• Nenhum resultado encontrado

Erosão Hídrica do Solo no contexto da REN em Lisboa e Vale do Tejo

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Erosão Hídrica do Solo no contexto da REN em Lisboa e Vale do Tejo"

Copied!
106
0
0

Texto

(1)

Universidade de Lisboa

Instituto de Geografia e Ordenamento do Território

Erosão Hídrica do Solo no contexto

da REN em Lisboa e Vale do Tejo

Carolina Ribeiro de Oliveira

Relatório de Estágio orientado pelo

Prof. Doutor Eusébio Reis

Mestrado em Sistemas de Informação Geográfica e Modelação Territorial

aplicados ao Ordenamento

(2)
(3)

Universidade de Lisboa

Instituto de Geografia e Ordenamento do Território

Erosão Hídrica do Solo no contexto

da REN em Lisboa e Vale do Tejo

Carolina Ribeiro de Oliveira

Relatório de Estágio orientado pelo

Prof. Doutor Eusébio Reis

Júri:

Presidente: Professor Doutor Ricardo Alexandre Cardoso Garcia do Instituto de

Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa

Vogais:

- Professora Doutora Maria José Leitão Barroso Roxo da Faculdade de

Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa

- Professor Doutor Eusébio Joaquim Marques dos Reis do Instituto de

Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa

(4)
(5)

i

Agradecimentos

Gostaria de agradecer a todos os que estiveram por perto e me acompanharam nesta minha caminhada.

Ao meu orientador, Professor Doutor Eusébio Joaquim Marques dos Reis, um muito obrigado pela excelente orientação, por toda a paciência, e por todo o conhecimento que me transmitiu sobre este tema ao longo deste ano. Sem esta disponibilidade e orientação não teria sido a mesma coisa.

À Agência Portuguesa do Ambiente, pela oportunidade de estágio assim como à realização deste trabalho. Agradeço à DPI que tão bem me acolheu, um muito obrigado à Eng. Isabel Maria Guilherme e à Sofia Vaz Tainha por todo o acompanhamento e apoio ao longo do estágio. Um grande obrigado aos colegas que me acompanharam, Carla Guerreiro, Cristina Soares, Conceição Ramos, Rui Abreu, Catarina Patriarca, Joana Bustorff e Isabel Patriarca, toda a vossa ajuda foi fundamental para a realização deste trabalho. À minha mãe e à minha irmã por estarem sempre presentes em todos os momentos da minha vida e pelo apoio incondicional. À minha família, por todo o carinho e apoio dado ao longo destes anos, em especial aos meus tios Fofos e primos que me acolheram tão bem. Aos meus amigos e ao meu namorado, que me motivaram muitas vezes para terminar o relatório, que me distraíam quando mais precisava, que sempre ouviram os meus problemas e me ajudaram em tudo o que era preciso. Muito obrigado!

Aos meus colegas e amigos da faculdade, Ricardo, Daniela, Andreia, Miguel, André, Mirandela, por todos os bons momentos passados e toda a vossa ajuda. Um obrigado não chega por todo o apoio dado ao longo deste tempo!

(6)

ii

Resumo

O presente relatório de estágio apresenta o tema sobre a erosão hídrica do solo no contexto da Reserva Ecológica Nacional (REN) em Lisboa e Vale do Tejo, com destaque particular para três municípios pertencentes a esta região: Alenquer, Azambuja e Cadaval. Este trabalho foi elaborado no âmbito da unidade curricular de estágio profissional na Agência Portuguesa do Ambiente (APA), especificamente na Divisão de Planeamento e Informação (DPI) da Administração da Região Hidrográfica do Tejo e Oeste (ARHTO), que decorreu de novembro de 2018 a março de 2019. Com este trabalho, pretende-se compreender quais as dificuldades na delimitação do risco de erosão hídrica do solo, a nível regional e municipal, fornecendo informação que permita uma melhor identificação destas áreas no contexto da Reserva Ecológica Nacional (REN). Assim efetuou-se a comparação de três metodologias para avaliação da erosão hídrica do solo: Monturiol, definida no Quadro de Referência Regional da REN da CCDR-LVT (2009); A Perda de Solo Específico, de acordo com as Orientações Estratégicas de Âmbito Nacional e Regional (OENR) aprovadas pela RCM n.° 81/ 2012, retificada pela Declaração de Retificação n.° 71/2012; A Erosão Potencial do Solo segundo a Portaria n.° 336/2019 de 26 de setembro, que se encontra atualmente em vigor.

Ao longo destas metodologias, nas quais se têm alterado alguns parâmetros da Equação Universal de Perda de Solo (EUPS), verificou-se que existem alguns problemas com aplicação da EUPS, bem como o facto de os limiares de corte manterem-se inalterados, apesar dessas alterações. Deste modo, procedeu-se a alguns testes com o objetivo de demonstrar as diferenças entre metodologias exatamente com o mesmo limiar definido.

A delimitação da Reserva Ecológica Nacional é fundamental para o planeamento e ordenamento do território, assim generalizou-se os resultados finais com o objetivo de homogeneizar as manchas de erosão que integrem a REN.

PALAVRAS-CHAVE: Reserva Ecológica Nacional, Erosão Hídrica do Solo, Equação Universal de Perda de Solo, Lisboa e Vale do Tejo.

(7)

iii

Abstract

The subject of this professional internship report lies upon the soil erosion by water, in the Reserva Ecológica Nacional (REN), in Lisbon and Tagus Valley region, with particular focus on three municipalities included in this region, Alenquer, Azambuja e Cadaval.

This report was developed in the scope of the curricular unit of the professional internship at Agência Portuguesa do Ambiente (APA), on the Divisão de Planeamento e Informação (DPI) da Administração da Região Hidrográfica do Tejo e Oeste (ARHTO), during the period from november of 2018 to march 2019.

This report’s main goal is to understand the constraints on the delimitation of the risk of the soil’s hydric erosion, on a municipal and regional scale. This was achieved through a comparison between three working methodologies: Monturiol, in Quadro de Referência Regional da REN da CCDR-LVT (2009); Specific Soil Loss, in accordance with the Orientações Estratégicas de Âmbito Nacional e Regional (OENR) approved by RCM n.° 81/ 2012, rectified by the Declaração de Retificação n.° 71/2012; Potential Soil Erosion which complies with the most up to date legal piece, Portaria n.° 336/2019 de 26 de setembro.

There have been a few changes in these methodologies, due to the adjustment of the parameters of the Universal Soil Loss Equation (USLE). A few limitations arose on the application of the USLE, even if the thresholds stood static. Following this issue, some tests were run with the goal to display the variation between methodologies with the same exact defined threshold. The geographical demarcation of the Reserva Ecológica Nacional is the key point for planning and land management, so, in order to homogenize the erosion spots in the REN a resort to the generalization of the final results was performed. KEY-WORDS: Reserva Ecológica Nacional, Soil Erosion by water, Universal Soil Loss Equation, Lisbon and Tagus Valley region.

(8)

iv

Résumé

Ce rapport de stage aborde le sujet de l'érosion hydrique des sols dans le cadre de la Reserva Ecológica Nacional (REN) de Lisbonne et de la Vallée du Tejo, avec un accent particulier sur trois municipalités appartenant à cette région, notamment Alenquer, Azambuja et Cadaval. Ce travail a été conçu dans le cadre de stage professionnel à l’Agência Portuguesa do Ambiente (APA), en particulier dans la Divisão de Planeamento e Informação (DPI) da Administração da Região Hidrográfica do Tejo e Oeste (ARHTO), qui a eu lieu entre novembre 2018 et mars 2019. Ce travail vise à comprendre les difficultés à délimiter le risque d’érosion hydrique des sols aux niveaux régional et municipal. Ainsi, trois méthodes d’évaluation de l’érosion hydrique des sols ont été comparées: Monturiol, défini dans le Quadro de Referência Regional da REN da CCDR-LVT (2009); Perte de Sol Spécifique, conformément aux Orientações Estratégicas de Âmbito Nacional e Regional (OENR) approuvées par la RCM n.° 81/ 2012, rectifiées par la Declaração de Retificação n.° 71/2012; L’Érosion Potentielle des Sols conformément à la Portaria n.° 336/2019 du 26 septembre, qui est actuellement en vigueur.

Dans toutes ces méthodologies, dont certains paramètres de l’Équation Universelle de Perte de Sol (EUPS) ont changé, il a été constaté que l’application de EUPS posait quelques problèmes, autant que le fait que les seuils restent inchangés. Ainsi, certains tests ont été réalisés pour démontrer les différences entre les méthodologies ayant exactement le même seuil défini. La délimitation de la Reserva Ecológica Nacional est fondamentale pour la planification et l'aménagement du territoire, de cette façon les résultats finaux ont été généralisés afin d'homogénéiser les taches d'érosion qui intègrent le REN.

MOTS-CLÉS: Reserva Ecológica Nacional, Érosion Hydrique des Sols, Équation Universelle de Pertes de Terre, Lisbonne et la Vallée du Tejo.

