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Revista Brasileira de Gestão Ambiental ARTIGO CIENTÍFICO

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*Autor para correspondência

Recebido para publicação em 09/09/2018; aprovado em 18/10/2018.

1Graduado em Agroecologia, Instituto Federal da Paraíba, Campus Sousa; E-mail: Matheus.goncalves2102@gmail.com;

2Doutoranda em Agronomia, Professora Orientadora, Instituto Federal da Paraíba, Campus Sousa; E-mail: candidamariz@yahoo.com.br;

3Doutor em Fitotecnia, Professor pesquisador, Instituto Federal da Paraíba, Campus Sousa, E-mail:joserlan.moreira@ifpb.edu.br;

4Mestre em Horticultura Tropical, Técnico no laboratório de agroindústria, Instituto Federal da Paraíba, Campus Sousa, E-mail:j-f-n@bol.com.br;

5Doutor em Fitotecnia, Professor Pesquisador, Instituto Federal da Paraíba, Campus Sousa; E-mail:ebpjr2@hotmail.com;

6Eng. Agrônomo, Mestre em Manejo do Solo e Água, Instituto Federal da Paraíba, Campus Sousa, E-mail: rolimano@hotmail.com.

ARTIGO CIENTÍFICO

Teor de umidade e potencial hidrogeniônico do mel de abelha Jandaíra produzido em Sousa, Paraíba Moisture content and hydrogenation potential of the honey bee Jandaíra produced in Sousa, Paraíba

Mateus Gonçalves Silva¹; Maria Cândida de Almeida Mariz Dantas²; Joserlan Nonato Moreira³; João Ferreira Neto4; Ednaldo Barbosa Pereira Junior5; Hermano Oliveira Rolim6

RESUMO

A Jandaíra (Melipona subnitida Ducke) é uma espécie de abelha indígena sem ferrão bastante conhecida por muitos agricultores familiares do alto sertão paraibano. O mel elaborado por esta abelha é consideravelmente apreciado pelos consumidores, devido às diversas qualidades organolépticas e antissépticas que lhes são atribuídas. A avaliação de parâmetros como teor de umidade (%) e pH, identifica a qualidade do mel e o torna um alimento mais seguro possibilitando maior e melhor comercialização. O objetivo desse trabalho foi avaliar o percentual de umidade (%) e o potencial hidrogeniônico do mel de abelha Jandaíra produzido em Sousa, no alto sertão paraibano. O experimento foi realizado no IFPB-Campus Sousa, unidade de São Gonçalo. As amostras de mel foram coletadas em meliponário racional, acondicionadas em potes plásticos e mantidas em câmara fria à temperatura de 2 a 10 ºC até a realização das análises no laboratório de análises físico-químicas. O tratamento constituiu no tempo de armazenamento, e as análises foram realizadas em três diferentes tempos e em triplicata, segundo os métodos físico-químicos para análises de alimentos do Instituto Adolfo Lutz. Foi efetuado o cálculo das médias estatísticas para cada parâmetro observado, e os resultados encontrados foram comparados com os obtidos para diferentes tempos de análises com o intuito de avaliar o efeito do tempo de armazenamento do mel. O mel de abelha Jandaíra apresenta em média, percentual de umidade de 24,73% e pH de 3,17, e somente o parâmetro pH apresentou variação após 180 dias depois da coleta.

Palavras-chave: Agricultura familiar; Meliponicultura; Qualidade do mel; Sustentabilidade.

ABSTRACT

The Jandaíra (Melipona subnitida Ducke) is a species of stingless indigenous bee well known to many family farmers in the high Paraíba outback. Honey made by this bee is appreciated by consumers because of the various organoleptic and antiseptic qualities attributed to them. The evaluation of parameters such as moisture content (%) and pH, identifies the quality of the honey and makes it a safer food, allowing greater and better commercialization. The objective of this work was to evaluate the moisture percentage (%) and the hydrogen ionic potential of the Jandaíra bee honey produced in Sousa, in the upper Paraíba sertão. The experiment was carried out at the IFPB-Campus Sousa, São Gonçalo unit. The samples of honey were collected in a rational meliponary, conditioned in plastic pots and kept in a cold room at a temperature of 2 to 10 ºC until the analyzes in the laboratory of physicochemical analyzes. The treatment consisted of the storage time, and the analyzes were performed at three different times and in triplicate, according to the physico-chemical methods for food analysis of the Adolfo Lutz Institute. The statistical averages were calculated for each observed parameter, and the results were compared with those obtained for different analysis times in order to evaluate the effect of honey storage time. Jandaíra bee honey presents on average, humidity percentage of 24.73% and pH of 3.17, and only the pH parameter showed variation after 180 days after collection.

