Tribunal da Relação de Lisboa Processo nº 4/16.1ZCLSB - 3
Relator: ADELINA BARRADAS DE OLIVEIRA Sessão: 06 Junho 2018
Número: RL
Votação: UNANIMIDADE
Meio Processual: RECURSO PENAL Decisão: NEGADO PROVIMENTO
DETENÇÃO - 48 HORAS PRIMEIRO INTERROGATÓRIO
MEDIDA DE COAÇÃO
Sumário
A detenção deverá ser, no mesmo prazo de 48 horas, sujeita a apreciação judicial, para restituição à liberdade ou imposição de medida de coacção adequada, ainda que esta apreciação se estenda ou prolongue para além das ditas 48 horas.
Limita-se com isto a possibilidade de privar alguém do direito à liberdade por via administrativa/ policial, limitando a detenção policial a 48 horas sendo apenas isso que o legislador pretende e não que o JIC tenha de proferir despacho dentro das tais 48 horas.
Se assim não fosse o JIC ficaria limitado no seu avaliar da situação para aplicação de medida de coação pela actuação mais ou menos, célere das polícias, implicando que teria de restituir muitas vezes á liberdade em vez de aplicar a prisão preventiva
Texto Integral
Acórdão proferido na 3ª secção do Tribunal da Relação de Lisboa
Nos presentes autos veio o arguido GK... recorrer do despacho judicial que, após realização do 1° interrogatório judicial, lhe aplicou a medida de coacção de prisão preventiva.
Apresentou para tanto as seguintes
CONCLUSÕES que se resumem por demasiado extensas 1.
Considerou-se que:
existem fortes indícios de que o Arguido cometeu
1 (um) crime de falsificação de documento, p. e p. nos termos do disposto nos art.°s 255.°, n.° 1, al, a) e 256.°, n.° 1, als. e) e f) e n° 3 do Código Penai;
e 1 (um) crime de associação de auxílio à emigração ilegal, p. e p. pelo art°
183.°, n° 2 da Lei n° 23/2007, de 4 de Julho (e por verificar-se a existência de perigo de continuação da actividade criminosa e perigo de fuga quanto ao Arguido e aqui Recorrente) - em autoria material e na forma consumada;
e que se verifica a existência de perigo de continuação da actividade criminosa e perigo de fuga, quanto ao Arguido);
O aqui Arguido refuta ter praticado os aludidos crimes de falsificação de documento e/ou de associação de auxílio à emigração ilegal .
QUESTÃO PRÉVIA - DO 1.° INTERROGATÓRIO JUDICIAL EFECTUADO AO AQUI ARGUIDO:
o aqui Arguido foi constituído arguido no dia 05.03.2018, às 14h30 (cfr. Auto de Constituição de Arguido, elaborado pelo SEF, a fls. 6 e 7 dos autos); sendo que em hora anterior (às referidas 14h30) e no mesmo dia foi detido pelos Srs.
Agentes do SEF no Aeroporto de Lisboa;
De acordo com o Auto de Interrogatório efectuado ao aqui Arguido (cfr. fls. 94 a 99 dos autos), este prestou declarações (no dia 07.03.2018), perante o Digno Tribunal, às 15:44:09 (e até às 16:48:10).
Ora, prevê o art.° 141º3, n.° 1 do CPP ("Primeiro interrogatório judicial de arguido detido") que: "O arguido que não deva ser de imediato julgado é interrogado pelo juiz de instrução, no prazo máximo de quarenta e oito horas, logo que lhe for presente com a indicação circunstanciada dos motivos da detenção e das provas que a fundamentam."
Antes disso apenas ocorreu a identificação do Arguido (pelas 12:38:15 e com termo às 12:44:37 - a 07.03.2018), o que não corresponde a um interrogatório, em si (cfr. fls. 96 dos autos).
Verifica-se que o 1.° interrogatório judicial de arguido detido ocorreu depois de decorridas 48h da detenção do aqui Arguido;
Ou seja, o interrogatório, ao arguido, que deve ser efectuado pelo Mm.° JIC - e
que está previsto no art.° 141.°, n.° 1 do CPP -, ocorreu depois de terem sido
ultrapassadas as 48h da detenção do aqui Arguido.
