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Turismo rural na agricultura familiar:

um estudo de caso no assentamento Tijuca Boa Vista em Quixadá (CE)

Rural tourism in family agriculture: a case study in the Tijuca Boa Vista Settlement in Quixadá (CE)

Turismo rural en agricultura familiar: un estudio de caso en el asentamiento Tijuca Boa Vista en Quixadá (CE)

Edvanda Maria Melo Maia < edvandamel@gmail.com >

Bacharela em Turismo pela Faculdade Nordeste (FANOR), Fortaleza, CE, Brasil e Tecnóloga em Hotelaria pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), Fortaleza, CE, Brasil.

Formato para citação deste artigo

MAIA, E. M. M. Turismo rural na agricultura familiar: um estudo de caso no assentamento Tijuca Boa Vista em Quixadá (CE). Caderno Virtual de Turismo. Rio de Janeiro, v. 15 n. 1., p.1-19, abr.

2015.

cronologia do processo editorial Recebido 04-jul-2013

Aceite 27-mar-2015

REALIZAÇÃO APOIO INSTITUCIONAL PATROCÍNIO

ARTIGO ORIGINAL

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Resumo: O presente artigo trata de um segmento da atividade turística ainda pouco difundido no Brasil:

o Turismo Rural. O objetivo do estudo é verificar se este segmento pode ser considerado um promotor do desenvolvimento local do Assentamento Tijuca Boa Vista em Quixadá, Estado do Ceará. Para tal, utilizou-se a técnica de estudo de caso, através da realização de uma pesquisa de caráter exploratório qualiquantitativa, de visitas in loco e da aplicação de entrevistas e questionários semiestruturados aos assentados e responsáveis pela gestão da pousada instalada no local, além de uma revisão bibliográfica sobre assuntos relacionados ao tema em questão. Pode-se concluir que a atividade não pode ser considerada como promotora do desenvolvi- mento local, uma vez que a mesma não chegou a se consolidar na comunidade, mesmo tendo, em um primei- ro momento, ajudado a diversificar a economia, através da geração de emprego e renda, da oferta de cursos de capacitação aos assentados, do envolvimento da grande maioria dos moradores nas etapas de implantação da atividade turística e da aplicação de recursos do Governo Federal para a melhoria da infraestrutura local.

Palavras-chave: : Turismo Rural na Agricultura Familiar; Assentamento Tijuca Boa Vista; Desenvolvimento Local.

Abstract: This present paper regards to a segment of touristic activity recently in Brazil: the Rural Tourism.

The goal of this study is to check out if this kind of segment can be considered a way to promote the local development of the settlement Tijuca Boa Vista, Quixadá, Ceará. To check it out, we have used case study the techniques through the achievement of a research exploring the amount of visits in the spots, and the applica- tion of interviews and questionnaires semi structured to the settlers and responsible for the administration of the guesthouses settled in, as well as a literature about issues related to the theme. We came to the conclusion that these activities couldn’t be considered as the forwarder of the local development, once the same couldn’t consolidate themselves. Even we have got a previous moment helping diversify the local economy through the generation of employment and income, of the offering of training courses to the settlers and the involvement of the most of local dwellers, in the stage of the implantation of the activity and the application of the federal funding for the local infrastructure improvement.

Keywords: Rural Tourism in Family Agriculture; Tijuca Boa Vista Settlement; Local Development.

Resumen: Este artículo se refiere a un segmento de la actividad turística aún no extendido en Brasil: el Turis- mo Rural. El objetivo de este estudio es determinar si el segmento puede ser considerado como un promotor del desarrollo local del asentamiento Tijuca Boa Vista en Quixadá, Ceará. Para ello, se utilizó la técnica de estudio de caso, mediante la realización de una investigación exploratoria, de inspecciones in situ y de la apli- cación de entrevistas y cuestionarios semi-estructurados para los colonos y los responsables de la gestión de la pousada, instalados en el asentamiento, además de una revisión de la literatura sobre temas relacionados con el tema en cuestión. Se puede concluir que la actividad no puede ser considerada como promotora del desarrollo local, ya que la misma no ha venido a se consolidar. No obstante, en un primer momento, ayudó a diversificar la economia, mediante la generación de empleo e ingresos, la prestación de cursos de formación a los colonos, la participación de la mayoría de los residentes en las fases de la implementación de la actividad y la solicitud del Gobierno Federal para mejorar la infraestructura local.

Palavras clave: Turismo Rural en la Agricultura Familiar; Asentamiento Tijuca Boa Vista; Desarrollo Local.

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Introdução

O presente artigo trata de um segmento do turismo ainda pouco conhecido e divulgado no Brasil, o Turismo Rural ou Turismo no Espaço Rural, mas que apesar disso tem demonstrado um grande potencial para impulsionar a economia de locais os quais atividades como a indústria ainda não conseguiram ser inseridas.

O tema foi escolhido, principalmente, pelo fato de ainda não se ter um referencial teórico sobre esse segmento do turismo no Estado do Ceará, pois ainda não se utiliza esse produto como atrativo do fluxo turístico para o Estado. Os órgãos oficiais do Turismo (estaduais e municipais) ainda não atentaram para o potencial deste segmento, priorizando, quase que exclusivamente o turismo de “sol e praia”.

O artigo apresenta em um primeiro momento um panorama geral do “novo rural” que surge no Brasil após a “industrialização” da agricultura, fazendo surgir assim novas atividades no espaço que por muito tempo foi considerado como estratégico para o desenvolvimento do país e que aos poucos vai passando por transformações em sua estrutura econômica e social, chegando, em muitos casos, a se desarticular.

Logo após, são apresentadas as definições de Turismo Rural adotadas pelo Ministério do Turis- mo, além de se mostrar uma visão de como esse segmento se desenvolveu no país e a sua poten- cialidade como promotor do desenvolvimento local de comunidades rurais do país. Em seguida, a comunidade onde o estudo se desenvolveu é apresentada, juntamente com os resultados e as discus- sões da pesquisa aplicada.

Esse segmento, apesar de já ser praticado no país há algumas décadas, ainda se encontra em fase de consolidação. O referencial teórico sobre o Turismo Rural no Estado do Ceará é praticamente inexistente, o que se mostrou um fator limitador de uma análise mais aprofundada.

A falta de parâmetros legais que regulamentam a atividade no país, além da falta de estudos es- tatísticos sobre esse setor, também se mostrou um obstáculo ao estudo. Pouco ainda se sabe sobre a efetiva contribuição do segmento para o turismo brasileiro justamente pela ausência de estudos mais detalhados.