Key words: Family farming; Meliponicultura; Honey quality; Sustainability.

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INTRODUÇÃO

Dentre os meliponíneos nativos do nordeste brasileiro, a abelha Jandaíra (Melipona subnitida), é uma das espécies mais indicadas para a criação racional com fins lucrativos, na região semiárida da Paraíba (Camargo &

Pedro 2007). Conforme Freitas et al. (2002), além da produção do mel de excelente qualidade organoléptica, estes insetos fornecem serviços de polinização para diversas espécies vegetais nativas da localidade.

O mel da Jandaíra é bastante apreciado pela população como sendo um alimento terapêutico e preventivo, contudo devido a suas propriedades antissépticas chega a alcançar elevados valores comerciais (Dantas 2016). A preferência pelo mel de meliponíneos deve-se às propriedades medicinais que lhe são atribuídas, como também por apresentar um sabor agradável, influenciado pelo baixo teor de açucares e pH ácido (Carvalho 2005). É um alimento de excelentes propriedades benéficas para o organismo humano, porém pode apresentar consequências ao consumidor quando não é feito o devido manejo das colônias, quando não se tem a higiene necessária para captação do mel ou quando não é armazenamento de forma correta.

A qualidade do mel pode ser estabelecida através de análises físico-químicas que avalia parâmetros consideráveis na análise de alimentos, como por exemplo:

o teor de umidade e pH, que são levados em consideração para estabelecimento de padrões de controle para fiscalização. Podem ser comparados com padrões oficiais de qualidade do mel em âmbito nacional e/ou internacional, protegendo o consumidor de adquirir um produto adulterado (Marchini 2004).

A umidade é um parâmetro que indica a atividade de água encontrada no produto. Este parâmetro apresentando-se elevado compromete a qualidade do mel, acelerando o processo de cristalização (Evangelista- Rodrigues et al. 2005), além de aumentar a probabilidade de deterioração por microrganismos (Holanda et al. 2012).

O pH determinado no mel, se refere aos íons de hidrogênio presentes na solução podendo influenciar na formação de outros componentes, como a velocidade de produção do hidroximetilfurfural (HMF) (Marchini et al.

2004), que se encontrado em grandes quantidades, pode indicar adulteração no mel, seja por adição de xarope de milho, de beterraba ou pelo xarope invertido, que é obtido por hidrólise ácida do xarope de milho que contém altos teores de hidroximetilfurfural. (Bertoldi et al. 2004). O pH influencia diretamente na acidez do alimento, pois são parâmetros inversamente proporcionais, quanto menor o pH maior a acidez.

Devido à grande variedade dos tipos de méis de meliponíneos, o controle de qualidade deste produto se torna mais difícil, por ter que apresentar características físico-químicas de acordo com o preconizado pela Instrução Normativa para comercialização do mel no Brasil (Fonseca et al. 2017). A Instrução Normativa n.11/200049 regulamenta a fixação de identidade e qualidade do mel de abelhas Apis mellifera (Brasil 2000). Por esta legislação se basear no mel de abelhas africanizadas, não se adequa para regulamentar todas as características dos méis de meliponíneos, fazendo-se necessário pesquisas físico-

químicas para estes produtos, com objetivo de estabelecer um padrão próprio de qualidade (Alves et al. 2011).

O avanço criado atualmente com a definição de qualidade para os méis de meliponíneos, surge no estado de São Paulo com a resolução SAA-52, de 3 de outubro de 2017, que aprova o regulamento técnico de identidade, o padrão de qualidade e os requisitos do processo de beneficiamento do mel, destinado ao consumo humano, elaborado pelas abelhas da subfamília Meliponinae (Hymenoptera, Apidae), conhecidas como abelhas sem ferrão (São Paulo 2017). Embora a regulamentação não inclua a Jandaíra, pode servir de referência para comparação de dados para os parâmetros avaliados neste trabalho.

Vale ressaltar que o mel difere sua composição físico-química de acordo com condições de solo, clima e vegetação de cada região, portanto são necessárias análises em amostras de méis com objetivo de verificar se está adequado para o consumo. Diante do exposto, o presente trabalho teve como objetivo, determinar o teor de umidade e o potencial hidrogeniônico de amostras de méis de abelha Jandaíra produzidos em Sousa, em função do período de armazenamento.