(9)

v

Índice

Agradecimentos ... i Resumo ... ii Abstract ... iii Résumé ... iv Índice de Figuras ... vii Índice de Quadros ... x Acrónimos e Siglas ... xi Introdução ... 1 Entidade de Acolhimento do Estágio - Agência Portuguesa do Ambiente ... 3 1. Erosão Hídrica do Solo no Contexto da Reserva Ecológica Nacional ... 5 1.1. Reserva Ecológica Nacional ... 5 1.1.1. Delimitação da REN dos municípios de Alenquer, Azambuja e Cadaval ... 10 1.2. Erosão Hídrica do Solo ... 11 1.2.1. Erosão do Solo ... 11 1.2.2. Erosão Hídrica do Solo ... 12 2. Caracterização da Região de Lisboa e Vale do Tejo ... 15 2.1.1. Caracterização dos municípios ... 19 3. Metodologias e Informação Geográfica ... 25 3.1. Metodologias ... 25 3.2. Informação Geográfica ... 29 3.2.1. Tratamento e Preparação dos Dados ... 30 3.2.2. Criação do Modelo Digital do Terreno ... 31 4. Avaliação da Suscetibilidade à Erosão Hídrica do Solo ... 33 4.1. À Escala Regional ... 33 4.1.1. Metodologia do Quadro de Referência Regional (QRR) ... 33 4.1.2. Portaria N.°336/2019 ... 35 4.1.3. Comparação dos Resultados ... 40 4.2. À Escala Municipal ... 41 4.2.1. Erosividade da Precipitação (Fator R) ... 42 4.2.2. Erodibilidade dos Solos (Fator K) ... 44 4.2.3. Fator Topográfico (Fator LS) ... 46 4.2.3.1. USLE (Universal Soil Loss Equation) ... 46 4.2.3.2. RUSLE (Revised Universal Soil Loss Equation) ... 51 4.2.4. Fator C e P ... 55

(10)

vi 4.2.5. Erosão específica do solo (A) e Perda de Solo Específico (Pse) ... 60 4.2.6. Erosão potencial do solo (EPS) ... 63 4.2.7. Classificação dos Resultados e Limiares de Corte ... 64 4.2.8. Generalização das Manchas Resultantes da Erosão Hídrica ... 68 4.2.9. Comparação dos Resultados ... 75 5. Considerações Finais ... 77 Referências ... 81 Bibliografia ... 81 Legislação ... 85 Anexos ... 86

(11)

vii

Índice de Figuras

Figura 1 - Polos da Administração da Região Hidrográfica do Tejo e Oeste (ARHTO) ... 4 Figura 2 - Fatores que controlam a erosão do solo ... 11 Figura 3 – Circulação da água nas vertentes ... 12 Figura 4 – Representação de três tipos de erosão hídrica numa encosta ... 13 Figura 5 - Limites administrativos e concelhos da Região de Lisboa e Vale do Tejo ... 15 Figura 6 - Evolução da população residente na região de Lisboa e Vale do Tejo ... 16 Figura 7 - Densidade populacional na Região de Lisboa e Vale do Tejo em 2018 ... 16 Figura 8 - Áreas Protegidas da Região de Lisboa e Vale do Tejo ... 17 Figura 9 - Hidrografia da Região de Lisboa e Vale do Tejo ... 18 Figura 10 - Municípios da área de estudo (Alenquer, Azambuja e Cadaval) ... 19 Figura 11 - Altitude (m) nos municípios de Alenquer, Azambuja e Cadaval ... 21 Figura 12 – Declives (graus) nos municípios de Alenquer, Azambuja e Cadaval ... 21 Figura 13 – Principais cursos de água nos municípios de Alenquer, Azambuja e Cadaval ... 22 Figura 14 - Ocupação do Solo (2015) nos municípios de Alenquer, Azambuja e Cadaval ... 24 Figura 15 - Amostra da edição das curvas de nível dos três municípios ... 31 Figura 16 - Modelo Digital do Terreno em TIN ... 32 Figura 17 – Declives (%) na Região de Lisboa e Vale do Tejo ... 33 Figura 18 - Erodibilidade dos Solos (Fator K, em t.ha.h.ha-1.Mj-1.mm-1) na Região de Lisboa e Vale do Tejo ... 34 Figura 19 - Risco elevado e muito elevado à erosão hídrica com base na metodologia do Quadro de Referência Regional ... 35

Figura 20 - Fator de erosividade da precipitação (Fator R, em MJ mm ha-1 h-1 ano-1) na RLVT (Fonte: JRC) ... 36

Figura 21 - Fator de erodibilidade dos solos (Fator K, em t.ha.h.ha-1.Mj-1.mm-1) na Região de Lisboa e Vale do Tejo ... 37

Figura 22 - Fator topográfico (LS) na Região de Lisboa e Vale do Tejo ... 38

Figura 23 – Erosão Hídrica Potencial (EHP) na Região de Lisboa e Vale do Tejo ... 39

Figura 24 - Áreas de Elevado Risco de Erosão Hídrica do Solo a considerar em REN na Região de Lisboa e Vale do Tejo ... 39

Figura 25 - Áreas a integrar em REN na Região de Lisboa e Vale do Tejo, de acordo com as metodologias do Quadro de Referência Regional e a Portaria n.°336/2019 ... 41

Figura 26 – Erosividade da precipitação (Fator R, em T.pé/acre) nos municípios de Alenquer, Azambuja e Cadaval (INAG, 2003) ... 43

(12)

viii Figura 27 – Erosividade da Precipitação (Fator R, em MJ mm ha-1 h-1 ano-1) nos municípios de Alenquer, Azambuja e Cadaval (Pena, 2016) ... 44 Figura 28 – Erodibilidade dos solos (Fator K) nos municípios de Alenquer, Azambuja e Cadaval ... 45 Figura 29 – Extensão das vertentes (l), em metros, nos municípios de Alenquer, Azambuja e Cadaval ... 47 Figura 30 – Expoente m, dependente do declive nos municípios de Alenquer, Azambuja e Cadaval ... 48 Figura 31 – Declives (radianos) nos municípios de Alenquer, Azambuja e Cadaval ... 49 Figura 32 - Fator LS, segundo a equação da USLE (RCM n.°81/2012), nos municípios de Alenquer, Azambuja e Cadaval ... 50 Figura 33 - Extensão das vertentes (l), em metros (RUSLE) nos municípios de Alenquer, Azambuja e Cadaval ... 52 Figura 34 – Expoente m, dependente do declive (RUSLE) nos municípios de Alenquer, Azambuja e Cadaval ... 53 Figura 35 - Fator LS segundo a equação da RUSLE (Portaria n.°336/2019) nos municípios de Alenquer, Azambuja e Cadaval ... 55 Figura 36 - Carta de Ocupação do Solo (COS 2015) nos municípios de Alenquer, Azambuja e Cadaval ... 56 Figura 37 – Fator de uso do solo e coberto vegetal (C) nos municípios de Alenquer, Azambuja e Cadaval ... 58 Figura 38 - Fator antrópico (P) baseado na densidade populacional nos municípios de Alenquer, Azambuja e Cadaval ... 59 Figura 39 – Erosão Hídrica do Solo Real, segundo a metodologia da Resolução do Conselho de Ministros nº81/2012 nos municípios de Alenquer, Azambuja e Cadaval ... 60 Figura 40 – Razão de Cedência de Sedimentos (SDR) nos municípios de Alenquer, Azambuja e Cadaval ... 61 Figura 41 – Perda de solo específico (Pse) nos municípios de Alenquer, Azambuja e Cadaval .... 62 Figura 42 - Erosão Hídrica Potencial do Solo, segundo a metodologia da Portaria N.° 336/2019 nos municípios de Alenquer, Azambuja e Cadaval ... 63 Figura 43 – Áreas a incluir em REN (Perda de solo específico) nos municípios de Alenquer, Azambuja e Cadaval ... 65 Figura 44 - Áreas a incluir em REN (Erosão Hídrica Potencial do Solo) nos municípios de Alenquer, Azambuja e Cadaval ... 66 Figura 45 - Área a incluir em REN de acordo com o cálculo da EHP, com base em um limiar de corte de 17 ton/ha.ano nos municípios de Alenquer, Azambuja e Cadaval ... 67

(13)

ix Figura 46 - Modelbuilder: Modelo 1 do processo de generalização ... 68 Figura 47 - Modelbuilder: Modelo 2 do processo de generalização ... 69 Figura 48 - Modelbuilder: Modelo 3 do processo de generalização ... 69 Figura 49 - Modelbuilder: Modelo 4 do processo de generalização ... 70 Figura 50 – Generalização da Perda de Solo Específica (Pse) a 1 ha nos municípios de Alenquer, Azambuja e Cadaval ... 71 Figura 51 – Generalização da Erosão Hídrica Potencial do Solo (EHP) a 1 ha nos municípios de Alenquer, Azambuja e Cadaval ... 71 Figura 52 - Fluxograma do processo de generalização considerando o valor de 0,5 ha ... 72 Figura 53 - Generalização da Perda de Solo Específica (Pse) a 0,5 ha nos municípios de Alenquer, Azambuja e Cadaval ... 73 Figura 54 - Generalização da Erosão Hídrica Potencial do Solo (EHP) a 0,5 ha nos municípios de Alenquer, Azambuja e Cadaval ... 74 Figura 55 – Comparação entre as áreas a integrar em REN de acordo com as metodologias da RCM n.°81/2012 e a Portaria n.°336/2019 nos municípios de Alenquer, Azambuja e Cadaval ... 76

