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Artigo: ATIVIDADES NÃO PESQUEIRAS NAS COLÔNIAS DE PECADORES DA REGIÃO DO ESTUÁRIO DA LAGOA DOS PATOS NO RIO GRANDE DO SUL

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Artigo:

ATIVIDADES NÃO PESQUEIRAS NAS COLÔNIAS DE PECADORES DA REGIÃO DO ESTUÁRIO DA LAGOA DOS PATOS NO RIO GRANDE DO SUL

Autor, CPF e Endereço:

Marco Aurelio Alves de Souza CPF: 749469430-72

Endereço Particular: Rua República de Cuba, 733; Bairro Buchholz; CEP 96212-060 Rio Grande - RS Fone: (53)230.1079

E-mail: marcoaadesouza@yahoo.com.br

Grupo de Pesquisa Sugerido:

- Grupo 7 – Agricultura Familiar Forma de Apresentação:

- Pôster

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ATIVIDADES NÃO PESQUEIRAS NAS COLÔNIAS DE PECADORES DA REGIÃO DO ESTUÁRIO DA LAGOA DOS PATOS NO RIO GRANDE DO SUL

Marco Aurélio Alves de Souza

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RESUMO – Este artigo tem por objetivo verificar a importância da pluriatividade entre os pescadores artesanais que vivem no estuário da Lagoa dos Patos no Rio Grande do Sul. As famílias pluriativas, atualmente, são caracterizadas por combinarem atividades do setor pesqueiro com outras atividades (não pesqueiras), verificando novas formas de ocupação para a força de trabalho. Entre as conclusões desse artigo aponta-se para a necessidade de intensificar os estudos referentes a pluriatividade entre os pescadores artesanais, pois nas famílias de pescadores artesanais a pluriatividade possui grande importância na geração de renda, apesar de representarem atividades em sua maioria informais.

Palavras-Chaves: Pesca Artesanal, Pluriatividade e Rio Grande do Sul

1 INTRODUÇÃO 1.1 APRESENTAÇÃO

No Rio Grande do Sul, a atividade econômica da pesca, iniciou nas últimas décadas do século XIX com imigrantes portugueses, originários de Póvoa do Varzim. A maior parte desses imigrantes que chegou ao Estado se instalou nos municípios que fazem parte do estuário da Lagoa dos Patos que compreende Rio Grande, Pelotas, São José do Norte e São Lourenço do Sul.

As condições geográficas do Estado propiciaram o crescimento dessa atividade por três motivos: pelo litoral do Rio Grande do Sul ser propício para pesca marítima; os lacustres e lagunas interiores serem ideais para pesca de água doce, e pela área sul da Lagoa dos Patos (uma das lagoas localizadas no estado do Rio Grande do Sul) ser adequada à pesca estuarina.

A pesca artesanal era o principal tipo de pesca praticada no Estado até a década de cinqüenta do século XX. Segundo Furg (1996), essa atividade continua sendo realizada intensamente no Rio Grande do Sul, sendo que a região sul da Lagoa dos Patos concentra a maior parte da pesca artesanal no Sul do país.

Todavia, desde o final do século passado, já existiam indústrias pesqueiras no Estado, as quais se caracterizavam por utilizarem mão-de-obra familiar e por atuarem no preparo do peixe salgado, que era exportado para as capitais brasileiras e para a Europa.

Na primeira metade do século XX, existiam mais de 20 indústrias do tipo familiar no estado do Rio Grande do Sul, localizadas, em sua maioria, no município de Rio Grande, as quais continuaram concentradas neste município, devido às condições geográficas do mesmo, que permite acesso ao mar e à embarcações de grande porte, e também por existir nessa cidade o maior porto da Região Sul do Brasil, com condições de receber e de enviar grande volume de pescado.

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Professor Assistente da Escola de Ciência Econômico-Empresariais e Pesquisador do Núcleo de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Sociais da UCPel. E-mail: marcoaadesouza@yahoo.com.br. Endereço Particular:

Rua República de Cuba, 733. Bairro: Buchholz, CEP: 96212-060, Rio Grande – RS.

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A existência das indústrias familiares de preparo de peixe salgado, a geografia do Estado, a mão-de-obra disponível (pescadores artesanais) e a localização dos municípios do estuário junto às fontes de matéria-prima contribuíram para desenvolver, sobretudo a partir dos anos sessenta do século XX, o maior parque industrial pesqueiro do Estado nesses municípios.

Além das características básicas favoráveis ao advento e ao crescimento da atividade pesqueira no estado do Rio Grande do Sul, Souza (2001) cita outras, não menos importantes, como: a política econômica do governo federal de promoção à pesca, concedendo incentivos fiscais; o crédito do Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR); os desembolsos de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); o crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) e a política econômica de promoção do governo estadual, liberando crédito à pesca pelo Fundo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento dos Pequenos Estabelecimentos (FEAPER) .

As características regionais e as políticas governamentais aplicadas ao desenvolvimento da pesca levaram, a princípio, ao crescimento do volume da produção, havendo, no entanto, posteriormente, uma queda. Especificamente, pelos dados do Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA, 2000), os desembarques totais passaram de 26.283 toneladas em 1960, chegando ao seu ponto máximo no ano de 1973, com 105.456, sendo esse o maior volume de desembarque do pescado, com tendência decrescente nos anos seguintes, chegando em 1997 com 40.783 toneladas.

Esse decréscimo da produção está ligado, segundo Abdallah (1998), à sobrepesca de algumas espécies, fenômeno que ocorre devido à característica inerente ao recurso pesqueiro de ser um bem natural e de livre acesso. Tal característica de livre acesso oferece condição a quem é pescador de explorar o recurso pesqueiro livremente em toda a área de pesca, sem a preocupação da reposição desse recurso, pois essa reposição fica a cargo da natureza, já que é um bem natural, ou seja, que não precisa ser produzido para ser capturado.

Pela falta de matéria-prima pesqueira, Schmitt (1998) relata que o setor industrial pesqueiro gaúcho desacelerou após o forte crescimento da captura dos recursos pesqueiros no final dos anos 60 e início dos anos 70. Das trinta indústrias de pesca que existiam no Estado em 1980, restavam, em 1996, apenas nove, as quais se encontravam defasadas tecnologicamente, com mão-de-obra desqualificada e sem recursos financeiros para superar a crise.

A quebra das indústrias pesqueiras prejudicou também os pescadores artesanais, pois essas indústrias recebiam parte de sua produção, assim como a diminuição do estoque natural do pescado comprometeu, por conseqüência, a própria sobrevivência dos pescadores artesanais. Esses fatores, a quebra das indústrias e a diminuição do estoque natural de peixes (diminuição da produção) caracterizam a crise que se instalou na atividade pesqueira artesanal e industrial gaúcha, sobretudo a partir da década de oitenta.

