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PALAVRAS-CHAVE: Educação musical. Inclusão. Música. Educação Básica.

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O ENSINO DA ARTE NA EDUCAÇÃO BÁSICA: UM OLHAR PARA A INCLUSÃO SOCIAL ATRAVÉS DA MÚSICA

Marinês Segatti de Oliveira* Renata Rodrigues Ferrari**

RESUMO

O presente artigo dispõe discorrer sobre a música na perspectiva da inclusão social, apresentando uma reflexão teórica a fim de ampliar a discussão do tema. Neste sentido objetiva-se investigar a música no processo das relações sociais no âmbito escolar como disciplina de artes na educação básica. Em um momento histórico de grande propensão à educação inclusiva e diversas discussões a respeito de projetos de inclusão educacional e social, vê-se uma oportunidade de analisar o processo de inclusão a partir da educação musical na educação básica e suas contribuições concretas na socialização dos educandos. Reconhecer o real sentido de usar a música como prática pedagógica e como elemento socializador e inclusivo na educação básica, numa prática docente fomentadora de potenciais. Utilizamos como embasamento teórico os autores: DIAS (2010), FUCCI AMATO (2009), MORAES (1983), SOUZA (2004), FONTERRADA (2008).

PALAVRAS-CHAVE: Educação musical. Inclusão. Música. Educação Básica.

INTRODUÇÃO

A música expressão artística milenar revela-se como importante veículo de socialização; seu papel inclusivo tem-se apresentado numa dimensão ampla na história. No Brasil o trabalho artístico, cultural e cívico do compositor Villa- Lobos, pode ser avaliado e pensado como um grande processo inclusivo da música na educação básica na criação do “canto orfeônico”

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que proporcionou a milhares de crianças e adolescente a oportunidade de um fazer musical comunitário.

Essa relevante forma artística ocupa um amplo espaço nos mais diferentes locais e interpreta as diferentes expressões culturais oportunizando aos sujeitos uma livre expressão individual artística. Pelo seu caráter de socialização e interação interpessoal a música é encontrada em igrejas, empresas, escolas, universidades, associações, entre outros.

Os objetivos desta expressão artística também são múltiplos, bem como a motivação dos sujeitos enquanto participantes deste processo. Ela apresenta-se como um excelente recurso pedagógico, pois, favorece o desenvolvimento

* Graduada em Música pela Faculdade de Música do Espírito Santo (FAMES). Especialista em Artes na Educação (CESV).

E-mail: marines.segatti@gmail.com

** Mestra em Ciências das Religiões pela Faculdade Unida de Vitória (FUV). Licenciada em Pedagogia pela Faculdade Novo Milênio, Vila Velha/ES.

1Instituto Villa-Lobos disponíve3l em: <http://www.unirio.br/cla/ivl>. Acesso em: 02 nov. 2017.

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cognitivo através da percepção auditiva e visual bem como desenvolve a memória e atenção.

O senso estético também é evidenciado na criação musical e, portanto, expressão artística além de ser um instrumento facilitador do processo de inclusão social e educacional. As diferentes percepções musicais, as preferências, as vivências pessoais de cada sujeito, favorecem as trocas no aprendizado auxiliando a comunicação interpessoal e evidenciando as percepções no processo artístico.

As experiências e práticas vivenciadas como voluntária em regência coral durante vários anos oportunizaram perceber as diferentes motivações que levam os sujeitos à prática musical, que o caráter inclusivo revela-se nas práticas musicais essencialmente por sua presença em espaços formais e não formais haja vista grande número de projetos sociais que utilizam a prática musical como modo de inclusão.

Abordar-se-á aqui aspectos de inclusão na educação básica e a importância deste fazer artístico em todos os níveis desta educação. Entenda-se aqui como educação básica, a educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e educação de jovens e adultos.

O papel do educador como facilitador nas relações interpessoais, valendo-se da ferramenta artística que a música se apresenta e seu papel na convivência social dos educandos irá favorecer esta socialização conforme demonstrado através de revisão bibliográfica.

Desta forma busca-se analisar através de revisão bibliográfica alguns aspectos: a música enquanto expressão artística pode facilitar o processo de inclusão social de alunos na educação básica? Quais as metodologias podem ser apresentadas aos alunos numa forma de fazer artístico musical inclusivo?