(14)

x

Índice de Quadros

Quadro 1 - Evolução das definições de REN ... 5 Quadro 2 – Áreas incluídas na REN (Decreto-Lei n.° 93/90, de 19 de março) ... 6 Quadro 3 - Tipologias integradas na Reserva Ecológica Nacional ... 8 Quadro 4 – Frequência dos tipos de solo (Carta de Solos - DGADR) nos municípios de Alenquer, Azambuja e Cadaval ... 23

Quadro 5 – Frequência das classes de Ocupação do Solo (2015) nos municípios de Alenquer, Azambuja e Cadaval ... 24 Quadro 6 - Metodologias utilizadas para o cálculo da erosão hídrica do solo ... 25 Quadro 7 - Classificação dos fatores e respetivas classes de suscetibilidade à erosão hídrica do solo. ... 26 Quadro 8 - Informação geográfica à escala regional ... 29 Quadro 9 - Informação geográfica à escala municipal ... 30

Quadro 10 - Comparação entre as áreas a integrar em REN segundo as duas metodologias utilizadas (QRR e EHP) ... 40 Quadro 11 - Valores a atribuir ao parâmetro m ... 47 Quadro 12 - Valores do Fator C (COS 2015) ... 57 Quadro 13 – Frequência (%) de cada valor do Fator C ... 58 Quadro 14 - Valores a atribuídos ao Fator P ... 59 Quadro 15 – Frequência (%) das classes de A (EHR) e Pse ... 62 Quadro 16 – Frequência (%) das classes de A (EHP) ... 63 Quadro 17 - Classificação qualitativa da Perda de Solo Específico ... 64 Quadro 18 - Comparação dos resultados generalizados e não generalizados (1 ha) ... 70 Quadro 19 - Comparação dos resultados generalizados e não generalizados (0,5 ha) ... 73

Quadro 20 - Comparação entre as áreas a integrar em REN segundo as duas metodologias utilizadas (Pse e EHP) ... 75

(15)

xi

Acrónimos e Siglas

APA – Agência Portuguesa do Ambiente AEREHS – Áreas de Elevado Risco de Erosão Hídrica do Solo CCDR - Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional CNREN – Comissão Nacional da REN CNT – Comissão Nacional do Território COS – Carta de Ocupação do Solo DGADR – Direção Geral da Agricultura e Desenvolvimento Rural DGT – Direção Geral do Território EUPS - Equação Universal de Perda de Solo EPS – Erosão Potencial do Solo EHR – Erosão Hídrica Real INAG – Instituto da Água MDT – Modelo Digital do Terreno OENR - Orientações Estratégicas de âmbito Nacional e Regional PDM – Plano Diretor Municipal Pse – Perda Específica do Solo PU – Plano de Urbanização RAN – Reserva Agrícola Nacional RCM – Resolução de Conselho de Ministros REN – Reserva Ecológica Nacional RJREN - Regime Jurídico da Reserva Ecológica Nacional SDR – Razão de Cedência de Sedimentos SI – Sistema Internacional SSSA - Soil Science Society of America

(16)
(17)

1

Introdução

Em Portugal, a erosão hídrica é o tipo de degradação do solo mais comum, constituindo um problema ambiental bastante preocupante, o qual pode, em situações extremas, conduzir a um processo de desertificação no território. Neste contexto, a Reserva Ecológica Nacional (REN) instituída pelo Decreto-Lei n.° 321/83, de 5 de julho, detém um papel essencial relativamente à proteção e preservação da estrutura biofísica para a utilização e exploração dos recursos do território, tornando-se um instrumento fundamental para o ordenamento do território. O Decreto-Lei n.° 93/90, de 19 de março, revogou o Decreto-Lei n.° 321/83, de 5 de julho, com o intuito de corrigir e clarificar alguns elementos, mantendo os princípios fundamentais da REN.

Em 2008, com o Decreto-Lei n.° 166/2008, de 22 de agosto efetuou-se uma revisão profunda do Regime Jurídico da Reserva Ecológica Nacional (RJREN) a fim de clarificar as tipologias das áreas a integrar na REN. Deste modo, estas áreas dividem-se em três grupos: áreas de proteção do litoral, áreas relevantes para a sustentabilidade do ciclo hidrológico terrestre e áreas de prevenção de riscos naturais. É neste Decreto-Lei que as áreas de elevado risco de erosão hídrica do solo passam a integrar a REN, pertencendo ao grupo das áreas de prevenção de riscos naturais. Considera-se que para a delimitação das áreas de elevado risco de erosão hídrica do solo (AEREHS) é necessário ter em conta “o declive e a erodibilidade média dos solos”1.

Posteriormente, de acordo com o Decreto-Lei n.° 166/2008, de 22 de agosto alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.° 239/2012, de 2 de novembro, para delimitar as AEREHS no âmbito da REN, deve-se considerar “a erosividade da precipitação, a erodibilidade média dos solos, a topografia, o uso do solo e a ocupação humana”2. Assim, a delimitação destas áreas apoia-se na aplicação da Equação Universal da Perda de Solo (EUPS) publicada em 1978 no Agriculture Handbook 537, dos autores Wischmeier & Smith, tendo sido adaptada para Portugal continental.

No presente relatório, serão tidas em conta as recomendações, da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR-LVT), da Comissão Nacional do Território (CNT) e a Portaria n.° 336/2019, que clarificam e introduzem alterações no processo de cálculo.

O principal objetivo deste projeto consiste em avaliar a suscetibilidade à erosão hídrica do solo e identificar áreas de elevado risco no contexto da Reserva Ecológica 1 Decreto-Lei n.° 166/2008, de 22 de agosto, Anexo I, Secção III, Áreas de prevenção de riscos naturais, alínea d 2 Decreto-Lei n.° 239/2012, de 2 de novembro, Anexo I, Secção III, Áreas de prevenção de riscos naturais,

(18)

2 Nacional (REN) para a Região de Lisboa e Vale do Tejo (RLVT), bem como para três municípios – Alenquer, Azambuja e Cadaval – verificando o impacto que as diversas alterações da legislação têm tido nos resultados em municípios com diferentes características.

Deste modo, o presente relatório encontra-se estruturado em 4 capítulos:

No capítulo 1 é feito um breve resumo histórico da erosão hídrica do solo no contexto da lei da Reserva Ecológica Nacional, desde a sua criação até a atualidade, e apresenta-se ainda o conceito de erosão do solo e erosão hídrica do solo.

O capítulo 2 contém um enquadramento regional da RLVT, assim como o enquadramento dos municípios escolhidos – Alenquer, Azambuja e Cadaval - para efetuar o cálculo das Áreas de Elevado Risco de Erosão Hídrica do Solo (AEREHS), designadamente Alenquer, Azambuja e Cadaval.

No capítulo 3 são apresentadas as metodologias e a informação geográfica utilizadas nos diversos processos de cálculo das AEREHS.

Por fim, o capítulo 4 inclui uma avaliação crítica dos resultados obtidos, verificando o impacto que as diversas alterações da legislação têm tido nos resultados em municípios com diferentes características. Ainda compreende um subcapítulo com incidência nos limiares de corte e na generalização das manchas de erosão hídrica do solo.

(19)

3

Entidade de Acolhimento do Estágio - Agência Portuguesa do Ambiente

A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) tem como missão “propor, desenvolver e acompanhar a gestão integrada e participada das políticas de ambiente e de desenvolvimento sustentável”, trabalhando de forma articulada com outras entidades públicas e privadas na “proteção e valorização dos sistemas ambientais”. Visa “contribuir para o desenvolvimento sustentável de Portugal” produzindo relatórios que demonstram o estado atual do meio ambiente e que pretendem influenciar futuras políticas ambientais. Deste modo, a APA detém 5 objetivos estratégicos3: 1) Aumentar o nível de proteção, recuperação e valorização dos ecossistemas; 2) Aumentar o nível de proteção de pessoas e bens face a situações de risco; 3) Melhorar o conhecimento e a informação sobre o ambiente; 4) Reforçar a participação pública e assegurar o envolvimento das instituições; 5) Garantir a excelência no desempenho das competências atribuídas.

O presente relatório reúne as atividades que foram desenvolvidas no estágio, de novembro de 2018 a março de 2019, na Agência Portuguesa do Ambiente, na Sede da Administração da Região Hidrográfica do Tejo e Oeste (ARHTO), na Divisão de Planeamento e Informação (DPI). Para além da sede, existem outros polos que pertencem à ARHTO (Figura 1). Relativamente aos objetivos do departamento4, evidenciam-se a elaboração e o acompanhamento da implementação dos planos de gestão de bacia hidrográfica e dos planos específicos de gestão das águas, apoiar a gestão de sistemas de informação e o seu desenvolvimento, proteger e a valorizar dos recursos hídricos e cooperar na descrição do programa de monitorização para a respetiva região hidrográfica.