MATERIAL E MÉTODOS

As amostras do mel para a realização das análises foram coletadas em criatório racional de abelhas Jandaíra, instalado no setor do Viveiro de Mudas no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB)- Campus Sousa, unidade São Gonçalo, estando localizado no Perímetro Irrigado de São Gonçalo, na zona fisiográfica do Sertão Paraibano a 220 metros de altitude, de coordenadas geográficas, latitude 6°45‟33” Sul e longitude 38°13‟41”. Segundo a classificação de Köppen, o clima da região é do tipo Bsh (quente), com temperatura média anual de 27°, com mínima de 22° e máxima de 36°, os solos aluvionais, dominantes na área do perímetro irrigado, são profundos, de textura média a argilosa (Nóbrega et al.

2018).

Figura 1. Localização do perímetro irrigado de São Gonçalo.

Fonte: Adaptado de Neto et al. 2012.

Foram utilizadas 10 (dez) colônias de abelha Jandaíra, instaladas em caixas padronizadas no modelo nordestina (70cm x 12cm x 10cm), criadas sob as mesmas

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condições. Antes da realização da coleta do mel, as colônias foram mantidas por um período de seis meses sem receber alimentação artificial a fim de garantir as características naturais do mel.

Na coleta das amostras de mel, foram utilizadas seringas graduadas descartáveis de 20 mL. Para evitar contaminação, para cada colônia foi utilizada uma seringa.

O mel coletado foi depositado em potes plásticos identificados, com capacidade de 100 mL, mantidos em câmara fria à temperatura de 2 a 10 ºC, e protegidas da luz até a realização das análises no Laboratório de Análises Físico-químicas do IFPB- Campus Sousa.

Figura 2. Coleta de mel de Melipona subnitida instalada em caixas racionais modelo nordestino (70cm x 12cm x 10xm), IFPB Campus Sousa, PB: março/2018.

As análises compreenderam teor de umidade e pH e foram realizadas em triplicatas, em três diferentes tempos que corresponderam a 5, 45 e 180 dias após a coleta (dac).

As análises foram realizadas segundo os métodos físico- químicos para análises de alimentos do Instituto Adolfo Lutz (2005).

Umidade (%): corresponde à perda de peso pelo produto quando aquecido em condições em que a água é removida. Utilizou-se como referência a Tabela de Chataway, obtendo a umidade em percentagem, simplesmente, pelo valor de grau Brix obtido. Onde se fez a devida correção da temperatura de 30º C para 20º C com auxílio da Tabela do aparelho refratômetro.

Determinação de pH: representa as concentrações de íons de hidrogênio em uma solução que é influenciada por fatores além da quantidade de ácidos presentes, particularmente pelo conteúdo mineral” segundo Carvalho (2001). Pesou-se 10,0 g de mel e diluiu-se em 10 mL de água destilada e mediu-se o pH usando-se o pH-metro previamente calibrado e estabilizado.

O delineamento utilizado foi inteiramente ao acaso, com 3 (três) tratamentos (análise do material coletado e submetido aos tempos de armazenamento), em 3 (três) repetições para avaliação das variáveis Umidade e pH. Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e posteriormente as médias foram comparadas pelo teste de Tukey ao nível de significância de 5% de probabilidade. Foi utilizado o programa estatístico SISVAR (Ferreira 2011).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos para teor de umidade e potencial hidrogeniônico do mel de abelha Jandaíra produzido no município de Sousa-PB, estão dispostos na Tabela 1.

Fonte: Elaborado pelos autores

Tabela 1. Teor de umidade e pH do mel de abelha Jandaíra (Melipona subnitida), produzido no município de Sousa, Paraíba. IFPB Campus Sousa-PB: março/2018.

Variáveis n Média Mínimo Máximo Fc

Umidade (%) 81 24,73 13,23 31,8 0,675 ns

pH 81 3,17 2,81 3,57 34,56 **

n- Número de observações; ns -Não houve diferenças significativas ** -significativo ao nível de 1% de probabilidade, pelo teste F.

O teor de umidade (%) para as 81 observações nas amostras de méis analisadas não diferem estatisticamente ao nível de 1% de probabilidade, apresentando média 24,73%, valores mínimo e máximo, respectivamente, de 13,23 e 31,8% (tabela 1). A legislação brasileira vigente permite que o mel tenha um teor de umidade de até 20%

(Brasil 2000). Entretanto por se tratar de uma norma baseada em padrões de qualidade internacional para o mel de abelha Apis mellifera, não se adequa para regulamentar o mel de meliponíneos, inclusive o da abelha Jandaíra.