Ainda são muitas as arestas a serem aparadas para que o setor se desenvolva de forma a contribuir efetivamente para a evolução da atividade turística no país e para o progresso de uma área que tem se mostrado carente e necessitada de investimento público e privado.

Nesse sentido, objetiva-se identificar a importância do Turismo Rural como estratégia de desen- volvimento local da comunidade do Assentamento Tijuca Boa Vista, localizado no Município de Quixadá no Estado do Ceará, destacando-se os impactos econômicos e sociais oriundos da implan- tação dessa atividade no local.

Um “novo” rural

Vivemos em um mundo onde as transformações são constantes, tanto no campo como na cidade.

Esses espaços têm que se adaptar a essas mudanças, caso contrário, correm o risco de ficarem à mar- gem dos processos de desenvolvimento.

Essas mudanças tendem a ser mais acentuadas no espaço rural, antes vistos como meros forne-

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do capitalismo e a “industrialização” da agricultura desencadeiam a urbanização do campo, que obrigam esse espaço a se adaptar às mudanças drásticas que ocorreram principalmente no século anterior. Entre essas mudanças, o autor destaca o desenvolvimento de atividades não agrícolas, antes consideradas urbanas por excelência, como o turismo, comércio, prestação de serviços, entre outras.

Como consequência desse processo, Schneider (2006) cita duas alterações sociológicas impor- tantes. A primeira é o fato de os agricultores e suas famílias passarem a ser caracterizados pela plu- riatividade, combinando ocupações em atividades agrícolas com outras não agrícolas. Eles passam a não depender somente da agricultura e tendem a se tornar “sociologicamente parecidos com as famílias urbanas” (pág. 4).

A segunda transformação se dá no nível de espaço social. A comunidade onde vivem e trabalham já não pode mais ser identificada com a atividade econômica que era predominante, no caso a agri- cultura. Surge aí uma nova concepção de ruralidade, que tem cada vez menos ligação com as ativi- dades tradicionais como a agricultura e a pecuária e onde as atividades não agrícolas são vistas como formas alternativas e/ou complementares de geração de renda dos produtores rurais no meio rural.

De acordo com Campanhola e Silva (2000),

A possibilidade de se incorporar alternativas econômicas ao meio rural tem sido a estratégia adotada por muitos países para manter o homem no campo, com a melhoria de sua qualidade de vida pelo aumento de sua renda, que passa a ser gerada com base em uma maior diversidade de atividades e funções. (CAMPANHOLA & SILVA, 2000, p.146).

O Brasil também segue essa tendência; é o que nos mostras os dados obtidos no estudo intitu- lado Estatísticas do Meio Rural 2010-2011, realizado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), no ano de 2011.

O documento mostra que as famílias pluriativas (aquelas em que alguns integrantes se dedicam às atividades agrícolas e outros às atividades não agrícolas) e as famílias não agrícolas (aquelas em que os integrantes ocupados se dedicam às atividades não agrícolas) somam, juntas, 19,7% do total de famílias residentes no meio rural, totalizando 1.723.000 famílias que se ocupam de atividades não agrícolas.

Dentre essas atividades não agrícolas (segundo o mesmo estudo), se destacam aquelas do setor de serviços (públicos e privados) com 32,3% de pessoas que exercem alguma atividade remunerada.

Seguida da Indústria, com 20% e do comércio com 16,1%. Outros setores presentes são os da cons- trução, com 11,3%, da administração pública, com 5,8% e de transporte e comunicação, com 5,0%.

Para Klein apud Silva e Del Grossi (1999),

O grande crescimento das ocupações rurais não agrícolas nos países latino-americanos se deve, por um lado, à própria queda no nível de emprego nas atividades agrícolas, o que obrigou a população ru- ral a buscar outras formas de ocupação; e por outro lado, pela extensão e ampliação dos mercados de bens e serviços para os setores rurais. (KLEIN APUD SILVA & DEL GROSSI, 1999, p. 168).

Com isso, as atividades tradicionais, como a agricultura, foram abandonadas e somente algumas

famílias mantiveram seus estilos de vida. A grande maioria, não encontrando alternativa para so-

breviver nesse espaço, emigra para outros lugares mais favorecidos, em especial os grandes centros

urbanos, o que faz o sistema econômico tradicional de tais áreas entrar em colapso.

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A partir de antão, o campo passa a ser encarado de maneira diferente. Este espaço começa a ser visto como local de fuga da rotina estressante das grandes cidades, destacando-se, principalmente, por suas paisagens silvestres ou cultivadas, água limpa, ar puro e silêncio (entre outros fatores), e pela “oposição” que faz ao espaço urbano. Seu patrimônio cultural e natural começa, assim, a ser resgatado e valorizado na medida em que serve como o principal atrativo do local.

É nesse contexto que o espaço rural passa a acolher outros usos e significados, e o Turismo Rural ou Turismo no Espaço Rural passa a ter terreno fértil para expandir-se e se consolidar.

Segundo Talavera (2009),

Ao longo desses anos, o estilo de vida rural tem se consolidado como um atrativo baseado, principal- mente, em estereótipos e perspectivas diferentes do urbano, acrescido de seu desenvolvimento em um meio ambiente tão idealizado quanto aquele modo de vida. Enfatiza-se assim, uma imagem de inde- pendência, natureza, saúde, tranquilidade e preservação do patrimônio cultural. (TALAVERA, 2009, p. 133).

O espaço rural passa, assim, a ser compreendido como “objeto de consumo” e visto como antí- doto ao “excesso de civilização”, resultante das áreas urbanas. Ao comprar esse produto, o cidadão urbano busca não somente sua estadia no campo, mas também a possibilidade de recarregar suas energias para voltar e enfrentar novamente seu cotidiano, muitas vezes, desgastante.

Por conta de todas essas transformações, o espaço rural apresenta uma complexidade social e ambiental nunca vista antes, e isso demanda a criação urgente de políticas de desenvolvimento desse espaço

Definições de “turismo rural”

Apesar de pouco conhecida e difundida no país como um todo, com exceção das regiões Sul e Su- deste, o Turismo Rural não é uma atividade nova. De acordo com Solla (2002), recuando na história, quando se supõe que o turismo ainda não nascera, numerosos são os exemplos de utilização do meio rural para o descanso, por parte dos grupos urbanos, como ocorria com frequência na Grécia e em Roma.