3 Disponíveis em: https://www.apambiente.pt/index.php?ref=5&subref=635# 4 Agência Portuguesa do Ambiente, I.P., Despacho n.° 7714/2013

(20)

4 Figura 1 - Polos da Administração da Região Hidrográfica do Tejo e Oeste (ARHTO)

(21)

5

1. Erosão Hídrica do Solo no Contexto da Reserva Ecológica Nacional

1.1. Reserva Ecológica Nacional

Em 1983, foi criada a Reserva Ecológica Nacional (REN) através do Decreto-Lei n.° 321/83, de 5 de julho, no seguimento da institucionalização da Reserva Agrícola Nacional (RAN), em que se consagrou o solo agrícola como valor patrimonial. O propósito da REN era preservar “a estrutura biofísica necessária para que se possa realizar a exploração dos recursos e a utilização do território sem que sejam degradadas determinadas circunstâncias e capacidades de que dependem a estabilidade e fertilidade das regiões, bem como a permanência de muitos dos seus valores económicos, sociais e culturais” (Artigo 1.°, Decreto-Lei n.° 321/83), integrando 2 grupos de ecossistemas: Costeiros e Interiores. A partir desse ano, a RAN e a REN tornaram-se instrumentos fundamentais para o ordenamento do território, à escala nacional.

A definição de Reserva Ecológica Nacional foi evoluindo ao longo da legislação (Quadro 1); este termo integra uma das componentes da Rede Fundamental da Conservação da Natureza e, constitui também uma componente essencial para o Plano Setorial de Prevenção e Redução de Riscos.

Sendo um instrumento fundamental para o ordenamento do território, a REN passou a delimitar todas as ações que possam diminuir ou até destruir as potencialidades ecológicas, designadamente escavações, construções e a vida animal. Nos instrumentos relativos à ocupação do território, como Planos Diretores Municipais (PDM) e Planos de Decreto-Lei n.° 321/83, de 5 de julho (Artigo 1.°) Decreto-Lei n.° 93/90, de 19 de março (Artigo 1.°) Decreto-Lei n.° 166/2008, de 22 de agosto (Artigo 2.°) w Áreas indispensáveis à estabilidade ecológica do meio e à utilização racional dos recursos naturais tendo em vista o correto ordenamento do território. w Estrutura biofísica básica e diversificada que, através do condicionamento à utilização de áreas com características ecológicas específicas, garante a proteção de ecossistemas e a permanência e intensificação dos processos biológicos indispensáveis ao enquadramento equilibrado das atividades humanas. w Estrutura biofísica que integra o conjunto das áreas que, pelo valor e sensibilidade ecológicos ou pela exposição e suscetibilidade perante riscos naturais, são objeto de proteção especial. w Restrição de utilidade pública, à qual se aplica um regime territorial especial que estabelece um conjunto de condicionamentos à ocupação, uso e transformação do solo, identificando os usos e as ações compatíveis com os objetivos desse regime nos vários tipos de áreas. Quadro 1 - Evolução das definições de REN

(22)

6 Urbanização (PU) passaram a estar obrigatoriamente as áreas que se encontram integradas na REN.

Sete anos após a instituição da REN e com intuito de corrigir e esclarecer alguns elementos, preservando os seus princípios fundamentais, foi publicado o Decreto-Lei n° 93/90, de 19 de março. O conceito de REN foi alterado conforme se encontra no Quadro 1, assim, é fundamental a existência de uma estrutura biofísica para a proteção dos ecossistemas. No presente diploma, enquadram-se no espaço definido como REN as seguintes áreas (Quadro 2):

1) Zonas costeiras;

2) Zonas ribeirinhas, águas interiores e áreas de infiltração máxima ou de apanhamento; 3) Zonas declivosas. Quadro 2 – Áreas incluídas na REN (Decreto-Lei n.° 93/90, de 19 de março) Zonas Costeiras

Zonas ribeirinhas, águas interiores e áreas de infiltração máxima ou de

apanhamento Zonas declivosas a) Praias; b) Dunas Litorais; c) Arribas ou falésias, incluindo faixas de proteção; d) Na ausência de dunas ou arribas, uma faixa que assegure a proteção eficaz da zona do litoral; e) Faixa ao longo de toda a costa marítima; f) Estuários, lagunas, lagoas costeiras e zonas húmidas adjacentes; g) Ilhas, ilhéus e rochedos emersos do mar; h) Sapais; i) Restingas; j) Tômbolos. a) Leitos dos cursos de água e zonas ameaçadas pelas cheias; b) Lagoas, suas margens naturais e zonas húmidas adjacentes; c) Albufeiras e uma faixa de proteção delimitada a partir do regolfo máximo; d) Cabeceiras das linhas de água; e) Áreas de máxima infiltração; f) Ínsuas. a) Áreas com riscos de erosão, são áreas que se encontram sujeitas à perda de solo, deslizamentos ou quebra de blocos devido às características do solo e do subsolo, uso do solo, declive, dimensão da vertente, entre outros fatores suscetíveis a alterações como o coberto vegetal e às práticas agrícolas; b) Escarpas, são vertentes rochosas que possuem um declive superior a 45°, integram a REN apenas com uma determinada dimensão. Elaborado com base no Anexo I, do Decreto-Lei n.° 93/90, de 19 de março.

Este Decreto-Lei foi sofrendo algumas alterações enquanto esteve em vigor designadamente:

§ Decreto-Lei n.° 213/92, de 12 de outubro

Para a delimitação de áreas a integrar na REN, “são especificamente demarcadas em todos os instrumentos de planeamento que definam ou determinem a ocupação física do solo, designadamente planos regionais e municipais de

(23)

7 ordenamento do território” (Artigo 10.°). Ao longo desta figura legislativa, é visível a crescente importância destes planos.

§ Decreto-Lei n.° 180/2006, de 6 de setembro

Mais de 20 anos após a criação da REN, foi alterado e republicado o regime jurídico criado pelo Decreto-Lei n.° 93/90, de 19 de março. Em suma, o presente decreto veio apresentar os usos e as “Ações insuscetíveis de prejudicar o equilíbrio ecológico das áreas integradas na Reserva Ecológica Nacional” (Anexo IV), clarificando para cada caso, as regras e os critérios para a sua delimitação.

Em 2008, com o Decreto-Lei n.° 166/2008, de 22 de agosto, efetuou-se uma revisão profunda e global do Regime Jurídico da Reserva Ecológica Nacional (RJREN) com o objetivo de poder articular com outros regimes jurídicos e clarificar as tipologias de áreas a integrar na REN. Deste modo, este diploma pretende contribuir para o uso e ocupação sustentáveis do território, possuindo os seguintes objetivos:

a) Proteger os recursos naturais água e solo, bem como salvaguardar sistemas e processos biofísicos associados ao litoral e ao ciclo hidrológico terrestre, que asseguram bens e serviços ambientais indispensáveis ao desenvolvimento das atividades humanas;

b) Prevenir e reduzir os efeitos da degradação da recarga de aquíferos, dos riscos de inundação marítima, de cheias, de erosão hídrica do solo e de movimentos de massa em vertentes, contribuindo para a adaptação aos efeitos das alterações climáticas e acautelando a sustentabilidade ambiental e a segurança de pessoas e bens;

c) Contribuir para a conectividade e a coerência ecológica da Rede Fundamental de Conservação da Natureza;

d) Contribuir para a concretização, a nível nacional, das prioridades da Agenda Territorial da União Europeia nos domínios ecológico e da gestão transeuropeia de riscos naturais.

A delimitação da REN, efetua-se em dois níveis, de acordo com termos do regime jurídico:

§ Nível estratégico – realiza-se através de orientações de âmbito nacional e regional, pela Comissão Nacional da REN (CNREN) e pelas Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR);

§ Nível operativo – realiza-se através da elaboração de cartas para delimitar, no âmbito municipal, as áreas integradas na REN. Este nível segue os critérios de

(24)

8 delimitação do Anexo I, Decreto-Lei n.° 166/2008, de 22 de agosto e as orientações estratégicas de âmbito nacional e regional. Neste diploma, as tipologias das áreas integradas na REN (Quadro 3) encontram-se agrupadas em três grupos distintos de acordo com a sua finalidade, designadamente: 1) Áreas de proteção do litoral; 2) Áreas relevantes para a sustentabilidade do ciclo hidrológico terrestre; 3) Áreas de prevenção de riscos naturais. Quadro 3 - Tipologias integradas na Reserva Ecológica Nacional

