no Contrato de Prestação de Serviços, e remunerados2;
4) A definição e preparação cuidadosas de todos os aspectos preliminares importantes para o processo de prestação de serviços, em especial: a) a consideração dos riscos envolvidos; b) a consideração do tempo a ser empregado - ou, por outra, da
dedicação necessária à plena consecução do que se pretende contratar; c) a consideração dos recursos a serem empregados - sobretudo nos casos em que se exigir o uso de recursos especializados3; d) a consideração da capacidade técnica necessária à plena consecução do que se pretende contratar.
FORMAS DE CONTRATAÇÃO
A Associação Brasileira Dos Escritórios de Arquitetura - AsBEA enfatiza4 seis formas de contratação de serviços de arquitetura:
a) Convite Direto: possível para pessoas físicas ou jurídicas de direito privado e para pessoas jurídicas de direito público, por indicação ou outra forma de abordagem direta (sujeita às restrições da Lei 8.666, de 21 de junho de 1993, ou a “Lei de Licitações”);
b) Seleção Restrita: como a anterior, ocorre entre particulares e com órgãos públicos (sujeita às restrições da Lei 8.666, de 21 de junho de 1993, ou a “Lei de Licitações”) em que há a pré-seleção de grupo de escritórios, que são entrevistados e
2 Projetos de empreendimentos de médio a grande porte devem merecer estudo de viabilidade técnica e
financeira; em empreendimentos que pretendem captar recursos para seu financiamento, esse estudo de viabilidade é exigido na maior parte dos casos.
3 Nos casos de empreendimentos que exijam a realização de estudos de impacto ambiental, ou que exijam
a utilização de equipamento especializado de análise do solo, de estruturas, ou que exijam a contratação de especialistas em tecnologias e em outras áreas profissionais (do Direito, da Economia, da Segurança do Trabalho, etc).
4 No documento Manual de Contratação dos Serviços de Arquitetura Urbanismo, publicado pela
selecionados em função de, no dizer da AsBEA, apresentarem “maior sintonia com o projeto a ser elaborado e cujo método e experiência sejam os mais compatíveis com a forma de trabalho do cliente”;
c) Apresentação de Propostas Técnicas em Seleção Restrita: como especificação da modalidade anterior, desta vez com menos sintonia e mais proposta técnica;
d) Licitações: ocorre de acordo com a Lei 8.666, de 21 de junho de 1993, exigida para órgãos públicos (envolvendo as modalidades da concorrência, tomada de preços, convite e concurso - estando a última modalidade de licitação, o leilão, fora de cogitação). A AsBEA critica o critério fundamental do processo licitatório, na forma legal vigente, que enfatiza o menor preço para a escolha do prestador de serviços;
e) Concursos: podem ser públicos ou privados. No caso dos concursos públicos, segundo a AsBEA, “nos moldes recomendados pelo IAB, somente se justificam em casos excepcionais, para projetos cujo dimensionamento ou interesse comprovem esse tipo de participação, representando uma contribuição da classe dos arquitetos ao debate dos assuntos de interesse público”; no caso dos concursos privados, “como forma de contratação só podem ser admitidos desde que o trabalho profissional desenvolvido seja plenamente remunerado para todos os participantes”; ainda segundo a AsBEA, os concursos podem ser realizados em duas modalidades: o
concurso de idéias (desenhos sumários a nível de croquis), e o concurso de estudos preliminares ou anteprojetos, e ainda os que se dão “em uma ou duas fases”;
f) Cadastro de Escritórios: procedimento adotado por alguns órgãos públicos (e empresas privadas) contumazes contratadores se serviços profissionais de Engenharia e Arquitetura; no caso dos órgãos públicos, a montagem desses cadastros deve obedecer a procedimentos previstos na Lei 8.666, de 21 de junho de 1993, evitando sobretudo formas de favorecimento e concorrência desleal. O cadastro pretende fornecer dados de consulta rápida para a classificação dos escritórios inscritos, que podem ser contratados para a prestação dos serviços (“escritórios cujo porte, tipo de trabalho e experiência seja o mais compatível com o projeto a ser executado, procedendo a seguir a uma contratação direta”, coloca a AsBEA).
PROPOSTAS ESPECÍFICAS (PRELIMINARES)
Determinados documentos são produzidos dentro do estágio preliminar da contratação de serviços, como procedimentos de ajuste dos termos que serão definidos em contratação. Apesar de serem encarados como procedimentos “de risco” (no sentido de o trabalho não estar ainda assegurado), recomenda-se que seja definida remuneração na categoria dos “estudos”, caso envolvam o empenho de horas técnicas definidas pelo profissional.
A “tolerância” frente a consultas gratuitas quanto a preços e pautas de serviços, e o grau de dedicação a essas situações de risco são estratégias aceitas no mercado de trabalho competitivo - embora deva-se considerar o limbo ético a que se é arrastado quando outros profissionais concorrem e tomam conhecimento das demais propostas, em processos de oferta que podem se complicar inaceitavelmente (ocorrendo de o “futuro cliente” promover a cizânia, em busca de vantagens)5.
5 DEVE-SE RELEMBRAR QUE: A alteração da própria proposta, se conhecida a de outros profissionais
É inegável, contudo, a sua necessidade como documentos esclarecedores dos aspectos fundamentais para a prestação de serviços. São lembrados os seguintes:
• PROPOSTA PRELIMINAR DE CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS: É
prudente (e profissionalmente recomendado) que se elabore proposta preliminar de contrato de prestação de serviços, para a sua avaliação pelo cliente. O arquiteto deve dispor de modelo, em que oferece os dados gerais do contrato. Caso essa proposta seja solicitada para as conhecidas “concorrências privadas” de preços, cuidado. Deve ser exigido que o cliente não utilize a proposta para nenhuma outra finalidade, não a copie, devolva-a integralmente depois de tê-la conhecido, e não comunique a nenhum outro profissional os valores cobrados - assim como, de forma alguma, aceite “negociar” os valores de seus honorários a partir de qualquer referência às propostas de terceiros. Isso é infração ao Código de Ética Profissional. Essas exigências devem constar da apresentação da proposta. Ocorre não ser remunerada;
• PROPOSTA FINANCEIRA (REFERENTE A HONORÁRIOS): É como geralmente
se solicitam as propostas para as conhecidas “concorrências privadas” (que raramente buscam conhecer a qualificação dos serviços oferecidos): o cliente vai depressa ao que lhe interessa. Caso lhe seja solicitado esse tipo de proposta, proponha a esse cliente (caso considere adequado) o conhecimento de um quadro mais amplo de informações sobre os serviços a serem prestados, e as evidentes desvantagens de se contratar serviços profissionais tendo apenas o preço como critério. Recomenda-se não apresentar propostas desse tipo. Ocorre não ser remunerada;
• PROPOSTA DE EXECUÇÃO: É uma forma de apresentar o contrato de
prestação em versão preliminar, com todos os seus elementos básicos, mas enfatizando a descrição dos serviços a serem executados, materiais a serem empregados, equipamentos e mão de obra a utilizar. É recomendada como documento preliminar às contratações da execução de obras, de instalações etc. Ocorre não ser remunerada;
• ANÁLISE PRELIMINAR DE VIABILIDADE TÉCNICA / FÍSICA / FINANCEIRA:
Como documento preliminar à contratação, trata-se de uma exposição simplificada em que se analisa o problema proposto pelo cliente, à luz dos dados inicialmente fornecidos, da legislação aplicável, dos requisitos técnicos para o desenvolvimento e execução de obras, entre outros aspectos. É recomendado nos casos em que o empreendimento pretendido esteja em fase de definição, em que haja alternativas para a composição do objeto, e seja necessária uma primeira ponderação, ou consulta técnica, sobre o assunto. Pode dar passagem à contratação de serviço de Análise de
A introdução de propostas para a realização dos serviços, sabendo-se que outros profissionais já estão encarregados dos serviços, é infração ética claramente definida pelo Código de Ética Profissional;
Viabilidade Técnica integral, com o recurso de métodos e técnicas específicos para a situação. Ocorre ser remunerada6, como consulta.