Nos séculos XVIII e XIX, a aristocracia, a burguesia e os ricos proprietários de terras já buscavam abrigo e entretenimento no meio rural. E a partir de meados do século XX, mais especificamente na década de 1950, com o fim da Segunda Guerra Mundial e a conquista de direitos trabalhistas, o turismo rural começa a se destacar. É principalmente nos países desenvolvidos, como na França, Inglaterra, Alemanha e Portugal, que o turismo se faz presente na paisagem rural.

Tulik (2003) acrescenta que a experiência da União Europeia foi fundamental para estimular o Turismo Rural Brasileiro. Conforme a autora, muitos termos e expressões foram importados e apressadamente utilizados.

No entanto, o Brasil abriga uma grande diversificação cultural e atividades produtivas rurais que

dão ao Turismo Rural Brasileiro características ímpares. Com realidades totalmente diferentes, es-

ses termos podem não ser adaptáveis às características do país, podendo acabar sendo distorcidos e

aplicados de maneira errônea.

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Segundo o Ministério do Turismo - MTur (2008), no Brasil, embora a visitação a propriedades rurais seja uma prática conhecida em algumas regiões, apenas na década de 1980 passou a ganhar status de atividade econômica, devido às transformações mais gerais da sociedade e da economia.

É consenso entre os autores que se dedicam à temática que foi no Estado de Santa Catarina, em 1984, que, a estrutura existente nas fazendas localizadas na zona rural de alguns de seus municípios,

passou a ser aproveitada para receber/acolher turista.

Conforme Tulik (2003), Lages (Município de Santa Catarina, considerado pioneiro do Turismo Rural Brasileiro) teve o mérito de organizar e promover essa forma de turismo no Brasil, conferin- do-lhe personalidade e marca, transformando-a num produto conhecido e imitado.

Foi a partir do sucesso alcançado pela atividade nesta região que o Turismo Rural passou a ser praticado em outras regiões do país e outros municípios do Sul e do Sudeste com maior frequência.

Embora não seja uma atividade recente, muitos autores encontram certa dificuldade em tratar do tema, principalmente pelos obstáculos enfrentados na hora de se definir a atividade, e pelos inúme- ros termos usados para nomeá-la.

Segundo Campanhola e Silva (2000, p. 147),

O turismo no meio rural consiste em atividades de lazer realizadas no meio rural e abrange várias modalidades definidas com base em seus elementos de oferta: turismo rural, turismo ecológico ou ecoturismo, turismo de aventura, turismo cultural, turismo de negócios, turismo jovem, turismo social, turismo de saúde e turismo esportivo. (CAMPENHOLA & SILVA, 2000, p. 147).

De acordo com o MTur (2008), embora o turismo no meio rural venha crescendo enquanto atividade econômica, ainda verifica-se uma série de imprecisões referentes às múltiplas concepções, manifestações e definições. O órgão acrescenta ainda que esses diferentes entendimentos, em vez de caracterizar e identificar cada lugar tende a criar situações ambíguas que prejudica a atividade turística.

Talavera (2009) utiliza um conceito mais genérico, definido Turismo Rural como o uso e aprovei- tamento turístico do ambiente rural. O autor acrescenta que atividade deve se ater a princípios como o do desenvolvimento sustentável, da geração de efeitos eminentemente positivos (preservação do patrimônio, proteção do meio ambiente etc.), de se realizar em áreas “não invadidas”, de incluir a população local como agentes culturais, de ser minoritário e de promover, através de encontros es- pontâneos e de participação, o contato cultural.

Zimmermann (2000), por sua vez, conceitua Turismo no Espaço Rural, ou simplesmente, Tu- rismo Rural, como todas as atividades turísticas endógenas desenvolvidas no ambiente natural e humano. Ele concorda com outros autores quando acresce que a atividade deve estar em harmonia com os interesses da comunidade local, do turismo e do meio ambiente.

Foi no intuito de desfazer o que Tulik (2003) chama de “confusão terminológica” que o MTur

lança em 2004 o Marco Conceitual de Turismo Rural, no qual apresenta conceitos que devem servir

como norte para o desenvolvimento da atividade no país. É nesse documento que o órgão, além do

conceito de Turismo Rural, apresenta também os conceitos de Turismo no Espaço Rural, Agroturis-

mo e Turismo Rural na Agricultura Familiar, conforme ilustrado no quadro a seguir.

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Quadro 1. definições do segmento do turismo rural

tUrismo no espaço rUral tUrismo rUral

São todas as atividades praticadas no meio não urbano; que consiste de atividades de lazer no meio rural em várias modalidades definidas com base na oferta: Turismo Rural, Turismo Ecológico ou Ecoturismo, Turismo de Aventura, Turismo de Negócios, Turismo de Saúde, Turismo Cultural, Turismo Esportivo, atividades estas que se complementam ou não

É o conjunto de atividades turísticas

desenvolvidas no meio rural, comprometidas com a produção agropecuária, agregando valor a produtos e serviços, resgatando e promovendo o patrimônio cultural e natural da comunidade.

agrotUrismo tUrismo rUral na agricUltUra Familiar

São atividades internas à propriedade que geram ocupações complementares às atividades agrícolas, as quais continuam a fazer parte do cotidiano da propriedade, em menor ou maior intensidade.

É a atividade turística que ocorre no âmbito da unidade de produção dos agricultores familiares que mantêm as atividades econômicas típicas da agricultura familiar, dispostos a valorizar, respeitar e compartilhar seu modo de vida, o patrimônio cultural e natural, ofertando produtos e serviços de qualidade e proporcionando bem- estar aos envolvidos.

Fonte: Adaptado de MTur (2008).

O que diferencia os dois primeiros conceitos é o envolvimento com a produção agrícola/agro- pecuária. Enquanto no primeiro, o espaço rural serve apenas como locus da atividade turística, no segundo se faz necessário que esta esteja comprometida com as atividades tradicionais que são pra- ticadas no local.

Para Tulik (2003), é mais apropriado referir-se à totalidade dos movimentos turísticos que se desenvolvem no meio rural com a expressão Turismo no Espaço Rural ou Turismo nas Áreas Rurais.

A autora sugere que a expressão Turismo Rural seja designada somente para as atividades que se identificam com as especificidades da vida rural, seu habitat, sua economia e sua cultura.