Áreas de proteção do litoral

Áreas relevantes para a sustentabilidade do ciclo

hidrológico terrestre

Áreas de prevenção de riscos naturais a) Faixa marítima de proteção costeira; b) Praias; c) Barreiras detríticas (restingas, barreiras soldadas e ilhas-barreira); d) Tômbolos; e) Sapais; f) Ilhéus e rochedos emersos no mar; g) Dunas costeiras e dunas fósseis; h) Arribas e respetivas faixas de proteção; i) Faixa terrestre de proteção costeira; j) Águas de transição e respetivos leitos; k) Faixas de proteção das águas de transição. a) Cursos de água e respetivos leitos e margens; b) Lagoas, lagos e respetivos leitos, margens e faixas de proteção; c) Albufeiras que contribuam para a conectividade e coerência ecológica da REN, com os respetivos leitos, margens e faixas de proteção; d) Áreas estratégicas de proteção e recarga de aquíferos. a) Zonas adjacentes; b) Zonas ameaçadas pelo mar não classificadas como zonas adjacentes nos termos da Lei da Titularidade dos Recursos Hídricos; c) Zonas ameaçadas pelas cheias não classificadas como zonas adjacentes nos termos da Lei da Titularidade dos Recursos Hídricos; d) Áreas de elevado risco de erosão hídrica do solo; e) Áreas de instabilidade de vertentes. Elaborado com base no Anexo I, do Decreto-Lei n.° 166/2008, de 22 de agosto. No contexto do presente trabalho, uma das inovações deste Decreto-Lei é inserção das áreas de elevado risco de erosão hídrica do solo. Assim, de acordo com a alínea d, Secção III, Anexo 1, do DL n.°166/2008, as Áreas de Elevado Risco de Erosão Hídrica do Solo (AEREHS) definem-se como “áreas que, devido às suas características de solo e de

declive, estão sujeitas à perda excessiva de solo por ação do escoamento superficial”. Para

a delimitação destas áreas, é preciso considerar “o declive e a erodibilidade média dos solos resultante da sua textura, estrutura e composição” e para incluir as mesmas em área de REN refere-se particularmente quatro objetivos:

i. Conservação do recurso solo;

(25)

9 iii. Regulação do ciclo hidrológico através da promoção da infiltração em detrimento

do escoamento superficial;

iv. Redução da perda de solo, diminuindo a colmatação dos solos a jusante e o assoreamento das massas de água.

O Decreto-Lei n.° 166/2008, de 22 de agosto, sofreu algumas alterações nomeadamente:

§ Decreto-Lei n.° 239/2012, de 2 de novembro

Este Decreto-Lei altera os procedimentos no que diz respeito à delimitação das áreas a integrar na REN: “elimina a obrigatoriedade dos municípios de procederem à adaptação das delimitações da REN a nível municipal àquelas orientações estratégicas”. É neste DL que a delimitação das áreas de elevado risco de erosão hídrica do solo é alterada, assim passou-se a considerar os seguintes elementos para o cálculo: “a erosividade da precipitação, a erodibilidade média dos solos, a topografia, o uso do solo e a ocupação humana” (Alínea d, Secção III, Artigo 4.°).

Contudo é obrigatório para a aprovação dos planos diretores municipais que a delimitação municipal da REN siga as orientações estratégicas de âmbito nacional e regional, aprovadas pela Resolução do Conselho de Ministro n.° 81/2012, de 3 de outubro, e retificadas pela Declaração de Retificação n.° 71/2012, de 30 de novembro.

§ Decreto-Lei n.° 80/2015, de 14 de maio

Neste Decreto-Lei são desenvolvidas “as bases da política pública de solos, de

ordenamento do território e de urbanismo, definindo o regime de coordenação dos âmbitos nacional, regional, intermunicipal e municipal do sistema de gestão territorial, o regime geral de uso do solo e o regime de elaboração, aprovação, execução e avaliação dos instrumentos de gestão territorial”. São anulados os artigos 28° a 31° do Decreto-Lei n° 166/2008, de 22 de agosto, relacionados com a Comissão Nacional da REN (CNREN) e surge a Comissão Nacional do Território (CNT).

No quadro da REN, em julho de 2015 surgiu o Guia Metodológico para a Delimitação da Reserva Ecológica Nacional em Lisboa e Vale do Tejo publicado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR-LVT), que detém uma grande importância para o Ordenamento do Território, sendo nele apresentado quais os critérios e as metodologias que devem ser aplicados.

Posteriormente surgiram algumas Recomendações Técnicas por parte da Comissão Nacional do Território (CNT) sendo a mais recente a N.° 1/2017, de 17 de novembro.

(26)

10 Neste documento foram efetuadas atualizações metodológicas das Orientações Estratégicas de Âmbito Nacional e Regional (OENR) para a delimitação das AEREHS, nomeadamente face aos problemas de conversão das unidades que se encontram em certos parâmetros de cálculo. Ainda assim, verificaram-se alguns problemas com a aplicação da metodologia bem como do acesso à informação geográfica indicada nas OENR da RT-CNT Nº1/2017.

Em 2019, o Decreto-Lei n.° 124/2019, de 28 de agosto veio alterar o regime jurídico da Reserva Ecológica Nacional sendo que, posteriormente, surgiu a Portaria n.° 336/2019, de 26 de setembro. Nela se ajustou o método de cálculo das AEREHS e clarificou-se “a possibilidade de adoção de diferentes limiares de perda de solo em função da intensidade dos processos erosivos e da perda relativa do solo no contexto da diversidade das unidades territoriais regionais e sub-regionais”.

1.1.1. Delimitação da REN dos municípios de Alenquer, Azambuja e

Cadaval

Os municípios de Alenquer e Cadaval possuem delimitações de REN sendo que ambas detêm mais de 10 anos de vigência, não tendo sofrido quaisquer alterações até à data. A REN do município de Alenquer foi aprovada a 4 de abril de 1996 pela Resolução do Concelho de Ministros n.° 66/96, e a Resolução do Concelho de Ministros n.° 189/97 aprovou a REN do município do Cadaval a 3 de outubro de 1997. Atualmente encontram-se em revisão novas propostas de delimitação de REN para estes municípios5.

Relativamente ao município de Azambuja, até ao momento, não possui nenhuma delimitação de REN. Contudo, existe uma proposta por parte deste município encontrando-se em análise5. De referir que nestas situações, a aprovação da revisão do PDM é condicionada à realização da delimitação de REN, de acordo com o Artigo 42.° do Decreto-Lei n.° 166/2008, de 22 de agosto, alterado pelo Decreto-Lei n.° 239/2012, de 2 de novembro. 5 Segundo informação da Divisão de Planeamento e Informação (DPI) da ARHTO.

(27)

11

1.2. Erosão Hídrica do Solo

1.2.1. Erosão do Solo

O solo é caracterizado como um sistema dinâmico, sendo um dos recursos mais importantes do mundo para a Biosfera e os Ecossistemas. Em Portugal, “os solos de qualidade são escassos e estão seriamente ameaçados, principalmente pela Selagem/Impermeabilização, Erosão e Perda de Matéria Orgânica” (DGADR, 2009). A erosão do solo é e continua a ser um problema ambiental importante assim como uma grande ameaça para várias regiões do mundo (FAO, 2019). Relativamente ao conceito em si, este pode definir-se como: “O desgaste da superfície terrestre pela ação da chuva ou água de irrigação, vento, gelo ou outros agentes naturais ou antropogénicos abrasivos que têm a capacidade de remover material de origem geológica ou solo, de um ponto sobre a superfície terrestre e depositá-lo noutro lugar.” (SSSA - Soil Science Society of America, 2008).

A perda de capacidade de absorção e armazenamento de água no solo é o motivo pelo qual ocorre a erosão (Imeson & Curfs, s.d.). Este é um processo bastante complexo pois depende de acordo com Morgan (2005), de vários fatores (Figura 2), que se modificam no tempo e no espaço (Pimenta, 1995). Elaborado com base em Morgan, 2005 O processo de erosão de solo implica essencialmente três fases (Ferreira, 2005): 1) Desagregação de partículas; 2) Transporte ao longo das vertentes pelos agentes erosivos, água ou vento; 3) Deposição de partículas. Fatores determinantes a erosão do solo Erosividade do agente erosivo Erodibilidade do solo Declive e comprimento das vertentes Coberto vegetal Figura 2 - Fatores que controlam a erosão do solo

(28)

12 A degradação dos solos, a diminuição da aptidão agrícola e florestal são consequências da erosão do solo no território. A intensidade deste fenómeno varia conforme a quantidade de material que se desagrega e a capacidade dos agentes erosivos (Ferreira, 2005). Sendo o vento e a água os agentes mais importantes e comuns, consideram-se dois tipos de erosão do solo: a Erosão Eólica e a Erosão Hídrica.

1.2.2.

Erosão Hídrica do Solo

Na União Europeia, a erosão hídrica do solo é uma das principais ameaças aos solos pois é a responsável pela maior perda de solo no território comparativamente a outros processos de erosão, como por exemplo a erosão eólica (Panagos et al., 2015c). Constituindo um problema ambiental bastante preocupante, este tipo de erosão pode, em situações extremas, conduzir a um processo de desertificação no território.