2 JUSTIFICATIVA E PROBLEMA DE PESQUISA

Segundo Rangel (1995), a atividade econômica da pesca reunia em 1993, 17 colônias no Estado, envolvendo, direta e indiretamente, mais de 100 mil pessoas. A maior parte dessas colônias e as mais importantes estão localizadas na região sul do Estado.

Relata-se, também, que a pesca artesanal é importante para as economias litorâneas, pois abastece os mercados locais e regionais, além de ser a atividade principal e/ou única para a maioria dos pescadores artesanais (CABRAL, 1997).

Como forma de melhor justificar a importância e relevância desse artigo, destaco

conforme Schneider e Waquil (2001), que os municípios da região do estuarino da Lagoa dos

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Patos estão enquadrados dentre os municípios que apresentam pobreza no setor primário de sua economia, ou seja, apresentam indicadores que contribuem significativamente para configuração de um quadro social, econômico e produtivo marcado pela pobreza em áreas rurais, com indicadores de renda, de produtividade e de infra-estrutura que podem ser considerados insuficientes para prover condições adequadas de exploração econômica da terra que possam não apenas assegurar qualidade de vida mas preservar os recursos ambientais.

No caso específico da pesca em Rio Grande, segundo Maciel (1997), o pescador artesanal não só é o menos responsável pela pobreza e exclusão social que o setor pesqueiro vem apresentando de forma mais marcante nas duas últimas décadas, mas é a maior vitima da exploração irracional do pescado incentivado pelo programa de desenvolvimento aplicado à modernização desse setor a partir da década de 60, o qual não considerou a realidade pesqueira, pois resultou em benefícios restritos a pesca industrial, dado pelo crescimento do parque industrial pesqueiro, que como visto, gerou aumento e posterior queda da produção, resultando impactos negativos para a sobrevivência da comunidade local dos pescadores artesanais.

Portanto, o pescador artesanal é vitima devido ao fato de que a conservação do meio ambiente torna-se condição básica para sua própria existência, ou melhor, sua própria reprodução como ser social, dado que as transformações ocorridas no ambiente aquático refletem-se nesta comunidade.

Esse processo de destruturação econômica e social não é só peculiar da pesca artesanal da região a ser estudada, ou mesmo do setor primário dos municípios do meridional do Rio Grande do Sul, mas é um acontecimento que envolve outras atividades e regiões, resultado do processo de modernização da agricultura brasileira que se intensificou a partir de 1960 conhecido como “revolução verde”, onde o padrão agrícola utilizado incorporou a mecanização da agricultura e a utilização de insumos e defensivos químicos, também chamado de “quimificação agrícola”, integrando a agricultura à indústria ou dito de outra forma industrializando a agricultura.

Conforme Souza (2001), na industrialização do setor primário brasileiro o Estado teve um papel importante como investidor direto para internalização das indústrias de defensivos ou como fomentador das indústrias mecânicas de equipamento e máquinas para o processo produtivo agrícola e das indústrias de transformação do produto agrícola. Neste tipo de política estão as políticas públicas de fomento à atividade pesqueira que contribuíram para o surgimento das indústrias de transformação do pescado no Rio Grande do Sul nas décadas de 60 e 70.

Esse processo de industrialização da agricultura teve como resultados: o aumento da produtividade do trabalho agrícola, às vezes, com super exploração dos empregados; a diminuição das populações residentes no campo (êxodo rural); o crescimento extraordinário dos volumes de produção de alguns produtos, sobretudo, para produtos de exportação;

integração do meio rural com o restante da economia; urbanização do meio rural;

concentração fundiária; concentração da renda; além de problemas ecológicos como erosão e degradação dos solos agrícolas, poluição e esgotamento dos recursos naturais não-renováveis, entre outros.

No caso da pesca, os programas de promoção ao desenvolvimento postos em prática, nas últimas décadas, resultaram em benefícios restritos a pesca industrial e levaram ao crescimento do parque industrial com aumento e posterior queda da produção pesqueira e com impactos negativos, como pobreza e exclusão social, para a comunidade local dos pescadores, dado o desconhecimento da realidade pesqueira e os efeitos que as políticas iriam gerar.

Nos anos 70, esses resultados (positivos e negativos) começaram a ser percebidos,

surgindo questionamentos do uso desse modelo e, também, surgindo propostas alternativas de

desenvolvimento mais sustentável. Concomitante, nesse período, o Estado promotor e

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fomentador do desenvolvimento começa a entrar em colapso, que se intensifica nos anos 80, não só em nível nacional mas em vários países do mundo, tornando difícil de ser mantido o padrão de desenvolvimento agrícola inaugurado no pós-guerra.

Junta-se a isso o fato de que nas últimas décadas, vem sendo registrado um aumento das atividades não-agrícolas e pesquisas desenvolvidas, sobretudo, por Graziano da Silva, demonstram que a presença das atividades não-agrícolas na estrutura agrária brasileira tem assumido proporções significativas, apontando para a generalização dessas formas de ocupação em todas os tipos de categorias sociais presentes no campo. Por dados levantados pelo autor, nos anos noventa, as pessoas residentes em áreas rurais do Brasil e ocupadas em atividades não-agrícolas cresceram a uma taxa de 2,5% ao ano, enquanto a população economicamente ativa (PEA) ocupada em atividades agrícolas, no mesmo período caiu 2,2%

ao ano (GRAZIANO DA SILVA, 1999).

Neste mesmo sentido, os dados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (PNAD), realizada pelo IBGE, mostram que no ano de 1997 havia mais de 4 milhões de pessoas com domicílio rural no Brasil que estavam ocupadas nessas atividades não-agrícolas.

Especificamente, na região Sul do Brasil este fenômeno, também, é relevante havendo, em 1997, no conjunto dos três Estados a presença de 763 mil pessoas ocupadas em atividades não-agrícolas, de um total de 2,8 milhões de pessoas domiciliadas no meio rural, o que representa 27,25% do total das pessoas que vivem no meio rural da região e no período de 1992 e 1997, os ocupados em atividades não-agrícolas na região Sul cresceram a uma taxa de 3,9% ao ano, ao passo que os ocupados nas atividades agrícolas observaram uma expressiva queda de 4,1% no mesmo período. No Rio Grande do Sul, estas proporções registram uma queda de 2,8% ao ano nas atividades agrícolas e aumento de 1,7% ao ano nas atividades não- agrícolas.

No estudo de Biolchi e Jansen (2001) foi concluído que em aproximadamente 41%

dos domicílios agrícolas do Rio Grande do Sul havia a presença de trabalho não-agrícola de pelo menos um dos residentes e que nestes domicílios, a renda domiciliar média era maior em comparação aos domicílios não-pluriativos.