• ATENÇÃO: Alguns contratos de trabalho são assinados nessas mesmas modalidades preliminares, sem maiores formalidades e detalhamentos - chegando mesmo a ser apresentados como “simples propostas”, mas com os campos de assinatura para o profissional e para o cliente. Se regularmente assinados, são plenamente válidos como contratos, devendo ser registrados no CREA.
ANTECEDENTES DO CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS: ASPECTOS OPERACIONAIS
Apesar do conjunto de fórmulas legais que devem comparecer obrigatoriamente em todo e qualquer contrato de prestação de serviços (como a identificação das partes contratantes, o objeto do contrato, sua validade, o foro que dirimirá pendências etc), os contratos são “artefatos”, não há fórmula que seja plenamente satisfatória para todos os casos, a qualquer tempo.
Quer-se enfatizar o fato de que o contrato acaba por sintetizar procedimentos e experiências profissionais dificilmente transferíveis, sobretudo nos casos em que o profissional prestador de serviços desenvolve metodologias próprias (que podem ser melhor conceituadas, em certos casos, como estratégias de desenvolvimento de produtos profissionais), que empreende e aplica com eficiência.
O profissional iniciante deve partir de modelos simples, mas deve estar atento para o modo como tem trabalhado, desde a preparação de propostas até a sua execução. O contrato refletirá o modo pelo qual o profissional organiza seu trabalho, e será, por outro lado, instrumento de organização do próprio trabalho profissional.
É fundamental desenvolver as habilidades de administrador do conjunto de contratos de trabalho que vier a celebrar: pode ocorrer de vários contratos se encontrarem em execução simultaneamente, ou mesmo de um ou alguns poucos bastarem para consumir a disponibilidade de tempo e recursos de apoio ao desenvolvimento dos trabalhos contratados, num dado período de tempo.
Há, nesse sentido, um primeiro, primaríssimo aspecto do gerenciamento do escritório ou dos recursos do arquiteto autônomo que deve ser aproximadamente calculada: O CONSUMO DE TEMPO E RECURSOS NECESSÁRIOS AO PLENO DESENVOLVIMENTO DO PROJETO. Vamos examinar a seguinte tabela:
6 Lamentavelmente, não temos muitos formatos de serviços para a cobrança “por consulta”. Contudo, é
TABELA DE ESTIMATIVAS PARA O CÁLCULO DE HORAS / TÉCNICO PARA TRABALHOS PROFISSIONAIS EM ARQUITETURA
Estimativa SASP7 Estimativa da disciplina8
s/computador c/computador
Execução de Desenho técnico em prancha A1 (prancha de detalhes, completa, inclui todas as fases de criação e especificação)
70 40
Execução de Desenho técnico em prancha A0 (prancha de detalhes, completa, inclui todas as fases de criação e especificação)
100 60
Execução de Perspectiva (prancha A1) 40 20
Execução de Prancha (implantação e
cobertura / prancha A1) 35 30
Execução de Prancha (Plantas / prancha
A1) 35 35
Execução de Prancha (Cortes / prancha
A1) 30 25
Execução de Prancha (Fachadas /
prancha A1) 25 20
Documentos tamanho A4, por folha 2 2
Assistência técnica à obra (como autor
do projeto)9 - 40
7 A estimativa do Sindicato dos Arquitetos do Estado de São Paulo é da autoria do Arq. (Dr) Walter
Maffei, in MANUARQ - manual do exercício profissional do arquiteto, São Paulo 1987.
8 Considerou-se um índice redutor aleatório, face à possibilidade (extremamente variável e contestável)
de uso de banco de dados e de imagens eletrônicas, o que pode aumentar a produtividade (e reduzir o parâmetro do número de horas a ser empregado por cada técnico) drasticamente, em alguns trabalhos “padronizados”. Já no caso do item genérico “perspectiva”, há a considerar um grande número de produtos (imagens renderizadas e com processamentos especiais, inclusive com o recurso da animação) que tem ampliado esse tempo de forma variável. A média de horas por imagem considerada supõe etapas básicas de criação / importação, renderização e aplicação de efeitos, testes de impressão e acabamentos com processamento fotográfico simplificado - sem animação), num bom e velho pentium 133 (este texto foi escrito em 1997).
9 Deve-se diferenciar a “Assistência à Obra” preconizada pelo “Roteiro” do IAB, da administração da
A tabela acima expõe estimativas acerca do consumo de horas por técnico (não diferencia se é o próprio arquiteto), para a completa execução dos principais documentos técnicos constituintes do projeto arquitetônico.
Esse tipo de tabela tem seus “perigos”, pois induz ao cálculo de honorários a partir da produção documental (algo como os metros quadrados de papel-projeto, contra os metros quadrados de projeto-construção, que são a unidade para o cálculo dos honorários profissionais de projetos de arquitetura de edificação, segundo o IAB)10.
Mas, provisoriamente, suponhamos que você conclua que, para o desenvolvimento do projeto arquitetônico de uma residência unifamiliar deva empenhar 600 horas de trabalho técnico.
Um único técnico, trabalhando 8 horas diárias, levaria 75 dias corridos para completar todo o trabalho, segundo os parâmetros da tabela. Nada extraordinário, se considerarmos ser essa a média (mas em dias úteis) que alguns contratos de prestação de serviços prevêem para trabalhos desse porte - contando com pequenas equipes11.
