NUTRIÇÃO NOS CICLOS DA VIDA
RESUMOS
MATERIAL
COMPLEMENTAR
Conteúdo
1. Avaliação Antropométrica ... 5
1.1 Peso ...5
1.1.1 Retenção Hídrica...6
1.1.2 Ascite ...7
1.2 Estatura e Comprimento ...7
1.2.1 Extensão dos braços/Envergadura ...8
1.3 Índice de Massa Corporal (IMC) ...8
1.4 Crescimento e Desenvolvimento de Crianças e Adolescentes ...8
1.5 Circunferências ...9
1.5.1 Circunferência do Braço (CB) ...9
1.5.2 Circunferência da Cintura ...9
1.5.3 Circunferência do Quadril...9
1.5.4 Circunferência do Pescoço ...9
1.5.5 Circunferência da Panturrilha ...10
1.5.6 Perímetros Cefálico e Torácico ...10
1.6 Dobras Cutâneas...10
1.7 Força Muscular ...10
1.8 Fórmulas para Determinação de Massa Muscular e Tecido Adiposo ...11
2. Exame Físico ... 12
3. Inquéritos Alimentares ... 15
4. Exames Bioquímicos ... 17
4.1 Estado Nutricional Relativo às Proteínas ...17
4.2 Exames Bioquímicos Relativos a Anemia ...18
4.3 Deficiência de Ferro ...19
5. Métodos Avançados da Avaliação da Composição Corporal ... 20
6. Avaliação Nutricional na Gestante ... 22
6.1 Avaliação Antropométrica ...22
6.2 Exames Laboratoriais ...23
6.3 Semiologia Nutricional ...23
6.4 Avaliação Dietética ...23
7. Avaliação Nutricional de Crianças ... 24
7.1 Medidas Antropométricas ...24
7.1.1 Peso ...24
7.1.2 Comprimento / Estatura ...24
7.1.3 Perímetro Cefálico/Torácico ...24
7.2 Indicadores Antropométricos ...24
7.3 Composição Corporal e Distribuição de Gordura Corporal ...26
7.4 Avaliação Dietética ...26
7.5 Exame Físico ...26
7.6 Exames Laboratoriais ...27
8. Avaliação Nutricional de Adolescentes ... 29
8.1 Avaliação Antropométrica ...29
8.2 Estadiamento Puberal ...30
8.3 Exames Laboratoriais, Exame Físico e Avaliação Dietética ...30
9. Avaliação Nutricional de Adultos ... 31
9.1 Avaliação Antropométrica ...31
9.2 Exames Laboratoriais, Exame Físico e Avaliação Dietética ...32
10. Avaliação Nutricional no Idoso ... 33
10.1 Antropometria ...33
10.2 Composição Corporal ...34
10.3 Avaliação Bioquímica ...34
10.4 Avaliação Dietética e Exame Físico...34
10.5 Mini-Avaliação Nutricional (MAN) ...35
11. Triagem Nutricional ... 36
12. Necessidades Nutricionais na Infância ... 37
12.1 Fase Pré-Escolar ...37
12.2 Fase Escolar ...37
12.3 Necessidades Energéticas ...37
12.4 Necessidades de Nutrientes ...38
13. Alterações Fisiológicas na Puberdade ... 40
13.1 Estadiamento Puberal ...40
13.2 Hormônios na Puberdade ...41
14. Necessidades Nutricionais dos Adolescentes ... 42
15. Necessidades Nutricionais do Adulto ... 44
16. Alterações Fisiológicas no Envelhecimento ... 46
17. Necessidades Nutricionais do Idoso ... 47
18. Avaliação Nutricional em Pacientes Hospitalizados ... 49
Referências ... 51
Anexo A ... 53
1. AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA
A avaliação antropométrica é uma das ferramentas da avaliação nutricional cons- truída a partir de medidas físicas, tais como: peso, estatura (comprimento ou altura), do- bras cutâneas, perímetros e medidas de segmentos corporais em pacientes com limita- ções físicas. Posteriormente, essas medidas possibilitam estudar a composição corporal humana e situar o diagnóstico para tratamento de problemas nutricionais.
1.1 Peso
O peso é a soma de todos os compartimentos corporais. Para a aplicação correta da técnica, é necessário que o paciente esteja usando roupas leves e que evite pesos extras (adereços, chave, carteira...). Além disso, o peso sofre influência de: edema, visceromega- lias e tumores. Além do peso atual (o comumente utilizado – aferido na balança). Pode-se determinar outros tipos de peso:
Tabela 1. Tipos de peso6
Pesos Definições
Peso atual Peso aferido no momento da avaliação.
Peso usual / habitual Peso costumeiro, geralmente referido.
Peso Ideal ou desejável IMC ideal x altura².
Peso ajustado
Peso ideal corrigido quando a adequação do peso for inferior a 95% ou su- perior a 115%.
PA= (peso ideal-peso atual) x 0,25+ peso atual.
A adequação do peso é calculada a partir da fórmula [(peso atual/peso ideal) x 100].
O percentual de adequação de referência é demostrado na tabela seguinte.
Tabela 2. Percentual de adequação do peso6
Adequação do Peso (%) Estado Nutricional
<70 Desnutrição grave
70,1-80 Desnutrição moderada
80,1-90 Desnutrição leve
90,1-110 Eutrofia
110,1-120 Sobrepeso
>120 Obesidade
Além disso, temos outro parâmetro que avalia a mudança de perda de peso a partir do cálculo percentual (é calculado quantos % do peso corporal a pessoa perdeu). Dessa forma sabe-se que a perda de peso pode ser significativa a grave. A tabela seguinte mos- tra essa classificação.
Tabela 3. Classificação da perda de peso6
Tempo Perda significativa de peso (%) Perda grave de peso (%)
1 semana 1-2 >2
1 mês 5 >5
3 meses 7,5 >7,5
6 meses 10 >10
O peso corporal também pode ser estimado. Veja a tabela a seguir.
Tabela 4. Estimativa do peso corporal6
Estimativa do Peso corporal
Homem (0,98 x CP) + (1.16 x AJ) + (1,73 x CB) + (0,37 x DCSE) – 81,69 Mulher (1,27 x CP) + (0,87 x AJ) + (0,98 x CB) + (0,4 x DCSE) – 62,3
CP: Circunferência da panturrilha; AJ: Altura do Joelho; CB: Circunferência do braço DCSE: D.C. Subescapular
1.1.1 Retenção Hídrica
A retenção hídrica tem grande influência no peso. Em alguns casos é necessário rea- lizar o “desconto” do peso (subtrair do valor do peso) a depender do tamanho e localização do edema. Observe a tabela seguinte.
Tabela 5. Desconto do peso correspondente ao edema6
Graduação do edema Região do edema Peso hídrico (kg)
+ Tornozelo 1
++ Joelho 3-4
+++ Base da coxa 5-6
++++ Anasarca 10-12
1.1.2 Ascite
Tabela 6. Desconto do peso correspondente à ascite6
Graduação do edema Região do edema Peso hídrico (kg)
+ Leve 2,2
++ Moderada 6
+++ Grave 14
1.2 Estatura e Comprimento
A estatura é a medida da altura do indivíduo. Para aplicação correta da técnica é ne- cessário que o paciente esteja sem calçados, com pés paralelos, olhar no plano de Frankfurt, e peso igualmente distribuído entre as pernas. Já para a medida do comprimento é neces- sário que seja realizado em superfície lisa e reta, é preciso que o indivíduo esteja descalço, sem adereços, com corpo totalmente em contato com a superfície e os pés em ângulo reto.
Em alguns casos, é impossível aferir a estatura do indivíduo. Então, nesses casos, pode-se realizar a estimativa da estatura através da altura do joelho (ou comprimento da perna) ou envergadura do braço. Observe a tabela a seguir:
Tabela 7. Estimativa da estatura através da altura do joelho ou envergadura do braço6
Altura do Joelho / Comprimento da perna
Homem: [2,02 x AJ] — [0,04 x idade] + 64,19 Mulher: [1,83 x AJ] — [0,24 x idade] + 84,88
AJ: Altura do Joelho
Envergadura do Braço
Distância entre o 3º Quirodáctilo direito e 3º Quirodáctilo esquerdo
Hemi-envergadura do Braço
Estatura = 2x Hemi-envergadura
1.2.1 Extensão dos braços/Envergadura
� Indivíduo de costas para a parede;
� Braços estendidos (90º em relação ao corpo).