Os teores de umidade para o mel de Abelha Jandaíra, encontrados por Stramm (2011) e Alves et al.

(2011), foram de 24,80% e 27%, respectivamente. Souza et al. (2006), conseguem valores de umidade entre 19,90 e 41,90% para o mel de diversas espécies de abelhas sem ferrão. São dados bem semelhantes aos encontrados nesta pesquisa e diferem dos dados sugeridos na legislação brasileira que, apesar de definir o mel como sendo “o produto alimentício produzido pelas abelhas melíferas”, fica evidente que o mel dos meliponíneos não se enquadram nestas especificações, quanto ao parâmetro umidade, justificando a necessidade da existência de um padrão de qualidade apropriado para o mel de abelhas sociais sem ferrão, no Brasil.

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O pH das amostras de mel, avaliadas em diferentes tempos de análises, apresentaram média de 3,17 e valores mínimo e máximo de 2,81 e 3,57, respectivamente, verificou-se significativa ao nível de 1% de probabilidade (Tabela 1).

Resultados semelhantes aos obtidos para o pH de méis desta pesquisa foram encontrados por Monte et al.

(2013), que obtiveram valores variando de 2,51 a 3,69, Oliveira e Santos (2011), que encontraram valores que variaram de 3,49 a 4,53 em méis da abelha sem ferrão Scaptotrigona bipunctata e Alves et al. (2011), que

verificaram o valor de 3,67 para o potencial hidrogeniônico de mel de abelha Jandaíra.

O valor de pH pode estar diretamente relacionado com a composição florística da área onde está instalado o meliponário, uma vez que o pH do mel pode ser influenciado pelo pH do néctar, além das diferenças na composição do solo ou a associação de espécies vegetais para a composição floral do mel (Crane 1983).

Estão apresentados na Tabela 2, os valores médios do grau de umidade (%) e pH do mel de abelha jandaíra, obtidos para os diferentes tempos de armazenamento do mel.

Tabela 2. Valores médios do grau de umidade (%) e pH do mel de abelha Jandaíra (Melipona subnitida), produzido no município de Sousa-PB. IFPB Campus Sousa-PB: março/2018.

Tratamentos (Tempo) Parâmetros

Umidade (%) pH

1(5 dac) 24,95 3,09b

2(45 dac) 24,95 3,13b

3(180 dac) 24,17 3,31a

CV% 11,03 3,12

Valores médios das análises realizadas em triplicata para três diferentes tempos após a colheita do mel (dac)- Dias após a colheita.

Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Os resultados obtidos para o parâmetro Umidade do mel de abelha Jandaíra produzido no alto sertão da Paraíba (Tabela 2), não apresentaram diferenças significativas quando submetidos ao Teste de Tukey a 5%

de significância. Por se tratar de um mel com maior teor de umidade pode-se explicar o porquê desse parâmetro não apresentar alterações nos três intervalos de tempo de realização das análises.

Os valores obtidos no presente trabalho, confirmam que a umidade do mel de Jandaíra, mesmo submetidos ao processo de estocagem se mantém acima de 20%, encontrando-se em posição mais elevada do que é proposto pela legislação brasileira para o mel de abelhas africanizadas (Brasil 2000). Stramm (2011), encontra resultados que demonstram queda de 24,80 para 23,68% na

umidade do mel de abelha Jandaíra avaliados em 4 diferentes tempos de análises.

O pH do mel apresentou aumento nos valores em função do tempo de armazenamento alcançando o maior valor (3,31) no tempo 3 (180 dac), último tempo de análise (Tabela 2).

Pesquisando sobre o efeito de estocagem na qualidade do mel, Capuci & Honorato (2012), descobrem que o pH do mel sofre leve aumento no prazo de 7, 15 e 21 dias após a colheita.