Esse volume de horas a empregar no desenvolvimento de serviços também auxilia a formação do valor dos honorários: se um profissional aceita trabalhar por aproximadamente três meses no desenvolvimento de projeto arquitetônico, há a considerar o limite “mínimo” de TRÊS SALÁRIOS MÍNIMOS PROFISSIONAIS (ou 27 salários mínimos convencionais) como ingresso a título de “honorários” para que a prestação de serviços, como um todo, seja mantida.
Como se trata de estimativa, outros parâmetros (e bases de cálculo) devem ser utilizadas, visando pré-dimensionar o esforço de trabalho, informando preliminarmente o processo de gerenciamento, tratado com detalhe em outra disciplina.
ANTECEDENTES DO CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS: DE OLHO NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
Podemos considerar contratos de diversos tipos, desde o mais comum (como o contrato de prestação de serviços para o desenvolvimento de projeto arquitetônico e projetos técnicos complementares para uma residência, entre o proprietário contratante e o arquiteto autônomo) até contratos extremamente elaborados, oriundos da adjudicação de objetos de licitação (como o contrato que visa a construção de um hospital público, ou de outras obras públicas de grande porte, entre setores da Administração Pública e consórcios de empresas, por exemplo).
Vai nos interessar aqui a formulação de contratos de menor complexidade, embora seja necessário discutir sua organização de um modo ampliado, e de forma a
10 Embora o Grupo de Trabalho “de tabelas de remuneração da prestação de serviços profissionais”
(criado pelo CONFEA, em sua Plenária de 17 de março de 1995 - Decisão PL - 236/95) cite tabelas criadas por entidades de classe que utilizam a “produção documental” como um dos critérios para a cobrança de honorários.
11 Não há (ou não se tem divulgado) estudo recente sobre a composição dos escritórios de arquitetura
brasileiros, mas os contratos consultados no presente estudo eram desenvolvidos por equipe de um a dois arquitetos e dois a três desenhistas ouu estagiários, gerenciando uma média de três contratos
atender às situações correntes na área da Construção Civil, o que envolve um “modelo” comum a praticamente todos os contratos praticados.
Deve-se ter em mente a grande diferença entre a discussão acerca da “estrutura” de contratos e a prática da administração de contratos.
É notável que, no setor público, apesar de toda a legislação existente, a administração dos contratos pode abrigar lapsos, renegociações, pendências, problemas reais e soluções questionáveis, de ambas as partes contratantes, e em tal monta, que se torna difícil crer que sejam efetivamente “administrados”.
A experiência acumulada pelos profissionais na administração de contratos de prestação de serviços ainda é (justamente) considerada mais valiosa que sua “letra morta”: afinal, a finalidade de toda contratação é (tautologicamente) atingir o objetivo do contrato. Há quem defenda simplificações radicais nesses documentos, que “só complicam”, afirmando que interessa realmente “fazer”, a execução, a coisa-na-prática, o resto é balela.
Tentaremos mostrar que, ao contrário, é exatamente a partir da experiência acumulada com a administração de contratos que se aprende a bem contratar, e a fazer do contrato de prestação de serviços um instrumento de valorização profissional e de salvaguarda dos interesses envolvidos, do cliente, da comunidade, do profissional.
Devemos ainda considerar que vivemos, neste momento, uma importante,
quase-revolucionária etapa nas relações entre prestadores / fornecedores de bens e serviços e os consumidores desses bens e serviços: desde 1990, com a promulgação da Lei nº 8.078 (de 11 de setembro de 1990, também conhecida como o “CÓDIGO DE
DEFESA DOS DIREITOS DO CONSUMIDOR”), os cidadãos passaram a ser explicitadamente amparados por princípios fundamentais, que asseguram o seu direito a bens e serviços de qualidade.
O próprio conceito de “Responsabilidade Técnica” e os instrumentos de sua formalização nos CREAs anteciparam, há quase duas décadas, alguns desses princípios. Mas a situação criada com o Código de Defesa do Consumidor é diferente: o consumidor passa a ter papel ativo na fiscalização do processo de consumo, ao contrário dos conceitos anteriores que colocavam o profissional prestador de serviços na “tutela” da relação de consumo. O passivo consumidor não é mais.
ELEMENTOS BÁSICOS DO CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PROFISSIONAIS
São elementos básicos do Contrato de Prestação de Serviços:
a) a caracterização das partes contratantes e contratadas; suas responsabilidades e objetivos;
b) o objeto dos serviços; c) o local dos serviços;
d) o tempo dos serviços, data e condições de término; e) o método de produção / fiscalização;
f) os honorários, valores do serviço, recursos necessários e as formas de desembolso / pagamento;
f) condições impostas ao relacionamento entre as partes: destrato / recisões / desistências parciais, autoria, divergências, foro técnico / foro judicial.
Trataremos de contratos de grande simplicidade, que cobrem boa parte das necessidades da prática profissional.
A depender da complexidade do objeto do contrato - envolvendo diferentes contratantes e intevenientes, diferentes equipes técnicas, diferentes produtos / sub-produtos específicos -, da multiplicidade de locais de execução, da legislação incidente e do conjunto de instâncias / órgãos fiscalizadores, das exigências específicas do contratante e do contratado (e ainda de terceiros12), entre diversos outros condicionantes
possíveis, o contrato pode se tornar extenso e detalhado - uma verdadeira “obra-em-si”. O seu detalhismo pode ser contraproducente, e somente devemos detalhar aspectos efetivamente relevantes para a situação dada.
Contratos com o Poder Público são detalhados, por força da própria legislação (e dos detalhados Editais de Licitação de obras e serviços técnicos), que obriga a cobertura de todos os aspectos do contrato, visando resguardar o patrimônio e o interesse público: afinal, as obras públicas são pagas por todos os cidadãos e, em tese, são realizadas para beneficiar a todos os cidadãos13.
Na relação profissional privada, com particulares, geralmente é o próprio profissional que “propõe” os termos do contrato - daí que deve ser prudente com os termos que estabelece. Daí algumas advertências quanto às relações profissionais com o cliente - tanto as formalizadas por escrito quanto as “apenas ditas”:
Um contrato não contém “promessas”, mas compromissos objetivos. Não cumpri-los pode implicar em graves penalizações para a parte descumpridora.
As melhores promessas devem corresponder aos termos do contrato. Promessas extra-contratuais devem ser evitadas, bem como quaisquer ações dessa natureza. Façam-se termos aditivos, Façam-sempre que necessário. Não Façam-se pode Façam-ser verbalmente generoso e,
12 Como nos casos em que se necessita da aprovação da vizinhança para a autorização de determinadas
mudanças de uso do solo - nas cidades cuja legislação urbanística porta esse instrumento de consulta - , ou no caso de condições impostas ao “contratante” por agências de fomento / financiamento etc.