Deste modo, aquando do 1.° interrogatório do aqui Arguido junto do Digno Tribunal, o aqui Arguido encontrava-se ilegalmente detido.
Tal vício enferma também de vício o 1.° interrogatório judicial ocorrido quanto ao aqui Arguido, tendo, por inerência, ocorrido ilegalmente, sendo o mesmo nulo.
4. QUESTÃO PRÉVIA - DAS DECLARAÇÕES DO ARGUIDO PRESTADAS NO 1.
° INTERROGATÓRIO JUDICIAL EFECTUADO AO AQUI ARGUIDO E DO RESPECTIVO AUTO DE INTERROGATÓRIO:
Dos autos, consta que o Arguido afirmou que pretendeu prestar declarações perante o Digno Tribunal a quo - e que as mesmas ficaram registadas através do sistema de gravação áudio em uso no Digno Tribunal a quo, consignando-se que o seu início ocorreu pelas 15:44:09 horas e o seu termo pelas 16:48:10 horas.
Mais consta que lidas as declarações do aqui Arguido quanto aos seus
elementos de identificação, verificada a qualidade da gravação, e achando-se tudo o que do auto consta conforme, o aqui Arguido assinou o referido auto de interrogatório.
Ora, tais declarações do Arguido têm de ser obrigatoriamente efectuadas em auto escrito:
Face ao exposto, estamos perante uma nulidade, nos termos do disposto no art.° 120°, n°2, al.d) do CPP.
5. DA MOTIVAÇÃO DA DECISÃO RECORRIDA / OBJECTO E DELIMITAÇÃO DO RECURSO:
O Arguido encontra-se preso preventivamente, desde o dia 07 de Março de 2018, data da realização do primeiro interrogatório judicial de arguido detido.
No entanto, e conforme se demonstrará, in casu não há perigo de perigo de fuga; bem como, aliás, não há o mencionado perigo de continuação da actividade criminosa.
Mais uma vez, não foram tidas em conta as reais circunstâncias e elementos factuais do caso concreto, optando a Mm.a JIC por utilizar, em relação ao caso do aqui Arguido, factos circunstanciais e conceitos vagos e meramente
conclusivos - e sem fundamento bastante para o efeito - (os quais se reportam aos factos circunstanciais e conceitos também vagos utilizados pelo Digm.°
MP, no despacho de promoção deste), bem como a decisão da Mm.a JIC
constitui a uma mera adesão à proposta de aplicação de medida de coação por
parte do MP, sem um juízo judicial devidamente fundamento para o efeito.
Não existiam motivos aparentes (e objectivos) para que ao Arguido, ora Recorrente, fosse aplicada a medida de coação de prisão preventiva.
O Recorrente, desde que foi detido e no seguimento do presente processo, teve a convicção que estava a ser alvo de tratamento ilegal e injusto por parte dos órgãos de polícia criminal (e por parte das entidades judiciais). No
entanto, ficou convencido que essa situação iria ser ultrapassada com o desenrolar da investigação e com a consequente descoberta da verdade dos factos.
I) E com a leitura do despacho de promoção do MP e com a notificação do despacho da Mm.a JIC que aplicou a medida de coação de prisão preventiva ao aqui Arguido, ficou o Recorrente com a certeza que estava a ser alvo de um claro tratamento ilegal, sem existirem (no caso) motivos para tal. Senão vejamos,
É posição do MP (à qual o Mm.° JIC adere, sem mais - reportando-se aos
seguintes factos constantes a fls. 95 a 98 dos autos), e conforme consta de fls.
94 a 102 dos autos, que:
"O arguido RF..., de nacionalidade brasileira, chegou ao Aeroporto de Lisboa no dia 5 de Março de 2018, pelas 07h00, num voo proveniente do rio de Janeiro, Brasil.
Apresentou-se no controlo de fronteiras, tendo apresentado o passaporte da República Federativa do Brasil, com o n° FK1..., emitido a 20/5/2014 e válido até 19/5/2019, tendo declarado que vinha a Portugal em turismo.