Segundo Wanderley (2001), o trabalho não-agrícola se torna, atualmente, uma necessidade estrutural, isto é, a renda obtida nesse tipo de trabalho vem a ser indispensável para a reprodução não só da família como do próprio estabelecimento familiar. Para Carneiro (1999), o trabalho fora da atividade primária, mas dentro da propriedade, pode ser considerado como um meio de impedir que as pessoas se desloquem para os centros urbanos e, também, para viabilizar economicamente as famílias que não conseguem, por motivos vários, sustentar-se exclusivamente em atividade do setor primário.

Com o novo rural conforme Flores e Macedo (1999, p.4) “surgem novas oportunidades de exploração, como o lazer associado ao convívio com o meio ambiente natural, a exemplo de hotéis-fazenda, turismo ecológico, artesanato rural, da agroindústria familiar, dentre outros. Inicia-se desse modo, um novo processo de sustentação do desenvolvimento, onde os elementos da cultura local são incorporados por novos valores, hábitos e técnicas. O território social torna-se a referencia qualificadora de um universo de relações sociais especificas. O conhecimento das especificidades locais possibilita o surgimento de soluções mais eficientes para as demandas sociais. Busca-se envolver os valores e os comportamentos dos locais, suscitando praticas imaginativas, atitudes inovadoras e espirito empreendedor. A perspectiva do novo mundo rural determina um conteúdo de sustentabilidade ao desenvolvimento local”.

Essa conjuntura mundial, conforme afirma Schneider (1999b), contribuiu para a

transformação da atividade agrícola e do espaço rural, a partir da década de 80, mas de forma

marcante nos anos 90, através da surgimento ou intensificação das atividades não-agrícolas,

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onde essas atividades são apontadas como uma das soluções aos problemas decorrentes da aplicação e do esgotamento do modelo de industrialização agrícola.

Como forma de ilustrar esse novo quadro, cito o estudo específico para sociedade camponesa da região da Serra Gaúcha, no qual Scheneider (1999a), verifica que as atividades não-agrícolas, as quais antes eram complementárias e esporádicas, assumem um caráter estável e decisório na manutenção da família e da propriedade, assim, houve uma inversão do papel que historicamente desempenhavam as atividades não-agrícolas nas sociedades camponesas.

Segundo Schneider (1999b), nos países desenvolvidos, especialmente na Europa a na América do Norte, o trabalho em atividades não agrícolas tem sido denominado de pluriatividade ou agricultura em tempo parcial e caracteriza-se por uma situação onde a família compõe seu orçamento com base na conjugação das receitas da produção agrícola e no desempenho de outras atividades rentáveis dentro ou fora da propriedade.

No caso dos Estrados Unidos onde a média nacional chega a 33%, ou na França, onde sobe para 50%, ou no Canadá onde vai a 56%, ou em Portugal onde chega a 78% e na Espanha, onde alcança 80% das unidades familiares que vivem no meio rural, mas se dedicam apenas parcialmente as atividades agrícolas. (OCDE, 1996).

Segundo Klein (1992), existe uma tendência de crescimento da população economicamente ativa ocupada em ramos de atividades não-agrícolas também na América Latina, dado que nos anos oitenta a PEA agrícola da região cresceu a uma taxa anual negativa de 0,8%, ao passo que a proporção de pessoas ocupadas em atividades não-agrícolas aumentou a uma taxa positiva de 3,4% o que é, inclusive superior ao crescimento da média total da PEA latino-americana, que foi de 2,6%. No conjunto da região, a PEA rural não- agrícola passou de 23,9% para 29,1%, registrando um crescimento de 5% nos anos oitenta.

Mesmo nos países de grande extensão territorial da América Latina, como o Brasil, o México e, em menor escala, a Colômbia, registra-se um crescimento bem mais favorável da PEA não- agrícola em relação à PEA ocupada na agricultura, o que demonstra que estas atividades não se constituem em fenômeno singular aos países de pouca extensão territorial.

Ou ainda, conforme Scheneider (1999b), os anos noventa houve quase uma compensação entre a queda das ocupações agrícolas (-4,5% e -2,2% ao ano, entre 1992 e 1997) e o aumento da ocupação em atividades não-agrícolas (5,6% e 2,5% ao ano, no mesmo período) no meio rural do Estado de Santa Catarina e no Brasil, respectivamente. No caso gaúcho esta queda do emprego agrícola não pode ser compesada pelo aumento das ocupações não-agrícolas (27.000), pois neste Estado, em apenas cinco anos a taxa de ocupação na agricultura caiu 2,8% a.a. (o que representou a perda de 148.800 postos de trabalho).

Especificamente, entre 1981 e 1997, conforme Schineider (1999c) a população economicamente ativa gaúcha (com 10 anos de idade ou mais), com domicílio rural, que estavam ocupada em atividades não agrícolas elevou-se de 276.500 para 324.100, registrando um aumento de quase 50 mil postos de trabalho. Entre 1992 e 1997 os ramos de atividades não agrícolas que mais cresceram no meio rural gaúcho foram a prestação de serviços (3%

a.a.), os serviços auxiliares de atividades econômicas (19,1,% a.a.) e o ramo de transportes e comunicação (7,4% a.a.), indicando que as atividades econômicas que mais crescem são aquelas associadas ao setor de serviços e da agregação de valor aos produtos agrícolas. Este crescimento das atividades não agrícolas fez com que em 1997 o meio rural gaúcho já contasse com 67.500 pessoas que podiam ser consideradas pluriativas, pois combinavam a agricultura com outras formas de ocupação não agrícola durante todo o ano.

Pelas constatações já citadas, da importância econômica e social das atividades não-

agrícolas e pelo fato de que a pesca é uma atividade importante e tradicional para a economia

gaúcha, mas está em crise. Por isso e por carecer de estudos com fins econômicos e sociais

que analisem a importância das atividades não pesqueiras para a atividade pesqueira artesanal,

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atualmente no Estado do Rio Grande do Sul, ressalta-se a importância desse estudo, de modo a obter maiores informações e conhecimento sobre o setor pesqueiro no Estado.

Ao caracterizar a problemática da atividade pesqueira, dos pescadores artesanais, das indústrias pesqueiras, da manutenção dos estoques de recursos pesqueiros e sabendo da atuação das atividades não-agrícolas no setor primário brasileiro e gaúcho, surge uma questão básica:

Em que medida a pluriatividade constitui uma escolha ou uma necessidade, em razão da insuficiência de renda gerada pela sobrepesca, o que impõe aos pescadores artesanais a necessidade de complementá-la pelo exercício de novas atividades?