13 Vamos estudar adiante os termos de contratos de projetos e obras com órgãos públicos, insertados em
depois, pretender arrepender-se formalmente da “generosidade”. Uma expectativa despertada é praticamente promessa e efetivamente dívida ou: da promessa à dívida é um passo. O cliente cobrará e com toda a razão, e o profissional se descredencia ao negar-se e corre o risco de complicar-se judicialmente. Se for generoso, seja generoso.
O contrato é Lei entre as partes que contratam, mas é ilegal se contrariar a Lei.
O jurista Clóvis Beviláqua ensinava o contrato como uma “categoria secular vinda do Direito Romano e pertencente à teoria geral, configurada sobre três ideais fundamentais: a) o livre acordo de vontades; b) a coordenação de interesses contrapostos14, e; c) o império da autonomia da vontade quanto ao conteúdo normativo, que se representa como Lei Inter Partes”15.
As esses princípios ancestrais se somam outros, em especial: d) a supremacia da ordem pública, e; e) a obrigatoriedade do contrato. Chama-se a atenção para este último princípio, que implica no fiel cumprimento do que for contratado, ressalvadas as cláusulas de exceção dispostas no próprio contrato, as hipóteses excepcionas, bem como as “escusas de caso fortuito” e força maior. Nos casos específicos, apontados pela Lei e pela jurisprudência, os contratos podem ser revistos se se tornam desequilibradamente prejudiciais ou de impossível cumprimento por uma das partes.
FÓRMULAS CONTRATUAIS GERAIS PARA A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE ARQUITETURA E ENGENHARIA
O Grupo de Trabalho “de tabelas de remuneração da prestação de serviços profissionais” (criado pelo CONFEA, em sua Plenária de 17 de março de 1995 - Decisão PL - 236/95) propôs o seguinte modelo de CONTRATO PADRÃO PARA A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS TÉCNICOS:
1. IDENTIFICAÇÃO DAS PARTES:
Pelo presente instrumento (NOME, IDENTIDADE, ENDEREÇO), doravante
Contratante, e (NOME, IDENTIDADE, ENDEREÇO), doravante Contratado, acertam o presente Contrato de Prestação de Serviços Técnicos.
2. OBJETO:
O objeto do presente contrato é:
______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ___________________________________________
3. PROGRAMA DE EXECUÇÃO:
14 Ou seja, que se complementam.
______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ___________________________________________
4. PRAZOS E CRONOGRAMA:
______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ___________________________________________
5. PAGAMENTO / REAJUSTE / ATRASOS:
______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ___________________________________________
6. RESCISÃO / INTERRUPÇÃO:
______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ___________________________________________
7. FORO:
______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ___________________________________________
E por estarem justos e contratados, assinam o presente instrumento em duas vias, na presença das testemunhas abaixo.
___________________________, ____/____/____
LOCAL DATA
_________________________ _________________________
CONTRATANTE CONTRATADO
TESTEMUNHAS:
_____________________________________________
NOME, IDENTIDADE, ASSINATURA, ENDEREÇO
_____________________________________________
ANÁLISE DAS CLÁUSULAS CONTRATUAIS BÁSICAS
1. IDENTIFICAÇÃO DAS PARTES:
∗ Pode-se adotar, na redação da cláusula de identificação das partes contratantes, a fórmula do GT do CONFEA: “Pelo presente instrumento (NOME, IDENTIDADE, ENDEREÇO), doravante Contratante, e (NOME, IDENTIDADE, ENDEREÇO), doravante Contratado, acertam o presente Contrato de Prestação de Serviços Técnicos”;
• Deve-se observar que a identificação do Arquiteto deve incluir seu número de registro no CREA-DF; o registro de profissionais diplomados inclui “/D” ao final do número, indicando ser “diplomado” (“nº de registro no CREA-DF: 123.456/D”);
• Pode haver mais de um profissional identificado como “contratado”, assim como pode haver mais de uma pessoa física ou jurídica identificadas como “contratante”; seus papéis e responsabilidades podem ser circunstanciados e delimitados nas “obrigações” do contratado e/ou do contratante;
• Recomenda-se a referência ao CPF do profissional autônomo ou ao CGG da firma individual ou empresa; recomenda-se a referência à inscrição na Secretaria da Fazenda (cadastro do ISS); recomenda-se a referência à inscrição previdenciária;
• No caso de empresa (firma ou sociedade), deve-se referir ao seu nome de registro (razão social) e a seu endereço comercial; observa-se que é indevida a referência ao Responsável Técnico (empregado) da empresa caso esse não seja seu sócio - o nome do RT pode ser citado em outras cláusulas, como nas “obrigações do contratado”, no que diga respeito exclusivamente à Responsabilidade Técnica, ou no “programa de execução”, no que diga respeito exclusivamente aos trabalhos sob Responsabilidade Técnica de profissional empregado de empresa;
• Mesmo que as informações identificadoras já constem de cabeçalho ou timbre aposto ao documento, recomenda-se a sua indicação nesse termo de abertura do contrato de prestação de serviços;
• Essas referências são importantes para conferir um mínimo de formalidade na identificação do profissional;
2. OBJETO:
• Essa cláusula define exatamente o quê se vai fazer, que serviços o contratado vai prestar, por que produtos se responsabiliza;
• A definição do “objeto” do contrato deve, necessariamente, ser integralmente coerente com as atribuições profissionais do contratado, bem como com o objetivo social da empresa (firma ou sociedade);
aspectos), e de modo que ainda pode ser agravado pelo tipo de prejuízo acarretado ao contratante16;
• Havendo mais de um profissional contratado e sendo estes de modalidades profissionais diferentes (um é arquiteto, outro é engenheiro eletricista, por exemplo), deve ficar claro - no “programa de execução” e/ou nas “obrigações do contratado”, as suas diferentes atividades no âmbito de cada objeto assinalado;
• A definição do objeto implicita o pleno esclarecimento pelo cliente de suas necessidades e, pelo profissional, de sua capacidade e disponibilidade; a descrição do objeto pode envolver várias classificações (categorias de serviços / atividades profissionais / produtos específicos) e níveis diversos de itemização (tipos de projetos, conteúdos dos projetos, especificação de determinados produtos), mas sempre “objetualmente”, de forma substantiva;
• O documento “Roteiro para a Elaboração de Projeto de Arquitetura da Edificação”, do I.A.B. / DN é excelente guia para a definição detalhada dos diferentes itens do “objeto de contratação” (e foi elaborado com essa finalidade), relacionados, claro, a projetos de arquitetura;
• No caso específico de projetos de arquitetura de edificação, deve ser explicitada a
área física abrangida pelo projeto (área de construção, área urbanizada, área total, etc17); é comum o litígio em torno dos “ajustes posteriores”, geralmente estabelecidos informalmente, com o crescimento das áreas inicialmente acordadas;
• Deve ser claramente indicado o local de execução dos serviços, ou o local ao qual o “objeto” contratado se refere (o projeto desta residência, a avaliação deste imóvel, a perícia desta construção, etc);
• “O projeto contratado poderá ser executado somente para os fins e local indicados nos desenhos de projeto” (Documento “Tabela de Honorários do IAB/DN)18;
• No caso específico da administração da obra pelo profissional, deve ficar claro o conjunto de suas responsabilidades como contratado, bem como as responsabilidades do contratante (nas “obrigações”); o mesmo se aplica à fiscalização sob contrato, às consultorias e aos demais serviços técnicos especializados (perícias, avaliações, produção técnica especializada);
16 Além do tempo e, eventualmente, recursos perdidos ou empregados de forma incorreta, na execução de
serviços que não seguem a boa técnica, há os danos morais, por induzir o contratante a aceitar os termos da contratação ilícita, entre outros desdobramentos que se deve conhecer.