Formas de aferir:
1. Aferir com fita métrica a distância entre os dedos médios;
2. A ferir a distância entre o dedo médio de um dos braços até o meio do externo na altura do ombro;
E multiplicar o resultado por dois.
1.3 Índice de Massa Corporal (IMC)
O IMC é um parâmetro adotado pela Organização Mundial de Saúde para calcular se uma pessoa está no peso ideal. Possui alta correlação com os dados de morbimortalidade por DCV. No entanto, o IMC não discrimina a composição corporal.
1.4 Crescimento e Desenvolvimento de Crianças e Adolescentes
Para avaliar o crescimento e desenvolvimento de crianças e adolescentes é preciso realizar a mensuração e o acompanhamento das medidas antropométricas, relacionando- -os entre si. A tabela seguinte mostra como pode ser realizada essa relação.
Tabela 8. Parâmetros para avaliação antropométrica de crianças e adolescentes6
Parâmetro Observações
Peso/ Idade Acompanhamento crescimento infantil.
Reflete a situação global.
Peso/ Altura Harmonia entre peso e altura.
Diagnóstico de excesso de peso e magreza.
Altura/ Idade Crescimento linear da criança.
IMC/ Idade Massa corporal total pela idade.
Diagnóstico de excesso de peso e magreza.
ENVERGADURA
1.5 Circunferências
As circunferências são muito importantes para auxiliar no diagnóstico do estado nu- tricional. Podem ser utilizadas para verificar a distribuição de gordura corporal e ajuda a monitorar a evolução do paciente.
1.5.1 Circunferência do Braço (CB)
Para realizar a técnica e a forma correta, é necessário marcar o ponto médio entre o acrômio e o olecrano. Em seguida, é preciso contornar o braço do paciente com uma trena flexível de forma a evitar a compressão ou folga da pele.
A CB indica sobre a reserva de músculo e gordura, e pode ser utilizada em equações de estimativas de composição corporal e de peso corporal.
1.5.2 Circunferência da Cintura
A circunferência da cintura possui forte relação com a gordura abdominal e a gordura corporal total. A medição deve ser realizada no ponto médio entre a última costela flu- tuante e a crista ilíaca.
Tabela 9. Pontos de corte de circunferência da cintura para homens e mulheres6
Mulheres Homens
Risco cardiovascular
aumentado (cm) >80 >94
Risco cardiovascular
muito aumentado (cm) >88 >102
1.5.3 Circunferência do Quadril
A circunferência do quadril é a medida realizada na maior circunferência do quadril.
Geralmente é utilizado no indicador Relação Cintura-Quadril (indicador utilizado para in- dicação do tipo de distribuição de gordura).
1.5.4 Circunferência do Pescoço
A circunferência do pescoço é um indicador de adiposidade corporal, associado
com RCV. Para aplicação correta da técnica, a fita deve ser posicionada acima da proe-
minência laríngea.
1.5.5 Circunferência da Panturrilha
A circunferência da panturrilha é a medida realizada na maior circunferência da panturrilha. É muito utilizado como indicador de desnutrição/depleção de massa mus- cular em idosos.
1.5.6 Perímetros Cefálico e Torácico
Os perímetros cefálico e torácico são medidas comumente utilizadas em recém-nas- cido para avaliação do crescimento. Para a aferição do perímetro cefálico a fita deve ser posicionada na cavidade supraorbital. Já para aferição do perímetro torácico a fita deve ser posicionada na altura dos mamilos.
1.6 Dobras Cutâneas
As dobras cutâneas são medidas utilizadas para avaliar a quantidade de gordura no corpo. Os seus resultados são aplicados em várias fórmulas e protocolos como forma de quantificar o percentual de gordura corporal. A tabela seguinte mostra como deve ser rea- lizada a aferição das quatro principais dobras cutâneas.
Tabela 10. Forma de aferição das quatro principais dobras cutâneas6
Dobra cutânea (DC) Observações
D. C. Triciptal (DCT)
- LadoNãodominante;
- Formaradobra1cmacimadopontomédioepinçarnaalturadopontomédio.
D. C. Biciptal (DCB)
- LadoNãodominante;
- Palmadamãoparafrente;
- 1cmacimadopontodaDCT.
D. C. Subescapular (DCSE)
- LadoNãodominante;
- Marcaroânguloinferiordaescápulae,emseguida,umponto1cmacimades- te,formandoângulode45°;
- Formaradobranopontodecimaepinçarnopontoabaixo.
D. C. Suprailíaca (DCSI)
- Polegarnalinhaaxialacimadacristailíacaeoindicadorformaadobradia- gonalmente.
1.7 Força Muscular
A força de preensão palmar (ou aperto de mão) é uma medida útil para o diagnóstico
de sarcopenia. Relaciona-se com autonomia para AVD, estado nutricional e saúde global.
1.8 Fórmulas para Determinação de Massa Muscular e Tecido Adiposo
Tabela 11. Fórmulas para determinação de massa muscular e tecido adiposo6
MASSA MUSCULAR
Circunferência Muscular do Braço(CMB) CMB= CB-3,14 x (DCT/10)
Área Muscular do Braço
(AMB) AMB = [CB – 3,14 x (DCT/10)]2 /4 x 3,14 Área Muscular do Braço corrigida
(AMBc)
H:{[CB – 3,14 x (DCT/10)]2 /4 x 3,14]} -10 M:{[CB – 3,14 x (DCT/10)]2 /4 x 3,14]} -6,5
RESERVA ADIPOSA
Dobra Cutânea Tricipital isolada DCT
Soma da DCT e DCSE Ʃ DCT+ DCSE Área Gordurosa do Braço
(AGB) AGB = CMB (cm) x [DCT (mm) ÷ 10]²/2 – πx[DCT (mm) ÷ 10]²/4
Soma das quatro dobras
(DCT+DCB+DCSE+DCSI) ƩDCT+DCB+DCSE+DCSI
As fórmulas seguintes são utilizadas como indicadores de distribuição da gordura corporal.
Tabela 12. Indicadores de distribuição da gordura corporal6
Razão Cintura-Quadril (RCQ)
RCQ = C. Cintura ÷ C. Quadril
Em desuso! Não distingue tecido visceral de subcutâneo! O acom- panhamento não detecta mudanças!
Razão cintura-estatura
RCE = C. Cintura (m) ÷ Estatura (m).Índice de Conicidade
IC=Circunferênciadacintura÷[√(Peso/Estatura)].Diâmetro Abdominal Sagital (DAS)
Nopacientedeitado,naalturadacristailíaca,marcarumpontono centrodoabdome(L4-L5).Comahastefixanascostasdopacien- te,leva-seahastemóvelatéopontomarcado.
2. EXAME FÍSICO
A semiologia nutricional compreende o estudo de sinais e sintomas manifestados pelo paciente. Os sinais são manifestações clínicas visíveis e a avaliação é feita por meio do exame físico. Já os sintomas se manifestam de forma subjetiva, relatado pelo paciente e não visualizada pelo examinador, e o nutricionista dispõe da anamnese nutricional para identificar os sintomas clínicos nutricionais.
AVALIAÇÃO CLÍNICA
Evidenciados apenas em estágio
avançado
Sinais
Identificáveispelo olharclínico Identificáveis pelo
olhar clínico
Sintomas
Requerem experiênciaRequerem
experiência Relatados pelo
paciente
Dessa forma, o exame físico compreende a inspeção detalhada de sinais potencial- mente relacionados com deficiências e excessos nutricionais. É de baixo custo, simples e objetivo para situações extremas. No entanto, é um indicador subjetivo, de baixa sensibi- lidade e a observação dos sintomas só é possível quando a manifestação está no estágio mais avançado da situação clínica. Na tabela seguinte estão listados alguns sinais de desnutrição em cada parte do corpo.