Já os dois últimos conceitos listados são considerados como derivações do Turismo Rural. Isso devido, segundo o MTur (2008), à heterogeneidade regional e às diferenças no estágio de desen- volvimento das diversas iniciativas de turismo empreendidas nos territórios rurais brasileiros que criaram uma variada gama de definições.

O conceito de Agroturismo utilizado pelo MTur é o mesmo aplicado por Campanhola e Silva (2000). Os autores destacam o fato de serem as próprias famílias que, em seu tempo livre, prestam serviços, recepcionam os turistas.

O último conceito apresentado (Turismo Rural na Agricultura Familiar) é o empregado neste estudo, visto que a atividade é desenvolvida em um assentamento de reforma agrária que tem como principal atividade a agricultura familiar. É a mesma definição aplicada na lei 14.143, de 15 de junho de 2006, que define as atividades de Turismo Rural na Agricultura Familiar no Estado do Paraná.

Utilizar-se-á a definição do MTur uma vez que a bibliografia consultada não apresenta uma concep- ção distinta.

De acordo com o MDA (2004), no início da década de 1990, surgem os primeiros projetos de assistência técnica e extensão rural que inclui o turismo na força de trabalho da agricultura familiar.

A partir de antão, atividades ligadas ao lazer, cultura, gastronomia e ao turismo passaram a ser ofer-

tadas nas unidades agrícolas familiares.

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Para auxiliar no desenvolvimento da atividade nessas unidades, foi criado, através da parceria entre o MTur e o MDA, o Programa Nacional de Turismo Rural na Agricultura Familiar (PNTRAF) e como principal instrumento para a implementação do programa foi concebida a Rede de Turismo Rural na Agricultura Familiar (REDE TRAF) que se constitui em uma articulação nacional de ins- tituições governamentais e não governamentais, técnicos e agricultores familiares organizados, que atuam nas atividades do turismo rural.

Conforme o MDA (2004), o objetivo do programa é promover o desenvolvimento rural susten- tável, mediante implantação e fortalecimento das atividades turísticas pelos agricultores familiares, integrado aos arranjos produtivos locais, com agregação de renda e geração de postos de trabalho no meio rural, com consequente melhoria das condições de vida.

No mesmo documento são apresentados nove princípios que devem nortear o programa: a prá- tica do associativismo; a valorização e o resgate do patrimônio cultural (saberes e fazeres) e natural dos agricultores familiares e suas organizações; a inclusão dos agricultores familiares e suas organi- zações, respeitando as relações de gênero, geração, raça e etnia, como atores sociais; a gestão social da atividade, com prioridade para a interação dos agricultores familiares e suas organizações; o estabelecimento das parcerias institucionais; a manutenção do caráter complementar dos produtos e serviços do Turismo Rural na agricultura familiar em relação às demais atividades típicas da agricul- tura familiar; o comprometimento com a produção agropecuária de qualidade e com os processos agroecológicos; a compreensão da multifuncionalidade da agricultura familiar em todo o território nacional, respeitando os valores e especificidades regionais; a descentralização do planejamento e gestão deste Programa.

São apresentadas ainda, diretrizes e estratégias para a expansão do segmento no Brasil. Estas são divididas em cinco eixos: Formação e capacitação continuada; Crédito para infraestrutura; Legisla- ção; Mercado e Gestão.

Os beneficiários do programa são produtores familiares tradicionais e assentados por programas de reforma agrária, extrativistas florestais, ribeirinhos, indígenas, quilombolas, pescadores com mé- todos artesanais, povos da floresta, seringueiros e suas organizações, entre outros públicos definidos como beneficiários de programas do MDA.

O Turismo Rural foi eleito por esses órgãos como prioritário para ajudar no crescimento dessas áreas pelo fato de muitos autores considerarem-no como o que mais tem a contribuir para o desen- volvimento local. Um desenvolvimento que vai além do desenvolvimento econômico e que observa também as transformações no nível social e territorial, na melhoria da qualidade de vida dos atores envolvidos na oferta dos produtos do turismo rural.

Esse tipo de desenvolvimento é endógeno, ou seja, é originado do interior do organismo (das comunidades), ele surge “de baixo” sem ser imposto por pessoas ou entidades exógenas. Pois, é através da mobilização dos atores sociais e de suas organizações que se elaboram as soluções para os problemas locais e a partir daí se encontra o caminho para o tão almejado crescimento.

É um desenvolvimento que respeita o meio ambiente, a capacidade de carga do local, a cultura e as tradições, baseado, antes de tudo, em um planejamento minucioso da atividade antes de sua implementação. É um desenvolvimento dito sustentável.

No entanto, esse é ainda um conceito em formação. Inúmeras são as correntes que o estudam e

cada uma delas apresenta novos elementos a serem considerados. Ele surge em 1992, na Cúpula da

Terra, evento realizado em paralelo à Conferência de Meio Ambiente e Desenvolvimento da Orga-

nização das Nações Unidas - ONU, mais conhecida como Eco 92.

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Ainda de acordo com a ONU (1987), Desenvolvimento Sustentável é tido como aquele que sa- tisfaz as necessidades da presente geração sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer suas necessidades.

É com base nesse conceito que a Organização Mundial do Turismo (OMT) apud CORIOLANO (2006) definiu o termo “Turismo Sustentável” como aquele em que se realiza a gestão de todos os re- cursos de tal forma em que as necessidades econômicas e estéticas possam ser satisfeitas, mantendo ao mesmo tempo a integridade cultural, os processos ecológicos essenciais, a diversidade e o sistema de suporte a vida.

Esse é um turismo praticado em escala reduzida, visando, principalmente, a prudência ecológica.

É um turismo que Krippendorf (2001) chama de “Turismo Brando”, que surge a partir da iniciativa da comunidade; não é imposto por parte de órgãos governamentais nem de empreendimentos pri- vados que se instalam na comunidade e exploram ao máximo as potencialidades, sem deixar espaço para os empreendedores locais.

Ainda que as iniciativas surjam no nível local, muitas vezes faz-se necessário o auxílio (técnico e/ou financeiro) do Estado e organizações de fomento e de desenvolvimento. Contudo, estes devem atuar somente como auxiliares, deixando a gestão e a oferta dos produtos turísticos a cargo da pró- pria comunidade, visto que a mesma é a que melhor conhece suas potencialidades e necessidades.