Os resultados para umidade (%) e pH do mel de abelha Jandaíra desta pesquisa foram comparados com padrões de qualidade em vigor no Brasil (Tabela 3). As normas as quais os valores obtidos se adequam, são as estabelecidas por Villas-Bõas (2005), e a resolução do estado de São Paulo (2017)

Tabela 3. Variações de valor mínimo e máximo obtidos para umidade (%) e pH do mel de abelha Jandaíra produzido no município de Sousa-PB comparados com preconizados pela legislação brasileira para mel de abelhas Apis melífera (Brasil 2000), parâmetros sugeridos para controle de qualidade do mel de abelhas indígenas sem ferrão no Brasil (Villas-Bõas 2005) e resolução SAA-52 que regulamento o controle de qualidade do mel de meliponíneos (São Paulo 2017). IFPB Campus Sousa-PB: março/2018.

Parâmetros Dados da

pesquisa

Apis mellifera (Brasil 2000)

Meliponinae (Villas-Bõas 2005)

Meliponinae (São Paulo 2017)

Umidade (%) 13,23-31,80 Máx. 20,0 Máx. 35,0 Máx. 40,0

pH 2,81 - 3,57 * * 2,90 - 4,50

*Parâmetro não considerado pelos autores

Alguns valores encontrados neste trabalho para o teor de umidade do mel de abelha Jandaíra, estão em desacordo com o limite estabelecido pela legislação brasileira e em equilíbrio com as outras duas sugestões. O pH está adequado ao que é proposto pela regulamentação

do estado de São Paulo. Os resultados do teor de umidade (%) e pH do mel de Melipona subnitida foram comparados com resultados encontrados para outras espécies de abelhas indígenas sem ferrão, conforme apresentado na Tabela 4.

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Tabela 4. Comparação de valores médios de Umidade (%) e pH do mel elaborado por diferentes espécies de abelhas indígenas sem ferrão. IFPB Campus Sousa-PB: março/2018.

Parâmetros

Espécie Umidade (%) pH Referência

Jandaíra (M. subnitida) 24,73 3,17 Esta pesquisa

Tiúba (M. compressies) 26,00 3,66 Monte et al. (2013)

Uruçu (M. scutellaris) 25,10 3,69 Monte et al. (2013)

Uruçu do chão (M. quinquefasciata) 28,80 3,50 Sousa et al. (2013)

Mandaçaia (M. mandacaia) 28,78 3,27 Alves et al. (2005)

Moça branca (Frieseomelita) 23,20 3,80 Araújo (2014)

Arapuá (Trigona spinips) 20,60 2,98 Aguiar et al. (2016)

Jataí (Tetragonisca angustula) 21,20 4,13 Aguiar et al. (2016)

Canudo (Scaptotrigona sp.) 27,15 3,66 Lira et al. (2014)

Em relação a umidade (%) e ao pH, observou-se que os valores apresentam semelhanças entre as espécies.

Os teores de umidade do mel de M. scutellaris e Frieseomelita foram os que mais se aproximaram dos valores obtidos para o mel de M. subnitida, enquanto na comparação do pH, o que apresentou maior semelhança a

esta pesquisa foi da M. mandacaia, encontrado por Alves et al. (2005). A Tabela 5, sumariza a comparação dos valores médios para os teores de umidade (%) e pH do mel de M. subnitida produzido em diferentes regiões do nordeste brasileiro

Tabela 5. Comparação de valores médios de umidade (%) e pH do mel elaborado pela abelha Jandaíra (Melipona subnitida) em diferentes regiões do nordeste brasileiro. IFPB Campus Sousa-PB: março/2018.

Estado Parâmetros Referência

Umidade pH

Paraíba (Alto Sertão) 24,73 3,17 Esta pesquisa

Rio Grande do Norte (região do Seridó) 31,1 4,4 Monte et al. (2013)

Ceará (Região do Baixo Jaguaribe) 27,6 4,01 Sousa et al.2013.

Piauí 26,4 2,51 Reges (2014)

Os dados obtidos para umidade (%) e pH do mel de abelha Jandaíra nas diferentes regiões do nordeste brasileiro apresentam-se semelhantes. Um dos possíveis fatores que contribuíram para a semelhança dos resultados pode ser em decorrência da similaridade da vegetação dessas regiões.

CONCLUSÕES

A avaliação do teor de umidade (%) e pH do mel de abelha Jandaíra produzido no município de Sousa, Paraíba pode contribuir para identificação de qualidade desse tipo de mel produzido nessa região e ajudar na divulgação da necessidade de criação de uma legislação apropriada para estabelecimento de padrões de controle de qualidade do mel de abelhas indígenas sem ferrão no Brasil.

O tempo de estocagem do mel não causou interferências de variação na umidade, porém o pH variou significativamente, mostrando-se maior no último tempo de análise.

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Referências

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