Tabela 13. Sinais de desnutrição em cada parte do corpo6
DESNUTRIÇÃO
Kwashiokor Marasmo
Cabelos Sembrilho,seco,fino,esparso,quebradiço,despigmentado,fácildearrancarsemdore com sinal de bandeira
Face Edema e face de “lua cheia”
Sobrancelhas despigmentadas
Sinal de chave: depleção do mm temporal e da bola gordurosa de bichart
Exposição do arco zigomático
DESNUTRIÇÃO
Kwashiokor Marasmo
Tronco Ascite Anasarca
Exposição da fúcula esternal Abdome escavado
Depleção de mm supra e infraclaviculares Depleção mm intercostais
Costas X Exposição da escápula
Depleção mm paravertebrais
Membros X
Depleção do mm triciptal e redução da re- serva de gordura
Atrofiadogastrocnêmioequadríceps
Na tabela seguinte estão listados alguns sinais de excesso ou carência de nutrientes.
Tabela 14. Sinais de excesso ou carência de nutrientes6
Anemia
Palidez facial, palmar e conjuntivalUnhascoiloníquiassãoassociadasàdeficiênciadeferro
Deficiência de
vitamina A
Olhos:
Mancha de Bitot, ceratomalácia equeixas de xeroftalmia e cegueira noturna
Desidratação
Turgor e elasticidade reduzidos e xeroseDeficiência de
complexo B
Estomatiteangular;quilose,olhoshiperemiados,línguamagenta;glossiteDeficiência de
Niacina
Pelagra
(3D’s): Dermatite, demência e diarreia
Deficiência de
vitamina C
Escorbuto
Gengivassangrantes,perdadosdentes,unhassangrantesepetéquias
Deficiência de
vitamina D e cálcio
Raquitismo (crianças) Osteomalácia (adultos
Deficiência de
vitamina K
Redução da cascata de coagulação Petéquiaseequimoses
Hiperlipidemia
Xantoma e xantelasmaObesidade
Acúmulo de tecido adiposo em abdome, costas e perirrenalAcanthosis
nigricans
Hiperproliferaçãodequeratinócitos,melanócitosefibroblastos Apresenta manchas escuras no pescoço, axilas e rosto
Hiper-hidratação
Edema(Bilateral,Indolor,Frioemole,Comcacifoounão)
Ascite(Kwashiokor,Insuficiênciahepática,InsuficiênciaCardíaca,Insufici- ência Pancreática)
Excesso de vitamina A
(Hipercarotemia)
Cuidado!Nãoconfudircomicterícia
3. INQUÉRITOS ALIMENTARES
O nutricionista dentro da avaliação nutricional possui diversos instrumentos ou me- todologias para avaliar a saúde do seu paciente. O inquérito alimentar tem por finalida- de colher dados referente ao consumo alimentar quantitativo e qualitativo, envolvendo a frequência de consumo, os hábitos individuais e coletivos. Sendo assim, a avaliação do consumo alimentar é importante para:
� Avaliação do estado nutricional e risco nutricional;
� Conhecer consumo hábitos, comportamentos alimentares;
� Prescrever dietas;
� Planejar políticas de alimentação e nutrição;
� Verificar eficiência de intervenções.
A escolha do método depende de vários fatores, como: o indivíduo (idade, escolari- dade, e condição de saúde), o objetivo (avaliar consumo atual ou habitual, quanti ou quali- tativo), e as condições da coleta (local, tempo disponível). Na tabela seguinte há detalhes sobre cada método.
Tabela 15. Métodos de inquéritos alimentares6
MÉTODO OBSERVAÇÕES
Recordatório 24-horas Relato detalhado da ingestão
alimentar do dia anterior
VANTAGENS:MétodoRetrospectivo,quantitativo,consumoatual;
aplicadoatodasfaixasetáriasediferentesníveisdeescolaridade;
Baixo custo, rápido, prático e não altera consumo usual
DESVANTAGENS:Viésdememóriaefacilidadedeindução;para avaliar hábito R-24h seriados; não considera a sazonalidade;
Omissãoedificuldadedeestimarporções Frequência alimentar
Oindivíduodeveráinformar os alimentos e a frequência que os consome em um determinadoperíododetempo
VANTAGENS: Hábito Alimentar – Padronização para pesquisas – Qualitativa ou semiquantitativa -Autoaplicável -Baixo custo, sim- ples e rápida
DESVANTAGENS: Viés de memória – Prática recente influencia prática passada -Imprecisão nos cálculos -Não fornece informa- çõesdequantidadedeingestãodenutrientes
Registro alimentar Oindivíduoregistraopróprio consumoporperíodoigualou
superior a 3 dias (por escrito, fotografiaouduplicata)
VANTAGENS: Método quantitativo, prospectivo; Não requer memória; Identifica alimentos, formas de preparo e horário de consumo
DESVANTAGENS:Podemodificaroconsumoalimentar/subnoti- ficação;requertempo;poucoprático;dependedacapacidadede entendimento do paciente
MÉTODO OBSERVAÇÕES
História alimentarUniãodeváriosmétodos investiga: n°, local e horários
dasrefeições,preferências, intolerânciaseaversões, história dietoterápica, apetite,
consistência da dieta
VANTAGENS: Informaçõesqualitativasequantitativas;Consumo atualehabitual;consideraasazonalidade.
DESVANTAGENS: Viésdememóriaminimizado;Demandadegran- de disponibilidade de tempo.
Pesagem direta Pesagem direta dos alimentos
efetivamente consumidos, realizada pelo entrevistado
VANTAGENS:Padrão-Ouro;Métodomaisexatoparadeterminara ingestão de alimentos.
DESVANTAGENS: Difícil colaboração do entrevistado; Influencia doentrevistadordevidosuapresençasobreaingestãoalimentar;
Caro e demorado.
4. EXAMES BIOQUÍMICOS
Os exames laboratoriais servem como base para o diagnóstico do paciente. Os in- dicadores do estado nutricional são os parâmetros hematológicos, proteicos viscerais, proteicos somáticos, perfil lipídico, teste de competência imunológica e micronutrientes.
Os exames bioquímicos são indicadores objetivos, com resposta precoce às mudanças do EN e é muito bom para o monitoramento de intervenções. No entanto, é de alto custo, pode haver interferência de situações clínicas e não devem ser usados isoladamente.
4.1 Estado Nutricional Relativo às Proteínas
As proteínas plasmáticas sofrem grande influência do EN do indivíduo. No entanto, possui algumas limitações. Seus valores podem não indicar o EN nas seguintes situações:
� carência de ferro (transferrina);
� inflamação;
� estresse metabólico (cirurgia, sepse, trauma);
� insuficiência (hepática, renal, cardíaca);
� desidratação.
O nível de sensibilidade para diagnóstico de desnutrição segue a seguinte ordem:
Proteína Carreadora de retinol > Pré-albumina > Transferrina > Albumina. Na tabela se- guinte há informações detalhadas sobre essas proteínas.
Tabela 16. Observações sobre as proteínas plasmáticas6
Albumina VN >3,5mg/dL
Meia-vida de 17-20 dias Diagnóstico tardio Indicador de prognóstico
Transferrina
VN 200-400mg /dL
Meia-vida de 8-10 dias Diagnóstico tardio
Pré-Albumina
VN >20mg/dL
Meia-vida de 2-3 dias Diagnóstico precoce
Proteína carreadora
do retinol VN 3 a 5mEq/dL
Meia-vida de 12 horas Diagnóstico precoce
O Índice Creatinina-altura (ICA) é um Indicador de catabolismo muscular que leva em consideração a creatinina urinária de 24 horas. Para calcular o ICA é necessário utilizar a seguinte fórmula: ICA% = (Cr urinária 24 horas ÷ Cr urinária ideal) X 100. Valores conside- rados normais são acima de 90%. Além disso, os resultados podem sofrer influência de:
consumo de dieta onívora (no preparo do exame), exercício físico (estresse metabólico)
insuficiência renal e coleta inadequada.
O Balanço Nitrogenado é um exame que ajuda a medir a diferença entre a proteína in- gerida pela alimentação e a eliminada através da urina. Serve para acompanhar a evolução nutricional do paciente. É calculado da seguinte forma: BN = N ingerido – N excretado (o N excretado engloba o N excretado por meio da urina e as perdas fecais e suor).
Balanço de nitrogênio é positivo, indica um estado anabólico. Isso poderia ser um indicativo de que o indivíduo possa estar produzindo mais massa muscular, embora não seja necessariamente obrigatório que isso aconteça.