Por se terem suscitado dúvidas quanto aos verdadeiros motivos da sua vinda a Portugal, a sua bagagem foi objecto de revista, tendo sido nela encontrada um passaporte da República Federativa do Brasil, com o n° FU4..., emitido a
25/7/2017 e válido até 24/7/2027, emitido a favor de TJ..., mas tendo nela aposta a fotografia do arguido.
Suspeitou-se de imediato que tal documento era forjado, o que foi confirmado através do Relatório de Análise Documental n° 91/2018 da Unidade de
Identificação de Peritagem Documental (UIPD) do SEF junto do PF001 (cfr. fis.
41).
Confrontado com tal facto, o arguido revelou que tal passaporte lhe fora entregue no Brasil por um indivíduo que identificou por Júnior ou Junínho e que se deveria encontrar com um indivíduo que identificou pelo nome de Japão, que estaria à sua espera naquele Aeroporto, com a finalidade de o ajudar a obter documentos portugueses, em nome de TJ..., com os quais viajaria posteriormente para o Canadá.
Na sequência de tal informação, foi possível identificar, na zona das Chegadas
do referido aeroporto, o indivíduo referido como Japão, o qual se identificou
perante os agentes do SEF como sendo GK..., cidadão luso-brasileiro, tendo exibido o passaporte da República Federativa do Brasil, com o n° F13....
O arguido GK... confirmou que lhe tinha sido encomendado o serviço, pelo referido indivíduo identificado como Júnior ou Juninho, entre outros, de encaminhar o arguido RF... à Conservatória do Registo Civil, sita no Campus de Justiça, em Lisboa, para ajudá-lo a obter um cartão de cidadão em nome de TJ....
Por tal serviço, este arguido iria receber a compensação monetária de 2.000 euros."
Ora, o Arguido refuta os factos que lhe são imputados pelo MP e pelo Mm.°
JIC, no sentido que pretendem imputar ao arguido a prática de qualquer crime;
O Arguido não colaborou - nem directa, nem indirectamente - com o arguido RF... para a elaboração e/ou obtenção de quaisquer passaporte de que o mesmo se fazia acompanhar;
O Arguido impugna tais factos, não sendo os mesmos verdadeiros - e da forma como o MP pretende imputar ao Arguido, bem como da forma como o Mm.°
JIC pretende imputar e indiciar ao Arguido;
11 A 05.03.2018, o Arguido deslocou-se ao Aeroporto de Lisboa, a pedido de uma pessoa de nome J..., no sentido de aguardar, como estafeta/despachante, a chegada de um cidadão (que não o conhecia e não o conhece) para
acompanhar apenas aquele à Conservatória do Registo Civil de Lisboa, sita no Campus de Justiça, em Lisboa, a fim de esse tal cidadão tratar, ele próprio (por ele), de documentação pessoal dele;
Tal intervenção do Arguido ocorreu, porque o trabalho do Arguido é estafeta/
despachante;
O Arguido auxiliava diversas pessoas (uma suas conhecidas, outras através de outras pessoas) no acompanhamento das mesmas junto de várias entidades (conservatórias, etc.), onde essas mesmas pessoas, elas próprias
(pessoalmente) tratariam dos assuntos que precisassem (requerendo o que necessitassem e exibindo documentos junto das respectivas entidades);
Mais consta a fls. 96 dos autos que "Efectuada revista pessoal ao arguido GK..., foi-lhe encontrada diversa documentação relativa a processos de
atribuição de nacionalidade portuguesa, a qual foi apreendida, por apresentar indícios de fraude (cfr. Auto de Revista e Apreensão de tis. 19 a 21);
Ora, desde logo, refira-se que tal alegação não é fundamentada, correspondendo a uma mera conclusão;
Quais os factos que permitem afirmar que a mencionada documentação
apresentava indícios de fraude?
São desconhecidos, uma vez que o auto de interrogatório - e da exposição dos factos - é omisso quanto a essa identificação, que devia ser clara e objectiva;
Para além de que muitos dos documentos que o Arguido tinha na sua posse foram-lhe entregues por um indivíduo de nome J...; o qual requeria uma série de documentos e certidões junto de várias conservatórias (e chegou a entregar alguns ao aqui Arguido);
Mais consta a fls. 97 dos autos que: "Entre os documentos apreendidos, foi encontrado um ofício e Assento de nascimento 48... de 2017, referente a TJ..., que o mesmo iria apresentar junto da referida Conservatória do Registo Civil, com a finalidade da obtenção da nacionalidade portuguesa para o arguido RF...."