Para Krippendorf (2001),

É preciso tentar conciliar as necessidades da população local e dos turistas e conceber o desenvolvi- mento de tal forma que as realizações sejam lucrativas para ambos [...] Em caso de incompatibilidade ou dúvidas, é importante sempre colocar os interesses dos autóctones acima dos interesses dos turistas.

(KRIPPENDORF, 2001, p.148).

Para que esses interesses sejam realmente priorizados, torna-se imprescindível a participação ativa da população local, através de seus atores sociais, nos diversos níveis, desde o planejamento, a implantação e a gestão, até o controle da atividade. Somente assim, os benefícios gerados poderão ser apropriados por essas comunidades.

Entre os argumentos utilizados para justificar o desenvolvimento do Turismo Rural no âmbito da Agricultura Familiar, encontram-se a diversificação da economia; a melhoria do nível de renda local; maior fixação do homem no campo; a revitalização do espaço rural; inserção competitiva de pequenas propriedades no mercado; a valorização da policultura; o emprego de mão de obra; e a recuperação da autoestima.

Além disso, o turismo rural ganha destaque como “motor do desenvolvimento local”, princi- palmente por não serem necessários grandes volumes de investimentos para que ele seja posto em prática, pois aqueles que procuram por esses empreendimentos, frequentemente, estão atrás da sim- plicidade e do rústico.

A estrutura básica para a hospedagem dos turistas já existe e com baixos investimentos pode ser adaptada para melhor recebê-los. Sendo necessária somente, na maioria das vezes, a realização de pequenas reformas para adequar essa estrutura. Investimentos maiores são demandados para se estruturar o entorno desses empreendimentos.

Consoante Silva, Vilarinho e Dale (2000) o Turismo em Áreas Rurais tem sido pensado mais

recentemente no Brasil como uma fonte adicional de geração de emprego e renda para famílias re-

sidentes no campo, à medida que vem decaindo a ocupação e as rendas provenientes das atividades

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Porém, é somente assim (como complemento das atividades tradicionais) que se deve pensar o Turismo Rural. Abandonar totalmente essas atividades pode se tornar um risco para a comunidade local, devido, principalmente, a sazonalidade, uma característica marcante da atividade turística, que pode chegar até a sua inviabilização.

De acordo com Krippendorf (2001), é preciso evitar, a qualquer preço, a monocultura turística, que não apenas é nefasta como qualquer monocultura, mas igualmente perigosa. O autor acrescenta ainda que para se sustentar, o turismo precisa de uma economia heterogênea, diversificada, que esteja em pleno funcionamento. Esta atividade deve ser encarada como mais uma opção para ajudar no desenvolvimento local, não deve ser visto como uma panaceia, um remédio para todos os males das comunidades.

Quando as especificidades dessa atividade econômica tão complexa são levadas em conta e quan- do desenvolvido de forma adequada, o Turismo Rural pode ser, sim, o promotor do desenvolvimen- to local, mas sempre aliado a outras atividades econômicas. É o que demonstra alguns estudos sobre a atividade.

Segundo Cunha apud Cussecala, Oliveira e Dias (2009),

O turismo constitui um dos poucos setores da atividade econômica que melhores possibilidades têm para contribuir para o desenvolvimento regional. O turismo é uma atividade que melhor pode aprovei- tar os recursos locais, aproveitamento do patrimônio e dos valores locais. No nível regional proporcio- na o lançamento de infraestruturas e de equipamentos sociais que também permitam a instalação de outras atividades. (CUNHA APUD CUSSECALA; OLIVEIRA & DIAS, 2009, p. 19).

Entre os benefícios esperados no desenvolvimento da atividade, de acordo com a bibliografia consultada, além dos que já foram citados anteriormente, estão: a valorização, o resgate e a preser- vação do patrimônio tangível e intangível local; a preservação do meio ambiente; a promoção do intercâmbio cultural entre zona rural e urbana; a revalorização de atividades tradicionais, como a agricultura; dentre outros.

Mas, para que esses benefícios realmente se revelem, é preciso se tomar alguns cuidados. O turis- mo é uma atividade que exige, acima de tudo, qualificação de sua mão de obra. Inclusive o Turismo Rural na Agricultura Familiar, que é concebido como uma atividade de pequena escala, requer al- gum conhecimento técnico.

Contudo, isso pode se apresentar como um entrave, visto que nem sempre a população local tem oportunidade de se profissionalizar. Torna-se imprescindível a oferta de qualificação às pessoas que atuarão na área, principalmente àquelas que tratarão diretamente com o turista, caso contrário, a atividade corre o risco de atrapalhar, em vez de ajudar no desenvolvimento local.

Há ainda autores que apresentam críticas ao potencial dessa atividade, principalmente no que se

refere à quantidade e à qualidade dos empregos gerados. De acordo com Solla (2002), a quantidade

de empregos que se cria é muito reduzida e de má qualidade. Outro aspecto negativo é observado

em relação ao aumento da jornada de trabalho. Ele acrescenta que “tais tarefas, somadas as que são

desenvolvidas no cotidiano, sobrecarregam a carga habitual, com longas jornadas de mais de 12

horas, o que impede o acesso a empregos mais bem remunerados”.

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Números do turismo rural no Brasil

Analisando os dados obtidos no último Censo Agropecuário, realizado no ano de 2006, pelo Insti- tuto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) pode-se verificar que o Turismo Rural é ainda uma atividade em desenvolvimento, pois da totalidade de estabelecimentos recenseados, poucos são os que desenvolvem essa atividade; é o que nos mostra a tabela a seguir.

tabela 1. receitas obtidas pelos estabelecimentos no ano, por tipo – Brasil- 2006

Grandes Regiões

Receitas obtidas pelos estabelecimentos no ano, por tipo.

Venda

Húmus Esterco Atividades de

turismo rural no estabelecimento

Exploração mineral

Estabeleci- mentos Valor

(1.000 R$) Estabeleci- mentos Valor

(1.000 R$)

Estabeleci- mentos Valor

(1.000 R$) Estabeleci- mentos Valor

(1.000 R$)

Brasil 1.195 10.500 33.901 128.672 3.551 53.102 5.812 121.468

Norte 82 931 1.016 3.077 411 2.569 720 11.666

Nordeste 591 2.135 19.865 30.163 708 3.909 2.570 15.370

Sudeste 214 6.003 5.453 50.341 1.071 23.384 942 43.233

Sul 204 818 6.687 34.455 942 12.514 1.161 22.609

Centro-

Oeste 104 612 880 10.636 399 10.726 419 28.590

Dos 3.620.670 estabelecimentos recenseados, apenas 3.551 declararam promover alguma ativida- de ligada ao Turismo Rural, gerando uma receita total de R$ 53.112.000, um valor expressivo, mas que, se comparado com os mais de R$ 121 trilhões gerados pelas diversas atividades desenvolvidas nesses estabelecimentos, torna-se diminuto.