1. A MÚSICA COMO EXPRESSÃO ARTÍSTICA

A música faz parte da história do homem deste os primórdios das civilizações. Há relatos e registros históricos do importante papel da música nos povos antigos bem como a utilização de instrumentos musicais convocando para uma celebração com shofar

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, tocando tambores ou usando a própria voz para festejar uma grande caçada ou colheita, a música está presente no cotidiano da humanidade.

As formas e expressões musicais variam conforme a cultura dos povos.

Moraes (1983) descreve que a música se expressa de várias maneiras para cada indivíduo, “o pulsar cadenciado do coração”, “um grito”, “o canto coletivo”; o autor destaca que a “música é, antes de mais nada, movimento”, “tensão e movimento” (MORAES, 1983, p. 7).

2 Um instrumento de sopro ritualístico antigo feito de chifre de carneiro ou outro animal. Disponível em: <http://www.chabad.org.br/datas/rosh/rosh009.html>. Acesso em: 31 out. 2017.

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O autor também descreve sobre as diferentes formas musicais no sentido mais amplo de linguagem musical. Ele considera que a “tendência a expressar-se através dos sons dá mostras de ser inerente ao ser humano, ela se concretiza de maneira tão diferente em cada comunidade” (p.14). Ressalta ser impossível transcrever para um instrumento musical, uma melodia cantada por uma mãe da tribo [javaé] a embalar seu bebe, nas florestas do Xingu (MORAES, 1983).

O que o autor pretende retratar é que uma canção tocada ou cantada representa uma experiência única para o seu compositor e criador, que as vivências musicais são expressões artísticas individuais e espontâneas, produzidas muitas vezes numa expressão cultural única e intransferível.

Ao considerar a música na educação básica, precisa-se reconhecer o importante papel desse fazer artístico no cotidiano da escola e as diferentes expressões individuais trazidas na bagagem de seus alunos. “A música é a linguagem que se traduz em formas sonoras capazes de expressar e comunicar sensações, sentimentos e pensamentos, está presente em todas as culturas”

(BRASIL, 1988, p. 45). Expressa em forma de lei a arte, e aqui se destaca a música, deve ser aprendida e ensinada na educação básica; “liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber” (BRASIL, 1996, Art. 3º. parágrafo II).

A música deve ser vivenciada no âmbito escolar, a saber: “O ensino da arte, especialmente em suas expressões regionais, constituirá componente curricular obrigatório da educação básica” (BRASIL 1996, art. 26, § 2

o

). “A música deverá ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do componente curricular de que trata o § 2

o

deste artigo.” (BRASIL, 2008, art. 26, § 6).

Keith Swanwick – renomado educador musical – em entrevista à Revista Nova Escola (2010) destaca a importância em proporcionar à criança uma educação musical o mais cedo possível. O educador salienta que “o desenvolvimento musical de cada indivíduo se dá numa sequência, dependendo das oportunidades de interação com os elementos da música, do ambiente musical que o cerca e de sua Educação”. Para o educador, trabalhar com um repertório conhecido pelas crianças favorece o aprendizado, mas é necessário ir além, explorando novos conhecimentos, “trazendo novas experiências”. (Nova Escola, 2010).

Assim, a música enquanto expressão artística proporciona um vasto campo de investigação e aprofundamento teórico, visto os diferentes estilos artísticos que remontam a humanidade; primitivo, barroco, renascentista, entre outros. Este campo fértil da expressão artística, seus formatos e tendências, favorecem uma educação musical enriquecedora.

A música pode ser sentida, tocada, dançada e cantada. “A manifestação

artística tem em comum com o conhecimento científico, técnico e filosófico seu

caráter de criação e inovação”. Isso sé dá pelo “acréscimo de novos elementos

estruturais ou da modificação de outros” (BRASIL,1997, p. 26).

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Portanto, como expressão de arte na educação, a música oferece elementos inovadores e criativos que fortalecem o aprendizado, o desenvolvimento crítico capacita o aluno a desenvolver suas habilidades e suas percepções das realidades vivenciadas no cotidiano.

Para Wolffenbüttel (2010) em sua pesquisa sobre “A inserção da música no projeto político pedagógico” a música como disciplina obrigatória, deve ser planejada e definida. Para a pesquisadora a música não deve ser disciplina isolada, entretanto deve ser “articulada com o contexto escolar” além de descrita no PPP (Wolffenbüttel, 2010, p. 74).