Para que fique claro, o Arguido não ia apresentar qualquer documento junto da Conservatória do Registo Civil, mas sim o tal cidadão que estava a chegar a Portugal (que o aqui Arguido, reforce-se, não conhece, nem nunca viu);
O Arguido apenas acompanharia tal cidadão à Conservatória, sendo que aí o mencionado cidadão trataria dos seus assuntos juntos da mesma (e de forma pessoal).
Dos elementos do processo que foram comunicados ao aqui Arguido, aquando do seu 1.° interrogatório judicial, foi referido um elemento do processo
correspondente a uma conclusão, nos seguintes termos:
"Tudo indica que a intenção ao arguido GK... foi a de ajudar a vinda ilegal do arguido RF... e a sua posterior permanência neste território, ao abrigo de uma documentação falsa, a troco de dinheiro."
Ora, o Arguido refuta tais factos.
O Arguido não teve a intenção identificada anteriormente
O Arguido não teve qualquer intenção de ajudar a alegada vinda ilegal do Arguido RF..., nem de ajudar qualquer permanência daquele neste território, ao abrigo de qualquer documentação falsa, a troco de dinheiro.
O Arguido presumia que a vinda do Arguido RF... era legal e desconhecia que o Arguido RF... tivesse ou não na posse de qualquer documentação falsa;
sendo que o próprio aqui Arguido tinha documentação na sua posse, mas decorrente da sua actividade profissional e a qual lhe foi entregue pelo tal indivíduo de nome J...;
Aliás, nem foi o aqui Arguido a requerer a documentação, mas sim o tal indivíduo de nome J...;
Nesse sentido, veja-se, por exemplo, o material apreendido sob o ponto 1. do Auto de revista e Apreensão (de fls. 19 a 21 dos autos):
"1. Uma mica contendo um Oficio e Assento de Nascimento 48... de 2017
referente a TJ... e remetido pela CRC de Ovar a DS....".
29. Por tal motivo, o aqui Arguido foi sujeito a detenção (cfr. fls. 97 dos autos - Auto de interrogatório do aqui Arguido - o qual taxativamente indica que foi por esse facto que o aqui Arguido foi detido);
30. Mais consta dos presentes autos (cfr. fls. 97) que:
(...)
"Sabia o arguido GK... que o assento de Nascimento 48... de 2017, em nome de TJ..., que tinha consigo, era forjado, não se coibindo de o manter na sua posse, com a finalidade de o utilizar para posteriormente obter uma
nacionalidade e uma documentação falsa para o arguido RF..., com a qual o mesmo permaneceria ilegalmente em território nacional. Agiu o arguido livre e conscientemente, bem sabendo que a sua conduta era proibida e punida por lei."
31. Ora, o aqui Arguido impugna tais factos, da forma como lhe são imputados,
32. O aqui Arguido não sabia que tal documento (correspondente a tal Assento de Nascimento) era falso ou que possa ser falso, admitindo que o mesmo era, naturalmente, verdadeiro,
33. Acresce que o aqui Arguido não requereu tal documento, mas sim o referido Sr. J...,
34. Na posse desse documento (que, lembre-se, o aqui Arguido tinha como verdadeiro), o aqui Arguido não tinha qualquer intenção (como errada e infundadamente consta a fls. 97 dos autos) de posteriormente o utilizar para obter uma nacionalidade e documentação falsa para o Arguido RF..., com a qual o mesmo permaneceria ilegalmente em território nacional.