No entanto, se o balanço de nitrogênio é negativo, a pessoa está em um estado cata- bólico. Isso pode sugerir que o organismo esteja usando as próprias reservas de proteínas para sobreviver, uma situação que acontece decorrente de inanição (em pacientes hospi- talizados, por exemplo) ou quando a ingestão de proteína está abaixo do necessário.
A Contagem Total de Linfócito reflete as condições de defesa humoral e celular. Pode ser calculado da seguinte forma: CTL= (%Linfócitos x Leucócitos) ÷100. Os resultados podem ser interpretados da seguinte forma:
� Dep. Leve 1200-2000/ mm³;
� Dep. Moderada 1200-800/ mm³;
� Dep. Grave <800/ mm³.
Os Índices Hematológicos (Hemoglobina e Hematócrito) modificam-se nas anemias.
São índices pouco específicos. Os valores de normalidade são:
� Homem: hemoglobina (13,5-18g/dL), hematócrito (36%);
� Mulher: hemoglobina (12-16 g/dL), hematócrito (31%).
4.2 Exames Bioquímicos Relativos a Anemia
Tabela 17. Observações sobre exames bioquímicos relativos à anemia6
ERITROGRAMA
HemáciasTransporte de O2 para os tecidos e remove o CO2
VN H:4,5-6mi/m m³ M:4-5,5mi/m m³
Hemoglobina ProteínacarreadoradoO2e
CO2
VN H: 13,5-18g/dL M: 12-16g/dL
Geralmentediminuídonaanemiaferroprivaemegaloblástica Hematócrito
Proporção entre a parte sólida eapartelíquidadosangue
VN H: 40-54% M: 38-47%
Geralmentediminuídonaanemiaferroprivaemegaloblástica
ERITROGRAMA
Volume corpuscular médioÉ o volume das hemácias
VN 80-94fl
Geralmentediminuídonaanemiaferroprivaeaumentadoname- galoblástica
Hemoglobina corpuscular média
Éoconteúdohemoglobínico de um eritrócito
VN 27-32pg
Geralmentediminuídonaanemiaferropriva
RDW
Amplitude da variação do volume das hemácias
VN 11-14%
Geralmente aumentado na anemia ferropriva e megaloblástica
4.3 Deficiência de Ferro
Tabela 18. Determinações bioquímicas utilizadas para avaliar a deficiência de ferro6
DEFICIÊNCIA DE FERRO
Ferro sérico Não avalia estoques de ferro Aumentado na hemocromatose
Ferritina
ReservadeFerronofígado Diminuídonadeficiênciadeferro
Aumentado na sobrecarga de ferro e Inflamação
Transferrina
Proteínacarreadoradoferronosangue Diminuídanadesnutrição
Aumentadanadeficiênciadeferro
Saturação da transferrina
ReservadeFerronofígado Diminuídanadeficiênciadeferro Aumentada na hemocromatose
Capacidade total de ligação ao ferro
Quantidadedeferrototalqueasproteínasplasmáticas(transfer- rina) podem carrear
Diminuídaeminfecção,neoplasia,uremia Aumentada na Anemia ferropriva
5. MÉTODOS AVANÇADOS DA AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL
A avaliação da composição corporal é de extrema importância para o diagnóstico do estado nutricional (EN) do indivíduo e para determinação da conduta dietoterápica a ser aplicada. O EN do indivíduo relaciona-se com o estado de saúde geral e desempenha um papel importante nos objetivos relacionados a saúde e aptidão. Além dos métodos tradicionais (exemplificados anteriormente) existem os métodos avançados para avaliar a composição corporal. São eles:
Tabela 19. Principais métodos avançados para avaliar a composição corporal6
Tomografia computadorizada
Utiliza a emissão de feixe de raio-X (atenuação do feixe de raio x / densi- dade dos tecidos)
AvaliacomposiçãocorporaleGorduravisceralMétododealtocusto Radiação
Ressonância magnética
Utilizacampomagnéticoeíonshidrogênio Não utiliza radiação
Ótimo para avaliação da composição corporal, sarcopenia e gordura vis- ceral
Absorciometria de raio-x de dupla energia
Filtroconverteumfeixederaio-xempicosfotoelétricosdebaixaealta energia
Atenuaçãoderaiosemdiferentesníveisdeenergiapelosdiferenteste- cidos
PossuiasmesmaslimitaçõesdaTC(altocusto,usoderadiação)
Bioimpedância elétrica
Utilizacondutividadeelétrica.Acorrentefluipelocorpoatravésdamovi- mentaçãodosíons
Impedância (Z): A oposição ao fluxo total da corrente
Resistência(R):Oposiçãoaofluxodacorrenteatravésdosespaçosintra e extracelulares do corpo
Reactância (Xc): Oposição ao fluxo da corrente causada pela membrana celular
Nos músculos, ossos, sangue há alto conteúdo de água e eletrólitos. Devido ao alto
conteúdo de água ocorre alta condutividade e baixa resistência. Na gordura corporal, pele
e pulmões há baixo conteúdo de água e eletrólitos. Pelo baixo conteúdo ocorre baixa con-
dutividade e alta resistência. Dessa forma, o estado de hidratação é o principal fator que
influencia na sensibilidade da bioimpedância elétrica. A hiper-hidratação superestima a
MLG (massa livre de gordura) e a desidratação subestima a MLG. Os fatores que interfe-
rem na hidratação são:
� Exercício físico;
� Ciclo menstrual;
� Uso de diuréticos;
� Uso de cafeína/Álcool;
� Edema/Ascite.
O Ângulo de Fase (AF) é derivado da Resistência e Reactância. É um indicador de
prognóstico utilizado para avaliar a integridade celular. Quanto menor o AF, pior o prog-
nóstico (tempo de internamento, complicações, mortalidade).
6. AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NA GESTANTE
O período gestacional é caracterizado por inúmeras alterações e, durante a gestação, as necessidades energéticas estão aumentadas para o correto desenvolvimento do feto.
Dessa forma, a avaliação do estado nutricional de gestantes é importante para:
� Identificar o EN e gestantes em risco nutricional;
� Verificar o comportamento do ganho ponderal;
� Avaliar hábitos alimentares;
� Reduzir a incidência de complicações.
6.1 Avaliação Antropométrica
Para começar, é preciso determinar o IMC pré-gravídico (IMCPG) da gestante. Pode ser o peso anterior a gestação (até 2 meses antes do diagnóstico da gestação) ou o peso no primeiro trimestre de gestação. Determinando o IMCPG é possível verificar como deve ser o ganho de peso dessa mulher durante a gestação. Observe a tabela a seguir:
Tabela 20. Recomendação de ganho de peso da gestante de acordo com o IMCPG1
ESTADO NUTRICIONAL PRÉ-GRAVÍDICO GANHO DE PESO
EstadoNutricional Mulheres adultas
Adolescentes (10-19 anos)
IMCPG/I
Semanal 2º e 3º trimestre
(kg)*
Total da gestação
(kg)
Baixo Peso <18,5 <p5 0,5 (0,44 – 0,58) 12,5 – 18
Adequado 18,5-24,9 P5-p85 0,4 (0,35 – 0,50) 11 – 16
Sobrepeso 25,0-29,9 P85-p95 0,3 (0,23 – 0,33) 7 – 11,5
Obesidade ≥30,0 ≥p95 0,2 (0,17 – 0,27) 5 – 9
* Os cálculos assumem um ganho de peso de 0,5 a 2 kg no primeiro trimestre.
O acompanhamento do estado nutricional da gestante deve ser realizado utilizando o Gráfico de IMC por semana gestacional (Curva de Atalah). A curva deve ser sempre as- cendente, independente do EN da gestante (indicando um adequado ganho de peso). No entanto, o nível de inclinação da curva que pode variar a depender do EN da gestante:
� Baixo Peso: A inclinação da curva traçada deve ser maior que a inclinação da curva que delimita o estado nutricional;
� Eutrofia: A inclinação da curva traçada deve ser ascendente e paralela a curva que
delimita o estado nutricional;
� Sobrepeso: A curva deve apresentar inclinação ascendente semelhante às curvas que delimitam a de sobrepeso (S), a depender do seu estado nutricional inicial;
� Obesidade: A inclinação da curva traçada deve ser ascendente com inclinação igual ou menor da curva que delimita o estado nutricional.