17 Observa-se que esse informação (acerca da área de projeto e outras modalidades de área a ser
considerada no serviço profissional) é parâmetro básico para o cálculo de honorários segundo a metodologia do I.A.B.; o arquiteto pode derivar dessa metodologia a sua própria, na medida em que trabalhe com outras categorias de área e parâmetros próprios de cobrança de honorários. Cada categoria de área incorporada ao projeto pode ser associada a parâmetro distinto de cobrança (o I.A.B. considera diferentes ponderações para os projetos classificados por sua complexidade e pela natureza do serviço técnico, como vimos). Ao citar a área de projeto no contrato, as alterações de área a ser projetada podem ser renegociadas com o contratante, pois geram alterações nos honorários. Recomenda-se, na prática, a determinação de grau de “tolerância” frente à solicitações do contratante: embora se contrate, digamos 350 m2 de área a ser construída, é razoável manter os honorários fixados para variações de C 5 % nessa área contratada (o projeto final poderia variar em área, no caso, desde 332,5 m2 até 367,5 m2, sem custos adicionais). O cuidado com a determinação das áreas é essencial, sobretudo nos casos amplamente praticados, de determinação dos honorários a partir da área a ser construída e suas sub-categorias.
18 Cabe aqui a observação de que todos os documentos (e obras, e quaisquer outras conseqüências diretas,
• Mudanças no objeto do contrato devem ser objeto de termos aditivos ao contrato inicial (que são, por si, contratos com a mesma estrutura básica do inicial);
• Cada contrato adicional deve ser objeto de nova Anotação de Responsabilidade Técnica;
• É recomendável utilizar a terminologia empregada pela legislação incidente sobre a prática profissional (ver o “Glossário”, nesta parte das notas de aula), e pelas entidades de classe, em seus documentos oficiais, publicamente divulgados, quando da itemização de produtos e serviços nessa cláusula do “objeto” do contrato;
• É fundamental que o profissional contratado busque total coerência entre o preconizado na tabela de honorários profissionais que adote, por categoria de “objeto” (obra / serviço), e o que adiante definirá como seus honorários: diferentes composições de serviços correspondem a diferentes composições de honorários;
• A relação entre o quê é “objeto” do contrato de prestação de serviços e o quê é cobrado como honorários orienta o profissional na elaboração desse contrato: dos estudos e projetos à assistência à obra, das consultas e reuniões à manutenção predial, entre outros pontos, a descrição do objeto deve explicitar o exato escopo da prestação de serviços, sem dar margem a equívocos;
• Essa explicitação deve conduzir à total transparência quanto à formação do valor dos honorários, item a item; isso é vantajoso para ambas as partes: o contratante sabe exatamente o quê está contratando, o quê receberá, pelo quê está pagando; o contratado tem condições de administrar todos os aspectos profissionais do que contrata, criando a fundamentação necessária para que renegocie eventuais propostas de alteração dos serviços;
• Como princípio de coerência, deve-se ter cuidado com a compatibilização entre as “unidades de cálculo” dos honorários e as “unidades de cálculo” do volume de obras e serviços definidos como objeto do contrato: área, volume, horas, pranchas etc;
• Como princípio de ética profissional, deve-se ter cuidado com a efetiva satisfação das necessidades do contratante dos serviços: este atingirá efetivamente seus objetivos pela realização do que determina este contrato ? O profissional tem efetivamente condições de cumprir totalmente os termos dos compromissos assumidos em contrato ?
• Outro importante princípio, cuja inobservância tem implicações éticas, é o de não permitir a inclusão, na cláusula acerca do “objeto” do contrato, a garantia do alcance de objetivos que efetivamente independam do profissional: como exemplo lamentavelmente comum, cita-se a promessa de “aprovação dos projetos”, ou a “concessão de Carta de Habite-se”, como se o profissional tivesse poderes para isso: todo trabalho profissional deve, no mínimo, seguir as normas legais exigidas; com isso é certa a sua regularização junto às organizações públicas de direito, dentro dos prazos regulamentares; o compromisso do profissional é o de fornecer ao contratante todos os elementos e condições que, no seu âmbito de atuação, permitam a plena consecução dos objetivos do contrato de prestação de serviços;
loteamentos irregulares19 do Distrito Federal, essa condição de irregularidade faz ilícitos os objetos dessas contratações.
3 DAS OBRIGAÇÕES:
3.1 - OBRIGAÇÕES DO CONTRATANTE:
• Pagamento dos honorários conforme a cláusula específica;
• Pagamento parcial dos honorários, em caso de rescisão, conforme cláusula específica;
• Pagamento de multa contratual em caso de rescisão, conforme cláusula específica20;
• Pagamento das taxas e emolumentos necessários à aprovação do projeto, licenciamento da obra, alvarás, certidões e demais exigências dos órgãos governamentais incumbidos da aprovação, licenciamento e fiscalização de obras de edificações;
• No caso de contratos de execução de obras por administração do profissional, deve ficar clara a modalidade de compras de materiais (pesquisa de preços em um número determinado de estabelecimentos / fornecedores definidos etc), a responsabilidade de realização dessas compras e de pagamento dos custos de transporte, a responsabilidade pela contratação da mão-de-obra e pelo pagamento de seus salários e encargos sociais, a responsabilidade por seguros (dos materiais, dos equipamentos, de acidentes, por transportes etc). Em obras de pequeno porte é comum que o proprietário fique diretamente responsável por todos esses itens; entre particulares também pratica-se o desembolso dos valores correspondentes a cada etapa (empreitada parcial) da obra, segundo cronograma físico-financeiro de execução técnica;
• Caso o contratante decida por quaisquer mudanças relativas ao objeto do contrato (sua área, especificações, programa arquitetônico, entre os aspectos relacionados ao projeto de arquitetura da edificação), deverá comunicar por escrito ao contratado, iniciando-se a partir daí a confecção de contrato adicional a este contrato inicial;
• Nenhuma mudança nas definições do objeto deste contrato inicial poderá ser exigida ao profissional, caso inexista contrato adicional específico;
19 Os loteamentos irregulares no território do Distrito Federal ocorreram desde sua criação (desde as
“invasões” pioneiras a partir do final da década de 50, nas áreas desapropriadas pela NOVACAP até os episódios ocorridos na década de 80, em que o Governo do Distrito Federal chegou a dar apoio indireto aos loteadores), mas a referência se dá pelo significativo volume de obras irregulares em período recente, e por sua qualidade de execução, em alguns dos casos mais gritantes, envolvendo grupos de média e alta renda.