Sendo assim, considerar a música como atividade artística na educação básica como disciplina obrigatória é experimentar uma vivência musical em conjunto, explorando os diferentes saberes comunitários musicais onde a escola está inserida.

2. EDUCAÇÃO, DIVERSIDADE E INCLUSÃO COM MÚSICA

A educação musical está presente em vários segmentos da nossa sociedade como já mencionado, na escola como disciplina de artes ela representa um papel fundamental na criação, na expressão artística e na integração social.

Cada indivíduo traz consigo um aprendizado cultural desenvolvido em sua comunidade; as experiências individuais e as preferências musicais são particulares de cada um e o espaço escolar um palco para esta diversidade. O aluno pode desenvolver suas habilidades musicais tanto na esfera de apreciação quanto da produção musical, instrumental ou vocal.

“As manifestações artísticas são exemplos vivos da diversidade cultural dos povos e expressam a riqueza criadora dos artistas de todos os tempos e lugares”.

O aluno ao aproximar-se dessas culturas experimenta suas “capacidades cognitivas, sensitivas, afetivas e imaginativas”, e neste processo amplia a sua convivência social (BRASIL, 1997, p.74).

Nesta criação ou produção da arte, o educador tem uma participação efetiva e bem definida, a fim de orientar o aluno e direcionar o aprendizado em sala de aula.

Pensando a educação musical numa perspectiva de interação e integração social, descobre-se um amplo e vasto campo de investigação. O homem é um ser social, vive em comunidade buscando, na maioria das relações, interesses comuns.

A troca de experiências entre os seres humanos, a participação em atividades diárias e comuns é uma prática que é percebida e vivenciada diariamente.

Ao mencionar em sua pesquisa a observação do trabalho de um grupo de

canto coral, Dias (2010) percebe a importante atividade desenvolvida por uma

maestrina na promoção das relações interpessoais, quando esta divide algumas

responsabilidades com a equipe passando a envolvê-los no processo da produção.

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Na aprendizagem do repertório, as preferências são expressas e as [consequentes]

afinidades costumam promover outra forma de aproximação. Eventualmente, a maestrina solicitava que o coro construísse coletivamente seus arranjos. Essa experiência também oportunizara, de maneira significativa, a integração entre os envolvidos, através das complementações de suas [ideias], convergindo em um resultado oriundo da contribuição de cada um (DIAS, 2010, p. 376).

Reconhecer os diferentes interesses e preferências musicais, oportunizando a colaboração conjunta, a troca de vivências, permite aos alunos uma interação social, estimulando o aprendizado e favorecendo a comunicação. As diferentes ideias se complementam e resultam em um processo de colaboração mútua.

Sabe-se que os relacionamentos individuais estão presentes em todos os âmbitos familiares e comunitários. Hoje, através das mídias sociais, a comunicação passou para o âmbito mundial, colocando o mundo em um diálogo.

Nestas relações interpessoais as trocas materiais são vivenciadas constantemente.

Ao fazer parte de um grupo com objetivos estabelecidos e direcionados, os indivíduos realizam um momento de participação ativa, e isto proporciona uma troca de experiências. Para Dias (2010) a educação musical traz consigo, muito mais do que “aspectos estéticos-musicais”; ela age nos relacionamentos individuais, na compreensão de que as práticas pedagógicas acontecem nas trocas individuais, nos diferentes âmbitos sociais em que os sujeitos se relacionam (DIAS, 2010, p. 379).

Fucci Amato destaca que “a aquisição de saberes artísticos e estéticos podem provocar uma transformação na mentalidade” e “auxiliar em seu desenvolvimento intelectual e crítico” (FUCCI AMATO, 2009, p. 96).

A autora complementa o assunto, afirmando que, ao transmitir os conceitos musicais e vocais, num processo de aprendizagem para realizar um trabalho de desempenho vocal, seja amador ou profissional, promoverá um crescimento individual e pessoal numa perspectiva de qualidade de vida. O indivíduo, ao ter um conhecimento “de si próprio em suas nuances internas”, percebe-se como elemento importante num processo criativo, e nesta perspectiva sente-se incluído social e culturalmente. Em uma simples análise dos direitos humanos, a

“participação em todo e qualquer tipo de manifestação artística e cultural devem constituir-se em um direito irrefutável do homem, independentemente de suas origens, etnia ou classe social” (FUCCI AMATO, 2009, p. 96).