3 OBJETIVO

Identificar a relevância das atividades pluriativas para as famílias ligadas à pesca artesanal, no estuário da Lagoa dos Patos no Rio Grande do Sul, através de uma revisão bibliográfica.

4 REFERENCIAL TEÓRICO 4.1 Pesca Artesanal: definições

Segundo Abdallah (1998), atividade pesqueira pode ser definida como aquela que compreende desde a captura até a venda do pescado diretamente ao consumidor ou para a indústria. Na cadeia produtiva pesqueira estão inseridas tanto as atividades fornecedoras de insumos (representadas por embarcações, redes, apetrechos de pesca, etc.), como as atividades de industrialização e comercialização do pescado.

Conforme Diegues (1983), o pescador artesanal provém da decomposição do pescador-lavrador, enquanto lavrador, caracteriza-se por ter na agricultura a sua principal atividade, a qual é realizada pelo calendário agrícola, sendo o restante do tempo utilizado para a pesca.

O pescador-lavrador, enquanto pescador artesanal, tem na pesca sua principal atividade e caracteriza-se por ser dono de seus meios de produção, por participar diretamente do processo de trabalho e por deter o saber de como capturar o pescado, visando obter excedente para comercialização e, desse modo, pagar o material necessário para a produção e a manutenção do próprio material de produção. Esse tipo de pescador e representativo, conforme Martins (1997) em diversas localidades das colônias de pescadores Z1 e Z2, onde a atividade agrícola serve para subsistência da família e seu excedente é vendido em feiras livres ou para alguns centros atacadista da região e a renda gerada serve como complemento da renda oriunda da atividade pesqueira.

Segundo Schmitt (1998), pesca artesanal é aquela feita por pescadores que utilizam equipamentos rudimentares, onde a tecnologia empregada é o próprio conhecimento e a experiência adquirida. Esse tipo de pesca é representativo na Região Sul do estado do Rio Grande do Sul.

Neto e Dornelles (1996) caracterizam a pesca artesanal pelo seu objetivo, que pode ser

comercial e/ou de subsistência. Relatam, ainda, que, na pesca artesanal, os equipamentos e

até mesmo a embarcação são construídos pelos próprios pescadores e os equipamentos

necessários são adquiridos no mercado local. Também enquadram-se os pescadores que

utilizam pequenas embarcações motorizadas, geralmente de madeira, capazes de capturar um

volume pequeno de pescado.

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A Superintendência de Desenvolvimento da Pesca (SUDEPE, 1988) conceitua pesca artesanal como: toda pesca que não é realizada por sociedade de capital e caracteriza-se por ser complementar e por auxiliar à pesca industrial, já que a captura do pescado é exercida próximo à costa, onde a pesca industrial não tem como trabalhar.

Altmayer (1999, p. 09) considera a pesca artesanal como: “A pesca realizada através de embarcações de pequeno porte (botes, caícos ou canoas), sem cabine, com propulsão à vela, remo ou motor (geralmente de baixa potência – menos de 24 hp), sem emprego de equipamentos sofisticados, constituindo na principal atividade do pescador, embora possa desenvolver outras complementares. Tal atividade visa a produção de excedente, cuja a venda possibilita não só a aquisição dos meios para subsistência, como também a compra de instrumentos que garantam a continuidade da produção. Geralmente, há emprego de mão-de- obra, já que a produção tende a sair do âmbito familiar, sendo a força de trabalho empregada remunerada, quase sempre, pelo sistema de partes sobre o valor da captura (não ocorre remuneração em dinheiro via assalariamento).”

4.2 Pluriatividade: definições

O ambiente do setor primário do Brasil vem mudando no decorrer das últimas décadas e segundo Carneiro (1999, p. 01) essa mudança “... transforma as noções de urbano e rural em categorias simbólicas construídas a partir de representações sociais que, em algumas regiões, não correspondem mais as realidades distintas cultural e socialmente”, ou seja, conforme Fialho (2000), não é mais possível a delimitação de fronteiras entre o urbano e o rural, sustentada apenas em atividades econômicas ou mesmo em hábitos culturais.

Essa mudança do setor primário ocorre, pelo fato que os empregos não-agrícolas estão aumentando a sua participação tanto na renda como no tempo despendido a cada dia por essas famílias. Esse fenômeno tem sido definido sem muita distinção por estudiosos do assunto, como pluriatividade ou como agricultura de tempo parcial (KAGEYAMA, 1998).

Nesse contexto, já não se pode chamar as unidades familiares dos pescadores artesanais, somente de pescadores, uma vez que, parte dos membros da família podem estar ocupados em atividades não-pesqueiras. Assim, surge a necessidade de definir o que é ser pluriativo.

Segundo Kageyama (1998), no final dos anos 80, o conceito de pluriatividade passou a incluir atividades ou trabalhos não necessariamente remunerados em dinheiro, que pode incluir: emprego em outros estabelecimentos agrícolas (trabalho assalariado); atividades

“para-agrícolas” (alimentos e bebidas processados); atividades não-agrícolas no estabelecimento (turismo e alojamento); atividades externas não-agrícolas.

Nesse mesmo sentido, a autora relata que a pluriatividade compreende o desempenho concomitante de atividades econômicas diferentes por uma pessoa ou uma família.

Schneider (1999b, p.15) define a pluriatividade como sendo a emergência de situações sociais em que os indivíduos que compõem uma família com domicílio rural passam a dedicar-se ao exercício de um conjunto variado de atividades econômicas e produtivas, não necessariamente ligadas à agricultura e ao cultivo da terra, e cada vez menos executadas dentro da unidade de produção.

Graziano da Silva (1999) relata que a proliferação de diferentes atividades, já não

estão necessariamente ligada à agricultura e ao cultivo da terra, como é o caso: das

agroindústrias; de atividades relacionadas ao lazer e preservação do meio ambiente (turismo

rural e outros serviços); dos sítios de recreio, que dedicam-se à criação de peixes, animais,

produção de flores, frutas, etc. O autor relata que muitas dessas atividades, apesar de já

existirem há algum tempo, passaram a representar, nos últimos anos, novas oportunidades

para muitos produtores, impedindo, muitas vezes, o abandono das propriedades,

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especialmente por membros mais jovens das famílias.

Todavia, o estudo realizado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE, 1996) mostrou uma distinção entre tempo parcial e pluriatividade. Os trabalhadores em tempo parcial são aqueles proprietários que trabalham menos de uma unidade de trabalho-homem ao ano na propriedade, não importando quaisquer que sejam as atividades lucrativas que possam exercer. Os proprietários agrícolas que trabalham em tempo parcial na agricultura e que exercem paralelamente outras atividades lucrativas são considerados pluriativos.