Gestantes com menos de 1,47m devem ter o ganho de peso total mínimo. E em caso de gestantes que já atingiram GP total ainda no 2ºT, deve-se programar o GP mínimo no período: 0,5kg/mês para sobrepesos e obesas e 1,0kg/mês para desnutridas e eutróficas.
6.2 Exames Laboratoriais
Tabela 21. Valores de referência de hemoglobina, hematócrito e VCM para gestantes16
Hemoglobina
1° Trimestre: 11mg/dL 2° Trimestre: 10,5mg/dL 3° Trimestre: 11mg/dL
Hematócrito
1° Trimestre: 33%
2° Trimestre: 31,50%
3° Trimestre: 33%
VCM
81-95dLOs valores de referência para hemoglobina e hematócrito são diferentes no segundo semestre porque nesse período ocorre expansão do volume sanguíneo.
6.3 Semiologia Nutricional
A avaliação deve ser completa e sistemática, com ênfase nos sintomas GI (pirose, vômitos, obstipação, náuseas, refluxo). Ganho de peso maior que 500g semanais ou maior que 3kg por mês devem ser investigados, pois suspeita-se de edema.
6.4 Avaliação Dietética
Na avaliação dietética devem-se observar os seguintes fatores:
� Tamanho das porções;
� Composição das refeições;
� Alergias e intolerância alimentar;
� Consumo abusivo de excesso calórico;
� Picamalácia;
� Número de refeições;
� Preferências, aversões, tabus alimentares.
7. AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS
A infância é um período de grande vulnerabilidade nutricional. A avaliação do estado nutricional de crianças é importante para: identificar o risco de deficiências nutricionais;
acompanhar o crescimento infantil; verificar o hábito alimentar; e monitorar o risco de excesso de peso.
7.1 Medidas Antropométricas
7.1.1 Peso
Até os 2 anos é considerado o melhor indicador antropométrico: sensível a peque- nas mudanças. É o parâmetro que tem maior velocidade de crescimento até os dois anos.
Peso varia mais em função da idade que do comprimento.
Tabela 22. Observações sobre peso ao nascer, idade gestacional e relação PT/PC17
PESO AO NASCER IDADE GESTACIONAL RELAÇÃO PT/PC
Peso adequado ao nascer 3000-4499g Peso insuficiente ao nascer 2500-2999g
Baixo peso ao nascer 1000-2499g Muito baixo peso ao nascer <1000g
Pequeno para idade gestacional <p10 Adequado para idade gestacional p10-p90
Grande para idade gestacional >p90
0a6meses=1à Eutrófico 6 meses a 5 anos:
>1àEutrófico
<1àDEP
7.1.2 Comprimento / Estatura
Reflete os agravos nutricionais a longo prazo. Após 2 anos, o crescimento é mais lento e constante: peso varia mais em função da estatura do que em relação a idade.
7.1.3 Perímetro Cefálico/Torácico
O Perímetro Cefálico (PC) é o último a ser afetado por nutrição inadequada e o pri- meiro que cresce ao se atingir a oferta proteica-calórica adequada. Já o Perímetro Toráci- co (PT), na DEP, não ocorre desenvolvimento dos membros torácicos.
7.2 Indicadores Antropométricos
Para a avaliação nutricional de crianças são utilizados os indicadores antropométri-
cos, que relacionam duas ou mais medidas para determinar o EM da criança. Os indica-
dores são:
� Peso por idade: adequado para acompanhamento do ganho de peso e reflete a situação global do indivíduo. Não diferencia o comprometimento nutricional atual (agudo) dos pregressos ou crônicos;
� Peso por estatura: Expressa a harmonia entre as dimensões de massa corporal e estatura. É sensível para o diagnóstico de emagrecimento e excesso de peso.
Indicado para crianças de 0 a 5 anos;
� IMC por Idade: É recomendado no diagnóstico individual e coletivo dos distúrbios nutricionais. Indicador de excesso de gordura corporal total nos percentis superiores. De 0-5 anos: Categorias Risco de sobrepeso, sobrepeso e obesidade.
De 5-10 anos: Categorias sobrepeso, obesidade e obesidade grave;
� Estatura por idade: Expressa crescimento linear para uma idade específica.
Índice que melhor reflete o acúmulo de situações nutricionais adversas sobre o crescimento.
Tabela 23. Parâmetros antropométricos para crianças1
VALORES CRÍTICOS
ÍNDICES ANTROPOMÉTRICOS PARA CRIANÇAS DE
0 A 5 ANOS
ÍNDICES ANTROPOMÉTRICOS PARA CRIANÇAS DE
5 A 10 ANOS Peso
para idade
Peso para estatura
IMC para idade
Estatura para idade
Peso para idade
IMC para
idade Estatura para idade
< Percentil 0,1 < Escore-z -3
Muito baixo peso para
a idade
Magreza
acentuada Magreza acentuada
Muito baixa estatura
para a idade
Muito baixo peso para
a idade
Magreza acentuada
Muito baixa estatura
para a idade
Percentil 0,1 e
< Percentil 3 Escore-z -3 e
< Escore-z -2
Baixo peso para
a idade Magreza Magreza
Baixa estatura
para a idade
Baixo peso para
a idade Magreza
Muito baixa estatura
para a idade Percentil 3 e
< Percentil 15 Escore-z -2 e
< Escore-z -1
Peso adequado
para a idade
Eutrofia Eutrofia
Estatura adequada
para a idade
Peso adequado
para a idade
Eutrofia
Muito baixa estatura
para a idade
> Percentil 15 e
< Percentil 85 Escore-z -1 e Escore-z +1 Percentil 85 e
Percentil 97 > Escore-z +1
e Escore-z +2 Risco de
sobrepeso Risco de
sobrepeso Sobrepeso
> Percentil 97 e
Percentil 99,9 > Escore-z +2
e Escore-z +3 Peso elevado
para a idade
Sobrepeso Sobrepeso
Peso elevado
para a idade
Obesidade
> Percentil 99,9 > Escore-z +3 Obesidade Obesidade Obesidade
grave
7.3 Composição Corporal e Distribuição de Gordura Corporal
Tabela 24. Cálculos para avaliação da composição corporal e distribuição de gordura corporal4
Reserva Muscular
Circunferência Muscular do Braço (CMB) CMB = CB – 3,14 x (DCT/10)
<P5:déficit;
P5-P15:riscodedéficit
Reserva Adiposa
Ʃ DCT+ DCSE
<P5:déficit;P5-P15:riscodedéficit
>P90: excesso
Distribuição da
Gordura Corporal Circunferência
da cintura
Gordura visceral e RCV
Pontomédioentreaúltimacostelaflutuanteecristailíaca Tabela de referência por idade, sexo e etnia
> Percentil 90
7.4 Avaliação Dietética
A forma que a avaliação dietética será realizada dependerá do objetivo e das condi- ções de coleta de informações.
� Recordatório de 24 horas: Deve ser adotado na avaliação de crianças. Em pré- escolares há variação do apetite, então deve-se realizar R-24h seriados. Em escolares pode ser realizado entrevista direta com a criança. Deve-se ter atenção com dia atípico e vieses de resposta;
� Registro alimentar: O registro depende da disponibilidade do cuidador. Importante a inclusão de lanches e beliscos;
� Frequência alimentar: Completa ou de um grupo de alimentos;
� História alimentar: Observar local, horário e ambiente das refeições. Verificar grau de autonomia da criança e introdução da alimentação complementar.
7.5 Exame Físico
Para cada carência ou excesso de nutrientes devem ser observadas características específicas. Na tabela seguinte estão detalhadas essas características.
Tabela 25. Carências e excessos de nutrientes a serem observados em crianças18
Marasmo / Desnutrição energético-proteica
Despigmentaçãodospelos;ExposiçãodaescápulaAtrofiadosmmparaver- tebrais; Nádegas atrofiadas; Atrofia de quadríceps e gastrocnêmio; Atrofia dosmminfraesupraclaviculares;Atrofiadosmmintercostais;Depleçãoda bolagordurosadeBichat;Facesenil.
Kwashiorkor /
desnutrição proteica
Edemadeface;Cabelosdespigmentados;Anasarca;Asciteehepatomegalia.Obesidade
Obesidadeabdominal;Acanthosisningricans(resistênciaàinsulina).