De acordo com o mesmo estudo, no Ceará, esse número é ainda menor: apenas 74 estabeleci- mentos praticam a atividade, gerando uma receita de cerca de R$ 354.000.

No Censo, considerou-se como atividade de turismo rural o conjunto de atividades turísticas desenvolvidas no estabelecimento agropecuário, comprometidas com a produção agropecuária, agregando valor a produtos e serviços, como hospedagem, alimentação (fornecimento de refeições prontas), recepção à visitação ao estabelecimento, recreação, entretenimento e atividades pedagógi- cas vinculadas ao contexto rural, entre outros.

Conforme o Instituto de Desenvolvimento do Turismo Rural e Equestre - IDESTUR (2011), Mi-

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Rural. São Paulo é tido como o estado que oferece esse segmento turístico com maior excelência e qualidade.

O Ceará também é mencionado no documento como o Estado que se apresenta como referência dos programas associativos. Hoje, o Estado é sede Associação Brasileira de Turismo Rural (ABRA- TURR) e ainda conta com uma associação estadual, a Associação Cearense de Turismo Rural e Natural (ACETER), fundada no ano de 1999.

De acordo com informações obtidas no site

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desta associação, a mesma tem como objetivo a consolidação do seguimento turístico rural com o fomento de práticas economicamente viáveis, socialmente justas, comprometidas com o desenvolvimento ambiental, com a inclusão social e com a valorização do patrimônio histórico turístico rural.

A entidade conta com um quadro de 10 associados, 4 deles estão localizados na Macrorregião Maciço de Baturité, que de acordo com Andreia Roque, presidente do IDESTUR, em entrevista con- cedida ao jornal Diário do Nordeste, de 25 de julho de 2010, é a região do Estado que detém maior potencial para a prática da atividade.

De acordo com a mesma, o Ceará desmistifica a imagem que se tem da seca. “Quando temos con- tato com a natureza do Ceará, percebemos que é muito maior do que imaginamos e não percebemos o quanto o Estado é rico em natureza”. Ela ainda destaca que esse potencial é pouco aproveitado.

Na mesma reportagem, Francisco Garcez, o presidente da Abraturr à época, complementa dizen- do que o Estado do Ceará precisa melhorar e incentivar a prática do Turismo Rural. Ele ressalta que

“contamos com 40 propriedades atualmente que trabalham com um potencial a ser explorado [...] O Ceará só vende sol e praia, mas temos um potencial no Interior que precisa ser explorado”.

Conforme pesquisas realizadas em dois jornais de grande circulação no Estado do Ceará, as re- giões que se destacam na oferta desse segmento turístico são, o já mencionado Maciço de Baturité, a Região Metropolitana de Fortaleza e a cidade de Beberibe, que conta com empreendimentos que oferecem atividades ligadas a esse segmento.

Como é possível notar, o Turismo Rural ainda é uma atividade pouco difundida e praticada no Brasil, apenas em alguns estados do Sul e do Sudeste é que se nota um volume maior de renda gerada pela atividade. O setor se mostra desarticulado, pouco incentivado pelos órgãos oficiais de turismo.

E ainda há outro aspecto que dificulta o desenvolvimento da atividade: as diversas legislações que a afetam (trabalhista, previdenciária, sanitária, tributária e fiscal, direito civil, entre outras). Por não ser ainda uma atividade regulamentada, tendo características diversas, dependendo do Estado onde é desenvolvida, torna-se difícil a adequação dessa legislação à atividade.

De acordo com Varaschin et al (2004), as diversas legislações têm impactado o Agroturismo, na maioria das vezes, negativamente, visto que tais legislações não tiveram em conta as especificidades do setor.

Mas, alguns Estados já saíram na frente e trataram de regulamentar essa atividade que se mostra tão complexa e multifacetada. É o caso do Paraná que, através da lei já mencionada, define clara- mente o que vem a ser Turismo Rural na Agricultura Familiar e apresenta outras definições perti- nentes ao segmento, além de autorizar a definição de linhas de apoio financeiro e administrativo para o incentivo à atividade.

Outro exemplo é o Estado de Santa Catarina que, através da lei nº 14.361, de 25 de janeiro de 2008, estabelece a política de apoio ao Turismo Rural na Agricultura Familiar de Santa Catarina,

1 http://aceter.woese.com/

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além de também autorizar a definição de linhas de apoio financeiro e administrativo para o incen- tivo à atividade.

Em pesquisas realizadas, esses foram os únicos Estados que se adiantaram em estabelecer parâ- metros legais para o Turismo Rural na Agricultura Familiar. Coincidência ou não, ambos se locali- zaram na região Sul do país, considerada pioneira na implementação da atividade no país e onde se encontra boa parte da oferta desse produto.

Diante desse quadro, conclui-se que se torna urgente a formulação de uma política (no nível federal, estadual e municipal) que incentive e regulamente, dê parâmetros legais a essa atividade que tem um potencial tão grande para alavancar o desenvolvimento de áreas que necessitam de um crescimento tanto econômico, quanto social e ambiental, como é o caso da área estudada.

Métodos e técnicas

No primeiro momento da pesquisa realizou-se uma revisão bibliográfica sobre temas relaciona- dos ao Turismo Rural ou Turismo no Espaço Rural, Agroturismo e Turismo Rural na Agricultura Familiar, bem como sobre desenvolvimento local/sustentável. Efetuou-se também o levantamento de dados estatísticos sobre essas atividades no Brasil e sobre a economia do município onde o assen- tamento se localiza.

Em seguida, foram feitas algumas visitas ao assentamento, para a aplicação de questionários se- miestruturados e entrevistas aos assentados, visando colher informações sobre o processo de imple- mentação da atividade turística na comunidade, bem como coletar materiais iconográficos e verifi- car o estágio de desenvolvimento em que se encontrava a atividade no local.

O universo da pesquisa foi dividido em dois grupos distintos: famílias de assentados (19 res- ponderam às entrevistas e aos questionários) e responsáveis pela gestão da pousada (03 membros responderam às entrevistas e aos questionários).