Souza (2004) considera de suma importância os educadores musicais conhecerem seus alunos, seus contextos sociais e culturais, suas vivências musicais e explorarem ao máximo estas experiências num fazer comum. Para a autora, o ensino-aprendizagem está intrinsecamente relacionado nesta troca de conhecimento e práticas. Ela destaca que, em suas pesquisas, tem incitado os professores a refletirem sobre a necessidade de criar “um diálogo entre os sujeitos do processo de ensino e aprendizagem e conhecimentos musicais”, a fim de

“conhecer o aluno como ser sociocultural, mapear os cenários exteriores da música com os quais os alunos vivenciam seu tempo, seu espaço e seu ‘mundo’”

(SOUZA, 2004, p. 9).

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Para a autora, essa reflexão e este olhar investigativo,

[...] podem orientar uma educação musical como prática social e que propõem ampliar o debate sobre o processo de ensino e aprendizagem de música e das dimensões curriculares dentro e fora da escola [...] lugar ainda privilegiado para encontros sociais que permite a nós, alunos e professores, analisar e desvendar as complexidades das músicas que nos rodeiam e que trazemos conosco (SOUZA, 2004, p. 9-10).

Penna (2006) propõe estabelecer princípios que fundamentem o trabalho do educador musical, a diversidade cultural e a interdisciplinaridade a fim de

“superarmos essa dicotomia, incorporando conscientemente essas questões junto ao conhecimento de nossa especificidade, e discutindo a possibilidade – e mesmo a necessidade – da articulação desses diversos aspectos e enfoques” (PENNA, 2006, p. 36).

A autora (Penna) destaca que a “necessidade de o educador compreender, respeitar e interagir com a especificidade do grupo implica uma postura de aceitação a diversidade” com enfoque na diversidade cultural. (p. 38)

Neste viés de pensamento, considerando a força social do canto comunitário, Villa-Lobos (1987), grande músico e patriota, realizou um importante e reconhecido trabalho nas escolas brasileiras através do canto orfeônico. Em suas propostas, através do canto coral, pretendia levar toda a nação brasileira estudantil à prática musical coral. Ele dá ao canto coral uma importância social e cultural antes jamais vista em nosso país. E descreve:

O canto coletivo, com seu poder de socialização, predispõe e indivíduo a perder no momento necessário a noção egoísta da individualidade excessiva, integrando-o na comunidade, valorizando no seu espírito a [ideia] da necessidade de renúncia e da disciplina ante os imperativos da coletividade social, favorecendo, em suma, essa noção de solidariedade humana, que requer da criatura uma participação anônima na construção das grandes nacionalidades. [...] O canto orfeônico é uma das mais altas cristalizações e o verdadeiro apanágio da música, porque, com seu enorme poder de coesão, criando um poderoso organismo coletivo, ele integra o indivíduo no patrimônio social da Pátria (VILLA-LOBOS, 1987, p. 90).

Importante destacar que embora o ensino da música na educação básica represente componente curricular obrigatório, a dimensão artística e social desta disciplina está completamente fundamentada nos parâmetros curriculares bem como nas diversas pesquisas de educadores do último século, e nos autores mencionados nesta pesquisa.

O professor de educação musical conquanto educador tenha em suas mãos um poderoso instrumento socializador e pode ser um mediador da diversidade cultural e social no âmbito da sala de aula. O professor pode usar de elementos teóricos – História – e práticos – ritmos e movimentos – para favorecer as trocas e promover a aproximação do grupo.

3. OLHARES METODOLÓGICOS

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Conquanto a Lei n

o

11.769 de 18 de agosto de 2008 torna obrigatório o ensino de música na educação básica, ainda hoje é possível notar a falta de cumprimento desta lei em muitos estabelecimentos de ensino.

A problemática surge a partir da interpretação do ensino de artes, muito evidenciado e discutido em congressos de educação musical colocando o ensino de música como opcional e não obrigatório.

Queiroz e Marinho (2009) descrevem que embora haja inúmeras discussões sobre “conteúdos e metodologias que devam alicerçar a atuação do educador musical nas escolas” há muito que se pensar em propostas que apesar das

“diferentes realidades educacionais do Brasil” estabeleçam um “cenário musical educativo coerente, consistente e contextualizado com o que se almeja para a formação do indivíduo” (QUEIROZ E MARINHO, 2009, p. 61).