20 O estabelecimento de MULTA CONTRATUAL, no caso das situações previstas na cláusula de
• A eventual desaprovação dos trabalhos de uma determinada etapa não desobriga o contratante do pagamento da etapa de trabalho correspondente, prevista no programa de execução, e obriga o profissional a refazê-la até atender a todos os pontos da
comunicação de desaprovação feita pelo contratante;
• A desaprovação parcial ou integral dos serviços deverá ser comunicada por escrito ao contratado, contendo todos os pontos considerados para a desaprovação, de forma objetiva, sendo considerados inválidos os pontos que contrariem a legislação vigente ou as Normas Técnicas Oficiais;
• O contratante se reserva o direito de convidar profissional da mesma modalidade que o contratado para auxiliá-lo na análise e parecer sobre os pontos levantados na comunicação de desaprovação dos produtos da etapa de trabalho, sendo que esse profissional deverá assinar a comunicação de desaprovação conjuntamente com o contratante;
• Toda e qualquer modificação nos termos do objeto do contrato deverá ser objeto de termo contratual aditivo específico assinado por ambas as partes, resguardando os interesses do contratante e a abrangência das responsabilidades do contratado;
• Somente mediante autorização escrita assinada por ambas as partes pode permitir a
transferência ou cessão de obrigações ou de direitos definidos neste contrato;
• O contratante se obriga a fazer constar o nome (da firma, do profissional contratado, dos responsáveis técnicos por modalidade) em quaisquer propagandas que vier a fazer dos serviços e obras objeto do presente contrato;
• O contratante se obriga ainda a submeter ao contratado os termos e a forma de
propaganda que vier a fazer dos serviços e obras objeto do presente contrato, que poderá ou não autorizá-la, parcial ou integralmente;
3.2. OBRIGAÇÕES DO CONTRATADO:
• O contratado se obriga a prestar todos os serviços estabelecidos na cláusula que define o “objeto” do contrato e a fornecer todos os documentos e explicações necessárias, a qualquer tempo, para o integral alcance desses objetivos;
• Pagamento de multa contratual em caso de rescisão, conforme cláusula específica;
• O contrato de prestação de serviços (por profissional autônomo, firma ou sociedade de arquitetos) não pressupõe vínculo de natureza empregatícia ou subordinação funcional / hierárquica;
• O profissional poderá dar baixa da responsabilidade técnica por obra ou serviço junto ao CREA, nos casos previstos para a rescisão do contrato, ou no caso de o serviço apresentar atraso por motivos comprovadamente independentes de sua atuação, superando a vigência do contrato;
• O profissional deverá emitir Nota Fiscal e Fatura de Serviços (no caso de pessoa jurídica) ou Recibo de Profissional Autônomo, relativa a cada pagamento realizado em conformidade com o disposto na cláusula sobre “pagamentos / reajustes / atrasos”;
decorrentes, e ainda refazendo todas as partes que não corresponderem ao especificado nas discriminações deste contrato de prestação de serviços”;
• O profissional se obriga a corrigir ou refazer todos os pontos relacionados na comunicação de desaprovação da etapa de trabalho, desde que não sejam contrários à legislação vigente ou às Normas Técnicas Oficiais;
• O profissional se obriga ao completo sigilo acerca das informações obtidas ao longo do trabalho de prestação de serviços e que não tenham natureza técnica21;
3. PROGRAMA DE EXECUÇÃO:
• O programa de execução expõe todo o planejamento dos serviços, que pode exigir: a) a definição de etapas sucessivas / simultâneas em que diferentes trabalhos / equipes / recursos estão sendo desenvolvidos e empregados para o alcance do objetivo da etapa; b) a definição das providências eventualmente a cargo do cliente (informações, documentação, pagamentos, etc); c) a definição das providências a cargo de terceiros (aprovação de projetos, licenciamento da obra, financiamento, etc);
• Rigorosamente, um “programa de execução” poderia ser restrito aos “eventos do serviço contratado” (no caso de projetos, a entrega e aprovação pelo cliente dos Estudos Preliminares, a entrega e aprovação pelo cliente do Anteprojeto, etc), mas pode apresentar todos os dados relevantes à contratação dos serviços, simplificando a definição do “objeto” do contrato (que seria detalhado nessa cláusula do “programa de execução”) e expondo todos os prazos a serem considerados (relacionados a produtos profissionais, pagamentos, eventos diversos relacionados ao trâmite do projeto e à execução da obra) - o que torna a cláusula relativa a “prazos / cronograma” dispensável ou disposta como um resumo dos eventos de maior importância para a execução dos serviços;
• Para os contratos de maior simplicidade, como é o caso da contratação exclusiva de projetos arquitetônicos da edificação (e entre particulares), o próprio cronograma é programa de execução, ao explicitar os períodos ou as datas exatas de entrega de cada produto;
• O documento “Roteiro para a Elaboração de Projeto de Arquitetura da Edificação”, do I.A.B. / DN é excelente guia para a elaboração de programa de execução específico, relacionado, claro, a projetos;
• Para outros serviços, é fundamental que o profissional planeje cuidadosamente as etapas de execução e faça constar do seu contrato (ou de documentação anexa), o programa de execução específico (de consultoria, perícia, avaliação, fiscalização, execução de obras, etc); a experiência profissional acumulada pela associação de rotina de planejamento a know-how (ou, por outra, conhecimento e capacidade
21 Há quem defenda o sigilo profissional relacionado exatamente às informações técnicas. Isso ocorre no
técnica e executiva) desenvolvidos pelo próprio profissional, é seu aval e instrumento de trabalho;
• É prudente que o profissional apresente cada etapa de trabalho (sobretudo no caso de projetos arquitetônicos) antes da data de entrega de cada etapa prevista no programa de execução, de modo a obter a categórica aprovação (ou desaprovação) do cliente, etapa-a-etapa.