Anemia Ferropriva
Palidezconjuntival;Cansaço;Letargia;Baixorendimentoescolar.Hipovitaminose A
ManchadeBitot;Xeroftalmia;Xerose.7.6 Exames Laboratoriais
Para a avaliação dos exames laboratoriais é necessário utilizar os valores de refe- rência específicos da faixa etária. Algumas determinações bioquímicas tem valores de referência diferente para crianças.
Tabela 26. Valores de referência de exames bioquímicos para crianças4
EXAME LABORATORIAL VALORES DESCRIÇÃO
Hemoglobina (mg/dL) 1-2 anos 2-5 anos 5-8 anos 8-12 anos
<11
<11,1
<11,5
<11,9
Anemia
Hematócrito (%) 1-2 anos 2-5 anos 5-8 anos 8-12 anos
<32,9
<33
<34,5
<35,4
Anemia
VCM (fL) <75 AnemiaMicrocítica
Saturação da Transferrina (%) <12 Def. funcional de ferro
CTLF (mcg/dL) <200 Doença infecciosa ou infamatória
Ferritina (ng/mL) <12 Depleção de ferro
PERFIL LIPÍDICO
Lipoporteínas (mg/dL) Desejável (Com jejum) Desejável (Sem jejum)
Colesterol total <170 <170
HDL-c >45 >45
Triglicerídeos 0-9 anos 9-18 anos
<75
<90
<85
<100
LDL-c <110 <110
Não HDL <120 <120
GLICEMIA
Glicemia de jejum <100mg/dL
Glicemia de jejum alterada 100-126 mg/dL
TOTG 140-200 mg/dL
8. AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE ADOLESCENTES
A avaliação nutricional de adolescentes é importante para observar: o aumento no crescimento e desenvolvimento; o aumento das necessidades nutricionais; avaliar hábitos alimentares.
8.1 Avaliação Antropométrica
A avaliação antropométrica é realizada a partir dos indicadores (IMC/idade, estatura/
idade) e pelas fórmulas de distribuição de reserva adiposa e reserva muscular.
Tabela 27. Parâmetros antropométricos para adolescentes19
VALORES CRÍTICOS
ÍNDICES ANTROPOMÉTRICOS PARA ADOLESCENTES
IMC para idade Estatura para idade
< Percentil 0,1 < Escore-z -3 Magreza acentuada Muita baixa estatura para a idade Percentil 0,1 e
< Percentil 3 Escore-z -3 e
< Escore-z -2 Magreza Baixa estatura
para a idade Percentil 3 e
< Percentil 15 Escore-z -2 e
< Escore-z -1
Eutrofia
Estatura adequada para a idade
> Percentil 15 e
< Percentil 85 Escore-z -1 e Escore-z +1 Percentil 85 e
Percentil 97 > Escore-z +1 e
Escore-z +2 Sobrepeso
> Percentil 97 e
Percentil 99,9 > Escore-z +2 e
Escore-z +3 Obesidade
> Percentil 99,9 > Escore-z +3 Obesidade grave
Tabela 28. Cálculos para avaliação da composição corporal e distribuição de gordura corporal4
Reserva Muscular
Área Muscular do Braço (AMB)
AMB = [CB – 3,14 x (DCT/10)]² /4 x 3,14
<P5:déficit;P5-P15:riscodedeficit
Reserva Adiposa
Ʃ DCT+ DCSE<P5:déficit;P5-15:risco;>P90:Excesso
Circunferência a
Cintura
Gordura visceraleRCV; Ponto médio entreaúltimacostelaflutuante ecrista ilíaca;Tabeladereferênciaporidade,sexoeetnia;>Percentil908.2 Estadiamento Puberal
O estadiamento puberal é importante para a interpretação dos indicadores antropo- métricos e para determinar a prescrição nutricional de acordo com a fase da puberdade. É baseado nas características sexuais secundárias (Meninas-mamas e pelos pubianos; Me- ninos-genitália e pelos pubianos). Pode ser avaliado através da autoavaliação (imagens) e critérios de Tunner.
Acelerado Sexo feminino
M1:Pré-púbere M2 e M3: Pubescência M4 e M5: Pós-púbere
G1eG2:Pré-púbere G3 e G4: Pubescência G5: Pós-púbere Sexo masculino
Idade
M1 M2 G2
G3
G5 M4
M5
Idade
cm/ano
cm/ano
PVC
Menarca
Voz Adulta PVC
Acelerado Desacelerado M3
G4
Desacelerado
8.3 Exames Laboratoriais, Exame Físico e Avaliação Dietética
As observações do exames laboratoriais e exame físico são similares às observa- ções da aula de criança. Quanto à avaliação dietética, os adolescentes têm grande in- fluência alimentar de amigos, mídia e redes sociais. Na avaliação é necessário observar os seguintes aspectos:
� Fast food; Omissão de refeições; Substituição de refeições por lanches;
� Mudança do padrão alimentar: Redução de vegetais, laticínios e água;
� Distúrbios alimentares e de imagem.
9. AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE ADULTOS
Nessa etapa da vida, o corpo humano já adquiriu maturidade fisiológica e metabóli- ca. No entanto, existem fatores que podem afetar o estado nutricional do indivíduo na fase adulta. Os fatores são:
� Presença de patologias;
� Padrão alimentar ocidentalizado;
� Demandas por atividade física ou atividades laborais.
Neste tópico vamos abordar os principais itens a serem observados na avaliação nutri- cional de indivíduos adultos. Mais detalhes sobre cada técnica já foram abordados nos tó- picos anteriores (avaliação antropométrica, exame físico, inquéritos, exames bioquímicos).
9.1 Avaliação Antropométrica
É importante obter as medidas de peso e altura (seja aferido ou estimado). Essas me- didas servem para calcular índices como o IMC. A tabela seguinte mostra a classificação do IMC.
Tabela 29. Classificação do IMC6
Classificação
<16 Magreza grau III
16 – 16,9 Magreza grau II
17 – 18,4 Magreza grau I
18,5 – 24,9 Eutrofia
25 – 29,9 Sobrepeso
30 – 34,9 Obesidade grau I
35 – 39,9 Obesidade grau II
>40 Obesidade grau III
A distribuição da gordura corporal pode ser aferida através do Diâmetro Abdominal
Sagital (DAS). Além disso, a avaliação da composição corporal e distribuição da gordura
corporal também pode ser obtida por fórmulas. Observe a tabela seguinte.
Tabela 30. Cálculos para avaliação da composição corporal e distribuição de gordura corporal6
Reserva Muscular
Circunferência Muscular do Braço (CMB) CMB= CB-3,14 x (DCT/10)
Área Muscular do Braço (AMB)
AMB = [CB – 3,14 x (DCT/10)]2 /4 x 3,14 Área Muscular do Braço corrigida (AMBc) H:{[CB – 3,14 x (DCT/10)]2 /4 x 3,14]} -10 M:{[CB – 3,14 x (DCT/10)]2 /4 x 3,14]} -6,5
<P5: déficit; P5-P15: risco de deficit
Reserva Adiposa
DCT
Ʃ DCT+ DCSE CÁLCULO DE AGB
<P5: déficit; P5-15: risco; >P90: Excesso
= ƩDCT+DCB+DCSE+DCSI determina o % Gordura Corporal
Distribuição da gordura Corporal
Circunferência da Cintura
Razão Cintura-Quadril (RCQ) (em desuso) Razão cintura-estatura
Índice de Conicidade
9.2 Exames Laboratoriais, Exame Físico e Avaliação Dietética
As observações do exames laboratoriais e exame físico para a avaliação de adultos foram bem exploradas nos tópicos anteriores (exame físico, inquéritos, exames bioquími- cos). Além disso, quanto à escolha do método para avaliação dietética, é preciso analisar os seguintes fatores:
� Recordatório 24-horas: Retrospectivo – Consumo Atual – Quantitativo;
� Frequência alimentar: Retrospectivo – Consumo habitual – Qualitativo;
� Registro Alimentar: Prospectivo – Consumo atual – Quantitativo;
� História Alimentar: Prospectivo/retrospectivo – Padrão alimentar – Quali-
quantitativo.
10. AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NO IDOSO
No envelhecimento ocorre diversas alterações morfológicas e fisiológicas e conse- quentemente mudanças na composição corporal. Devido a essas alterações, alguns itens na avaliação nutricional do idoso precisam de pequenos ajustes às suas condições.