Para os autores, a “trajetória histórica, educativa e cultural” brasileira é capaz de fornecer subsídios para uma construção de uma educação musical nas escolas. Eles afirmam que “precisamos de ações que possam alicerçar a atuação do professor de música” diante desta realidade.

Para tanto, em seu artigo, os autores Queiroz e Marinho (2009) elencam algumas possibilidades pedagógicas que podem contribuir com o ensino da música na educação básica.

Partindo destas possibilidades e confrontando-as com algumas pedagogias musicais propõe-se pensar algumas metodologias que auxiliem o educador musical em sua prática docente.

O ensino da música nas escolas na visão de Swanwick (2010) deve ser de forma integrada: técnica, execução, composição, literatura e apreciação. Para o educador musical, desenvolver estas atividades de forma equilibrada o resultado será mais produtivo. Ele comenta que o trabalho pode ser feito a partir de músicas conhecidas pelas crianças, entretanto, deve-se cuidar para que o repertório explore tipos diferentes de composições musicais.

Ao ser indagado sobre atividades rítmicas, Swanwick destaca que a

“variação de ritmos é importante para favorecer o desenvolvimento da turma.

Sugere que ao ensinar um ritmo ou uma composição clássica, que é importante

“evitar rotular”, é necessário “contextualizar a criação de modo que o estilo seja apenas um dos dados sobre a música” que se quer ensinar (NOVA ESCOLA, 2010).

Ëmile-Jaques Dalcroze (1865 a 1950) incentivou a escuta e a prática musical concomitante com a escrita, nas aulas de conservatório na suíça. Para o pedagogo musical, cantar nos impulsos rítmicos representava uma dificuldade no aprendizado e exigiam certo treinamento, até mesmo fisiológicos. Daí a necessidade de a escuta e os movimentos corporais estarem estritamente ligados, construiu seu sistema de educação musical conhecido e praticado ainda hoje o

“Rythmique” rítmica (FONTERRADA, 2008, p. 123).

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Este sistema de educação musical enfatiza que “o corpo e a voz são os primeiros instrumentos musicais do bebê, daí a necessidade de estímulo às ações das crianças desde tenra idade”. Para Dalcroze, a “escuta consciente” e os

“aspectos psicomotores” estão fundamentalmente interligados como instrumentos da compreensão/ação/sensibilidade musicais. Dalcroze entende a educação como

“desenvolvimento natural, simétrico e harmonioso de todas as faculdades da criança” (FONTERRADA, 2008, p. 131).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Atualmente encontram-se inúmeras propostas e ações voltadas para a inclusão, seja ela socioeconômica, étnica, religiosa, entre outros. Muito tem sido feito para uma mudança na mentalidade dos indivíduos a fim de que os preconceitos sejam desfeitos trazendo participação mútua.

Viver em sociedade torna cada ser humano protagonista num processo social, que acontece diariamente nas relações humanas. Ao propor-se uma intervenção inclusiva, ela provoca ação e reação nas convivências, positivas e negativas dependendo de cada proposta.

No processo da educação básica, no cotidiano da escola, as práticas sociais são amplamente vividas e percebidas pelo educador, que tem sob sua tutela educacional crianças, jovens e adultos, ansiosos por aprender e desenvolver suas habilidades e conhecimentos.

A música tem a capacidade de transmitir a humanidade que há no indivíduo, pois ela representa a sensibilidade, emoções, criações e inovações. Capacidades estas que só podem ser representadas quando explorado a percepção individual.

As vivências musicais na escola além de transmitir conhecimentos teóricos musicais importantes, essenciais, informativos e de conhecimento de mundo, devem cruzar este limite explorando as experiências individuas dos alunos oportunizando um fazer comum e participativo promovendo assim a interação pessoal na convivência escolar.

A música enquanto expressão artística pode facilitar o processo de inclusão social de alunos na educação básica, apresentar um mundo criativo e envolver os alunos num fazer comum e participativo promovendo as relações interpessoais.

Algumas metodologias musicais citadas por Fonterrada (2008) favorecem esta interação e promovem o despertar para uma produção artística efetiva e afetiva.

Educadores musicais tem em suas mãos um importante instrumento facilitador das relações socais inclusivas e pedagogicamente artística e criativa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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