Assim, produtor de tempo parcial é aquele que não se dedica plenamente à atividade produtiva no estabelecimento, seja por ter outra ocupação, seja por permanecer desocupado e, produtor pluriativo é o que alterna trabalho no estabelecimento e/ou fora dele.

No relatório de 1992 da Comissão das Comunidades Européias, em Fialho (2000), ficou caracterizado que os trabalhadores de tempo parcial são as pessoas que trabalham apenas uma fração do tempo de trabalho anual de uma pessoa empregada em tempo integral, e pluriativas como sendo as pessoas que possuem outra atividade lucrativa, além da atividade principal.

Para Schneider (1999b), a principal controvérsia em relação ao termo part time farming (surgido na Inglaterra) refere-se à utilização do tempo de trabalho na propriedade por parte do indivíduo ou da família, ao passo que a noção pluriactivité (que surgiu na França) refere-se à combinação de uma ou mais formas de renda ou inserção profissional dos membros de uma mesma família.

Nesse sentido, o autor relata que, no caso da agricultura de tempo parcial, tem que se estabelecer necessariamente como contraponto a noção de full time (tempo integral), utilizando-se como critério de diferenciação um determinado, embora arbitrário, corte de tempo de trabalho. Já o termo pluriatividade se refere à forma de desempenho em mais de uma atividade, ou seja, que o indivíduo ou família não ocupa a integralidade de seu tempo numa mesma atividade.

Conforme, Fuller e Brun (1988, p. 150) in Schneider (1999b), “...o conceito de part time farming pode ser utilizado, de forma mais precisa, para definir situações onde, devido ao tamanho físico ou a uma opção de gestão, a unidade produtiva é cultivada através do investimento de menos do que um ano completo de trabalho [...] “Pluriactivity”: “o termo procura focalizar as diferentes atividades e interesses dos indivíduos e famílias que vivem na unidade produtiva. Preocupa-se tanto com a reprodução social e a participação no mercado de trabalho rural, como com a terra e as questões agrícolas. A pluriatividade implica em uma forma de gestão do trabalho doméstico na qual o trabalho agrícola encontra-se sempre incluído, podendo não ser, no entanto, uma atividade exclusiva ou mesmo a atividade mais importante. Outras atividades podem ser assumidas com o objetivo de sustentar ou de dar suporte à unidade doméstica, podendo também ser motivadas por considerações não relacionadas à agricultura.

Dadas essas diferenças conceituais, nos últimos anos como forma de afirmação da

temática no campo acadêmico houve a adoção do conceito de pluriatividade como a melhor

forma de apreender o fenômeno da multiplicidade de formas de trabalho e renda das unidades

agrícolas. Assim, a pluriatividade tem o mérito de, atualmente, incorporar tanto as

características da noção de part time farming (unidades onde os membros moradores não

utilizam todo seu tempo de trabalho nas atividades agrícolas), quanto a característica da

pluriatividade que é de várias formas de ocupações. Nisto, os pesquisadores não apenas tem

conseguido abarcar diferentes contextos onde o fenômeno se manifesta, desde os pequenos

produtores não integrados aos mercados diversos, bem como examinar as relações entre os

trabalhos formais e informais. (SCHNEIDER, 1999b)

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Nesse sentido, a união dos conceitos de agricultura de tempo parcial e pluriatividade, Kageyama (1998), relata que pluriatividade pressupõe a agricultura de tempo parcial, pois no momento em que as atividades agrícolas não ocupam todo o tempo da família é que aparece o meio necessário para dedicar-se a outras atividades econômicas, mas isso não é condição suficiente, pois o fato da agricultura não tomar todo o tempo da família não é garantia que a pluriatividade se desenvolverá. Dessa forma, a agricultura em tempo parcial pode vir acompanhada também do "desemprego parcial", que é o não preenchimento do restante da jornada de trabalho.

A união dos conceitos é pertinente, pois o conceito de pluriatividade, diferentemente do conceito de part-time, adota a família como unidade de análise na geração da renda familiar. Assim, especificamente, conforme Fuller (1990) in Schneider (1999b), o termo pluriatividade (a unidade de análise se tornou uma das questões mais relevantes no debate sobre a pluriatividade) se refere à análise das atividades realizadas, em adição à atividade agrícola strictu sensu, tais como o assalariamento em outras propriedades, o processamento de alimentos, outras atividades não-agrícolas realizadas na propriedade, como o turismo rural e as atividades fora da fazenda, referentes ao mercado de trabalho urbano, formal ou informal.

Dessa forma, a análise do trabalho part-time é ampliado para atividades rurais realizadas pelo conjunto familiar, pois a unidade de análise relevante deixa de ser a exploração agrícola, representada pelo chefe do domicílio (análise part-time), e passa a ser a família. Contudo, é importante ressalvar que tanto a família quanto o domicílio podem ser adotados como unidades relevantes para o estudo da pluriatividade, a escolha entre ambas possui mais um cunho prático do que teórico.

Para Graziano da Silva (1997), agricultores em tempo parcial, tem por característica fundamental o agricultor ou pecuarista que não se ocupa integralmente com essas atividades, mas que as combina com outras atividades não-agrícolas, dentro ou fora do seu estabelecimento, tornando-se, assim, um trabalhador autônomo que combina diversas formas de ocupação. Assim, sua característica é a pluriatividade que combina atividades agrícolas e não-agrícolas. Ou seja, para o autor, agricultor em tempo parcial e pluriatividade são conceitualmente iguais.

Conforme Del Grossi e Graziano da Silva (1998), “o conceito de pluriatividade permite juntar as atividades agrícolas com outras atividades que gerem ganhos monetários e não monetários, independentemente de serem internas ou externas à exploração agropecuária.

Para isso permite considerar todas as atividades exercidas por todos os membros do domicílio, inclusive as ocupações por conta própria, o trabalho assalariado e não assalariado, realizados dentro e/ou fora das explorações agropecuárias. Desse modo, os conceitos de diversificação produtiva e de agricultura de tempo parcial ficam contidas dentro do conceito de pluriatividade; como queremos analisar todos os integrantes da família, a unidade relevante de análise passa da exploração agrícola para as famílias ou domicílios rurais nela contidos.”

Outro ponto a se destacar ao tratar com a pluriatividade é que, deve-se considerar, ao mesmo tempo, as condições internas da exploração agropecuária, bem como o ambiente sócio-econômico em que ela se desenvolve, ou seja, se há oportunidades de que outras atividades, que não as tradicionais da pequena produção rural, possam ser ocupadas pelos seus membros. Além disso, deve-se considerar a integração intersetorial, quanto às relações comerciais e tecnológicas dos complexos agroindustriais, dado que o conceito de pluriatividade contempla esta integração no tocante ao mercado de trabalho (FIALHO, 2000).