Nos processos de erosão hídrica, a chuva caracteriza-se como um elemento modelador das vertentes pela sua capacidade de transporte e remoção de sedimentos. O impacto das gotas da chuva no solo (erosão de splash) e a escorrência superficial são os agentes principais neste processo (Roxo, 1994). Assim, a Figura 3 apresenta o processo de circulação da água nas vertentes, no qual se encontram representados várias interações nos diversos processos de remoção e transporte de sedimentos, bem como as variáveis envolvidas no processo. O escoamento pelas vertentes subsuperficial e superficialmente é condicionado por alguns elementos físicos como as construções, a vegetação, entre outros (Meneses, 2011).

Adaptado de Clark and Small, 1982, in Meneses, 2011 Figura 3 – Circulação da água nas vertentes

(29)

13 Segundo Imeson & Curfs (s.d.), existem vários tipos de erosão hídrica do solo, sendo os mais comuns:

§ Erosão de Splash é o impacto que as gotas da chuva têm no solo, sendo um importante agente de desagregação e movimento pelo ar de partículas de solo. Quanto maior for a intensidade da precipitação e menos protegido o solo estiver mais é propício a este tipo de erosão (Ferreira, 2005);

§ Erosão Laminar (sheet erosion) consiste na remoção uniforme de finas camadas de solo pelas gotas da chuva e escoamento da água. Este tipo dá origem à perda de partículas que contém matéria orgânica e os nutrientes mais ricos; § Erosão em Sulcos (rill erosion) ocorre em terrenos declivosos, quando o

escoamento da água se concentra em certos locais e possui um caudal suficiente para remover e arrastar solo. O progressivo alargamento dos sulcos pode dar origem à erosão em ravinas;

§ Erosão em Ravinas (gully erosion) designada também por erosão em barrancos, é segundo Imeson & Curfs (s.d.), “o processo de erosão pelo qual a água se acumula e corta, entalha canais estreitos, por curtos períodos de tempo, que removem o solo desta área até profundidades consideráveis”. A erosão em ravinas corresponde a uma etapa muito avançada da erosão e cada ravina detêm entre 0,5m até 25 a 30m de profundidade, distinguindo-se da erosão em sulcos; § Erosão em Túnel (piping erosion) consiste em estruturas subterrâneas de

tuneis ou tubos estreitos, formadas pelo escoamento subsuperficial (Ferreira, 2005). Estes acontecem frequentemente em solos que possuem camadas ricas em argila, ou camadas com materiais que se dispersam espontaneamente na água durante chuvadas (Imeson & Curfs (s.d.)).

A Figura 4 demonstra três dos cinco tipos de erosão hídrica do solo definidos anteriormente.

In Soil erosion: the greatest challenge to sustainable soil management, FAO, 2019

(30)

14 De entre os vários modelos para avaliação da suscetibilidade à erosão hídrica do solo, no presente trabalho, é utilizado o modelo USLE (Universal Soil Loss Equation), ou EUPS (Equação Universal de Perda de Solo), sendo o método mais comum e utilizado em Portugal continental no âmbito da REN de acordo com as orientações estratégicas. Este modelo encontra-se descrito mais detalhadamente no capítulo 3.

(31)

15

2. Caracterização da Região de Lisboa e Vale do Tejo

Localizada na costa oeste de Portugal continental, com uma área de 12 216 km2, correspondendo a aproximadamente 14 % do território nacional, encontra-se a região de Lisboa e Vale do Tejo (RLVT). Esta é composta por cinquenta e dois municípios agrupados em quatro sub-regiões estatísticas (NUTS III): Área Metropolitana de Lisboa (AML), Lezíria do Tejo, Médio Tejo e Oeste (Figura 5). De acordo com a Figura 6, a população residente na região de Lisboa e Vale do Tejo tem vindo a aumentar nos últimos três anos. Em 2018, residiam 3.650.935 pessoas na região, segundo informação do INE.

(32)

16 Fonte: INE (2018)

A densidade populacional (Figura 7) na RLVT é bastante superior à maior parte das outras regiões do País, detendo maioritariamente valores entre 51 e 150 de habitantes/ km2. Figura 6 - Evolução da população residente na região de Lisboa e Vale do Tejo Figura 7 - Densidade populacional na Região de Lisboa e Vale do Tejo em 2018

(33)

17 Deste modo, observa-se que existem diferenças entre as sub-regiões: a Área Metropolitana de Lisboa (AML) detém uma maior concentração de população (com valores entre 1001 e 7641 hab/km2), sendo fortemente urbanizada e o Oeste, Médio Tejo e Lezíria do Tejo, onde predominam as áreas rurais, possuem valores populacionais relativamente mais baixos.

Ocupando uma parte considerável do território, são várias as áreas de grande interesse para a conservação da biodiversidade e natureza na RLVT, que pertencem à Rede Nacional de Áreas Protegidas (RNAP)6 (Figura 8). Na AML destacam-se as reservas naturais dos estuários do Tejo e Sado e os parques naturais da Arrábida e Sintra-Cascais. Por sua vez, no Oeste e Vale do Tejo localiza-se a Reserva Natural das Berlengas, o Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros e a Paisagem Protegida da Serra de Montejunto (CCDR-LVT REOT, 2017). In REOT LVT, 2017

A Região de Lisboa e Vale do Tejo enquadra-se em três unidades morfo-estruturais:

§ Bacia Terciária do Tejo e do Sado – onde predominam as áreas planas e de baixa altitude (inferiores a 100 m), sendo que ocupam a maior parte do território. 6 Definido pelo Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF)

(34)

18 Localizadas principalmente na Lezíria do Tejo, estas formam a extensa planície sedimentar da bacia do rio Tejo (CCDR-LVT, 1998);

§ Maciço Antigo - é uma das unidades geomorfológicas mais importantes do território nacional, constituído por superfícies de aplanamento de média altitude, localizado a nordeste no limite da RLVT (CCDR-LVT, 1998); § Orla Mesocenozoica Ocidental – integra a sub-região do Oeste, e nesta encontra-se o Maciço Calcário Estremenho onde se situam as Serras de Aire, Candeeiros e Montejunto (com altitudes superiores a 700 m). A sul, na Península de Setúbal, destaca-se a Serra da Arrábida (com 501m de altitude) (CCDR-LVT, 1998).

Os solos da RLVT caracterizam-se essencialmente como solos férteis, favoráveis para as práticas agrícolas. Através da Figura 9, observa-se que o rio Tejo atravessa as regiões da Lezíria e Médio Tejo, sendo que os estuários do Tejo e do Sado detêm uma importância significativa no património hidrográfico da região. De referir que a rede hidrográfica da bacia do Tejo abrange a maior parte da região de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR-LVT, 1998).

(35)

19

2.1.1. Caracterização dos municípios

Para o presente estudo, foram selecionados três municípios da região de Lisboa e Vale do Tejo, contíguos e com características distintas entre si, que permitissem uma diversidade de condições fisiográficas: Alenquer, Azambuja e Cadaval (Figura 10).

Localizado na sub-região do Oeste, encontra-se o município de Alenquer com uma área de 304 km² e 43 596 de habitantes (20187). Possui onze freguesias: Abrigada e Cabanas de Torres, Aldeia Galega da Merceana e Aldeia Gavinha, Alenquer (Santo Estêvão e Triana), Carnota, Carregado e Cadafais, Meca, Olhalvo, Ota, Ribafria e Pereiro de Palhacana, Ventosa e Vila Verde dos Francos (Figura 10).

A leste do município de Alenquer, com uma área de 263 km² e 22 445 de habitantes (20187), encontra-se o município de Azambuja que pertence à sub-região da Lezíria do Tejo. Este é subdividido em sete freguesias: Alcoentre, Aveiras de Baixo, Aveiras de Cima, Azambuja, Manique do Intendente, Vila Nova de São Pedro e Maçussa, Vale do Paraíso e Vila Nova da Rainha (Figura 10).

Por último, situado também na sub-região do Oeste encontra-se o município do Cadaval com 175 km² de área e 13 627 de habitantes (20187). Por sua vez é composto por

7 INE - População residente (N.º) por Local de residência (NUTS - 2013), Sexo e Grupo etário; Anual - INE, Estimativas anuais da população residente

(36)

20 sete freguesias: Alguber, Cadaval e Pêro Moniz, Lamas e Cercal, Painho e Figueiros, Peral, Vermelha e Vilar (Figura 10).

De forma a analisar a morfologia do território dos três municípios, o Modelo Digital do Terreno (MDT) é fundamental. A sua criação foi efetuada através da altimetria disponível para os concelhos em questão, sendo que todo o processo se encontra descrito pormenorizadamente no subcapítulo 3.2.2.

Assim, a partir do MDT obteve-se a altitude (Figura 11) e foi possível derivar os declives (Figura 12) da área em estudo. Observa-se, deste modo, que Alenquer e Cadaval são os municípios com altitudes mais elevadas, e que Azambuja detém baixas altitudes. O município do Cadaval insere-se principalmente na Orla Mesocenozoica Ocidental, sendo atravessado pela serra de Montejunto (666 m) que é a unidade geomorfológica que mais se destaca neste município. Pertencendo ao município do Cadaval, esta serra também faz parte do concelho de Alenquer. Assim, com grande diversidade paisagística, este município é maioritariamente caracterizado por um relevo acidentado, delimitado a norte pela serra de Montejunto e a sul pelas zonas de planícies correspondentes às baixas superfícies. Por sua vez, o município de Azambuja é essencialmente plano, destacando-se a planície aluvionar do rio Tejo no sul do território. As áreas de maior altitude do concelho, encontram-se na zona norte, não ultrapassando 200 metros. As cotas mais baixas de toda a área em estudo, 0 metros, predominam no sul do município na planície do rio Tejo.