35. O aqui Arguido não agiu de tal forma, nem falsificou quaisquer documentos.
O Arguido não obteve também qualquer compensação, nos termos em que se pretende imputar ao Arguido por qualquer ilícito, mas apenas obteria pelo seu trabalho de estafeta/despachante (conforme supra mencionado);
O Arguido tem um trabalho, do qual obtém uma remuneração mensal, ainda que variável;
Nunca o Arguido recebeu qualquer quantia relacionada com os factos mencionados nos autos, de forma ilícita;
O Arguido não favoreceu, nem facilitou, de que forma fosse, o Arguido RF..., para entrada, permanência ou trânsito ilegal (de tal cidadão estrangeiro) em território nacional, nem com intenção lucrativa,
_quanto a tais factos o Arguido impugna os mesmos; uma vez que o Arguido
não actuou de tal forma, declinando qualquer responsabilidade (para além de que o Arguido não forjou quaisquer documentos);
Se existem, por mera hipótese de raciocínio, alguns documentos nos autos que se conclua que possam ser forjados, nenhum deles teve a intervenção do aqui Arguido;
Simplesmente, o Arguido, como estafeta/despachante, encontrava-se a aguardar o outro Arguido no Aeroporto (de Lisboa) para o acompanhar à Conservatória do Registo Civil, sita no Campus da Justiça (em Lisboa) e o documento que tinha na sua posse era tido (e é) pelo aqui Arguido como verdadeiro (bem como os demais).
Neste sentido, o despacho de promoção do MP e no que se refere ao aqui Arguido, e sobre esta questão, é meramente circunstancial e não
fundamentado - padecendo, desta forma, de tal despacho, de vício de
fundamentação, uma vez que toda e qualquer decisão acusatória/indiciária, ou com esse intuito, deve ser fundamentada, sob pena de violação do disposto no art° 32.° da CRP, lesando o exercício de um direito fundamental como o
exercício do direito de defesa;
Quanto à matéria indiciária acusatória constante em tal despacho, o Arguido declina toda a sua responsabilidade sobre a mesma, uma vez que não
participou em tais factos, nem tem a responsabilidade que o MP pretende imputar ao Arguido - e, por inerência, o mesmo se verifica, salvo o devido respeito, quanto ao douto despacho do Mm.° JIC que aplicou a medida de coacção (de prisão preventiva) ao Arguido.
52. NO QUE CONCERNE AO CONTEXTO FAMILIAR, PROFISSIONAL E SOCIAL DO ARGUIDO:
Acresce que o Arguido tem família constituída;
o Arguido encontra-se inserido familiarmente;
o Arguido exerce actividade profissional remunerada como estafeta/
despachante;
o salário que o Arguido aufere pela prestação do seu trabalho constitui um meio de subsistência essencial para o seu agregado familiar e para si mesmo;
o Arguido encontra-se inserido profissionalmente;
para além desse facto, o Arguido encontra-se inserido socialmente;
o Arguido é primário, pela alegada prática dos mesmos factos em questão nos presentes autos;
53. NO QUE CONCERNE AO PERIGO DE FUGA:
O Arguido, quer colaborar com as autoridades e com o Tribunal para a
descoberta da verdade;
Quanto ao aludido perigo de fuga (o qual é infundado), e tendo em conta que a medida de coacção de prisão preventiva, In casu, é manifestamente ilegal, mas se for de aplicar qualquer medida de coacção ao aqui Arguido, poderá a
mesma medida de coacção ser substituída pela medida de coacção de
permanência na habitação (sob vigilância electrónica) e na habitação onde o aqui Arguido pode residir, a de um seu amigo, Sr. Rodrigo de Paula Oliveira, com residência sita na Rua Leandro Braga, n° 27, 1° Esq.°, 1070-163 Lisboa.
Acresce, também, que tal medida, acrescida da medida de coacção de proibição de contactar o arguido RF..., acautelaria o perigo de fuga (que se pudesse, teoricamente, admitir);
À data dos factos, o Arguido encontrava-se em território nacional, não estava a sair do país e reside em Portugal desde 2016.
A ACTIVIDADE CRIMINOSA:
O Arguido encontrando-se sujeito a uma medida de coacção diversa da prisão preventiva não está em condição (a admitir-se, por mera hipótese de
raciocínio) de poder continuar qualquer actividade criminosa (que não a realizou, reforçe-se).
Saliente-se que o Arguido está profissionalmente inserido, auferindo o seu rendimento, que lhe permite sustentar, sem ter de recorrer a qualquer actividade criminosa.
2028