Por fim, conforme Schneider (2001), as unidades familiares que diversificaram suas

fontes de renda, onde os membros que integram a família exercem várias outras atividades,

além da agricultura, algumas inclusive em tempo parcial. Essa combinação permanente de

atividades agrícolas e não-agrícolas, em uma mesma família, é que caracteriza e define a

pluriatividade, que tanto pode ser um recurso ao qual a família faz uso para garantir a

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reprodução social do grupo ou do coletivo que lhe corresponde, como também pode representar uma estratégia individual, dos membros que constituem a unidade doméstica. A pluriatividade também pode adquirir significados diversos e servir para satisfazer projetos coletivos ou como resposta às decisões individuais. Além disso, as características da pluriatividade variam de acordo com o indivíduo-membro que a exerce, pois o exercício de atividades não-agrícolas acarreta efeitos distintos sobre o grupo doméstico e sobre a unidade produtiva, de acordo com variáveis como sexo ou posição na hierarquia da família de quem a pratica. O mesmo pode-se dizer das condições sociais e econômicas locais, do ambiente ou do contexto, em que ocorre a pluriatividade. Nesse caso, variáveis exógenas à unidade familiar, como o mercado de trabalho e a infra-estrutura disponível, entre outros, são fatores determinantes da evolução e das tendências de tais fenômenos.

5 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO

O método de pesquisa empregado neste trabalho foi o descritivo, pois esse método descreve o fenômeno a ser estudado de forma “profunda”, o que implica uma medição mais precisa das variáveis do fenômeno em estudo.

Segundo Gil (1991), as pesquisas descritivas têm por objetivo a descrição completa e precisa das características de uma determinada população, fenômeno ou, ainda, do estabelecimento de relações entre variáveis. Dentre as pesquisas descritivas estão aquelas que visam descobrir a existência de associações entre variáveis.

No caso do objetivo proposto este método é pertinente para responde-lo, pois permitirá relacionar a relevância do setor pesqueiro artesanal com as atividades pluriativas dada a instabilidade da pesca extrativa na geração de renda.

Especificamente, fez-se um levantamento de dados secundários, através de uma revisão bibliográfica, sobre atividades pesqueiras e não pesqueiras realizadas pelos pescadores artesanais do estuário da Lagoa dos Patos, como: renda gerada pelas diversas atividades e tempo gasto para exerce-las, tipos de atividades realizadas; número de membros da família que necessitam trabalhar nas diversas atividades.

6 RESULTADOS

Como visto anteriormente, a pluriatividade é um realidade no setor primário da economia regional, nacional e internacional, além de caracterizar uma alternativa para quem a pratica pela capacidade de gerar renda familiar.

Neste contexto, a pluriatividade como alternativa ao setor pesqueiro pode ser caracterizada pelas pesquisas realizadas pela Fundação Universidade Federal do Rio Grande (FURG) para cultivar em larga escala o camarão, conforme publicado em Abdallah et all.

(2002), gerando alternativa de renda e exploração sustentada do camarão-rosa no estuário.

Especificamente, o projeto dessas pesquisas apresenta uma alternativa de

produção/renda para os pescadores artesanais envolvidos na pesca do camarão-rosa no

estuário da Lagoa dos Patos, conforme critérios de eficiência econômica, de lucratividade e

rentabilidade e de retorno do capital investido. Dentre as pesquisas realizadas, o processo

produtivo que utiliza cercado e atua com um sistema de produção utilizando rejeitos de pesca

como alimento básico de produção, apresentou os melhores resultados com lucro líquido de

R$ 2.763,72 reais, lucratividade de 79%, rentabilidade simples de 152% e período de retorno

do capital investido de 0,88 safras, para uma produção de 500 Kg de camarão. Com esses

resultados o próximo passo será transformar o projeto em uso de larga escala por intermédio

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de política pública que permita repassar toda essa tecnologia de cultivo para os pescadores artesanais do estuário da Lagoa dos Patos.

No caso da pluriatividade como realidade, nos últimos anos, surgiram algumas pesquisas que revelam a existência de combinação de outras atividades por parte dos pescadores artesanais em determinadas localidades do estuário da Lagoa dos Patos. Dentre estas pesquisas pode-se destacar, por exemplo, a dissertação de Altmayer (1999), a qual descreve que num total de 224 pescadores entrevistados nas localidades de Passinho e Capivaras, da colônia de pescadores Z2 de São José do Norte, 115 pescadores (representando um pouco mais de 50% dos pescadores entrevistados) exerciam atividades complementares a pesca, tais como: diarista na plantação e/ou colheita da cebola; confecção de redes para barcos de pesca do oceano; pescador de barcos de pesca oceânica; remendador de redes para outros pescadores; plantador de cebola; frentista; carpinteiro, pedreiro, eletricista e mecânico.

Estas atividades serviam como um meio de melhorar a renda da família dos pescadores artesanais e eram na sua maioria realizadas pelo próprio pescador nos períodos de entre-safra das principais espécies capturadas, mas também havia casos em que os demais membros da família, também, realizavam atividades não vinculadas ao setor pesqueiro como forma de melhorar a renda familiar.

Conforme a dissertação de Martins (1997), as atividades não-pesqueiras são exercidas por pescadores em diferentes localidades da colônia de pescadores Z1, em Rio Grande, sobretudo, através de práticas agropecuárias, as quais, conforme o autor, são complementares a atividade principal e a mais importante fonte de renda para as famílias que é a pesca.

De fato, a prática da agropecuária com a pesca é tradicional e histórica para um número significativo de pescadores do estuário, os quais ficam caracterizados como pescadores-lavradores. De modo geral a pesca nos períodos em que a safra e/ou os preços do pescado são bons a pesca fica caracterizada como atividade principal, mas em períodos de baixa produção a pesca fica sendo a atividade complementar a atividade agrícola.

Ainda, com relação as práticas de atividades pluriativas entre os pescadores artesanais, a pesquisa realizada nas colônias de Pescadores Z1 (nas localidade Bosque e Prado) e Z2 (nas localidades Capivaras e Passinho), Souza (2003) constatou que, atividades não pesqueiras eram exercidas por ¾ dos pescadores artesanais entrevistados, as quais eram praticadas para complementar a renda da atividade pesqueira. Porém, alguns pescadores relataram que somente exerciam a pesca, visto que não tinham alternativas de emprego em outras atividades de forma permanente, além disso, para a maioria dos pescadores as atividades não pesqueiras se caracterizavam como informais sem garantias trabalhistas para os pescadores.

Assim, como afirma o autor, para as famílias dos pescadores entrevistados a pesca ainda é a atividade principal e que outras atividades servem como complemento de renda dos familiares e de modo geral estas são bem-vindas, se de forma permanente e com maior segurança.