Alguns dados estatísticos apresentados no estudo não são tão recentes, mesmo assim foram uti- lizados, pois eram os únicos que apresentavam as informações que se pretendia transmitir, fato este que não inviabiliza o estudo.

Resultados

O Assentamento Tijuca Boa Vista está localizado no município de Quixadá, que faz parte da ma- crorregião Sertão Central, da mesorregião Sertões Cearenses e da microrregião Sertões de Quixe- ramobim, do estado do Ceará. Ele localiza-se a 17 km da sede do Município, situado a 153 km da capital, Fortaleza. O mesmo possui uma área total de 1.366 hectares, sendo 273 hectares de Área de Preservação Permanente (APP).

De acordo com Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (2011), o Município tem uma população total de 80.604 habitantes, sendo 57.485 residentes na zona urbana e 23.119 residen- tes na zona rural. Apresentando, portanto, uma taxa de urbanização de 71,32%.

O mesmo documento ainda mostra que o Produto Interno Bruto (PIB) da cidade, no ano de 2008, é composto da seguinte forma: 75,37% vem do setor de serviços, 12,46% da indústria e 12,17%

da agropecuária.

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O assentamento foi fundado em 17 de março de 2000, através de um processo de desapropriação.

O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) comprou as terras do antigo pro- prietário e assentou inicialmente 30 famílias. Sete delas deixaram o assentamento, mas essas vagas estão em processo de ocupação, segundo dados fornecidos pela diretoria da Associação de Morado- res do Assentamento Tijuca Boa Vista.

Em 28 de dezembro de 2008, na antiga casa sede da fazenda, onde hoje se situa o assentamento, foi instalado a Pousada Boa Vista e um restaurante para atender à demanda de turistas. O recurso financeiro necessário para tal, foi disponibilizado pelo MDA, através de um edital.

O assentamento concorreu ao mesmo e foi contemplado com R$ 70.000,00, que foram usados para a reforma da casa e a compra de mobiliário necessário para o funcionamento da pousada, de acordo com informações obtidas com alguns assentados.

O objetivo principal desses esforços foi desenvolver o turismo rural no Assentamento Tijuca Boa Vista, por meio de ações de qualificação dos assentados para que atuem nas atividades turísticas e de preservação do meio ambiente, fortalecendo a agricultura familiar e a economia local, a partir do desenvolvimento rural sustentável e dos princípios da economia solidária.

O processo de implementação da atividade turística no local se deu pela iniciativa dos assenta- dos em parceria com o Centro Ecológico Aroeira, é importante ressaltar aqui que a população local, através da Associação de Moradores do Assentamento, participou de todas as etapas desse ciclo, desde o planejamento até a fase de prestação dos serviços aos visitantes da pousada.

Antes de a atividade turística ser implantada de fato no local, foi oferecido um grande número de cursos de capacitação a todos os assentados, e, aqueles que se interessaram, tiveram a oportunidade de participar dos mesmos.

Entre os cursos ofertados estão os de Gestão, Recepcionista, Garçom, Artesanato, Comida Regio- nal, Doces e Salgados, Condutor de Trilha, Cozinheira, Camareira, Danças Folclóricas, Formação Cidadã, além de outros não lembrados pelos assentados.

Para a realização dessa capacitação, novamente foi utilizado recurso público. O MTur, também através de edital, disponibilizou R$121.500,00 para a capacitação dos assentados, visando o desen- volvimento das habilidades gerenciais dos mesmos, de acordo com dados obtidos no Portal do Con- vênio

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do Governo Federal.

Segundo a coordenadora do projeto, foram ofertados ao todo cerca de 960 horas/aula de cursos de capacitação. Todos eles ministrados por membros do Centro Ecológico Aroeira, que possuíam graduação em turismo e nas áreas de gastronomia e cultura.

Entre os entrevistados, 91% afirmaram ter participado de algum curso de capacitação. Em todas as casas visitadas durante a estudo de campo, pelo menos uma pessoa havia participado. Alguns assentados participaram de todos os cursos ofertados e houve famílias inteiras participando de al- guma capacitação.

Ainda de acordo com informações obtidas com os próprios assentados, foram criados ao todo nove postos de trabalho (cozinheira, camareira, recepcionista, faxineira, garçom/garçonete, vigia/

segurança, auxiliar de manutenção, condutor de trilha e condutor de charrete). Estes eram ocupados

por mais de uma pessoa, era feito uma espécie de rodízio, beneficiando assim a um número maior

de assentados. Vale ressaltar que todos esses postos de trabalhos foram ocupados pelos moradores

do assentamento. Há, inclusive, pessoas que passaram a trabalhar fora do assentamento, como gar-

çom, por exemplo, depois de terem recebido essa capacitação.

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A grande maioria dos assentados afirmou que esses postos eram ocupados por aqueles que se interessassem em trabalhar na pousada, desde que os mesmos tivessem participado dos cursos de capacitação. Entre os entrevistados, 65% alegaram ter trabalhado com a atividade turística.

Quando indagados se o turismo beneficiou todos os assentados, 58% afirmaram que sim. Eles ressaltaram que todos tiveram as mesmas oportunidades tanto de participar dos cursos de capacita- ção, como de trabalhar na pousada, e que aqueles que não o fizeram foi por opção, não por falta de oportunidade. Disseram 21% dos entrevistados que a atividade não beneficiou a todos, e outros 21%

não souberam ou não responderam.

Contudo, mesmo aqueles que preferiram não trabalhar diretamente com a atividade turística se beneficiaram com a mesma, pois os turistas, ao visitarem as casas desses assentados, sempre consu- miam algum produto (animal e/ou vegetal) de suas propriedades.

Além disso, todos os produtos consumidos na pousada eram comprados diretamente dos pró- prios assentados. Aqueles que tivessem algum produto (animal e/ou vegetal) poderiam vendê-los à diretoria da associação de moradores do assentamento, dinamizando assim a economia local. So- mente artigos não produzidos ou cultivados no assentamento, como arroz e alguns tipos de frutas, eram comprados no comércio do centro da cidade de Quixadá.

Desde a inauguração da pousada, em dezembro de 2008, até meados de 2012, o fluxo de turistas foi bastante intenso, conforme apurado na pesquisa de campo. Durante este período, o assentamen- to recebia diariamente tanto turistas como excursionistas, além de escolas dos municípios vizinhos e de Quixadá e alguns turistas internacionais.