4. PRAZOS E CRONOGRAMA:
• Cada item do “objeto” do contrato deve ser reapresentado, indicando-se o prazo real (datas fixadas) ou relativo (em dias / semanas / meses após a assinatura do contrato) para a sua entrega ou finalização; como vimos na cláusula do programa de execução, o planejamento integral do trabalho demonstra inegável grau de profissionalismo, e evidencia a experiência na condução dos serviços contratados (pelo menos formalmente) - e isso é uma rotina que deve ser adotada pelo profissional: ele deve efetivamente administrar os contratos que celebra;
• Não é recomendado, ao contrário, pode implicar em sérios problemas para o profissional, a previsão de prazos que subestimem o período de tempo necessário ao trâmite de projeto ou de documentação necessária à regularização do serviço;
• O profissional deve prever, no mínimo, os prazos legais fixados para cada procedimento de análise e aprovação dos serviços, devendo incluir prazos de ajuste, caso considere a existência de complicadores - sobretudo nos casos em que o projeto ou a obra apresente características especiais22.
5. PAGAMENTO / REAJUSTE / ATRASOS:
• O contratante pagará ao contratado o seguinte valor global pela integral prestação dos serviços contratados: (VALOR);
• Os honorários visam cobrir todas as despesas com mão-de-obra (diárias, salários, encargos sociais, etc), materiais e demais custos diretos e indiretos (impostos relacionados à prestação de serviço profissional), bem como a própria remuneração do profissional;
• O pagamento pode se dar em parcelas, conforme o proposto pelo I.A.B. / DN (“Tabela de Honorários”, 1992):
a) 5% na assinatura do contrato;
b) 5% na aprovação do EP pelo cliente; c) 10% na entrega do AP;
d) 5% na aprovação do AP pelo cliente; e) 10% na entrega do PA;
f) 5% na aprovação do PA pelos órgãos públicos; g) 45% na entrega do PE;
h) 5% na aprovação do PE pelo cliente;
i) 7,5% subdivididos em parcelas, ao longo da AE;
j) 2,5% na entrega da revisão do PE conforme o executado.
22 Como a ocorrência de remembramento / desmembramento de lotes, a análise de estudo de impacto
• O I.A.B. também recomenda uma outra composição mais simplificada:
Fases Contratadas %
Serviço EP AP/PA PE AE Total
Contrato Completo
10% 30% 50% 10% 100%
10% 30% 55% - 95%
10% 35% - - 45%
15% - - - 15%
Contratos de - - - 15% 15%
Escopo Reduzido - - 55% 10% 65%
- 35% 50% 10% 95%
- 35% 55% - 90%
- 40% - - 40%
- - 60% - 60%
• Recomenda-se definir tabela de pagamentos (caso se opte pelo parcelamento), em que cada etapa do programa de execução esteja claramente relacionada ao pagamento ajustado; deve-se definir datas exatas para os pagamentos e entrega dos trabalhos;
• Deve-se considerar que outras formas de parcelamento são praticadas, tendo como referência, em termos gerais (e para o caso específico da contratação exclusiva de projeto arquitetônico)23:
∗ a) NA ASSINATURA DO CONTRATO (20 a 30 %);
∗ b.1) NA ENTREGA DO ANTEPROJETO - E APÓS TODAS AS REVISÕES SOLICITADAS PELO CLIENTE, ou; b.2) NA ENTREGA DO PROJETO ARQUITETÔNICO “PARA APROVAÇÃO”, e/ou; b.3) NA ENTREGA DO EXECUTIVO DE ARQUITETURA (40 a 60 %);
∗ c.1) APÓS A APROVAÇÃO DO PROJETO, ou; c.2) APÓS “n” DIAS (30 dias, por exemplo) DA ENTREGA DO PROJETO (10 a 40 %).
• Deve-se considerar ainda os parcelamentos que se assemelham a financiamentos” comerciais (entrada + “n” parcelas iguais ou reajustáveis, garantidas por notas promissórias, cheques pré-datados etc). As cooperativas habitacionais ou que empreendem edificações têm solicitado essa prática, considerada aceitável; essas parcelas podem ser mais ou menos independentes do programa de execução;
• Em tempos de inflação, deve-se prever sub-cláusula específica de reajuste de valores (não se recomendando o uso de referência a moeda estrangeira, mas a índice
23 Essa forma de receber “em três vezes” simplifica a sugestão do IAB e é muito praticada pelos
oficial de correção de preços, como o CUB - Custo Unitário Básico24, os índices da evolução dos preços ao consumidor, ou ainda indexador que tenha aplicação consistente e legalmente fundamentada para o tipo de serviço contratado25);
• Recomenda-se a previsão de multa tanto pelo atraso de cada parcela prevista de pagamento de honorários quanto pelo atraso na execução dos serviços contratados;
• As multas podem ser definidas: a) em termos de valor fixo ( R$ ); b) em termos de
porcentagem fixa sobre o valor da parcela / etapa de execução (multa de n% sobre o valor da parcela devida); também se pode estabelecer uma porcentagem variável
arbitrada: n % por dia de atraso; c) com a aplicação de indexador claramente indicado (para o cálculo de multas referentes a atrasos superiores a 30 dias, deve-se calcular ainda o valor da variação do indexador adotado na sub-cláusula referenciada anteriormente);
• O pagamento de multa não implica na quitação da parcela devida pelo contratante, nem na desobrigação do contratado do providenciar os produtos referentes à etapa do programa de execução;
6. RESCISÃO / INTERRUPÇÃO:
• O presente contrato poderá ser rescindido unilateralmente e por qualquer das partes,
não cabendo a aplicação de multa pecuniária ou qualquer outra forma de indenização ou reparação entre as partes, caso: a) seja o contratante obrigado a abdicar de seus objetivos por razão que comprovadamente impossibilite a sua execução; nesse caso o contratante se obriga ao pagamento de todas as etapas previstas e realizadas conforme a cláusula relativa ao “programa de execução”; b) seja o contratado obrigado a suspender a prestação de serviços por razão que comprovadamente impossibilite a sua continuidade; nesse caso o contatado deve entregar ao contratante todos os produtos da prestação de serviços realizados e pagos até o momento em que solicitar a rescisão contratual26; a parte impossibilitada deverá comunicar por escrito a intenção e os motivos e seu impedimento, que, comprovados, tornam rescindido o contrato 30 (trinta) após essa comunicação;
• O presente contrato poderá ser rescindido bilateralmente, não cabendo a aplicação de multa pecuniária ou qualquer outra forma de indenização ou reparação entre as partes, caso seja comum e definitivo o acordo entre as partes acerca da rescisão contratual, em documento comumente firmado;
• O presente contrato poderá ser rescindido unilateralmente e por qualquer das partes,
cabendo a aplicação de multa pecuniária ou qualquer outra forma de indenização ou reparação entre as partes, caso: a) não haja, por uma das partes, a continuação
24 O CUB é calculado de acordo com a NB 140, da ABNT, sendo divulgado pelos Sindicatos da Indústria
da Construção Civil.