Neste contexto de práticas de atividades não pesqueiras, de maneira informal, é

interessante destacar que a informalidade, também, está presente na própria atividade

pesqueira, visto que, entre os pescadores artesanais da região, mesmo trabalhando com filhos

ou parentes não há remuneração em salário e nem vínculo trabalhista, existe sim uma

pareceria e repartição da captura do pescado. Assim na pesquisa de Souza (2003), um dos

pescadores entrevistados que trabalha com o filho, destina 2/5 do ganho com a captura para o

filho e 3/5 fica para o pai dono do barco; e no caso do pescador que trabalha com o genro e

com outro pescador a repartição era semelhante, 4/5 da captura feita por dia de trabalho era

para o pescador dono do barco e 1/5 para o genro ou para o pescador dependendo de quem

estivesse trabalhando na embarcação. Nesse mesmo sentido, todos pescadores revelaram que

nos períodos de safra trabalham praticamente todos os dias do mês, chegando a trabalhar de

12 a 16 horas, dada a necessidade de almejar uma quantidade satisfatória de pescado.

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Ainda, conforme Souza (2003), há de se ressaltar a importância dada por todos os pescadores entrevistados para o seguro-desemprego que recebem por quatro meses durante o período de proibição da pesca do camarão, nos meses de junho a setembro. Nesse sentido, destaco o caso de um pescador que retornou a atividade pesqueira em virtude desse beneficio pago pelo governo.

Outra política do governo que tem atuado na atividade pesqueira artesanal é o PRONAF e conforme a pesquisa realizada por Souza (2003), os pescadores deram grande importância, por servir como capital de custeio, visto que os pescadores recebiam R$ 800,00 reais por ano e ganhavam um bônus de R$ 200,00 reais, ou seja, no ano seguinte pagavam R$

600,00 reais.

Em outro estudo realizado por Collares (2004), com pescadores artesanais na colônia de pescadores Z3, localizada no município de Pelotas, dos 130 questionários aplicados nos domicílios da colônia Z3, em 69 (representando 53,08% dos domicílios pesquisados) o chefe de família exerce a atividade pesqueira; em 26 o chefe de família exerce atividades não relacionadas com a pesca; e em 33 domicílios as famílias são chefiadas por aposentados ou pensionistas. Assim, somando as famílias cujos chefes são aposentados e pensionistas com o número de famílias cujo chefe está fora da pesca, tem-se que 45,38% dos 130 domicílios entrevistados, ou seja, em 45,38% das famílias entrevistadas os ganhos que garantem a subsistência da família já não são provenientes somente da pesca.

Outras informações importantes apresentadas por Collares (2004), que não foram interpretadas pelos dados da pesquisa, dizem respeito a renda oriunda das atividades pesqueiras e não pesqueiras, visto que, das famílias cujo chefe da família trabalha na pesca, totalizando 69 famílias, das quais em 44 o cônjuge ou outro membro trabalha fora, ou seja, das 69 famílias apenas 25 possuem renda exclusiva do chefe de família. Já das 26 cujo chefe trabalha em atividades fora da pesca, em 11 outro membro da família também trabalha e em 15 apenas o chefe de família trabalha.

Esta diferença é devido ao fato de que as famílias que trabalham na pesca possuem um rendimento menor e necessitam que outros membros da família busquem outra forma de trabalho para aumentar a renda familiar, pois nenhum chefe de família, que trabalha exclusivamente da pesca, tem uma renda superior a 4 salários mínimos e, dos 26 chefes de famílias que trabalham fora da atividade pesqueira, 6 ganham acima de 4 salários mínimos.

Mas de modo geral não é só a pesca que não aufere rendimentos acima de 4 salários mínimos, pois nenhum dos filhos e dos cônjuges que trabalham, independente de exercer atividades dentro ou fora da pesca, não ganham acima de 3 salários mínimos. De modo específico, como afirma a autora, das 130 famílias pesquisadas 77,27% da população economicamente ativa das famílias ganham ente 1 e 2 salários mínimos.

Assim como constatado nos estudos de Souza (2003), os tipos de trabalhos fora da atividade pesqueira, conforme Collares (2004) em sua grande maioria são atividades sem garantias trabalhistas e sem ganhos garantidos, ou seja, são atividades informais como faxineira, empregada doméstica, costureira, marceneiro, pedreiro, poucas são as atividades que trazem consigo garantias trabalhistas e rendimento certo a cada mês, como funcionário público e policial, mas o número de pessoas trabalhando neste tipo de serviço é muito baixo, pois corresponde a 10 pessoas dos 71 membros das famílias entrevistadas e que exercem atividades remuneradas não relacionadas com a pesca.

Outro ponto importante a destacar, nos estudos de Souza (2003) e Collares (2004), é a importância da aposentadoria para o sustendo da família de pescadores, mesmo não se enquadrando como atividade pesqueira ou não pesqueiras.

Na pesquisa realizada por Anjos et all (2004) foram entrevistas 70 famílias de

pescadores artesanais, da colônia pesqueira Z3, das quais 10 foram classificadas como

pluriativas de base pesqueira (que conjugam o trabalho na captura e o exercício de outras

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atividades intimamente relacionadas à pesca como a salga, o fileatamento, o processamento para venda, a feira livre, etc). Conforme os resultados encontrados, este segmento familiar, apesar de pouco representativo em relação ao total de famílias entrevistadas foi o que apresentou renda total média maior totalizando R$ 8.926,33, dos quais R$ 5.187,67 são referentes a renda oriunda de atividades pesqueiras, ou seja, renda de algum dos membros das famílias que exercem atividade na pesca. A justificativa, dos autores, da grande representatividade da renda oriunda da atividade pesqueira, entre este segmento familiar pluriativo, é devido a um maior nível de profissionalização das atividades, possuindo, em termos médios, melhores equipamentos para o exercício das atividades, não apenas na captura, mas na agregação de valor aos produtos, a exemplo da salga e limpeza do pescado.

Das chamadas famílias pluriativas não-pesqueiras que representam 29 famílias entrevistadas (que realizam a combinação de trabalho na captura com atividades não pesqueiras como atividades ligadas à indústria, comércio e/ou serviços) a renda média ficou em R$ 8.035,08, porém 2.802,60 representam recursos referentes à atividades pesqueiras.

Já as famílias exclusivamente pesqueiras, que representam 31 famílias entrevistadas, onde os membros da família se dedicam exclusivamente ao trabalho na captura, seja na unidade de produção familiar, seja em sistema de parceria ou sociedade, ou ainda, na condição de proeiro, foram as que apresentam a renda total média mais baixa dentre os subtipos totalizando R$ 5.165,38.

Pode observar que a renda oriunda da atividade pesqueira, dentre os segmentos de famílias pluriativas analisadas, são importantes indicando que a pesca continua sendo fonte de renda das famílias dos pescadores.