Os declives são maioritariamente superiores a 5° e inferiores a 25°. No geral, verifica-se que as áreas mais elevadas do território são as que expressam maiores declives, evidenciando-se principalmente a Serra de Montejunto com declives superiores a 25° bem como a Serra da Ota, que também se destaca na Figura 12. Na zona da Lezíria, no sul do município de Azambuja, encontram-se as áreas mais baixas de toda a área de estudo e deste modo, os declives variam entre 0° e 2°.

(37)

21 Figura 11 - Altitude (m) nos municípios de Alenquer, Azambuja e Cadaval

Figura 12 – Declives (graus) nos municípios de Alenquer, Azambuja e Cadaval

(38)

22 Relativamente à hidrografia do território (Figura 13), destacam-se duas bacias hidrográficas distintas: bacia das Ribeiras do Oeste (RH4) e a bacia do Rio Tejo (RH5).

O concelho do Cadaval insere-se integralmente na bacia hidrográfica das Ribeiras do Oeste, sendo que as principais linhas de água são rio Real, o rio Arnóia, o rio Bogotá, o rio Santo António (afluente direito do rio Bogotá) e o rio da Corga. Alenquer e Azambuja pertencem ambas à bacia hidrográfica do Rio Tejo. Contudo a norte do município de Alenquer insere-se um pouco na bacia das Ribeiras do Oeste. Neste concelho, o Rio Alenquer, o Rio Ota, a Vala de Archino e o Rio Grande da Pipa são as linhas de água principais. Por fim, no concelho de Azambuja, destaca-se o rio Tejo a sul, mas também as linhas de água como o Rio Alenquer, o Rio Ota, o Rio de Valverde. Figura 13 – Principais cursos de água nos municípios de Alenquer, Azambuja e Cadaval

(39)

23 São vários os tipos de solos que existem nos três municípios em estudo. Através do Quadro 4, verifica-se que predominam na área em estudo os solos mediterrâneos (28,58%) e os solos calcários (21,59%). Junto ao rio Tejo, prevalecem os solos salinos (6,17%) e os aluviossolos (8,24%).

A Figura 14 apresenta a Carta de Ocupação do Solo (COS) de 2015, da Direção-Geral do Território (DGT), para os municípios de Alenquer, Azambuja e Cadaval. Ao analisar a área em estudo, observa-se que estes municípios são essencialmente florestais, com cerca de 47 %, seguindo-se da classe das áreas agrícolas com aproximadamente 45 % da área em estudo (Quadro 5). Estas são as duas classes predominantes nos três municípios em estudo. As áreas urbanas ocupam sensivelmente 7 % sendo que as zonas húmidas e os corpos de água detêm as percentagens de área mais baixas do território.

Quadro 4 – Frequência dos tipos de solo (Carta de Solos - DGADR) nos municípios de Alenquer, Azambuja e Cadaval

Tipos de Solos Área (%)

Aluviossolos 8,24 Coluviossolos 3,47 Litossolos 0,08 Regossolos 0,01 Solos Litólicos 10,21 Solos Calcários 21,59 Barros 1,08 Solos Mólicos 1,21 Solos Mediterrâneos 28,58 Solos Podzolizados 12,35 Solos Salinos 6,17 Solos Hidromórficos 1,59 Afloramento Rochoso 1,54 Áreas Sociais 3,88

(40)

24

Quadro 5 – Frequência das classes de Ocupação do Solo (2015) nos municípios de Alenquer, Azambuja e Cadaval

Tipo de cobertura e uso do solo (Nível 1) Área (%) Florestas e Meios Naturais e Semi-Naturais 46,78 Áreas Agrícolas e Agro-Florestais 44,99 Territórios Artificializados 7,07 Corpos de Água 0,99 Zonas Húmidas 0,16 Figura 14 - Ocupação do Solo (2015) nos municípios de Alenquer, Azambuja e Cadaval

(41)

25

3. Metodologias e Informação Geográfica

3.1. Metodologias

Para avaliar a suscetibilidade à erosão hídrica do solo a nível regional e municipal utilizaram-se três metodologias distintas (Quadro 6). De seguida, estas encontram-se descritas com maior pormenor.

Um ano após a publicação do Decreto-Lei n.° 166/2008, de 22 de agosto, surge o relatório sobre a “Reserva Ecológica Nacional do Oeste e Vale do Tejo, Quadro de Referência Regional” de (Ramos et al., 2009), a que se seguiu o relatório “Reserva Ecológica Nacional da Área Metropolitana de Lisboa, Quadro de Referência Regional” (Ramos et al., 2010), com o objetivo de aplicar um modelo que possibilitasse o cálculo da erosão hídrica do solo e a definição de limiares para integrar áreas em REN, permitindo ainda uma imagem de conjunto da REN a nível regional.

8 Valor de referência de limite máximo de perda de solo admissível

Quadro 6 - Metodologias utilizadas para o cálculo da erosão hídrica do solo

Metodologia Expressão para o Cálculo Classificação dos Resultados Quadro de Referência Regional (QRR) § Metodologia de Monturiol et al. (1978) Cruzamento de 2 variáveis: § Declive § Erodibilidade Média dos Solos Resolução do Conselho de Ministros (RCM) n.° 81/2012, de 3 de outubro, retificada pela Declaração de Retificação n.° 71/2012, de 30 de novembro § Aplicação da Equação Universal de Perda de Solo (EUPS) adaptada a Portugal continental e cálculo da perda de solo específico (Pse), com base nos estudos de Wischmeier e Smith (1978) e de Ferro, Giordano e Iovino (1991) A = 2,24 × R × K × LS × C × P SDR = 0,332 Ab-0,2236 Pse = SDR × A Portaria n.° 336/2019, de 26 de setembro, que se encontra atualmente em vigor § Apoia-se na identificação da Erosão Potencial do Solo A = R × K × LS Caso se considere o P: A = R × K × LS × P Erosão Potencial do Solo (ton/ha.ano) 25 ton/ha.ano8

(42)

26 Deste modo, utilizou-se a metodologia de Monturiol et al. (1978) que defende a variação da erosão potencial conforme o cruzamento de dois fatores: § O Declive (D); § A Erodibilidade Média dos Solos (K). O declive (em percentagem) foi classificado em 5 classes e a erodibilidade média dos solos (K em unidades do Sistema Internacional (SI)) em 3 classes. Cruzando estes dois fatores obtiveram-se 5 classes de suscetibilidade à erosão hídrica (Quadro 7). Risco de erosão hídrica do Solo Re 1 – Sem risco Re 2 – Baixo

Re 3 – Moderado

Re 4 – Elevado

Re 5 – Muito elevado A delimitação das áreas de elevado risco de erosão do solo (AEREHS) tem por base a Equação Universal de Perda de Solo (EUPS) de Wischmeier e Smith (1978), com os ajustes necessários para Portugal continental e aplicada somente ao escoamento não concentrado em vertentes. Deste modo, a segunda metodologia de cálculo que se apresenta é de acordo com as OENR aprovadas pela Resolução do Conselho de Ministros n.° 81/2012, de 3 de outubro de 2012, retificada pela Declaração de Retificação n.° 71/2012, de 30 de novembro. Com objetivo de ajudar no processo de cálculo, foi ainda elaborado o Guia Metodológico para a Delimitação da Reserva Ecológica Nacional em Lisboa e Vale do Tejo (CCDR-LVT, 2015). Neste caso, o processo de cálculo consiste essencialmente em duas fases: Quadro 7 - Classificação dos fatores e respetivas classes de suscetibilidade à erosão hídrica do solo. DECLIVES (%) ERODIBILIDADE (K em unidades SI) Er1: Fraca (≤ 0,030) (0,030 – 0,045) Er2: Moderada Er3: Elevada (≥ 0,045) D1: [0 – 5] Re 1/2 Re 1/2 Re 1/2

D2: ]5 – 8] Re 2 Re 3 Re 4

D3: ]8 – 15] Re 3 Re 4 Re 5

D4: ]15 – 25] Re 4 Re 5 Re 5

(43)

27

1) Estimar a erosão específica do solo (A) segundo a seguinte expressão: 𝐴 = 2,24 × 𝑅 × 𝐾 × 𝐿𝑆 × 𝐶 × 𝑃

Onde:

2,24 — constante que visa a conversão das unidades anglo-saxónicas para o

Sistema Internacional (SI); R — fator de erosividade da precipitação em T.pé/acre; K — fator relativo à erodibilidade dos solos em unidades métricas; LS — fator topográfico, adimensional; C — fator relativo à ocupação do solo; P — fator antrópico, relativo à densidade populacional. 2) Estimar a perda de solo específico (Pse), expressa pela seguinte equação: 𝑃𝑠𝑒 = 𝑆𝐷𝑅 × 𝐴 Onde: A – é a erosão específica do solo;

SDR – é a Razão de Cedência de Sedimentos de acordo com a seguinte

expressão:

𝑆𝐷𝑅 = 0,332𝐴234,5567

Em que:

Ab – é o valor da área de drenagem em km2, calculado a partir do mapa de

sentido de fluxos, criado a partir do MDT com resolução de 10m.