Foi uma época muito propícia para o desenvolvimento do assentamento. A grande maioria dos entrevistados afirmou que essa foi a melhor fase pela qual a comunidade passou.

Quando questionados sobre quais teriam sido os benefícios proporcionados pela atividade turís- tica no local, 52% mencionaram a geração de emprego e renda, 19% citaram a venda de produtos diretamente ao turista, 5% fizeram referência à melhoria da infraestrutura local e outros 5% men- cionaram o intercâmbio cultural. 19% não souberam ou não responderam.

Os principais atrativos naturais do local (de acordo com o site da pousada) são: caminhadas em duas trilhas ecológicas interpretativas, passeios a cavalo, passeios de charrete e carro de boi, passeios de canoa, banhos de açude e rio, matas de caatinga a serem apreciadas e o pôr do sol.

Há também os atrativos culturais, como: a produção culinária e de artesanato; a cultura artística da população local (como o festival de quadrilhas juninas); as manifestações folclóricas; contações de história; os repentes e a dança, dentre outros.

Além do turismo, algumas atividades agrícolas, como a caprinocultura e o cultivo de hortas or- gânicas, são praticadas. Em algumas casas, o gás butano é substituído pelo gás metano, resultado da decomposição de material orgânico em um biodigestor comunitário.

Todavia, mesmo com todo o potencial e atrativos apresentados, há cerca de um ano, não se veri- fica mais o fluxo de turistas no assentamento.

As causas citadas pelos assentados para isso ter ocorrido foram as mais diversas, indo desde o grande período de estiagem pelo qual muitos estados brasileiros tem passado nos últimos anos, principalmente os do nordeste, até a falta de organização dos próprios assentados.

À época do estudo de campo, a pousada, que recebeu recursos do MDA e do MTur (dinheiro pú-

blico) para ser reformada e implantada, encontrava-se em estado de abandono, servindo de abrigo

para os animais que são criados no assentamento.

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A varanda, que antes servia como área de convívio entre os hóspedes, encontra-se coberta de fezes e urina desses animais. O interior da pousada também apresenta sinais dessa realidade: alguns banheiros tiveram suas pias retiradas, cupins tomam conta de objetos de madeira (principalmente no telhado, o que compromete a estrutura do imóvel), falta de limpeza e manutenção, falta de água e energia elétrica, móveis abandonados (muitos deles demonstrando sinais de desgaste), entre outros.

Segundo informações de alguns assentados, há alguns meses a pousada não recebe nenhum tipo de limpeza ou manutenção. Isso só ocorre quando a mesma era eventualmente utilizada para a rea- lização de alguma festa de aniversário de algum morador do assentado ou quando acontece alguma reunião da associação dos moradores na mesma.

Considerações finais

Pôde-se concluir ao final do estudo que em um primeiro momento (quando a atividade turística começou a ser praticada no local), a mesma demonstrou a capacidade de ser um meio para se com- plementar a renda local, através da criação de um número significativo de postos de trabalho, da diversificação da economia local e da oferta de capacitação aos assentados interessados em atuar no setor.

Entretanto, o turismo não pode ser considerado atualmente como promotor do desenvolvimento local, uma vez que a atividade não chegou a se consolidar na comunidade. O fato de o assentamento, há cerca de dois anos, não mais apresentar fluxo de visitantes, evidencia a fragilidade processo de implementação da atividade turística. Apesar de este processo ter atendido aos princípios caracte- rísticos deste segmento do turismo (elencados anteriormente).

O turismo é uma atividade muito complexa e suscetível a inúmeras variáveis (econômicas, me- teorológicas, sociais) que afetam seu desenvolvimento. Como dito antes, ele requer uma economia heterogênea e um espaço estruturado que esteja funcionando plenamente para poder gerar os be- nefícios esperados.

Contudo, a realidade encontrada no local durante as visitas foi totalmente antagônica, o assenta- mento se encontra desarticulado. Os responsáveis pela gestão da pousada, apesar de terem partici- pado das capacitações oferecidas, não aparentam ter adquirido competência técnica para mantê-la funcionando devidamente.

O fato de, após concluírem estes cursos, os assentados não terem sido acompanhados por um profissional formado na área pode ser considerado, em grande parte, uma das determinantes para o insucesso da atividade, pois, de acordo com Carneiro apud Candiotto (2007, p. 236), “pensar o agricultor como um profissional como outro qualquer significa não levar em consideração os com- ponentes culturais dos estilos de vida dos agricultores familiares”.

O segmento tem, sim, um grande potencial para atuar como promotor do desenvolvimento local, inúmeros são os exemplos de êxito de iniciativas que seguem o modelo de turismo que se tentou implantar no local.

Mas, para que este sucesso seja alcançado, torna-se imprescindível a formulação de uma política

pública consistente que fomente e estimule esse segmento no Estado do Ceará como um todo, estru-

turando a região para a recepção dos turista e, principalmente, capacitando as pessoas que atuarão

no setor, seja na operacionalização ou na gestão da atividade.

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Encontramos algumas iniciativas no nível federal, como é o caso do PNTRAF, mas o mesmo ainda não tem demonstrado resultados satisfatórios no que se refere à expansão do segmento da ati- vidade turística. Ainda é preciso uma articulação maior com as unidades da federação e municípios para alinhar ações conjuntas e fazer com que o setor possa efetivamente contribuir para o desenvol- vimento das regiões em que é praticado.

As ações realizadas no nível local, como a capacitação dos assentados e a aplicação de dinheiro público para a estruturação da pousada no assentamento se mostraram insuficientes para a consoli- dação da atividade. Faz-se necessário o desenvolvimento de ações no nível municipal e estadual para que o setor venha a desenvolver sua potencialidade.

Esse é papel do Estado que, em parceria com a iniciativa privada, deve oferecer condições para que a atividade se desenvolva da melhor forma possível, mas sempre em parceria com a comunidade.

A academia também pode exercer papel importante, pois através de pesquisas sobre o setor pode atuar como auxiliar nesse processo. A colaboração de um profissional com um conhecimento técni- co mais consistente sobre a atividade turística torna-se imprescindível, uma vez que a mesma requer um olhar holístico sobre suas especificidades que somente este poderá oferecer.

Somente quando essa parceria se concretizar, o setor terá oportunidade de contribuir para o de- senvolvimento local de regiões do estado que se mostra carente de investimento e alternativas para seu progresso.

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