25 Deve-se observar cuidadosamente a forma de aplicação “composta” de indexadores, pois acumulam
distorções significativas em alguns casos. Outro grupo de indexadores é oferecido pela Fundação Getúlio Vargas (índices econômicos da Construção Civil); as associações de classe também sugerem indexadores alternativos, como é o caso da Federação Nacional dos Arquitetos, da Engenharia Consultiva, da Engenharia Estrutural, da Engenharia de Avaliações e Perícias, entre outras. Também vale a consulta a contador credenciado (que a firma prestadora de serviços deve contratar), quanto aos aspectos da legislação.
26 A rescisão por mútuo acordo, ou em razão de cláusula previamente estipulada, é também chamada
do interesse na consecução de seu objeto, devendo a parte desinteressada comunicar à outra a sua intenção de rescindir o contrato com 30 (trinta) dias de antecedência, ao final dos quais haverá a plena quitação de todos os compromissos existentes entre as partes até a data de interrupção da vigência do contrato, inclusive a multa contratual; b) haja o comprovado descumprimento, por uma das partes, dos termos deste contrato, devendo a parte prejudicada comunicar à outra a sua intenção de rescindir o contrato com 5 (cinco) dias de antecedência, ao final dos quais haverá a plena quitação de todos os compromissos existentes entre as partes até a data de interrupção da vigência do contrato, inclusive a multa contratual;
• A multa contratual fica estabelecida em 20 % (vinte por cento) da parcela do pagamento dos honorários, correspondente à etapa em trânsito no momento da comunicação, conforme a cláusula relativa ao “programa de execução”27;
• Caso não haja a quitação dos compromissos estabelecidos nos prazos definidos neste contrato, a multa contratual será aplicada em dobro a cada 30 (trinta) dias corridos ou fração, contados a partir do primeiro dos prazos previstos para a respectiva quitação, sem prejuízo da aplicação da correção monetária correspondente, segundo a variação do C.U.B. - Custo Unitário Básico, divulgado pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal;
• “Uma vez iniciado o trabalho de cada uma das etapas do programa de execução, fica assegurado ao arquiteto o direito e terminá-la e receber a remuneração correspondente”28;
• “A utilização não autorizada de Estudos Preliminares, Anteprojetos ou Projetos de Aprovação para a execução da obra é suscetível de aplicação de disposições legais relativas ao mau uso do projeto e obriga ao pagamento de indenização a ser fixada em contrato” (Documento “Tabela de Honorários”, do IAB/DN);
• “A remuneração pelos direitos autorais não implica na cessão destes” (Documento “Tabela de Honorários”, do IAB/DN);
7. VIGÊNCIA:
• O presente contrato passa a viger na data de sua assinatura, sendo considerado válido pelas partes signatárias até (DATA);
• Recomenda-se a definição dentro do prazo total assinalado na cláusula do “programa de execução”;
• Deve haver sub-cláusula que permita a prorrogação do contrato, mediante acordo entre as partes - o que gera, necessariamente, um contrato adicional29: “O presente contrato poderá ser prorrogado por acordo comum entre as partes, por prazo igual ou inferior ao do contrato inicial” (sugestão);
27 O IAB/DN, no documento “Tabela de Honorários”, recomenda multa rescisória na porcentagem de 20
% (vinte por cento) sobre o valor da fase subseqüente àquela em andamento. Contudo, não explicita se essa multa deve ser aplicada também ao profissional que descumpra os termos do contrato celebrado.
28 Essa é uma das “salvaguardas profissionais” preconizadas pelo IAB/DN no documento “Honorários
Profissionais”.
29 A celebração de contrato adicional que tenha como objetivo (entre outros possíveis, relacionados às
7. FORO:
• A cláusula discrimina o “foro”, o tribunal onde as dissensões contratuais serão julgadas, se necessário. É cláusula obrigatória. Determina-se, em geral que o foro eleito seja o do local onde vai ser realizada a obra ou serviço técnico.
8. DISPOSIÇÕES GERAIS:
• O IAB-DN faz recomendações intituladas “Salvaguardas Profissionais”, expostas no quadro abaixo, e que podem ser colocadas como “disposições gerais” – algumas das quais se discutiu anteriormente):
• A utilização não autorizada de Estudos Preliminares, Anteprojetos ou Projetos de Aprovação para a execução da obra é suscetível de aplicação de disposições legais relativas ao mau uso do projeto e obriga ao pagamento de indenização a ser fixada em contrato.
• Uma vez iniciado o trabalho de cada uma das fases de projeto, fica assegurado ao arquiteto o direito de terminá-la e receber a remuneração correspondente.
• O cancelamento de parte dos trabalhos contratados obriga o cliente ao pagamento de multa rescisória a ser fixada em contrato. Recomenda-se 20% sobre o valor da fase subseqüente àquela em andamento.
• O projeto contratado poderá ser executado somente para os fins e local indicados nos desenhos de projeto.
• A remuneração pelos direitos autorais não implica na cessão destes.
• As disposições gerais podem fazer referências específicas a: a) garantias adicionais de qualidade dos serviços; b) condições para a renovação contratual após a vigências; c) identificação de representantes (fiscais ou procuradores) que não tenham sido discriminados nas cláusulas anteriores; d) garantias adicionais relativas ao cumprimento dos compromissos técnicos ou financeiros, entre outras possibilidades.
MODELO DE CONTRATO UTILIZADO POR PROFISSIONAL
em cada “ambiente” do mercado de trabalho deve conduzi-lo a tomar precauções adicionais, em defesa de seus interesses e da sociedade, representada por seu cliente particular.
Os modelos de contrato com o setor público são de maior complexidade e natureza. Não os estudaremos aqui.
Brasília, __ de _____________ de 19__.
Ref.: 086/96.
A
__________________________________ A/C Sr. ____________________________ Nesta,
Prezado senhor,
Vimos por meio desta, apresentar proposta para elaboração do projeto de Arquitetura para ___________________ para _________, situado no ____________________________________, conforme segue.
CLÁUSULAS DO CONTRATO
1. SERVIÇOS:
Nos comprometemos a executar os projetos de arquitetura para o edifício em questão, dentro do mais alto padrão técnico, conforme expomos a seguir:
1.1. Projeto de arquitetura.
1.2. Projeto de arquitetura de interiores. 1.3. Projeto de paisagismo.
1.4. Detalhes de esquadrias e paginação de pisos e detalhes gerais. 1.5. Assistência arquitetônica a obra, (visitas quinzenais).
1.6. Coordenação dos projetos complementares.
2. PRAZOS:
Os prazos para o desenvolvimento dos serviços constantes desta proposta serão os seguintes:
2.1. Estudo preliminar. - 15 (quinze) dias úteis. 2.2. Projeto de Arquitetura - 30 (trinta) dias úteis.
2.3. Especificações e Quantidades - Junto com o projeto.