Por último, efetuou-se o cálculo das AEREHS de acordo com a Portaria n.° 336/2019, de 26 de setembro que aprovou a revisão das OENR previstas no Regime Jurídico da Reserva Ecológica Nacional (REN). Relativamente à tipologia anterior, ajustou-se o método de cálculo, nomeadamente um dos fatores, o LS, em que se passou a utilizar a fórmula da EUPS revista (RUSLE), aplicada somente ao escoamento não concentrado em

vertentes. “[…] Foi ainda clarificada a possibilidade de adoção de diferentes limiares de

perda de solo, em função da intensidade dos processos erosivos e da perda relativa do solo no contexto da diversidade das unidades territoriais regionais e sub-regionais”9. Assim, pretende-se efetuar o cálculo somente com as características do solo para efeitos de erosão potencial, de acordo com a seguinte expressão: 𝐴 = 𝑅 × 𝐾 × 𝐿𝑆 Onde: A é a perda de solo calculada, expressa em t ha-1 ano-1; 9 Disponível em: https://dre.pt/home/-/dre/125002934/details/maximized

(44)

28

R é o fator de erosividade da precipitação, expresso em MJ mm ha-1 h-1 ano-1;

K é o fator relativo à erodibilidade do solo, expresso em t h ha MJ-1 ha-1 mm-1;

LS é o fator topográfico, adimensional.

Uma das principais alterações no cálculo das áreas de elevado risco de erosão hídrica do solo é o facto de não serem considerados os fatores C, P, SDR (Razão de Cedência de Sedimentos) e Pse (Perda de Solo Específico). Todavia, caso as práticas agrícolas contenham socalcos e/ou muros de contenção de terra que contribuem de forma significativa para a redução da erosão potencial do solo, deve ser considerado o fator P, de acordo com a seguinte expressão: 𝐴 = 𝑅 × 𝐾 × 𝐿𝑆 × 𝑃 Onde: P é o fator de prática de conservação do solo, adimensional.

Relativamente às metodologias utilizadas, optou-se para ambas as escalas pela legislação mais recente, do cálculo da Erosão Hídrica Potencial (Portaria n.° 336/2019), o que permite a sua comparação. À escala regional, utilizou-se a metodologia do Quadro de Referência Regional pois já tinha sido testada neste contexto. E por sua vez, à escala municipal aplicou-se a metodologia da Perda de Solo Específico (Declaração de Retificação n.° 71/2012) sendo que é a que precede à Portaria n.° 336/2019 mas também a que foi mais aplicada no contexto municipal.

(45)

29

3.2. Informação Geográfica

Para avaliar a suscetibilidade à erosão hídrica procurou-se informação recente que respeitasse as listas de fonte de informação das metodologias utilizadas. Todos os processos para a delimitação das AEREHS foram efetuados com recurso ao software ArcGIS (ArcMap 10.6.1) da ESRI. Os dados foram trabalhados e transformados para o sistema de coordenadas PT-TM06/ ETRS89 que é o sistema de referência oficial utilizado para Portugal continental.

A informação de base, bem como os resultados obtidos em estrutura matricial, encontram-se com uma resolução de 100 m à escala regional e 5 m à escala municipal.

O Quadro 8 apresenta a informação geográfica utilizada para o cálculo à escala regional. Procurou-se informação de pequena e média escala, que permita identificar territórios contrastados.

Relativamente à informação utilizada do JRC relativa à erosividade de precipitação e à erodibilidade dos solos referentes à Europa, estas têm aproximadamente um valor de erro de 1 km quanto aos limites litorais da região de Lisboa e Vale do Tejo. Foi necessário trabalhar estes dados de modo a corrigir o erro mencionado, mas no caso da erodibilidade dos solos, também foi preciso verificar as áreas urbanas e corrigi-las com a ajuda da informação do Corine Land Cover (CLC 2018).

Quadro 8 - Informação geográfica à escala regional

Informação Tipo de Informação Fonte Escala/

resolução Modelo SRTM para Portugal continental Matricial com a resolução de 80 metros 10 NASA/JPL 80 m Erosividade de Precipitação - Rainfall Erosivity in the EU and Switzerland (R-factor) Matricial (TIFF) com resolução de 500 metros 11 Join Research Centre (JRC) 500 m Erodibilidade dos Solos - Soil Erodibility (K- Factor) High Resolution dataset for Europe Matricial (TIFF) com resolução de 500 metros 12 Join Research Centre (JRC) 500 m

Corine Land Cover (CLC) 2018 Vetorial (shapefile) 13 Copernicus Land

Monitoring Service 1/100 000 10 Disponível em: https://www.fc.up.pt/pessoas/jagoncal/srtm/ 11 Disponível em: https://esdac.jrc.ec.europa.eu/content/rainfall-erosivity-european-union-and-switzerland 12 Disponível em: https://esdac.jrc.ec.europa.eu/content/soil-erodibility-k-factor-high-resolution-dataset-europe#tabs-0-description=0 13 Disponível em: https://land.copernicus.eu/pan-european/corine-land-cover/clc-2012?tab=download

(46)

30 À escala municipal procurou-se utilizar, sempre que possível, informação com uma escala de maior pormenor. Assim, o Quadro 9 apresenta os dados utilizados para avaliar a suscetibilidade à erosão hídrica do solo nos municípios de Alenquer, Azambuja e Cadaval.

3.2.1. Tratamento e Preparação dos Dados

Previamente ao início dos procedimentos de cálculo, a verificação da informação é fundamental. Constatou-se, após essa verificação que as curvas de nível dos municípios em estudo não se ligavam entre si, tendo sido necessário proceder à sua edição manualmente. Estas são essenciais para posteriormente criar o modelo digital do terreno (MDT). A Figura 15 apresenta o antes e o depois da edição efetuada a uma parte da área de estudo.

Quadro 9 - Informação geográfica à escala municipal

Informação Tipo de Informação Fonte resoluçãoEscala/

Concelhos de Portugal (CAOP 2017) Polígonos dos limites administrativos Direção Geral do Território (DGT) 1/25 000 Altimetria dos municípios de Alenquer, Azambuja e Cadaval Curvas de nível (5 m) e pontos cotados Câmara Municipais de Alenquer, Azambuja e Cadaval 1/10 000 Erosividade da Precipitação para Portugal continental Matricial (25m), baseado no modelo de precipitação do projeto "Potential Land-Use Ecological Plan. Application to Portugal - PTDC/AUR-URB/119340/2010" com resolução de 1 km. Pena, 2016 1 km “Mapa da Erosividade da Precipitação” Matricial (250m), para eventos com precipitação total superior a 50,8 mm, referentes a 449 postos udométricos de Portugal continental INAG/DMSIDH 2003 250 m

Carta de Solos de Portugal Polígonos Direção Geral da Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR) 1/25 000 Cartografia de Ocupação do Solo (COS 2015) Polígonos Direção Geral do Território (DGT) 1/25 000

Imagem

Figura 5 - Limites administrativos e concelhos da Região de Lisboa e Vale do Tejo
Figura 6 - Evolução da população residente na região de Lisboa e Vale do Tejo
Figura 13 – Principais cursos de água nos municípios de Alenquer, Azambuja e Cadaval
Figura 14 - Ocupação do Solo (2015) nos municípios de Alenquer, Azambuja e Cadaval
+7

Referências

Documentos relacionados

S~o um tan to semelhantes aos calcários fitados intercalados superiores e são cortados por canais de dissoluç~o preenchidos por argilas e margas de coloração

As formações aquíferas principais deste sistema, na margem direita do Tejo, são os Arenitos da Ota e os Calcários de Santarém e não se dispõe de informação suficiente para

Assim, de montante para jusante: na Boavista (Coimbra) as aluviões sobrepõem-se aos arenitos triásicos; os calcários dolomíticos e calcários margosos servem de substrato nos Campos

O risco de desenvolver um coágulo sanguíneo numa veia é mais elevado durante o primeiro ano de toma de um contracetivo hormonal combinado pela primeira vez.. O risco poderá também

Focar em um dos problemas da reflexão filosófica sobre a estética é se o componente sensível das artes é antagônico ou complementar na busca da verdade pela racionalidade

Para se ter acesso a essa rede internacional, usa-se os serviços do chamado PROVEDOR DE ACESSO, que funciona como uma espécie de "chave que destranca a porta

(Docente): Curso de Extensão Desempenho em Torres de Resfriamento; Outra produção técnica; Capacitação dos estudantes de graduação, mestrado e doutorado da Escola Politécnica

Este trabalho discute a biblioteca ClanLib, que foi escolhida para aparecer como destaque nesse artigo devido ao fato de que, incorporando as bibliotecas citadas