Todavia, os autores ao encontrar a renda oriunda da atividade pesqueira utilizaram uma formula de cálculo que foi descontada apenas o custo da aquisição de gelo e óleo diesel, apesar destas variáveis serem representativos, não sendo descontadas outros gastos que também são relevantes no tipo de pesca artesanal, como é o gasto de gás de cozinha utilizado na captura do camarão-rosa, o qual possui grande custo na pesca artesanal, devido ao fato de que o camarão representa uma parcela significativa da renda dos pescadores, além disso não foram descontados outros gastos representativos como é o gasto com material de consumo pesqueiro (linha de nylon, chumbadas) e material de manutenção dos equipamentos sobretudo a embarcação. Nisto, pode-se dizer que a renda oriunda da atividade pesqueira venha a ser menor que o indicado, diminuindo sua representatividade nos segmentos pluriativos e diminuindo a renda das famílias que vivem exclusivamente da pesca e, em contrapartida, aumentando a importância das atividades não-pesqueiras para a geração de renda das 70 famílias entrevistadas (SOUZA, 2004)

Apesar disso, Anjos et all (2004), também perceberam assim como os outros trabalhos analisados a importância das rendas provenientes de aposentadorias e pensões, sobretudo, para as famílias exclusivamente pesqueiras e às pluriativas de base pesqueira, mas reduzindo sua incidência na composição da renda total das pluriativas não-pesqueiras, indicando que o não recebimento destes benefícios leva as pessoas na busca de renda em outros tipos de atividades. Mesmo assim, se for verificar, o ganho mensal por família em cada segmento, na média, não ultrapassa três salários mínimos e nem fica abaixo de um salário mínimo.

Todavia, percebendo os estudos apresentados, existe a necessidade de conhecer a

lógica de vivência do pescador artesanal, fora isso, existe a necessidade de uma política de

desenvolvimento sustentável para a atividade pesqueira artesanal da região do estuário da

Lagoa dos Patos que terá, como desafio, a eliminação da pobreza, da exclusão social e da falta

de perspectivas dos pescadores artesanais, incorporando políticas que levem em consideração

as atividades não pesqueiras que se vem desenvolvendo em outras atividades, porém não se

alcançará o desenvolvimento sustentável da atividade pesqueira artesanal apenas com

políticas de combate à pobreza. É necessário um conjunto de políticas estruturais e

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assistenciais compensatórias, que ataquem principalmente os grandes problemas de desigualdades regionais e de renda.

Conforme Flores e Macedo (1999), a constituição de um modelo de desenvolvimento sustentável, calcado na criação de oportunidades de emprego, de renda e de equilíbrio social, requer uma profunda modificação no modo de intervenção de agentes públicos e privados, bem como, aposta-se no processo democrático como base de sua sustentação, apesar de sua consolidação ser lenta e requeira persistência e determinação de todos que, querem produzir um conjunto de mudanças, com o objetivo de oferecer condições necessárias para a realização e desenvolvimento de novas atividades, gerando ocupação e renda e, ainda, oferecendo melhor qualidade de vida à população

7 CONCLUSÃO

A atividade pesqueira, historicamente, tem grande importância sócio-econômica para a região do estuário da Lagoa dos Patos, todavia, o surgimento das indústrias de salga do pescado, na primeira metade do século XX e o desenvolvimento da atividade pesqueira industrial a partir da década de sessenta, acarretaram mudanças no modo de produção da pesca artesanal, porém a pesca artesanal foi muito pouco beneficiada com as políticas públicas de promoção à atividade pesqueira, que se intensificaram nos anos da década de 1960, mas foi prejudicada pelas mesmas políticas, pois estas contribuíram para aumento do volume de produção sem preocupação com o estoque natural do pescado o que gerou esforço de pesca e posterior queda no volume de produção, sobretudo a partir da década de 1980, levando a decadência da pesca artesanal e pobreza, miséria e marginalização dos pescadores artesanais.

Gerou-se, assim, com o modelo de desenvolvimento imposto à atividade pesqueira não somente da região, mas na atividade pesqueira nacional, impactos socio-econômicos e ambientais, com destaque para a diminuição significativa do volume de produção pesqueira e o aumento da concentração da pobreza na atividade pesqueira, que desencadearam os efeitos mais perversos apresentados na atualidade. Nesse contexto e pelo surgimento na atividade primária do novo rural brasileiro, que não raramente leva as regiões que o empregam, ao aumento da renda, a diminuição da pobreza, ou seja, a melhoria da qualidade de vida da população atingida por essas novas atividades.

Todavia, os pescadores artesanais, de modo geral, dada a carência de recursos pesqueiros, a falta de políticas públicas que beneficiem a grande maioria dos pescadores e que dêem alternativas de conseguirem renda, por necessidade, exercem outras atividades como forma de conseguir uma quantidade de renda maior, as quais na sua grande maioria não oferecem garantias de renda futura, além de se caracterizarem como atividades informais sem garantias trabalhistas. Assim sendo, na atualidade, as aposentadorias, as pensões, o seguro- desemprego e o PRONAF, que beneficiam os pescadores artesanais são importantes por causa da atual situação do pescador artesanal que encontra-se descapitalizado e em condições de miséria, mas não trazem de modo geral um ganho maior de renda em comparação a renda conquistada no setor pesqueiro.

Por isso há necessidade do surgimento de pesquisas para verificar qual o grau de

importância das atividades não-pesqueiras, para os pescadores artesanais da região do estuário

da Lagoa dos Patos, e que futuras políticas contemplem outras formas de geração de renda

para que estes pescadores não fiquem dependendo, somente, da extração do pescado na Lagoa

dos Patos, que apresenta esforço de pesca nas principais espécies capturadas e nem fiquem

exercendo atividades esporádicas e sem garantia de uma renda segura, mas que as futuras

políticas visem o desenvolvimento sustentável e gerem melhoria na qualidade de vida dos

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pescadores artesanais.

Dessa forma, trabalhos científicos que venham evidenciar as motivações, as expectativas e avaliar as conformações individuais e familiares e as causas que levaram e venham a levar à emergência desse novo formato organizacional (trabalho pluriativo) na pesca artesanal, bem como analisar sua natureza e significado social, dentre outros pontos serão de suma importância para melhoria da atual situação da pesca artesanal. Ou seja, existe a necessidade de pesquisas, que levem em conta o desenvolvimento sustentável e que tenham o propósito, dentre outros pontos, de estudar a pluriatividade na pesca artesanal na região do estuário da Lagoa dos Patos, as quais serão especialmente motivadas pelo desafio de alargar o conhecimento sobre essa região que apresenta, como visto, característica de pobreza, miséria e exclusão social.

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