Neste tópico vamos abordar os principais itens a serem observados na avaliação nutricional de indivíduos idosos. Mais detalhes sobre cada técnica já foram abordados nos tópicos anteriores (avaliação antropométrica, exame físico, inquéritos, exames bio- químicos).
10.1 Antropometria
Com o envelhecimento, ocorre diminuição dos arcos dos pés, aumento da curvatura da coluna, e encurtamento da coluna por redução da espessura dos discos intervertebrais.
Por causa disso, no idoso, é necessário estimar a altura (e não aferir). A estimativa da altura pode ser realizada a partir da altura do joelho (comprimento da perna) ou pela en- vergadura do braço. Além disso, no idoso, ocorre redução da massa muscular e aumento da gordura corporal.
O IMC também é um indicador utilizado na avaliação física do idoso. Apesar de não discriminar a composição corporal, O SISVAN recomenda o uso do IMC no acompanha- mento de idosos em UBSs. No entanto, os pontos de corte são diferentes dos valores uti- lizados em adultos. Observe a tabela abaixo:
Tabela 31. Pontos de corte de IMC para idosos8
LIPSCHITZ (1994) SISVAN (2011) OPAS (2002)
Baixo peso (kg/m2) < 22 < 22 < 23
Eutrofia(kg/m2) 22 a 27 22 a 27 23 a 28
Excesso de peso (kg/m2) >27 >27 >28
10.2 Composição Corporal
Tabela 32. Avaliação da composição corporal e distribuição de gordura corporal8
Massa Muscular
Circunferência Muscular do Braço – CMB= CB-3,14x(DCT/10) Depleção Muscular <P10
Circunferência da Panturrilha: Forneceamedidamaissensíveldamassamuscular nos idosos
CP < 31cm Depleção muscular; Pior prognóstico
Gordura corporal
Dobra cutânea TriciptalBaixa reserva: <P10; Excesso de gordura: >P90
Bioimpedância
Elétrica
Avaliação da massa muscular, gordura corporal e água corporal É necessário ter atenção ao estado de hidratação
Distribuição da gordura corporal
Maior secreção de glicocorticoides Acúmulo de gordura em região abdominal Maior risco de eventos cardiovasculares
10.3 Avaliação Bioquímica
No idoso, é necessário estar atento aos níveis bioquímicos, devido à alta probabilida- de de desnutrição. A diminuição dos níveis séricos de albumina sérica (<3,5mg/dL), coles- terol total (<100mg/dL) e contagem total de linfócitos, pode ser indicativo de desnutrição e possui alta correlação com a mortalidade.
Além disso, a diminuição dos níveis de ferro sérico, ferritina e aumento de transfer- rina estão relacionados à anemia ferropriva. O aumento da glicemia de jejum está rela- cionado a intolerância à glicose. E o aumento de colesterol total e LDL-Colesterol estão relacionados à hiperlipidemia.
10.4 Avaliação Dietética e Exame Físico
A avaliação pode ser quantitativa e qualitativa. No momento da avaliação é neces- sário levar em consideração o viés de memória do idoso e a dependência de outros infor- mantes. Para estimar o consumo alimentar podem ser empregados: recordatório 24-ho- ras, registro alimentar, história dietética ou frequência alimentar.
Quanto ao exame físico, os idosos são mais propícios a: anemia, desidratação, eden-
tulismo e desnutrição. Na avaliação, é preciso identificar se as alterações físicas do enve-
lhecimento têm influenciado no consumo alimentar do idoso.
10.5 Mini Avaliação Nutricional (MAN)
A Mini Avaliação Nutricional (MAN) é uma ferramenta de controle e avaliação que pode ser utilizada para identificar pacientes idosos com risco de desnutrição. É uma fer- ramenta de triagem e avaliação nutricional.
Tabela 33. Etapas da MAN8
Triagem
Avalia: perda de peso, IMC, mobilidade, estresse / doença aguda, ingestão ali- mentar e problemas neuropsicológicos
Pontuação da Triagem
12-14 pontos: estado nutricional normal 8-11 pontos: sob risco de desnutrição 0-7 pontos: desnutrido
Avaliação
Avalia: moradia,ingestahídrica,númeroderefeições,circunferênciadobraço, circunferênciadapanturrilha,composiçãodasrefeições
Pontuação da Avaliação
24-30 pontos: estado nutricional normal 17-23,5 pontos: sob risco de desnutrição
<17 pontos: desnutrido
11. TRIAGEM NUTRICIONAL
A Triagem Nutricional identifica os pacientes com risco de desnutrição e que podem se beneficiar da terapia nutricional precoce. Deve ser realizada nas primeiras 24 horas do internamento ou na 1ª consulta ambulatorial ou domiciliar. Algumas triagens comumente utilizadas e suas respectivas observações estão na tabela seguinte. Para a visualização completa de cada Triagem Nutricional, consulte o Anexo A desta apostila.
Tabela 34. Observações sobre os instrumentos de triagem nutricional20
TRIAGEM OBSERVAÇÕES
Triagem de Risco Nutricional (NRS-2002)
Recomendada pela ESPEN. Utilizada em pacientes adultos e idosos, hospitalizados, ambulatoriais,clínicosecirúrgicos.
IncluiobservaçõesdeIMC,perdadepeso,reduçãodaingestaalimentareestresse ou gravidade da doença.
Avaliação Subjetiva Global
Proposta inicialmente para pacientes cirúrgicos.
Avalia:perdadepeso,alteraçõesdaingestãoalimentar,capacidadefuncional,de- manda metabólica, reserva muscular, reserva adiposa, presença de edema.
Mini-avaliação Nutricional
(MAN)
DesenvolvidaapenasparaidososFerramentadetriagemeavaliaçãonutricional.
Avalia: perda de peso, IMC, mobilidade estresse/doença aguda, ingestão alimentar, problemas neuropsicológicos.
StrongKids
Desenvolvida apenas para crianças e adolescentes (0 a 18 anos).
Avalia: doença de alto risco OU cirurgia de grande porte, perda de massa muscular e adiposa, redução da ingesta alimentar, (diarreia/ vômitos), perda de peso OU ausên- cia de ganho ponderal .
Avaliação subjetiva global pelo próprio
paciente (ASG-PPP)
Validada para triagem nutricional de pacientes com câncer, com inclusão de ques- tõespertinentesapacientesoncológicos.Éautoaplicada.
Avalia: perda de peso, mudanças na ingestão alimentar, febre, duração da febre, uso de corticosteroides, reserva de gordura, reserva muscular, estado de hidratação.
12. NECESSIDADES NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA
A infância é dividia em três fases de acordo com a faixa etária: lactente (0 a 2 anos), pré-escolar (2 a 6 anos) e escolar (7 a 10 anos). As recomendações nutricionais para o lactente serão abordadas na disciplina Nutrição Materno Infantil.
12.1 Fase Pré-Escolar
Essa fase é caracterizada pela transição de dependência da criança (de total depen- dência para menor dependência). É necessário ficar atento ao consumo alimentar pois se há redução do consumo alimentar, consequentemente, há redução do ritmo de crescimen- to. Na fase pré-escolar as crianças costumam ter um consumo alimentar imprevisível e variável (dificuldade para experimentar novos alimentos, recusa alimentar e desinteresse pelo alimento) e apresentam apetite irregular.
A alimentação reflete conflitos, estado emocional e cansaço. Dessa forma, é preciso respeitar as preferências alimentares da criança. Os doces não devem ser usados como recompensa. É importante respeitar os mecanismos de saciedade da criança. É necessá- ria atenção aos seguintes aspectos:
� Refeições em horários fixos;
� Desjejum-colação-almoço-lanche-jantar-ceia;
� Tempo definido para cada refeição;
� Porções de tamanho proporcional a criança;
� Controlar a oferta de líquidos durante a refeição.
12.2 Fase Escolar
Essa fase é caracterizada pela transição da infância para a adolescência. A criança pré-escolar já possui maior independência, sociabilidade e maturidade motora quando comparado à fase pré-escolar. Há crescimento lento e constante e ganho ponderal acen- tuado (essa reserva energética será essencial para estirão do crescimento). Fase onde a criança apresenta apetite voraz e volume gástrico semelhante ao adulto.
12.3 Necessidades Energéticas
As necessidades energéticas levam em o gasto energético basal, a prática de ativi-
dade física e o crescimento. Algumas fórmulas determinam apenas o GEB, outras já con-
sideram os outros fatores. É necessário observar.
Tabela 35. Cálculos de necessidades energéticas para crianças1,3,21
IOM (2002/2005) – 3 a 18 anos
Gasto Energético Basal
Masculino: 68-(43,3xI) + 712xA + 19,2xP Feminino:189-(17,6xI)+625xA+7,9xP
OMS (1985)
Gasto Energético Basal
Masculino: 60,9 x P – 54 (0-3 anos) 22,7 x P + 495 (3-10 anos) Feminino:61xP-51(0-3anos)22,5xP+499(3-10anos)
DRIs (2002/2005) – 3 a 8 anos
Gasto Energético Total
Masculino:88,5–(61,9xI)+[CAFx(26,7xP)+(903xA)]+20 Feminino:135,3–(30,8xI)+[CAFx(10xP)+(934xA)]+20
CAFmeninos(Sedentário:1,0;Poucoativo:1,13;Ativo:1,26;Muitoativo:1,42) CAFmeninas(Sedentário:1,0;Poucoativo:1,16;Ativo:1,31;Muitoativo:1,56)
DRIs (2002/2005) – 9 a 10 anos
Gasto Energético Total
Masculino:88,5–(61,9xI)+[CAFx(26,7xP)+(903xA)]+25 Feminino:135,3–(30,8xI)+[CAFx(10xP)+(934xA)]+25
CAFmeninos(Sedentário:1,0;Poucoativo:1,13;Ativo:1,26;Muitoativo:1,42) CAFmeninas(Sedentário:1,0;Poucoativo:1,16;Ativo:1,31;Muitoativo:1,56)
12.4 Necessidades de Nutrientes
Tabela 36. Necessidades nutricionais de crianças3,4
Nutrientes 1 a 3 anos 4 a 18 anos
Proteína 5-20% 10-30%
Lipídios 30-40%* 25-35%*
Carboidratos 45-65%** 45-65%
AG W-6(linoleico): 5-10% do VET 5-10% do VET
AG W-3(linolênico): 0,6 a 1,2% do VET 0,6 a 1,2% do VET
* Observar a proporção de ômega 3 e 6 para cada faixa etária.
** O açúcar de adição deve ser <25% do VET. No entanto, essa não é uma recomendação de consumo, é uma recomen- dação de limite máximo.
Tabela 37. Recomendação de fibras, água e micronutrientes para crianças3
Fibras
Idadedopaciente+5a10g;máx:25g/dia AI:1-3anos:19g/d;
4-8anos:25g/d;
9-13 anos:31g/d.
Água
1-3anos:1,3l/dia;
4-8anos:1,7l/dia;
9-13 anos: 2,1l/d (M) e 2,4l/d (H).
Sódio
1-3anos:800mg/d;
4-8anos:1000mg/d;
9-13 anos:1200mg/d.
Cálcio
Estar atento ao baixo consumo das fontes alimentares.
1-3anos:700mg/d;
4-8anos1000mg/d;
9-13 anos: 1300mg/d.
Vitamina D
Baixa exposição ao sol.15 mcg/dia.
13. ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS NA PUBERDADE
A puberdade é o período de transição entre a infância e a vida adulta. Diversas al- terações metabólicas e fisiológicas acontecem nessa fase, como: estirão do crescimen- to, maturação sexual e desenvolvimento de caracteres sexuais secundários, mudança da composição corporal, desenvolvimento dos aparelhos respiratórios, cardíaco e outros. As principais demandas são:
� Aumento das dimensões corporais;
� Aumento no crescimento e desenvolvimento;
� Aumento do apetite;
� Estirão do crescimento;
� Aumento das necessidades nutricionais – Energia e micronutrientes (Ca, Zn, Fe);
� Aumento em 20% da estatura e 50% do peso.
13.1 Estadiamento Puberal
O estadiamento puberal é importante para a interpretação dos indicadores antropo- métricos e para determinar a prescrição nutricional de acordo com a fase da puberdade. É baseado nas características sexuais secundárias (Meninas-mamas e pelos pubianos; Me- ninos-genitália e pelos pubianos). Pode ser avaliado através da autoavaliação (imagens) e critérios de Tunner.
Segundo os critérios de Tanner, um adolescente pode ser considerado pós-púbere
quando atingem o G5 (meninos) ou M4 (meninas).
Acelerado Sexo feminino
M1:Pré-púbere M2 e M3: Pubescência M4 e M5: Pós-púbere
G1eG2:Pré-púbere G3 e G4: Pubescência G5: Pós-púbere Sexo masculino
Idade
M1 M2 G2
G3
G5 M4
M5
Idade
cm/ano
cm/ano
PVC
Menarca
Voz Adulta PVC
Acelerado Desacelerado M3
G4
Desacelerado
Tabela 38. Observações sobre o estadiamento puberal segundo os critérios de Tanner17
Estadiamento Observações
1 Característicasaindainfantis.Acúmulodegordura.
2 Meninas iniciam o EC (estirão do crescimento). Telarca.
Meninos:iníciodapuberdademasnãodoEC.
3 Meninas:PVC(picodevelocidadedocrescimento).Menarcamarcaofimdessafase.
Meninos:iníciodoEC.
4 Meninas: corpo com aspecto mais maduro. Crescimento desacelerado. Meninos: PVC.
5 Fimdoprocessodematuraçãoparaambos.
13.2 Hormônios na Puberdade
Tabela 39. Hormônios na puberdade17
ESTROGÊNIO TESTOSTERONA
• Produçãoeredistribuiçãodagordu- ra corporal: nádegas e coxas
• Telarca: desenvolvimento das ma- mas
• Maturaçãodosovárioseútero.
• Atua no crescimento, junto com a testosterona e GH
• Aumentodovolumemuscular,especialmentenosmeni- nos,ecrescimentoestatural;
• Engrossamentodavoz(ambos)ecrescimentodaproe- minêncialaríngea;
• Ativação das gl. sebáceas, maior oleosidade da pele e produçãodeacne;
• Crescimentoeaumentodovolumedospelospubianos, nasaxilasebarba(meninos);
• Desenvolvimentodo pênis,apróstata,ostestículoseas vesículasseminais.
14. NECESSIDADES NUTRICIONAIS DOS ADOLESCENTES
A puberdade é um fenômeno biológico, caracterizado pelas transformações físicas e fisiológicas como desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários e da capacidade reprodutora. Já a adolescência é um fenômeno biopsicossocial que envolve a maturação do indivíduo em termos biológicos e de comportamento psicológico e social. É considera- do adolescente indivíduos com idade entre 10 e 19 anos e 11 meses.
Essa fase é caraterizada por diversas alterações metabólicas, e principalmente na composição corporal dos adolescentes (como o aumento do peso corporal em torno de 50% e da estatura em 15 a 20%, quando comparados com a idade adulta), o que acarre- ta no aumento da massa magra, do comprimento ósseo e do volume dos órgãos. Nessa fase há maior anabolismo e aumento de apetite para propiciar o alcance das demandas energéticas, de proteína e de micronutriente. O gasto energético durante o EC (estirão do crescimento) é muito elevado. E após o EC reduz bastante em relação ao período do EC.
Tabela 40. Cálculos de necessidades energéticas para adolescentes3,5
Estimativa do gasto energético total de acordo com a altura real
Idade (anos) Sexo Masculino SexoFeminino
11 a 14 anos 16Kcal/cm 14Kcal/cm
15 a 18 anos 17Kcal/cm 13,5Kcal/cm
19 a 24 anos 16,4Kcal/cm 13,4Kcal/cm
Equações para estimativa das necessidades energéticas de indivíduos entre 9-18 anos eutróficos
EER = TEE + Deposição de Energia Masculino =88,5–(61,9xI)+AFx(26,7xP+903xA)+25(kcalparaDE) Feminino =135,3–(30,8xI)+AFx(10,0xP+934xA)+25(kcalparaDE)
SexomasculinoAF=1,0sesedentárioAF=1,13sepoucoativoAF=1,26seativoAF=1,42semuitoativo SexofemininoAF=1,0sesedentárioAF=1,16sepoucoativoAF=1,31seativoAF=1,56semuitoativo